Nota Técnica Expediente nº. 25/2013, do Setor Jurídico. (Aprovada em Reunião de Diretoria em 03/07/2013)



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Transcrição:

EMENTA: MATÉRIA DE COMPETÊNCIA DOS CONSELHEIROS. ANÁLISE JURÍDICA SOMENTE A TITULO DE PESQUISA NA LEGISLAÇÃO. Artigo 92 do C.E.M. DISPENSA DO PERICIANDO NA PERICIA MÉDICA. JUNTA SUPERIOR DE SAÚDE. PERÍCA MÉDICA. PERÍCIA DIRETA E INDIRETA. A perícia médica direta. A perícia médica direta constitui no exame clínico do periciado, na realização de eventuais exames complementares, bem como na análise dos documentos e das informações relativas ao seu histórico médico, ocupacional e familiar. A perícia indireta é a que aquela que em certas situações a prova pericial médica há de ser realizada com base exclusivamente nos documentos médicos do falecido acostados aos autos, bem como nas informações relativas ao seu histórico familiar e ocupacional. Previsão legal apenas no Código de Ética Médica: Interpretação do art. 92 do Código de Ética Médica INTERESSADO: PROCURADOR-GERAL DA JUSTIÇA MILITAR (Marcelo Weitzel Rabello de Souza) MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO. SOLICITANTE: DEPARTAMENTO CONSULTA DO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA - CFM REFERÊNCIA: Ofício Reservado n. 01/2013/AsseJur/Gab-PGJM, de 15 de janeiro de 2013. ASSUNTO: Solicita parecer/consulta sobre procedimentos de perícias médicas adotada no âmbito da Força Aérea Brasileira. Roga por Sigilo e prioridade. Nota Técnica Expediente nº. 25/2013, do Setor Jurídico. (Aprovada em Reunião de Diretoria em 03/07/2013) Protocolo CFM n º. : 001641, de 20 de fevereiro de 2013. I Relatório A presente consulta tem origem, em apertada síntese, em dúvida sobre a possibilidade legal e a visão ética do Conselho Federal de Medicina sobre a realização de exame médico pericial sem a presença do periciado e, outras particularidades.

O Consulente questiona a essa r. Entidade, verbis 15.1 Existe a possibilidade, legal ou regulamentar, de perícia médica indireta, ou seja, avaliação pericial médica embasada apenas na análise documental (prontuários médicos, exames, laudos e avaliações médicas), dispensada a presença do periciado? O Código de Ética Médica ampara esse procedimento? Em quais artigos? O art. 92 desse diploma aplica-se a essa situação? Regulamentos internos de órgãos públicos podem prever a referida perícia médica indireta? 15.2 O ato da Junta Superior de Saúde da Aeronáutica em questão, denominado inspeção de saúde, é considerado ato médico? 15.3 Esse ato da JSS, também chamado de julgamento, pode basear-se tão somente em documentos, inclusive quando discordar de avaliação pericial presencial de Junta anterior? 15.4 Existe exigência, legal ou regulamentar, do exame físico em avaliação pericial médica que trate de aposentadoria por invalidez ou paralisia irreversível e incapacitante? 15.5 A assertiva constante do item 9.5., de que, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), a perícia médica não se restringe única e exclusivamente ao exame clínico direto de um indivíduo, mas também contempla o exame de documentos médicolegais, permite a interpretação de que o exame clínico direto do periciado pode ser dispensado, limitando-se a perícia médica ao exame de documentos médico-legais? 15.6 Pode-se dizer que o parecer da JSS foi baseado em critérios clínicos e periciais previstos na legislação vigente? 15.7 O Código de Ética Médica, as Resoluções do CFM e do CRM e demais normas referentes à Medicina em geral aplicam-se, regularmente, ao exercício dessa ciência, inclusive à avaliação pericial, e aos profissionais médicos no âmbito das Forças Armadas? Há alguma ressalva? 15.8 Existe algum outro esclarecimento que o CFM repute relevante para a devida apreciação, pelo Parquet, dos fatos constantes deste requerimento? Qual(is)?

II Da pesquisa Primeiramente, analisou-se as normas legais existentes que versam sobre a questão, quais sejam, a Constituição Federal da República de 1988, a Lei nº. 3.268, de 30 de setembro de 1957, o Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958 (Modificado pelo Decreto nº 6821, de 14 de abril de 2009) (Lei e Decretos que dispõem sobre os Conselho de Medicina, e dá outras providências), a Resolução CFM nº 1.931, de 17 de setembro de 2009 (Código de Ética Médica) e pareceres consulta do Conselho Federal de Medicina, e no âmbito da Justiça Militar, a Lei nº 6.880, de 9 de dezembro de 1980 (dispõe sobre o Estatuto do Militares), Decreto nº 4.307, de 18 de julho de 2002 e a Portaria Normativa nº 1.174/MD de 6 de setembro de 2006. As normas legais acima citadas, no que importa para análise do tema em questão, assim dispõem: Saúde, a recuperação e a preservação da capacidade de trabalho são direitos garantidos. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:... IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;... Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 64, de 2010) Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:... XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;... Desempenho técnico e ético da medicina competência legal dos Conselhos

DECRETO LEI N. 44.045/58 Art. 15. São atribuições dos Conselhos Regionais: (...) c) fiscalizar o exercício da profissão de médico; d) conhecer, apreciar e decidir os assuntos atinentes à ética profissional, (...) g) velar pela conservação da honra e da independência do Conselho, livre exercício legal dos direitos dos médicos; h) promover, por todos os meios e o seu alcance, o perfeito desempenho técnico e moral da medicina e o prestígio e bom conceito da medicina, da profissão e dos que a exerçam; todo médico, independente da especialidade ou do vinculo empregatício estatal ou privado, responde pela promoção, prevenção e recuperação da saúde coletiva e individual dos trabalhadores. todo médico, ao atender seu paciente, deve avaliar a possibilidade de que a causa de determinada doença, alteração clínica ou laboratorial possa estar relacionada com suas atividades profissionais, investigando-a de forma adequada e quando necessário, verificando o ambiente de trabalho. São os princípios gerais da perícia disciplinados no Código de Ética Médica. RESOLUÇÃO CFM Nº 1.931, DE 17 DE SETEMBRO DE 2009 (CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA) Capítulo XI AUDITORIA E PERÍCIA MÉDICA É vedado ao médico:

Art. 92. Assinar laudos periciais, auditoriais ou de verificação médico-legal quando não tenha realizado pessoalmente o exame.... Art. 94. Intervir, quando em função de auditor, assistente técnico ou perito, nos atos profissionais de outro médico, ou fazer qualquer apreciação em presença do examinado, reservando suas observações para o relatório. Art. 95. Realizar exames médico-periciais de corpo de delito em seres humanos no interior de prédios ou de dependências de delegacias de polícia, unidades militares, casas de detenção e presídios. Art. 97. Autorizar, vetar, bem como modificar, quando na função de auditor ou de perito, procedimentos propedêuticos ou terapêuticos instituídos, salvo, no último caso, em situações de urgência, emergência ou iminente perigo de morte do paciente, comunicando, por escrito, o fato ao médico assistente. Art. 98. Deixar de atuar com absoluta isenção quando designado para servir como perito ou como auditor, bem como ultrapassar os limites de suas atribuições e de sua competência. Regula a situação, obrigações, deveres, direitos e prerrogativas dos membros das Forças Armadas. LEI Nº 6.880, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1980. Art. 50. São direitos dos militares: IV - nas condições ou nas limitações impostas na legislação e regulamentação específicas: (...) e) a assistência médico-hospitalar para si e seus dependentes, assim entendida como o conjunto de atividades relacionadas com a prevenção, conservação ou recuperação da saúde, abrangendo serviços profissionais médicos, farmacêuticos e odontológicos, bem como o fornecimento, a aplicação de meios e os cuidados e demais atos médicos e paramédicos necessários;

(...) Art. 106. A reforma ex officio será aplicada ao militar que: (...) III - estiver agregado por mais de 2 (dois) anos por ter sido julgado incapaz, temporariamente, mediante homologação de Junta Superior de Saúde, ainda que se trate de moléstia curável; Art. 108. A incapacidade definitiva pode sobrevir em consequência de: I - ferimento recebido em campanha ou na manutenção da ordem pública; II - enfermidade contraída em campanha ou na manutenção da ordem pública, ou enfermidade cuja causa eficiente decorra de uma dessas situações; III - acidente em serviço; IV - doença, moléstia ou enfermidade adquirida em tempo de paz, com relação de causa e efeito a condições inerentes ao serviço; V - tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, lepra, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, mal de Parkinson, pênfigo, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave e outras moléstias que a lei indicar com base nas conclusões da medicina especializada; e (Redação dada pela Lei nº 12.670, de 2012) VI - acidente ou doença, moléstia ou enfermidade, sem relação de causa e efeito com o serviço. 1º Os casos de que tratam os itens I, II, III e IV serão provados por atestado de origem, inquérito sanitário de origem ou ficha de evacuação, sendo os termos do acidente, baixa ao hospital, papeleta de tratamento nas enfermarias e hospitais, e os registros de baixa utilizados como meios subsidiários para esclarecer a situação. 2º Os militares julgados incapazes por um dos motivos constantes do item V deste artigo somente poderão ser reformados após a homologação, por Junta Superior de Saúde, da inspeção de saúde que concluiu pela incapacidade definitiva, obedecida à regulamentação específica de cada Força Singular.

Art. 111. O militar da ativa julgado incapaz definitivamente por um dos motivos constantes do item VI do artigo 108 será reformado: I - com remuneração proporcional ao tempo de serviço, se oficial ou praça com estabilidade assegurada; e Art. 112. O militar reformado por incapacidade definitiva que for julgado apto em inspeção de saúde por junta superior, em grau de recurso ou revisão, poderá retornar ao serviço ativo ou ser transferido para a reserva remunerada, conforme dispuser regulamentação específica. DECRETO Nº 4.307, DE 18 DE JULHO DE 2002 Art. 94. O militar considerado inválido, nos casos previstos nos incisos III a V do art. 108 da Lei no 6.880, de 1980, será reformado com proventos calculados com base no soldo correspondente ao grau hierárquico imediato ao que faria jus na inatividade, até o limite estabelecido no parágrafo único do art. 152 da mesma Lei. Normas para avaliação da incapacidade decorrente de doenças especificadas em lei pelas Juntas de Inspeção de Saúde da Marinha, do Exército, da Aeronáutica e do Hospital das Forças Armadas. PORTARIA NORMATIVA Nº 1174/MD, DE 06 DE SETEMBRO DE 2006 Conceitos relevantes Para o entendimento destas Normas são relevantes os seguintes conceitos: a) incapacidade: é a perda definitiva, pelo militar, das condições mínimas de saúde necessárias à permanência no Serviço Ativo. b) invalidez: é a perda definitiva, pelo militar, das condições mínimas de saúde para o exercício de qualquer atividade laborativa, civil ou militar. Revisão de laudo de incapacidade ou invalidez A revisão de laudo de incapacidade ou invalidez, em qualquer situação, somente será feita por meio de nova inspeção de saúde, pela mesma Junta de Saúde na qual o laudo foi exarado ou outra de instância superior.

(...) Paralisia Irreversível e Incapacitante 27. Conceituação 27.1. Entende-se por paralisia a incapacidade de contração voluntária de um músculo ou grupo de músculos, resultante de uma lesão orgânica de natureza destrutiva ou degenerativa, a qual implica interrupção de uma das vias motoras, em qualquer ponto, desde o córtex cerebral até a própria fibra muscular, pela lesão do neurônio motor central ou periférico. 27.2. A abolição das funções sensoriais, na ausência de lesões orgânicas das vias nervosas, caracteriza a paralisia funcional. 28. Classificação 28.1. As paralisias, considerando-se a localização e a extensão das lesões, classificam-se em: a) paralisia isolada ou periférica: quando é atingido um músculo ou um grupo de músculos; b) monoplegia: quando são atingidos todos os músculos de um só membro; c) hemiplegia: quando são atingidos os membros superiores e inferiores do mesmo lado, com ou sem paralisia facial homolateral; d) paraplegia ou diplegia: quando são atingidos os membros superiores ou os inferiores, simultaneamente; e) triplegia: quando resulta da paralisia de três membros; e f) tetraplegia: quando são atingidos os membros superiores e inferiores. 29. Normas de Procedimento das Juntas de Inspeção de Saúde Paralisia Irreversível e Incapacitante 29.1. A paralisia será considerada irreversível e incapacitante quando, esgotados os recursos terapêuticos da medicina especializada e os prazos necessários à recuperação motora, permanecerem distúrbios graves e extensos que afetem a mobilidade, a sensibilidade e a troficidade, observados os conceitos relevantes constantes do Capítulo II destas Normas. 29.2. São equiparadas às paralisias as lesões osteomusculoarticulares e vasculares graves e crônicas, das quais resultem alterações extensas e definitivas das funções nervosas, da mobilidade e da troficidade, esgotados os recursos terapêuticos da medicina especializada e os prazos necessários à recuperação.

29.3. São equiparadas às paralisias as paresias das quais resultem alterações extensas das funções nervosas e da motilidade, esgotados os recursos terapêuticos da medicina especializada e os prazos necessários à recuperação, devendo os laudos das inspeções de saúde citar a sua equiparação com as paralisias, de acordo com a classificação prevista no item 28 destas Normas. 29.4. São equiparadas às paralisias as ausências de membros, segmentos de membros ou de feixes musculares, resultantes de amputação ou ressecções cirúrgicas que resultem em distúrbios graves e extensos da mobilidade de um ou mais membros, devendo os laudos das inspeções de saúde citar a sua equiparação com as paralisias, de acordo com a classificação prevista no item 28 destas Normas. 29.5. Não se equiparam às paralisias as lesões osteomusculoarticulares envolvendo a coluna vertebral. 29.6. Os portadores de paralisias irreversíveis e incapacitantes, classificadas no item 28.1 destas Normas, desde que satisfeitas as condições conceituais especificadas, serão considerados total e permanentemente impossibilitados para qualquer trabalho, portanto, inválidos. 29.7. As Juntas de Inspeção de Saúde deverão especificar em seus laudos o diagnóstico etiológico e a descrição das alterações anatômicas, caracterizando como condição indispensável para o enquadramento legal de que trata estas Normas a especificação do caráter definitivo e permanente da lesão. 29.8. As Juntas de Inspeção de Saúde, após enunciar o diagnóstico, deverão declarar, entre parênteses, a expressão "equivalente à paralisia irreversível e incapacitante" quando concluírem pela invalidez dos inspecionados portadores das lesões citadas nos itens 29.2, 29.3 e 29.4 destas Normas, satisfeitas todas as condições especificadas nesses itens. Assim, para uma análise acurada das normas acima destacadas, torna-se mister alguns comentários sobre a perícia médica e seu conceitos. Perícia Médica 1. Conceito O estudo dos aspectos legais e ética da perícia médica tem seu norte no seu conceito, assim temos alguns mais expressivos:

a) Genival Veloso de França, em sua magnífica obra intitulada "Medicina Legal", 7ª ed., Editora Guanabara Koogan, 2004, p. 12, afirma que: "define-se perícia médico-legal como um conjunto de procedimentos médicos e técnicos que tem como finalidade o esclarecimento de um fato de interesse da Justiça ou como um ato pelo qual a autoridade procura conhecer por meios técnicos e científicos, a existência ou não de certos acontecimentos, capazes de interferir na decisão de uma questão judiciária ligada à vida ou à saúde do homem ou que com ele tenha relação"; b) Fernando Capez, em "Curso de Processo Penal", 13ª ed., Editora Saraiva, p. 316, explica o conceito de perícia com base nas razões a seguir transcritas: O termo perícia, originário do latim peritia (habilidade especial), é um meio de prova que consiste em um exame elaborado por pessoa, em regra profissional, dotada de formação e conhecimentos técnicos específicos acerca de fatos necessários ao deslinde da causa. Trata-se de um juízo de valoração científica, artística, contábil, avaliatório ou técnico, exercido por especialista, com o propósito de prestar auxílio ao magistrado em questões fora de sua área de conhecimento profissional ; A Importância Legal da Perícia Médica c) Guilherme de Souza Nucci, em "Código de Processo Penal Comentado", RT, p. 312, define somente perícia. Para o autor, perícia "é o exame de algo ou alguém realizado por técnicos ou especialistas em determinados assuntos, podendo fazer afirmações ou extrair conclusões pertinentes ao processo penal. Trata-se de um meio de prova"; d) No artigo La perícia medico-legal en los casos de responsabilidad médica, a perícia médico legal está conceituada como sendo o ato efetuado por um médico funcionário judicial ou não, que, com a elaboração de um informe, assevera à justiça sobre algum fato ou conseqüência de natureza biológica ou médica ; e) Dr. Carlos Maggi, médico legista e presidente da Sociedade de Ciências Forenses do Uruguai, em palestra sobre o tema "O perito médico-legal", explica o que seja perícia médica definindo o perito médico. Para o referido autor, perito médico é aquele que "por seus especiais conhecimentos, que sejam práticos ou bem teóricos, informa o julgador sobre pontos litigiosos enquanto relacionados com o especial saber ou experiência". Em conseqüência, para o referido autor, a perícia médico-legal são operações médicas que têm por fim a determinação ou o esclarecimento de um fato de prováveis conseqüências judiciais. Integra uma etapa do processo judicial: o da prova; f) o conceito de perícia médico-legal, para ser bem fixado, envolve, primeiramente, investigação sobre o que é perícia, quais as suas finalidades, classificação e onde ela é utilizada. Na intenção de percorrer esse ciclo estabelecido para bem conceituar perícia médicolegal, registramos que a doutrina conceitua perícia como sendo uma espécie de prova depositada nos autos judiciais, prova essa que ganha importância por resultar da atuação de doutos convocados pela autoridade policial ou judiciária com o objetivo de esclarecer à Justiça fato acontecido de natureza duradoura ou permanente. A finalidade da

perícia médico-legal torna-se relevante porque apresenta conhecimento técnico-científico ao juiz, auxiliando-o para que, ao analisar a prova, firme o seu livre convencimento sobre o fato que está posto nos autos judiciais a exigir julgamento. 2. Perícia Indireta e Direta Portanto, temos que Medicina Legal é a reunião de conhecimentos e práticas médicas direcionadas a questões relacionadas às ciências jurídicas, destinadas a auxiliar a elaboração, bem como a interpretação e execução dos mais diversos dispositivos legais relacionados ao campo da Medicina aplicada. A medicina legal coloca os conhecimentos científicos à disposição do estudo e do esclarecimento de inúmeros fatos de interesse jurídico, especialmente àqueles ligados ao âmbito administrativo e judicial. A medicina legal também fornece diretrizes para a elaboração de leis relacionadas ao seu estudo, coopera na execução de leis existentes e interpreta dispositivos legais de significação médica. Há três subgrupos onde a área da Medicina legal exerce sua influência: Medicina Legal Judiciária: tal vertente concentra-se nos assuntos gerais relacionados a Direito Penal, Direito Civil e Direito Processual; Medicina Legal Profissional: vertente relacionada com os direitos e deveres dos médicos; Medicina Legal Social: nesta vertente temos a Medicina Legal Trabalhista, a Medicina Legal Securitária, bem como a Medicina Legal Preventiva. A Doutrina conceitua a perícia de formas, como abaixo listados, mas no caso presente, temos que destacar as denominadas perícia direita e a indireta. doutrina em: Com insignificantes divergências, as perícias são classificadas pela a) judicial: é a determinada pelo Poder Judiciário, quer de ofício, quer a requerimento das partes envolvidas no litígio cível, criminal, trabalhista, previdenciário, administrativo ou até mesmo tributário; b) extrajudicial: a que é realizada a pedido das partes de modo particular; c) necessária (ou obrigatória): a que é determinada, de modo impositivo, por lei ou pela natureza do fato, quando há necessidade, por força de norma jurídica

positivada, de ser, por via dela, provada a materialidade do fato. Se esse tipo de perícia não se concretizar, tem-se o processo por nulo; d) facultativa: quando o fato pode ser provado por outros meios (testemunhas, documentos, etc.), sem necessidade absoluta de perícia; e) oficial: a que é determinada pelo juiz; f) requerida: a que é solicitada pelas partes litigantes; g) contemporânea ao processo: a que é feita no curso do processo; h) cautelar: a realizada na fase preparatória da ação, isto é, antes do processo principal (ad perpetuam rei memoriam); i) direta: a que tem como presente o objeto da perícia; j) indireta: a que é feita com base em indícios ou sequelas deixadas pelo fato investigado. Em primeiro lugar cabe a distinção sobre pericia direta e pericia indireta. O objetivo ou elemento de avaliação da primeira é o próprio segurado e o da segunda, os documentos médicos. A perícia direta é aquela realizada pelo perito em contato direto com o indivíduo ou material submetido a exame. Ela não pode ser desmembrada em um exame médico com conclusão pericial a cargo de outro profissional. Já a perícia indireta é aquela realizada por perito, levando-se em consideração dados fornecidos de antemão sobre aquele caso em específico. indireta. Portanto, a prova pericial médica pode ser de duas ordens: direta ou A prova pericial médica direta é a mais comum e se verifica nos casos em que o autor da demanda é justamente quem alega ter sofrido os danos à saúde e/ou à integridade física e mental. Nesse caso, a prova pericial médica consistirá no exame clínico do indivíduo, na realização de eventuais exames complementares, bem como na análise dos documentos e das informações relativas ao seu histórico médico, ocupacional e familiar. A segunda modalidade de prova pericial médica, e mais controversa, é a perícia médica indireta. Como exemplo, temos aquela realizada nos casos em que a vítima de alegados danos falece no curso de uma demanda ou já se era falecida quando de uma propositura de ação, ajuizada por seus familiares. Em situações como essa, em que o exame clínico e eventuais exames complementares, por razões óbvias, se mostra impossível, a prova pericial médica há de ser realizada com base exclusivamente nos documentos médicos do falecido

acostados aos autos, bem como nas informações relativas ao seu histórico familiar e ocupacional; daí a denominação de perícia médica indireta. Ocorre que essa modalidade de perícia, realizada com base exclusivamente nos documentos médicos e nas informações acostadas aos autos, não raras vezes é indeferida, sob o equivocado entendimento de não se mostrar viável diante do falecimento do ofendido, cerceando o direito das partes de ver produzida essa importante prova. O fato é que a perícia médica indireta, a exemplo da perícia médica direta, mostra-se perfeitamente factível de realização, constituindo importante elemento de prova à elucidação dos pontos controvertidos da demanda e consequente formação de convicção do magistrado. lll CONCLUSÃO Essas são as legislações sobre o tema. E, com base nas considerações acimas necessárias, entendo, s.m.j, que os quesitos do consulente refere-se a matéria afeta à competência dos Conselheiros Federais desta r. Entidade. Assim, submeto a pesquisa em questão ao departamento consulta do Conselho Federal de Medicina. Brasília, 9 de maio de 2013. Giselle Crosara Lettieri Gracindo Assessora Juridica De acordo: José Alejandro Bullón Silva Chefe do SEJUR