2103 CONFERÊNCIA RESPONSABILIDADE SOCIAL. RS vs Stakeholders. Pensões de reforma: um olhar sobre a responsabilidade social da empresa



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Transcrição:

2103 CONFERÊNCIA RESPONSABILIDADE SOCIAL RS vs Stakeholders Pensões de reforma: um olhar sobre a responsabilidade social da empresa Instituto Português de Corporate Governance 27 de Novembro de 2013, Lisboa margaridacorreadeaguiar@gmail.com 1

Enquadramento da mudança Factores que favoreceram o contrato social em que assenta o modelo de financiamentos dos sistemas públicos de pensões: elevadas taxas de natalidade (baby boom) e crescimentos florescentes da economia assentes em mão de obra intensiva Os tempos mudaram. Envelhecimento da população maior longevidade, menor natalidade, menos população activa, mais população idosa Fracos crescimentos económicos Os ganhos de produtividade serão suficientes para compensar a deterioração do rácio de sustentabilidade? Necessidade de repensar os sistemas de pensões Necessidade de uma nova filosofia de vida perante a reforma Necessidade de ajustar comportamentos e práticas perante a reforma 2

População Activa vspensionistas População Potencialmente Activa vs Pensionistas 2,40 2,34 2,20 2,00 2,03 1,80 1,80 1,60 1,40 1,73 1,60 1,50 1,57 1,20 1,00 1983 1991 2001 2011 PPP/Pensionistas Pop Act / Pensionistas 1,21 Fonte: PORDATA e INE 3

Papel da responsabilidade social do Estado O Estado não adequou o seu papel à nova realidade demográfica e económica e à herança do sistema de pensões O Estado não introduziu a partilha de responsabilidades e riscos na formação das pensões e não limitou as suas obrigações Acentuou-se a tendência de agravamento da dependência do Estado O Estado tem dado sinais ziguezagueantes sobre a necessidade de poupança para a reforma Aeconomiaeasociedadecivilnãocontrariarameste estadodaarte Terá que haver mudanças Papel da responsabilidade social da empresa Reforçar a capacidade de adaptação da RS evolução dinâmica às novas mudanças induzidas por novos problemas e desafios, novas preocupações e expectativas Olhar para as condições económicas e sociais dos trabalhadores na dupla perspectiva de melhorar oseudesempenhoecontribuirparaoseubemestaraolongodociclodevida Olhar para uma sociedade mais solidária e mais sustentável conciliando o presente e o futuro Contribuir voluntariamente para reforçar a protecção social na reforma dos trabalhadores 4

Mudança paradigma: papel activo da RS da empresa na protecção social na reforma CRIAR Nova filosofia de vida perante a reforma PROMOVER Forte cultura de responsabilidade colectiva e individual PAPEL Responsabilidade social das empresas Mudança de comportamentos individuais e colectivos 5

ComoéqueaRSdaempresasepodeexpressaremrelaçãoàdimensão pensõesdereforma? Ao nível micro Incorporar na estratégia objectivos que valorizem uma abordagem salarial integrada que concilia benefícios imediatos e benefícios diferidos Integrar no planeamento estratégico e no normal funcionamento da empresa decisões que respondam aos objectivos Adoptar políticas salariais que englobem a componente de benefícios diferidos, assumindo o seu custo como um investimento de longo prazo Promover(retomar) planos complementares de reforma a favor dos trabalhadores(2º Pilar) Informar os trabalhadores sobre o sistema público de pensões, os níveis de rendimento que estão associados e os riscos envolvidos Ajudar os trabalhadores a fazerem escolhas responsáveis e exercer uma influência crescente sobre as suas decisões individuais Contribuir para o desenvolvimento de uma cultura de responsabilidade perante a reforma dentroeforadaempresa 6

ComoéqueaRSdaempresasepodeexpressaremrelaçãoàdimensão pensõesdereforma? Ao nível macro Conferir às estruturas patronais e sindicais uma nova lógica de contratação e negociação colectiva de regimes complementares de reforma de base profissional Integrar os benefícios diferidos nas preocupações destas estruturas enquanto elemento positivo com impacto não apenas no desempenho económico, mas também no desenvolvimento humano e social Integrar as pensões de reforma numa visão moderna e responsável da gestão das empresas e, em particular, dos recursos humanos Incluir as pensões de reforma nas preocupações com os direitos e interesses dos trabalhadores As estruturas patronais e sindicais podem e devem constituir-se como promotoras de planos complementares de reforma assegurando a sua gestão e controlo 7

Base adequada para o desenvolvimento de práticas socialmente responsáveis Políticas regulatórias imbuídas de uma visão estruturante e facilitadora: papel fundamental dos pilares de poupança complementar para a reforma(2º e 3º Pilares) Políticas fiscais estáveis e previsíveis(irc, IRS, etc.) Existem hoje importantes benefícios fiscais à constituição de planos complementares de reforma através de fundos de pensões: custo fiscal em sede de IRC Políticas activas de incentivo à poupança para a reforma(2º e 3º Pilares) Políticas intertemporalmente coerentes (ex, CES, PPR) 8

Indicadores Sectores de actividade - evolução investimento fundos de pensões Distribuição nº de associados Distribuição investimento (milhões )* - período de 2007 a 2012-2007 2012 Variação % 2007 2012 Variação % Indústrias Transformadoras 182 202 20 1.039 857-182 Produção e distribuição de electricidade, de gás e de água 37 227 190 1.334 1.116-217 Comércio por grosso e a retalho/reparação veículos automóveis 140 176 36 212 282 70 Transportes, armazenagem e comunicações 65 108 43 2.559 521-2.038 Actividades Financeiras 430 353-77 16.250 10.567-5.682 Actividades Financeiras - Bancos ** 311 203-108 15.762 9.991-5.771 Actividades Imobiliárias, alugueres e serviços prestados empresas 159 261 102 79 380 301 Outras 145 244 99 119 19-100 Total 1.158 1.571 413 35,7% 21.592 13.744-7.848-36,3% Total s/bancos 847 1.368 521 61,5% 5.830 3.752-2.077-35,6% * Inclui Fundos de Pensões Fechados e Fundos de Pensões Abertos de Adesão Colectiva, geridos por Empresas de Seguros e Sociedades Gestoras ** Em 2011/2012 foram transferidos para o Estado fundos de pensões dos bancos Fonte: ISP, 2007, 2012 9

Indicadores Nº de participantes Pensões pagas (milhões ) % 2007 2012 Variação % 2007 2012 Variação % RGSS + CGA 195.719 167.213-28.506-14,6% 1.045 444-600 -57,5% 1,8% Nº de beneficiários Fonte: ISP, 2007, 2012 2007 2012 Variação % 111.299 130.511 19.212 17,3% Indicadores nacionais sobre pensões - CGA + RGSS 2012 Nº de pensionistas 3.640 milhares Montante de pensões pagas 24.505 milhões Fonte: CGA, SS, 2012 10

Mensagens: sobre um plano complementar de reforma constituído recentemente por uma empresa portuguesa o fundo de pensões, tal como ficou estruturado, é um fundo a pensar no futuro dos trabalhadores que têm agora 30 anos. Daqui a 35 anos, quando as pessoas se reformarem, a perspectiva é que as pensões sejam reduzidas a 60% do último salário ou talvez menos ainda (administrador da empresa) Fechámos o acordo segunda-feira e hoje ultimámos os últimos pormenores para a criação do fundo de pensões que servirá de adicional à pensão de reforma da Segurança Social, faz todo o sentido numa empresa em que a idade média ronda os 39 anos (trabalhador da empresa) 11

2103 CONFERÊNCIA RESPONSABILIDADE SOCIAL RS vs Stakeholders Pensões de reforma: um olhar sobre a responsabilidade social da empresa Instituto Português de Corporate Governance 27 de Novembro de 2013, Lisboa margaridacorreadeaguiar@gmail.com 12