Apresentação dos Resultados do Workshop: Integrando Agropecuária aos Inventários Corporativos Seção II Limites do inventário 1. Quais fatores são particularmente importantes no Brasil para a definição de limites de inventário (por ex. estruturas corporativas, tipos de contrato, etc.)? Você pode nomear algum fator diferente dos identificados durante a conversa? Tipo de contrato - 1 voto Controle operacional (principal) - 1 voto Carbono acima do solo - 2 votos Exigência de inventário de GEE para obtenção de financiamentos - 3 votos Dificuldades: definição de fatores de emissão específicos para a realidade brasileira - 4 votos Regulamentação: novo fator - 4 votos Definição de diretrizes específicas para cada subsetor como o GRI (níveis A, B, C) - 4 votos Neste contexto para a definição de limites de inventário, foi levantada a questão das áreas de preservação como reserva legal e área de preservação permanente regulamentadas por lei em propriedades rurais. Consideraram-se também, a relevância da especificação dos diferentes requerimentos/níveis do relatório GRI (ex. A, B, C) para a inclusão das diferentes fontes em um inventário, que depende do tamanho do produtor e a sua capacidade para a coleta dos dados das atividades (ver Box 1). As regulamentações governamentais relacionadas a relatório de impacto ambiental poderia ainda ser um precedente útil para a compreensão de quais fontes de GEE devem ser incluídas em um inventário, como por exemplo, as regulamentações do estado de São Paulo. Com a implementação das exigências do mercado para obtenção de financiamento, o escopo 3 de uma empresa poderia ser facilmente desenvolvido com o inventário de um fornecedor relatado.
Box 1: Global Reporting Initiative (GRI) O GRI definiu diferentes níveis de reporte para: Reportar aos leitores com clareza sobre até que ponto as diretrizes do GRI e outros elementos de estruturas de reporte foram aplicados na preparação de um reporte. Reportar aos elaboradores uma visão ou caminho para expandir continuamente a aplicação da estrutura de reporte do GRI ao longo do tempo. Declaring an Application Level results in a clear communication about which elements of the GRI Reporting Framework have been applied in the preparation of a report. To meet the needs of new beginners, advanced reporters, and those somewhere in between, there are three levels in the system. They are titled C, B, and A, The reporting criteria found in each level reflects an increasing application or coverage of the GRI Reporting Framework. 2. Quais são as vantagens e desvantagens de se aplicar as diferentes abordagens de limite organizacional no Brasil? (existe alguma abordagem preferencial?). Controle operacional na área rural (por talhões) - 1 voto Conclusão: abordagem por controle operacional, porém com possibilidade de conversão - 2 votos Nas políticas públicas, foi levantada a vantagem em se estabelecer o limite por controle, devido a forças das informações sigilosas que estão sob responsabilidade da controladoria. No setor privado, o limite por participação societária delimita com maior facilidade por responsabilizar proporcionalmente o acionista. Porém, sob o ponto de vista de controle das emissões, seria melhor a abordagem por controle operacional, por sua capacidade de mudanças dos níveis de emissão. Considerando abordagem por controle financeiro, tem-se ainda a vantagem do acionista elevar sua marca por suas ações valerem mais a medida que promovam a redução de suas emissões. Dentre o aspecto de comparabilidade dos inventários entre as empresas, apresentaram-se que as diferentes abordagens de consolidações seria um fator limitante. Por conta da abordagem de controle operacional ser mais relacionada à prática, sugeriu-se então que esta fosse solicitada. Outras abordagens poderiam ser permitidas como uma opção (por um intermédio de um fator de conversão) na criação de inventários adicionais. Surgiu o questionamento da se há uma hipótese de uma padronização a ser imposta ou não. 3. Quais categorias do escopo 3 são as mais importantes para os produtores e a contabilização dessas categorias deve ser obrigatória? (por ex. produção de fertilizantes, etc.) Arrendamento de ativos downstream e upstream - 1 voto Compra de produtos e serviços - 2 votos As categorias de escopo 3 devem ser reportadas, de acordo com a viabilidade prática da sua contabilização - 2 votos
Nesta questão, apresentou-se a necessidade da definição de importantes no contexto da pergunta, pois assumiu diversas conotações como uma situação de relevância, pela quantidade expressiva de emissões de uma fonte, ou desafiadora pela viabilidade de implementação. Por exemplo, na capacidade das empresas em coletar os dados das atividades (provavelmente a ser um desafio particular nas cadeias de suprimentos fragmentadas) ou em termos do tamanho relativo das diferentes fontes (relevância). Consideraram-se arrendamento de ativos downstream e uptsream e compra de produtos e serviços como situações desafiadoras, e, ainda, compra de serviços e transporte como um caso relevante para a situação brasileira. Uma conclusão geral foi de que as categorias do escopo 3 deveriam ser relatas (especialmente para os bens & serviços comprados e transporte de bens), mas de acordo com sua viabilidade. Foi dada a sugestão de que seria interessante iniciar com um primeiro elo da empresa ou uma categoria que fosse mais fácil ou relevante. As empresas também devem estabelecer bons relacionamentos com seus fornecedores para obter dados mais precisos. 4. Emissões do escopo 3 referentes à produção contratada deve ser obrigatório para os contratantes? A obrigatoriedade depende do tipo de contrato - 4 votos Os participantes consideraram amplamente que as emissões das produções contratadas deveriam ser do escopo 3 para o contratante. Porém, surgiu a contestação se as emissões do escopo 3 das produções contratadas deveriam ser obrigatórias, e a conclusão foi de que a resposta depende do tipo de contrato (ex. tamanho do contratante). A relação comercial apresenta riscos tanto para o comprador, pela obrigatoriedade de se contabilizar as emissões, porém, a coleta de dados para o procedimento de cálculo depende do produtor; e para o produtor, por não apresentar nenhum beneficio visível e tornaria mais complicada a sua rotina de trabalho com a coleta de dados. Houve questionamentos se os riscos seriam de responsabilidade apenas do produtor ou comprador. O risco compartilhado dependeria do mercado. Colocou-se em questão se existiria um benefício em comunicar a informação por parte dos produtores, já que não são legalmente obrigados a informar os dados de GEE e por isso, não enfrentam nenhum risco em não informá-los. Outra incerteza levantada pelos participantes foi com relação às dificuldades na coleta de dados pelos produtores. As opções apresentadas foram a de incluir uma cláusula no contrato de produção ligada a algum tipo de pagamento e benefício (monetário ou desenvolvimento de tecnologia), ou uma exigência para que os fazendeiros obtenham uma licença de operação que solicita relatórios de GEE. Porém, advertiram-se para o fato de que os contratantes não podem requerer muitas informações, enquanto que os produtores podem não estabelecer contrato com eles. O relacionamento entre contratada e contratante é importante para facilitar a obtenção dos dados da atividades agrícolas. a) Só para contratantes industriais? (e como eles devem ser definidos?). Os grandes compradores podem utilizar de artifícios sob os produtores como influência, investimentos, certificação interna e capacitação - 2 votos Licenciamento Ambiental - 2 votos
As metas devem ser cobradas de quem? - 3 votos Produtores Processadores Traders Cadastro Ambiental Rural (CAR) - 4 votos Definição de itens para a solicitação para os produtores (4 votos) b) Quais fontes de emissão devem ser escopo 3 para os produtores sob um sistema de contrato de produção? As fontes de escopo 3 variam de subsetor para subsetor - 2 votos Diante dos requerimentos do relatório, foi abordado que se deve considerar escopo 3 diferentes para os contratantes, conforme o tipo de sistema agrícola utilizado (colheitas perenes, colheitas anuais e pecuária). Seção III Contabilização de estoque de carbono 1. Existem definições específicas para o Brasil sobre categorias de uso da terra e mudanças no uso da terra? Não discutida esta questão será discutida em outro momento do projeto. 2. Quais tipos de reservatórios de carbono seriam mais importantes para se reportar? (ou seja, onde traçar a linha divisória no contínuo entre herbáceas anuais e florestas primárias?)? Faz diferença se estamos interessados em carbono do solo ou biomassa, ou em mudanças no uso da terra ou gestão do uso da terra? Agricultura de cultura temporária (ciclagem rápida) - 1 voto Biomassa acima do solo - 2 votos Biomassa abaixo do solo - 2 votos Como reportar? - 4 votos Consideraram- se que os tipos de reservatórios devem depender do tipo do sistema agrícola e habitat em questão. Por exemplo: Florestas: informar as mudanças de carbono no solo e estoques de biomassa Culturas perenes: somente informar carbono do solo (exclui estoque de biomassa)
Cultura de arroz: atenção especial para o CH4 (GHG Protocol: as emissões do CH4 já teriam que ser informadas nos escopos do inventário) Seria importante atentar que o estoque de carbono no solo está ligado a boa prática de plantio, pode ser armazenado em grande quantidade e persistir por vários anos, afetando outros inventários, enquanto que o estoque da biomassa também pode ser armazenado em grande quantidade, porém a sua persistência é muito variável. Além disso, com o aumento da lenhosidade e longevidade das espécies, torna-se mais interessante incluir no inventário, o que poderia ser feito por meio de uma linha de gradação. Outra questão que foi considerada é que se o prazo de amortização de 20 anos definido pelo IPCC faz sentindo para o Brasil e se o relato seria como memória ou escopo 1. 3. Existe algum método que pode amortizar a mudança no estoque de carbono resultante das mudanças nas práticas de gestão durante o período de contabilização? Dados primários de cada manejo na área específica - 1 voto Proposta de princípio de contabilização e relato das emissões ou sequestros que realmente aconteceram no ano relativo ao inventário, tanto no cenário passado quanto o cenário futuro - 6 votos Foram sugeridos outros métodos descritos abaixo, mas que não tiveram repercussão durante o período da votação: Conforme os níveis de emissão de certa prática agrícola, estipular no período de contabilização um valor apropriado, cada uma somando-se numa resultante final. Outra interpretação: no lugar de contabilização de cálculo, prática agrícola/ambiental que mitigue a emissão. Logaritmo para taxa fixa e variável levando-se em consideração a realidade tropical. Definição de fatores de emissão específicos por prática com modelos de transição entre práticas. 4. Como as empresas devem contabilizar os padrões históricos de mudanças no uso da terra/gestão do uso da terra afetando as emissões presentes (se elas devem contabilizar)? Corporação deve contabilizar dados históricos, pois ela adquire também ativos e passivos de determinada área - 1 voto Desafio: obtenção de dados passados - 2 votos Estabelecer um ano base para definir o que é histórico (definição de um recorte temporal) - 3 votos Corporação não deve contabilizar emissões históricas que não tiveram relação com sua gestão abordagem de controle operacional - 6 votos a contabilização deve ser feita após a propriedade ser adquirida ou a partir do início da prática de reporte da empresa Uma questão que foi abordada é em como se fazer quando as mudanças de uso no solo (MUC) ocorrer na terra previamente apropriada por outro. Uma opção é contabilizar para os impactos somente do começo de quando a
terra tinha sido comprada. Outra é contabilizar para todos os impactos MUC em um inventário, sem a restrição de quando a terra foi comprada. Porém, outro grupo de participantes acredita que a empresa apenas teria que relatar dados históricos de uma propriedade a partir do momento em que a empresa se torna responsável por ela, não sendo necessário o relato de dados históricos. Dentre essa questão, houve apontamentos que o recorte temporal pode depender da disponibilidade de dados históricos e que essas informações dão suporte na tomada de decisões para a compra da propriedade. No entanto surgiram questões do período histórico a ser abordado nesse levantamento. Outras proposições foram a de que as práticas de manejo culturalmente estabelecidas também deveria ser contabilizadas e de avaliação deste período histórico poderia auxiliar na comercialização de créditos. Durante as explanações dos participantes, não ficou claro no que o período de amortização deve se aplicado. 5. Como considerar estoque de carbono em casos de APP (área de preservação permanente) e RL (reserva legal)? Diferentes fatores de sequestro/armazenamento devem ser considerados para manutenção de floresta em pé e recuperação florestal - 4 votos Utilização de APP e RL a serem regularizadas como área de compensação de GEE? - 4 votos. A mesma ideia deve ser seguida para a contabilização de estoque de carbono. Se a área pode ser utilizada para compensação de GEE, o estoque de carbono deve ser contabilizado. Nesta questão, não houve nenhum consenso entres os participantes, pois se encontravam divididos em diferentes abordagens. Pois, ficou-se na incerteza de que a empresa tem que estar regularizada para contabilizar esses estoques. Um apontamento importante que foi levantado é que limites de sequestros nas áreas tem sido estabelecido por lei. Por exemplo, resolução SMA 30 de 2009, que estabelece orientação para projetos voluntários de reflorestamento para compensação de emissões de gases de efeito estufa considerando matas ciliares. As empresas também necessitam de fatores de sequestro genéricos que a calcula a média sobre diferentes tipos de biomas. Alguns questionamentos foram apresentados durante a dinâmica como seguem abaixo: Definição de regras para a compensação Quem é dono do C? Qual será a relação com o novo código florestal que aumenta as faixas de APP sendo recuperadas? Contabilização de padrões históricos ou a partir do momento da aquisição? E ainda, foi indicada por um dos grupos, uma definição da forma de reporte do estoque de carbono destas áreas, que seria estabelecido através de uma taxa fixa (simplificação da taxa variável) e pelo monitoramento periódico. Outras questões sugeridas pelos participantes para abordagem: Como contabilizar as fugas de carbono e gerenciar os riscos da fuga?
Como contabilizar as APPs e reserva legal com relação a estoques de carbono? Qual a metodologia a ser utilizada neste calculo (diferentes espécies, vegetações, etc)? Como contabilizar/responsabilizar nas situações de conflito de uso da terra? (hipóteses de necessidade de regularização) Sumário das principais conclusões e recomendações O GHG Protocol deverá investigar regulamentações governamentais relacionadas a cadastros e/ou reporte de impactos ambientais (como por exemplo, o CAR), pois estas podem estabelecer um precedente para determinar quais fontes devem ser inclusas em um inventário e de que forma; Empresas deverão usar o controle operacional no estabelecimento dos limites do inventário (mas o GHG Protocol deve explorar meios para permitir o uso de abordagens adicionais); Categorias especificas de escopo 3 deverão ser reportadas (especialmente para mercadorias e serviços comprados e transporte de mercadorias). Uma consideração importante para isso será a necessidade de se balancear viabilidade técnica com os princípios de contabilidade do GHG Protocol os conceitos de níveis de reporte do GRI podem ser adaptados para auxiliar as empresas a entender quais fontes de escopo 3 seriam as mais importantes de serem inclusas no inventário. As emissões de contratos de produção deverão ser consideradas como escopo 3 para o contratante (e escopos 1 e 2 para os produtores), independentemente do tipo de contrato. A obrigatoriedade no relato destas emissões pelos contratantes dependerá do tipo de contrato. O GHG Protocol deverá definir regras para distinguir diferentes tipos de contratos. O GHG Protocol Agrícola deverá conter orientação extensiva sobre coleta de dados de fornecedores e outras fontes de escopo 3 Companies should report biogenic CO2 fluxes, but depending on the type of carbon stock and farming system concerned. Future research should determine whether these fluxes should be reported within the scopes or as memo items, and on methods to account for carbon sequestration (e.g., length of amortization period) and área de preservação permanente e reserva legal. Most participants were not in favour of requiring companies to report historical effects arising from land use by a prior land owner. As empresas deverão reportar fluxos de emissão de CO2 biogênico, porém diferenciando o tipo de estoque de carbono e sistema de produção. Pesquisas futuras deverão determinar: se estes fluxos deverão ser reportados dentro dos escopos ou como itens de memoria; métodos de contabilização de sequestro de carbono (ou seja, tempo de amortização); e a forma de contabilização de áreas de preservação permanente e reserva legal. A maioria dos participantes não foram a favor de requerer que empresas reportem efeitos históricos relativos ao uso do solo anterior a compra da área.