Ano 67 - Maio de 2006 www.revistaferroviaria.com.br. Especial Balanços. Análise de desempenho das operadoras de carga



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Ano 67 - Maio de 2006 www.revistaferroviaria.com.br Especial Balanços Análise de desempenho das operadoras de carga

Ano 67 - Maio de 2006 www.revistaferroviaria.com.br Ano 67 - nº 5 / Maio de 2006 diretor executivo Gerson Toller-Gomes conselho editorial Guilherme Quintella Massimo Giavina Bianchi Regina Amélia Costa Oliveira Rinaldo Bastos Vieira Filho Rodrigo Otaviano Vilaça redação editora Fernanda Thurler redacao@revistaferroviaria.com.br Repórter Romulo Tesi Assistente de Redação Rita País Editorial Sumário Matéria de capa A compra da Brasil Ferrovias e da Novoeste pela ALL S/A foi um passo importante para o amadurecimento da economia ferroviária no Brasil. Primeiro porque saíram de cena os fundos estatais Previ e Funcef, diluídos em participações minoritárias na holding ALL. É de se esperar que, sob administração privada, as ferrovias paulistas possam finalmente cumprir o seu papel. Outro resultado foi a formação de um terceiro grupo bastante forte para ombrear com a MRS e principalmente com a CVRD. A partir de agora é menos provável que o Brasil venha a ter uma ferrovia só. E o terceiro ganho foi ver o fortalecimento de uma empresa ferroviária verdadeiramente pública (do público), no sentido de pertencer a diversos fundos de investimentos e a acionistas individuais. Assim são as ferrovias norte-americanas, que como as nossas estão apresentando os melhores resultados da sua história. GTG n Estagiários Angela Cantoni Bianca Rocha Thiago Corrêa Pedro Delfino Marques Projeto Gráfico Alex Martin Produção Editorial Cidadelas Produções Publicidade Gerente Comercial Ernesto Tiefel tiefel@revistaferroviaria.com.br (21)2543-1518 São Paulo Alex Martin alex@revistaferroviaria.com.br Tel.: (11) 3885-5460 / Cel: (11) 9242-1491 Fernando Polastro fernando@revistaferroviaria.com.br Tel.: (11) 3159-3892 / Cel: (11) 9525-6665 Estagiária Janaína Lima CIRCULAÇãO Mônica Paranhos assinaturas@revistaferroviaria.com.br jornalista responsável Gerson Toller-Gomes (Mtb 17354212) diretoria@revistaferroviaria.com.br sede Rua México 41, salas 904/905 Centro Rio de Janeiro - RJ - CEP 20031144 Tel.: (21) 2532-0260 Fax.: (21) 2240-0139 sac@revistaferroviaria.com.br www.revistaferroviaria.com.br assinaturas Anual (12 edições): R$ 75,00 Exterior (via aérea): US$ 50,00 Número atrasado: R$ 7,50 revista ferroviária é uma publicação mensal da Empresa Jornalística dos Transportes. CNPJ 33.565.367/0001-01 Inscrição Municipal 00.374.709 Registro no INPI 816.399.964 10 4 18 24 Especial Balanços Análise de desempenho das operadoras de carga Expressas Presidente Lula inaugura Trem da Vale Transporte de contêineres cresce na MRS BNDES tem novo diretor de infra-estrutura SuperVia paga R$ 1,7 milhão à Light Perfil 28 Aliada à melhoria da produtividade, a redução dos custos e o aumento da produção são os maiores desafios das operadoras de carga em um cenário de mercado cada vez mais competitivo. A análise é do economista e analista de empresas, Hedmilton Cardoso, realizada a partir de indicadores de produtividade elaborados com exclusividade para a Revista Ferroviária, tendo como base as demonstrações financeiras das ferrovias de capital aberto no biênio 2004/2005. 6 Suprimentos Entrevista Notícias Ferroviárias Metrô de SP aguarda conclusão da análise do processo de licitação para as obras da Linha 4, que deve sair ainda em maio. Bernardo Hees, presidente da ALL S/A, fala sobre a incorporação da Brasil Ferrovias e da Novoeste Brasil através da compra das participações da Previ, Funcef e BNDES. Alfândega de Vitória (ES) dá como certo o perdimento das 19 locomotivas, já em operação, importadas pela FCA através da Corema. CFN obtém financiamentos do BNDES e adota novo modelo de gestão. O aumento da produtividade é o desafio da operadora, que vem priorizando melhorias na infraestrutura. Operadoras vão além da habitual manutenção de vagões. Investir em reforma e adaptação é o novo meio de suprir a demanda dos diferentes clientes. Revista Ferroviária - Maio 2006

Expressas Presidente Lula inaugura Trem da Vale O presidente Luis Inácio Lula da Silva participou da viagem inaugural do Trem da Vale no dia 5 de maio junto com o presidente da CVRD, Roger Agnelli. A composição, que liga as cidades históricas de Ouro Preto e Mariana (MG), faz parte de um projeto de resgate histórico da desenvolvido pela mineradora através da sua fundação a Fundação Vale do Rio Doce (FVRD) e incluiu obras de reconstrução de aproximadamente 19 dos 23 dos quilômetros do percurso, de reforma das quatro estações existentes e um programa relacionado à educação patrimonial e de fomento da atividade turística na região. O custo do projeto é de R$ 48,5 milhões e a operação será de responsabilidade da FCA. Os seis carros que compõe o trem são tracionados por uma locomotiva Santa Fe Skoda, fabricação tcheca, de 1949, importada da Argentina pela RFFSA em 1980. Divulgação Lula e Agnelli no Trem da Vale SuperVia paga R$ 1,7 milhão à Light A SuperVia depositou em juízo no dia 26 de abril o valor de R$ 1,7 milhão, referente à conta do consumo de energia elétrica no mês de março deste ano. A juíza da 21ª Vara Cível, Dra. Ana Lúcia Vieira do Carmo, autorizou o depósito e deferiu liminar proibindo a suspensão do fornecimento de energia elétrica pela Light. De acordo com o instrumento jurídico, a concessionária não poderá realizar o corte da energia enquanto houver o prosseguimento dos depósitos nos próximos meses, sob pena de multa diária de R$ 100 mil. A Light informou que o departamento jurídico está analisando a notificação para então divulgar seu posicionamento. BNDES tem novo diretor de Infra-Estrutura Wagner Bittencourt de Oliveira foi nomeado novo diretor de Infra-Estrutura do BN- DES. Atual superintendente da Área de Insumos Básicos do banco, Oliveira acumulará a função de diretor e superintendente. O anúncio foi realizado no dia 20 de abril pelo presidente do BNDES, Demian Fiocca. De 1998 a 2000, Oliveira foi presidente da CFN e responsável pela estruturação, gerenciamento operacional e planejamento estratégico da companhia logo após a privatização. Formado em engenharia metalúrgica pela PUC/RJ com especialização em Finanças pelo IBMEC, o executivo é funcionário de carreira do BNDES desde 1975. Divulgação Wagner Bittencourt de Oliveira, diretor de Infra- Estrutura do BNDES 4 Revista Ferroviária - Maio 2006

WV Logistics embarca carro da Alstom A WV Logistics em associação com a Geodis Overseas France Project realizou no dia 4 de maio o embarque do primeiro carro da Alstom para o Metrô de Nova York. Ao todo serão 380 carros produzidos na planta industrial da Alstom localizada na Lapa, em São Paulo. O carregamento aconteceu no Porto de Santos (SP) e seguirá a linha de serviço door-todoor (Lapa/Brasil para Hornell/EUA). O diretor da WV Logistics, Jorge Luís Vidal, informou que ao longo deste ano devem ser embarcados de cinco a oito carros por mês. Para 2007 está previsto o embarque de uma média de 20 a 30 por mês. Provavelmente no dia 26 de maio serão carregados mais cinco, disse Vidal. O prazo de conclusão da entrega é de um ano e meio. Transporte de contêineres cresce na MRS A MRS Logística obteve aumento de 22% no transporte de cargas por contêineres no primeiro trimestre de 2006 em relação ao mesmo período de 2005. De janeiro a março, a companhia transportou 30,5 mil TEUs contra 25 mil unidades no mesmo período do ano anterior. No ano passado, a MRS transportou 120.370 TEUs contra 91.974 unidades em 2004, registrando um crescimento de 30,9%. A maior parte das unidades é embarcada nas cinco rotas expressas operadas pela companhia: Santos (SP) - Vale do Paraíba (SP); Santos Jundiaí (SP) Santos- Campinas (SP); Rio de Janeiro/Sepetiba - Belo Horizonte (MG); e Rio de Janeiro/Sepetiba - Vale do Paraíba (SP). Sepetiba-Vale do Paraíba e Rio de Janeiro-Belo Horizonte foram as principais rotas responsáveis pelo resultado. Zaniboni na AD-Trem Divulgação João Roberto Zaniboni, diretor executivo da AD-Trem O executivo João Roberto Zaniboni é o novo diretor executivo da Agência de Desenvolvimento de Trens Rápidos Entre Passageiros - AD-Trem. Ex-diretor de Engenharia da CPTM, Zaniboni vai coordenar os trabalhos técnicos da agência, que consistirão inicialmente na formação de um banco de dados com as informações sobre os projetos de trens intermunicipais existentes no Brasil e aqueles que, no exterior, se aplicam as nossas condições. Ele foi diretor de Engenharia da CPTM até 2003 e antes disso diretor de Transportes da Fepasa. Tem 63 anos e é um dos técnicos mais respeitados do seu meio profissional. Revista Ferroviária - Maio 2006 5

Entrevista divulgação A locomotiva ALL chega ao Centro-Oeste Bernardo Hees, presidente da ALL S/A A ALL S/A inaugurou no dia 9 de maio um novo tempo em sua trajetória. A empresa anunciou a aquisição dos corredores de bitola larga da Brasil Ferrovias e de bitola estreita da Novoeste Brasil, quepossibilitam a sua inserção nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do País e a remetem ao status de maior ferrovia da América Latina sua malha atinge hoje 21 mil quilômetros. A incorporação da Brasil Ferrovias/ Novoeste por R$ 1,405 bilhão foi viabilizada através de troca de ações envolvendo os fundos de pensão Previ e Funcef e o BNDES, que juntos detinham 90% do capital acionário da antiga empresa. Efetivado o acordo, cuja aprovação está sob análise da ANTT, os fundos e o BNDES (que aderiu ao acordo) passam a deter 20,2% das ações da ALL S/A. A oferta foi realizada com base na média da cotação de 30 pregões anteriores à data em que foi apresentada a proposta para a aquisição dos dois corredores ferroviários, no dia 22 de março R$ 124,44 a Unit (conjunto de ações formado por quatro preferenciais e uma ordinária). Os fundos e BNDES terão ainda cerca de 12 milhões de ações ordinárias e direito a dois assentos no Conselho Administrativo. A conclusão do processo, na avaliação do presidente da ALL, Bernardo Hees, representa um marco na história do sistema ferroviário brasileiro. Esta operação vai permitir que as regiões que fazem parte dessa malha sejam efetivamente integradas, oferecendo um transporte eficiente e competitivo, beneficiando os diversos segmentos econômicos, especialmente os produtores agrícolas, que passam a contar com mais uma opção logística competitiva. Os planos da empresa nesta nova fase são audaciosos. Hees anunciou para os próximos cinco anos investimentos da ordem de R$ 1 bilhão nas três ferrovias adquiridas: Ferronorte. Ferroban e Novoeste. Os recursos, oriundos do próprio caixa da ALL, serão direcionados para a compra e reforma de locomotivas e vagões e à revitalização da via permanente. O pagamento em ações foi fundamental para permitir que nosso caixa, hoje em torno de R$ 1 bilhão, ficasse disponível para a realização dos investimentos necessários. A ALL assumiu com a incorporação das três operadoras 1.990 funcionários; 3.767 vagões operacionais de bitola estreita e 4.582 de bitola larga, somando 8.349 unidades; 272 locomotivas operacionais, sendo 88 da bitola estreita e 184 da bitola larga. A Ferroban tem 1.988 km de linha, a Novoeste 2.000 km e a Ferronorte 512 km, somando 4.500 km. 6 Revista Ferroviária - Maio 2006

RF A operação de compra da Brasil Ferrovias e da Novoeste Brasil pela ALL S/A seguiu um modelo de negociação inédito no setor ferroviário. Como foi o acordo? Bernardo Hees Pelo acordo, que está sujeito à aprovação da ANTT, os sócios passam a fazer parte do grupo de controle da holding da ALL. A operação, no valor de R$ 1,405 bilhão, representa a incorporação da totalidade do capital acionário da Brasil Ferrovias e da Novoeste. (NR: A Brasil Ferrovias e a Novoeste Brasil foram avaliadas em R$ 3 bilhões. Desse total, R$ 1,4 bilhão se referem ao valor das ações das duas operadoras e R$ 1,6 bilhão correspondem às dívidas com o BNDES que serão assumidas pela ALL, já que o banco também aderiu ao acordo) RF Qual foi o valor base para a precificação? Bernardo Hees Utilizamos como base a cotação de R$ 124,44 que foi o valor médio da Unit nos 30 pregões anteriores à data em que foi apresentada a proposta para a aquisição dos dois corredores ferroviários, no dia 22 de março. RF O fato de a operação não envolver a disponibilização de caixa pela ALL é positivo do ponto de vista dos investimentos? Bernardo Hees Um dos alicerces muito positivos dessa transação é a questão do valor ser todo pago em ações, o que nos dá disponibilidade de caixa e contribui para a melhoria da capacidade de investimento da nova companhia. RF Quanto a ALL pretende investir nas suas novas operadoras? Bernardo Hees A nova ALL, que já inclui toda a infra-estrutura da BF e da Novoeste, vai investir mais de R$ 1 bilhão nos próximos cinco anos só no que são hoje as malhas da Brasil Ferrovias e da Novoeste. A capacidade de investimento é fundamental para tornar a ferrovia a melhor opção logística para os clientes, tanto no segmento de commodities agrícolas, como para clientes industriais. Neste setor, o fator escala é essencial. RF Qual é a prioridade na aplicação dos recursos? Bernardo Hees Esse valor inclui investimentos em projetos relacionados à via permanente, de tecnologia e na compra e reforma de vagões e locomotivas. RF O senhor acredita que a exemplo do que já ocorre hoje na ALL, os clientes da Brasil Ferrovias também realizarão investimentos na compra de material rodante e em terminais? Bernardo Hees Uma coisa muito positiva que tem acontecido no segmento ferroviário é que para cada real investido pelas ferrovias, os clientes têm colocado pelos menos mais um real. Então, se estamos falando de um volume de recursos da ordem de R$ 1 bilhão no período de cinco anos, a tendência é que os clientes invistam mais R$ 1 bilhão na nossa operação. Nós acreditamos, temos muita convicção que os clientes vão nos acompanhar e aplicar um volume razoável de recursos em novos vagões e em novos terminais. Aliás, como já vinha acontecendo. RF Mas, no curto prazo, o que deverá ser feito para sanar os problemas de caixa da Brasil Ferrovias? Bernardo Hees Temos que aguardar a aprovação da ANTT. Os aportes necessários para cobrir a operação serão liberados assim que o acordo de venda tiver a aprovação da Agência. RF De acordo com informações do mercado, a BF opera hoje com um déficit de caixa de R$ 40 milhões? Bernardo Hees Eu desconheço isso. A posição de caixa da Brasil Ferrovias é pequena. Existe uma dívida no negócio relacionada à capital de giro, que pode ser resolvida através da negociação de prazos com fornecedores. E essa questão será equacionada assim que tivermos a aprovação da ANTT. RF Qual é o prazo para a ANTT se pronunciar? Bernardo Hees Nós acreditamos que isso deve ocorrer no período de 30 dias. Esperamos, porque 30 dias é um tempo razoável. Trata-se de uma operação transparente, uma operação muito limpa. Não é complexa, é uma operação simples, pela qual os acionistas da Brasil Ferrovias e da Novoeste Brasil estão migrando para a ALL. RF Também será necessária a aprovação do Cade? A operação pode ser interpretada como um ato de concentração econômica? Bernardo Hees A partir do parecer da ANTT, o acordo de venda será submetido à aprovação de demais órgãos. Agora relação ao Cade, não existe ameaça à livre concorrência. Por uma razão muito simples: os clientes de São Paulo e os clientes do Centro- Oeste desejam ter a ferrovia como opção. A participação da ferrovia hoje no Porto de Santos é muito baixa, a utilização do modal pelos clientes industriais em São Paulo também é baixa, porque eles hoje têm a opção rodoviária, têm a opção hidroviária, têm a opção intermodal. Acredito que ter a ferrovia como mais uma opção logística é extremamente positivo e é o desejo dos clientes. Quanto mais opções de transporte existir menor o preço do frete. Por isso acredito que a participação do modal ferroviário no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo tende a crescer e, com isso, o frete no Brasil tende a cair, porque de fato a opção ferroviária será cada vez mais forte. RF Nos últimos anos, a ALL tem conseguido crescer seu volume transportado a uma taxa de 10% a 12% ao ano. Qual a previsão de crescimento da Nova ALL a partir da incorporação dois novos corredores? Bernardo Hees A gente quer crescer dentro de um patamar de 12% a 15% ao ano. O potencial é enorme. Quanto mais longa, maior a capacidade da ferrovia de realizar investimentos e ter alavancagem na movimentação de cargas. RF Qual será a primeira medida da ALL para imprimir nas novas operadoras a cultura da GP Investimentos, identificada pela busca por ganhos de produtividade e redução de custos e pela fixação de rígidas metas de desempenho? Bernardo Hees Ouvir as pessoas. Revista Ferroviária - Maio 2006 7

Cartas Ferrovia no Amapá Gostaria de obter informações sobre a ferrovia que opera no Estado do Amapá. Tais como: nome da empresa, extensão da malha, bitola, principal carregamento e faturamento. Heraldo Parana Paes Brazil heraldo.brasil@cfn.com.br NR: Informações a respeito da Estrada de Ferro do Amapá (EFA) podem ser encontradas no site do Ministério dos Transportes: www.transportes.gov.br, na seção Mapas e Informações, no link Transporte Ferroviário. Fácil acesso Leio todos os dias os briefings da RF e elogio as mudanças recentes da revista. É um excelente veículo de informação e meio de trabalho, pois une matérias de diversos jornais que interessam aos leitores e às ferrovias. E agora ficou ainda mais fácil acessar o conteúdo do site com as indexações de cada reportagem. Andrei Almeida carta_andrei@yahoo.com.br Eventos Estou procurando informações sobre seminários e feiras do setor ferroviário na América Latina. Vocês sabem de outros fora do Brasil? Larissa Andrade larissa@cflex.com.br Da Janela do Trem I Parabéns ao jornalista Gerson Toller pela coluna Da Janela do Trem. Realmente o assunto de preservação e locos a vapor é muito comentado. Pena que algumas matérias sobre a ABPF não são muito comentadas, como por exemplo o Trem da Vale, que marca a volta da operação de locomotivas a vapor no trecho Mariana-Ouro Preto. A composiçaõ ferroviária formada pela locomotiva a vapor e os carros é de propriedade da ABPF. Outro assunto a destacar é a extensão de 1,2 KM de linha entre Jaguariuna e Anhumas, em Campinas, para possibilitar o acesso da Maria Fumaça. O projeto, que inclui uma ponte de 642 metros de extensão, girador, desvio, etc.. terá investimentos da Prefeitura de Campinas, sendo que a ABPF ficará responsável pela recolocação dos trilhos. Helio Gazetta Filho ABPF gazetta@lnls.br Da Janela do Trem II Com relação ao artigo do jornalista Gerson Toller intitulado Para civilizar São Paulo, sem dúvida é fundamental para a melhoria do trânsito de São Paulo a implementação de um sistema de transporte interurbano a um raio de 100 a 150 km da capital. A exemplo de outras grandes metrópoles, esses sistemas transportarão commuters que trabalham na cidade e preferem residir em localidades vizinhas. De forma a atrair esses usuários, principalmente aqueles que se utilizam de automóveis para o percurso, deve-se oferecer transporte confiável e confortável, tal como é o Metrô. Porém, para uma solução interurbana, não se justifica a implementação de um sistema de transporte rápido, com trens de muitas portas e aceleração e frenagem altas. Existem soluções que atendem a esses objetivos com investimentos substancialmente menores. Tarcisio Valente valente@attglobal.net NR: A programação dos principais eventos ligados ao setor metroferroviário no Brasil e no exterior está disponível no site da RF, em Agenda. Maria Fumaça A CVRD e as cidades de Ouro Preto e Mariana estão de parabéns. A volta da Maria Fumaça é recebida com muita alegria por nós de Cruzeiro (MG), que tivemos, por um período muito curto, o retorno desse tipo de transporte. O projeto de unir as cidades de Cruzeiro e São Lourenço foi inviabilizado pela falta de incentivo e também pelo péssimo estado de conservação da malha. Fica aqui registrado o voto de felicidades a todos que ainda lutam para ver o Brasil integrado por trens, seja de alta tecnologia, turismo histórico ou de transporte. Domingos Savio Lami lamidomingos@pop.com.br 8 Revista Ferroviária - Maio 2006

Eventos www.revistaferroviaria.com.br Agenda 2006 Brasil Junho VI Seminário de Turismo Cultural e Ferroviário. Dias 05 e 06 Clube União Lyra Serrano Paranapiacaba, em Santo André, SP. Organização: ABOTTC e MPF. Informações pelos telefones: ABOTTC: (21) 2558-1329 ramal 200 ou MPF: (11) 5078-6411. Seminário Brasil nos Trilhos: As Ferrovias Trilhando o Século XXI. Dias 06 e 07 Brasília, DF. Organização: ANTF. Informações pelo telefone: (61) 3226-5434. Julho Seminário Os Clientes e as Ferrovias. Dia 13 Golden Tulip Paulista Plaza, em São Paulo. Organização: Revista Ferroviária. Informações pelo telefone: (21) 2532-0260 ramais 26 ou 28. Agosto MOVIMAT 2006 Feira de Logística, Movimentação, Armazenagem e Transporte de Materiais. De 08 a 11 Expo Center Norte, em São Paulo. Organização: IMAM Feiras e Comércio. Informações pelo telefone: (11) 5575-1400 ou pelo site: www.imam.com.br Seminário Nacional da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos. Dias 23 e 24 Hotel Blue Tree Alvorada, Brasília, DF. Organização: NUT Informações pelo telefone: (61) 2103-9293. Preserve 2006 - IX Seminário Nacional de Preservação e Revitalização Ferroviária. De 23 a 26 Teatro Izabela Hendrix, em Belo Horizonte, MG. Organização: ABOTTC, MPF e Unicentro Izabela Hendrix. Informações pelo telefone: (11) 5078-6411. Encontro Nacional de Tecnologia Metro-Ferroviária Sinalização e Material Rodante. Dias 29 e 30 Golden Tulip Paulista Plaza, São Paulo. Organização: Revista Ferroviária. Apoio: ABN-CB6, ANTF e Simefre. Informações pelo telefone: (21) 2532-0260 ramais 26 ou 28. 12ª Semana de Tecnologia Metroferroviária. De 29 de agosto a 01 de setembro Centro de Convenções do Shopping Frei Caneca, em São Paulo. Organização: Aeamesp. Informações pelo site: www.aeamesp.org.br Seminário Nacional de Transportes das Utilities 2006. De 30 de agosto a 01 de setembro Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo. Organização: Marcelo Fontana Produções. Informações pelos telefones: (11) 5096-8104 e 0800-7028104 Outubro Expocargo 2006 - VII Feira de Movimentação, Armazenagem e Terminais de Cargas, Transporte e Logística. De 04 a 06 Fenac, Novo Hamburgo, Porto Alegre, RS. Organização: Sinal Comunicações. Informações pelo telefone: (51) 3225-9169 ou pelo site www.sinalcom.com.br Memória 2006 - IV Seminário de Museologia, História e Documentação. De 05 a 07 Faculdade Metodista Granbery, Juiz de Fora, MG. Organização: ABOTTC, MPF e Granbery Informações pelos telefones: ABOTTC: (21) 2558-1329 ramal 200 ou MPF: (11) 5078-6411. Novembro Negócios nos Trilhos 2006. De 07 a 09 Expo Center Norte Pavilhão Verde, em São Paulo. Organização: Revista Ferroviária. Informações pelo telefone: (21) 2532-0260 ramais 26 ou 28. Revista Ferroviária - Maio 2006

Especial Balanços Gargalos operacionais e financeiros A melhoria da produtividade, a redução dos custos e o aumento da produção se aliam ao equacionamento da estrutura de capital como os maiores desafios das operadoras de carga Fernanda Thurler e Hedmilton Cardoso* A análise do resultado financeiro e operacional das empresas do setor ferroviário brasileiro no biênio 2004/2005 demonstrou que todas se deparam com dois grandes desafios. Um refere-se à busca de eficiência operacional e outro à equalização da estrutura de capital com a maturação dos investimentos. A eficiência operacional, entendida de forma ampla, engloba tanto uma eficiente combinação dos fatores de produção, como a busca de uma remuneração pelos serviços prestados que impliquem na melhor geração de valor para a empresa. Nesse item, observa-se que as empresas analisadas se encontram em estágios os mais diversos. São observados casos de empresas que já equacionaram seus problemas na operação como MRS, ALL e FTC, enquanto outras operadoras como CFN, Novoeste Brasil (NB) e FCA trabalham com margens operacionais negativas. No meio do caminho, a BF apresenta alguns resultados operacionais positivos, mas ainda baixos e insuficientes para fazer face ao custo de capital da empresa. A ALL e a MRS, que tiveram resultados operacionais positivos tanto em 2004 como em 2005, apresentaram melhoria em vários indicadores de produtividade física. A exceção ficou com o indicador TKU por locomotiva, o que pode ser explicado pela elevação de mais de 14% na frota de locomotivas por estas duas empresas. Nas duas companhias o crescimento 10 Revista Ferroviária - Maio 2006

da receita operacional líquida foi superior ao crescimento do custo mais despesas operacionais por TKU. Em 2005 a ALL chegou a apresentar redução do custo mais despesas operacionais por TKU em comparação com 2004, mesmo com a alta de preços verificada em insumos importantes como o aço e os combustíveis. Elaborados com base nos dados consolidados da holding, os indicadores de produtividade da ALL foram afetados negativamente pela operação na Argentina, onde encontra-se a maior extensão das linha operadas pela companhia 9.811 km do total de 16.397 km, e pelos negócios no modal rodoviário. A unidade de negócios de Serviços Rodoviários, apesar de ter gerado uma receita bruta de R$ 163 milhões e R$ 203 milhões, respectivamente em 2004 e 2005, foi responsável por apenas R$ 6,6 milhões e R$ 5,9 milhões do Ebitda. Gráfico I Gráfico II TKU por Funcionário (2005) Operadoras Receita Operacional Líquida X Custo e Despesa Operacionais (por mil TKU 2005) Produtividade A FTC parece um caso especial, porque embora não mantenha um alto índice de produtividade, consegue ter um resultado operacional satisfatório, uma vez que sua receita operacional líquida é superior ao custo e despesa operacionais. No ano de 2005 seus indicadores de produtividade física se mantiveram estáveis ou até mesmo pioraram em relação ao ano anterior. A empresa apresentou custos 5,1% maiores em 2005 em comparação com 2004, ainda que o volume em TKU tenha ficado praticamente estável. No entanto, a evolução da receita operacional líquida de 11,4% ultrapassou o crescimento do custo, o que tornou possível um melhor resultado operacional. No que se refere aos indicadores de produtividade física, a Brasil Ferrovias situa-se entre as melhores empresas do setor, com exceção do indicador TKU por funcionário (Veja o gráfico I). Observou-se que a produtividade da mão-de-obra da BF piorou em 2005 em comparação com o ano de 2004. Mas, a despeito desse fator, a BF obteve tanto em 2004 quanto em 2005, a segunda maior receita Operadoras Gráfico III Receita Operacional Bruta X Km Linhas Operadas Operadoras Margem oper. liq. por mil TKU Km Revista Ferroviária - Maio 2006 11

Especial Balanços operacional líquida por TKU do setor. A grande questão na operadora é o custo. Apesar de ter sido verificada uma pequena redução dos custos operacionais por TKU em 2005, a sua estrutura de custos, mesmo após a cisão da NB, impossibilita a obtenção de uma margem operacional que propicie a sustentabilidade financeira da empresa (Veja o gráfico II). Custos elevados Na NB os custos operacionais apesar da redução de 21,6% dos custos por TKU verificada em 2005 em relação ao ano anterior ainda se encontram em patamares elevadíssimos quando comparados à receita por TKU gerada pela companhia. O aumento do número de funcionários em 2005 prejudicou ainda mais a já comparativamente baixa produtividade de sua mão-de- obra. Não obstante a forte elevação da receita operacional por TKU verificada na FCA em 2005 (19,1%), os resultados operacionais pioraram em decorrência da elevação dos custos operacionais em 33,3% por TKU. A empresa possui atualmente um perfil de custos que não é compatível, dada as receitas que apresenta, com uma geração positiva de valor. Na CFN o desequilíbrio entre receita e custos operacionais é muito mais grave. Observa-se uma produção em TKU e uma receita operacional bruta muito pequenas em relação à extensão das linhas que opera (Veja o gráfico III). ALL ESTRUTURA DE CAPITAL 2004 2005 Δ 05/04 Disponibilidades (R$ mil) 764.957 1.006.282 31,5% Endividamento Oneroso Total (R$ mil) 936.306 1.103.135 17,8% Endividamento Oneroso de CP (R$ mil) 134.797 189.370 40,5% Endividamento Oneroso de LP (R$ mil) 801.509 913.765 14,0% Patrimônio Líquido (R$ mil) 738.844 934.778 26,5% Total de Capitalização (R$ mil) 1.675.150 2.037.913 21,7% Dívida / (Total de Capitalização) 55,9% 54,1% -3,2% Dívida CP / Dívida Total 14,4% 17,2% 19,2% Dívida CP / Disponibilidades (x) 17,6% 18,8% 6,8% Dívida Total Líquida / Ebitda (x) 0,5 0,2-56,7% RESULTADOS 2004 2005 Δ 05/04 Receita Bruta (R$ mil) 1.083.657 1.249.289 15,3% Receita Operacional Líquida - ROL (R$ mil) 947.694 1.086.963 14,7% Custo e Despesa Operacionais (R$ mil) 711.220 748.703 5,3% Lucro Líquido - LL (R$ mil) 150.605 191.198 27,0% Ebitda (R$ mil) 350.898 457.900 30,5% Geração de Valor (Margem Ebitda) 37,0% 42,1% 13,8% Margem Líquida - LL/ROL 15,9% 17,6% 10,7% Rentabilidade do Patrimônio (final exerc.) 20,4% 20,5% 0,3% ESTRUTURA OPERACIONAL 2004 2005 Δ 05/04 Km de linhas operadas 16.397 16.397 0,0% Locomotivas em serviço 615 706 14,8% Vagões em serviço 18.000 19.154 6,4% Número de funcionários 4.830 4.869 0,8% PRODUTIVIDADE 2004 2005 Δ 05/04 TKU (em milhões) 18.629 19.929 7,0% TKU por km linha (milhão) 1,14 1,22 7,0% TKU por locomotiva (milhão) 30,29 28,23-6,8% TKU por vagão (milhão) 1,03 1,04 0,5% TKU por funcionário (milhão) 3,86 4,09 6,1% Receita Operacional Líquida / TKU (R$ 10-3) 50,9 54,5 7,2% Custo e Despesa Operacionais / TKU (R$ 10-3) 38,2 37,6-1,6% Ebitda / TKU (R$ 10-3) 18,8 23,0 22,0% Nos termos das Instruções CVM 388/03 e 412/04, o analista declara que: I. que suas análises refletem única e exclusivamente suas opiniões pessoais, e que foram elaboradas de forma independente e autônoma, inclusive em relação às instituições que encontra-se vinculado. II. não mantém vínculo com qualquer pessoa natural que atue no âmbito das companhias analisadas; III. as instituições às quais está vinculado, não possui participação acionária direta ou indireta, igual ou superior a 1% (um por cento) do capital social de quaisquer das companhias cujos valores mobiliários foram alvo de análise no relatório divulgado e não estão envolvidas na aquisição, alienação e intermediação de tais valores mobiliários no mercado; IV. não é titular, direta ou indiretamente, de valores mobiliários de emissão das companhias objeto de sua análise, que representem 5% (cinco por cento) ou mais de seu patrimônio pessoal, e não está envolvido na aquisição, alienação e intermediação de tais valores mobiliários no mercado; V. não recebe remuneração por serviços prestados ou apresenta relações comerciais com qualquer das companhias cujos valores mobiliários foram alvo de análise no relatório divulgado, ou pessoa natural ou pessoa jurídica, fundo ou universalidade de direitos, que atue representando o mesmo interesse desta companhia, mas a Revista Ferroviária pode receber remuneração por serviços prestados, ou apresentar relações comerciais com a(s) Companhias analisadas, ou com pessoas naturais, ou jurídicas, fundos, ou universalidade de direitos que atue(m) representando o mesmo interesse da(s) companhia(s); e VI. sua remuneração ou esquema de compensação do qual é integrante não está atrelado à precificação de quaisquer dos valores mobiliários emitidos por companhias analisadas no relatório, ou às receitas provenientes dos negócios e operações financeiras realizadas pela instituição a qual está vinculado. VII. as análises foram feitas com caráter puramente informativo, não resultando em qualquer recomendação de aquisição, manutenção ou alienação de valores mobiliários. 12 Revista Ferroviária - Maio 2006

BF ESTRUTURA DE CAPITAL 2004 2005 Δ 05/04 Disponibilidades (R$ mil) 12.129 29.794 145,6% Endividamento Oneroso Total (R$ mil) 2.189.061 1.946.504-11,1% Endividamento Oneroso de CP (R$ mil) 127.724 93.597-26,7% Endividamento Oneroso de LP (R$ mil) 2.061.337 1.852.907-10,1% Patrimônio Líquido (R$ mil) (718.207) (576.823) -19,7% Total de Capitalização (R$ mil) 1.470.854 1.369.681-6,9% Dívida / (Total de Capitalização) 148,8% 142,1% -4,5% Dívida CP / Dívida Total 5,8% 4,8% -17,6% Dívida CP / Disponibilidades (x) 1053,0% 314,1% -70,2% Dívida Total Líquida / Ebitda (x) 18,2 11,6-36,2% RESULTADOS 2004 2005 Δ 05/04 Receita Bruta (R$ mil) 638.458 758.050 18,7% Receita Operacional Líquida - ROL (R$ mil) 570.046 669.278 17,4% Custo e Despesa Operacionais (R$ mil) 591.306 640.061 8,2% Lucro Líquido - LL (R$ mil) (373.728) (646.437) ND Ebitda (R$ mil) 119.565 165.000 38,0% Geração de Valor (Margem Ebitda) 21,0% 24,7% 17,5% Margem Líquida - LL/ROL -65,6% -96,6% ND Rentabilidade do Patrimônio (final exerc.) ND ND ND ESTRUTURA OPERACIONAL 2004 2005 Δ 05/04 Km de linhas operadas 2.879 2.500-13,2% Locomotivas em serviço 156 184 17,9% Vagões em serviço 4.342 4.582 5,5% Número de funcionários 2.723 3.497 28,4% PRODUTIVIDADE 2004 2005 Δ 05/04 TKU (em milhões) 9.364 10.300 10,0% TKU por km linha (milhão) 3,25 4,12 26,7% TKU por locomotiva (milhão) 60,02 55,98-6,7% TKU por vagão (milhão) 2,16 2,25 4,2% TKU por funcionário (milhão) 3,44 2,95-14,3% Receita Operacional Líquida / TKU (R$ 10-3) 60,9 65,0 6,7% Custo e Despesa Operacionais / TKU (R$ 10-3) 63,1 62,1-1,6% Ebitda / TKU (R$ 10-3) 12,8 16,0 25,5% CFN ESTRUTURA DE CAPITAL 2004 2005 Δ 05/04 Disponibilidades (R$ mil) 6.309 39.844 531,5% Endividamento Oneroso Total (R$ mil) 47.796 233.146 387,8% Endividamento Oneroso de CP (R$ mil) 6.220 7.991 28,5% Endividamento Oneroso de LP (R$ mil) 41.576 225.155 441,6% Patrimônio Líquido (R$ mil) (44.201) (102.252) 131,3% Total de Capitalização (R$ mil) 3.595 130.894 3541,0% Dívida / (Total de Capitalização) 1329,5% 178,1% -86,6% Dívida CP / Dívida Total 13,0% 3,4% -73,7% Dívida CP / Disponibilidades (x) 98,6% 20,1% -79,7% Dívida Total Líquida / Ebitda (x) ND ND ND RESULTADOS 2004 2005 Δ 05/04 Receita Bruta (R$ mil) 51.273 56.508 10,2% Receita Operacional Líquida - ROL (R$ mil) 40.732 44.827 10,1% Custo e Despesa Operacionais - CDO (R$ mil) 78.889 83.364 5,7% Lucro Líquido - LL (R$ mil) (39.270) (56.890) ND Ebitda (R$ mil) (36.972) (34.513) ND Geração de Valor (Margem Ebitda) -90,8% -77,0% ND Margem Líquida - LL/ROL -96,4% -126,9% ND Rentabilidade do Patrimônio (final exerc.) ND ND ND ESTRUTURA OPERACIONAL 2004 2005 Δ 05/04 Km de linhas operadas 4.535 4.535 0,0% Locomotivas em serviço 93 93 0,0% Vagões em serviço 1.717 1.717 0,0% Número de funcionários 1.652 1.698 2,8% PRODUTIVIDADE 2004 2005 Δ 05/04 TKU (em milhões) 848 814-4,0% TKU por km linha (milhão) 0,19 0,18-4,0% TKU por locomotiva (milhão) 9,12 8,75-4,0% TKU por vagão (milhão) 0,49 0,47-4,0% TKU por funcionário (milhão) 0,51 0,48-6,6% Receita Operacional Líquida / TKU (R$ 10-3) 48,0 55,1 14,7% Custo e Despesa Operacionais / TKU (R$ 10-3) 93,0 102,4 10,1% Ebitda / TKU (R$ 10-3) (43,6) (42,4) ND Revista Ferroviária - Maio 2006 13

Especial Balanços Com isso, os custos fixos são pouco diluídos, o que, somado à baixíssima e decrescente produtividade ocasionou em 2005 custos por TKU de quase o dobro da receita por TKU. Concorrência Como pode ser observado no gráfico III, as receitas operacionais líquidas por TKU, com exceção da obtida pela FTC, são semelhantes e situamse entre R$ 38,60 (MRS) e R$ 65,00 (BF). A concorrência com o modal rodoviário provavelmente exerce uma barreira contra os aumentos de preços dos serviços de transporte ferroviário. Assim, conclui-se que a melhoria dos resultados operacionais das empresas do setor ferroviário brasileiro só será possível através do aumento da produção em conjunto com a melhoria da produtividade e com uma forte contenção de custos. Além de equacionar a estrutura operacional, a maioria das empresas analisadas enfrenta outro desafio que é o de construir uma estrutura de capital que a permita gerar recursos para seus acionistas. Como os investimentos em ferrovia são de longa maturação, a combinação de capital próprio com endividamento de longo prazo e de baixo custo torna-se imprescindível para que as empresas ferroviárias tenham rentabilidades positivas a ponto de serem uma boa opção para os investidores. FCA ESTRUTURA DE CAPITAL 2004 2005 Δ 05/04 Disponibilidades (R$ mil) 4.671 85.959 1740,3% Endividamento Oneroso Total (R$ mil) 355.805 32.593-90,8% Endividamento Oneroso de CP (R$ mil) 56.828 32.593-42,6% Endividamento Oneroso de LP (R$ mil) 298.977 - -100,0% Patrimônio Líquido (R$ mil) 38.842 (121.161) ND Total de Capitalização (R$ mil) 394.647 (88.568) ND Dívida / (Total de Capitalização) 90,2% ND ND Dívida CP / Dívida Total 16,0% 100,0% 526,1% Dívida CP / Disponibilidades (x) 1216,6% 37,9% -96,9% Dívida Total Líquida / Ebitda (x) ND ND ND RESULTADOS 2004 2005 Δ 05/04 Receita Bruta (R$ mil) 664.239 808.506 21,7% Receita Operacional Líquida - ROL (R$ mil) 552.817 671.047 21,4% Custo e Despesa Operacionais (R$ mil) 611.722 830.556 35,8% Lucro Líquido - LL (R$ mil) (91.095) (160.003) 75,6% Ebitda (R$ mil) (54.841) (154.272) ND Geração de Valor (Margem Ebitda) -9,9% -23,0% ND Margem Líquida - LL/ROL -16,5% -23,8% ND Rentabilidade do Patrimônio (final exerc.) -234,5% ND ND ESTRUTURA OPERACIONAL 2004 2005 Δ 05/04 Km de linhas operadas 7.840 7.840 0,0% Locomotivas em serviço 473 503 6,3% Vagões em serviço 11.138 11.724 5,3% Número de funcionários 5.278 5.278 0,0% PRODUTIVIDADE 2004 2005 Δ 05/04 TKU (em milhões) 10.521 10.720 1,9% TKU por km linha (milhão) 1,34 1,37 1,9% TKU por locomotiva (milhão) 22,24 21,31-4,2% TKU por vagão (milhão) 0,94 0,91-3,2% TKU por funcionário (milhão) 1,99 2,03 1,9% Receita Operacional Líquida / TKU (R$ 10-3) 52,5 62,6 19,1% Custo e Despesa Operacionais / TKU (R$ 10-3) 58,1 77,5 33,3% Ebitda / TKU (R$ 10-3) (5,2) (14,4) ND Observações Importantes: 1) A fonte primária das informações aqui apresentadas são: o Balanço Patrimonial, o Demonstrativo de Resultados, o Demonstrativo de Origens e Aplicações de Recursos, o Relatório da Administração e o Parecer da Auditoria das Companhias analisadas, referentes aos exercícios findos em 31 de dezembro de 2004 e 2005. 2) Alguns dados foram obtidos diretamente com as empresas. 3) Quando o dado não estava disponível, mas havia a possibilidade de estimá-lo com 90% de segurança, após cruzamentos de coerência, foi utilizada esta estimativa. 4) A notação ND foi utilizada para os casos onde não havia dado disponível, nem possibilidade de obtenção de estimativa confiável, e para os indicadores prejudicados pela ausência de dados ou de significação econômico-financeira. 5) Empresas analisadas: América Latina Logística S/A (ALL), Brasil Ferrovias (BF), Ferrovia Centro Atlântica (FCA), Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN), Ferrovia Teresa Cristina (FTC), MRS Logística (MRS) e Novoeste Brasil (NB). 6) A Ferrovia Paraná (Ferropar) não figura na análise em razão do atraso na publicação do balanço financeiro referente ao exercício de 2005. 14 Revista Ferroviária - Maio 2006

FTC ESTRUTURA DE CAPITAL 2004 2005 Δ 05/04 Disponibilidades (R$ mil) 621 904 45,6% Endividamento Oneroso Total (R$ mil) 36.498 44.173 21,0% Endividamento Oneroso de CP (R$ mil) - - 0,0% Endividamento Oneroso de LP (R$ mil) 36.498 44.173 21,0% Patrimônio Líquido (R$ mil) 1.674 1.774 6,0% Total de Capitalização (R$ mil) 38.172 45.947 20,4% Dívida / (Total de Capitalização) 95,6% 96,1% 0,5% Dívida CP / Dívida Total 0,0% 0,0% 0,0% Dívida CP / Disponibilidades (x) 0,0% 0,0% 0,0% Dívida Total Líquida / Ebitda (x) 4,3 4,1-5,9% RESULTADOS 2004 2005 Δ 05/04 Receita Bruta (R$ mil) 29.648 33.105 11,7% Receita Operacional Líquida - ROL (R$ mil) 28.533 31.837 11,6% Custo e Despesa Operacionais (R$ mil) 21.613 22.722 5,1% Lucro Líquido - LL (R$ mil) (3.932) 100-102,5% Ebitda (R$ mil) 8.322 10.667 28,2% Geração de Valor (Margem Ebitda) 29,2% 33,5% 14,9% Margem Líquida - LL/ROL -13,8% 0,3% ND Rentabilidade do Patrimônio (final exerc.) -234,9% 5,6% ND ESTRUTURA OPERACIONAL 2004 2005 Δ 05/04 Km de linhas operadas 164 164 0,0% Locomotivas em serviço 10 10 0,0% Vagões em serviço 449 449 0,0% Número de funcionários 211 236 11,8% PRODUTIVIDADE 2004 2005 Δ 05/04 TKU (em milhões) 169 169 0,0% TKU por km linha (milhão) 1,03 1,03 0,0% TKU por locomotiva (milhão) 16,87 16,87 0,0% TKU por vagão (milhão) 0,38 0,38 0,0% TKU por funcionário (milhão) 0,80 0,71-10,6% Receita Operacional Líquida / TKU (R$ 10-3) 169,1 188,7 11,6% Custo e Despesa Operacionais / TKU (R$ 10-3) 128,1 134,7 5,1% Ebitda / TKU (R$ 10-3) 49,3 63,2 28,2% MRS ESTRUTURA DE CAPITAL 2004 2005 Δ 05/04 Disponibilidades (R$ mil) 309.611 308.722-0,3% Endividamento Oneroso Total (R$ mil) 725.883 581.208-19,9% Endividamento Oneroso de CP (R$ mil) 241.077 165.926-31,2% Endividamento Oneroso de LP (R$ mil) 484.806 415.282-14,3% Patrimônio Líquido (R$ mil) 413.833 629.217 52,0% Total de Capitalização (R$ mil) 1.139.716 1.210.425 6,2% Dívida / (Total de Capitalização) 63,7% 48,0% -24,6% Dívida CP / Dívida Total 33,2% 28,5% -14,0% Dívida CP / Disponibilidades (x) 77,9% 53,7% -31,0% Dívida Total Líquida / Ebitda (x) 0,7 0,3-48,6% RESULTADOS 2004 2005 Δ 05/04 Receita Bruta (R$ mil) 1.621.259 1.998.477 23,3% Receita Operacional Líquida - ROL (R$ mil) 1.396.499 1.717.375 23,0% Custo e Despesa Operacionais (R$ mil) 850.860 1.041.845 22,4% Lucro Líquido - LL (R$ mil) 222.343 410.255 84,5% Ebitda (R$ mil) 614.675 782.296 27,3% Geração de Valor (Margem Ebitda) 44,0% 45,6% 3,5% Margem Líquida - LL/ROL 15,9% 23,9% 50,0% Rentabilidade do Patrimônio (final exerc.) 53,7% 65,2% 21,4% ESTRUTURA OPERACIONAL 2004 2005 Δ 05/04 Km de linhas operadas 1.674 1.674 0,0% Locomotivas em serviço 399 461 15,5% Vagões em serviço 13.071 13.965 6,8% Número de funcionários 2.892 2.981 3,1% PRODUTIVIDADE 2004 2005 Δ 05/04 TKU (em milhões) 39.400 44.445 12,8% TKU por km linha (milhão) 23,54 26,55 12,8% TKU por locomotiva (milhão) 98,75 96,41-2,4% TKU por vagão (milhão) 3,01 3,18 5,6% TKU por funcionário (milhão) 13,62 14,91 9,4% Receita Operacional Líquida / TKU (R$ 10-3) 35,4 38,6 9,0% Custo e Despesa Operacionais / TKU (R$ 10-3) 21,6 23,4 8,5% Ebitda / TKU (R$ 10-3) 15,6 17,6 12,8% Revista Ferroviária - Maio 2006 15

Especial Balanços Rentabilidade Aproveitando as condições econômicas internas e externas que vigoraram ao longo de 2005 e geraram grande liquidez no mercado financeiro, a MRS e a ALL, que já são geradoras líquidas de valor, melhoraram significativamente o perfil de sua estrutura de capital. As dívidas de curto prazo foram reduzidas e o capital próprio foi elevado em detrimento do capital de terceiros. Como resultado, foi observada a melhoria dos seus indicadores de dívida e uma redução dos custos financeiros, o que se traduziu em melhor rentabilidade para seus acionistas. A FTC, apesar de manter um patrimônio líquido positivo e não ter dívida de curto prazo, possui mais de 95% de sua capitalização baseada em endividamento, tendo como resultado uma despesa financeira que absorve os valores gerados na atividade operacional. As demais companhias (BF, FCA, CFN e NB) além de não gerarem remuneração a seus acionistas, têm resolvido suas necessidades de capital em grande parte com novos aportes de recursos por parte de seus sócios. A análise acima é demonstrada pelos indicadores de produtividade elaborados com exclusividade pela Revista Ferroviária, a partir do resultado financeiro das ferrovias sociedades anônimas nos exercícios financeiros de 2004 e 2005. n (*) Economista e analista de empresas NB ESTRUTURA DE CAPITAL 2004 2005 Δ 05/04 Disponibilidades (R$ mil) 2.100 64.002 2947,7% Endividamento Oneroso Total (R$ mil) 7.668 9.837 28,3% Endividamento Oneroso de CP (R$ mil) 7.668 9.837 28,3% Endividamento Oneroso de LP (R$ mil) - - ND Patrimônio Líquido (R$ mil) (264.626) 22.720 ND Total de Capitalização (R$ mil) (256.958) 32.557 ND Dívida / (Total de Capitalização) ND 30,2% ND Dívida CP / Dívida Total 100,0% 100,0% 0,0% Dívida CP / Disponibilidades (x) 365,1% 15,4% -95,8% Dívida Total Líquida / Ebitda (x) (0,2) 1,2-661,1% RESULTADOS 2004 2005 Δ 05/04 Receita Bruta (R$ mil) 61.489 81.034 31,8% Receita Operacional Líquida - ROL (R$ mil) 53.615 69.901 30,4% Custo e Despesa Operacionais (R$ mil) 127.294 117.923-7,4% Lucro Líquido - LL (R$ mil) (73.679) (48.021) -34,8% Ebitda (R$ mil) (25.219) (43.725) ND Geração de Valor (Margem Ebitda) -47,0% -62,6% ND Margem Líquida - LL/ROL -137,4% -68,7% ND Rentabilidade do Patrimônio (final exerc.) ND -211,4% ND ESTRUTURA OPERACIONAL 2004 2005 Δ 05/04 Km de linhas operadas 1.621 2.000 23,4% Locomotivas em serviço 84 88 4,8% Vagões em serviço 3.507 3.767 7,4% Número de funcionários 594 852 43,4% PRODUTIVIDADE 2004 2005 Δ 05/04 TKU (em milhões) 1.100 1.300 18,2% TKU por km linha (milhão) 0,68 0,65-4,2% TKU por locomotiva (milhão) 13,10 14,77 12,8% TKU por vagão (milhão) 0,31 0,35 10,0% TKU por funcionário (milhão) 1,85 1,53-17,6% Receita Operacional Líquida / TKU (R$ 10-3) 48,7 53,8 10,3% Custo e Despesa Operacionais / TKU (R$ 10-3) 115,7 90,7-21,6% Ebitda / TKU (R$ 10-3) (22,9) (33,6) ND 16 Revista Ferroviária - Maio 2006

Notícias Ferroviárias Licitação da Linha 4 deverá ser retomada em maio Enquanto não há decisão do TCESP as obras continuam em andamento O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP) deve divulgar ainda no mês de maio a conclusão da análise do processo de licitação para as obras complementares e exploração da Linha 4 do Metrô de São Paulo. Essa é a previsão do diretor de Engenharia e Construção do metrô paulista, Sergio Salvadori. Estamos ansiosos para uma rápida definição do TCESP. De acordo com o cronograma, as obras da segunda fase da Linha 4 têm o prazo de conclusão em dezembro de 2008, afirma. A suspensão do processo de licitação da Linha 4 ocorreu em 22 de março passado, em decorrência de processo impetrado pelos deputados estaduais Nivaldo Santana (PT-SP) e Simão Pedro Chiovetti (PC do B-SP) e o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários de São Paulo. Os principais argumentos foram: desproporção entre os parceiros públicos e privados e redução do patrimônio líquido dos participantes de R$ 81,75 milhões para R$ 79 milhões quando estavam faltando 14 dias antes da abertura dos envelopes. Negócio da China Com relação ao patrimônio das empresas, apenas fizemos um ajuste matemático a partir da constatação de um erro de avaliação no contrato de licitação. Não modificamos o conceito. Mas temos que esperar a decisão judiciária, diz o diretor, ressaltando ainda a sua preocupação com o cumprimento do prazo de entrega da Linha 4..Para o deputado Nivaldo Santana (PT-SP), a concessão da nova linha dentro das cláusulas do edital se constitui em um negócio da China para a empresa vencedora da licitação. O governo do estado vai destinar 77% do montante total para a realização do projeto, cerca de US$ 1,26 bilhão, enquanto o investidor privado aplicará 23% restantes (US$ 340 milhões) e ainda será beneficiado com toda a receita tarifária, contesta. O advogado do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários de São Paulo e responsável pelo processo, Paulo Cunha, informa que pela lei eleitoral o prazo máximo para a contratação de obras, serviços e sistemas pela administração pública é até o dia 1º de julho. Pode ser que não haja tempo suficiente para a conclusão do processo de licitação. A abertura das propostas ocorre 30 dias após a liberação do edital pelo TCESP, adverte. Pleno vapor As obras da Linha 4 contam com 27 frentes de trabalho e mobilizam 2.500 homens para a construção das sete estações previstas na primeira fase do projeto: República, Paulista, Faria Lima, Largo da Batata, Pinheiros, Butantã, e o pátio de Vila Sônia. As estações construídas na primeira etapa são fundamentais para a integração com as outras linhas do metrô, a CPTM e os ônibus, diz Salvadori. O diretor ressalta que a Estação Largo da Batata não estava prevista no projeto original. Graças ao interesse da prefeitura pela reabilitação e melhoria da qualidade urbana da região, a construção da estação foi Poço de acesso da futura Estação Luz, que vai ligar a área central de São Paulo à região sudoeste, em Vila Sônia, no município de Taboão da Serra incluída em nosso cronograma. Segundo ele, a prefeitura fez um aporte de US$ 40 milhões para a construção da Estação Largo da Batata. Já o pátio de Vila Sônia para o estacionamento e manutenção dos trens será construído em duas etapas. Cerca de 30% das obras do pátio serão concluídas ainda na primeira fase. A estação será responsável pela integração com o terminal rodoviário municipal e intermunicipal A segunda etapa do projeto terá início com a construção das estações de Higieanópolis, Oscar Freire, Fradique Coutinho, Morumbi São Paulo, além da conclusão do pátio de Vila Sônia. Iniciadas em março de 2004, as obras da primeira e segunda fase têm prazo de conclusão em dezembro de 2008. O custo total do projeto é de US$ 1,26 bilhão, sendo US$ 340 milhões financiados pela iniciativa privada. A construção da Linha 4 está a cargo do consórcio Via Amarela (Camargo Correa, Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão). A Alstom e a Siemens são as responsáveis pela parte de sistemas. Ainda nesse semestre devemos iniciar a montagem da máquina shield, mas conhecida como Tatuzão, para a perfuração de túneis duplos. A empresa alemã Herrenknecht está desenvolvendo o equipamento, diz o diretor. n Divulgação 18 Revista Ferroviária - Maio 2006

Notícias Ferroviárias Receita denuncia FCA Alfândega de Vitória dá como certa a apreensão definitiva das 19 locomotivas SD 40 usadas, cuja operação de compra foi considerada irregular Divulgação Desembarque da locomotiva SD 40 da FCA, em Vitória (ES) A Receita Federal encaminhou à Procuradoria da República no início de abril uma denúncia da Alfândega de Vitória contra a FCA solicitando a abertura de processo penal por conta da importação irregular de 19 locomotivas SD-40 usadas, no período entre janeiro e maio de 2005. A operação foi intermediada pela Corema S/A Empresa de Comércio e Exportação, trading company brasileira; pela Corema International Inc, com sede nas Ilhas Virgens, e pela Trop Cia. de Comércio Exterior, empresa habilitada ao incentivo fiscal do Fundap Fundo de Desenvolvimento de Atividades Portuárias concedido pelo governo do Espírito Santo. Em setembro passado, em função do mesmo negócio, a Alfândega de Vitória solicitou a inaptidão (encerramento de atividades) da Corema. Em 31 de março a Receita Federal suspendeu o CNPJ da empresa. Segundo o auto de infração da Alfândega movido contra a FCA (o mesmo auto que deu origem à denúncia junto à Procuradoria da República), a importação das locomotivas foi feita de forma simulada com o objetivo de ocultar o real comprador e o real vendedor, configurando-se a interposição fraudulenta na importação, ato punível com a pena de perdimento 20 Revista Ferroviária - Maio 2006