Expediente MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLOGIA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO AMAZONAS

Documentos relacionados
O QUE É O ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO?

ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO

III Seminário Catarinense de Prevenção ao Assédio Moral no Trabalho. 30 de setembro e 01 de outubro de 2013

Violência Moral e Psicológica no Trabalho: uma violência organizacional

SINTEST/BA (UNEB-UEFS) SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DO 3º GRAU DO ESTADO DA BAHIA PROJETO UNEB SEM ASSÉDIO:

ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO BULLYING IN THE WORKPLACE RESUMO

Sobre o assédio moral. pessoas. Adriana Cristina Guimarães

AUTOR(ES): FERNANDA BAGGIO LANGER, LAIS CRISTINA OLIVEIRA SILVA, TATIANE DA SILVA GONÇALVES

CÓDIGO DE BOA CONDUTA PARA A PREVENÇÃO E COMBATE AO ASSÉDIO NO TRABALHO

CARTILHA DE PREVENÇÃO AO ASSÉDIO SEXUAL E MORAL NO ESPORTE

Versão: 1 ( ) Pág. 3/7

ASSÉDIO SEXUAL NO AMBIENTE DE TRABALHO

CÓDIGO DE BOA CONDUTA PARA A PREVENÇÃO E COMBATE AO ASSÉDIO NO TRABALHO. Cláusula 1.ª

ASSÉDIO MORAL: COMO SE DEFENDER DO ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO?

Assédio Moral e Sexual

Políticas de Enfrentamento e

Principais reclamações de assédio moral, segundo MPT-SP

ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO Violência Moral e Psicológica

Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Carcavelos e São Domingos de Rana

PROC. Nº 2498/13 PLCL Nº 031/13 EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

COMO PODEM SER IDENTIFICADOS OS ASSÉDIOS MORAL E SEXUAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO? Ministra Cristina Peduzzi fala sobre assédio sexual e assédio moral

Código de Boa Conduta para a Prevenção e Combate ao Assédio no Trabalho

CÓDIGO DE BOA CONDUTA PARA PREVENÇÃO E COMBATE À PRÁTICA DE ASSÉDIO NO TRABALHO ÂMBITO DE APLICAÇÃO E PRINCÍPIOS GERAIS. Artigo 1º

CÓDIGO DE BOA CONDUTA PARA A PREVENÇÃO E COMBATE AO ASSÉDIO NO TRABALHO

CÓDIGO DE CONDUTA PARA PREVENÇÃO E COMBATE AO ASSÉDIO NO TRABALHO

Código de Boa Conduta para a Prevenção e Combate ao Assédio no Trabalho

ASSÉDIO MORAL UM INIMIGO SILENCIOSO UM INIMIGO SILENCIOSO. Heverton Renato M. Padilha

Circular CBCa 043/2018 Curitiba, 21 de maio de Assunto: COB Cartilha de prevenção ao assédio sexual e moral no esporte

ORDEM DOS ENGENHEIROS

Riscos Psicossociais no Trabalho

Código de Conduta e Boas Práticas para Prevenção e Combate do Assédio no Trabalho

Artigo 1.º (Âmbito de aplicação) Artigo 2.º (Princípios gerais) Artigo 3.º (Comportamentos ilícitos)

Mensagem do presidente

Código de Boa Conduta para a Prevenção e Combate ao Assédio no Trabalho

Ficha Informativa + Segurança. Saúde no Trabalho. Edição N.º 14 Assédio Moral no Local de Trabalho. + Segurança. Saúde no Trabalho.

CÓDIGO DE BOA CONDUTA PARA A PREVENÇÃO E COMBATE AO ASSÉDIO NO LOCAL DE TRABALHO

ASSÉDIO MORAL A INTERFERÊNCIA DAS RELAÇÕES PESSOAIS NA EMPRESA CAROLINA RONCATTI PATRICIA CANHADAS WILDE C. COLARES

Assédio Sexual nas empresas

CÓDIGO DE CONDUTA. prevenção e combate ao assédio no trabalho

O que é e como combater

ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO. WorkShop Juridico SESCON-RJ Nov /2016

Autor: Deputado Romualdo Junior 1º Vice-Presidente

SESSÃO DA TARDE PENAL E PROCESSO PENAL Lei Maria da Penha. Professor: Rodrigo J. Capobianco

ASSÉDIO MORAL: JUNTOS SOMOS MAIS FORTES

Direito Penal. Lei nº /2006. Violência doméstica e Familiar contra a Mulher. Parte 1. Prof.ª Maria Cristina

REAÇÃO AO ASSÉDIO SEXUAL

Direito Penal. Lei nº /2006. Violência doméstica e Familiar contra a Mulher. Parte 4. Prof.ª Maria Cristina

SINDINFOR - Grupo de Intercâmbio de Informações da Gestão de Pessoas das Empresas de Informática de MG Palestra: 10 de Maio de 2011

CURSO DE ATUALIZAÇÃO. Gestão das Condições de Trabalho e Saúde dos Trabalhadores da Saúde ASSÉDIO MORAL: CONHECER, PREVENIR E COMBATER

ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO

CÓDIGO DE CONDUTA EMPRESARIAL

DA RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL DE ESCOTISTAS E DIRIGENTES INSTITUCIONAIS

VIOLÊNCIA CONTRA IDOSOS: UMA DOR EM ASCENSÃO

PLANO DE INTEGRIDADE

DIREITO E JORNALISMO RESPONSABILIDADE CIVIL

CÓDIGO DE CONDUTA PÁG. 1

3. Roteiro de perguntas para serem aplicadas na tomada de declarações ou oitivas dasvítimas indiretas e testemunhas

Seus Direitos Relacionados A Danos Morais E Materiais

DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

UMA CULTURA INTOLERÁVEL UM RETRATO DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

ASSÉDIO MORAL. Bacharelanda do Curso de Direito do Centro Universitário de Votuporanga/SP UNIFEV. 2

DOCENTE: LUCIANA CASTRO. Graduada em Psicologia UERJ. Pós-graduada em Gestão de Recursos Humanos. Pós-graduada em Educação Infantil e Desenvolvimento

AUTOR(ES): REGIANE DE MORAIS SANTOS DE ASSIS, EDNADJA CARVALHO DO NASCIMENTO GALDINO

CÓDIGO DE CONDUTA. Prevenção e combate à prática de assédio no trabalho

Avaliação do Ambiente de Trabalho e do Assédio Moral no BACEN Regional Porto Alegre

STJ Marcelo Rodrigues Prata ASSEDIO MORAL. SOB NOVO ENFOnUE. Cyberbullying, "Indústria do Dano Moral", Carga Dinâmica da Prova e o Futuro CPC

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Assédio Moral no Serviço Público

A LEI E A ESCOLA NOÇÕES GERAIS

LEGALE PÓS GRADUAÇÃO ONLINE DIREITO DO TRABALHO

Informações de Impressão

RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR NOS ACIDENTES DE TRABALHO

PROJETO DE CÓDIGO DE BOA CONDUTA PARA A PREVENÇÃO E COMBATE AO ASSÉDIO NO TRABALHO NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Código de Conduta. Prevenção e combate à prática de assédio no trabalho ENQUADRAMENTO

16º CONEX - Encontro Conversando sobre Extensão na UEPG Resumo Expandido Modalidade B Apresentação de resultados de ações e/ou atividades

ASSÉDIO MORAL NAS ORGANIZAÇÕES E SEUS EFEITOS PARA OS TRABALHADORES ÁREA TEMÁTICA: GESTÃO DE PESSOAS RESUMO EXPANDIDO

Avaliação do Ambiente de Trabalho e do Assédio Moral no BACEN Regional Brasília

ASSÉDIO SEXUAL NA RELAÇÃO DE TRABALHO

A construção da rede de atendimento às pessoas em situação de violência

PROJETO PARA IMPLANTAÇÃO DA AGENDA DO SERVIDOR / 2016

LEGALE PÓS GRADUAÇÃO ONLINE DIREITO DO TRABALHO

JUSTA CAUSA E CRIMES PRATICADOS POR EMPREGADOS: COMO PROCEDER?

DIREITO PROCESSUAL PENAL

O INSTITUTO DA RESPONSABILIDADE CIVIL E O PROGRAMA DE COMBATE À INTIMIDAÇÃO SISTEMÁTICA (LEI N /2015)

Avaliação do Ambiente de Trabalho e do Assédio Moral no BACEN Regional Recife

O ASSÉDIO MORAL NÃO PODE SER SEGREDO DE JUSTIÇA! - 1

Direito Trabalhista 1

CONHEÇA O JURÍDICO DO SECRJ

A CASA DO SIMULADO DESAFIO QUESTÕES MINISSIMULADO 27/360

CARTA DE BRASÍLIA DO ENFRENTAMENTO À EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES PARA FINS COMERCIAIS.

Metropolitano de Lisboa Discriminação e Assédio no local de trabalho conhecer, prevenir e combater. Índice

CÓDIGO DE BOA CONDUTA PARA A PREVENÇÃO E COMBATE AO ASSÉDIO NO TRABALHO Lei n.º 73/2017, de 16 de agosto

FEDERATION INTERNATIONALE DES FEMMES DES CARRIERES JURIDIQUES

ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO

CONCEITO DE ASSÉDIO MORAL

ASSÉDIO MORAL NO DIREITO DO TRABALHO Patrícia Gonçalves Dias Ferreira 1

CÓDIGO DE BOA CONDUTA FRMS C Ó D I G O DE B O A C O N D U T A FUNDAÇÃO RAQUEL E MARTIN SAIN

ASSÉDIO MORAL ORGANIZACIONAL: VISÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO

para ideias de todos os tamanhos Código de Ética para ideias de todos os tamanhos

Transcrição:

ASSÉDIO MORAL no trabalho

Expediente MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLOGIA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO AMAZONAS REITOR DO IFAM Antonio Venâncio Castelo Branco PRÓ-REITORIA DE ENSINO Lívia de Souza Camurça Lima PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E INOVAÇÃO José Pinheiro de Queiroz Neto PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO Sandra Magni Darwich PRÓ-REITORIA DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL Jaime Cavalcante Alves PRÓ-REITORIA DE ADMINISTRAÇÃO Josiane Faraco de Andrade Rocha ELABORAÇÃO Diretoria de Gestão de Pessoas Núcleo de Psicologia e Serviço Social Psicóloga: Manuela de Queiroz Cruz Assistente Social: Simone Tavares da Silva REVISÃO Ana Paula Pereira Batista Rodrigo Fernandes Fonseca DESIGN GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Anne Karoline da Silveira Cabral

ASSÉDIO MORAL no trabalho Manaus - AM 2018

SUMÁRIO O QUE É ASSÉDIOMORAL? QUAIS AS FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DO ASSÉDIO MORAL? QUAIS OS TIPOS DE ASSÉDIO MORAL? O QUE NÃO CARACTERIZAASSÉDIO MORAL? QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS DO ASSÉDIO MORAL? COMO PREVENIR O ASSÉDIO MORAL? QUAIS AS LEGISLAÇÕES? O QUE FAZER EM CASO DE ASSÉDIO MORAL? ONDE DENUNCIAR O ASSÉDIO MORAL? POR QUE DENUNCIAR? RESPONSABILIDADES REFERÊNCIAS 8 10 12 13 15 17 19 22 23 24 25 26

APRESENTAÇÃO Caro(a) Servidor(a); Com objetivos de promover uma maior aproximação e integração dos servidores do IFAM com suas respectivas chefias, ampliando e melhorando o convívio hierárquico quer sejam ascendentes, descendentes ou horizontalizados, a Diretoria de Gestão de Pessoas (DGP) juntamente com o Núcleo de Psicologia e Serviço Social atuaram de forma articulada e integrada, implementando ações estratégicas de fortalecimento da gestão. Tal medida visa minimizar ou até mesmo extinguir possíveis registros de assédio moral no âmbito institucional, visto que as relações interpessoais são significativas para a boa convivência no ambiente do trabalho, garantindo uma extensão do convívio familiar. O assédio é nocivo ao ambiente de trabalho, além de abalar as relações interpessoais, causando problemas ao servidor, instituição e sociedade, afetam a produtividade, eficácia e eficiência das atividades desenvolvidas pelos servidores assediados resultando em litígios que desaguam muitas vezes em termos de ajustes de condutas, sindicâncias, processos administrativos disciplinares e algumas vezes ajuizamento de ações judiciais. A presente cartilha traz uma abordagem sucinta, clara e objetiva deste desvirtuamento funcional devendo ser avaliada por você servidor, buscando-se evitar a degradação das relações de trabalho, coibindo-se a sua prática no âmbito do Instituto Federal do Amazonas. Cordialmente. Antonio Venâncio Castelo Branco Reitor

O QUE É ASSÉDIOMORAL? Assédio moral constitui-se como uma conduta abusiva, intencional, frequente e repetida, que ocorre no ambiente de trabalho e que visa diminuir, humilhar, vexar, constranger, desqualificar um indivíduo ou um grupo, degradando as suas condições de trabalho, atingindo a sua dignidade, sua saúde física e mental e colocando em risco a sua integridade pessoal e profissional [1]. 1 Ver em: (FREITAS; HELOANI; BARRETO, 2013). 8

9

QUAIS AS FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DO ASSÉDIO MORAL? Hirigoyen (2006) em sua obra intitulada Mal-estar no trabalho: redefinindo o assédio moral ao abordar sobre método de assédio, elenca quatro formas possíveis de manifestação de assédio moral relacionados no quadro a seguir: 10

Deterioração proposital das condições de trabalho Isolamento e recusade comunicação Atestado contra a dignidade Violência verbal, física ou sexual. Retirar da vítima a autonomia. A vítima é interrompida constantemente. Utilizam insinuações desdenhosas para qualificála. Ameaças de violência física. Não lhe transmitir mais as informações úteis para a realização de tarefas. Superiores hierárquicos ou colegas não dialogam com a vítima. Fazem gestos de desprezo diante dela (suspiros, olhares desdenhosos, levantar de ombros...). Agridem-na fisicamente, mesmo que de leve, é empurrada, fecham-lhe a porta na cara. Contestar sistematicamente todas as suas decisões. A comunicação com ela é unicamente por escrito. Espalham rumores a seu respeito. Falam com elas aos gritos. Criticar seu trabalho de forma injusta ou exagerada. Recusam todo contato com ela, mesmo o visual. Atribuem-lhe problemas psicológicos (dizem que é doente mental). Invadem sua vida privada com ligações telefônicas ou cartas. Retirar as tarefas que normalmente lhe compete, atribuindo-lhe novas atividades. É posta separada dos outros. Zombam de suas origens ou de sua nacionalidade. Seguem-na na rua, é espionada diante do domicílio. Atribuir-lhe proposital e sistematicamente tarefas inferiores às suas competências. Ignoram sua presença, dirigindo-se apenas aos outros. Implicam com suas crenças religiosas ou convicções políticas. Fazem estragos em seu automóvel. Dar-lhe deliberadamente instruções impossíveis de executar. Proíbem os colegas de lhe falar. Atribuem-lhe tarefas humilhantes. É assediada ou agredida sexualmente (gestos ou proposta). Induzir a vítima ao erro. Já não a deixam falar com ninguém. É ofendida com termos degradantes. Não levam em conta seus problemas de saúde. Fonte: Hirigoyen, Marie-France (2006) 11

QUAIS OS TIPOS DE ASSÉDIO MORAL? Assédio Vertical Descendente: é praticado por um trabalhador hierarquicamente superior ao empregado assediado. O chefe constrange, humilha e destrata o subordinado. Assédio Vertical Ascendente:embora seja mais raro, ocorre quando um trabalhador hierarquicamente inferior assedia seu superior. Assédio Horizontal: ocorre entre trabalhadores que ocupam a mesma posição hierárquica dentro do local de trabalho. 12

O QUE NÃO CARACTERIZA ASSÉDIO MORAL? Nem todas as pessoas que se dizem assediadas o são de fato. É preciso ter cautela, pois é comum surgirem ocorrências cotidianas que possam se assemelhar com o assédio moral. Hirigoyen (2006) elenca como situações que nem sempre caracterizam o assédio moral: o estresse, as agressões pontuais, as más condições de trabalho, as imposições profissionais e o conflito. 13

ESTRESSE Entende-se como sobrecarga e más condições de trabalho, diferentemente do assédio moral que prepondera a humilhação. CONFLITO No assédio moral não se observa uma relação simétrica como no conflito, mas uma relação dominante-dominado. Em um conflito, as repreensões são faladas de maneira aberta e os envolvidos podem defender sua posição. AGRESSÕES PONTUAIS São agressões que não se prolongam no tempo, consistindo em um caso isolado que não se repete. Embora seja um ato de violência, uma agressão pontual pode ser apenas uma expressão de reatividade e impulsividade, sem carga de premeditação. MÁS CONDIÇÕES DE TRABALHO As más condições de trabalho, como pouco espaço, má iluminação e material de trabalho escasso não constituem um ato de assédio em si, a não ser que somente um empregado seja alvo de tais condições com a intenção de desmerecê-lo. IMPOSIÇÕES PROFISSIONAIS As imposições profissionais advindas de decisões legítimas, que dizem respeito à organização do trabalho, críticas construtivas e avaliações sobre o trabalho executado, contanto que sejam explicitados e, não utilizadas com um propósito de represália, não constituem assédio. 14

QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS DO ASSÉDIO MORAL? 1) PARA O TRABALHADOR: Psicológicos Físicos Sociais Profissionais Culpa; Vergonha; Rejeição; Distúrbios digestivos; Hipertensão; Palpitações; Diminuição da capacidade de fazer novas amizades; Retraimento nas relações com amigos, parentes e Redução da capacidade de concentração e da produtividade; Tristeza; Tremores; colegas de trabalho; Cansaço exagerado; Inferioridade; Baixa autoestima; Irritação constante; Diminuição da concentração Dores generalizadas; Alterações da libido; Agravamento de doenças pré-existentes; Alterações no sono; Degradação do relacionamento familiar; Isolamento, entre outros. Erros no cumprimento das tarefas; Intolerância ao ambiente de trabalho; Falta de interesse pelo trabalho, entre outros. Depressão; Dores de cabeça; Estresse; Fonte: Senado Federal (2010). 15

1 6 2) PARA A INSTITUIÇÃO: O assédio moral pode trazer consequências não apenas para o trabalhador, mas também para a instituição. São exemplos de consequências para a instituição: Queda da produtividade; Alta rotatividade; Falta ao trabalho; Ambiente de trabalho hostil; Aumento de afastamentos, entre outros. 3) PARA A SOCIEDADE: O assédio pode ter as seguintes consequências para a sociedade: Prejuízo nas relações familiares; Custos para tratamento e reabilitação; Despesas para a previdência social; Custos judiciais.

COMO PREVENIR O ASSÉDIO MORAL As medidas de prevenção é o melhor caminho para se evitar o Assédio Moral, perpassando por um processo educativo. A educação por meio de campanhas esclarecedoras evitando alegações por parte dos assediadores de desconhecimento às restrições da conduta adotada. O processo de assédio deve ser evitado ou interrompido rapidamente, pois coloca em jogo a saúde de uma pessoa. 17

ALGUMAS MEDIDAS DE PREVENÇÃO PELA INSTITUIÇÃO Incentivar as boas relações de trabalho; Avaliar constantemente as relações interpessoais na Instituição; Atentar para as mudanças de com portamento dos trabalhadores; Realizar seminários, palestras e outras atividades voltadas à discussão e sensibilização sobre tais práticas abusivas; Estabelecer ambientes que favoreçam a participação, a transparência, a ética, a valorização do trabalhador e o respeito à diversidade, objetivando a saúde dos trabalhadores. Promover um ambiente onde aconteça o diálogo permanente entre a equipe e que a comunicação não esteja restrita aos encontros sociais ou comemorativos. 18

QUAIS AS LEGISLAÇÕES? PROJETOS DE LEIS FEDERAIS No âmbito federal, tramitam no Congresso Nacional os Projetos de Leis (PL) para alteração do Código Penal Brasileiro (CP), da Lei nº 8.112 que institui o Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos, dentre outros relativos ao tema. O PL nº 4.742/2001, com substitutivo, pretende introduzir o art. 136-A, no CP, dispondo sobre o crime de assédio moral no trabalho. O PL nº 5.971/2001 propõe, em acréscimo ao artigo 203-A do CP, a tipificação da coação moral no ambiente de trabalho. Na seara da Administração Pública há ainda o PL nº 4.591/2001, que dispõe sobre a aplicação de penalidades à prática de assédio moral por parte de servidores públicos da União, das autarquias e das fundações públicas federais a seus subordinados, propondo a alteração do artigo 117-A da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. O PL nº 2.369/2003 pretende definir assédio moral como ilícito trabalhista. Prevê os tipos de assédio moral vertical e horizontal, sem atentar para o assédio moral ascendente. Percebe-se que a maioria dos textos das principais legislações estaduais e municipais e dos projetos de leis que tratam sobre o assédio moral, volta-se para a caracterização e punição de apenas um tipo de assédio moral - o conhecido como vertical - que acontece na relação de chefe e subordinado, sem previsão dos demais tipos: o horizontal e o ascendente, formas tão nocivas e perigosas quanto o vertical. 2 2 Ver em: AVILA (2008) 19

LEGISLAÇÕES ESTADUAIS O Estado do Rio de Janeiro foi o primeiro a publicar uma lei contra o assédio moral, o que ocorreu através da Lei nº 3.921, de 23 de agosto de 2002, vedando a prática do assédio moral no âmbito dos órgãos, repartições e entidades estatais. LEGISLAÇÕES MUNICIPAIS Em nível municipal, destaca-se a Lei municipal de São Paulo - SP, Lei nº 13.288, de 10 de janeiro de 2002, que dispõe sobre a aplicação de penalidades à prática de assédio moral nas dependências da Administração Pública Municipal direta e indireta por servidores públicos municipais. Considerando que as leis para coibir o assédio moral no Brasil ainda estão em fase de construção, os juristas buscam no momento o abrigo da Constituição Federal e em outras legislações como o Código Civil Brasileiro. 20

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 Na Constituição Federal de 1988, logo no seu art. 1º, incisos III e IV, tem como um dos fundamentos a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO DISPÕE NO ARTIGO: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Em casos de ações na justiça, o Assédio Moral somente poderá ser caracterizado se, além das impressões do assediado, forem apresentados provas materiais e testemunhas da conduta lesiva. Essa prática deverá ser coibida através da gestão das instituições, garantindo os direitos individuais dos seus trabalhadores, bem como da sua saúde psicológica. 21

O QUE FAZER EM CASO DE ASSÉDIO MORAL? Anotar com detalhes todas as humilhações sofridas (dia, mês, ano, hora, local ou setor, nome do agressor, colegas que testemunharam os fatos, conteúdo da conversa e o que mais se achar necessário); Dar visibilidade, procurando ajuda dos colegas, principalmente daqueles que testemunharam o fato ou que já sofreram humilhações do agressor; buscar ajuda de profissionais de saúde, pois há momentos em que socializar a dor, alivia. Evitar conversar com o agressor sem testemunhas; É importante reforçar a solidariedade no local de trabalho, como forma de coibir o agressor, criando uma rede de resistência às condutas de assédio moral; Buscar ajuda dentro do próprio órgão público. Procurar a Ouvidoria e a Diretoria de Gestão de Pessoas para relatar os fatos; 22

O sindicato também pode contribuir nessas situações, através da busca da solução do conflito e da prevenção de novas situações dessa espécie. Porém, se isso não resolver o problema, deve-se passar a uma próxima etapa: com o apoio familiar, apoio de profissionais da saúde como psicólogos ou psiquiatras ou procurar orientação jurídica junto ao sindicato da categoria para denunciar a situação de assédio moral. ONDE DENUNCIAR O ASSÉDIO MORAL? Na ouvidoria do órgão; No setor de Gestão de Pessoas; Sindicato da Categoria; 23

POR QUE DENUNCIAR? Reparar os danos morais sofridos; Combater o comportamento do agressor; Prevenir que outras pessoas na instituição sofram assédio; Contribuir para uma relação mais saudável no ambiente de trabalho. 24

RESPONSABILIDADES Embora não exista legislação específica em nível federal, quem assedia pode ser responsabilizado nas esferas administrativa (infração disciplinar) ou trabalhista (arts. 482 e 483 da CLT), civil (danos morais e materiais) e criminal (dependendo do caso, os atos de violência poderão caracterizar crime de lesão corporal, crimes contra a honra, etc.). Os agravos sofridos pelo trabalhador podem gerar direito a indenizações por danos de caráter material e moral. Sendo o assediador servidor público, o Estado (União, Estado, Município) pode ser responsabilizado pelos danos morais e materiais sofridos e uma vez comprovado o fato ou dano, deverá indenizar o assediado, podendo processar o assediador, visando à reparação dos prejuízos que sofrer. No caso das relações regidas pela CLT, a responsabilidade pode recair sobre o empregador, pois cabe a este reprimir as condutas indesejáveis. 25

REFERÊNCIAS ASSÉDIO MORAL E SEXUAL NO TRABALHO Brasília: MTE, ASCOM, 2009. ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO: uma violência a ser enfrentada. Coordenação: Suzana da Rosa Tolfo; Renato Toccheto de Oliveira. Florianópolis: UFSC, 2013. AVILA, Rosemari. As Consequências do Assédio Moral no Ambiente de Trabalho. Dissertação. Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Subsecretaria de Assuntos Administrativos. Assédio moral: conhecer, prevenir, cuidar/ministério da Saúde, Secretaria-Executiva, Subsecretaria de Assuntos Administrativos. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. BRASIL, Decreto-Lei nº 5.452, de 1º maio de 1943, Consolidação das Leis do Trabalho. Brasília, DF, 1943. CARTILHA ASSÉDIO MORAL E SEXUAL. Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça. Realização: Senado Federal (Diretoria Geral), 2011. BRASIL. Constituição (1988). Constituição 5 de outubro de 1988. Disponível constituicao/constituicao.htm>. Federal de 1988. Promulgada em em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Cartilha Assédio Moral e Sexual no Trabalho: Prevenção e enfrentamento na Fiocruz. Ministério da Saúde, 2014. 26

FREITAS, M. E. de.; HELOANI, J. R.; BARRETO, M. Assédio moral no trabalho. São Paulo: Cengage Learning, 2013. HIRIGOYEN. M.F. Mal Estar no trabalho: redefinindo o assédio moral. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. SILVA, Keila. Assédio Moral e Sofrimento no Trabalho de Professores Universitários em Manaus. Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Psicologia, da Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2016. 27