Avaliação da Qualidade da Água Consumida na UnUCET/UEG Anápolis, Campus Henrique Santillo



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Transcrição:

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas Coordenação de Licenciatura em Química Coordenação Adjunta do Trabalho de Conclusão de Curso Avaliação da Qualidade da Água Consumida na UnUCET/UEG Anápolis, Campus Henrique Santillo Orientador: Prof. Dr. José Daniel Ribeiro de Campos Proponente: Edmar Joaquim de Oliveira Anápolis 2011

Avaliação da Qualidade da Água Consumida na UnUCET/UEG Anápolis, Campus Henrique Santillo Edmar Joaquim de Oliveira Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao corpo docente da coordenação de Química Licenciatura da Universidade Estadual de Goiás como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Licenciado em Química. ANÁPOLIS,GO JULHO DE 2011

ii BANCA EXAMINADORA APROVADO EM / / Prof. Dr. José Daniel Ribeiro de Campos (Orientador) Prof. MSc Wilson Sueoka (Membro) Prof.(a). MSc Tatiane Martins Lobo (Membro)

OLIVEIRA, EDMAR JOAQUIM DE Avaliação da Qualidade da Água Consumida na UnUCET/UEG Anápolis, Campus Henrique Santillo [Anápolis] 2011 iii

iv AGRADECIMENTO São credores de meus agradecimentos o Deus Senhor de minha vida, minha mãe celestial, meus pais, esposa, filhos, irmãos e irmãs, parentes, professores, professor orientador, colegas de trabalho, em especial do laboratório de análises e gerência da SANEAGO, demais amigos. Aqui incluo todos que um dia de mim ouviram a palavra obrigado por menor que tenha sido a gentileza prestada.

v MENSAGEM A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras. (Artigo 5º da "Declaração Universal dos Direitos da Água")

Resumo do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a UnUCET/UEG como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Licenciado em Química Licenciatura. vi Avaliação da Qualidade da Água Consumida na UnUCET/UEG Anápolis, Campus Henrique Santillo Edmar Joaquim de Oliveira Julho/2011 Orientador: Prof. Dr. José Daniel Ribeiro de Campos Curso: Química Licenciatura A evolução dos seres vivos sempre foi dependente da água, por isso é fundamental para a vida. Existe uma falsa idéia de que os recursos hídricos são infinitos porém, a água potável acessível é relativamente escassa, por isso torna-se necessária a sua preservação e a defesa da sua qualidade. O homem tem necessidade de água tratada, não só para o bom funcionamento de seu organismo, mas também para seu desenvolvimento econômicofinanceiro. Atualmente no Brasil, os mananciais de superfície são as fontes de água mais utilizadas para abastecimento de comunidades, mas é comum, e tem se tornado mais frequente, a utilização dos mananciais subterrâneos. A grande profundidade e a impermeabilidade das rochas que constituem um aquifero artesiano, garantem maior qualidade à água nele contida. A falta de conhecimento e ignorância quanto aos métodos mais adequados de perfuração e utilização de poços, podem causar grandes prejuízos no sentido de contaminação e inviabilidade de sua utilização. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a falta de água potável, e de saneamento, tem levado a ocupação de um quarto dos leitos dos hospitais do mundo por pessoas contaminadas por doenças de origem e/ou transmissão hídrica. A água de abastecimento da Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas de Anápolis (UnUCET), jurisdicionada a Universidade Estadual de Goiás (UEG), é proveniente de um poço artesiano construído nas dependências do campus. Foi feito o monitoramento, por um período de dois meses, com analises de algumas características físico-químicas e microbiológicas para avaliar a qualidade da água consumida

vii pela comunidade acadêmica, devido a ausência de tratamento. As análises de água têm a finalidade de revelar as informações obtidas na prática operacional e verificar se há observância das normas estabelecidas para o seu tratamento. Várias técnicas determinadas no Artigo 17 da Portaria nº 518 do Ministério da Saúde (MS), e que compõem a 20ª edição do STANDARD METHODS FOR THE EXAMINATION OF WATER AND WASTEWATER da APHA/AWWA foram utilizadas como metodologia. Os parâmetros físico-químicos analisados, apresentaram conformidade com os valores estabelecidos pela portaria 518 do MS, exceto o cloro; porém as analises microbiológicas mostraram que a água está em desacordo com a legislação vigente. Embora exista filtros de carvão ativado instalados próximos aos bebedouros, nenhum tipo de tratamento bacteriológico foi constatado, contrariando o disposto no artigo 13 da portaria nº 518 do MS, que determina ser obrigatória a manutenção de, no mínimo, 0,2 mg/l de cloro em qualquer ponto da rede de distribuição. Além das miniestações de tratamento de água, há uma variedade de cloradores disponíveis no mercado que podem ser utilizado para normatização e potabilização da água. Este trabalho buscou descrever de forma objetiva e simples as suas etapas e alertar a comunidade, por meios de seus representantes, para a necessidade de um tratamento de água comprometido com o bem estar e saúde de todos.

viii ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 - Tipos de aquíferos e de poços... 26 Figura 2 - Poço Artesiano Profundo que abastece o Campus Henrique Santillo... 42 Figura 3 - Reservatório inferior de água com capacidade para sessenta mil litros... 42 Figura 4 - Localização geográfica do ponto de captação Campus Henrique Santillo... 43

ix ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1 Faixa liquida de temperatura da água e dos hidretos de elementos vizinhos no primeiro período... Tabela 2 - Padrão microbiológico de potabilidade da água para consumo humano (BRASIL, 2005)... 15 20 Tabela 3 - Padrão de aceitação da água para o consumo (BRASIL, 29 2005)... Tabela 4 - Resultado das análises físico-químicas... 43 Tabela 5 - Resultado das análises microbiológicas... 45

x SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 13 2. REVISÃO DA LITERATURA... 15 2.1 Características gerais da água... 15 2.2 Importância da água... 17 2.3 Qualidade da água... 18 2.4 Impurezas das águas... 20 2.4.1 Doenças de transmissão hídrica... 22 2.4.2 Doenças de origem hídrica... 23 2.5 Águas subterrâneas... 24 2.5.1Tipos de aquíferos e de poços... 25 2.5.2 Contaminação da água subterrânea... 26 2.6 Água potável... 27 3. MATERIAIS E MÉTODOS... 30 3.1 Amostragem... 30 3.2 Determinação da temperatura da água e do ar... 31 3.2.1 Equipamentos e materiais... 31 3.2.2 Método... 31 3.3 Coleta de água... 31 3.3.1 Equipamentos e materiais... 31 3.3.2 Método... 32 3.4 Determinação do ph... 32 3.4.1 Equipamentos e materiais... 32 3.4.2 Reagentes e soluções... 33 3.4.3 Método... 33 3.5 Determinação do ferro total... 33 3.5.1 Equipamentos e materiais... 33 3.5.2 Reagentes e soluções... 34

xi 3.5.3 Método... 34 3.6 Determinação de cloretos (método argentométrico ou de Mohr)... 35 3.6.1 Equipamentos e materiais... 35 3.6.2 Reagentes e soluções... 35 3.6.3 Método... 35 3.6.4 Fórmulas de cálculos e expressão dos resultados... 36 3.6.4.1 Cálculos... 36 3.7 Determinação de cloro residual... 36 3.7.1 Equipamentos e materiais... 36 3.7.2 Reagentes e soluções... 36 3.7.3 Método... 36 3.8 Coliformes totais e termotolerantes (técnica da presença ausência) método qualitativo... 37 3.8.1 Equipamentos e materiais... 37 3.8.2 Reagentes e soluções... 38 3.8.3 Método... 38 3.8.4 Exames confirmativos para coliformes totais e termotolerantes... 3.8.5 Determinação de coliformes totais e Escherichia coli (técnica substrato enzimático)... 39 39 3.8.6 Expressão dos resultados: técnica P-A e substrato enzimático... 39 3.8.7 Contagem de bactérias heterotróficas... 40 3.8.7.1 Preparo dos meios de cultura ágar nutriente, ÁGAR PCA, ÁGAR R2A... 40 3.8.7.2 Método... 40 3.8.7.3 Fórmulas de cálculo e expressão dos resultados... 41 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 42

xii 4.1 Análise físico-química... 43 4.2 Análise microbiológica... 44 5. CONCLUSÕES... 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 47

13 1. INTRODUÇÃO A água pode existir sem os seres humanos, mas nós só conseguimos sobreviver sem água por poucos dias. (WALLENSTEIN, 2007). A importância da Água está colocada como uma pré-condição para a vida. A humanidade, até algumas décadas atrás, tinha a água como um bem infinito e que a capacidade de autodepuração dos corpos d água também o era. Mas nas últimas décadas, o rápido desenvolvimento industrial, o aumento do número de habitantes e da produtividade agrícola trouxe como consequência a preocupação com a qualidade e disponibilidade da água para consumo humano, devido à rápida degradação dos corpos d água (MARQUES, 2007). Estes fatos mostraram a fragilidade da capacidade autodepurativa do ciclo aquático mediante a grande demanda exigida pelos sistemas socioeconômicos da sociedade atual, mostrando-nos que os recursos hídricos são um bem finito e, portanto, exigem uma atenção especial na gestão de seu uso (MARQUES, 2007). Como a recarga das águas no subsolo ocorre, na maioria dos casos, devido à infiltração da água de chuva em excesso no solo, atividades realizadas neste solo podem ameaçar a qualidade da água. A poluição de aquíferos ocorre onde o descarte da carga contaminante gerada pela atividade antrópica (urbana, industrial, agrícola, mineradora) é inadequadamente controlada e certos componentes excedem a capacidade de atenuação das camadas do solo (RIBEIRO, 2007). A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou dois novos relatórios que mostram soluções para o problema da falta de água potável e de saneamento básico no mundo. Cerca de 2,4 bilhões de pessoas não têm acesso a saneamento básico e aproximadamente 1 bilhão não dispõem de água potável. O resultado é a morte de 1,6 milhões de pessoas a cada ano por doenças relacionadas à falta desses serviços (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2004). Investir nesses serviços traria grandes benefícios econômicos ao mundo em desenvolvimento. Um investimento adicional de US$ 11,3 bilhões por ano nesta área resultaria num benefício de aproximadamente US$ 84 bilhões anualmente. Isso porque pessoas com acesso à água limpa e saneamento adoecem com menos frequência. E, além de custarem menos ao sistema de saúde, têm vida mais produtiva (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2004). Relata ainda que aproximadamente um quarto dos leitos existentes em todos os hospitais do mundo estão ocupados por enfermos, cujas doenças são ocasionadas pela água. Os sistemas de abastecimento de água de uma comunidade desde a captação,

14 adução, tratamento, recalque e distribuição, inclusive reservação, bem como dos domicílios e edifícios em geral, devem ser bem projetados, construídos, operados, mantidos e conservados, para que a água não se torne veículo de transmissão de diversas doenças (NETTO et al., 1987). O homem tem necessidade de água de qualidade adequada e em quantidade suficiente para todas suas necessidades, não só para proteção de sua saúde, como também para o seu desenvolvimento econômico (NETTO et al.,1987). Entretanto, para se tornar própria para consumo, a água deve atender aos padrões estabelecidos pela Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde. A legislação estabelece quais substâncias devem ser monitoradas e o limite máximo permitido para cada uma delas (BRASIL, 2005). Assim, para se obter após tratamento uma água considerada potável, deve-se em primeiro plano avaliar as características do manancial a ser utilizado (BRASIL, 2007). No Brasil, os mananciais são classificados segundo a Resolução do CONSELHO NACIONAL DO MAIO AMBIENTE - CONAMA, de nº 357, de 17 de março de 2005, publicada no Diário Oficial da União (D.O.U) de 18 de março de 2005 (BRASIL, 2007). O presente trabalho visa avaliar a qualidade físico-química e microbiológica da água disponível em bebedouros e banheiros do Campus Henrique Santillo UnUCET-UEG em Anápolis. Pretende-se, por meio dos resultados, discutir e cobrar dos órgãos competentes ações que garantam água potável para toda a comunidade acadêmica.

15 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Características gerais da água A água é a mais comum das substâncias e, no entanto, suas propriedades são únicas entre os compostos químicos. Talvez as mais notáveis sejam suas altas temperaturas de fusão e ebulição. A Tabela 1 relaciona os pontos de fusão e ebulição dos hidretos dos elementos desde o carbono até o flúor, na primeira fila da tabela periódica. Em comparação com os hidretos vizinhos, a água possui de longe os pontos de fusão e ebulição mais altos. Uma característica que torna a Terra singularmente apropriada à evolução da vida é sua temperatura de superfície, que, na maior parte do planeta, fica dentro da faixa liquida da água (SPIRO, 2009). Tabela 1 Faixa liquida de temperatura da água e dos hidretos de elementos vizinhos no primeiro período. CH 4 NH 3 H 2 O HF Ponto de fusão (ºC) -182-78 0-83 Ponto de ebulição (ºC) -164-33 100 20 A alta temperatura necessária à ebulição implica que a água na forma liquida possui uma elevada energia de coesão; as moléculas se associam fortemente umas as outras. Uma fonte dessa coesão é o alto momento de dipolo da água (1,85 Debye). As ligações O-H são altamente polares; a carga negativa se acumula na ponta do oxigênio e a carga positiva se acumula na ponta do hidrogênio. Os dipolos tendem a se alinhar, aumentando a energia de coesão (SPIRO, 2009). A dissolução de um solido iônico implica a separação de cada íon dos íons de carga oposta que o rodeiam no estado solido. A água é especialmente boa para dissolver compostos iônicos porque cada molécula de água tem uma extremidade positivamente carregada e uma extremidade negativamente carregada. Consequentemente, uma molécula de água pode atrair um íon positivo à sua extremidade negativa, ou pode atrair um íon negativo à sua extremidade positiva. Quando um composto iônico se dissolve em água, cada íon negativo fica cercado por moléculas de água com suas extremidades positivas apontando

16 para o íon, e cada íon positivo fica cercado por extremidades negativas de diversas moléculas de água (KOTZ, 2005). Duas características bem conhecidas da água são facilmente relacionadas a sua estrutura: a primeira é a forma dos cristais de gelo a simetria hexagonal dos cristais macroscópicos de gelo também aparece no nível particulado, na forma de anéis de átomos de oxigênio e hidrogênio com seis lados; a segunda é a propriedade única da água de ser menos densa quando sólida do que ela é quando liquida. A menor densidade do gelo, que tem consequências enormes para o clima da Terra, resulta do fato de que as moléculas da água não estão arranjadas firmemente no gelo (KOTZ, 2005). A água promove a dissolução de um composto iônico formando íons livres para se movimentar em solução. Em condições normais, se dois eletrodos (condutores de eletricidade, como um fio de cobre) são introduzidos na solução e conectados a uma bateria, os cátions migram da solução para o eletrodo negativo, e os anions movem-se para o eletrodo positivo. Se uma lâmpada for inserida no circuito, ela se acende, mostrando que há íons disponíveis em solução para transportar as cargas, assim como os elétrons conduzem a carga na parte do circuito composto pelos fios (KOTZ, 2005). Em plantas e animais as reações químicas ocorrem em sua maior parte entre substâncias dissolvidas em água, isto é, em soluções aquosas. A água que se bebe diariamente e os oceanos contêm concentrações pequenas de muitos íons, a maioria dos quais resulta da dissolução de materiais sólidos presentes no ambiente (KOTZ, 2005). A água pura é um líquido incolor, inodoro, insípido e transparente. Entretanto, por ser ótimo solvente, nunca é encontrada em estado de absoluta pureza, contendo várias impurezas que vão desde alguns miligramas por litro na água da chuva a mais de 30 mil miligramas por litro na água do mar. Dos 103 elementos químicos conhecidos, a maioria é encontrada de uma ou outra forma nas águas naturais. (NETTO et al., 1987). Ao contrário do que muitos imaginam, a água é uma substância muito complexa. Por ser um excelente solvente, até hoje ninguém pôde vê-la em estado de absoluta pureza (RICHTER, 1991).

17 2.2 Importância da água Vivemos, literalmente, no mundo das águas. Todos os seres vivos dependem incondicionalmente de um suprimento de água. Todos os dias os raios solares destilam uma grande quantidade de água que retorna à superfície sob a forma de chuva. O volume de chuva que cai sobre o solo é proporcionalmente maior do que sobre os oceanos, fornecendo um suprimento continuo de água doce. Costumamos tratar a água como se ela fosse grátis e, de certa forma, assim podemos considerá-la um subproduto do enorme fluxo de energia solar sobre a Terra (SPIRO, 2009). A água é essencial ao homem porque está envolvida em todas as funções do corpo. Dois terços do corpo humano é constituído por água. Ela auxilia o transporte de nutrientes e de resíduos para dentro e para fora das células, e é necessária em todas as funções digestivas, circulatórias, de absorção e de excreção (KOTZ, 2005). Todas as formas de vida existentes na Terra dependem da água. Cada ser humano necessita consumir diariamente litros de água doce para manter-se vivo. Contudo, a água doce é um prêmio. Mais de 97% da água do mundo é água de mar, imprópria para beber e para a maioria dos usos agrícolas. Três de quatro partes da água doce estão presas em geleiras e nas calotas polares. Lagos e rios são as principais fontes de água potável, mesmo constituindo, em seu conjunto, menos de 0,01% do suprimento total de água. Recentemente, foi estimado que a humanidade consome, sobretudo na agricultura, cerca de um quinto da água que escoa para os mares; e as previsões indicam que esta fração atingirá cerca de três quartos no ano 2025 (BAIRD, 2002). A poluição ambiental de corpos aquáticos de uma determinada região reflete o tipo de uso e ocupação do solo. A qualidade e a conservação dos mananciais tem se tornado primordial para o desenvolvimento econômico e social de um país, mais até que a quantidade de água disponível. O simples monitoramento ambiental é importante e traz informação sobre a qualidade das águas no tocante à legislação vigente (Resolução CONAMA 357) e enquadramento do recurso hídrico em questão. Porém, medidas para prevenção e controle da poluição são dependentes do conhecimento do comportamento dos poluentes nos corpos aquáticos (MELO, 2009). A decisão mais importante em um projeto de abastecimento de água é a que se refere ao manancial a ser adotado. Sempre que houver duas ou mais fontes possíveis, a sua seleção deve se apoiar em estudos amplos, que não se restrinjam exclusivamente aos aspectos econômico-financeiros. A qualidade da água, as tendências futuras relativas à sua preservação e as condições de segurança devem, também, ser pesadas (RICHTER, 1991).

18 2.3 Qualidade da água Ao considerarmos as questões relativas ao uso e a qualidade da água, é útil analisarmos os dois papéis distintos desempenhados por ela no meio ambiente terrestre. Por um lado, a água é um extraordinário solvente; suas propriedades moleculares inusitadas permitem que ela dissolva e transporte uma ampla gama de materiais. Por outro lado, a água abriga ecossistemas; um grande percentual da biosfera habita de alguma forma o meio aquático. Geralmente, definimos a qualidade da água em termos da capacidade do meio aquático de sustentar a gama normal de espécies biológicas acompanhadas de seus processos bioquímicos. Evidentemente, essas duas perspectivas sobre a água se interrelacionam: os materiais dissolvidos na água afetam a condição de sustentar a vida e os processos biológicos dos ambientes aquáticos normalmente desempenham um papel crucial em remover substâncias dissolvidas de águas contaminadas (SPIRO, 2009). A qualidade da água é tão importante como a quantidade. A água em muitas regiões está contaminada em consequência da falha em separar os efluentes do abastecimento de água. A propagação de doenças pela água continua a ser um dos flagelos da humanidade. Em muitas partes do mundo, a necessidade crucial de água limpa é quase sempre negligenciada (SPIRO, 2009). A qualidade da água bruta (não-tratada), extraída de águas superficiais ou subterrâneas, cujo uso final é o consumo humano, varia amplamente, desde a quase pura até a altamente poluída. Como os tipos e as quantidades de poluentes da água bruta são variáveis, os processos usados na purificação também variam de um lugar para outro. A desinfecção da água bruta, usando cloro ou permanganato de potássio, é às vezes efetuada tanto no momento em que a água entra na planta de tratamento, como na etapa de purificação final (BAIRD, 2002). É importante entender os tipos de processos químicos que ocorrem em águas naturais e como a ciência e o uso da química podem ser empregadas para purificar a água destinada ao consumo humano (BAIRD, 2002). A qualidade da água pode ser definida como sendo um conjunto das características físicas, químicas e biológicas de um certo corpo d água, cujos critérios de avaliação da qualidade dependem do propósito do uso (MARQUES, 2007). O controle da qualidade da água para consumo humano é o conjunto de atividades exercidas de forma contínua pelo(s) responsável(is) pela operação de sistema ou solução alternativa de abastecimento de água, destinadas a verificar se a água fornecida à população é potável, assegurando a manutenção desta condição. Toda a água destinada ao consumo

19 humano deve obedecer ao padrão de potabilidade e está sujeita à vigilância da qualidade da água (BRASIL, 2005). Uma água destinada ao uso doméstico deve ser desprovida de gosto, ao passo que numa água destinada ao resfriamento de caldeiras, esta característica não tem importância. Portanto, a qualidade que se deseja na água natural e a que se necessita na água de consumo, entre outros aspectos, vai influir na escolha do manancial e no processo de tratamento a ser adotado, sem se deixar também de levar em conta o aspecto econômicofinanceiro deste tratamento (NETTO et al., 1987). O Capítulo IV da Portaria MS 518 estabelece sobre o padrão de potabilidade: Art.11. A água potável deve estar em conformidade com o padrão microbiológico de potabilidade para consumo humano conforme Tabela 2, (página 20) (BRASIL, 2005). Antes da análise quantitativa para determinação de coliformes totais, termotolerantes, Escherichia coli e contagem de bactérias heterotróficas é recomendado que seja feito analises qualitativas, como a técnica da presença-ausência (P-A) e/ou técnica do substrato enzimático. A primeira consiste na fermentação da lactose e acidificação do meio. A detecção dos coliformes totais se dá através da transferência do inóculo das culturas presuntivas positivas P-A para o meio de cultura Bile Verde Brilhante (BVB) sendo evidenciado pela alteração da coloração e produção de gás no interior do tubo ou frasco contendo meio de cultura BVB; os coliformes termotolerantes são detectados quando um inóculo das culturas presuntivas positivas P-A é transferido para o meio E.c. Medium e o resultado positivo é evidenciado pela fermentação e produção de gás no interior do tubo. A segunda técnica consiste na mudança de coloração e desenvolvimento de fluorescência na amostra analisada, quando o substrato enzimático cromogênio ONPG (orto-nitrofenil ß-d galactosídeo) ou o CPRG (clorofenol vermelho ß-d galactopiranosideo), presentes no meio de cultura, são hidrolisados pelas enzimas ß-d galactosidase presentes nas bactérias coliformes totais conferindo uma mudança de coloração. O substrato enzimático fluorogênico MUG (4 metilumbeliferil ß-d -glucuronideo) presente no meio é hidrolisado pela enzima ß glucoronidase produzida pela bactéria E.coli resultando uma fluorescência ao meio que é observada quando exposta à luz ultravioleta de 366nm (APHA, 1998).

Tabela 2 - Padrão microbiológico de potabilidade da água para consumo humano. Parâmetro VMP (1) 20 Água para consumo humano (2) Escherichia coli ou coliformes termotolerantes (3) Ausência em 100 ml Água na saída do tratamento Coliformes totais Ausência em 100 ml Água tratada no sistema de distribuição (reservatórios e rede) Escherichia coli ou coliformes termotolerantes (3) Ausência em 100 ml Coliformes totais Sistemas que analisam 40 ou mais amostras por mês: Ausência em 100 ml em 95% das amostras examinadas no mês. Sistemas que analisam menos de 40 amostras por mês: Apenas uma amostra poderá apresentar mensalmente resultado positivo em 100 ml. Notas: (1) valor máximo permitido. (2) água para consumo humano em toda e qualquer situação, incluindo fontes individuais como poços, minas, nascentes, dentre outras. (3) a detecção de Escherichia coli deve ser preferencialmente adotada. Fonte: (BRASIL, 2005) 2.4 Impurezas das águas Em cada situação em que utilizamos a água em nosso cotidiano exigimos condições diferentes de pureza. Dessa forma, podemos nadar em uma água que não utilizaríamos para

21 preparação de alimento ou para beber, e uma água própria para consumo pode não ser adequada para a fabricação de remédios (MÓL, 1995). Um fator muito importante é a sua dureza. A dureza da água é definida em termos da concentração dos cátions cálcio e magnésio, normalmente acompanhados pelos ânions carbonato, bicarbonato, cloreto e ou sulfato. Dependendo da concentração desses cátions, as águas são classificadas como duras (teores acima de 150 mg/l), moles (teores abaixo de 75 mg/l) ou moderadas (entre 75 e 150 mg/l) (MÓL, 1995). Na indústria, o controle da dureza da água é de fundamental importância quando esta é utilizada em caldeiras, já que os referidos sais podem acumular-se no interior das tubulações, ocasionando obstruções e consequentes prejuízos (MÓL, 1995). Os casos de poluição de águas naturais por contaminantes tanto biológicos como químicos é um problema de âmbito mundial; poucas áreas povoadas, seja em países desenvolvidos ou não-desenvolvidos, não sofrem de uma ou outra forma de poluição (BAIRD, 2002). Embora a humanidade venha se preocupando com a poluição das águas superficiais de rios e lagos, há muito tempo, a contaminação das águas subterrâneas por produtos químicos não foi reconhecida como um problema sério até os anos 80, muito embora ela já viesse ocorrendo há cerca de meio século (BAIRD, 2002). Um caso particular, ocorreu no Estado de São Paulo. A Shell Química do Brasil apresentou, em reunião na Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, o quadro de contaminação por "Drins" (Aldrin, Dieldrin e Endrin) da área das chácaras do bairro Recanto dos Pássaros, em Paulínia (126 quilômetros de São Paulo). Os Drins foram detectados em três das nove chácaras amostradas em fevereiro de 2001 (GREENPEACE BRASIL, 2001). Moradores do Recanto dos Pássaros realizaram, por conta própria, exames na Clínica Ohswald, em Campinas (SP). Os resultados dos testes de onze pessoas, incluindo duas crianças de 8 e 12 anos, indicaram a presença de metais pesados, como arsênico, chumbo e titânio, no sangue dos moradores. O Sindicato dos Químicos solicitou a empresa que os mesmos exames também sejam realizados nos atuais trabalhadores e ex-funcionários da Shell (GREENPEACE BRASIL, 2001).

22 A preocupação a respeito da poluição das águas subterrâneas é recente e restrita em nosso país, uma vez que o usuário do recurso subterrâneo, particular ou governamental, ainda desconhece sua importância e ignora as graves consequências de sua contaminação. Uma justificativa para esse fato é que ao contrário da contaminação das águas superficiais, identificada na maioria das vezes, a contaminação das águas subterrâneas não é visível e sua exploração é muito distribuída, dificultando assim a identificação do problema. A ação protetora ou de interrupção é aplicada tardiamente, além de que quando a contaminação se torna perceptível, geralmente já atingiu uma larga extensão (RIBEIRO, 2007). Ironicamente, as águas superficiais podem ser purificadas com relativa facilidade e rapidez, enquanto que a poluição da água subterrânea é um problema de longo prazo, muito mais difícil e muito mais caro de ser resolvido (BAIRD, 2002). A água contaminada tornar-se um veículo de transmissão de doenças que podem ser classificadas em dois grupos: doenças de transmissão hídrica e doenças de origem hídrica. As primeiras são aquelas em que a água atua como veículo propriamente dito, do agente infeccioso, como, por exemplo, no caso de febre tifóide, da disenteria bacilar, etc.; as segundas são aquelas decorrentes de certas substâncias contidas na água em teor inadequado, e que dão origem a doenças como fluorose, metemoglobinemia, bócio e saturnismo. A água, neste caso, por apresentar certas substâncias dissolvidas, em determinados teores, é a responsável pelo aparecimento destas doenças (NETTO et al., 1987). 2.4.1 Doenças de transmissão hídrica O consumo de água contaminada por agentes biológicos ou físico-químicos, tem sido associado a diversos problemas de saúde. Algumas epidemias de doenças gastrointestinais, por exemplo, têm como fonte de infecção a água contaminada. Essas infecções representam causa de elevada taxa de mortalidade em indivíduos com baixa resistência, atingindo especialmente idosos e crianças menores de cinco anos (OPS, 2007). Uma grande variedade de microrganismos patogênicos pode ser encontrada em excrementos de seres humanos e de outros animais de sangue quente. Por isso, a contaminação de águas por fezes é uma das formas mais importantes de introdução de microrganismos patogênicos nas águas (CAJAZEIRAS, 2007).

23 A água de má qualidade gera altos índices de doenças infecciosas, como esquistossomose, dengue, febre amarela e malária, doenças de pele e doenças diarréicas, cólera e febre tifóide, sendo que a maior incidência em doenças de veiculação hídrica está localizada na África, seguido pela Índia e Oriente Médio e os menores índices em países industrializados e na Europa (CAJAZEIRAS, 2007). Para determinar o grau de contaminação de uma água emprega-se o chamado índice coli. Os microrganismos patogênicos intestinais não são de fácil identificação em laboratório. Utiliza-se assim os microrganismos do grupo coliforme. A presença de coliformes, em determinadas concentrações, deve ser encarada como um sinal de alerta indicando a possibilidade de haver uma poluição e/ou contaminação fecal, principalmente quando ocorrem variações bruscas do número de coliformes numa determinada água (NETTO et al., 1987). 2.4.2 Doenças de origem hídrica Quatro tipos de contaminantes tóxicos podem ser encontrados nos sistemas públicos de abastecimento de água: a) contaminantes naturais de uma água que esteve em contato com formações minerais venenosas; b) contaminantes naturais de uma água na qual se desenvolveram determinadas colônias de microrganismos venenosos; c) contaminantes introduzidos na água em virtude de certas obras hidráulicas defeituosas (principalmente tubos metálicos) ou de práticas inadequadas no tratamento da água; d) contaminantes introduzidos nos cursos d água por certos despejos industriais. Os contaminantes de origem mineral incluem o flúor, o selênio, o arsênico e o boro, e, com exceção do flúor, raramente são encontrados em teores capazes de ocasionar danos. Os contaminantes naturais ocasionados por colônias de microrganismos venenosos, como certos tipos de algas, dão à água aspecto repulsivo ao homem, que tem assim uma defesa natural através dos seus sentidos. Os contaminantes introduzidos pela corrosão de tubulações metálicas podem ocasionar distúrbios, principalmente em água moles ou que contenham certo teor de dióxido de carbono (o que pode ocorrer por prática inadequada no tratamento de água). Cobre, zinco e ferro, mesmo em pequenas quantidades, dão à água gosto metálico característico e são responsáveis por certos distúrbios em determinadas operações industriais.