O AMBIENTE ESCOLAR COMO ESPAÇO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE: PERSPECTIVAS A PARTIR DE UM PROJETO DE EXTENSÃO



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Transcrição:

O AMBIENTE ESCOLAR COMO ESPAÇO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE: PERSPECTIVAS A PARTIR DE UM PROJETO DE EXTENSÃO ALENCAR 1, Islany Costa BATISTA 2, Lais Duarte CRUZ 3, Pedro José Santos Carneiro Cruz SIMON 4, Eduardo Centro de Ciências Médicas/Departamento de Promoção da Saúde/PROBEX RESUMO: No âmbito escolar, a promoção da alimentação saudável constitui um dos desafios singulares no contexto de ações de Promoção da Saúde e da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN). Nesse sentido, o Projeto de Extensão Práticas Integrais de Promoção da Saúde e Nutrição no Ambiente Escolar, vinculado ao Departamento de Promoção da Saúde (DPS) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), desde 2007, procura desenvolver iniciativas de Educação Popular com ênfase na Promoção da Saúde e da SAN em parceria com a Escola Municipal de Ensino Fundamental Augusto dos Anjos (EMEFAA), na cidade de João Pessoa- PB. Desde o início de sua atuação, o projeto passou a desenvolver ações com os sujeitos da EMEFAA com o desafio de incorporar o tema da alimentação saudável de modo perene e estrutural no contexto escolar, com ações inspiradas no referencial teórico-metodológico da Educação Popular em Saúde. Para tanto, vem buscando mobilizar de forma participativa, criativa e crítica os estudantes através de atividades educativas em salas de aula, campanhas nas turmas, gincanas estudantis, além de formação permanente com os funcionários da escola. Assim, mobiliza um grupo operativo, formado por estudantes de graduação da UFPB sob orientação docente do DPS (CCM - UFPB) para interagir cotidianamente com a comunidade escolar na construção coletiva destas ações, visando desenvolver as bases para a promoção de práticas alimentares saudáveis protagonizadas pelos próprios sujeitos da escola, através de propostas que possibilitem o envolvimento dos setores de saúde, educação, família e comunidade. Palavras-chave: Educação Popular em Saúde, Alimentação Saudável, Promoção da Saúde. INTRODUÇÃO A Promoção da Saúde constitui-se de uma estratégia de vital importância para a busca da melhoria da qualidade de vida da população. Aliada à fomentação de estilos de vida menos impactantes, a adoção de práticas alimentares saudáveis é essencial no enfrentamento dos problemas alimentares e nutricionais do contexto atual, pois envolve uma abordagem integral que busca tanto prevenir as doenças causadas pelas carências nutricionais, como também, promover redução na incidência da obesidade, problema este, relacionado a diversas patologias como diabetes, hipertensão, e que vem acometendo indivíduos cada vez mais jovens. A complexidade desses problemas tem demandado reformulações no setor saúde, a fim de 1 Universidade Federal da Paraíba, Nutricionista colaboradora do Projeto, lany_alencar@hotmail.com 2 Universidade Federal da Paraíba, Discente bolsista PROBEX, laiis.nut@gmail.com 3 Universidade Federal da Paraíba, Professor orientador e colaborador, pedrojosecruzpb@yahoo.com.br 4 Universidade Federal da Paraíba, Professor Coordenador, esimon81@gmail.com

responder às novas demandas alimentares. Neste sentido, a promoção da alimentação saudável no viés da saúde pública consiste em uma abordagem integral que envolve a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) como eixo estruturador em diversos programas, estratégias e políticas públicas direcionadas à Promoção da Saúde (RECINE, VASCONCELLOS, 2011, BRASIL, 2008). A realização do Direito Humano à Alimentação Adequada permite alcançar a SAN cuja base é a adoção de práticas promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural, e que sejam ambiental, econômica e socialmente sustentáveis. Reconhecer que a alimentação é uma parte vital da cultura do indivíduo faz parte de um conjunto de medidas a serem adotadas para a concretização do direito humano e promoção da alimentação adequada e saudável. Assim, promover a alimentação saudável na escola, na perspectiva do direito humano, é melhorar padrões de saúde, garantir SAN e, sobretudo, construir cidadania (ABRANDH, 2010). Diversas políticas de saúde recomendam o espaço escolar para o desenvolvimento de ações de prevenção de doenças e de promoção da saúde, através da participação dos adolescentes. No âmbito da Estratégia Saúde da Família, a promoção da alimentação saudável nas escolas, seja de ensino infantil, fundamental ou médio, constitui um dos desafios singulares no contexto de ações de Promoção da Saúde e da SAN. O Programa Saúde na Escola (PSE) se destaca como iniciativa do Governo Federal para buscar estratégias com finalidade de contribuir para a formação integral dos estudantes da rede pública de ensino por meio de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde (BRESSAN, 2011; BRASIL, 2012). Dentre as diversas possibilidades para desenvolver iniciativas de promoção da alimentação saudável no âmbito escolar, as experiências empreendidas a partir do referencial da Educação Popular em Saúde merecem destaque por insistir em dinâmicas pedagógicas com vertente crítica e aberta às experiências dos escolares, além de serem caracterizadas pelo trabalho a partir de uma concepção ampliada de saúde e alimentação (CRUZ, PEREIRA, VASCONCELOS, 2011). Para tanto, o Projeto de Extensão Práticas Integrais da Promoção da Saúde e Nutrição no Ambiente Escolar busca mobilizar de forma participativa, criativa e crítica os protagonistas da escola através de atividades educativas que visam desenvolver as bases para a promoção de práticas alimentares saudáveis protagonizadas pelos próprios sujeitos da escola, possibilitando o envolvimento dos setores de saúde, educação, família e comunidade. DESENVOLVIMENTO Desde 2007 atuando no campo da Estratégia Saúde da Família, o programa de Extensão Popular Práticas Integrais de Promoção da Saúde e Nutrição na Atenção Básica (PINAB),

vinculado ao Departamento de Promoção da Saúde da UFPB atua com ações educativas nas comunidades de Boa Esperança, Jardim Itabaiana e Pedra Branca, na Unidade de Saúde da Família (USF) Vila Saúde e na Escola Municipal de Ensino Fundamental Augusto dos Anjos (EMEFAA), localizados no bairro do Cristo Redentor, em João Pessoa PB. Além de ações educativas, o Programa gira em torno da gestão compartilhada do projeto e das visitas domiciliares. Tais ações têm possibilitado um olhar crítico sobre a nutrição no cotidiano da comunidade. Ademais, têm estimulado que os extensionistas construam caminhos para uma atuação comprometida com a promoção da saúde. A fim de criar alternativas para o desenvolvimento de ações de promoção da saúde por meio da alimentação saudável no âmbito escolar, no escopo do Programa PINAB, encontra-se inserido o Projeto de Extensão Práticas Integrais da Promoção da Saúde e Nutrição no Ambiente Escolar, que desenvolve ações em parceria com a EMEFAA, com ênfase na Promoção da Saúde e na SAN. Neste período, o projeto passou a articular os sujeitos da Escola no desafio de incorporar o tema da alimentação saudável de modo perene e estrutural no contexto escolar, com ações inspiradas no arcabouço teórico-metodológico da Educação Popular em Saúde. Como os professores são modelo de comportamento, responsáveis por construir conhecimentos, inclusive para o consumo alimentar, a participação destes sujeitos junto às atividades é fundamental para o enriquecimento das ações desenvolvidas. Para tal, o planejamento junto à direção da Escola é realizado sistematicamente e preponderante para uma realização de sucesso e atendimento aos objetivos propostos. Nesse contexto, o PINAB busca a construção de um conhecimento permanente, propiciadas através dessas experiências educativas dentro do ambiente escolar, uma vez que este é um espaço promotor de interações, saberes, costumes e referências repletas de potencialidades. O Projeto realizou as ações envolvendo estudantes do Ensino Fundamental I, no período de maio a dezembro de 2013, totalizando 8 meses. As atividades foram empreendidas às sextasfeiras, no turno da manhã, quinzenalmente, por extensionistas de diversos cursos da graduação da UFPB. O desenvolvimento das atividades educativas procurou abordar metodologias lúdicas nas salas de aula, através do diálogo horizontal e da observação direta, como jogos de perguntas e respostas, dinâmicas de grupo com ênfase na interação dos estudantes e construção da pirâmide alimentar saudável, com o intuito de fortalecer o par extensionista/educando, de modo a facilitar o desenrolar das atividades, além de tornar o aprendizado mais dinâmico e interessante. As atividades valorizam a metodologia do diálogo como forma de incentivar a participação do

aluno, permitindo que estes confiem na sua capacidade de aprender, e valorizando o conhecimento do outro, repercutindo na convivência em sociedade. No grupo Escola, o primeiro contato com os professores, durante a Oficina de Planejamento Pedagógico da Escola permitiu a participação dos mesmos no que se referem a levantamento de sugestões de temas e metodologias mais eficientes para o trabalho com os estudantes visando o melhor encaminhamento e resultado das atividades. Esse contato possibilitou a interação e reflexão dos professores a respeito das atividades a serem desenvolvidas em sala de aula, e fortaleceu o vínculo entre professores e extensionistas. No decorrer do desenvolvimento das ações do projeto foi perceptível o gradativo aumento de interesse e participação dos escolares, que se empenharam na busca por conhecimentos e experiências diversificadas, estimulando assim, a inserção destes nas atividades solicitadas. Foram vários os desafios que dificultaram o andamento do grupo, dentre eles, destaca-se o dia de atuação do mesmo, já que muitas vezes, chocava que eventos internos da escola. Outra barreira apontada é a falta de merenda escolar, fazendo com que os alunos fossem liberados antes do horário final de aulas, impedindo a ocorrência das atividades. Um desafio ainda a ser superado é a conquista da participação efetiva dos professores nas atividades. Tendo em vista que esse profissional facilita o aprendizado e formação crítica do aluno, é preciso que eles tenham maior participação e união com os objetivos do projeto, colaborando diretamente (em sala de aula ou fora dela) para o crescimento do aluno/ator social. Nesse contexto, apesar das barreiras, destacam-se também as potencialidades do grupo, que consistem na própria estrutura da escola, que facilita o desenvolvimento das atividades, e o gradativo aumento de interesse dos alunos, na busca por conhecimentos e experiências diversas durante as atividades educativas desempenhadas pelo projeto, estimulando assim, a participação destes no desenvolvimento das ações. Assim, o projeto busca a construção de um conhecimento permanente, propiciadas através de experiências educativas dentro do ambiente escolar, uma vez que este é um espaço promotor de interações, saberes, costumes e referências de potencialidades. Avaliamos que a vivência no ambiente escolar proporciona trocas mútuas de conhecimentos, contribuindo na formação das extensionistas, através da realização de um trabalho multilateral, baseado no diálogo e na escuta, aprimorando seus saberes de forma educativa. Ainda no tocante aos resultados dessa atuação, os conhecimentos propiciados durante a realização das atividades têm a oportunidade de incorporar a adoção de hábitos saudáveis à identidade das crianças, já que a escola é uma instituição de ensino responsável pela educação e formação do individuo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS As reflexões dessa atuação permitem concluir que as experiências desenvolvidas no âmbito da Educação Alimentar são de extrema importância, já que estimulam a prática da Alimentação Saudável como promotora da Saúde. Desta forma, ao longo do período em análise, é possível reconhecer esse espaço como ambiente estratégico para ações de promoção da saúde, sobretudo das questões atinentes à alimentação saudável. Nesse sentido, no âmbito escolar, as atividades educativas desenvolvidas numa perspectiva mais crítica e ativa vêm contribuindo para o protagonismo das suas crianças e jovens, bem como para o envolvimento mais sistemático dos professores nas atividades, re-significando a compreensão desses atores sobre as questões relacionadas à promoção da saúde. Colocar em prática a realização dessas mudanças, não é uma tarefa fácil, mas é possível, visto que é cada vez maior, o número de pessoas que participam diretamente nas conquistas e das lutas das suas comunidades. REFERÊNCIAS ABRANDH Associação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos (2010). Direito humano à alimentação adequada no contexto da segurança alimentar e nutricional. Valéria Burity... [et al.]. Brasília, DF: ABRANDH, p.204, 2010. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de referência de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. Brasília, DF: MDS; Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2012. BRESSAN, A. A Participação Juvenil no Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas: contribuições da análise documental para a identificação de estratégias de promoção da saúde. Dissertação de mestrado. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca. Rio de Janeiro, 2011. CRUZ, P.J.S.C.; PEREIRA, I.D.F.; VASCONCELOS, A.C.C.P. Educação Popular e a promoção da segurança alimentar e nutricional em comunidades: desafios com base em uma experiência de extensão. In: VASCONCELOS, E.M.; CRUZ, P.J.S.C.(Orgs.). Educação popular na formação universitária: reflexões com base em uma experiência. São Paulo: Hucitec; João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2011. p.334-351. RECINE, E.; VASCONCELLOS, A.B. Políticas nacionais e o campo da Alimentação e Nutrição em Saúde Coletiva: cenário atual. Ciência e Saúde Coletiva, v. 16, n. 1, p.73-79, 2011.