CASOS ESPECIAIS DE PROTENSÃO (1)

Documentos relacionados
1.1 Conceitos fundamentais Vantagens e desvantagens do concreto armado Concreto fresco...30

2 a Prova de EDI-49 Concreto Estrutural II Prof. Flávio Mendes Junho de 2012 Duração prevista: até 4 horas.

3) Calcule o alongamento elástico da peça do esquema abaixo. Seu material tem módulo de elasticidade de 2x10 5 N/mm 2.

CURSO TÉCNICO DE EDIFICAÇÕES. Disciplina: Projeto de Estruturas. Aula 7

ÍNDICE DO LIVRO CÁLCULO E DESENHO DE CONCRETO ARMADO autoria de Roberto Magnani SUMÁRIO LAJES

ENSAIO DE LIGAÇÃO PILAR PRÉ-MOLDADO FUNDAÇÃO MEDIANTE CHAPA DE BASE

As lajes de concreto são consideradas unidirecionais quando apenas um ou dois lados são considerados apoiados.

ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP DEPARTAMENTO DE

Estruturas de Concreto Armado. Eng. Marcos Luís Alves da Silva

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONA E MUCURI DIAMANTINA MG ESTUDO DIRIGIDO

detalhamento da armadura longitudinal da viga

Carga concentrada indireta (Apoio indireto de viga secundária)


CISALHAMENTO EM VIGAS CAPÍTULO 13 CISALHAMENTO EM VIGAS

Curso de Engenharia de Produção. Sistemas Mecânicos e Eletromecânicos

2 Materiais e Métodos

UNIVERSIDADE DE MARÍLIA

Critérios de falha. - determinam a segurança do componente; - coeficientes de segurança arbitrários não garantem um projeto seguro;

Capítulo 3 Propriedades Mecânicas dos Materiais

OTIMIZAÇÃO DE VIGAS CONSIDERANDO ESTADOS LIMITES ÚLTIMOS, DE UTILIZAÇÃO E DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS

Vigas Gerber com Dentes Múltiplos: Dimensionamento e Detalhamento Eduardo Thomaz 1, Luiz Carneiro 2, Rebeca Saraiva 3

SUPERESTRUTURA estrutura superestrutura infra-estrutura lajes

ESTRUTURAS DE MADEIRA. DIMENSIONAMENTO À TRAÇÃO Aulas 10 e 11 Eder Brito

CÁLCULO DE VIGAS. - alvenaria de tijolos cerâmicos furados: γ a = 13 kn/m 3 ; - alvenaria de tijolos cerâmicos maciços: γ a = 18 kn/m 3.

Caso (2) X 2 isolado no SP

Lista de exercícios sobre barras submetidas a força normal

Módulo 4 Vigas: Estados Limites Últimos Estados Limites de Serviço Detalhamento Exemplo. Segurança em Relação aos ELU e ELS

EXERCÍCIOS DE ESTRUTURAS DE MADEIRA

Facear Concreto Estrutural I

DCC - RESPONDENDO AS DÚVIDAS 06. LAJE

Relações entre tensões e deformações

Telas Soldadas Nervuradas

Bloco sobre estacas Bielas Tirantes. Método Biela Tirante

PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA ESTRUTURA

Ensaio de torção. Diz o ditado popular: É de pequenino que

ANALISE DA EFICIÊNCIA DE ESTRIBOS CONTÍNUOS COMPARADOS AOS ESTRIBOS TRADICIONAIS UTILIZADOS EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO

O AÇO ESTRUTURAL (uma parte do material desta página foi extraída do site Aços CA-50 e CA-25

REFORÇO COM PRÉ-ESFORÇO EXTERIOR

Sistemas mistos aço-concreto viabilizando estruturas para Andares Múltiplos

Rua Dianópolis, 122-1º andar CEP: Parque da Mooca - São Paulo / SP - Brasil Telefone: 55 (11) / Fax: 55 (11)

Terceira Lista de Exercícios

2.1. Considerações Gerais de Lajes Empregadas em Estruturas de Aço

As fundações podem ser classificadas como rasas ou profundas, diretas ou indiretas.

Análise numérica de fundações diretas de aerogeradores Carlos A. Menegazzo Araujo, Dr. 1, André Puel, Msc 2, Anderson Candemil 3

Tensão para a qual ocorre a deformação de 0,2%

Módulo 5 Lajes: Estados Limites Últimos Estados Limites de Serviço Detalhamento Exemplo. Dimensionamento de Lajes à Punção

Facear Concreto Estrutural I

MEMÓRIA DESCRITIVA PÓRTICO METÁLICO COM PONTE GRUA

Aços Longos. Fios e Cordoalhas para Concreto Protendido

11 - PROJETO ESTRUTURAL DO EDIFÍCIO DA ENGENHARIA CIVIL

EQUILÍBRIO DO CORPO EXTENSO

1. Determinar a tensão normal nos pontos das seções S 1 e S 2 da barra da figura.

Tabela 1.1 FLEXÃO SIMPLES EM SEÇÃO RETANGULAR - ARMADURA SIMPLES

Eletricidade Aula 1. Profª Heloise Assis Fazzolari

ESCADAS USUAIS DOS EDIFÍCIOS

Fig Exemplos de aumento de aderência decorrente de compressão transversal

MATERIAIS PARA CONCRETO ARMADO

O conhecimento das dimensões permite determinar os vãos equivalentes e as rigidezes, necessários no cálculo das ligações entre os elementos.

6 Vigas: Solicitações de Flexão

Recomendações para Elaboração de Projetos Estruturais de Edifícios de Concreto

ESPECIFICAÇÃO DE SERVIÇO

5ª LISTA DE EXERCÍCIOS PROBLEMAS ENVOLVENDO FLEXÃO

A importância do projeto de paredes de concreto para os projetistas estruturais Arnoldo Augusto Wendler Filho

FATEC - SP Faculdade de Tecnologia de São Paulo. ESTACAS DE CONCRETO PARA FUNDAÇÕES - carga de trabalho e comprimento

Estado do Rio Grande do Sul PREFEITURA MUNICIPAL DE ALMIRANTE TAMANDARÉ DO SUL MEMORIAL DESCRITIVO

CAPÍTULO III SISTEMAS ESTRUTURAIS CONSTRUÇÕES EM ALVENARIA

Lajes de Edifícios de Concreto Armado

01 projeto / normalização

NBR 7483/2005. Cordoalhas de aço para concreto protendido Requisitos

Segtreinne PROTEÇÃO LATERAL:

PUNÇÃO EM LAJES DE CONCRETO ARMADO

ESTRUTURAS METÁLICAS UFPR CAPÍTULO 5 FLEXÃO SIMPLES

Ensaio de tração: cálculo da tensão

Sobre o assunto fissuração de peças de concreto armado assinale a alternativa incorreta:

MINISTERIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO 23ª REGIÃO RUA E S/N, CENTRO POLÍTICO ADMINISTRATIVO, CUIABÁ - MT

- Generalidades sobre laje Treliça

Vigas Pré-moldadas Protendidas de Pontes Ferroviárias com 36 metros de vão. Bernardo Zurli Barreira 1 Fernando Celso Uchôa Cavalcanti 2

COMPORTAMENTO DOS MATERIAIS SOB TENSÃO. Prof. Rubens Caram

O

3. Programa Experimental

Recomendações para a Elaboração do Projeto Estrutural

Manual de Instalação de Sistemas Fotovoltaicos em Telhados - PHB

ESCADAS. Escadas são elementos arquitetônicos de circulação vertical, cuja função é vencer os diferentes níveis entre os pavimentos de uma edificação.

Módulo 6 Pilares: Estados Limites Últimos Detalhamento Exemplo. Imperfeições Geométricas Globais. Imperfeições Geométricas Locais

AÇOS PARA CONCRETO PROTENDIDO MCC2001 AULA 10 (parte 2)

Detalhamento de Concreto Armado

Made in Italy. O caixilho para portas de correr embutidas. LEGNOLEGNO CONSORZIO. - info@eurocassonetto.com

MANUAL DE COLOCAÇÃO. Laje Treliça. Resumo Esse material tem como objetivo auxiliar no dimensionamento, montagem e concretagem da laje.

Propriedades do Concreto

Disciplina: Resistência dos Materiais Unidade I - Tensão. Professor: Marcelino Vieira Lopes, Me.Eng.

Análise de procedimentos para medida de rotações e curvaturas em vigas de concreto armado

cs-41 RPN calculator Mac OS X CONCRETO ARMADO J. Oliveira Arquiteto Baseado nas normas ABNT NBR-6118 e publicações de Aderson Moreira da Rocha

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO. Prof. LIA LORENA PIMENTEL LAJES


Projeto estrutural de edifícios de alvenaria: decisões, desafios e impactos da nova norma de projeto

Por que protender uma estrutura de concreto?

CONSTRUÇÕES RURAIS: FUNDAMENTOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS. Vandoir Holtz 1

Sociedade Goiana de Cultura Universidade Católica de Goiás Departamento de Engenharia Laboratório de Materiais de Construção

CÁLCULO DE LAJES - RESTRIÇÕES ÀS FLECHAS DAS LAJES

Study of structural behavior of a low height precast concrete building, considering the continuity of beam-column connections

Transcrição:

PROTENSÃO (1) A protensão só é aplicada ao concreto quando a peça tiver condições de se deformar. Havendo impedimento de deslocamentos a protensão se desvia para eles Se uma laje lisa se apoia em pilares e, para se deformar precisa arrastar os pilares, estes irão receber uma parcela da protensão aplicada Ex: laje de 16 cm, vão 8 m, com cabos de 12,7 mm espaçados de 20 cm.em 2 m, 10 cabos de 140 kn. Nos extremos há pilares de 20x150 cm, 150 ao longo do vão Rigidez da laje 7520 MN; rigidez do pilar 1321 MN Deslocamento de cada extremo da laje: D =0,7 mm (25%) Flecha do pilar para a mesma força: f = 2,1 mm (75%)

PROTENSÃO (2) A protensão se reparte na proporção de 1/0,7 para a laje e 1/ 2,1 para o pilar ou seja 75% (laje) e 25% (pilar) Com perdas progressivas de 20% de protensão, o que vai no final para a laje é apenas 0,75.(1-0,20)=60% Fazendo a protensão aos 3 dias, o módulo da laje vale a metade do módulo do pilar. A deformação da laje passa a ser o dobro 1,4 mm. As proporções mudam de 75% para 60% Para a laje, com as perdas progressivas sobram só 48% Será que os projetistas pensam nisso? Com a protensão aos 3 dias seu valor é ilusório.

PROTENSÃO (3) 1º EXEMPLO: Cobertura túnel Rebouças (Rio)

PROTENSÃO (4) Situação critica da peça: montagem Concreto f ck = 30 MPa e f cj = 21 MPa na protensão Momento max (montagem) = 7,82 kn.m com impacto 20% Tensões de protensão s cpo = 7,5 s po =927 MPa Esforços solicitantes na peça: N po = 742 kn M g = 9,38 kn.m Tensões acumuladas: s c,su =+1,6 s c,in =-19,3 MPa Cálculo no ELU :A p,nec =3,4 cm 2 A p,ex = 8,0 >> 3,4 Depois de montada,tensões uniformes finais-3,2mpa

PROTENSÃO (5) 2º EXEMPLO: Escada helicoidal premoldada

PROTENSÃO (6) Escada helicoidal formada de 19 degraus individuais premoldados de altura 20 e largura 120 cm,com 3 furos para de cabos de 12 fios de 5 mm (protensão de 35 MPa). Esta protensão é centrada:compressão apenas deslocamentos só axiais: sem rotações. Quando a carga é de protensão, a deformação é minima Quando se aplica força ext.:deslocamentos são enormes. Os cabos ficam salientes, embutidos na fundação. A protensão aplicada por cima deixa cabeleira frouxa dentro de uma viga moldada no lugar ( 20º degrau).

PROTENSÃO (7) Esquema das armaduras (Moll-Concr.Prot.)

PROTENSÃO (8) Modelo esclarecedor do funcionamento

PROTENSÃO (9) 3º EXEMPLO: Protensão por aquecimento

PROTENSÃO (10) Para aquecimento a 200ºC: 0,01x200=2 mm/m Aumento do diâmetro de 1,0 m: 2x1,0 = 2 mm Com o aumento, o aro adata-se à roda de madeira Com o esfriamento o diâmetro tende a ser 998 mm O aro comprime a madeira e não se separa mais A deformação residual do aro será de 1,5 mm/m resultando a tensão de 1,5 x 210 = 315 MPa no aço IMPORTANTE: Pode-se aquecer mais sem controle pois o excesso se perde sem encostar e o aço escoa.

PROTENSÃO (11) 4º EXEMPLO: O processo se aplica a qualquer material O comprimento da haste metálica só influi no alongamento a ser impedido com escoamento. A seção da haste influi no valor da força aplicada. Para aplicar a força necessária para fechar uma fissura determina-se a área solicitada pela tensão no escoamento. Isto foi aplicado no reforço de diversas estruturas. 1) Viga de ponte rolante: sob carga excepcional surgiu uma trinca de 0,5 mm de cisalhamento. A indústria não poderia sofrer interrupção e a ponte não podia parar.

PROTENSÃO (12) Seção transversal na região trincada e reforço 2) Indústria de refrigerantes com estrutura protendida Viga com fissura fortúita na região de implantação da viga-calha que suporta todas as telhas trapezoidais

PROTENSÃO (13) Esquema da viga-calha danificada reforçada

PROTENSÃO (14) Reforço realizado no aspecto final

PROTENSÃO (15) 5º EXEMPLO: Viga com cabos concordantes 1)Ao se aplicar a protensão a peça se deforma 2)Com a deformação a peça só se apoia em dois suportes 3) Para obrigar a peça a se apoiar, surgem esforços externos chamados hiperestáticos de protensão 4) Quando os cabos mantêm a viga apoiada diz-se que os cabos são concordantes.. 5) Se isto acontece não há hiperestáticos de protensão

PROTENSÃO (16) 6ºEXEMPLO: Ponte sobre o rio Feio Momentos de cálculo: M d+ =1,3x817+1,4x2061=2079 M d- =1,3x1065+1,4x1155= 3126 kn.m

PROTENSÃO (17) Dimensionamento: f ck = 34 MPa b = 50 h = 160 cm Protensão inicial com 6 mm/m e d =13,5 z = 130 cm Deformação na ruptura = 9,5 + 6 = 15,5 mm/m resultando s pd = 1510 MPa A p,nec =22 cm 2 =22 cordoalhas de 12,7 mm aço CP190 Escolha:A p = 3 cabos de 4 cord.12,7 = 12 cm 2 e A s =7Ø25

PROTENSÃO (18) TRAÇADO DO CABO (tentativas)

PROTENSÃO (19) CONFIRMAÇÃO EXPERIMENTAL

7º EXEMPLO CASOS ESPECIAIS DE PROTENSÃO (20) No CP: cabo tracionado para comprimir o concreto Traçado escolhido com os cabos na região de tração A protensão equilibra momentos mas introduz N p (comp.) Idéia nova: subst. cabos por elemento compr. após aderir provoca esforços de sinal oposto (patente Billig 1950). Legenda: 1= tubo de aço compr.; 2= cabo provisório; 3= septo;4=placa suporte protensão;5= ancoragem temporária

PROTENSÃO (21) Única obra:ponte sobre Rio Alm (Austria),Reiffenstuhl 1956 Ponte seção caixão com 1 célula de 2,5 m altura, 76 m de vão 40 cabos tracionados, 48 comprimidos, concr. 45 MPa(cubos))

PROTENSÃO (22) Traçado dos cabos e esquema funcionamento

PROTENSÃO (23) Seção transversal construida

PROTENSÃO (24) 8º EXEMPLO: PROTENSÃO NA NATUREZA Tensões de crescimento: um tronco cresce como numa superposição de casquinhas de sorvete, a partir de uma camada chamada cambium. O crescimento se dá para fora(floema) e p/ dentro (xilema) Ao crescer, as células novas empurram p/ baixo as células antigas,comprimindo-as. Elas mesmas ficam tracionadas. O crescimento ocorre em anéis que comprimem o tronco e ficam tracionados;no sentido longitudinal, encolhem (Poisson) Impedindo esse encolhimento as células ficam protendidas

PROTENSÃO (25)

PROTENSÃO (26) Tensões de crescimento são protensões O tronco resiste a ventos mais fortes Madeira: resist. a tração = 4 x resist. a compressão Gordon: pré-tração alcança 14 MPa p/ resist. de 27 MPa 52% Curiosidade: construtores portugueses de caravelas não aceitavam mastros de taboas coladas;preferiam troncos de árvores, imperfeitos, que resistiam melhor, sem justificar.

PROTENSÃO (27) 9º EXEMPLO: Arquitetura da vida Frei Otto: tudo na natureza é pneu (estrutura inflável),como papo fragatas,ressonância sapos,penis,membrana amniótica... Dan Ingber: tudo é protensao ( tensegity Buckminster Fuller) Estruturas de barras comprimidas descontínuas + barras tracionadas contínuas. Primeiras estruturas: K.Snelson (anos 60),aluno de Fuller

PROTENSÃO (28) Ingber, médico, teve a intuição de considerar a molécula como uma estrutura semelhante às de Fuller e Snelson (tensegrity). Forças de atração entre átomos = bielas comprimidas Forças de repulsão entre átomos= fios tracionados Ingber aplicou isto às células: 3 elementos fundamentais 1 micro-filamentos contendo actina (proteína) 2 micro-tubulos contendo tubulina (proteína) 3 filamentos intermediários (vimentina,desmina,keratina) Representam as bielas e os fios (montou modelo explicativo)

PROTENSÃO (29) Esta estrutura é um modelo bastante simplificado da célula Aplicando uma compressão externa, ela encolhe por igual Aplicando uma tração, ela incha. A célula respira. Conclusão de Ingber: SEM PROTENSÃO NÃO HÁ VIDA

PROTENSÃO (30)