Questões jurídicas e regulatórias das concessões

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Transcrição:

Introdução Questões jurídicas e regulatórias das concessões Concessões do Setor Público de Energia Elétrica Porto Alegre, 5 de outubro 2009 Guilherme Pereira Baggio

Introdução 1) delimitação do tema compreensão exata do objeto da discussão a) Concessões de Serviço Público ( de UBP); b) Concessões licitadas, posteriores à 1988 (8.987); c) Concessões licitadas, oriundas da privatização (art. 27 da 9.074); d) Concessões antigas, mas que ainda podem ser prorrogadas (art. 19 da 9.074). 2) Revogação do disposto no art. 27 da Lei 9.427 3) Perspectiva constitucional

Plano Parte I Limite Constitucional à Prorrogação de Concessões de SP a) Direito positivo; b) Precedentes do STF. Parte II Os SPs e a finalidade das empresas estatais a) Estatais Federais; b) Estatais Estaduais, Distrital e Municipais.

Direito Constitucional Positivo Premissa adotada (mas que será logo adiante discutida): estatal é uma concessionária (atua conforme o disposto no art. 173 da CF) Limite: licitação Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Art. 37 (...) XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes (...)

Precedentes do STF 1) Primeiro Julgado: ADIN 118, de 1989: Constituição do Estado da Paraná Rel. Min. Aldir Passarinho Art. 146 Incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. (...) 3º - Às empresas que já prestaram com tradição serviço de transporte coletivo de passageiros, por ato delegatório de qualquer natureza, expedido pelo Estado do Paraná, e com prazo de vigência vencido ou por vencer, fica assegurado o direito de dar continuidade aos mesmos serviços que vinham prestando, mediante prorrogações ou renovações das respectivas delegações (...)

Precedentes do STF 2) Segundo Julgado: HC 84.137-6 RS (outubro de 2005) Cachoeira do Sul Rel. Min. Carlos Velloso Lei 8.666/93: Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade: Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público.

Precedentes do STF 3) Terceiro Julgado: ADIN 3.521-5 PR Relator Min. Eros Roberto Grau (setembro de 2006) Art. 42. Os instrumentos de delegação da prestação dos serviços públicos de competência da Agência, em vigor na data de publicação desta Lei, permanecem vigentes e submetem-se, para todos os fins, ao poder de regulação e fiscalização da Agência. Art. 43. As empresas que, na data da instalação da Agência, detentoras de outorgas vencidas e/ou com caráter precário ou que estiver em vigor com prazo indeterminado, terão as mesmas mantidas, sem caráter de exclusividade, pelo prazo previsto no art. 98 do Decreto Federal n. 2.521 de 20 de março de 1988, em atendimento ao disposto no art. 42, par. 2º da Lei Federal 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, e adaptados aos princípios norteadores da Agência.

Precedentes do STF O texto da Constituição do Brasil é claro: [i]ncumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos (art. 175, caput). Não obstante, a Lei paranaense permite que o vínculo que relaciona as empresas que atualmente prestam serviços públicos com a Administração estadual seja mantido, ainda que essa prestação se dê em condições irregulares. As permissões ou autorizações exauridas devem ser extintas e as irregulares revogadas. Poder-se-ia dizer que o preceito busca garantir a segurança jurídica e a continuidade do serviço público.mas não há respaldo constitucional que justifique a prorrogação desses atos administrativos além do prazo razoável para a realização dos devidos procedimentos licitatórios. Segurança jurídica não pode ser confundida com conservação do ilícito. Não é para tanto que ela se presta. (Min. Relator, p. 348)

Os SP e a finalidade das estatais 1. Estatal Federal: longa manus do Estado; a) Prestação direta: art. 175; b) Outorga (Delegação). 2. Estatais Estaduais e Municipais: gestão associada de SPs. Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Fim! Guilherme Pereira Baggio Kaercher e Baggio Sociedade de Advogados 61 33061511/33262153/81892005/93032013 www.kbadvogados.com.br