A OLERICULTURA COMO ALTERNATIVA NA GERAÇÃO DE RENDA PARA A AGRICULTURA FAMILIAR 1

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Transcrição:

A OLERICULTURA COMO ALTERNATIVA NA GERAÇÃO DE RENDA PARA A AGRICULTURA FAMILIAR 1 Cassiane Ubessi 2, Angélica De Oliveira Henriques 3, Nilvo Basso 4. 1 Trabalho vinculado ao Projeto de Extensão Escritório Júnior de Aconselhamento e Planejamento Rural do Departamento de Estudos Agrários DEAg/UNIJUÍ. Parte do relatório de estágio do primeiro autor. 2 Engenheira Agrônoma pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul UNIJUÍ. cassi.ubessi@yahoo.com.br 3 Professora do Departamento de Estudos Agrários - DEAg/UNIJUÍ. Orientadora do projeto. angélica.oliveira@unijui.edu.br 4 Professor do Departamento de Estudos Agrários - DEAg/UNIJUÍ. Co-Orientador do projeto. nilvob@unijui.edu.br INTRODUÇÃO O curso de Agronomia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do RS Unijuí proporciona através de estágios curriculares, disciplinas ministradas durante a graduação, bem como, com o Escritório Júnior de Aconselhamento e Planejamento Rural, atividades de extensão rural, na qual os alunos entram em contato com o agricultor e passam a vivenciar seu cotidiano, onde fazem a coleta de dados sobre a propriedade para a caracterização técnica e avaliação econômica do sistema de produção em questão. Este processo de integração aluno-agricultor é de grande importância durante o processo de aprendizagem no curso. É uma forma de visualizar na prática o conjunto de conhecimentos acumulados em sala de aula, aplicando-os a campo, juntamente com uma metodologia de análise diagnóstico da agricultura cujos fundamentos, princípios e procedimentos são encontrados em Lima et al. (2005), que explicam o aconselhamento técnico-gerencial aos agricultores, como uma proposta de intervenção no processo de desenvolvimento da unidade de produção, no sentido de confirmar ou transformar a tendência verificada. O objetivo do trabalho foi realizar o diagnóstico técnico e gerencial em uma propriedade Familiar Olericultura no município de Boa Vista do Cadeado RS, bem como, ordenar e definir ações prioritárias dentro da unidade de produção agropecuária (UPA) de acordo com os ideais do agricultor e identificar proposições. METODOLOGIA A metodologia utilizada para a Análise Técnica e Gerencial baseia-se em observações a campo e entrevistas junto aos agricultores. Essa metodologia consiste em, primeiramente definir o objeto de estudo, ou seja, a área que será enfocada na análise técnica - gerencial da agricultura em uma unidade de produção. Busca sistematizar os dados levantados para gerar um diagnóstico da situação atual da agricultura e do produtor no município/região. Através dos resultados obtidos formulam-se proposições com base na realidade encontrada, seja esta positiva ou negativa, para possíveis intervenções nas unidades de produção com a finalidade maior de melhorar o sistema agrícola

estabelecido e garantir renda no campo. Isto reflete em melhorias das condições de vida dos agricultores, definidos como alvos prioritários das ações através de um conjunto de análises. O presente trabalho foi desenvolvido no município de Boa Vista do Cadeado em uma região que predomina pequenas propriedades rurais, familiares, e algumas em processo de descapitalização, onde a agricultura é a atividade predominante. A metodologia teve como sequência a visita e o conhecimento da história da propriedade, levantamento financeiro de todos os bens, os projetos em andamento e os futuros objetivos do agricultor. Com base nos resultados coletados foi feita a análise técnica e econômica do sistema de produção. A avaliação econômica foi realizada levando em consideração os conceitos de Valor Agregado (VA) e Renda Agrícola (RA), ou seja, segundo dois pontos de vista, o do agricultor que se preocupa com a renda agrícola que o sistema de produção pode lhe oferecer, e o ponto de vista da sociedade que se interessa pela quantidade de riqueza gerada pelo sistema de produção. O Valor Agregado (VA) avalia a atividade produtiva da UPA, independentemente se o agricultor é ou não proprietário dos meios utilizados no processo de produção. O VA mede o valor novo gerado pela UPA durante o ano. A Renda Agrícola (RA) avalia o ganho obtido pela UPA através da unidade produtiva durante o ano, parte do valor agregado que fica com o produtor para remunerar o trabalho familiar e aumentar seu patrimônio. Para os agricultores familiares é interessante dividir a renda agrícola pelo número (unidades) de trabalhadores familiares (RA/UTF), isto para efeito de comparação com outras oportunidades de trabalho ao seu alcance. Também é chamado de remuneração do trabalho familiar (RWF): RWF = RA / UTF. Para finalizar a análise econômica, devemos analisar a capacidade de reprodução social e econômica dos agricultores. Assim, devemos comparar a remuneração do trabalho familiar com o nível de reprodução social (NRS) estipulado para o agricultor, sendo este baseado no custo de oportunidade do trabalho, usando-se o valor do salário mínimo regional por unidade de trabalho como referência mínima. O nível de reprodução social é o valor que assegura a permanência do agricultor e sua família na atividade produtiva, garantindo acesso à moradia, saúde, educação e alimentação. RESULTADOS E DISCUSSÃO A unidade de produção em estudo está situada na comunidade de Rincão Santa Catarina, próximo a sede do município de Boa Vista do Cadeado - RS, familiar, composta por 2 unidades de trabalho familiar. A compra da terra, e toda a constituição da propriedade como máquinas, veículo utilitário e energia elétrica, foram feita através de financiamentos e o casal já trabalhava com a atividade de olericultura em outro município vizinho. A área total da propriedade é de 6,5 ha, divida em 3 ha para a horta e 0,5 ha para a subsistência e onde se encontra também os galpões e a casa, o restante é destinado a um pequeno potreiro e mata, sendo essas área fortemente onduladas, dificultando assim o seu uso. A propriedade em questão se baseia na produção olerícola, como: alface, feijão de vagem, brócolis, couve-flor, beterraba, cenoura, rúcula, pimentão, abobrinha, repolho, moranguinho, tomate, salsinha, cebolinha, chicória, berinjela, rabanete, batata doce; frutas em menor escala, como pêssego, laranja, caqui; e flores com apenas uma espécie: flor de palha ou sempre viva

(Helichrysum bracteatum), cultivada em apenas três meses do ano. A maior parcela da comercialização dos produtos é feita em supermercados e em uma feira, realizada uma vez por semana, em outro município próximo de Boa Vista do Cadeado, e o restante é vendido no mercado local. A superfície agrícola útil é usada durante todo o ano, apenas o que ocorre é a substituição de cultivos ao longo das estações na mesma área. Observa-se a excessiva demanda de mão de obra pela atividade olerícola, fator que acaba limitando a expansão dos cultivos na propriedade, bem como, a dificuldade de contratação de pessoas para trabalhar nesta atividade, que não demanda força braçal, mas sim, torna-se cansativa por passar a maior parte do tempo agachado ao redor dos canteiros a fim do manejo das culturas. No caso das máquinas, nesta propriedade é usado o trator juntamente com o encanteirador. A olericultura é uma atividade sem muitas variações, pois, constantemente há uma necessidade de adubo, mudas e sementes, tratamentos e todo mês há também uma disponibilidade pelo fato da comercialização e produção não serem concentradas em apenas uma época do ano. Mas, é uma atividade agrícola rentável, bem como uma alternativa para pequenas unidades produtivas. De acordo com o Quadro 1 observamos que o Valor Agregado Bruto (VAB) é de R$ 151.894,50 e corresponde a 87,43% do Produto Bruto (PB) com um baixo Consumo Intermediário (CI) de R$ 21.840,50, ou seja, baixo custo com a aquisição de insumos e serviços comprados e consumidos ao longo do ano. A partir destes valores notamos a eficiência técnica e econômica da atividade, principalmente quanto ao VAB/ha de R$ 43.398,43, que demonstra a intensidade do uso da área pela olericultura. Fonte: Dados coletados a campo pelos autores. Ijuí, 2015. Outro valor que chama a atenção é em relação à Distribuição do Valor Agregado (DVA), ou seja, o custo com impostos e juros, sendo de 4,85%do PB, e mesmo descontando este percentual gera uma Renda Agrícola (RA) anual de R$ 138.141,55 e em percentual, fica na propriedade 79,51% do que é

gerado pela UPA. Também há uma alta remuneração do trabalho familiar de R$ 69.070,78, sendo aproximadamente R$ 5.755,89 por mês para cada unidade de trabalho familiar. A olericultura é uma atividade rentável, necessita de pouca área e facilmente atinge o nível de reprodução social, aqui estabelecido por um salário mínimo mensal de R$ 700,00 por UTF (incluindo o 13º salário), assim como demonstrado no Gráfico 1. Gráfico1. Reprodução socioeconômica Familiar Olericultura. Ijuí, 2015. O Gráfico 1 demonstra a composição da renda por atividade presente no sistema de produção, e é possível observar que a atividade olerícola apresenta uma contribuição marginal (a) de R$ 72.653,38 de renda agrícola por hectare útil, ou seja, a contribuição marginal agronomicamente é a geração de renda por hectare, enquanto que, matematicamente, indica a inclinação da reta no gráfico. Constata-se também que para alcançar o nível de reprodução social (NRS) são necessários aproximadamente apenas 0,25 hectare por UTF e a subsistência contribui na renda com R$ 1.184,06 por hectare. CONCLUSÃO Ao analisar este sistema de produção observamos o quanto à olericultura contribui para o desenvolvimento da propriedade rural, principalmente de pequenos produtores, que possuem a área como fator limitante para o desenvolvimento de algumas atividades, tornando esta atividade como uma alternativa para a geração de renda no campo e manutenção das famílias no meio rural. No entanto, cada região apresenta diferenças quanto à comercialização, sendo assim, só é viável onde haja um comércio promissor em relação à atividade, geralmente próximo dos centros urbanos. A propriedade em questão está muito bem estruturada, consegue gerenciar o que entra de renda e o que é destinado aos gastos. Entretanto, tem como problema a grande demanda por mão de obra que a olericultura exige, sendo este um fator limitante na expansão da atividade na propriedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LIMA, Arlindo P. de; et al. Administração da Unidade de Produção Familiar: modalidades de trabalho com agricultores; 3ª edição. Editora UNIJUÍ, Ijuí - RS; 2005.