EFEITO DE ÓLEO VEGETAL DE ALGODÃO NO CONTROLE DE Zabrotes subfasciatus (Coleoptera: Bruchidae) EM SEMENTES DE FEIJÃO.

Documentos relacionados
QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA (Ricinus communis L.) CULTIVAR NORDESTINA, SOB DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO.

LONGEVIDADE DE SEMENTES DE Crotalaria juncea L. e Crotalaria spectabilis Roth EM CONDIÇÕES NATURAIS DE ARMAZENAMENTO

EFEITO DE HERBICIDAS PRÉ-EMERGENTES NA GERMINAÇÃO E VIGOR DE SEMENTES DE Phaseolus vulgaris L.

TESTE DE VIGOR EM SEMENTES DE CEBOLA. Apresentação: Pôster

EFEITO DA LUZ, DE ÓLEOS VEGETAIS E DE CULTIVARES DE CAUPI NA INFESTAÇÃO DO CARUNCHO (CALLOSOBRUCHUS

TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA EM DIFERENTES ESTRUTURAS DE SEMENTES DE SOJA 1. INTRODUÇÃO

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE FEIJÃO-COMUM CULTIVADAS EM VITÓRIA DA CONQUISTA

QUALIDADE DE SEMENTES DE ALGODOEIRO, CULTIVARES BRS VERDE E CNPA 7H, ARMAZENADAS EM CÂMARA SECA

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE MAMONA COM E SEM CASCA

Efeito do estresse hídrico e térmico na germinação e crescimento de plântulas de cenoura

Tamanho e época de colheita na qualidade de sementes de feijão.

Causas de GL IVE TMG PGER IVE TMG PGER

Avaliação do vigor de sementes de abobrinha (Cucurbita pepo) pelo teste de tetrazólio.

GERMINAÇÃO E VIGOR DE SEMENTES DE FEIJÃO-CAUPI EM FUNÇÃO DA COLORAÇÃO DO TEGUMENTO

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DE CAMPINA GRANDE-PB

CRIOCONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE ALGODÃO COLORIDO. RESUMO

Biologia de Zabrotes subfasciatus em genótipos de feijão-vagem

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS CONTROLADAS

¹Universidade Federal do Ceará - Depto. de Fitotecnia - C.P. 6012, CEP , Fortaleza-CE.

ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DO ÓLEO DE Carapa guianensis EM SEMENTES DE Bauhinia variegata

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE ALGODÃO ARMAZENADAS EM FUNÇÃO DO PROCESSO DE DESLINTAMENTO QUÍMICO.

143 - QUALIDADE DE SEMENTES DE CEBOLA CULTIVAR BAIA PRODUZIDAS SOB SISTEMA AGROECOLÓGICO E AVALIAÇÃO DAS MUDAS RESULTANTES

TRATAMENTO DE SEMENTES COM BIOESTIMULANTES NO CRESCIMENTO INICIAL DE PLÂNTULAS DE SOJA. Milena Fontenele dos Santos (1)

ENVELHECIMENTO ACELERADO EM LOTES DE SEMENTES DE CENOURA ENVOLVENDO TEMPERATURA E TEMPOS DE EXPOSIÇÃO Apresentação: Pôster

EFEITO DO ACONDICIONAMENTO E DO ARMAZENAMENTO SOBRE A QUALIDADE FISIOLÓGICA DAS SEMENTES DE FEIJÃO-CAUPI

ENVELHECIMENTO ACELERADO COMO TESTE DE VIGOR PARA SEMENTES DE FEIJÃO-CAUPI

RESSALVA. Atendendo solicitação do autor, o texto completo desta dissertação será disponibilizado somente a partir de 17/04/2016.


POTENCIAL FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE CANOLA DURANTE O ARMAZENAMENTO

Diferentes Temperaturas E Substratos Para Germinação De Sementes De Mimosa caesalpiniifolia Benth

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA CONVENCIONAL COLETADAS EM TRÊS POSIÇÕES DA PLANTA

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DE PATOS-PB

Efeito repelente de macerados vegetais sobre gorgulhos em milho

EFEITO DA IDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA NOS RESULTADOS DO TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO.

PERÍODO CRÍTICO DE COMPETIÇÃO DAS PLANTAS DANINHAS NA BRS ENERGIA EM DUAS DENSIDADES DE PLANTIO

INFLUÊNCIA DE DIFERENTES MÉTODOS DE SEMEADURA PARA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE CORIANDRUM SATIVUM L.

QUALIDADE SANITÁRIA DE SEMENTES DE MAMONA, CULTIVARES NORDESTINA E PARAGUAÇU.

Umedecimento de substratos na germinação de sementes de repolho

Avaliação do desenvolvimento inicial de milho crioulo cultivados na região do Cariri Cearense através de teste de germinação

EFICIÊNCIA DE INSETICIDAS, EM TRATAMENTO DE SEMENTES, NO CONTROLE DO PULGÃO Aphis gossypii (HOMOPTERA: APHIDIDAE) NA CULTURA DO ALGODOEIRO

Palavras-chave: lentilha; vigor; germinação.

em função da umidade e rotação de colheita

EFEITO DE DIFERENTES MÉTODOS DE QUEBRA DA DORMÊNCIA EM SEMENTES DE AVENA SATIVA L.

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE FEIJÃO CARIOQUINHA COMERCIALIZADAS NA FEIRA LIVRE DE VITÓRIA DA CONQUISTA BAHIA

RELAÇÃO ENTRE O TAMANHO E A QUALIDADE FISIOLÓGICA DAS SEMENTES DE SOJA (Glycine max (L.) Merrill)

Avaliação da Suscetibilidade de Diferentes Cultivares de Arroz ao Ataque de Sitophilus zeamais

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA PRODUZIDAS NO MUNICÍPIO DE FREDERICO WESTPHALEN-RS

Resistência de cultivares de feijão-caupi ao ataque de Callosobruchus maculatus (Coleoptera: Chrysomelidae: Bruchinae) em condições de armazenamento

Revista Caatinga ISSN: X Universidade Federal Rural do Semi-Árido Brasil

EFEITO DO GRAU DE UMIDADE DOS FRUTOS DE MAMONEIRA SOBRE A EFICIÊNCIA DO PROCESSO DE DESCASCAMENTO MECÂNICO

fontes e doses de nitrogênio em cobertura na qualidade fisiológica de sementes de trigo

TESTES PARA AVALIAÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES DE ALGODÃO ARMAZENADAS EM CONDIÇÕES AMBIENTAIS

PRÉ-HIDRATAÇÃO EM SEMENTES DE ALGODÃO E EFICIÊNCIA DO TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO 1

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2010)

Potencial Fisiológico de Sementes de Soja e Milho Armazenadas com Diferentes Graus de Umidade Inicial em Duas Embalagens (1)

EFEITO INSETICIDA DE EXTRATO ETÉREO DA POLPA DE

PROCESSAMENTO E ARMAZENAMENTO DE SEMENTES DE ALGODOEIRO: EFEITOS NA QUALIDADE FISIOLÓGICA(*)

Quantificação da produção de ovos e sobrevivência de percevejos fitófagos em sistemas de criação em laboratório

TÍTULO: EFEITO NO VIGOR E NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE SOJA TRATADAS COM INSETICIDAS E FUNGICIDAS

Qualidade de Sementes de Milho Armazenadas em Embalagens Alternativas

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE FEIJÃO EM FUNÇÃO DA DESSECAÇÃO QUÍMICA DAS PLANTAS

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE INSETICIDAS PARA CONTROLE DE Heliothis virescens NA CULTURA DO ALGODOEIRO

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE DUAS VARIEDADES DE FEIJÃO SUBMETIDAS A DIFERENTES ADUBAÇÕES FOLIARES

Níveis de infestação e controle de Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) no município de Cassilândia/MS

EFEITO DE DIFERENTES REVESTIMENTOS SOBRE A QUALIDADE DE OVOS DE POEDEIRAS COMERCIAIS ARMAZENADOS SOB REFRIGERAÇÃO POR 28 DIAS

Estudante do Curso de Agronomia da UEMS, Unidade Universitária de Aquidauana; /bolsista PIBIC/UEMS 2

Palavras-chave: caruncho-do-feijão, longevidade, condições ambientais adversas.

Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 6361

EFICIÊNCIA DO INSETICIDA BF 314, APLICADO EM MISTURA, PARA CONTROLE DE Heliothis virescens (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) NA CULTURA DO ALGODOEIRO

SELETIVIDADE DO SORGO SACARINO A HERBICIDAS E O TRATAMENTO DE SEMENTES COM O BIOATIVADOR THIAMETHOXAM

CARACTERIZAÇÃO FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE FEIJÃO-CAUPI COMERCIALIZADAS EM VITÓRIA DA CONQUISTA

ENSAIO DE COMPETIÇÃO DE 15 GENÓTIPOS DE FEIJOEIRO CULTIVADOS EM SISTEMA ORGÂNICO

Biofertilizante de origem Suína na formação inicial de Mudas de Graviola (annomamuricata l.) e matéria seca da raiz.

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

050-Índice de velocidade de emergência e porcentagem de emergência de mudas de cultivares de pimentão em sistema orgânico

QUALIDADE FISIOLÓGICA E SANITÁRIA DE SEMENTES DE Bauhinia variegata TRATADAS COM ÓLEO ESSENCIAL DE CANELA

Vigor de Plântulas de Milho Submetidas ao Tratamento de Sementes com Produto Enraizador

Avaliação da resistência de genótipos de batata à vaquinha, Diabrotica speciosa (Germar), e da preferência para alimentação.

Efeito da fosfina em três concentrações, na qualidade fisiológica da semente de trigo armazenada

EFEITOS DA FERTILIZAÇÃO COM NITROGÊNIO E POTÁSSIO FOLIAR NO DESENVOLVIMENTO DO FEIJOEIRO NO MUNICÍPIO DE INCONFIDENTES- MG.

Universidade Federal do Ceará Campus Cariri 3 o Encontro Universitário da UFC no Cariri Juazeiro do Norte-CE, 26 a 28 de Outubro de 2011

SELETIVIDADE DOS HERBICIDAS BENTAZON E NICOSULFURON PARA Crotalaria juncea e Crotalaria spectabilis

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E FISIOLÓGICAS DE SEMENTES DE MAMONA CV. AL GUARANY 2002 COLHIDOS EM DIFERENTES ALTURAS DE RACEMO

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 2165

AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO INICIAL DE HÍBRIDOS DE MAMONEIRA COM SEMENTES SUBMETIDAS AO ENVELHECIMENTO ACELERADO

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE ALGODÃO DESLINTADAS QUIMICAMENTE EM UM PROTÓTIPO DESENVOLVIDO PELA EMBRAPA ALGODÃO

Influência da Adubação Orgânica e com NPK, em Solo de Resíduo de Mineração, na Germinação de Sementes de Amendoim.

TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA INDIVIDUAL NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA*

EFEITO DO TIPO DE SUBSTRATO NA GERMINAÇÃO E VIGOR DE SEMENTES DE AMENDOIM (Arachis hypogaea L.)

BIOCARVÃO COMO COMPLEMENTO NO SUBSTRATO PARA A PRODUÇÃO DE MUDAS DE TOMATE CEREJA

SELETIVIDADE DOS HERBICIDAS BENTAZON E NICOSULFURON PARA Crotalaria juncea e Crotalaria spectabilis

COMPORTAMENTO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE TRIGO NO MUNICÍPIO DE MUZAMBINHO MG

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MINI ALFACE CRESPA QUANTO À COBERTURA DO SOLO E ESPAÇAMENTO, EM TRÊS ÉPOCAS DE SEMEADURA

EFEITO DO CONDICIONAMENTO OSMÓTICO SOBRE A GERMINAÇÃO E O VIGOR DE SEMENTES DE ALGODÃO.

EVOLUÇÃO DO CONSÓRCIO MILHO-BRAQUIÁRIA, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

ALTERNATIVAS PARA REDUÇÃO DE RESÍDUOS QUÍMICOS E EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL NO LABORATÓRIO DE ANÁLISE DE SEMENTES

Aplicação de óleo no controle de Zabrotes subfasciatus

INFLUÊNCIA DA GERMINAÇÃO DA SEMENTE E DA DENSIDADE DE SEMEADURA NO ESTABELECIMENTO DO ESTANDE E NA PRODUTIVIDADE DE MILHO 1

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE MELANCIA EM DIFERENTES TEMPERATURAS 1. INTRODUÇÃO

Transcrição:

76 EFEITO DE ÓLEO VEGETAL DE ALGODÃO NO CONTROLE DE Zabrotes subfasciatus (Coleoptera: Bruchidae) EM SEMENTES DE FEIJÃO. Marina Funichello 1, Luana Godoi Santos 2 1 Faculdade de Tecnologia de Presidente Prudente FATEC. 2 Faculdades Gammon, curso de Agronomia, Paraguaçu Paulista, SP. E-mail: mfunichello@gmail.com RESUMO O presente trabalho teve como objetivo, avaliar o efeito do óleo de algodão no controle de Z. subfasciatus em diferentes sementes de feijoeiro. Para a realização do experimento, foram utilizados as cultivares de feijão: Campos Gerais, Gol 600 e Estilo, onde todas foram submetidas ao tratamento com óleo contendo uma testemunha de cada cultivar. Foram utilizadas placas de Petri com 250 g de sementes e acondicionados 3 casais de Z. subfasciatus. Os parâmetros avaliados foram: número de ovos, número de emergência de adultos, mortalidade dos insetos, vigor e germinação das sementes. Os tratamentos com óleo vegetal de algodão demonstraram ser eficientes na redução da oviposição e da emergência de adultos do caruncho. O óleo não afetou na qualidade fisiológica da semente relativa à porcentagem de vigor e germinação nas cultivares testadas. Palavras-chave: caruncho, plantas inseticidas, pragas de grãos armazenados, manejo integrado de pragas, germinação. EFFECT OF COTTON OIL IN THE Zabrotes subfasciatus (COLEOPTERA:BRUCHIDAE) CONTROL IN BEAN SEEDS. ABSTRACT The objective of this work was to evaluate the effect of cotton oil on the control of Z. subfasciatus in different bean seeds. For the experiment, three cultivars of beans: Campos Gerais, Gol 600 and Estilo were used, where all cultivars were submitted to treatment with oil containing one control of each cultivar. Petri dishes containing 250 g of seeds and 3 couples of the species Z. subfasciatus were used. The parameters evaluated were: number of eggs, adult emergence number, insect mortality, vigor, and seed germination. The treatments with cotton vegetal oil proved to be efficient in reducing the oviposition and the emergence of adults of the insect. In addition, the oil did not affect the physiological quality of the seed relative to the percentage of vigor and germination in the tested cultivars. Keywords: insect, pesticide plants, Integrated pest management. INTRODUÇÃO O feijoeiro-comum (Phaseolus vulgaris, L.) é uma das principais culturas cultivadas no Brasil e no mundo, sua importância extrapola o aspecto econômico, por sua relevância enquanto fator de segurança alimentar e nutricional e sua importância cultural na culinária de diversos países e culturas. A cultura do feijão é uma leguminosa usada como fonte de proteína para grande parte da população mundial, especialmente onde o consumo de proteína animal é relativamente escasso (AFONSO, 2010).

O feijoeiro possui várias pragas de armazenamento, cerca de mais de 20 espécies pertencentes a seis gêneros da família Bruchidae que se desenvolve em sementes de leguminosas que são armazenadas e consumidas pelo homem (SARI et al., 2003). Dentre as pragas de armazenamento no feijão destaca-se o caruncho Zabrotes subfasciatus, este ataca os cotilédones da semente e, na sua fase larval, abre galerias, podendo destruí-las completamente, ao que se soma a presença de ovos nos grãos, de orifícios de emergência dos adultos, de insetos mortos e de excrementos que afetam a qualidade do produto. As sementes destinadas à semeadura têm os embriões destruídos ficando seriamente prejudicados (QUEIROGA et al. 2012), prejudicando diretamente a comercialização deste material. O uso de produtos químicos é uma tática importante no controle de pragas de grãos armazenados, no entanto, pode causar toxidade e desenvolvimento de populações resistentes de insetos e a presença de resíduos tóxicos segundo Brito et al. (2006), no entanto, o uso de alguns óleos vegetais para o tratamento de sementes tem sido eficiente no controle de carunchos provocando redução na progênie e na emergência de adultos (BRITO et al., 2006). O óleo de algodão é o sexto mais produzido no mundo, seguido do óleo de palma (dendê) com 35,37 milhões de tonelada, soja com 338 canola com 16,85, girassol com 10.08 e amendoim com 5.17. No Brasil o óleo de algodão possui grande relevância para a agroindústria, sendo o segundo mais produzido com 482 mil toneladas, perdendo apenas para o óleo de soja com 10.230 mil toneladas. Brito et al. (2006), observaram que o processo de fumigação com óleos essenciais de plantas do gênero Eucalyptus mostrou-se eficiente no controle de Z. subfaciatus e Callosobruchus maculatus. Em trabalho realizado por Arruda e Batista (1998), as sementes de feijão tratadas com óleos vegetais demostraram ser bastante eficientes como ovicidas e/ou larvicida, sendo o óleo de girassol limitante para a emergência do caruncho C. maculatus na cultura Sempre Verde. Desta forma, o presente trabalho visou determinar o efeito do óleo de algodão aplicado em sementes de diferentes cultivares de feijão sobre o controle do caruncho Z. subfasciatus. MATERIAL E MÉTODOS O Trabalho foi realizado no laboratório de Entomologia da Faculdades Gammon em temperatura de 25 ± 5 C, umidade relativa do ar de 70 ±10% e fotoperíodo de 12 horas. O experimento foi realizado em esquema fatorial 3 (cultivares) x 2 (com e sem óleo de algodão), no delineamento experimental inteiramente casualizado, com 10 repetições por tratamento. As cultivares de feijoeiro utilizadas para o experimento foram: Campos Gerais, Gol 600 e Estilo. As sementes de todas as cultivares foram submetidas ao tratamento com óleo de algodão e sem óleo de algodão. A dosagem do óleo foi estabelecida na proporção de 300 ml de óleo para cada 100 kg de semente, segundo metodologia de Arruda e Batista (1998). As sementes foram homogeneizadas com o óleo em erlenmeyer de 500 ml, por um período de 2 min e logo após o recipiente foi fechado com algodão. Após 24 horas, as sementes foram acondicionadas em placas de Petri de 9 cm de diâmetro. Em cada placa foram colocadas 50 sementes de feijão e 6 carunchos, sendo 3 machos e 3 fêmeas da espécie Z. subfsciatus, fornecidos pelo laboratório de Resistência de Plantas da UNESP de Jaboticabal-SP, com idade variando de 0 a 72 horas. Os insetos foram deixados por 15 dias para a oviposição, e após este período retirados das placas e os ovos foram contados e diariamente as placas foram observadas para a contagem do número de adultos emergidos. Para a realização do teste de germinação das sementes foram utilizadas quatro folhas de papel germiteste úmido, 2,5 o peso do papel seco, conforme BRASIL (2009).Após este procedimento foram levados para a câmara de germinação por um período de 5 dias com a 77

temperatura de 25 C, depois deste período foram avaliadas as porcentagens de plântulas normais, anormais e sementes mortas. Conforme BRASIL (2009) para o teste de vigor das sementes, 100 sementes de cada cultivar foram acondicionadas em caixas gerbox com 20 ml de água em cada repetição e conduzido para a estufa de envelhecimento (acelerado), onde a semente passou por um estresse na temperatura de 42 C por um período de 48 horas. Após esse período as amostras foram submetidas ao mesmo processo utilizado no teste de germinação diferenciando apenas na quantidade de sementes analisadas. Devido à baixa germinação das sementes e presença de fungos, foi realizado um teste de patologia em caixa de gerbox e papel (mata borrão) umedecido com agua destilada em teste de patologia de sementes, por 5 dias. Após esse período foi avaliado o desenvolvimento de microrganismo na semente. Os parâmetros avaliados foram: número de ovos, número de emergência de adultos, mortalidade dos insetos, vigor (envelhecimento acelerado) e germinação. Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F e as medias comparadas pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADOS O número de ovos encontrados nas sementes, em função da postura dos insetos adulto, estão representados na (Tabela 1). A cultivar Gol 600 apresentou maior número de ovos (99), diferindo significativamente da cultivar Campos Gerais, que apresentou uma média de 62 ovos de Z. subfasciatus. No entanto, em relação ao número de insetos adultos emergidos não houve diferença significativa entre as cultivares testadas. Tabela 1. Número de ovos e insetos emergidos em sementes com e sem o tratamento com óleo de algodão em diferentes cultivares de feijão. Paraguaçu Paulista, 2017. Tratamento Nº de ovos Nº de insetos Campos Gerais 62 b 52,8 a Gol 600 99 a 59,0 a Estilo 61,1 ab 41,5 a F 3,27* 0,29 ns CV (%) 26,41 46,63 - *: significativo a 5% probabilidade; ns : não significativo; CV (%): coeficiente de variação. Observa-se na Tabela 2, que o tratamento das cultivares tratadas com óleo apresentaram menor número de ovos dos insetos (7,3), diferindo significativamente dos tratamentos sem a aplicação de óleo, apresentando uma média de 74 ovos. Para o número de insetos emergidos o resultado foi semelhante, os tratamentos com óleo apresentaram menor emergência de insetos adultos. Tabela 2. Números de ovos e insetos emergidos em diferentes cultivares com e sem óleo de algodão. Paraguaçu Paulista, 2017. Tratamento Nº de ovos Nº de insetos emergidos Sem óleo 74 a 51,2 a Com óleo 7,3 b 4,5 b F 266,79** 83,37** CV (%) 26,41 46,63 78

79 **: significativo a 1%; CV (%): Coeficiente de variação. A Tabela 3, mostra a interação entre as 3 cultivares de feijão testada, tratadas e não tratadas com óleo de algodão. Observa-se que a cultivar Gol 600 sem aplicação do óleo de algodão apresentou maior número de ovos, já entre as cultivares com a aplicação do óleo vegetal, não houve diferença significativa para o número de ovos. Tabela 3. Desdobramento da interação cultivares com e sem óleo de algodão para o número de ovos. Paraguaçu Paulista, 2017. Cultivares Sem óleo Com óleo Campos Gerais 62 ba 4 ab Gol 600 99 aa 6,6 ab Estilo 61,1 ba 10,5 ab Média seguidas pela mesma letra (minúscula na coluna e maiúscula na linha) não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade. As 3 cultivares testadas, Campos Gerais, Gol 600 e Estilo, apresentaram menor número de ovos do caruncho quando tratadas com o óleo de algodão, mostrando que esta substância apresentou algum efeito negativo no comportamento do inseto (Tabela 3). Para o teste de vigor e de germinação apresentado na Tabela 4, nota-se que houve diferença significativa entre as cultivares testadas, sendo que a cultivar Gol 600 apresentou 0% de vigor e de germinação, diferindo das demais cultivares. Tabela 4. Teste de vigor (%) e teste de germinação (%) das diferentes cultivares de feijão. Paraguaçu Paulista, 2017. Cultivares Teste de Vigor (%) Teste de Germinação (%) Campos gerais 68 a 55,4 a Estilo 54,6 a 61,8 a Gol 600 0,0 b 0,0 b F 35,86 ** 113,96** CV(%) 46,54 25,77 **: significativo a 1%; CV (%): Coeficiente de variação. No entanto, nota-se que o tratamento das sementes com óleo não influenciou negativamente no vigor onde passa pela câmara de aceleração e na germinação das sementes das cultivares, pois não houve diferença significativa entre os tratamentos (Tabela 5). Tabela 5. Teste de vigor (%) e teste de germinação (%) das cultivares sem óleo de algodão e com óleo de algodão. Paraguaçu Paulista, 2017. Tratamentos Teste de Vigor (%) Teste de Germinação (%) Sem óleo 35 a 40,4 a Com óleo 46,4 a 37,73 a F 2,53 ns 0,52 ns CV (%) 46,54 25,77 ns : não significativo CV (%): coeficiente de variação.

DISCUSSÃO Estudos sobre o potencial das espécies de vegetais, visando obter óleos essenciais, para uso na agricultura, como inseticidas botânicos, vêm crescendo. Esses óleos devem ser utilizados como um método de controle eficaz, com redução dos custos, preservação do ambiente e dos alimentos da contaminação química, tornando-se prática adequada à agricultura sustentável (BRITO et al., 2006). Carvalho, Lima e Alves (2011) observaram em trabalho realizado com genótipos de feijãocaupi a não preferência para alimentação do caruncho C. maculatus a alguns genótipos testados. Os óleos vegetais de girassol e de soja, demonstraram ser eficientes como ovicida e/ou larvicida de carunchos em feijão, em trabalho realizado por Arruda e Batista (1998). Provavelmente, os óleos vegetais apresentam algumas substâncias ovicidas e ou larvicidas, além do que, pode-se atribuir ao efeito físico causado por esses óleos, podendo estes impedir a aderência dos ovos do inseto à testa da semente (ARRUDA; BATISTA, 1998). O Brasil, devido a riqueza e abundância de espécies vegetais, pode ser considerado um celeiro para a descoberta de efeitos inseticidas de espécies vegetais antes explorada para outros fins, mas que seus subprodutos podem ser aproveitados para o controle de pragas em diversas formas. A não germinação das sementes Gol 600, possivelmente ocorreu em função de problemas sanitários da própria semente. Foi detectado nas sementes grande quantidade do microrganismo Aspergillus flavus, que é um dos principais fungos encontrados em armazenamento. Portanto, a deterioração das sementes provavelmente ocorreu em função do fungo e não devido a presença do óleo de algodão. Assim, pode-se constatar que, os tratamentos com óleo vegetal de algodão em ambas as cultivares não alteraram o vigor e germinação das sementes; sendo, portanto, um tratamento viável ao produtor no processo de armazenamento. CONCLUSÃO O óleo vegetal de algodão demonstra ser eficiente na redução da oviposição e na emergência de adultos do caruncho Z. subfasciatus e não afeta a qualidade fisiológica da semente das cultivares testadas. 80 REFERÊNCIAS AFONSO, S. M. E. Caracterização físico-química e atividade antioxidante de novas variedades de feijão (Phaseolus vulgaris L.). 2010. 52f. Dissertação (Mestre em Qualidade e Segurança Alimentar) - Escola Superior Agrária de Bragança Instituto Politécnico, Bragança, 2010. ARRUDA, F. P. de; BATISTA, J. de L. Efeito da luz, de óleos vegetais e de cultivares de caupi na infestação do caruncho (Callosobruchus maculatus (Fabr., 1775)) (Coleoptera: Bruchidae). Caatinga, Mossoró-RN, 11(1/2): 53-57, 1998. BRASIL, Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasilia, DF: SNDA/DNDV/CLAV, 2009. 365p. BRITO, J. P.; BAPTISTUSSI, R. C.; FUNICHELLO, M.; OLIVEIRA, J. E. M.; BORTOLI, S. A. Efeito de óleos essenciais de Eucalyptus spp. Sobre Zabrotes subfaciatus (Bob.,183) (Coleoptera,Bruchidae) e Callosobruchus maculatus (Fab.1775) (Coleóptera: Bruchidae) em duas espécies de feijão, Boletim Sanidade Vegetal, n.32, p.573-580, 2006.

CARVALHO, R. de O.; LIMA, A. C. S.; ALVES, J. M. A. Resistência de genótipos de feijão-caupi ao Callosobruchus maculatus (Fabr.) (Coleoptera: Bruchidae). Revista Agro@mbiente On-line, v. 5, n. 1, p. 50-56, jan-abril, 2011. QUEIROGA, M. de F. C. de; GOMES, J. P.; ALMEIDA, F. de A. C.; PESSOA, E. B.; ALVES, N. M. C. Aplicação de óleo no controle de Zabrotes subfasciatus e na germinação de Phaseolus vulgaris. Rev. Bras. Eng. Agríc. ambient., vol.16, n.7, p.777-783, 2012. https://doi.org/10.1590/s1415-43662012000700011 SARI, L. T.; RIBEIRO-COSTA, C. S.; PEREIRA, P. R. V. da S. Aspectos biológicos de Zabrotes subfasciatus (Bohemann, 1833) (Coleoptera, Bruchidae) em Phaseolus vulgaris L., cv. Carioca (Fabaceae), sob condições de laboratório. Revista Brasileira de Entomologia 47(4): 621-624, 2003. https://doi.org/10.1590/s0085-56262003000400014 81