A utilidade da lógica na lecionação do programa de Filosofia

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Transcrição:

A utilidade da lógica na lecionação do programa de Filosofia

Ficha técnica: Autor/a: Faustino Vaz Título: A utilidade da lógica na lecionação do programa de Filosofia Licença de utilização Creative Commons BY-NC-ND. Atribuição + NãoComercial + SemDerivações

Orientações essenciais a lógica tem um papel instrumental no programa de Filosofia as competências adquiridas pelo estudo da lógica devem ser aplicadas com uma finalidade didática clara se não forem usadas com uma finalidade didática clara, é grande o risco serem entendidas como não-instrumentais o tratamento lógico dos conteúdos específicos do programa não substitui os textos dos filósofos

Orientações essenciais (cont.) a aplicação das competências lógicas deve adequar-se aos conteúdos do programa no tratamento de cada conteúdo específico do programa só devem ser aplicadas as competências lógicas que tiverem vantagens didáticas e dialéticas claras as competências lógicas que se revelarem adequadas melhoram a compreensão e a avaliação crítica das teorias e argumentos apresentados nos textos dos filósofos

Alguns exemplos Exemplo 1 Cada pessoa beneficia de uma inviolabilidade que decorre da justiça, a qual nem sequer em benefício do bem-estar geral da sociedade como um todo poderá ser eliminada. Por esta razão, a justiça impede que a perda da liberdade para alguns seja justificada pelo facto de outros passarem a partilhar um bem maior. Não permite que os sacrifícios impostos a uns poucos sejam compensados pelo aumento das vantagens usufruídas por um maior número. Assim sendo, numa sociedade justa a igualdade de liberdades e direitos entre os cidadãos é considerada como definitiva; os direitos garantidos pela justiça não estão dependentes da negociação política ou do cálculo dos interesses sociais. J. Rawls. Uma Teoria da Justiça. Lisboa: Editorial Presença, 2001, p.27.

Exemplo 1 (cont.) Competências Reconstituir o argumento apresentado no texto Integrar o texto num contexto filosófico (na dialética filosófica relevante) Conceitos operatórios Indicador de premissa: por esta razão. Indicador de conclusão: assim sendo.

Exemplo 1 (cont.) Argumento reconstituído 1. A inviolabilidade de cada pessoa que decorre da justiça não poderá ser eliminada mesmo em benefício do bem-estar geral da sociedade. 2. Logo, a justiça impede que a perda de liberdade de alguns seja justificada pelo facto de outros passarem a partilhar um bem maior. 3. Logo, numa sociedade justa a igualdade de liberdade e direitos é definitiva.

Exemplo 1 (cont.) Integração na dialética filosófica utilitarismo e deontologia) relevante (debate que opõe a premissa do argumento é um dos pressupostos fundamentais da teoria de Rawls; trata-se de um pressuposto deontológico que determina restrições à promoção do bem-estar geral o princípio da utilidade não respeita a inviolabilidade de cada pessoa o respeito pela inviolabilidade de cada pessoa requer princípios de justiça que garantam liberdades e direitos iguais

Exemplo 2 Poliandro Concordo inteiramente contigo [ ], porque se eu não existisse, não seria capaz de duvidar. Eudoxo Portanto, existes, e sabes que existes, e sabes isso precisamente porque duvidas. Poliandro Tudo isso é bem verdade. R. Descartes. The Search for Truth, in The Philosophical Writings of Descartes. Cambridge: Cambridge University Press, 1984, p.410. Competências Identificar a estrutura argumentativa de um texto Defender teorias por meio de exemplos

Exemplo 2 (cont.) Conceitos operatórios Indicador de premissa: porque (que ocorre duas vezes) Indicador de conclusão: portanto Dicionário: P: Eu existo. Q: Eu duvido. Forma de inferência válida: modus tollens Estrutura argumentativa do texto (modus tollens) P Q Q P

Exemplo 2 (cont.) Defesa do racionalismo por meio do exemplo apresentado a conclusão do argumento é obtida sem haver recurso à experiência o conhecimento que cada um tem de que existe é obtido a priori este é um caso de conhecimento substancial

Exemplo 3 De acordo com Popper, as teorias científicas são falsificáveis e podem sê-lo num grau maior ou menor. Consideremos as seguintes proposições simples : P: O leite pasteurizado conserva-se durante semanas. Q: O calor debilita os pequenos organismos. R: A substância que azeda o leite é produzida por pequenos organismos.

Exemplo 3 (cont.) Imaginemos que são apresentadas as seguintes teorias: T1: O leite pasteurizado conserva-se durante semanas. T2: O leite pasteurizado conserva-se durante semanas e o calor debilita os pequenos organismos. T3: O leite pasteurizado conserva-se durante semanas e o calor debilita os pequenos organismos e a substância que azeda o leite é produzida por pequenos organismos. Qual destas três teorias seria a mais falsificável e, portanto, a mais interessante para a ciência?

Exemplo 3 (cont.) Competências Esclarecer, exemplificar e determinar implicações de teses filosóficas Conceitos operatórios conjunção forma proposicional tabela de verdade

Exemplo 3 (cont.) Formas proposicionais das teorias apresentadas T1: P T2: P Ʌ Q T3: (P Ʌ Q) Ʌ R

Exemplo 3 (cont.) Tabela de verdade das teorias P Q R P P Ʌ Q (P Ʌ Q) Ʌ R V V V V V V V V V F V V V F V F V V F F F V F F V F F F F V V F F F F F V F F F F F F F V F F F F F F F F F F F

Exemplo 3 (cont.) Resultado da aplicação da tabela de verdade a teoria cuja forma proposicional é (P Ʌ Q) Ʌ R é mais falsificável do que as teorias cujas formas são P Ʌ Q e P. Assim, nos casos em que as teorias «O leite pasteurizado conservase durante semanas e o calor debilita os pequenos organismos» e «O leite pasteurizado conserva-se durante semanas» forem falsas, a teoria «O leite pasteurizado conserva-se durante semanas e o calor debilita os pequenos organismos e a substância que azeda o leite é produzida por pequenos organismos» será também falsa. No entanto, é possível que esta última teoria seja falsa, mas não as outras duas teorias.

Exemplo 3 (cont.) Ao mostrar que a teoria mais informativa é a mais falsificável e que o grau de falsificabilidade das teorias depende da informação que proporcionam, a tabela de verdade ajuda a esclarecer a tese de que as teorias científicas são falsificáveis e de que podem sê-lo num grau maior ou menor.

Exemplo 4 Dissemos que todos os argumentos relativos à existência assentam na relação de causa e efeito, que o nosso conhecimento dessa relação deriva inteiramente da experiência, e que todas as nossas conclusões experimentais assentam na suposição de que o futuro será conforme ao passado. Portanto tentar provar esta última suposição por meio de argumentos prováveis, ou argumentos relativos à existência, é evidentemente andar em círculos, tomando como estabelecido precisamente o ponto que está em discussão. D. Hume. Investigação sobre o Entendimento Humano. Lisboa: IN-CM, 2002, p.51.

Exemplo 4 (cont.) Competências construir argumentos identificar premissas implícitas exemplificar teses por meio de argumentos formular problemas filosóficos Conceitos operatórios falácia falácia informal petição de princípio

Exemplo 4 (cont.) Argumento premissa implícita: a natureza funciona de modo uniforme («o futuro será conforme ao passado») A experiência tem mostrado que objetos com as qualidades sensíveis do pão fornecem nutrição e sustento. Logo, objetos com as qualidades sensíveis do pão irão fornecer nutrição e sustento. A experiência tem mostrado que a natureza funciona de modo uniforme. Logo, a natureza funciona de modo uniforme («o futuro será conforme ao passado»).

Exemplo 4 (cont.) A construção desta petição de princípio mostra a circularidade da tentativa de justificação do princípio da uniformidade da natureza por meio de um argumento indutivo. E deixa clara a pertinência do problema filosófico de haver ou não um argumento que justifique a indução.

Considerações pedagógicas sugeridas pelos exemplos apresentados as operações lógicas ajudam a captar e a articular os raciocínios envolvidos nas teses e teorias, contribuindo para uma compreensão mais sólida e inteligente as operações lógicas promovem aprendizagens autónomas e não orientadas para a reprodução das matérias