INTERDISCIPLINARIDADE NO PROJOVEM URBANO: UMA PRÁTICA EM CONSTRUÇÃO...



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Transcrição:

INTERDISCIPLINARIDADE NO PROJOVEM URBANO: UMA PRÁTICA EM CONSTRUÇÃO... Jamile da Hora Barboza 1,4 Cleber Silva dos Santos 2,4 Manuela Barreto de Araújo 3,4 Resumo: Este artigo tem como finalidade suscitar reflexões sobre a interdisciplinaridade na formação do educador a partir das experiências de práticas pedagógicas desenvolvidas nas Formações do Projovem Urbano. Apresenta como argumento central, a atuação do educador sob uma pesperctiva interdisciplinar, levando em conta a coexistência dos modelos de formação docente na contemporaneidade, as formações oferecidas pelo programa e a sua prática docente. Concluímos em favor de uma formação docente que atenda as necessidades contemporâneas, propondo a interdisciplinaridade como uma via possível de atuação e oferecendo recursos para sua prática, levando o educador a uma atuação integrada, reflexiva e atuante, propondo mudanças que perpassem todas as dimensões curriculares e atitudinais. Palavras - chave: Educado. Formação. Interdisciplinaridade. Introdução O mundo vem passando por mudanças que exigem da educação que os saberes docentes, a cultura escolar, a cultura da escola e currículos também mudem. Para atender essas exigências, a formação do professor também passa por constantes análises e críticas, procurando fazer do educador não mais um simples lecionador de conteúdos, mas um sujeito atuante que se preocupe com o seu importante papel de gestor do conhecimento. Um profissional crítico que perceba as necessidades dos seus alunos e desenvolva suas práticas pedagógicas á favor dos contextos e cenários que atuam atendendo aos seus objetivos enquanto sujeito que cria, transmite e produz conhecimentos e aos objetivos propostos na sua atuação profissional, que no objetivo deste trabalho são os objetivos do Programa Projovem Urbano. Graduação em Pedagogia; Universidade Federal da Bahia (UFBA) 1 Especialista em Atividade Física e Saúde; União Metropolitana de Educação e Cultura (UNIME) 2 Especialista em Treinamento Desportivo de alto rendimento-universidade do Estado da Bahia (UNEB) 3 Coordenação da Formação de Educadores do Projovem Urbano Bahia 4

Na contemporaneidade, o surgimento de novas profissões, novos espaços de informação, comunicação de saberes e novos conhecimentos, discute-se o papel do professor, colocando em dúvida a sua permanência e seu papel. Dúvida que, espalha-se rapidamente, ao observarmos que essas modificações trazem a nós, grandes expectativas e complexidades e com esses sentimentos, novas concepções e paradigmas que exigem, também, a presença desse gestor do conhecimento o educador o profissional que faça ampliar o saber, que construa sentidos para a vida de seus alunos e busquem, junto aos seus educandos e iguais, um mundo mais justo, mais empático e mais saudável para todos. Ou, como afirma FREIRE, 1997, na formação dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a sua própria prática, o ensino é muito mais que uma profissão, é uma missão que exige comprovados saberes no seu processo dinâmico de promoção da autonomia dos educandos. Abordar o tema formação de professor por uma perspectiva interdisciplinar é buscar compreender o papel deste neste processo por todos nós testemunhado, que integra vários conhecimentos que compõem o currículo, mostrando que não existem fronteiras e sim complemento. Visando uma prática docente discutida, planejada e sistematizada em concordância com a finalidade a ser obtida pelo grupo que está envolvido e em seu modos operando. Não meramente expor as opiniões de diferentes áreas do conhecimento, sem buscar algo em comum, em uma matriz única. Se as questões forem explanadas e não centradas dentro de uma mesma perspectiva, não será um trabalho nas diretrizes que prezem a interdisciplinaridade. É claro notar como a pesquisa científica vem buscando estabelecer em seus estudos o diálogo entre os diversos campos de saber e assim, possibilitando a ampliação compreensiva dos seus objetos de estudo e contribuindo para expansão e desenvolvimento, com a presença e contribuição dos variados meios e instrumentos tecnológicos. Como este processo, o qual estamos participando, é importante compreender que as novas gerações precisam ser formadas para um contexto dialógico, prezando a colaboração, informação, interação, mediação e participação, a partir de uma atuação pedagógica interdisciplinar. No entanto, ainda percebemos em algumas estruturas que esteiam a organização educacional nos centros ou instituições científicas que não conseguem atender as necessidades da sociedade contemporânea, além de manter a fragmentação e a disjunção dos saberes, oferece uma formação que não muito colabora para o educador atuar em um montante de tensões e contradições arraigadas nas desigualdades econômicas, sociais e culturais da sociedade. É preciso refletir de que forma pode-se contribuir na formação efetiva

e contínua do educador que estimulando e desenvolvendo práticas pedagógicas em um processo dialógico e investigativo num contexto diversificado, buscando uma atuação para além da fragmentação dos componentes curriculares e ampliando os olhares sob suas possibilidades frente ás demandas sociais deste século. Formação do educador por uma perspectiva interdisciplinar Não sou o mesmo de olhar vazio. Eu era um bicho que nem sabia das cercas Um dia, em campo onde estava, faltara fruta e água. Aí, procurando a saciez, soube quantos bebiam minha sede E quantos de minha fome comiam e gozavam. (J. Carlos Capinam) Para assumir a formação do educador por uma perspectiva interdisciplinar é necessário compreender como característica fundamental para nossa reflexão a essência dos processos educativos para esta sociedade. Essa característica consiste no uso de metodologias que agreguem e sustentem uma formação que seja relevante e conduza para uma reflexão dialógica e interdisciplinar, visando contemplação das necessidades historicamente construídas. Qualquer processo de formação, nos dias atuais, requer uma organização que constitui a integração das diversas áreas da Ciência e é importante valorar a interação e articulação de campos classicamente distintos, ou seja, a interdisciplinaridade é dita como importante porque busca respostas aos questionamentos de profissionais que não compreendem a resolução de problemas por uma única disciplina ou área do saber. No final da década de 60, a interdisciplinaridade chegou ao Brasil e rapidamente exerceu forte influência na elaboração da Lei de Diretrizes e Bases Nº 5.692/71. A partir da sua existência no cenário educacional brasileiro, tem se intensificado mais ainda, com a nova LDB Nº 9.394/96 e com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Além de sua forte interferência na legislação e nas propostas curriculares, a interdisciplinaridade ganhou força nas escolas, principalmente no discurso e na práxis de educadores dos diversos níveis de ensino. Apesar disso, estudos têm revelado que a interdisciplinaridade ainda é pouco conhecida. Para Câmara

A interdisciplinaridade deve ser pensada como entre ciências, por um lado, considerando o território de cada uma delas e, ao mesmo tempo, identificando possíveis áreas que possam se entrecruzar, buscando as conexões possíveis. E essa busca se realiza por meio de um processo dialógico que permite novas interpretações, mudança de visão, avaliação crítica de pressupostos, um aprender com o outro, uma nova reorganização do pensar e do fazer. (Câmara, 1999, p.15). Esse entendimento contribui na reflexão sobre a realidade da educação escolar na sociedade atual, pois na estrutura que ela se encontra não dará conta de sobreviver à disputa com o dinamismo que os conhecimentos e os questionamentos assumiram neste século. Qualquer um que esteja disposto a repensar a formação do educador precisa desconstruir velhos conceitos e transformá-los em conceitos dinâmicos, onde estejam ligados as redes que compõem o conhecimento. A interdisciplinaridade é um exercício de recuperação da idéia de unicidade do conhecimento humano que, com o avanço da ciência, foi se ramificando e se especializando de forma que as partes parecem não estar mais ligadas ao todo. Somente os educadores podem ter uma participação extremamente importante no processo de romper com essa tradição e buscar a superação desta contradição histórica entre o saber e a realidade. Segundo Fazenda A interdisciplinaridade é proposta de apoio aos movimentos da ciência e da pesquisa. É possibilidade de eliminação do hiato existente entre a atividade profissional e a formação escolar. É condição de volta ao mundo vivido e recuperação da unidade pessoal, a tomada de consciência sobre o sentido da presença do homem no mundo. (FAZENDA, 1993,p. 41.) Essa perspectiva reforça a concepção de que é preciso formar os educandos de tal forma que, quando adultos, sejam capazes de continuar sua educação após sair da escola, possibilitando, assim um verdadeiro engajamento na vida cidadã deste país. E para que isso ocorra, faz-se necessário, sobretudo, uma formação que segundo Nóvoa está centrada na lógica excessopobreza, aplicada à análise da situação dos professores, ou seja: Emergidos no excesso da retórica política e dos mass-media à pobreza das políticas educativas; do excesso das linguagens dos especialistas internacionais à pobreza dos programas de formação de professores; do excesso do discurso científico-educacional à pobreza das práticas

pedagógicas e do excesso das vozes dos professores à pobreza das práticas associativas docentes. Nóvoa, 1999. A educação necessita de um compromisso diferenciado e da vontade do educador, visto que a interdisciplinaridade é uma proposta bastante difícil para qualquer educador atuar, uma vez que sua formação se deu e ainda se dá de maneira fragmentada, abstrata e distante da realidade. GALLO, 1999 afirma que se, no lugar de partirmos de racionalizações abstratas de um saber previamente produzido, começarmos o processo educacional na realidade que o aluno vivencia, poderemos chegar a uma educação muito mais integrada, sem dissociações abstratas. Seguido essas reflexões, compreendemos, portanto que há uma lacuna entre a prática interdisciplinar e a formação do educador para atuar nesta perspectiva. A atividade educadora é uma prática social complexa que combina conhecimentos, habilidades, atitudes, expectativas e visões de mundo condicionadas pelas diferentes histórias de vida dos educadores, que são também, altamente influenciados pela cultura das instituições onde estão inseridos e realizam suas práticas profissionais. Como prática complexa, necessita de pesquisa e estudo que agreguem saberes à favor de uma atuação interdisciplinar em seus ambientes de formação e dessa forma, notamos uma grande despreocupação da grande maioria enquanto se sua prática está atendendo as expectativas das instituições qual estão inseridos. Os saberes e as práticas docentes seguem linhas e perspectivas diversas, se distanciando dos objetivos propostos e se restringindo apenas em dar aulas. Interdisciplinaridade no PROJOVEM URBANO: Entendendo o Currículo Integrado. Se o saber fosse alguma coisa de puramente estático e a consciência fosse uma espécie de vazio, ocupando um espaço no homem, então este modo de educação poderia ser correto. Mas o saber é um processo e a consciência é intencionalidade dirigida para o mundo. Paulo Freire Compreender a interdisciplinaridade no Projovem Urbano requer a compreensão do seu princípio fundamental, que é o da integração entre formação básica, qualificação profissional e participação cidadã, objetivando a promoção da igualdade diante aos direitos sociais, tais como educação e trabalho e, assim, considerar as especificidades do seu público. Dessa

forma, o Projovem Urbano através do seu Currículo Integrado propõe aliar teoria e prática, formação e ação, se utilizando da formação inicial e continuada como meio de analisar o programa, as práticas pedagógicas realizadas e suas possibilidades, as realidades locais para atuação e intervenção do contexto educacional, e as mudanças através do programa para os mundos do trabalho e da participação cidadã de forma integral que contribua para a construção de professores e estudantes críticos e compromissados com o seu papel na sociedade, com uma contribuição na diminuição das desigualdades, na expectativa de novos modos de viver que mesmo com etapas difíceis podem ser cumpridas para uma nova inserção de indivíduos com expectativas sociais, educacionais e econômicas diferenciadas. Já visto, sabemos que a interdisciplinaridade é usada com diferentes sentidos e por muitas vezes se confunde com outros conceitos. Para JAPIASSU (1976, p.74): A interdisciplinaridade caracteriza-se pela intensidade das trocas entre os especialistas e pelo grau de interação real das disciplinas no interior de um mesmo projeto de pesquisa, assim compreendemos que essa temática é compreendida como uma forma de trabalhar em sala de aula, no qual se propõe uma temática com abordagens em diferentes disciplinas. É compreender, entender as partes de elo entre as diferentes áreas de conhecimento, integrandose para construir algo inovador, renovar sabedorias, resgatar possibilidades e ultrapassar o pensar fragmentado. É a busca constante de investigação, na tentativa de superação do saber. No contexto do Projovem Urbano, a interdisciplinaridade é vista como uma construção do aluno, que se faz com base em conhecimentos multidisciplinares. Ou seja, os jovens têm aulas de diferentes conteúdos disciplinares, mas trabalham sobre eles para conectá-los entre si e com sua própria vida. A realização integral da formação básica, da qualificação profissional e da participação cidadã, dimensões curriculares do programa, devem ser realizadas com integração, cada uma dela deve atender a proposta essencial de uma formação interdisciplinar, que para a instituição formadora e executora dos encontros de formação dos educadores entende-se por: construção participativa da produção de saberes dos saberes na prática e na teoria, levando-se em conta as suas implicações mútuas, seus valores, seus fins e motivações para a vida humana. Devendo realizar-se plenamente e em consonância com as outras dimensões curriculares, além das necessidades para uma inclusão plena, criativa e produtiva na sociedade contemporânea. Nessas perspectivas, o currículo do Projovem foi concebido pretendendo ultrapassar e inovar

situações pedagógicas já por nós conhecidas, tentando protagonizar a juventude brasileira, de maneira que o jovem seja o percussor principal deste processo. Um currículo integrado e formulado em perspectivas interdisciplinares implica na criação de estruturas, tempos e espaços de aprendizagens vinculados aos objetivos do programa, como também o planejamento de ações que as concretizem. Para efetivar esta integração curricular, é necessário que os educadores compreendam que um currículo integrado se constitui sim por componentes curriculares distintos, que apesar de verem a realidade e o conhecimento de diferentes pontos de vistas e tratar de conteúdos diferenciados, podem constituir análises inter-relacionadas à favor da construção do conhecimento, levando em consideração os saberes e conhecimentos científicos e tácitos dos envolvidos. Um ponto importante também é o uso das especificidades em relação a seleção dos conteúdos a serem trabalhados, já que seu uso jamais poderá ser confundido com conteudismo, onde apenas se valoriza o conteúdo por si mesmo, como se o currículo envolvesse tudo de todas as áreas de conhecimento. No caso do Projovem Urbano, os conteúdos são selecionados em função dos jovens estudantes, à favor da formação de cidadãos conscientes e capazes de mudar sua postura diante dos fatos e dos problemas da vida contemporânea. Nesse caso, os conteúdos são instrumentos da inclusão social e buscam compreender, além dos cognitivos, os conteúdos procedimentais e atitudinais. A proposta lançada pelo Projovem Urbano alcança uma grande inovação, entretanto lança um grande desafio. O processo de construção e formação interdisciplinar envolvido na integração curricular deste programa é uma condição importante, porém não suficiente para atender ao objetivo do programa. Do ponto de vista especialmente desta proposta curricular, é necessário que se respeite e valorize a diversidade cultural dos jovens, mas que também sejam criadas possibilidades a fim de favorecer os sujeitos na apropriação do conhecimento e linguagens de outros grupos sociais criticamente e do mundo do trabalho. Reconhecer, valorar e respeitar à diversidade cultural, não se restringe em aceitar, por exemplo, que os jovens não são bons leitores ou não dominam algumas tecnologias dos dias atuais, ou ainda que possuam condições socioeconômicas diferenciadas, mas sim perceber aquela situação como ponto de partida para concretização de uma missão que a educação

pode cumprir, mesmo não sendo a sua única responsabilidade, porém acreditando na sua funcionalidade. O currículo integrado do Projovem Urbano é, portanto, uma metodologia diferenciada e ao mesmo tempo, como dito, desafiadora. A interdisciplinaridade exercida através do projeto integrado é uma alternativa viável na atuação docente, porém se faz necessário de recursos e atividades formativas onde todos os envolvidos tenham condições de questionar, discutir, analisar, opinar, decidir e participar do planejamento, execução e avaliação do processo de construção de uma proposta pedagógica verdadeiramente interdisciplinar. Formação do Educador do PROJOVEM URBANO: Desafios e Potencialidades. Professor é quem aceita essa dinâmica. Negocia, gere a contradição, não desiste de ensinar e,apesar de tudo, mas nem sempre, consegue formar os seus alunos. Chalot, 2008. O educador é uma figura simbólica sobre a qual são projetadas muitas contradições econômicas, sociais e culturais. Contudo, seria um erro considerar que as contradições enfrentadas pelos educadores, na sua prática, são um simples reflexo das contradições sociais. A situação é mais complexa. Existem tensões inerentes ao próprio ato de educar e ensinar. Quando são mal geridas, essas tensões viram contradições, sofridas pelos educadores e pelos alunos. Os modos como se gerem as tensões e as formas que tomam as contradições dependem da prática do educador e, também, da organização da escola, do funcionamento da Instituição escolar, do que a sociedade espera dela e lhe pede. Portanto, as contradições são, ao mesmo tempo, estruturais, ligadas à própria atividade docente, e sócio-históricas, uma vez que são modeladas pelas condições sociais do ensino em certa época. Inseridos nestas contradições e tensões, os educadores muitas vezes sentem-se desestabilizados em sua atuação docente, tendo sua posição social, a sua imagem social e seu trabalho em sala de aula completamente abalado. Nos dias atuais o educador já não é um profissional que deve aplicar regras predefinidas, cuja execução é dominada pelos seus superiores, é sim um profissional que deve resolver problemas, passando a ter uma liberdade

profissional maior, no entanto passou a ser responsabilizado pelos fins alcançados, especificamente pelos sucessos e fracassos dos educandos. Não muito distante dessa realidade, os educadores do Projovem Urbano, como qualquer educador em atuação, também são influenciados por estas transformações identitárias e além dessas mudanças, estes necessitam compreender e assumir características particulares apoiadas em princípios e pressupostos comuns, levando em conta a relação educador/educando como sujeitos, valorizando suas vivências pessoas e seus saberes da prática. Portanto considera-se essencial que este tenha condições afetivas de apropriar-se dos fundamentos, princípios, conceitos e estratégias metodológicas do currículo integrado, assim como também os conteúdos diferenciados componentes curriculares. Diante a essas necessidades, formar o educador do Projovem Urbano requer um programa específico, diferenciado, articulado e de boa qualidade, analisando a formação como construção coletiva de trocas para produção e ressignificação de saberes e conhecimentos. Por meio das duas modalidades de formação inicial e continuada os educadores têm a possibilidade de complementar sua formação específica das áreas ou disciplinas apropriandose, como sujeito ator, dos conhecimentos gerados por ele mesmo, de modo a poder rever sua prática ao longo do curso, atribui-lhe nos significados do contexto da proposta pedagógica do Projovem Urbano e obter mais entendimento das mudanças implicadas nesta proposta. Ao longo da realização de 12 formações, tivemos o privilégio de perceber claramente as dificuldades que são sempre pontuadas pelos educadores que não estão envolvidos nesta dimensão curricular, por fim pudemos identificar muitos desafios enfrentados pelos educadores do Projovem Urbano, que interferem diretamente na sua formação e na sua prática docente cotidiana. Estes desafios seguem desde questões organizacionais à atitudinais. As formações são realizadas para educadores das diversas áreas do conhecimento e proferidas por professores/formadores das diversas áreas do saber, isso para atender a as especificidades do programa. Nas realizações destas, notamos que alguns educadores questionavam a contextualização dos conteúdos, já que eles devem vivenciar para a realidade dos seus educandos e devendo realizar planejamentos e execuções dos mesmos de maneira interdisciplinar, existindo uma formação que contemple as inúmeras realidades enfrentadas por eles, sendo a principal realidade nos transmitida.

Superar essa questão passou a ser o alvo dos diversos questionamentos nas reuniões de planejamento e para alcançá-la foi necessário um trabalho de parceria junto ao corpo pedagógico dos núcleos de desenvolvimento do programa e assim, identificar as maiores e principais dificuldades didáticos/pedagógicas enfrentadas pelos educadores. Entre tantas questões pontuadas, valoramos algumas questões e percebemos que a proposta curricular do Projovem Urbano implicava em um desafio muito maior, pois como já visto, requer dos educadores uma postura diferenciada e ampla de atuação docente para atender os objetivos propostos pelo programa. Nestas perspectivas, notou-se o enriquecimento e consolidação de novas propostas massificando de maneira intensa nas formações iniciais o uso dos recursos didáticos disponibilizados pelo programa, transversalizando aos conteúdos estruturantes do currículo e ampliando as discussões e embasamentos de cunho conceitual e epistemológico. Percebemos, que utilizando os manuais de orientação e os guias de orientação e nas formações continuadas, que deve permitir que o educador se aproprie, como sujeito dos conhecimentos que ele mesmo gera, de modo a poder rever sua prática no curso (UMBELINA, 2009) foram predominantes os momentos de discussões e de encaminhamentos em relação às dificuldades do cotidiano da sala de aula, especificamente da aprendizagem dos alunos através de oficinas. Diante dessas possibilidades metodológicas diversificadas oferecidas aos educadores não podemos deixar de levar em conta que estes devem também buscar nas formações os conhecimentos que, supostamente, deverão preencher as lacunas deixadas pela formação inicial e continuada. Na maioria e, uma vez adquiridos, os oferecerão meios de enfrentar e até resolver os problemas complexos da sala de aula. A partir dito, espera-se que os educadores apoiados nas formações oferecidas embasadas no novo saber fazer, reformulem posturas e práticas já consolidadas e implementem mudanças em hábitos arraigados. A reação dos educadores tem sido positiva e variada, positiva porque muitos aderiram de forma entusiasmada, e variada porque cada um possui suas preferências pessoais de acordo com os temas abordados. Certamente a mudança da prática didática dos educadores e não somente do Projovem Urbano, depende de vários fatores e é bastante difícil relacioná-la apenas as formações, porém

a relação dos professores com o programa exerce um papel importante e deve ser analisada com profundidade, sendo que os resultados dessa busca podem auxiliar de forma significativa todos os que pretendem investir na sua prática á favor de fins positivos. As tentativas de uma formação mais contextualizada, apesar das dificuldades encontradas, objetivam refletir na prática didática que os educadores têm apresentado, muitas vezes com mudanças pouco relevantes e, às vezes, poucas modificações quanto ao conteúdo, às metodologias de ensino e, até as atitudes dos em relação a seus alunos. Portanto, as tentativas de superar essas dificuldades ao longo do tempo estão sendo propostas pela equipe formadora, que em cada formação realizada consegue identificar necessidades emergentes e propõe novos meios de superação. A postura do educador frente ao processo interdisciplinar no PROJOVEM URBANO: Quanto mais formos capazes de descobrir porque somos aquilo que somos, tanto mais nos será possível compreender porque é que a realidade é o que é. Paulo Freire A atuação docente de um educador envolve diversos deveres a serem cumpridos, é necessário então, que o mesmo perceba a importância de se preocupar com a boa qualidade da sua prática. Para que isso aconteça, o educador deve se auto avaliar em todos os dias do seu trabalho, tendo em vista o controle e o conhecimento sobre sua missão, suas características e sua didática, agregando novos valores, quando necessário, e observando sempre sua postura diante aos processos qual está envolvido. A postura docente frente a qualquer processo de ensino/aprendizagem deve ser sempre de conduzir o educando de forma que possa o aprendizado ser mútuo e valorizado, estabelecendo um diálogo onde aquele que educa aprenda também. Independe de qualquer teoria, metodologia ou recurso, tanto os alunos quanto o educador devem orientar e participar de um processo de formação mútua e permanente. Entretanto, ao se inserir novas metodologias em processos formativos, faz-se necessário a ampliação das possibilidades de atuação docente, é preciso modificar e agregar novos conhecimentos acerca do que se pretende desenvolver de acordo com o objetivo da metodologia.

Ao se falar de atuação interdisciplinar no Projovem Urbano, muitos educadores devem buscar uma reflexão de que forma atuar e qual postura adotar para atender os objetivos propostos pelo programa. Antes de qualquer intervenção formativa e atuação didática o educador do Projovem Urbano deve considerar as diferentes dimensões do jovem como ser humano, precisa ir além da condição de especialista em uma disciplina ou campo de conhecimento. (UMBELINA, 2009.) Ele deve ser educador no sentido mais amplo da palavra, capaz de fazer a mediação entre o projeto de educação da sociedade, projeto político pedagógico integrado do programa e os projetos individuais dos alunos. Tanto a mediação característica do olhar de cada disciplina, quanto aquela de construir a interdisciplinaridade estabelecendo inter-relação de conhecimentos teóricos, práticos, sociais, emocionais, éticos, estéticos. Fazenda, 1994, apresenta algumas atitudes de um professor interdisciplinar : Entendemos por atitude interdisciplinar, uma atitude diante de alternativas para conhecer mais e melhor; atitude de espera ante os atos consumados, atitude de reciprocidade que impele à troca, que impele ao diálogo ao diálogo com pares idênticos, com pares anônimos ou consigo mesmo atitude de humildade diante da limitação do próprio saber, atitude de perplexidade ante a possibilidade de desvendar novos saberes, atitude de desafio desafio perante o novo, desafio em redimensionar o velho atitude de envolvimento e comprometimento com os projetos e com as pessoas neles envolvidas, atitude, pois, de compromisso em construir sempre da melhor forma possível, atitude de responsabilidade, mas, sobretudo, de alegria, de revelação, de encontro, de vida (FAZENDA, 1994,p. 82). Dessa forma o autor citado elucida procedimentos atitudinais que vão além de posturas didáticas e apresenta assim, pontos de partida para a solução de dificuldades do cotidiano formativo, tanto no sentido didático quanto no sentido de valores possíveis, que sobressaem à dimensão abstrata de uma atuação docente de boa qualidade e interdisciplinar. Um educador interdisciplinar ao refletir sobre sua metodologia, o educador precisa reconhecer os progressos disto no decorrer da história. O papel do educador está hoje mais presente no dia-a-dia do progresso metodológico do ensino. O educador deve está mais sensível e reflexivo diante ao contexto cotidiano que seus educandos estão inseridos. Reconhecemos que há muito que melhorar, desde formação precária do educador oferecida pelas universidades, sem generalizar, até as condições de trabalho por eles enfrentadas. É necessário a sensibilização do educador para que estes admitam que o processo de ensino/aprendizagem e formativo deve ser um processo de reciprocidade e interdisciplinar para funcionar de forma

conjunta, agregando e valorizando as formas de saber. Cabe, então, aos educadores perceber e valorizar a importância dos encontros, debates, discussões e produções acadêmicas acerca de aspectos didáticos, sensitivos, afetivos e críticos que influenciam e interferem no processo de ensino/aprendizagem, ajudando assim tanto educandos, quanto a ele mesmo, seja na sua prática docente ou na sua vida cotidiana e em sociedade. Da busca às possibilidades: Considerações Finais! Notamos que o discurso sobre a formação e atuação docente interdisciplinar está bastante presente nos espaços educativos formais, porém sua efetivação ainda se apresenta utópica para os educadores preocupados com uma educação crítica e que por isso mesmo deve corresponder às necessidades do contexto histórico em que está inserida. A formação e a atuação docente interdisciplinar constituem-se uma exigência básica e possível na sociedade contemporânea. Devem ser tomadas como um imperativo dos mais importantes das novas condições da produção do conhecimento científico, como também das novas condições de ser e de estar no mundo, assim envolvendo sempre a educação e os processos formativos que todos passam ao longo da vida. As diversas dimensões como economia, política e sociocultural não devem ser dissociadas, pois isso a descaracterizaria como tal. No que tange às possibilidades de uma atuação docente interdisciplinar devemos considerar dois pontos essenciais. Primeiro que a formação docente embasada em um currículo integrado possibilite uma efetiva compreensão desse mundo como é, melhor capacitando os educadores nas suas tomadas de decisões e nos processos de escolhas vivenciais, diagnosticando e sim sendo propositivos para construção séria do processo de emancipação humana, e segundo que sua atuação docente interdisciplinar além de facilitar aos educandos para uma visão ampla da sociedade, colabore no desenvolvimento de novos saberes e novas competências que hoje estão sendo requisitados pela sociedade e deverão ser desenvolvidos pela educação. A metodologia interdisciplinar é uma possibilidade de sintonizar a formação oferecida com o tempo/espaço do qual faz parte, consistindo nas ações em movimento, e suas produções contextualizadas. Sendo assim, utiliza a flexibilidade e, portanto, a abertura para o novo, a variedade, a não-linearidade e o respeito pela diversidade.

As possibilidades de ações interdisciplinares realizadas nas formações dos educadores do Projovem Urbano buscam além de colaborar na atuação docente a partir do currículo integrado do programa, fomentar mudanças que rompam com a rigidez que ainda é predominante em toda a estrutura educacional, pois ao se relacionar questões de ordem econômica, sociocultural, pedagógica e, principalmente, política, é dado respaldo a atitudes integradas, que antes eram vistas de forma fragmentada e por um único ângulo. Por fim, o desafio parece está na conscientização dos educadores das formas de apropriação, das práticas a serem realizadas e dos sentidos que caracterizam a atuação docente frente às condições interdisciplinares, proporcionando maior conhecimento das condições de trabalho e, ao mesmo tempo, identificando as formas necessárias de atuação em relação aos objetivos propostos e as condições ali postas. Um caminho a se materializar. Referências: CÂMARA, Maria Lúcia Botêlho. Interdisciplinaridade e formação de professores na UCG: uma experiência em construção. Brasília, 1999. FAZENDA, Ivani. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. 4 ed. Campinas: Papirus, 1999. FAZENDA, Ivani. Interdisciplinaridade: Um projeto em parceira. São Paulo, 1994. FAZENDA, Ivani. Práticas interdisciplinares na escola. (ORG.) São Paulo: Cortez,1993. FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação:uma introdução ao pensamento de Paulo Freire.3ed.São Paulo:Centauro.2005. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 2 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1997. GALLO, Sílvio. Transversalidade e educação: pensando uma educação não-disciplinar. Rio de Janeiro: DP&A, 1999. JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e Patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976 NÓVOA, Antônio. Profissão Professor (Org.). São Paulo. Porto Editora, 1999. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Ministério da Educação. Brasília, 1999.

UMBELINDA, Maria. Manual do Educador: Orientações Gerais. Programa Nacional de Inclusão de Jovens Projovem Urbano. Brasília, 2009. UNEB Universidade do Estado da Bahia: Revista da FAEEBA: Educação e contemporaneidade. Departamento de Educação Salvador, 1992.