CORRELAÇÃO ENTRE PROBLEMAS EMOCIONAIS E DE COMPORTAMENTO NA INFÂNCIA E O CLIMA FAMILIAR. Aluna: Catherine Marques Orientadora: Juliane Callegaro Borsa

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Transcrição:

CORRELAÇÃO ENTRE PROBLEMAS EMOCIONAIS E DE COMPORTAMENTO NA INFÂNCIA E O CLIMA FAMILIAR Aluna: Catherine Marques Orientadora: Juliane Callegaro Borsa Introdução Diferentes modelos teóricos procuram compreender os comportamentos agressivos na infância, dentre eles o modelo sistêmico de Bronfrenbrenner, denominado Teoria Bioecológica (BRONFRENBRENNER, 1996). Nele, o autor propõe que o desenvolvimento humano seja estudado dando ênfase ao ambiente, porém, de forma interrelacionada com outras três áreas: o processo, a pessoa e o tempo (POLETTO & KOLLER, 2008). A partir desse modelo, estudos mostram que alguns fatores do clima familiar podem colaborar para o surgimento de comportamentos agressivos, como as características de personalidade dos pais, fatores estressores no âmbito familiar, suporte emocional inadequado e baixo nível socioeconômico familiar (GRANIC & PATTERSON, 2006; TREMBLAY et al., 2004). Estudos indicam resultados de alta prevalência de problemas emocionais e comportamentais na infância (BORSA, SOUZA & BANDEIRA, 2011) e alertam que esses comportamentos, ao longo de seu desenvolvimento, podem dificultar a adaptação da criança ao ambiente, resultando em prejuízos para a mesma (FLEITLICH & GOODMAN, 2002). Especificamente no que se refere à família, o clima familiar é considerado um fator importante para a promoção de comportamentos prossociais e para a redução dos problemas de comportamento na infância (LEUSIN, PETRUCCI & BORSA, no prelo). Segundo Teodoro et al. (2009), o clima familiar é composto por quatro dimensões: conflito, hierarquia (polo negativo), apoio e coesão (polo positivo). Já os problemas de comportamento na criança podem ser definidos como internalizantes, que se caracterizam como distúrbios pessoais, ansiedade, retraimento, depressão, sentimento de inferioridade e problemas externalizantes, que envolvem características de desafio, impulsividade, agressão, hiperatividade, favorecendo os conflitos com o ambiente (ACHENBACH et al., 2008). Objetivo O objetivo geral deste estudo é investigar a relação dos problemas emocionais e comportamentais infantis com o clima familiar em uma amostra de crianças de escolas

públicas e privadas do Rio de Janeiro. Os objetivos específicos são: (a) investigar a relação de comportamentos internalizantes com o clima familiar, (b) investigar a relação de comportamentos externalizantes com o clima familiar. Metodologia Participantes Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e transversal. A amostra foi composta por 237 mães, pais ou cuidadores de meninos (n = 110; 46,4%) e meninas (n = 127; 53,6%), com idades variando entre 7 e 13 anos (M = 9,35; DP = 1,33), matriculadas em escolas públicas (n = 114; 48,1%) e privadas (n = 123; 51,9%) do ensino fundamental do Rio de Janeiro. Dentre os respondentes, 168 (70,6%) eram mães, 39 (16,4%) eram pais e 30 (13%) não informaram o grau de parentesco com a criança. Instrumentos Os dados foram obtidos por meio de duas escalas respondidas pelos pais. A primeira foi o Inventário do Clima Familiar ICF (Teodoro et al., 2009). O ICF é composto de 22 itens que avaliam a percepção dos pais acerca das características das relações familiares a partir de quatro fatores: conflito, hierarquia; apoio e coesão. Já a segunda foi o Child Behavior Checklist CBCL 6/18 (Achenbach, 2001), questionário destinado aos pais/mães ou cuidadores para que forneçam respostas referentes aos problemas emocionais e comportamentais de crianças com idade entre 6 e 18 anos. Esse instrumento é composto de 138 itens, sendo 20 para avaliação da competência social da criança e 118 para avaliação dos problemas de comportamento. Os itens estão distribuídos em onze escalas que correspondem a diferentes problemas emocionais/comportamentais da criança. Três dessas escalas (Atividades, Social, Escolar) compõem a Escala de Competência Social. As outras oito escalas (Ansiedade-Depressão, Isolamento- Depressão, Queixas Somáticas, Problemas Sociais, Problemas de Pensamento, Problemas de Atenção, Comportamento de Quebrar Regras/Delinquencial, Comportamento Agressivo) compõem a Escala Total de Problemas de Comportamento. Para este estudo foram usadas apenas as oito escalas que compõem a Escala Total de Problemas de Comportamento. Procedimentos éticos e de coleta de dados

O presente estudo é parte do projeto Prevalência dos comportamentos agressivos em escolas da cidade do Rio de Janeiro, que foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) (CAEE: 57966816.3.0000.5282). A coleta de dados consistiu na aplicação (presencial) de um protocolo de instrumentos com as crianças e também do envio de um protocolo de instrumentos para seus pais ou responsáveis, com o objetivo de conhecer a prevalência de comportamentos agressivos em estudantes do Rio de Janeiro. Especificamente para este estudo, foram utilizados apenas os dados advindos dos questionários respondidos pelos pais, sendo eles o ICF e CBCL. Os participantes foram informados sobre o objetivo e procedimentos da pesquisa, bem como da privacidade e confidencialidade dos dados e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Procedimento de análise de dados Para fins de análise de dados, foram realizadas correlações de Pearson entre os quatro fatores do ICF e os oito fatores do CBCL. Resultados Os resultados indicaram que o polo negativo do ICF (conflito e hierarquia) apresentou correlações positivas com todos os problemas emocionais/comportamentais das crianças. Já o polo positivo (apoio e coesão) apresentou correlações negativas com os fatores isolamento-depressão (ID) queixas somáticas (QS) e problemas de atenção (PA). Esses resultados corroboram os resultados de Teodoro et al. (2014), os quais indicaram que uma maior intensidade de sintomas internalizantes e externalizantes está positivamente relacionada com baixo apoio e baixa coesão, além de altos níveis de conflito e hierarquia familiar. Tabela 1. Correlação entre o Inventário de Clima Familiar e o Child Behavior Checklist Variáveis Conflito Hierarquia Apoio Coesão AD 0,31 ** 0,18 ** -0,00-0,09 ID 0,15 * 0,15 * -0,16 * -0,17 ** QS 0,23 ** 0,16 * -0,21 ** -0,27 ** PS 0,35 ** 0,24 ** -0,07-0,11

PP 0,31 ** 0,16 * -0,12-0,14 * PA 0,44 ** 0,27 ** -0,21 ** -0,25 ** CQR 0,35 ** 0,23 ** -0,02-0,10 CA 0,47 ** 0,24 ** -0,01-0,15 * Nota: AD ansiedade-depressão; ID isolamento-depressão; QS queixas somáticas; PS Problemas sociais; PP problemas de pensamento; PA problemas de atenção; CQR comportamento de quebrar regras; CA comportamento agressivo; * p < 0,05; ** p < 0,01. Conclusão A literatura tem se dedicado a compreender que variáveis individuais e contextuais estão associadas ao desenvolvimento dos problemas emocionais e comportamentais na infância (ASSIS, AVANCI & OLIVEIRA, 2009; BORDIN et al., 2009). Conclui-se que o clima familiar pode atuar como um importante fator de risco ou de proteção, para o desenvolvimento infantil e especificamente para o surgimento de problemas de comportamento. E entende-se por fatores de proteção, as variáveis que favorecem o desenvolvimento saudável, mesmo quando a criança vivencia eventos estressores ou negativos, isto é, todos os recursos pessoais e contextuais que auxiliam a reduzir ou neutralizar os efeitos negativos presentes no ambiente (SILVA, 2003). Por outro lado, os fatores de risco são a alta probabilidade que um indivíduo tem de sofrer, no futuro, um dano em sua saúde (SARUE, BERTONI & CERRANO 1984), ou seja, características que expõem a criança a resultados adversos, impactando de forma negativa seu desenvolvimento (ASSIS et al., 2009; GAUY & ROCHA, 2014). Este estudo então, procurou conhecer problemas emocionais e comportamentais infantis e sua relação com o clima familiar. Referências BENETTI, S.P.C et al. Problemas de saúde mental na adolescência: características familiares, eventos traumáticos e violência. Psico-USF, vol.15, n.3, p. 321-332, 2010. BOLSONI-SILVA, A.T; LOUREIRO, S.T & MARTURANO, E.M. Comportamentos internalizantes: associações com habilidades sociais, práticas educativas, recursos do ambiente familiar e depressão materna. Psico, Porto Alegre, v. 47, n. 2, p. 111-120, 2016.

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