PREVALÊNCIA DE SÍFILIS EM GESTANTES ATENDIDAS NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE CATENDE-PE, NO PERÍODO DE 2016

Documentos relacionados
INCIDÊNCIA E FATORES DE RISCO PARA A SÍFILIS CONGÊNITA NO ESTADO DA PARAÍBA

SÍFILIS CONGÊNITA EM MUNICÍPO DA AMAZÔNIA BRASILEIRA 1 CONGENITAL SYPHILIS IN BRAZILIAN AMAZON CITY RESUMO

13. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1. Perfil epidemiológico da sífilis gestacional em residentes de Ponta Grossa, 2010 a 2014

TÍTULO: PERFIL DOS CASOS DA SÍFILIS GESTACIONAL NO MUNICÍPIO DE CARAGUATATUBA

B O L E T I M EPIDEMIOLÓGICO SÍFILIS ano I nº 01

Resumo. Palavras-Chave: Sífilis. Puérpera. Fatores de Risco. INTRODUÇÃO

Amanda Camilo Silva Lemos *

SÍFILIS MATERIAL DE APOIO.

A RECRUDESCÊNCIA DA SÍFILIS CONGÊNITA

ÍNDICE DE INFECÇÃO POR SÍFILIS EM MULHERES NO MUNICÍPIO DE VIÇOSA M.G. Introdução

SÍFILIS CONGÊNITA E SUA INCIDÊNCIA EM CAJAZEIRAS-PB: REFLEXO A CERCA DAS MEDIDAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE

ISSN ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções)

Vigilância e prevenção das Doenças de transmissão vertical

ASPECTOS DA SÍFILIS CONGÊNITA NO BRASIL

BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO SÍFILIS

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DE SÍFILIS CONGÊNITA EM PALMAS - TOCANTINS.

UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR FACULDADE DE ENFERMAGEM MAIANA MATOS ALVES

PERFIL EPIDEMIOLOGICO DA SIFILIS CONGENITA NO PIAUI.

Anais do 14º Encontro Científico Cultural Interinstitucional ISSN

SÍFILIS GESTACIONAL: INVESTIGAÇÃO DA FRAGILIDADE DO TRATAMENTO NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

Vigilância e prevenção das Doenças de transmissão vertical 2016/2017

Vigilância e prevenção das Doenças de transmissão vertical

Incidência e Caracterização dos Casos de Sífilis Congênita na Maternidade de um Hospital do Sudoeste Baiano

Monografia (Graduação) Universidade Federal do estado do Rio de Janeiro, 2016.

A SÍFILIS CONGÊNITA COMO INDICADOR DA ASSISTÊNCIA DE PRÉ-NATAL NO ESTADO DE GOIÁS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA AGDA ALVES RAMALHO SÍFILIS CONGÊNITA: ESTRATÉGIAS PARA REDUÇÃO DE INCIDÊNCIA NO MUNICÍPIO DE RONDONÓPOLIS-MT

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA SÍFILIS CONGÊNITA NO ESTADO DA PARAÍBA, 2007 a 2016.

Sífilis Congênita no Recife

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES DIAGNOSTICADOS COM HIV NO BRASIL NA DÉCADA

Sífilis em gestantes adolescentes de Pernambuco

ENFERMAGEM SAÚDE DA MULHER. Assistência de Enfermagem ao Pré-Natal Parte 8. Profª. Lívia Bahia

RESUMO. Palavras-Chave: notificação de doenças. sífilis congênita. perfil de saúde. ABSTRACT

18/04/2017. a) Treponema pallidum. b) Chlamydia trachomatis. c) Trichomonas Donne. d) Neisseria gonorrheae.

PREVALÊNCIA DE SÍFILIS ADQUIRIDA EM HOMENS E MULHERES NO MUNICÍPIO DE XANXERÊ, SC

Estudo epidemiológico dos casos de sífilis em gestantes em uma cidade do norte de Minas Gerais

Tema Sífilis Congênita

Estratégias de Combate a Sífilis

Prevalência de sífilis na gestação e testagem pré-natal: Estudo Nascer no Brasil

CUIDADOS DE ENFERMAGEM DIANTE DO CONTROLE DA SÍFILIS ADQUIRIDA E CONGÊNITA: UMA REVISÃO DE LITERATURA

PERFIL DAS MULHERES PORTADORAS DE SÍFILIS GESTACIONAL EM SANTA CATARINA NO ANO DE 2012

Análise de casos confirmados de sífilis congênita no estado

AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO PROGRAMA DE PRÉ-NATAL NA UBS VILA MUNICIPAL EM PELOTAS

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA SÍFILIS CONGÊNITA NO ESTADO DA PARAÍBA, 2007 a 2016

Adquirida. Materna e Congênita

PERFIL DA INCIDÊNCIA DE SÍFILIS GESTACIONAL NO PIAUÍ: RETRATO DE UMA DÉCADA

Vigilância no prénatal, puerpério 2017

NOVA PERSPECTIVA DA EPIDEMIA DO HIV: INCIDÊNCIA DE HIV EM IDOSOS NO ESTADO DE ALAGOAS NA ÚLTIMA DÉCADA

PERFIL DAS MÃES DE RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS DO HOSPITAL MATERNO INFANTIL DA CIDADE DE APUCARANA

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA SÍFILIS CONGÊNITA EM MARACANAÚ/CE, de 1995 A 2008

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE HEPATITE A NOTIFICADOS EM UM ESTADO NORDESTINO

Perfil epidemiológico da sífilis congênita no Brasil no período de 2008 a 2014* Epidemiologic profile of congenital syphilis in Brazil in

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TRANSMISSÃO VERTICAL PARA O VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (HIV), NO PERÍODO DE 2007 A 2015, NO MUNICÍPIO DE CARUARU PE.

Palavras-chave: Sífilis; cuidado pré-natal, cuidado pós-natal, saúde pública, fatores socioeconômicos.

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE SÍFILIS EM GESTANTES BRASILEIRAS ENTRE 2016 E 2018

Análise epidemiológica de casos notificados de sífilis

A INCIDÊNCIA DE CASOS NOVOS DE AIDS EM CRIANÇA NO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA/RS/BRASIL 1

Maternal syphilis: Analysis of evidence regarding the failure to treat pregnant women

ENFERMAGEM NA ATENÇÃO BÁSICA

Certificação. Brigina Kemp Assessora COSEMS/SP

25 a 28 de novembro de 2014 Câmpus de Palmas

LEVANTAMENTO DAS CAUSAS DE MORTE NEONATAL EM UM HOSPITAL DA REGIÃO DO VALE DO IVAÍ PR.

CARTILHA COM INFORMAÇÕES DE SAÚDE SOBRE A SÍFILIS GESTACIONAL: ELABORAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO

PORTARIA - CCD, DE 24 DE SETEMBRO DE Prezados Senhores,

Relevância do Enfermeiro na Orientação à Gestante com Sifilis Durante o Pré Natal: Prevenindo a Congenitude

FATORES EPIDEMIOLÓGICOS DA SÍFILIS EM GESTANTES NO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS-MA

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SÍFILIS NA GRAVIDEZ: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

SÍFILIS E/OU HIV: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS GESTANTES INFECTADAS NUM MUNICÍPIO DA REGIÃO SERRANA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL.

PREVALÊNCIA DA INFECÇÃO PELO Treponema pallidum EM GESTANTES ATENDIDAS PELA UNIDADE MUNICIPAL DE SAÚDE DE RONDONÓPOLIS, MT

Rastreamento de casos de sífilis na gestação no sul do Brasil

Universidade Federal de Pelotas Departamento de Veterinária Preventiva Toxoplasmose Zoonoses e Administração em Saúde Pública

Sífilis gestacional e congênita em Palmas, Tocantins, * doi: /S

AVALIAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DOS CASOS DE HEPATITE C COM BASE NO SINAN

Rodrigo Tassi Felicio EDUCAÇÃO EM SAÚDE: ASSISTÊNCIA DA ENFERMAGEM DURANTE O PRÉ NATAL E A SÍFILIS GESTACIONAL

Políticas de Prevenção, Assistência e Tratamento das Hepatites Virais

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA SHIRLLANY GOMES DOS SANTOS LOPES

Notificação da infecção pelo HIV em gestantes: estimativas a partir de um estudo nacional

DESAFIOS NO TRATAMENTO DA SÍFILIS GESTACIONAL

EXAMES LABORATORIAIS NA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL DO SERTÃO CERTRAL DO CEARÁ

PROJETO DE INTERVENÇÃO PARA REDUÇÃO DA INCIDÊNCIA DE SÍFILIS EM GESTANTES E SÍFILIS CONGÊNITA NO MUNICÍPIO DE FORTALEZA, CEARÁ.

Acesso ao pré-natal garantido segundo os critérios de qualidade do Ministério da Saúde

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA SÍFILIS GESTACIONAL EM CERQUEIRA CÉSAR SP: TESTE RÁPIDO

10º FÓRUM DE EXTENSÃO E CULTURA DA UEM

UNIVERSIDADE PARANAENSE - UNIPAR CURSO DE ENFERMAGEM CAMPUS UMUARAMA

Infecções Sexualmente. Transmitidas

HEPATITES VIRAIS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS EM IDOSOS: BRASIL, NORDESTE E PARAÍBA

ENFERMAGEM SAÚDE DA MULHER. Doenças Sexualmente Transmissíveis Parte 2. Profª. Lívia Bahia

ANÁLISE DE COMPLETUDE NAS FICHAS DE NOTIFICAÇÃO DA SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA (AIDS), NO MUNICÍPIO DE PETROLINA PE, DE 2012 A 2016.

Vigilância no prénatal, puerpério 2017

Mudança da concepção da Vigilância Epidemiológica (VE) do HIV/Aids

SÍFILIS EM GESTANTE E SÍFILIS CONGÊNITA: UM ESTUDO RETROSPECTIVO. Syphilis in pregnancy and congenital syphilis: a retrospective study

Doenças de Transmissão vertical no Brasil. Material de consulta em sala de aula Prof.ª Sandra Costa Fonseca

Sífilis Congênita DADOS EPIDEMIOLÓGICOS NACIONAIS

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE GESTANTES ATENDIDAS NOS ESF DO MUNICÍPIO DE SÃO LUDGERO NO ANO DE 2007

TRANSMISSÃO VERTICAL DE DOENÇAS: ASPECTOS RELATIVOS AO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA E AO TREPONEMA PALLIDUM EM FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL

Briefing. Boletim Epidemiológico 2011

INCIDÊNCIA DE SÍFILIS CONGÊNITA E SUA PREVALÊNCIA EM GESTANTES EM UM MUNICÍPIO DO NOROESTE DO PARANÁ

Determinantes da sífilis congênita no Distrito Sanitário VI no Recife/PE em 2008

Vigilância no pré-natal, parto e puerpério 2018

Situação da Sífilis Recife

Transcrição:

PREVALÊNCIA DE SÍFILIS EM GESTANTES ATENDIDAS NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE CATENDE-PE, NO PERÍODO DE 2016 PREVALENCE OF SYPHILIS IN PREGNANTS ATTENDED AT THE BASIC HEALTH UNITS OF THE CATENDE-PE MUNICIPALITY, IN THE PERIOD 2016 Iago Luiz Araújo de Frias 1 João Paulo Ferreira da silva 1 João Henrique do Nascimento Teixeira 1 Ana Cecilia Cavalcanti de Albuquerque 2 1 Acadêmicos de Biomedicina do Centro Universitário Tabosa de Almeida ASCES-UNITA- Caruaru (PE),2018. 2 Prof.ª Dr.ª do Curso de Biomedicina do Centro Universitário Tabosa de Almeida ASCES- UNITA- Caruaru (PE),2018. Resumo: Objetivo: Determinar a soroprevalência e fatores associados para Sífilis em gestantes do Município de Catende-PE, no ano de 2016. Métodos: Foi realizado um estudo transversal descritivo com gestantes atendidas em Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Município de Catende-PE, no período de 2016. Os prontuários das gestantes foram analisados para se observar os resultados dos testes realizados para a Sífilis e outras variáveis relacionadas à gestante e a infecção. Os resultados foram armazenados e avaliados pelo Excel. Resultados: A soroprevalência para Sífilis nas gestantes avaliadas foi de 2,96% (8/270). A média de idade encontrada foi de 24 anos. A maioria das gestantes sororeativas para o anti-treponema pallidum eram pardas e solteiras, embora exista um percentual considerável de prontuários sem esse tipo de informação. Apenas metade dessas gestantes foram tratadas na rede de Atenção Básica, sendo que todas elas tiveram o diagnóstico no 1 trimestre da gestação. Conclusão: O estudo indicou uma baixa soroprevalência nas gestantes avaliadas de Catende-PE no ano de 2016, quando comparado a outros trabalhos no Nordeste Brasileiro. Apesar disso, ainda há

irregularidades e pontos a serem melhorados na assistência pré-natal, podendo ajudar ainda mais na adesão ao tratamento durante a gravidez e consequentemente no controle da sífilis congênita. Palavras-chave: Gestantes. Sífilis. Pré-natal. Treponema pallidum. Abstract: Objective: To determine the seroprevalence and associated factors for syphilis in pregnant women in the Municipality of Catende-PE. Methods: A descriptive cross - sectional study was carried out in the city of Catende, located in the southern part of the state of Pernambuco, in the period of 2016. The research was carried out based on an analysis of the medical records of each pregnant woman attended at the UBS 'basic health units. Results: Seroprevalence for syphilis in pregnant women was 2.96% (8 cases out of 270 pregnant women), with a minimum age of 13 and a maximum of 42, most of the pregnant women presented a non-reactive result for anti- treponema pallidum, most of the pregnant women diagnosed (75%) declared themselves to be brown, the marital situation was 2 married, 3 were unmarried and 3 did not present data regarding this issue, it was observed that only 50% of syphilis were treated in the Basic Care network, all of which were diagnosed in the first trimester of pregnancy. Conclusion: The study indicated a low prevalence of syphilis in the gestation of the city of Catende when compared to the national, Northeast and state rates in 2016, that there should be improvements in the promotion of health education, since the majority of pregnant women are young people with low levels of schooling. Keywords: Pregnant women. Syphilis. Prenatal. Treponema pallidum.

INTRODUÇÃO A sífilis é doença infecciosa crônica, que compromete há séculos a humanidade. Afeta praticamente todos os órgãos e sistemas e, ainda que exista um tratamento eficiente e de baixo custo, ainda representa um problema de saúde pública 1 Esta doença tem como agente etiológico o Treponema pallidum, que pode ser transmitido por via sexual e transplacentária, além de outras formas de transmissão mais raras e com menor interesse epidemiológico, que são por via indireta, através de objetos contaminados, tatuagem e por transfusão sanguínea 1,2 De acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), existem em torno de 340 milhões de novos casos de sífilis, gonorréia, infecções por Clamídia e Trichomonas em indivíduos de 15 a 49 anos de idade no mundo anualmente. Dentre essas infecções, a sífilis contribui com cerca de 12 milhões de casos novos anualmente, dos quais mais de 90% em países em desenvolvimento 3. O recrudescimento da sífilis está relacionado a fatores, como: uso de drogas lícitas e ilícitas, prostituição, gravidez na adolescência, migração para os grandes centros urbanos e acesso limitado aos cuidados de saúde 4. A partir do ano de 2005, o Ministério da Saúde incluiu a sífilis em puérperas na lista de agravos de notificação compulsória, no esforço de controlar a transmissão vertical do Treponema pallidum e conduzir satisfatoriamente o processo da infecção, podendo assim, planejar e avaliar medidas de tratamento, prevenção e controle 5 Estima-se que, no Brasil, a prevalência média da sífilis em gestantes varie entre 1,4% e 2,8 % 6,7. A transmissão vertical do T. pallidum pode dar-se em qualquer fase da gestação ou estágio clínico da doença materna. A taxa de transmissão vertical em mulheres não tratadas é de 70 a 100% nas fases primárias e secundárias da doença, reduzindo para índices mais baixos nas fases tardias da infecção materna. O estágio da sífilis na gestante e a duração da exposição do feto na vida intrauterina são os principais aspectos que determinam a probabilidade da contaminação da mãe para o feto 8. O rastreamento sorológico para a sífilis no pré-natal é de suma importância, pois uma vez sendo detectado que a gestante apresente a infecção, a mesma será tratada com antibioticoterapia, para prevenção das complicações e da sífilis congênita. Esse

rastreamento geralmente detecta a doença latente e ocasionalmente os casos com sinais ou sintomas 9 Diante da importância da triagem sorológica para a Sífilis nas gestantes e posteriormente avaliação desses números para implementação de estratégias no que se refere à prevenção mais eficiente, como uso do preservativo e informações quanto à infecção, o objetivo do trabalho foi determinar a soroprevalência e fatores associados para Sífilis em gestantes do Município de Catende-PE, no período de 2016. MÉTODOS Foi realizado um estudo transversal descritivo realizado no Município de Catende, localizado na Mata Sul do Estado de Pernambuco. A população de estudo foi gestantes atendidas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS s) do Município de Catende-PE, no ano de 2016. As UBSs realizam rotineiramente o pré-natal e alguns exames preconizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como o VDRL e testes confirmatórios para a Sífilis, como o teste imunocromatográfico, o Teste Rápido. A pesquisa foi realizada a partir da análise dos prontuários das gestantes que foram atendidas nas UBS s avaliadas no ano de 2016. Foram excluídas as que não apresentaram o resultado do VDRL, provavelmente devido ao abandono do pré-natal. Além dos resultados do VDRL foram avaliadas informações, como: raça, idade, escolaridade, estado civil, tratamento para sífilis, gestações anteriores. Todas as informações foram armazenadas e avaliadas pelo programa Excel e os percentuais expressos em gráfico e tabelas. O trabalho foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética da Asces-Unita, sob o número do Parecer: 2.492.746.

RESULTADOS Foram avaliadas 5 UBS s do Município de Catende-PE que atenderam gestantes no ano de 2016. Foram avaliados os prontuários de 270 gestantes que fizeram consultas de pré-natal. A média de idade das gestantes foi de 24 anos, sendo a idade mínima de 13 anos e a máxima de 42 anos. A tabela 1 mostra uma caracterização das variáveis coletadas nos prontuários das 270 gestantes atendidas. Observa-se que a maioria apresentava uma idade igual ou superior a 18 anos e quase 100% não tinha feito o tratamento para sífilis. A maioria das gestantes apresentaram um resultado não reativo para os anticorpos anti-treponema pallidum (gráfico 1). Portanto, a soroprevalência para Sífilis nas gestantes avaliadas no ano de 2016 foi de 2,96%. Verificou-se que das 8 mulheres soropositivas para o T. Pallidum, 3 tinham 18 ou menos anos. A maioria era parda, tinha recebido tratamento no serviço público de saúde e não tinha tido gestação anterior (tabela 2). Presença de anticorpos para o Treponema pallidum Reagente 2,96% Não Reagente 97,03% Gráfico 1. Soropositividade para a Sífilis nas Gestantes atendidas em 5 UBS s do Município de Catende-PE no ano de 2016.

Tabela 1: Distribuição das Gestantes atendidas em 5 UBS s do Município de Catende-PE no ano de 2016, segundo variáveis biológicas, Sociodemográficas e relacionadas à Sífilis. CARACTERÍSTICAS N % Raça Amarela 8 2,96 Branca 22 8,14 Negra 10 3,70 Indígena 1 0,37 Parda 103 38,14 Não consta 126 46,66 Faixa Etária (anos) < 18 36 13,33 18 234 86,66 Estado Civil Casadas 113 41,85 Divorciadas 2 0,74 Solteiras 30 11,11 Separadas 1 0,37 R. Estável 2 0,74 Não consta 122 45,18 Escolaridade Analfabeto 2 0,74 Ensino fundamental completo 9 3,33 Ensino fundamental incompleto 62 22,96 Ensino médio completo 44 16,29

Ensino médio incompleto 17 6,29 Ensino superior completo 5 1,85 Ensino superior incompleto 6 2,22 Não consta 125 46,29 Tratamento para Sífilis Sim 4 1,5 Não 266 98,5 Gestação Anterior Nenhuma 54 20 1-3 75 27,77 4-6 13 4,81 >7 4 1,48 Não consta 124 45,92

Tabela 2. Distribuição das Gestantes soropositivas para a Sífilis atendidas em 5 UBS s do Município de Catende-PE no ano de 2016, segundo variáveis biológicas e Sociodemográficas. CARACTERÍSTICAS Nº % Faixa Etária (anos) 18 3 37,5 19 30 3 37,5 > 30 2 25 Raça Parda 6 75 Não consta 2 25 Estado Civil Casada 2 25 Solteira 3 37,5 Não consta 3 37,5 Escolaridade Ensino Fundamental Incompleto 3 37,5 Ensino Médio Incompleto 1 12,5 Não consta 4 50 Tratamento para Sífilis Sim, serviço público 4 50 Sim, serviço privado 3 37,5 Não consta 1 12,5 Gestação Anterior 1-3 3 37,5 Não consta 5 62,5

DISCUSSÃO A Sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) que deve ser tratada nas gestantes, pois devido à capacidade da bactéria atravessar a barreira transplacentária pode acometer o feto e causar teratogenecidade 10. Dessa forma, os exames para investigação da Sífilis são preconizados no pré-natal da gestante, tanto na rede pública, como privada de saúde 11,12. De acordo com dados epidemiológicos do Ministério da Saúde, no Brasil, o número de gestantes com sífilis cresceu 20,9% e os casos de sífilis congênita, 19%, no período de 2014 a 2015 13. Apesar de o Brasil apontar um número alto de casos de sífilis, alguns trabalhos pontuais realizados com gestantes de diferentes cidades como, Fortaleza e Rio de janeiro, relatam uma prevalência de 1,4% e 2,8 %, respectivamente 6,7. Dessa forma o referido estudo no Município de Catende-PE revelou que a soroprevalência para Sífilis nas gestantes avaliadas foi de 2,96% (8/270), sendo um percentual semelhante a outras literaturas. O exame realizado para a avaliação da Sífilis no trabalho em questão foi o teste rápido que é um teste treponêmico, ou seja, uma vez reagente indica que a gestante apresenta anticorpos específicos para a bactéria T. pallidum. Todavia, a presença desses anticorpos pode indicar que a gestante teve sífilis e está curada, porém normalmente isso acontece quando ela faz o tratamento com penicilina benzatina. Ou mesmo indicar que a gestante ainda apresenta a infecção, pois sem o tratamento, o indivíduo provavelmente apresenta foco da bactéria e precisa ser elucidado com testes não treponêmicos, como o VDRL (Venereal Disease Research Laboratory), para identificar se é uma sífilis recente ou tardia, ou mesmo sífilis curada ou pré-cancro 14. Portanto, todas as gestantes reativas para sífilis evidenciadas no referido trabalho foram testadas com as duas determinações. A faixa etária mais frequente das mulheres acometidas foi de 16 a 30 anos, com média de 23,5 anos, tendo só uma delas completado o ensino médio e a maioria (considerando os prontuários em que essa informação não foi ignorada) possui apenas o ensino fundamental incompleto, o que reforça o padrão de maior ocorrência da doença em mulheres jovens com baixa escolaridade, fato esse também observado por outros autores 15,16,17.

A maior parte das gestantes diagnosticadas (75%) declararam-se pardas corroborando com os estudos de Domingues 18. Em relação à situação conjugal 2 eram casadas, 3 solteiras e 3 não apresentam dados em relação a essa questão, o que se configura como um problema, uma vez que o tratamento do parceiro é impreterível para a gestante ser considerada adequadamente tratada 19. Observou-se que nenhuma das fichas de acompanhamento continha informações a respeito do tratamento do parceiro, algo que é sempre motivo de observações em estudos desenvolvidos nessa área 20, o que mostra uma falha persistente dos profissionais da rede de Atenção Básica nesse aspecto. Outro ponto a ser destacado e que interferem diretamente em levantamento de dados como este, é a questão do grande número de informações que não constam nos prontuários, e assim como mostram outras pesquisas 17,21 isso acaba prejudicando a interpretação e o conhecimento do quadro atual e características das gestantes assistidas, uma vez que o mesmo pode ser manipulado por diferentes profissionais da área da saúde, além de ser muito utilizado na pesquisa em instituições de nível superior, por esses motivos é necessário que o registro seja preciso e adequado 20. Em relação ao tratamento, foi observado que apenas 50% dos quadros de Sífilis foram tratados na rede de Atenção Básica. Todas elas tiveram diagnóstico no 1 trimestre da gestação, o que por alguns estudos é um dos fatores determinantes para adesão e adequabilidade do tratamento, assim como a qualidade da assistência prestada dos serviços e profissionais da saúde 22. Outras 3 gestantes procuraram serviços particulares para a realização do tratamento e 1 delas não possui registro em relação a isso, todavia essa situação não é justificável pela falta da penicilina benzatina, pois este medicamento é o recurso base para a terapia e está presente na rede pública de saúde 23. Podemos inferir, que a educação em saúde sobre o alerta dos riscos da doença e a simplicidade do tratamento precisa ser mais executado, para que dessa forma, as pacientes sintam mais segurança em realizar a intervenção na rede pública, ao mesmo tempo compreendendo a importância dos cuidados, tanto seu, como do parceiro. De acordo com o boletim epidemiológico de Sífilis do ano de 2016, na Cidade de Catende houve um caso notificado de sífilis congênita (SC) 24, o que acaba servindo de base para a avaliação da assistência pré-natal 25,26, onde nesse caso, mesmo ocorrendo o diagnóstico precoce no primeiro trimestre da gestação há ocorrência de sífilis congênita, seja por falta de tratamento ou tratamento inadequado, mas esse dado

apresenta-se como um resultado menos alarmante quando comparado a outros estudos 27,28. CONCLUSÃO O estudo indicou uma baixa prevalência de sífilis na gestação da cidade de Catende-PE, quando comparado aos trabalhos na literatura. Apesar disso, ainda há irregularidades e pontos a serem melhorados na assistência pré-natal, podendo ajudar ainda mais na adesão ao tratamento durante a gravidez e consequentemente no controle da sífilis congênita. Destaca-se de modo geral que devem ocorrer melhorias na promoção da educação em saúde, visto que a maioria das gestantes acometidas são jovens e de baixa escolaridade. Houve falta de dados nos prontuários, provocando falta de informações, como dados sobre o tratamento do parceiro, sendo esses elementos necessários para o controle da sífilis.

REFERÊNCIAS 1. AVELLEIRA, J.; BOTTINO, G. Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle. An. bras.dermatol. 2006; 81: 111-126. 2. SCHETINI, J. et al. Estudo da prevalência de sífilis congênita em um hospital da rede SUS de Niterói-RJ. DST j. bras. doenças sex. transm. 2005; 17: 18-23. 3. Who. Lisboa: WHO. Organização Mundial de Saúde. 2016. Disponível em:<http://www.who.int/hiv/pub/sti/who_diseases_syphilis_2006.02.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2017. 13.03.2016. 4. SAMPAIO MG. Sífilis Congênita: aspectos clínicos e epidemiológicos atuais de uma doença antiga. Dissertação de Mestrado. 18072010: 36-44. 5. BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites virais. 2004.Disponívelen::<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_controle_das_ dst.pdf>:. 12Maio. 2017. 6. CAMPOS, A. L. A. et al. Epidemiologia da sífi lis gestacional em Fortaleza, Ceará, Brasil: um agravo sem controle. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 26, n. 9, p. 1747-1755, set. 2010. doi: 10.1590/S0102-311X2010000900008. 7. SZWARCWALD, C. L.; et. al. Resultados do estudo sentinela-parturiente, 2006: desafios para o controle da sífilis congênita no Brasil. Jornal Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis, Niterói, v. 19, n. 3/4, p. 128-133, nov. 2007. 8. BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites virais. 2004. Disponível em: :.. 05 mai. 2017. 9. GOMES C. G. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DESPORTO. UFG. 2012. Disponível em: https://posstrictosensu.iptsp.ufg.br/up/59/o/cezar-2008.pdf. 29 mai. 2017. 10. BRASIL. Diretrizes para controle da sífilis congênita: manual de bolso. Brasília: Ministério da Saúde, Departamento de DST, Aids e Hepatites virais, 2006. Disponível em:<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_sifilis_bolso.pdf>. Acesso em: 12 mai. 2017. 11. World Health Organization (WHO). The Global elimination of congenital syphilis: rationale and strategy for action. Geneva; 2007. 12. World Health Organization (WHO). Investment case for eliminating mother-to-child transmission of syphilis: promoting better maternal and child health and stronger health systems. Geneva; 2012.

13. BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Boletim epidemiológico Sífi lis. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 14. Brasil. Ministério da Saúde. Fluxograma Laboratorial da Sífilis e a utilização de testes rápidos para triagem da sífilis em situações especiais. DOU Nº 1 de 02 de janeiro de 2012 seção 1 págs. 50 a 52. Portaria Nº 3.242, de 30 de Dezembro de 2011. [acessado 2017 out 02]. Disponível em: telelab.aids.gov.br/index.php/biblioteca.../18_95c8a401e790040b206c931f902e6c57 15. Magalhães, Daniela Mendes dos Santos, et al. "Sífilis materna e congênita: ainda um desafio." Cadernos de Saúde Pública.2013;29: 1109-1120. 16. MAGALHÃES, Daniela Mendes dos Santos et al. Sífilis materna e congênita: ainda um desafio. Cadernos de Saúde Pública. v. 29, n. 6, p. 1109-1120, 2013. 17. Lima,ValdêniaCodeiro. Mororó,Raquel Martins et al.. Perfil Epidemiológico dos Casos de Sífilis Congênita em um Município de Médio porte no Nordeste Brasileiro. J. Health BiolSci.. 2017; 5: 56-61. 18. Domingues, RMS., Szwarcwald, CL., Junior, PRBS., Leal, MC. Prevalência de sífilis na gestação e testagem pré-natal: Estudo Nascer no Brasil. Rev Saúde Pública 2014;48(5):766-774 18. Ministério da Saúde. Diretrizes para o Controle da Sífilis Congênita. Secretaria de Vigilância em Saúde Programa Nacional de DST e Aids. 2005; 62: 2005.Disponible:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_controle_sifilis_c ongenita.pdf. 2017. 19. Araúj, Maria Alix Leite, et al.. ANÁLISE DA QUALIDADE DOS REGISTROS NOS PRONTUÁRIOS DE GESTANTES COM EXAME DE VDRL REAGENTE. Rev. APS. 2007;11:4-9. 20. Lima,Valdênia Codeiro. Mororó, Raquel Martins et al.. Perfil Epidemiológico dos Casos de Sífilis Congênita em um Município de Médio porte no Nordeste Brasileiro. J. Health BiolSci.. 2017; 5: 56-61. 21. Lima,Valdênia Codeiro. Mororó, Raquel Martins et al.. Perfil Epidemiológico dos Casos de Sífilis Congênita em um Município de Médio porte no Nordeste Brasileiro. J. Health BiolSci.. 2017; 5: 56-61. 14 DA COSTA, Camila Chaves et al. Sífilis congênita no Ceará: análise epidemiológica de uma década. Revista da Escola de Enfermagem da USP. 2013; 47; 152-159. 22. Saraceni, Valéria. Domingues, Rosa Maria Soares Madeira et al. Vigilância da sífilis na gravidez. Epidemiologia Serviços de Saúde. 2007; 16: 103-111. 23. DAMASCENO, Alessandra BA. Monteiro, Denise L. M. et al. Sífilis na gravidez. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, v. 13, n. 3, 2014.

24. De Lorenzi DRS, MadiJm, et al.. Sífilis Congênita como Indicador de Assistência Pré-natal. RevBrasGinecol Obstet. 2001; 23: 647-52. 25. LAFETA, Kátia Regina Gandra; MARTELLI JUNIOR, Hercílio; SILVEIRA, MariseFagundes. Sífilis materna e congênita, subnotificação e difícil controle.. Rev. bras. epidemiol.. 2016; 19: 63-74. 26. De Lorenzi DRS, Madi JM.. Sífilis Congênita como Indicador de Assistência Pré-natal.RevBrasGinecol Obstet. 2001; 23: 647-52. 27. CHAVES, Jéssica et al..sífilis congênita: análise de um hospital do interior do estado do RS. Revista da AMRIGS. 2014; 58: 187-92. 28. ARAUJO, Eliete da Cunha et al.. Importância do pré-natal na prevenção da sífilis congênita. Revista Paraense de Medicina. 2006; 20: 47-51.