A INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL NO ENSINO REGULAR



Documentos relacionados
Projeto Pedagógico Institucional PPI FESPSP FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO PROJETO PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL PPI

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UMA BARREIRA ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA

EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA: UM ENFOQUE NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

PROPOSTA PEDAGOGICA CENETEC Educação Profissional. Índice Sistemático. Capitulo I Da apresentação Capitulo II

O ORIENTADOR FRENTE À INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIENCIA NA ESCOLA REGULAR DE ENSINO

OS CONHECIMENTOS DE ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA IMPLICAÇÃO PARA A PRÁTICA DOCENTE

A NECESSIDADE DA PESQUISA DO DOCENTE PARA UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA INCLUSIVA, PRINCIPALMENTE NA EDUCAÇÃO ESPECIAL E NO TRABALHO COM AUTISTAS

Faculdade de Direito Ipatinga Núcleo de Investigação Científica e Extensão NICE Coordenadoria de Extensão. Identificação da Ação Proposta

A INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS NUMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA: DA TEORIA À PRÁTICA

Projeto em Capacitação ao Atendimento de Educação Especial

EDUCAÇÃO E CIDADANIA: OFICINAS DE DIREITOS HUMANOS COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NA ESCOLA

ESCOLA, LEITURA E A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL- PIBID: LETRAS - PORTUGUÊS

TRABALHO PEDAGÓGICO NA PERSPECTIVA DE UMA ESCOLA INCLUSIVA. Profa. Maria Antonia Ramos de Azevedo UNESP/Rio Claro.

O PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS NO MUNICÍPIO DE TRÊS LAGOAS, ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL: ANÁLISES E PERSPECTIVAS

UNIÃO BRASILEIRA EDUCACIONAL UNIBR FACULDADE DE SÃO VICENTE

Pró- Reitoria de Graduação Curso de Educação Física Trabalho de Conclusão de Curso

Instituto Educacional Santa Catarina. Faculdade Jangada. Atenas Cursos

DESAFIOS DA INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL EM PARINTINS-AM.

INCLUSÃO ESCOLAR: UTOPIA OU REALIDADE? UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A APRENDIZAGEM

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE ATENDIMENTO AO DISCENTE

OS LIMITES DO ENSINO A DISTÂNCIA. Claudson Santana Almeida

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: ALUNO COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA NO ENSINO REGULAR

Palavras-chaves: inclusão escolar, oportunidades, reflexão e ação.

OFICINAS CORPORAIS, JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS - UMA INTERVENÇÃO COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RISCO

MÍDIAS NA EDUCAÇÃO Introdução Mídias na educação

SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS ÀS AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE/PE

ORGANIZAÇÃO DE ESPAÇO FÍSICO NA CRECHE ( os cantinhos ), que possibilitou entender o espaço como aliado do trabalho pedagógico, ou seja, aquele que

O POTENCIAL DE CONTRIBUIÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA ASSESSORIA AOS MOVIMENTOS SOCIAIS NA LUTA PELA SAÚDE

MATRÍCULA: DATA: 15/09/2013

Deficiência auditiva parcial. Annyelle Santos Franca. Andreza Aparecida Polia. Halessandra de Medeiros. João Pessoa - PB

O USO DE SOFTWARES EDUCATIVOS: E as suas contribuições no processo de ensino e aprendizagem de uma aluna com Síndrome de Down

PROJETO CONVIVÊNCIA E VALORES

Trabalho em Equipe e Educação Permanente para o SUS: A Experiência do CDG-SUS-MT. Fátima Ticianel CDG-SUS/UFMT/ISC-NDS

12. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1. Língua estrangeira nas séries do Ensino Fundamental I: O professor está preparado para esse desafio?

NÚCLEO DE APOIO DIDÁTICO E METODOLÓGICO (NADIME)

PRÁTICA PROFISSIONAL INTEGRADA: Uma estratégia de integração curricular

EDUCAÇÃO FÍSICA PARA PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS (PNEE): construindo a autonomia na escola

Estado da Arte: Diálogos entre a Educação Física e a Psicologia

Profª. Maria Ivone Grilo

EEFM Raimundo Marques de Almeida

A INCLUSÃO ESCOLAR DE UM ALUNO SURDO: UM ESTUDO DE CASO NA REGIÃO DO CARIRI ORIENTAL DA PARAÍBA

Coleta de Dados: a) Questionário

TÍTULO: AUTORES: INSTITUIÇÃO: ÁREA TEMÁTICA 1-INTRODUÇÃO (1) (1).

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

XI Encontro de Iniciação à Docência

MODELAGEM MATEMÁTICA: PRINCIPAIS DIFICULDADES DOS PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO 1

A Família e sua importância no processo educativo dos alunos especiais

PLANTANDO NOVAS SEMENTES NA EDUCAÇÃO DO CAMPO

SAÚDE E EDUCAÇÃO INFANTIL Uma análise sobre as práticas pedagógicas nas escolas.

Orientações para informação das turmas do Programa Mais Educação/Ensino Médio Inovador

ENSINO COLABORATIVO: POSSIBILIDADES PARA INCLUSÃO ESCOLAR NO ENSINO FUNDAMENTAL

A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO PARA OS CURSOS PRÉ-VESTIBULARES

POLÍTICAS INSTITUCIONAIS DE ACESSIBILIDADE. - Não seja portador de Preconceito -

Palavras-chave: Deficiência Visual. Trabalho Colaborativo. Inclusão. 1. Introdução

O ENSINO DE QUÍMICA PARA DEFICIENTES VISUAIS: ELABORANDO MATERIAIS INCLUSIVOS EM TERMOQUÍMICA

ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL SANTO ANTÔNIO VIVENCIANDO VALORES NA ESCOLA POR UMA CULTURA DE PAZ

Mestrado em Educação Superior Menção Docência Universitária

A DISLEXIA E A ABORDAGEM INCLUSIVA EDUCACIONAL

Ensino Fundamental I. Como ajudar as crianças (6 a 8 anos) em seus conflitos?

MBA MARKETING DE SERVIÇOS. Turma 19. Curso em Ambiente Virtual

Política de Formação da SEDUC. A escola como lócus da formação

JANGADA IESC ATENA CURSOS

Mental Universidade Presidente Antônio Carlos ISSN (Versión impresa): BRASIL

O PERCURSO FORMATIVO DOS DOCENTES QUE ATUAM NO 1º. CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: o desafio da inclusão nas séries iniciais na Escola Estadual Leôncio Barreto.

Disciplina Corpo Humano e Saúde: Uma Visão Integrada - Módulo 3

Rompendo os muros escolares: ética, cidadania e comunidade 1

Projeto Político-Pedagógico Estudo técnico de seus pressupostos, paradigma e propostas

MARKETING DE RELACIONAMENTO UMA FERRAMENTA PARA AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR: ESTUDO SOBRE PORTAL INSTITUCIONAL

Palavras-chave: Educação Especial; Educação Escolar Indígena; Censo Escolar

EDUCAÇÃO ESPECIAL: Dúvidas, Mitos e Verdades.

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA PIBID ESPANHOL

A Educação Bilíngüe. » Objetivo do modelo bilíngüe, segundo Skliar:

CASTILHO, Grazielle (Acadêmica); Curso de graduação da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Goiás (FEF/UFG).

AS ATIVIDADES ESPORTIVAS E DE LAZER COMO CONTRIBUIÇÃO PARA A INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE IGARASSU.

ENSINO DE CIÊNCIAS PARA SURDOS UMA INVESTIGAÇÃO COM PROFESSORES E INTÉRPRETES DE LIBRAS.

O PSICÓLOGO (A) E A INSTITUIÇÃO ESCOLAR ¹ RESUMO

Projeto de Intervenção do PROVAB ORIENTAÇÕES PARA ELABORAÇÃO NO MODELO PADRÃO

UM RETRATO DAS MUITAS DIFICULDADES DO COTIDIANO DOS EDUCADORES

AIMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA COLABORATIVA ENTRE PROFESSORES QUE ATUAM COM PESSOAS COM AUTISMO.

Resgate histórico do processo de construção da Educação Profissional integrada ao Ensino Médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA)

CURSINHO POPULAR OPORTUNIDADES E DESAFIOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA DOCENTE

5 Considerações finais

O PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: UM ESTUDO DE METODOLOGIAS FACILITADORAS PARA O PROCESSO DE ENSINO DE QUÍMICA

REDE TEMÁTICA DE ACTIVIDADE FÍSICA ADAPTADA

O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO MEDIADOR DE NOVOS CONHECIMENTOS 1

Duração: 8 meses Carga Horária: 360 horas. Os cursos de Pós-Graduação estão estruturados de acordo com as exigências da Resolução CNE/CES nº 01/2007.

PEDAGOGIA HOSPITALAR: as politícas públicas que norteiam à implementação das classes hospitalares.

Gráfico 1 Jovens matriculados no ProJovem Urbano - Edição Fatia 3;

Especialização em Atendimento Educacional Especializado

APRESENTAÇÃO DOS ANAIS

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NUMA ESCOLA DO CAMPO

SER MONITOR: APRENDER ENSINANDO

REFLEXÕES INICIAIS DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS PARA INCLUIR OS DEFICIENTES AUDITIVOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA.

V Seminário de Metodologia de Ensino de Educação Física da FEUSP Relato de Experiência INSERINDO A EDUCAÇÃO INFANTIL NO CONTEXTO COPA DO MUNDO.

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A INCLUSÃO DOS ALUNOS NO ESPAÇO PEDAGÓGICO DA DIVERSIDADE 1

GUIA DE IMPLEMENTAÇÃO DO CURRICULO ANO 2 - APROFUNDAMENTO

PROFESSOR DE MATEMÁTICA E EDUCADOR ESPECIAL: UM PASSO PARA INCLUSÃO

necessidades destes alunos, a despeito das tendências jurídico-normativas e das diretrizes educacionais. Em face disso, este estudo analisou a

Transcrição:

ARTIGO 1 A INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL NO ENSINO REGULAR 1 Maria da Consolação Paula Maciel. RESUMO: Este artigo tem como objetivo analisar as vantagens da inclusão dos alunos com deficiência visual no ensino regular. Os objetivos específicos visam analisar o conceito de inclusão escolar e demonstrar as vantagens da inclusão dos alunos com deficiência visual nas escolas de ensino regular, principalmente em relação a sua socialização com os demais alunos. A metodologia utilizada para a realização deste estudo embasa-se na pesquisa qualitativa exploratória de revisão bibliográfica. Os instrumentos para a coleta de dados são apresentados como busca em sites, livros, teses e dissertações de estudos relacionados ao tema proposto. PALAVRAS-CHAVE: inclusão deficiência visual ensino regular ABSTRACT: This article aims to analyze the benefits of inclusion of students with visual impairments in mainstream education. Specific objectives aim to analyze the concept of school inclusion and demonstrate the benefits of inclusion for students with visual impairment in mainstream schools, especially in relation to their socialization with other students. The methodology used for this study underlies in the qualitative research literature review. The instruments for data collection are presented as a search for sites, books, theses and dissertations of studies related to the proposed topic. KEYWORDS: inclusion - visual impairment - regular education 1 Pós-graduanda em Educação Inclusiva e Inspeção Escolar pela FACREDENTOR/ETTAL.

ARTIGO 2 INTRODUÇÃO A inclusão de alunos com deficiência visual apresenta-se como sendo um desafio para a educação. Inúmeros fatores contribuem para que a inclusão seja realizada de maneira a propiciar a socialização dos alunos com deficiência visual com os alunos pertencentes ao ensino regular. Dentro desse conceito, é fato que, para que se estabeleçam oportunidades reais de aprendizagem, e, oportunize ao aluno experiências diferenciadas, ressalta-se que há a necessidade de haver transformações primordiais no âmbito do sistema educacional. Essas transformações se apresentam relacionadas às adaptações físicas, bem como a capacitação dos professores para o atendimento das necessidades apresentadas pelos alunos. Um fato preocupante em relação à capacitação dos educadores relaciona-se a questão de que, a grande maioria dos profissionais não se encontra preparado para o acolhimento dos alunos portadores de deficiência visual. Os professores que se formaram nas faculdades e universidades do Brasil antes do projeto de inclusão, não possuem o conhecimento necessário para o atendimento satisfatório aos alunos de inclusão. Atualmente, algumas formações de docentes vêm apresentando algumas noções de inclusão que são ministradas em meio ao programa de ensino, mas não é ainda considerado um conhecimento satisfatório. Além disso, outro fator que se destaca trata-se do fato de que, os professores que já se encontram no processo de ensino e aprendizagem, há vários anos, apresentam dificuldades quando necessitam ministrar aulas para alunos portadores de deficiência. É fato que existem algumas capacitações oferecidas pelas Secretarias de Educação que visam atualizar, aprimorar e orientar os educadores para essa nova realidade de escola inclusiva, mas que ainda não se apresenta satisfatória, uma vez que, não abrange o conhecimento que pode ser considerado eficiente, para que os educadores realizem com êxito suas práticas educacionais com os alunos de inclusão.

ARTIGO 3 Dentro deste contexto, surge a seguinte indagação: Qual a importância inclusão dos alunos portadores de deficiências visuais, no ensino regular público? No entanto, admite-se que as escolas vêm apresentando dificuldades em relação à inclusão de alunos portadores de deficiência no ensino regular, apresentando o despreparo dos professores, a falta de estrutura física das escolas, além do receio de não conseguirem realmente de maneira ativa, inserir os alunos no ensino regular de maneira a propiciar o seu desenvolvimento. O objetivo geral do estudo visa analisar as vantagens da inclusão dos alunos com deficiência visual no ensino regular. Os objetivos específicos visam analisar o conceito de inclusão escolar; e demonstrar as vantagens da inclusão dos alunos com deficiência visual nas escolas de ensino regular, principalmente em relação a sua socialização com os demais alunos. Justifica a escolha do tema proposto, devido ao fato de que, todo e qualquer indivíduo possui condições de desenvolvimento de suas habilidades, capacidades e potencialidades, permitindo assim, a observação que, os alunos com deficiência visual podem se desenvolver em suas aprendizagens, através de fatores relacionados à socialização, a estimulação de suas capacidades e produção de novos conhecimentos através de sua inserção no ensino regular de maneira ativa. A metodologia utilizada para a realização do estudo embasa-se na pesquisa qualitativa exploratória de revisão bibliográfica. Os instrumentos para a coleta de dados são apresentados como busca em sites, livros, teses e dissertações de estudos relacionados ao tema proposto. A INCLUSÃO NO AMBIENTE ESCOLAR Todos os indivíduos são iguais perante a Lei, esse princípio e ao mesmo tempo direito de todos os cidadãos é afirmado no documento máximo do país, a Constituição Federal de 1988, à qual é reconhecida como Carta Magma, que rege toda uma sociedade e deve ser cumprida. Partindo desse princípio, ressalta-se que, garantir o direito das crianças à desenvolverem suas habilidade e capacidades torna-se uma obrigação do Estado e de toda a sociedade. A igualdade de direitos permeia

ARTIGO 4 oferecer a todos, as mesmas condições de acesso a todas as informações, orientações e conhecimentos que constituem na base da formação do indivíduo politizado. Dentro deste contexto, faz-se necessário perceber que, o outro direito garantido pela Constituição Federal do Brasil (1988) ressalta o direito de acesso à educação, ao lazer, à saúde e condições de desenvolvimento, o que remete à União, ao Estado e aos municípios, promover meios que atendam às necessidades da população. As preocupações com a democratização da escola e com a transformação social apontam para a necessidade de abordar a formação de professores a partir de uma perspectiva centrada no desenvolvimento profissional, buscando também o resgate da autoestima e a valorização da pessoa e do trabalho docente. É a ênfase no desenvolvimento profissional articulado com a construção da identidade pessoa. Em outras palavras, é a idéia da formação como um processo pessoal e singular, onde a formação confunde-se com o formar-se (VALLADÃO, 2001, p. 20). A intenção de salientar esses direitos se justifica na questão da inclusão educacional, buscando o entendimento de que, todos os indivíduos devem ter o acesso aos meios de informação, orientação e aprendizagem. Por muito tempo, os alunos que possuíam algum tipo de deficiência (mental, auditiva, física, visual ou intelectual) foram impedidos de desenvolverem suas habilidades, potencialidades e capacidades junto aos alunos considerados normais, justificando esse ato, através do prejuízo acarretado aos demais alunos. A inclusão escolar, fortalecida pela Declaração de Salamanca, no entanto, não resolve todos os problemas de marginalização dessas pessoas, pois o processo de exclusão é anterior ao período de escolarização, iniciando-se no nascimento ou exatamente no momento em aparece algum tipo de deficiência física ou mental, adquirida ou hereditária, em algum membro da família. Isso ocorre em qualquer tipo de constituição familiar, sejam as tradicionalmente estruturadas, sejam as produções independentes e congêneres e em todas as classes sociais, com um agravante para as menos favorecidas (MACIEL, 2000, p. 52). De acordo com o autor citado, a falta de conhecimento da sociedade, em geral, faz com que a deficiência seja considerada uma doença crônica, um peso ou um problema.

ARTIGO 5 Essa justificativa que até pouco tempo, foi utilizada como forma de maquiar e discriminar os indivíduos portadores de deficiência visual, impossibilitando-os de terem acesso aos mesmos ambientes de outras crianças para a aprendizagem. A situação gerada por esse tipo de ação propiciou a exclusão dos alunos do processo de transformação social, colocando-os à margem da sociedade, impedindo-os de socializarem com outras crianças, considerando-os incapazes de serem agentes de transformação e de aprendizagem. O que se espera de todos é a semelhança, o grupo, a padronização. A diversidade cultural constitui um problema para a convivência humana, pois, por meio dos ideais sociais, que são difundidos e assimilados por todos, são determinados os modelos, de acordo com os quais o sujeito deve agir. Temos consciência de que a sociedade possui uma visão de homem padronizada e classifica as pessoas de acordo com essa visão (COSTA, 2008, p. 01). Com a proposta da inclusão, verificou-se a questão de que a garantia da participação em meio à sociedade, apresentava-se cada vez mais em foco. As ações relacionadas à inclusão desencadearam uma nova forma de pensar, de promover aos alunos que eram colocados em escolas especiais a oportunidade de inserção nas escolas regulares, para que se ampliassem as possibilidades dos mesmos, respeitando os seus limites e condições. No entanto, ressalta-se que, o ato de incluir não pode se compreendido em seu sentido amplo de inserção de alguém ou algum objeto em determinado lugar. Sem dúvida, a razão mais importante para o ensino inclusivo é o valor social da igualdade. Ensinamos os alunos através do exemplo de que, apesar das diferenças, todos nós temos direitos iguais. Em contraste com as experiências passadas de segregação, a inclusão reforça a prática da ideia de que as diferenças são aceitas e respeitadas. Devido ao fato de as nossas sociedades estarem em uma fase crítica de evolução, do âmbito industrial para o informacional e do âmbito nacional para o internacional, é importante evitarmos os erros do passado. Precisamos de Escolas que promovam aceitação social ampla, paz e cooperação. (STAINBACK, 1999, p. 26 e 27) É notório que, no sentido humanizado, o ato de incluir permeia a oferta de recursos aos indivíduos para que eles possam evoluir tendo como foco a

ARTIGO 6 estimulação de suas habilidades e capacidades, permitindo que os alunos vivenciem novas experiências que são importantes recursos para o seu desenvolvimento. A escola para todos pressupõe que a educação especial ocorra de forma integrada à educação regular. Sendo assim, a escola torna-se aberta à diferença e busca atender às necessidades de todos os alunos ao invés de excluir os que requerem práticas e atenção diferenciadas (Cf. JIMÉNEZ, 1997). Para Jiménez o modelo de escola para todos pressupõe uma mudança de estruturas e de atitudes e a abertura à comunidade; deve mudar o estilo de trabalho de alguns professores que deverão reconhecer que cada criança é diferente das outras, tem as suas próprias necessidades específicas e progride de acordo com suas possibilidades. Quanto ao conceito de deficiência visual, a partir da resolução adotada pelo Conselho Internacional de Oftalmologia em Sidnei, Austrália, em 20 de abril de 2002, e considerando a falta de clareza sobre a correta utilização do termo cegueira que originou confusões acerca de sua prevalência e incidência, ficou definida a seguinte definição: Cegueira somente em caso de perda total de visão e para condições nas quais os indivíduos precisam contar predominantemente com habilidades de substituição da visão (Cf. CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA, 2002). Ouvir pessoas com deficiência visual pode ajudar e nortear a compreensão das mesmas, não mais a partir da falta ou prejuízo da visão, mas, sim, do uso dos sentidos que propiciam seu contato e apreensão do mundo. Sob essa perspectiva, nessa investigação os dados foram analisados a partir do que as crianças deficientes visuais realizaram em diferentes situações sem comparação entre crianças com deficiência visual e videntes, respeitando assim a singularidade das primeiras. Pode-se assinalar que a não comparação entre crianças com deficiência visual e videntes é um ponto relevante desta pesquisa. É significativa esta observação porque, a escola muitas vezes torna-se um ambiente que propicia a comparação entre crianças e sob a ótica da inclusão escolar está o respeito à diferença. A comparação entre as habilidades adquiridas por uma criança com deficiência visual e uma vidente ao fazer uso do referencial da vidente, acarretará uma interpretação pautada no déficit, no que falta à criança

ARTIGO 7 com deficiência visual. Esta comparação pode ser ainda maior quando um irmão sem deficiência estuda na mesma escola, atribuindo qualquer falha, dificuldade ou atraso à deficiência visual. O estudo do que a criança deficiente visual realiza em diferentes situações e momentos estará considerando suas possibilidades e maneiras próprias de aprender. Esta pesquisa, ao focar-se no respeito à diferença, pode trazer contribuições para a atuação dos profissionais de educação e saúde que trabalham com pessoas com deficiência visual. Outro fator de destaque em relação ao processo de inclusão se apresenta no acréscimo de novos conceitos de cidadania aos alunos já matriculados no ensino regular, contribuindo para que esses alunos possam vivenciar diferentes realidades, a convivendo com outros alunos que não são iguais, mas também, não são inferiores a eles, permitindo compreender que os alunos podem conviver através do respeito às diferenças, promovendo uma lição de cidadania a qual deveria ser imitada em meio à sociedade adulta, ou seja, o respeito, a tolerância, a convivência com o outro respeitando suas limitações. Porém, assim como a inclusão apresenta vantagens para os alunos, há de salientar um fator que pode promover resultados negativos na prática inclusiva, trata-se da forma e dos recursos que são disponibilizados às escolas e educadores para o acolhimento dos alunos especiais, bem como para o atendimento de suas necessidades no que tange a assimilação dos novos conhecimentos. A inclusão não pode ser compreendida como sendo apenas uma transferência de um aluno de uma escola especial para uma escola regular. Há de se ressaltar o fato de que a inclusão só alcança resultados satisfatórios, quando a mesma é realizada de maneira eficaz, priorizando o bem estar dos alunos e garantindo a eles recursos para o seu desenvolvimento. Atualmente, o que se verifica nas escolas regulares, trata-se da falta de estrutura dos estabelecimentos de ensino, tanto em sua estrutura física, quanto no próprio atendimento ao aluno, relacionando à falta de capacitação dos profissionais para o atendimento dos alunos especiais. Os professores não possuem durante a sua formação em curso superior, a preparação prática para o atendimento dos alunos

ARTIGO 8 portadores de necessidades especiais, ao contrário, possuem disciplinas, as quais relatam as práticas apenas de maneira teórica, não envolvendo de forma realista os alunos em dificuldades que simulem o atendimento dos alunos inclusos em meio ao ensino regular (FERREIRA, 2009, p. 35). A deficiência apresentada na falta de capacitação dos professores é salientada devido à ausência de disciplinas nas universidades sobre a inclusão. Apenas pesquisas mais recente vem apontando estudos sobre a inclusão no ensino regular. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao refletir sobre a preparação dos educadores, é fato que os mesmos não possuem capacitação para lecionar aos alunos especiais, a carga de trabalho excessiva, as salas de aula superlotadas e a falta de atualização é registrada pela maioria dos educadores, refletindo assim, o fato de que, as escolas ainda necessitam adequar para o atendimento eficiente aos alunos especiais. Por isso, ressalta-se que, a inclusão em sua proposta trata-se de uma ação que resulta em ganhos positivos para todos os indivíduos, mas que na prática, ainda necessita ser implantada de forma mais eficiente, buscando atingir os seus objetivos de realmente inserir os alunos com deficiência visual em meio à sociedade. De acordo com Souza (2002, p. 11) a inclusão é um processo complexo que envolve profissionais, familiares, a população em geral e o próprio sujeito da inclusão, pois se expor também é lutar contra a marginalização. A inclusão é um processo lento, o qual deve ser implantado gradativamente, avaliando as vantagens e desvantagens no decorrer de sua execução. Cabe assinalar a importância da continuidade de pesquisas para aprofundar conhecimentos a respeito de famílias com uma criança com deficiência e sua interface na inclusão. Espera- se que a ampliação de estudos e

ARTIGO 9 conhecimentos possam auxiliar aqueles que se preocupam com a educação da criança com deficiência visual tanto profissionais como familiares. A necessidade constante de avaliação e monitoramento do processo de inclusão desencadeia a compreensão que as ações e estratégias traçadas priorizam a efetivação do acolhimento e responsabilidade de inserção do aluno portador de necessidades especiais na sociedade como um agente capaz de evoluir e contribuir para a transformação social, dentro de suas potencialidades. REFERÊNCIAS: COSTA, C.R.A. A escola inclusiva e a diversidade. Artigo, 2008. Disponível em: http://www.soprando.net/estudantes/a-escola-inclusiva-e-a-diversidade Acesso em 30 de janeiro de 2012. CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA. (2002) www.cbo.com.br/publicacoes/jotazero/ed90/comunicado.htm. Acesso em: 13 abr. 2012. FERREIRA, M. A. Desafios da inclusão escolar. São Paulo: Ática, 2009. MACIEL, M.R. C. Portadores de deficiência: a questão da inclusão social. São Paulo Perspec. 2000, vol.14, n.2, pp. 51-56. ISSN 0102-8839. SOUZA, S.M.C. A inclusão escolar e suas implicações sociais. Revista de educação do cogeime, Ano 11, n 21, 2002. Disponível no endereço eletrônico: www.cogeime.org.br/download?arquivo=cap0121.pdf. Acesso 10 de fevereiro de 2012. VALLADÃO, M. L. F. Formação continuada para professores que atuam na educação especial. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Centro de Educação e Humanidades. Faculdade de Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação. Mestrado em Educação. RJ, 2001. Disponível em: http://www.proped.pro.br/teses/teses_pdf/dissertao%20maria%20luiza%20ferrei ra%20vallado.pdf Acesso em 25 de fevereiro de 2012.