MUSICALIZAÇÃO DA UFPB: CONTRIBUIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL



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Transcrição:

MUSICALIZAÇÃO DA UFPB: CONTRIBUIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL Centro de Comunicações Turismo e Artes / PROBEX BEZERRA 1, Igor de Tarso Maracajá Resumo: O atual trabalho apresenta um estudo preliminar sobre as possíveis contribuições que as aulas de música do projeto Musicalização Infantil da UFPB, oferecem as crianças que participam deste programa, fundamentado na literatura existente e nos resultados preliminares de uma pesquisa em andamento que tem como objetivo identificar o perfil sócio-cultural das famílias participantes do projeto. Neste texto apresento uma breve reflexão sobre a literatura relacionado ao tema, seguido de uma pequena síntese sobre a Musicalização na UFPB, acompanhada por uma discussão sobre a análise dos dados preliminares coletados na pesquisa. Por fim, indico alguns considerações para a área da educação musical. Palavras-chave: Musicalização Infantil na UFPB; Educação Musical; Pesquisa INTRODUÇÃO A música é uma das inúmeras informações que recebemos a partir do nascimento, que acaba por se tornar de fundamental importância na vida de um ser humano. Quando criança, representa uma importante fonte de estímulos, equilíbrio e felicidade, no entanto como nos alerta Bréscia (2003) a musicalização, um processo cognitivo e sensorial que envolve o contato com o mundo sonoro e a percepção rítmica, melódica e harmônica, pode ocorrer intuitivamente ou, como na maioria dos casos, por intermédio da orientação de um profissional, que muitas vezes não teve, na sua formação, a devida orientação para este tipo de trabalho. Partindo dessa necessidade de uma formação mais direcionada para a educação musical infantil, na Universidade Federal da Paraíba foi criado o Laboratório de Educação Musical Infantil (LEMI). O LEMI oferece aos alunos do curso de licenciatura em música e a colaboradores externos uma formação mais sólida no trabalho com crianças, a partir de aulas de música para bebês de zero a seis anos de idade, promovidas pelo principal projeto de extensão deste laboratório: a Musicalização Infantil da UFPB. Neste, alunos e colaboradores não vinculados à universidade (em geral, ex-alunos) tornam-se professores das crianças e! 1 UFPB. Voluntário no projeto Musicalização Infantil da UFPB. igor.detarso@gmail.com

passam a adquirir experiências de fundamental importância para sua carreia profissional, melhorando suas habilidades docentes para que possam cada vez mais, despertar nas crianças sua musicalidade. Contudo, a musicalização infantil não tem como principal finalidade formar pequenos músicos performers, e sim desenvolver habilidades musicais que serão úteis para o desenvolvimento geral da criança. As atividades de musicalização além de estimular o desenvolvimento de habilidades musicais, também podem estimular a coordenação de diferentes movimentos, o trabalho em grupo, auxiliar na organização de pensamentos e além disso, auxiliar na comunicação. Partindo dessas contribuições, assim como dos debates e reflexões dos quais participei como voluntário do Programa de Bolsas de Extensão (PROBEX/2013), me senti motivado a estudar um pouco mais sobre este assunto, o que me levou a desenvolver este trabalho. Neste texto discorro sobre a importância da música no cotidiano das crianças, fundamentado na literatura existente sobre o tema, e também no discurso de professores e pais de alunos do projeto Musicalização na UFPB, coletados através de uma pesquisa de levantamento realizada no fim do primeiro semestre de 2013. Para tanto, inicio com uma breve revisão da literatura referente ao tema, seguida de um relato de como aconteceram as aulas de música no primeiro semestre do corrente ano, associando em seguida as contribuições das aulas de música na vida dos alunos apoiado na pesquisa já citada. Por fim, concluo traçando algumas considerações sobre as reflexões realizadas. DESENVOLVIMENTO Como Mendes e Cunha (2001, p. 80) nos sugerem, a arte surge com espontaneidade junto com todas as descobertas da vida, é parte inerente da existência. Desde o ventre materno a criança está em contato com os sons que a envolvem. A partir do nascimento seus sentidos vão sendo trabalhados, e aos poucos vão desenvolvendo suas habilidades por meio de suas descobertas corporais como o falar, o cantar, o andar, e muitas outras. Interessar-se pelo modo como as crianças vivem a música pode ser uma forma de ampliarmos a visão que temos sobre elas. Além disso, pode ser uma oportunidade que damos a nós mesmos e a elas, de refletirmos sobre o significado da música que nos une. Dessa forma, as aulas de música são espaços propícios para estimular estes aspectos na criança.

Entretanto, de certa maneira, os pais são os primeiros educadores musicais das crianças, uma vez que são responsáveis não somente por grande parte do universo sonoro e musical de suas famílias, mas também pelas experiências musicais que serão vivenciadas por seus filhos (ILARI, 2009, p.27). Entretanto, em atividades musicais como aulas de música, podemos proporcionar aos pequenos diferentes maneiras de se relacionarem com o mundo, através da música, trabalhando muitas vezes intrinsecamente, valores que lhes serão úteis para a vida toda. Desta forma, com o intuito de promover a participação de suas crianças desde a primeira infância em programas de educação musical, famílias de diversas cidades brasileiras têm incluído as atividades de musicalização infantil na rotina de seus filhos (para maiores informações ver Broock, 2013; Broock, 2011; Queiroz, Oliveira & Pacheco, 2011; Ilari, 2010). Em nossa cidade, João Pessoa (PB) o projeto Musicalização Infantil na UFPB, tem sido um destes programas. Aulas na musicalização Em 2013 as atividades da Musicalização Infantil da UFPB oferecidas para a comunidade na própria universidade tiveram início no mês de fevereiro e estenderam-se até junho. Neste período trabalhei com três turmas, sendo duas com alunos de faixa etária entre um a dois anos, e uma de dois a três anos. As aulas aconteceram nos sábados pela manhã, tendo duração de 50 minutos cada. Após os aproximados quatro meses de aula, concluímos nosso trabalho por meio de uma aula aberta ao público, cuja proposta era apresentar os resultados musicais de cada turma para familiares e para a comunidade. Todas as aulas seguiram uma rotina, porém com atividades musicais diferenciadas para cada idade. Tais atividades tinham objetivos específicos a serem explorados como: a diversidade sonora, desenvolvimento da percepção auditiva, incentivo a criatividade musical, desenvolvimento do canto e do senso rítmico. Não sendo do nosso interesse formar virtuoses, almejamos usar a música para despertar valores musicais e não musicais que serão úteis para a vida das crianças, lembrando o que Rosa comenta: A educação musical [infantil] se propõe a criar nos indivíduos não tanto aptidões artísticas específicas, mas, sobretudo um desenvolvimento global da personalidade através de formar as mais diversificadas possíveis de atividades expressivas, criativas e sensibilizadoras (ROSA, 2003, p. 03).

Portanto, além de possibilitar às crianças novas vivências musicais, a musicalização tem o papel de trabalhar memorização, atenção, percepção, linguagem, expressão corporal e coordenação motora, além de estimular o desenvolvimento de relações sociais e afetivas. Reflexos estes possíveis de serem observados pelos professores na sala de aula e fora do contexto escolar, no convívio social, pelos pais. Assim, como voluntário do PROBEX, pude observar de perto os processos de desenvolvimento e as contribuições que a as aulas de música trazem às crianças participantes do projeto de Musicalização Infantil da UFPB. Não só nas questões musicais, mas nas questões sociais e afetivas. Além disso, através de uma pesquisa de levantamento que investigou o perfil sócio-cultural das famílias do projeto, pude refletir sobre as crianças, suas famílias e a música no contexto familiar. A seguir trato um pouco sobre as estratégias metodológicas utilizadas na pesquisa e apresento um relato sobre minhas observações feitas em sala de aula como professor relacionando-as as considerações feitas pelos pais nas respostas à pesquisa. A Musicalização e seu papel no desenvolvimento infantil Buscando identificar o perfil sócio-cultural e investigar sobre os modos de ouvir música das famílias participantes do projeto Musicalização Infantil na UFPB, iniciamos pesquisa de levantamento, para isso, aproveitando a praticidade dos meios tecnológicos, optamos por realizar um questionário digital disponibilizado em uma plataforma online. Os pais foram informados em sala de aula sobre o estudo e um comunicado impresso foi enviado para cada família. Em seguida, enviamos uma mensagem eletrônica com as informações sobre a pesquisa e o link para o preenchimento do questionário. O formulário era constituído de questões fechadas, sendo 21 com única resposta e 11 com respostas múltiplas, e 9 questões abertas, totalizando assim 51 questões. Ao final do período de coleta e após a análise dos dados verificamos que 53% das famílias participantes do projeto responderam o questionário, equivalente a 80 formulários respondidos. Para este trabalho, apresento e discuto quatro das 19 questões abertas do formulário para tentar compreender como as famílias percebem as contribuições das aulas de música para o desenvolvimento de seus filhos. 2 uma! Eu, Igor de Tarso (voluntário PROBEX), Profa. Andréa Queiroz (ex-aluna e colaboradora do projeto) 2 e Profa. Ms. Caroline Pacheco (coordenadora do projeto).

As questões analisadas foram: 1. Em quais momentos do dia você costuma cantar com seu filho? 2. Você acha importante incentivar o gosto pela música nas crianças? Por quê? 3. Para você, quais são os pontos positivos do projeto Musicalização infantil da UFPB? 4. Comentários sobre os pontos positivos do Projeto, e sugestões para o próximo ano. A partir destas questões pude observar que, quando os respondentes informaram sobre a relação de seus filhos com a música foi possível verificar que praticamente todas as famílias costumam ouvir música com seus filhos (98%), aumentando o contato das crianças com os diversos mundos musicais que as circundam (ARROYO, 2002). Questões que puderam ser observadas dentro da sala de aula, onde bebês, de diferentes contextos sociais, brincavam uns com os outros sem fazer distinção de qualquer coisa, fazendo-me refletir sobre quão importante é esta oportunidade para eles, pois ali estavam pais e filhos de diferentes mundo musicais, misturados em um ambiente, relacionando-se, trocando experiências, fortalecendo e aumentando a riqueza cultural de cada um. Quando perguntados sobre quais os pontos positivos da musicalização, muitos respondentes relataram a importância da música no cotidiano das crianças, revelado nos relatos a seguir: Ajudou na socialização e no desenvolvimento das crianças ; Incentiva a linguagem e a comunicação... ; Socialização, disciplina, atenção, criatividade... ;... estimular a sensibilidade auditiva, socializar as crianças através da música, auxiliar no desenvolvimento infantil, contribuindo para a formação de pessoas adultas mais sensíveis. Além do desenvolvimento musical, o desenvolvimento fonológico, a atenção e a comunicação também puderam ser observados dentro da sala de aula. Pude perceber que muitas crianças melhoraram sua dicção ao final do semestre, outras ficaram mais sociáveis e outras ainda aprenderam a ficar mais atentas durante a aula. Como professor sou levado a pensar que as aulas, as canções e atividades desenvolvidas contribuíram para este desenvolvimento, entretanto, estudos sistematizados precisam ser conduzidos para apoiar estas ideias. Ainda assim, Liberatori (2012) lembra-nos que as brincadeiras musicais contribuem para reforçar todas as áreas do desenvolvimento infantil, sendo um significante benefício para a formação e o equilíbrio da personalidade da criança. Portanto, depoimentos e observações

feitas por pais e professores podem ser benéficos para apoiar teorias e instigar mais pesquisadores a estudar sobre esta grande área do conhecimento, o desenvolvimento infantil. CONCLUSÃO Acredito no papel fundamental que as aulas de música têm na vida de nossas crianças, por isso venho me dedicando a estudar um pouco mais e sobre esta temática. Contudo, vejo que muito ainda há de ser feito e pesquisado para que melhor compreendamos os mistérios do desenvolvimento infantil. Todavia, creio que antes disso é necessário que cada educador musical tenha consciência de seu papel na vida das crianças pequenas, que procure uma melhor formação para que possa educar seus alunos da melhor maneira possível através da música. Que os pais e familiares estejam mais abertos a observar e estimular o gosto pela música nas crianças, cantando e escutando música com elas, desta forma teremos mais pessoas musicalizadas, mas sobretudo, pessoas com possibilidades de um desenvolvimento mais amplo, cidadãos que poderão fazer a diferença em nossa sociedade. REFERÊNCIA ARROYO, Margarete. Mundos musicais locais e educação musical. In: Em Pauta, v. 13, n. 20, p. 95, 2002. BRÉSCIA, Vera Lúcia Pessagno. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva. São Paulo: Átomo, 2003. BROOCK, Angelita Maria Vander. Musicalização Infantil na UFBA. In: D. Santiago; A. Broock & T. Carvalho. Educação Musical Infantil. Salvador: UFBA. 2011, p. 87-99.. Crianças na universidade? In: B. Ilari & A. Broock (Org.). Música e Educação Infantil. Campinas: Papirus Editora. 2013, p. 147-166. ILARI, Beatriz. Música na infância e na adolescência: um livro para pais, professores e aficionados. Curitiba: Editora Ibpex, 2009 Niterói, 2012. LIBERATORI, Carla Síntia Gomes. A importância da música na educação infantil.

MENDES, Adriana; CUNHA, Glória. Um universo sonoro nos envolve. O ensino das artes: construindo caminhos. Campinas: Papirus, p. 79-114, 2001. QUEIROZ, Andréa Matias; OLIVEIRA, Samara Rodrigues; PACHECO, Caroline Brendel. Musicalização Infantil da UFPB: primeiros passos. In: Anais do II SEMINÁRIO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MUSICAL INFANTIL. Salvador, 2011. ROSA, Amélia M. Dias. Relatório anual da disciplina. Natal: Relatório anual de prática de ensino Departamento de Música, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, p. 3. 2003.