MOTIVOS PARA A PRÁTICA DA CORRIDA DE RUA ORIENTADA E NÃO ORIENTADA POR PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA



Documentos relacionados
Dedico este trabalho às minhas filhas à minha esposa pelo apoio em todos os projetos. iii

A Sustentabilidade na perspectiva de gestores da qualidade

MEDO DE QUEDA EM IDOSOS SUBMETIDOS À CIRURGIA DE CATARATA

INFLUÊNCIAS DA KINESIOTAPING NO DESEMPENHO DO SALTO EM DISTÂNCIA, EM INDIVÍDUOS SADIOS JOVENS

PLANEJAMENTO ANUAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA ENSINO MÉDIO INTRODUCÃO

OS CONHECIMENTOS DE ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA IMPLICAÇÃO PARA A PRÁTICA DOCENTE

INSTITUTO SUPERIOR MIGUEL TORGA ESCOLA SUPERIOR DE ALTOS ESTUDOS

ANSIEDADE NOS MERGULHADORES PROFISSIONAIS ANTES DOS MERGULHOS.

ATIVIDADE FÍSICA, ESTADO NUTRICIONAL E PREOCUPAÇÕES COM A IMAGEM CORPORAL EM ADOLESCENTES

Carga Horária :144h (07/04 a 05/09/2014) 1. JUSTIFICATIVA: 2. OBJETIVO(S):

GINÁSTICA FUNCIONAL: IMPACTOS NA AUTOESTIMA E AUTOIMAGEM DE IDOSOS DA UNIVERSIDADE ABERTA À MATURIDADE

Niklis. A Estratégia Clube, é uma Empresa do Grupo Chebatt &

ANÁLISE DE RELATOS DE PAIS E PROFESSORES DE ALUNOS COM DIAGNÓSTICO DE TDAH

Distribuição Eletrônica na Hotelaria: Desenvolvimento de Serviços para a Internet

VARIAÇÃO DA AMPLITUDE TÉRMICA EM ÁREAS DE CLIMA TROPICAL DE ALTITUDE, ESTUDO DO CASO DE ESPIRITO SANTO DO PINHAL, SP E SÃO PAULO, SP

EDUCAÇÃO FÍSICA PARA PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS (PNEE): construindo a autonomia na escola

ESTUDO DOS FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS DO ENSINO NAS PRODUÇÕES ACADÊMICAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO: O CASO DA UNICAMP

INTERESSE DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO PELAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

BAILANDO NA TERCEIRA IDADE: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A DANÇA EM UMA ASSOCIAÇÃO DE IDOSOS DE GOIÂNIA/GO

ESTRESSE OCUPACIONAL E BURNOUT EM PROFISSIONAIS QUE ATUAM NAS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE ITAJAÍ

UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

DESENVOLVIMENTO DA RESPIRAÇÃO AQUÁTICA EM CRIANÇAS DE 3 A 4 ANOS PRATICANTES DE NATAÇÃO

CURSO PRÉ-VESTIBULAR UNE-TODOS: CONTRIBUINDO PARA A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO *

EXPLORANDO ALGUMAS IDEIAS CENTRAIS DO PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS ENSINO FUNDAMENTAL. Giovani Cammarota

SÍNDROME DE DOWN E A INCLUSÃO SOCIAL NA ESCOLA

CRISTOVÃO PEDRO MAIA

Resumo. pela presença extra, total ou parcial, do cromossoma 21. Assim, existe uma alteração

Desenvolvimento Pessoal e Social em Desporto. O Domínio Sócio-Afectivo

O DESAFIO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM PATOS, PARAÍBA: A PROFICIÊNCIA DOS ALUNOS DE ESCOLAS PÚBLICAS DE PATOS

PERCEPÇÃO DOS GESTORES ESCOLARES SOBRE A UTILIZAÇÃO DO MODO À PÉ PARA ACESSO DOS ALUNOS À ESCOLA

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM CONTABILIDADE, ECONOMIA E FINANÇAS GEORGE PINHEIRO RAMOS

VESTIBULAR: Uma escolha profissional que interliga a família e a escola

A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS E JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

INSTITUTOS SUPERIORES DE ENSINO DO CENSA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PROVIC PROGRAMA VOLUNTÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

ANÁLISE DO NÍVEL DE ESTRESSE E ANSIEDADE EM BAILARINAS DO 28º FESTIVAL DE DANÇA DE JOINVILLE

PERCEPÇÃO DO CONHECIMENTO DE PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA E ACOMPANHAMENTO DE ATIVIDADES VOLTADAS À SAÚDE DO COLETIVO

A INFLUÊNCIA DA PRÁTICA DO JUDÔ NO BENEFÍCIO DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Revista Perspectiva. 2 Como o artigo que aqui se apresente é decorrente de uma pesquisa em andamento, foi possível trazer os

RELATÓRIO DE ATIVIDADE CURSO DE INICIAÇÃO POLÍTICA ETEC-CEPAM

ARTIGO IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA DO ESPORTE PARA TREINADORES

SOCIEDADE DE EDUCAÇÃO DO VALE DO IPOJUCA SESVALI FACULDADE DO VALE DO IPOJUCA FAVIP DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

AVALIAÇÃO SOBRE A COLETA SELETIVA EM ESCOLAS MUNICIPAIS DE APUCARANA PR

Clínica e Festival Mini Atletismo IAAF/CAIXA/CBAt

ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL EM SAÚDE OCUPACIONAL E GINÁSTICA LABORAL O

PESQUISA DE MERCADO: PERFIL DE CONSUMIDORES DE PRODUTOS LÁCTEOS (IOGURTE, MANTEIGA E QUEIJO) NO MUNICÍPIO DE CONTAGEM MG

INVESTIMENTOS HOTELEIROS EM CABO VERDE: O CASO DO RIU HOTELS & RESORTS

Sumário Executivo Pesquisa Quantitativa Regular. Edição n 05

Recursos Hídricos. Análise dos dados do Programa Prospectar. Anexo IV. Prospecção Tecnológica

Resgate histórico do processo de construção da Educação Profissional integrada ao Ensino Médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA)

1. Introdução. 1.1 Apresentação

O COACHING É UM PROCESSO ESTIMULANTE E CRIATIVO entre coach e cliente que inspira

ENSINO DA TERMINOLOGIA DO TURISMO: BUSCA DOS TERMOS EM INGLÊS RELATIVOS A EQUIPAMENTOS USADOS EM TÉCNICAS VERTICAIS PARA ELABORAÇÃO DE GLOSSÁRIO

ISO Aécio Costa

Dos 1004 alunos que frequentavam as aulas de Educação Física, um em cada cinco, tinham excesso de peso ou obesidade.

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE EXERCÍCIO DE IDOSOS COM LOMBALGIA E SUA INTERFERÊNCIA NA QUALIDADE DE VIDA

2009/04 - Pesquisa sobre Metodologias de Desenvolvimento de Sistemas

Heloisa Iara Colchete Provenzano. Personalidade e Risco: Um estudo em Finanças Comportamentais. Dissertação de Mestrado

RESOLUÇÃO. Bragança Paulista, 30 de maio de Prof. Milton Mayer Presidente

PROCESSO DE TRABALHO GERENCIAL: ARTICULAÇÃO DA DIMENSÃO ASSISTENCIAL E GERENCIAL, ATRAVÉS DO INSTRUMENTO PROCESSO DE ENFERMAGEM.

Dimensionando uma Frota Heterogênea de Veículos Ótima em Tamanho e Composição

Indicadores de Rendimento do Voluntariado Corporativo

Aula 1. Introdução à Avaliação Econômica de Projetos Sociais

Universidade Estadual do Centro-Oeste Reconhecida pelo Decreto Estadual nº 3.444, de 8 de agosto de 1997

MAUS TRATOS NA POPULAÇÃO IDOSA INSTITUCIONALIZADA

ANÁLISE DO ALINHAMENTO ENTRE O BALANÇO SOCIAL E O RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE DOS TRÊS MAIORES BANCOS EM ATIVIDADE NO BRASIL

Como Elaborar Um Projeto de Pesquisa

Aspectos Metodológicos dos Relatórios por tribunal do Censo do Poder Judiciário

Universidade da Beira Interior Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Departamento de Psicologia e Educação

ENSINO E APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA ESCOLAR: (RE) CONSTRUINDO CAMINHOS PARA O DESENVOLVIMENTO DE ATITUDES POSITIVAS EM RELAÇÃO À GEOMETRIA

Uso de suplementos nutricionais por idosos praticantes de atividades físicas em Bambuí e Uberaba.

Curso de Especialização em GERENCIAMENTO DE PROJETOS

O setor de psicologia do Colégio Padre Ovídio oferece a você algumas dicas para uma escolha acertada da profissão. - Critérios para a escolha

Colégio Cenecista Dr. José Ferreira

COMISSÃO PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO DA FACULDADE ARAGUAIA

Curso de Especialização em EDUCAÇÃO INCLUSIVA, ESPECIAL E POLÍTICAS DE INCLUSÃO

PREFEITURA MUNICIPAL DE CHOPINZINHO PR SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE GESTÃO

FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO PRÁTICAS DE EXERCÍCIOS FÍSICOS NO LAGO JABOTI

ESTRUTURA CURRICULAR DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MBA EM GESTÃO DE PESSOAS, LIDERANÇA E COACHING

11 de maio de Análise do uso dos Resultados _ Proposta Técnica

OTRABALHO NOTURNO E A SAÚDE DO TRABALHADOR: ESTUDO EXPLORATÓRIO EM TAUBATÉ E SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

NCE/15/00099 Relatório preliminar da CAE - Novo ciclo de estudos

softwares que cumprem a função de mediar o ensino a distância veiculado através da internet ou espaço virtual. PEREIRA (2007)

II. Atividades de Extensão

PRÁTICA PROFISSIONAL INTEGRADA: Uma estratégia de integração curricular

A Matemática no Atletismo E.E.I.Carlos Maximiliano Pereira dos Santos Sala 14 / 2ª. Sessão

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS LICENCIATURA PLENA EM QUÍMICA. Nome do(s) autor(es)

Pesquisa: Monitoramento de Mercado sobre o uso de recursos de Tecnologia da Informação em Escritórios de Contabilidade

1 Introdução. Lei Nº , de 20 de dezembro de Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

A EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO: TENDÊNCIAS PARA O INÍCIO DA PRÓXIMA DÉCADA. 18º Seminário Profuturo.

RELATÓRIO AUTO-AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL FACULDADE POLITÉCNICA DE UBERLÃNDIA

RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: A INCLUSÃO DE PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIAS NO MERCADO DE TRABALHO

Larissa Florido Hernandes Quintans Instituto de Psicologia 10º Período

Profissionais de Alta Performance

Pensamento. Não se envelhece, enquanto buscamos." (Jean Rostand)

MARCELO CHAVES ARAGÃO A AVALIAÇÃO DE CONTROLES INTERNOS PELAS AUDITORIAS DO TCU

AVALIAÇÃO DO CURSO DE TURISMO

Transformando a pergunta de pesquisa em estratégia de busca. Elisabeth Biruel BIREME/OPAS/OMS

Transcrição:

Recebido em: 31/8/2010 Emitido parece em: 14/9/2010 Artigo original MOTIVOS PARA A PRÁTICA DA CORRIDA DE RUA ORIENTADA E NÃO ORIENTADA POR PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA Pablo Ribeiro Casadio, Tiago Peçanha de Oliveira, Emerson Filipino Coelho. RESUMO INTRODUÇÃO: A literatura científica é incipiente a respeito dos motivos que levam a busca pela prática da corrida de rua. Alguns fatores podem interferir nos motivos para a busca da corrida de rua. Dentre eles, a presença do treinador merece destaque. É possível que indivíduos orientados por profissionais diferenciem-se de seus pares não-orientados quanto aos motivos para prática regular da corrida de rua. Por conta disso, o presente estudo objetivou comparar os motivos de início e persistência para a prática de atividades físicas em indivíduos orientados e não-orientados por profissionais de educação física. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Participaram do estudo 24 indivíduos (22 à 76 anos), de ambos os sexos, que praticam corrida de forma amadora, há mais de um ano, sendo enquadrados em dois grupos: orientados (GO) e não-orientados (GNO). Para verificação dos motivos de início e manutenção para a prática da corrida, os indivíduos responderam às sub-escalas de início e persistência do Questionário de Motivos Esportivos (MINCA) (CARMO et al., 2008). Para a análise dos dados, atribuíram-se valores referentes ao nível de concordância para cada motivo apresentado no questionário, calculando, assim o valor de escore de concordância para cada motivo. A partir disso, selecionaram-se os três motivos (ou mais, caso houvesse empate) de maior escore de concordância médio em cada grupo. Comparou-se também o escore médio de todas as questões das duas sub-escalas, entre os dois grupos. Para comparação dos escores médios calculados, entre os grupos, foi realizado teste T para medidas independentes. Para isto, utilizou-se o software Statistica 6.0. RESULTADOS: Os motivos de início e manutenção mais relevantes nos grupos formados estão destacados nas figuras 1 e 2. Observou-se que ambos os grupos destacaram as questões 2, 4 e 15 para início da prática da corrida. Em relação aos motivos de persistência, enquanto que o GO destacou como mais relevante as questões 1, 4, 6 e 16; o GNO destacou as questões 4, 5, 6, 10 e 11. Quando comparados os escores de todas as questões, observou-se diferença estatisticamente significativa nas questões 4 e 11, da subescala de início, com o GNO apresentando maiores escores. Em relação à subescala de persistência, os grupos diferiram estatisticamente nas questões 1 e 16, com o GO apresentando os maiores escores. CONCLUSÃO: A partir da análise dos resultados, pôde-se observar que, em grande maioria, os motivos de início e persistência para a prática da corrida são similares entre os grupos. Palavras-chave: Corrida de rua, psicologia do esporte, motivos para a prática de exercício físico. REASONS FOR PRACTICE OF RUNNING-ROAD RACES IN PEOPLE-ORIENTED AND NON-ORIENTED BY PHYSICAL EDUCATION PROFESSIONALS ABSTRACT INTRODUCTION: The scientific literature is just beginning about the reasons why the search for the practice of running-road races. Some factors can interfere with the reasons for the pursuit of running. Among them, the presence of the coach deserves. It is possible that individuals targeted by professionals differentiate themselves from their non-instructed about the reasons for regular practice of running-road races. Because of this, the present study aimed to compare the reasons for starting and continuing to practice physical activities in people-oriented and non-oriented physical education professionals. METHODOLOGICAL DESCRIPTION: The study included 24 subjects (22 to 76 years) of both sexes who practice race as amateurs, for over a year, being grouped in two groups: oriented (GO) and non-oriented (GNO). For verification of the reasons for initiation and maintenance for the running, individuals responded to the sub-scales of initiation and persistence of the Questionnaire of Sports Grounds (MINC) (CARMO et al., 2008). For data analysis, values were assigned for the level of agreement for each reason given in the questionnaire, calculating, so the value of a score of agreement for each reason. From this, we selected the three reasons (or more if there was a tie) for highest scoring average in each 165

group agreement. Was also compared the average score of all questions of the two sub-scales between the two groups. To compare the mean scores calculated between groups, t test was performed for independent measures. For this, we used the software Statistica 6.0. RESULTS: The reasons for initiation and maintenance in more relevant groups formed are highlighted in Figures 1 and 2. It was observed that both groups highlighted the two issues, 4 and 15 to start the practice of race. Regarding the reasons for persistence, while the GO highlighted as most relevant questions 1, 4, 6 and 16; GNO highlighted the questions 4, 5, 6, 10 and 11. When comparing the scores of all questions, there was a statistically significant difference in questions 4 and 11, the first subscale, with higher scores showing GNO. Regarding the subscale of persistence, the groups differed significantly on questions 1 and 16, with GO showing the highest scores. CONCLUSION: Based on the analysis of results, it was observed that a large majority, the reasons for starting and continuing to running were similar between groups. Keywords: Running-road races, psychology exercise, reasons for the exercise practice. INTRODUÇÃO A motivação intrínseca para a prática de exercícios físicos caracteriza-se pela força psíquica que leva o atleta a empenhar-se em uma atividade por vontade própria, não dependendo de fatores externos (MIRANDA e FILHO, 2008). Diversos motivos justificam o início e a manutenção da prática de exercícios físicos. Destacam-se tanto motivos intrínsecos quanto motivos extrínsecos como a necessidade do controle do peso, redução dos riscos de doenças cardiovasculares, a redução no estresse e na depressão, satisfação, construção da autoestima e a socialização. A busca pela compreensão destes motivos é importante para entender por que as pessoas se exercitam e para que os profissionais da área possam traçar estratégias para otimizar e gerar adesão a prática de exercícios físicos (WEINBERG E GOULD, 2001). A corrida é um movimento básico, assim como andar e saltar, sendo um gesto inerente ao homem (FERNANDES, 1979). Dentro das modalidades que envolvem a prática da corrida, destaca-se a corrida de rua. Tal modalidade, nos dias atuais, vem sendo amplamente difundida e praticada, sendo considerada, segundo Dallari (2009), um fenômeno sociocultural contemporâneo. Em todo o mundo, segundo Dallari (2009), ocorreram nos últimos 25 anos, aumentos periódicos no número de corridas. De 1982 à 2005 foram realizadas mais de 2500 corridas no mundo, sob os cuidados da AIMS (ASSOCIANTION OF INTERNATIONAL MARATHONS AND ROAD RACES) (Tabela 1). No Brasil, especificamente no estado de São Paulo, de 2001 a 2008, o número de corridas de rua saltou de 11 para 231 (DALLARI, 2009) (Tabela 2). Tabela 1. Corridas no Mundo. Provas reconhecidas pela AIMS (ASSOCIATION OF INTERNATIONAL MARATHONS AND ROAD RACES) Ano Número de Provas 1982 34 1985 47 1990 86 1995 115 2000 137 2005 218 Dallari, 2009. 166

Tabela 2. Corridas no estado de São Paulo. Número de provas na Cidade de São Paulo Ano Número de provas 2001 11 2002 17 2003 34 2004 107 2005 166 2006 178 2007 195 2008 231 Dallari, 2009. A literatura científica é incipiente a respeito dos motivos que levam a busca pela prática da corrida de rua. Segundo Salgado e Chacon-Mikahil (2006), a busca pela prática da corrida de rua se inicia por diversos interesses, que envolvem desde a promoção da saúde, a estética, a integração social, a fuga do estresse da vida moderna e a busca de atividades prazerosas ou competitivas. Em um estudo similar, Trucollo et al., (2008), encontraram resultados similares. Neste estudo foram encontrados os seguintes motivos para adesão à grupos de corrida: melhora do condicionamento físico e saúde, melhora da aparência física, apreciar estar ao ar livre, aumento da autoestima, diminuição da ansiedade e redução do estresse. Alguns fatores podem interferir nos motivos para a busca da corrida de rua. Dentre eles, a presença do treinador merece destaque. Enquanto algumas pessoas optam pela prática da corrida de rua sem orientação por parte de um especialista, outras procuram a orientação de assessorias esportivas ou de treinadores particulares, segmentos recentes dentro do mercado da atividade física. É possível que indivíduos orientados por profissionais diferenciem-se de seus pares não-orientados quanto aos motivos para prática regular da corrida de rua. Por conta disso, o presente estudo objetivou comparar os motivos de início e persistência para a prática de atividades físicas em indivíduos orientados e não-orientados por profissionais de educação física. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA AMOSTRA Participaram do estudo 24 indivíduos (22 à 76 anos), de ambos os sexos, que praticam corrida de forma amadora, há mais de um ano, sendo enquadrados em dois grupos: orientados (GO) e nãoorientados (GNO) (Tabela 3). Tabela 3. Caracterização da amostra. Grupo N Idade (anos) Tempo de prática (anos) GO 12 42,6 ± 12 7,5 ± 9 GNO 12 46,3 ± 15 12,4 ± 11 167

PROTOCOLOS UTILIZADOS Para verificação dos motivos de início e manutenção para a prática da corrida, os indivíduos responderam às sub-escalas de início e persistência do Questionário de Motivos Esportivos (MINCA) (CARMO et al., 2008). Para a análise dos dados, atribuíram-se valores referentes ao nível de concordância para cada motivo apresentado no questionário, calculando, assim o valor de escore de concordância para cada motivo. A pontuação para o cálculo dos escores ocorreu da seguinte forma: um ponto para total desacordo ; dois pontos para pouco de acordo ; três pontos para de acordo ; quatro pontos para muito de acordo ; e cinco pontos para totalmente de acordo. A partir das respostas, calculou-se os escores para cada motivo. Com isto, foi possível calcular o escore médio de cada motivo, para cada grupo. Para identificação dos principais motivos de início e manutenção, selecionaram-se os três motivos (ou mais, caso houvesse empate) de maior escore de concordância médio em cada grupo. Além disso, comparou-se o escore médio de todas as questões das duas sub-escalas, entre os dois grupos. TRATAMENTO ESTATÍSTICO Para comparação dos escores médios calculados, entre os grupos, foi realizado teste T para medidas independentes. Para isto, utilizou-se o software Statistica 6.0. RESULTADOS O escore médio dos motivos de início e manutenção estão destacados nas Figuras 1 e 2. Em relação à sub-escala de início, observou-se diferença estatisticamente significativa nas questões 4 ( se pratica no bairro) e 11 ( ter amigos que praticam este ), com o GNO apresentando maiores escores. Em relação à sub-escala de persistência, os grupos diferiram estatisticamente nas questões 1 ( meu treinador me estimula a continuar ) e 16 ( me dou bem com o meu treinador ), com o GO apresentando os maiores escores. Quanto aos principais motivos para o início e a persistência da prática da corrida, observou-se que ambos os grupos destacaram as questões 2 ( Superar a mim mesmo ), 4( Se pratica no bairro ) e 15( Divertir-me ) para início da prática da corrida. Em relação aos motivos de persistência, enquanto que o GO destacou como mais relevante as questões 1( O meu treinador me estimula a continuar ), 4( Com o esporte melhoro a minha imagem física ), 6( Praticando esporte melhoro fisicamente ) e 16( Me dou bem com o meu treinador ); o GNO destacou as questões 4 (idem anterior), 5( Os resultados dependem unicamente de mim ), 6 (idem anterior), 10( O esporte me permite melhorar as capacidades mentais ) e 11( O esporte me serve de válvula de escape ). Figura 1. Motivos de início para a prática de corrida (* p<0,05). 168

Figura 2. Motivos de manutenção para a prática da corrida (* p<0,05) DISCUSSÂO E CONCLUSÃO A partir da análise dos resultados, pôde-se observar que, em grande maioria, os motivos de início e persistência para a prática da corrida são similares entre os grupos. A análise estatística demostrou diferenças, quanto aos motivos de início, apenas nas questões 4 e 11, relativas à acessibilidade para a prática e à presença de amigos no referido esporte; ambas com maiores níveis de importância no GNO. Quanto aos motivos de persistência, as diferenças encontradas referem-se exclusivamente à participação do treinador, observada obviamente apenas no GO. Observou-se também que os principais motivos para o início da prática de corrida são similares entre os grupos. Em relação aos motivos de persitência, há concordância quanto ao interesse de melhora na imagem e no desempenho físico. O GO ainda destacou motivos relacionados à presença de um treinador. No GNO, os outros fatores apontados referem-se a independência em relação aos resultados e melhoria de aspectos cognitivos e psicológicos. Os motivos destacados pelos indivíduos do presente estudo podem ser agrupados em: (1) sócioambientais; (2) psicológicos/saúde mental; (3) físico-estéticos. Os resultados assemelham-se aos achados de Salgado e Chacon-Mikahil (2006) e Trucollo et al., (2008) que também encontraram motivos centrados nas questões agrupadas acima. Entretanto, nenhum dos estudos citados avaliou a influência da orientação por profissional especializado, nos motivos para a prática da corrida de rua, fato este que dificulta maiores comparações. A comparação dos motivos relatados pelos grupos permite concluir que ao iniciar a prática da corrida de rua, tanto indivíduos que pretendem buscar orientação especializada (GO), quanto àqueles que pretendem correr de maneira não-orientada (GNO) relatam como foco principal, as mesmas questões, de caráter predominantemente sócio-ambientais. A diferença entre os principais motivos se dá apenas quando da análise da subescala de persistência. Nesta, há concordância quanto às questões físico-estéticas. O outro principal motivo de persistência relatado no GO refere-se à presença do treinador e o GNO, por sua vez, destacou questões no âmbito psicológico. 169

REFERÊNCIAS CARMO, J. V. M.; MATTOS, F. O.;FILHO, M. B.;MIRANDA, R.; RIBAS, P. R.;NUNES, J. L. & ALBO, J. Validação Preliminar de Questionários de Início, Manutenção, Mudança e Abandono (MINCA) no Esporte para a língua Portuguesa. Revista Conexões, Campinas, v.6, n. especial, p. 540-551, 2008. DALLARI, M. M. Corrida de Rua: um fenômeno sociocultural contemporâneo. São Paulo USP (Tese de Doutorado), 2009. FERNANDES, J. L. Atletismo: Corridas. 2. Ed. São Paulo: Pedagógica e Universitária, 1979. MIRANDA, R.; FILHO, M. B. Construindo um atleta vencedor: Uma abordagem psicofísica do esporte. Porto Alegre: Artmed, 2008. SALGADO, J. VV.; CHACON-MIKAIL, M. P. T. Corrida de rua: análise do crescimento do número de provas e de praticantes. Conexões: Educação, Esporte, Lazer, v.4, n.1, p.100-109, 2006. TRUCOLLO, A. B.; MADURO, P. A. & FEIJÓ, E. A. Fatores Motivacionais de adesão a grupos de corrida. Revista Motriz, Rio Claro, v.14, n.2, p.108-114, 2008. WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2001. 1 Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação Física e Desportos. Rua Clorofila, nº 170, bairro Aeroporto Juiz de Fora/MG 36033-640 170