POLÍTICA INSTITUCIONAL DE COMPARTILHAMENTO DE CUSTOS: AMPLIAÇÃO DAS TAXAS DE MATRÍCULA E FINANCIAMENTO ESTUDANTIL VOOS, Jordelina Beatriz Anacleto Universidade da Região de Joinville- UNIVILLE-SC MOROSINI, Marilia Costa Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul- PUCRS México 15/11/2013 Este documento se ha realizado con la ayuda financiera de la Unión Europea. El contenido es este documento es responsabilidad exclusiva de sus autores y en modo alguno debe considerarse que refleja la posición de la Unión Europea
INTRODUÇÃO CARACTERIZAÇÃO DO CONTEXTO EMERGENTE Ampliação das taxas de participação no ensino superior é necessária para a efetiva inserção dos países no processo de globalização. Relatório da GUNI - Global University Network for Innovation (2009) aponta orçamentos governamentais, para a ES em declínio. Os governos, dos países reconhecem que, por si só, não têm condições de atender a crescente demanda. Para garantir o acesso e a permanência, considerando a demanda, os países criaram formas de financiamento, compartilhando os custos. No Brasil, dois programas de compartilhamento são fundamentais. O Credito Estudantil - CREDUC (1975), atualmente, Financiamento Estudantil do Ensino Superior - FIES Programa Universidade para Todos ProUni (2004).
OBJETIVOS - Investigar se, ao adotar a política institucional de financiamento estudantil, alinhando-se à política nacional de compartilhamento de custos, a Universidade da Região de Joinville UNIVILLE, no período de 2010 a 2013, expandiu a taxa de matrícula, nos cursos de licenciatura e se esta forma de compartilhamento contribuiu para garantir a permanência dos acadêmicos, nos referidos cursos; - Verificar, ainda, o papel das famílias dos estudantes no processo de financiamento.
O PERCURSO METODOLÓGICO - Paradigma interpretativo A investigação situa-se na confluência das abordagens qualitativa e quantitativa, caracterizando-se como um estudo de caso educacional e contempla a intersecção de três etapas: a) exploratória, na seleção dos participantes e do material de análise; b) de coleta de dados, delimitando o foco da investigação; c) análise e interpretação dos resultados, tendo como parâmetro duas categorias em interrelação: financiamento estudantil e cursos de licenciatura. Aspectos numéricos foram significados com a intenção de sustentar os procedimentos de caráter qualitativo. O locus da pesquisa foi uma instituição de ensino superior, comunitária, situada em Joinville, no Estado de Santa Catarina, no Sul do Brasil. E os sujeitos, 101 acadêmicos, do 4º ano dos cursos de licenciatura (2010/2013), informantes-chave da Central de Atendimento Acadêmico e do Programa de Apoio ao Estudante. Instrumentos: questionário e entrevistas com os estudantes e entrevistas com as famílias e os informantes-chave. Tratamento dos dados: estatística descritiva e análise de conteúdo, na ótica de Bardin, (2009).
OS RESULTADOS - O CENÁRIO Campus da UNIVILLE A UNIVILLE é uma universidade comunitária, mantida pela Fundação Educacional da Região de Joinville FURJ criada no ano de 1965. Em 1996 foi credenciada a universidade. Pertence, como outras 13 instituições, à Associação Catarinense das Fundações Educacionais ACAFE que detém 54% das matrículas na Educação Superior no Estado de Santa Catarina Brasil. Fonte: Portal da UNIVILLE 42 Cursos (Graduação e Pós- graduação) 9.312 estudantes
OS DADOS - RESULTADOS Formas de custeio do curso Família 30% Art. 170/171 CE/SC bolsas 51% Trabalho 46% FIES 2,5% ProUni 12,5% Financiamento bolsas total 23,75% Financiamento bolsas parcial 76,25% Fonte: Questionário Ingressantes 1º Ano 2010/2013 Cursos 2010 2011 2012 2013 Arte 27 - - 30 Ciên. Biológicas 42 37 35 42 Edu. Física M 56 48 51 53 Edu. Física N 51 52 36 59 Geografia - - - - História 40 27 35 40 Letras/Ing./Por. 40 44 35 40 Letras/Lin. Por. 14 12 08 10 Matemática - - - - Pedagogia 36 32 25 38 TOTAL 306 252 217 312 Fonte: Central de Atendimento Acadêmico
OS DADOS RESULTADOS - Perfil dos Concluintes (166-55 = 111 67%) - 90% acessou ao curso superior via vestibular do sistema ACAFE; - 10% pelo Exame Nacional do Ensino Médio ENEM; - 46% já trabalham na área de conhecimento do curso ; - 25% desenvolvem atividades como estagiários, na UNIVILLE (bolsas de pesquisa e/ou extensão); - 50% possuem familiares com ensino superior completo; - 25% é o índice do primeiro, na família, a cursar o ensino superior. A maioria: - faixa etária 24/26 anos; - primeira e única opção pelo curso; - frequentou o ensino regular em escolas públicas; - não reprovou e não trancou matrícula; - a trajetória estudantil na educação básica e superior foi considerada exitosa; - é o irmão mais velho - famílias de 01 até 10 filhos. Fonte: Questionário
OS DADOS - RESULTADOS Ingressantes/Concluintes Cursos 2010 2013 Arte 27 08 Ciên. Biológicas 42 23 Edu. Física Mat. 56 24 Edu. Física Not. 51 42 Geografia - - História 40 19 Letras/Dupla 40 14 Letras/Lin. Port. 14 (2 Dep) 16 Matemática - - Pedagogia 36 20 TOTAL 306 166 = 54,4% Fonte: Central de Atendimento Acadêmico Trajetória (não concluintes 45,6% ) Trancamento de matrícula; Transferência de curso; Dependência; Reprovação; Doença; Dificuldade financeira; Mudança de domicílio. Nenhum aluno aderiu ao FIES. Constata-se: - não ocorreu compartilhamento de custos (estudante e família) e impacto na permanência; - não houve, também, ampliação da taxa de matrícula.
CONSIDERAÇÕES No recorte feito, esperava-se confirmar a adesão ao programa de financiamento estudantil, considerando os objetivos da política: uma oportunidade que favoreceria a formação superior, garantindo não só o acesso e o ingresso, mas ao que se estimava como mais importante, a permanência, isto é, a terminalidade com êxito. Os dados evidenciam que as bases que sustem as políticas de ampliação da taxa de matrícula, articuladas ao compartilhamento de custos, estão alheias à investigação científica, ou a publicação dos resultados não é socializada aos interessados. À luz deste entendimento, não há como discordar de Cerdeira (2009), quando afirma que a ausência de um conhecimento rigoroso é a causa da repetição das mesmas ideias, quase sempre falsas ou enganadoras, que em nada contribuem para instaurar uma reflexão séria e informada, revelando-se, na prática, a fragilidade da consecução de uma política.
REFERÊNCIAS - Principais interlocutores BARDIN, L. (2009). Análise de conteúdo. Lisboa, Portugal; Edições 70, LDA. BRASIL, (2012). Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Resumo Técnico-2010. Brasília: INEP., (2013) Secretaria da Comunicação Social. Cadernos Debates.. CERDEIRA, L. (2012). Os desafios da gestão do ensino superior: algumas tendências e tensões. Qualidade da educação superior, pesquisa e internacionalização. In: Qualidade da educação superior: grupos investigativos em diálogo. CUNHA, Maria Isabel da & BROILO, Maria Cecília (Orgs.). Série Qualidade da Educação superior Observatório da Educação CAPES/INEP. Araraquara, São Paulo: junqueira &marin editores., (2009). O financiamento do ensino superior português: a partilha de custos. Universidade de Lisboa. Tese de Doutoramento. FRANCO, M. E. D. P. & MOROSINI, M. C.(2001) (Orgs.). Qualidade na educação superior: dimensões e indicadores. Porto Alegre: EDIPUCRS. (Série Qualidade da Educação Superior, 4). GATTI, B. A. (2004). v. 30, n.1, p. 11-30, jan./abr. Estudos quantitativos em educação Brasil. In: Educação e Pesquisa. São Paulo. GUNI (2009). Global University Network for Innovation. Educação superior em um tempo de transformação: novas dinâmicas para a responsabilidade social. EDIPUCRS. MOROSINI, M. C. M. (2012). Qualidade da educação superior.in: GUNI, Global University Network for Innovation. Educação superior em um tempo de transformação: novas dinâmicas para a responsabilidade social. Registro disponível em British Library e Library of Congress. Edição em português, Porto Alegre: EDIPUCRS. Silva Filho, et. al. (2009). Como a mudança na metodologia do INEP altera o cálculo da evasão. São Paulo: Instituto Lobo. UNESCO, (2009). Conferência Mundial sobre Ensino Superior 2009. As Novas Dinâmicas do Ensino Superior e Pesquisas para a Mudança e o Desenvolvimento Social. Paris, de 5 a 8 de julho., Declaração Mundial sobre Educação Superior no Século XXI: Visão e Ação. Paris, 9 de outubro de 1998. Biblioteca Virtual de Direitos Humanos. Disponível http://www.direitoshumanos.usp.br - Acesso em 28/08/13
AGRADECIMENTOS Aos acadêmicos dos cursos de licenciatura da UNIVILLE, colegas e integrantes da UNIVILLE que colaboraram fornecendo os dados e participando da investigação. E, especialmente, a Profa. Dra. Marília da Costa Morosini, a grande incentivadora e coautora desta produção. Aos promotores e organizadores do III CLABES e a todas e todos que permaneceram e escutaram, GRACIAS! jovoos@gmail.com