GUARDA COMPARTILHADA, NOVA CONCEPÇÃO NO CUIDADO DE FILHOS DE PAIS SEPARADOS
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- Tiago Gustavo Bentes Pais
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1 GUARDA COMPARTILHADA, NOVA CONCEPÇÃO NO CUIDADO DE FILHOS DE PAIS SEPARADOS Camila Barbosa de Souza 1 RESUMO Este trabalho foi desenvolvido mediante estudos de doutrina e artigos na internet, com a finalidade de demonstrar a possibilidade de aplicação da guarda compartilhada no ordenamento jurídico brasileiro, mesmo antes da aprovação da lei que a incluiu no Código Civil, bem como que havia a necessidade de sua inserção do mesmo, face as mudanças na estrutura familiar brasileira. Tem por objetivo mostrar a importância e a aplicabilidade da guarda compartilhada, visando principalmente o interesse do menor, assim como dos pais, de forma a possibilitar a convivência assídua entre pais e filhos. Palavras chave : Guarda Compartilhada.Guarda. Estrutura Familiar. Convivência. Autoridade parental. 1 Graduanda do 9º Período do curso de Direito das Faculdades Promove
2 1- INTRODUÇÃO A separação conjugal ou a dissolução da entidade familiar leva a definição de quem ficará com a guarda dos filhos menores, levando a bipartição da guarda. A guarda unilateral, que é adotado em sua maioria no nosso ordenamento jurídico, conferida a somente um dos genitores, não tem atendido as necessidades dos filhos de pais separados. O que presenciamos no caso concreto é que a mãe, que geralmente fica com a guarda dos filhos, passa a tomar unilateralmente as decisões sobre as crianças. Isto porque, muitas vezes, o pai se distancia da criação dos filhos, deixando a responsabilidade somente para a mãe. Também não atende as necessidades do pai, pois não permite a convivência assídua com os filhos menores, de forma a participar do desenvolvimento mental, moral e social da criança. Isto posto, com as mudanças que surgem na estrutura família, o sistema de guarda que é em sua maioria adotado no ordenamento jurídico brasileiro (guarda unilataral) tem se mostrado ineficaz, havendo a necessidade de uma nova modalidade de guarda que possibilitasse aos pais uma divisão na educação e cuidado com os filhos. Esta nova modalidade é o instituto da guarda compartilhada, que antes de ter previsão no ordenamento jurídico brasileiro, podia ser perfeitamente ser adotado face ao princípio constitucional da igualdade entre homens e mulheres e previsão do artigo do Código Civil Brasileiro dispõe que: os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto menores. O instituto da guarda compartilhada é um tipo de guarda em que ambos os pais continuam exercendo em comum a guarda, pois dividem as responsabilidades e as decisões importantes em relação aos filhos. É uma forma de impedir que o genitor que não detentor da guarda se distancie dos filhos, pois propicia a presença de ambos os genitores no desenvolvimento dos filhos e visa assegurar o direito do menor, bem como amenizar o trauma sofrido pelos filhos com a separação. Por ser um instituto novo e recentemente regulamentado através da lei /2008, a guarda compartilhada é pouco conhecida pelos casais e por conseqüência, pouco utilizada. Por tal fato, este trabalho tem por objetivo, esclarecer os benefícios e prejuízos da guarda compartilhada e sua aplicabilidade.
3 2- GUARDA A guarda pode ser entendida como um direito-dever dos pais em vigiar, proteger e dar segurança aos filhos até que atinjam a maior idade. O seu objetivo é o bem estar do menor, devendo o detentor da guarda educar e sustentar o menor de forma a conceder-lhe uma boa formação moral,física e mental. Nos termos do artigo 33 do Estatuto da Criança e do Adolescente: a guarda obriga à prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. Portanto, a guarda visa primeiramente à assistência material e educacional ao menor, bem como o seu desenvolvimento saudável. Para Diniz o conceito de guarda (2002, pg. 503) é o instituto que visa prestar assistência material, moral e educacional ao menor, regularizando posse de fato. E para Grisard Filho (2002, pg. 50), a guarda é definida como um direito-dever natural e originário dos pais, que consiste na convivência com seus filhos, previsto no art. 384, II, do CC e é o pressuposto que possibilita o exercício de todas as funções paternas. 12 A guarda é um atributo do poder familiar, tendo em vista que é necessário para a efetivação deste, e deve ser exercida em igualdade pelos pais, enquanto estiverem vivendo juntos. A bipartição da guarda surge com a separação conjugal ou com a dissolução da entidade familiar, tendo em vista que era, e ainda é, concedida a somente um dos pais, dando ao outro o direito de visitas. Insta ressaltar, que a guarda compartilhada visa garantir que a guarda continue a ser exercida igualmente pelos genitores após a separação conjugal ou a dissolução da entidade familiar. A guarda no ordenamento jurídico brasileiro, antes da inserção da guarda compartilhada no Código Civil se dava, regra gera,l de forma unilateral. De acordo com o Código Civil no art a guarda os filhos se estabelece preferencialmente por acordo entre os pais, in verbis: no caso de dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal pela separação judicial por mútuo consentimento ou pelo divórcio direto consensual, observar-se-á o que o cônjuges acordarem sobre a guarda dos filhos.
4 E antiga redação do artigo 1.584, que foi alterado pela lei da Guarda compartilhada rezava que: Decretada a separação judicial ou o divórcio, sem que haja entre as partes acordo quanto à guarda dos filhos, será ela atribuída a quem revelar melhores condições para exercê-la. Logo, de acordo com antiga redação do artigo 1.584, a guarda dos filhos era atribuída a somente um dos genitores, não havia previsão para a guarda conjunta. Assim, geralmente o sistema de guarda adotado é aquele que leva a bipartição da guarda. Estabelecido com que ficará a guarda, e uma vez adotada a guarda unilateral, será concedido ao genitor que não é detentor da guarda do menor o direito de visitas, que na maioria dos casos concretos são realizadas em finais de semanas alternados, restringindo ao genitor a convivência paterno-filial. Este sistema de visitas leva a ruptura do relacionamento do genitor que não é detentor da guarda, geralmente o pai, enfraquecendo assim os laços afetivos. A guarda compartilhada, surge para evitar o enfraquecimento do laço parental contribuindo com o desenvolvimento mental do menor. Visto que na guarda unilateral somente um dos pais fica com guarda, sendo que, aquele que possui o direito de visitas não exercerá de forma efetiva o poder familiar sobre os filhos, se distanciando gradualmente da educação e responsabilidade dos mesmos. 3- MODALIDADES DE GUARDA É importante diferenciar as modalidades de guarda para que no caso concreto se aplique a mais adequada a cada família. Na constância do casamento ou da união estável, a guarda é exercida conjuntamente pelos pais, que são responsáveis pela educação, proteção e cuidado dos filhos. Havendo o fim da sociedade conjugal, surge a necessidade da definição de uma modalidade de guarda. A definição ou determinação de quem ficará com a guarda dos filhos menores, pode vir de um acordo celebrado entre os pais (homologado pelo juiz) ou mediante decisão judicial, levando em conta, sempre, o interesse do menor.
5 Assim, ficando a cargo do juiz a determinação da guarda, poderá ele decidir, visando o interesse do menor, entre as modalidades de guarda existentes: guarda unilateral, guarda alternada e guarda compartilhada. A guarda unilateral ou única, é aquela concedida a somente um dos pais que detém a guarda física e jurídica do menor, concedendo-se ao outro o direito de vistas. A guarda unilateral é a modalidade de guarda mais adotada em nosso ordenamento jurídico, sendo que em nossa sociedade, ela é conferida na maioria dos casos a mãe, que passa a tomar unilateralmente todas as decisões sobre os filhos, sem consultar a opinião do pai. Isto porque, ao pai é concedido o direito de visitas ao filhos, o que afasta o direito e a prática de vigilância e cuidado sobre eles. Nesta modalidade de guarda, não há a necessidade de que o guardião consulte o pai que não é detentor da guarda, no que tange as decisões importantes em relação aos filhos, afinal a guarda é única, e o guardião passa a entender que é o único responsável legal pelo menor e portanto por todas as decisões importantes relativas ao mesmo. Por conseqüência, por entender que a justiça da plenos poderes ao genitor que possui a guarda, o não guardião acaba por se distanciar da educação dos filhos. O sistema de visitas adotado, na guarda unilateral contribui para o afastamento do não guardião da convivência e responsabilidade sobre os filhos. Os sistema mais comum é o de visitas em finais se semanas alternados, o que torna escassa a convivência do não guardião com o menor. Nesse sentido Grisard Filho (2002, pg. 108), diz que: As visitas periódicas têm efeito destrutivo sobre o relacionamento entre pais e filho, uma vez que propicia o afastamento entre eles, lenta e gradual, até desaparecer, devido às angústias perante os encontros e as separações repetidas. O que vemos na maioria dos casos concretos é o afastamento gradual do genitor que não possui a guarda dos filhos. Este por não poder participar da educação dos menores, acaba com o passar do tempo, não realizando mais as visitas na forma estabelecida, ficando os filhos desamparados do carinho e afeto deste genitor, levando ao enfraquecimento dos laços parentais. Por não atender a guarda unilateral, a necessidade dos filhos e dos pais, tornou-se inevitável a existência de uma nova modalidade de guarda que permita a
6 convivência assídua do pai ou mãe com os filhos, assim como permitir a igualdade de direito e responsabilidades sobre os filhos. A guarda alternada é aquela que os pais dividem a guarda física e jurídica do menor alternadamente, ou seja, um dos genitores deterá a guarda por determinada lapso temporal, que poder ser determinados dias da semana, uma semana, um mês, um período de férias, em que o genitor terá a totalidade dos direitos e deveres em relação ao menor. Esta modalidade de guarda não é prevista em nosso ordenamento jurídico e não é aceito na maioria das legislações mundiais. Isto devido à inconstância social e afetiva que traz a criança. Na guarda alternada a criança não tem uma residência definitiva, pois a cada determinado período de tempo ela mora com o pai ou a mãe. Também não concede a criança hábitos definidos, devido à mudança constante na rotina do dia-a-dia. Leva, ainda, a criança a ter dificuldades de criar e estabelecer valores, padrão de vida e de personalidade, tendo em vista que a cada período que passa com um dos pais, cada um lhe instrui, educa e concede valores sociais diferentes. Logo, percebese que a criança desenvolve uma grande instabilidade emocional e psicológica. Por fim a Guarda Compartilhada, incorporada em nosso ordenamento jurídico pela Lei 6.350/02, que é um instituto visa a possibilitar convivência assídua entre os pais e os filhos menores. Para Milano Silva (2006, p.65) a Guarda Compatillhada, (...) permite aos filhos viverem em estreita relação como pai e a mãe, havendo uma co-participação deles, em igualdade de direitos e deveres. É também uma aproximação da relação materna e paterna, visando ao bemestar dos filhos. São benefícios grandiosos que esta nova proposta oferece às relações familiares, não sobrecarregando nenhum dos genitores e evitando ansiedade e desgastes. Nesta modalidade de guarda os pais dividem as obrigações e deveres com a criança, pois possuem juntos a guarda jurídica. Portanto, apesar da guarda física, ficar somente com um dos genitores, o outro possui o dever de participar efetivamente na criação de seus filhos bem como de todas as decisões relativas ao desenvolvimento mental, físico e social. 4- GUARDA COMPARTILHADA
7 A guarda compartilha ou conjunta é uma modalidade onde os pais separados possuem juntos o direito a guarda e a responsabilidade dos filhos menores. O pai e a mãe tomam em conjunto as decisões relativa a educação, cuidado, saúde e bem estar do menor, portanto os pais dividem, também, as obrigações sobre as decisões importantes relativa aos filhos. Na Inglaterra, os tribunais buscando superar o tradicional sistema de visitas, que privilegia de sobremaneira a mãe, permitindo ao pais somente o direito de visitas, passou a adotar um sistema em que os pais dividiriam os deveres e obrigações sobre os filhos. Assim, as decisões dos tribunais da Inglaterra passaram a priorizar o interesse dos filhos e a igualdade entre os cônjuges, de forma a abolir o arcaico sistema de visitas, proporcionando aos pais um maior contato com os filhos. A guarda compartilhada permite que os filhos e pais tenham um relacionamento freqüente, evitando o distanciamento entre os pais e seus filhos, permitindo assim um bom desenvolvimento social e físico do menor. Nesse sentido Comel (2003, pg. 175) diz que : Em tese, seria o modelo ideal, a manifestação mais autentica do poder familiar, exercido por ambos os pais, em igualdade de condições, reflexo da harmonia reinante entre eles. Os dois (pai e mãe) juntos, sempre presentes e atuantes na vida do filho, somando esforços e assumindo simultaneamente todas as responsabilidades com relação a ele (filho). Leite (1997, pg. 282) afirma que: A guarda conjunta conduz os pais a tomarem decisões conjuntas, levandoos a dividir inquietudes e alegrias, dificuldades e soluções relativas ao destino dos filhos. Esta participação de ambos na condução da vida do filho é extremamente salutar à criança e aos pais, já que ela tende a minorar as diferenças e possíveis rancores oriundos da ruptura. A guarda comum, por outro lado, facilita a responsabilidade cotidiana dos genitores, que passa a ser dividida entre pai e mãe, dando condições iguais de expansão sentimental e social a ambos os genitores. Dessa forma, a guarda compartilhada tem por objetivo, tutelar os interesses dos filhos, ao permitir a convivência constante com o genitor que não é detentor da guarda. Assim o genitor não guardião terá o direto de opinar e decidir conjuntamente com o guardião as decisões sobre os filhos e dividir a responsabilidade de educá-los e criá-los, além do direito de desfrutar a convivência assídua com os menores. Nesse sentido Grisard Filho (2002, pg. 115) coloca que:
8 "Este modelo, priorizando o melhor interesse dos filhos e a igualdade dos gêneros no exercício da parentalidade, é uma resposta mais eficaz à continuidade das relações da criança com seus dois pais na família dissociada, semelhantemente a uma família intacta. É um chamamento dos pais que vivem separados para exercerem conjuntamente a autoridade parental, como faziam na constância da união conjugal, ou de fato." A guarda compartilhada também estimula a cooperação entre os pais, evitando futuros conflitos entre eles, tendo em vista que possibilita uma convivência igualitária dos filhos com o pai e a mãe. Para que a guarda compartilha funcione é necessário que exista uma cooperação entre os pais, e principalmente respeito entre eles. Qualquer mágoa ou desavenças que tenham ficado da separação conjugal ou da dissolução da entidade familiar, leva ao comprometimento da guarda compartilhada devido a disputa dos pais pelo carinho dos filhos e conflito que surgiram quando os pais tiverem opiniões diferentes quanto a educação e criação dos filhos. Por isso, a guarda compartilhada não é aconselhável nos casos de separação conjugal litigiosa em que permanecem rancores e ressentimentos entre os cônjuges. Também não é indicada nos casos de indícios de violência doméstica entre os genitores ou contra os filhos. No entanto, a guarda compartilhada possui muitos pontos positivos. O mais importante deles que este instituto permitir a convivência dos filhos menores com ambos os genitores. Além disso, a guarda compartilhada permite a aplicação do princípio da igualdade entre homem e mulher ao lhe conceder o direito de conviver com os filhos e dividirem a responsabilidade e obrigações sobre eles. Antes da aprovação da lei da Guarda Compatilhada, ela já era aplicada no direito brasileiros, pois apesar da ausência de norma regulamentadora, não há norma que vede sua aplicação, pelo contrário, existem em nosso ordenamento princípios e normas jurídicas com dispositivos que implicitamente permitem sua aplicação, e que deram base para sua instituição, além da própria necessidade social. Primeiramente o Novo Código Civil Brasileiro, permite que o magistrado visando o interesse do menor poderá decidir sobre a guarda do mesmo. Logo, mesmo que não houvesse previsão no Código Civil de forma específica do instituto da guarda compartilhada, observando o magistrado que os fatos permitem a
9 aplicação desta modalidade de guarda poderia aplicá-la em defesa do interesse do menor. Segundo a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 5º, I, Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição, e no art º prevê que os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. Ambos os dispositivos da Constituição Federal permitem a possibilidade de aplicação da guarda compartilhada, pois esta visa estabelecer diretos e deveres de forma igualitária a ambos os cônjuges quanto aos filhos. Por fim o Estatuto da Criança e do Adolescente em seu art. 4 o estabelece que É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissão,à cultura, à dignidade, ao respeito, á liberdade e à convivência familiar e comunitária. Portanto, conforme explicitado existe em nosso ordenamento jurídico, dispositivos que permitem a aplicação da guarda compartilhada. Assim, verificando o juiz que a guarda compartilhada é a modalidade de guarda que melhor atende o interesse do menor e que o relacionamento entre os pais permite a aplicação deste instituto, poderá ele aplicá-la tendo em vista que atende aos princípio da igualdade entre os pais e prioriza o interesse do menor acima de tudo. 5- LEI /2008 A lei /2008 aprovada em 13 de junho de 2008, modifica a redação dos artigos e do Código Civil de 2002, para instituir e disciplinar a guarda compartilhada no ordenamento jurídico brasileiro. In verbis: Art. 1 o Os arts e da Lei n o , de 10 de janeiro de 2002 Código Civil, passam a vigorar com a seguinte redação: Art A guarda será unilateral ou compartilhada. 1 o Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua (art , 5 o ) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e
10 deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns. 2 o A guarda unilateral será atribuída ao genitor que revele melhores condições para exercê-la e, objetivamente, mais aptidão para propiciar aos filhos os seguintes fatores: I afeto nas relações com o genitor e com o grupo familiar; II saúde e segurança; III educação. 3 o A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os interesses dos filhos. 4 o (VETADO). (NR) Art A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: I requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, em ação autônoma de separação, de divórcio, de dissolução de união estável ou em medida cautelar; II decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas do filho, ou em razão da distribuição de tempo necessário ao convívio deste com o pai e com a mãe. 1 o Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e à mãe o significado da guarda compartilhada, a sua importância, a similitude de deveres e direitos atribuídos aos genitores e as sanções pelo descumprimento de suas cláusulas. 2 o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, será aplicada, sempre que possível, a guarda compartilhada. 3 o Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear-se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar. 4 o A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de cláusula de guarda, unilateral ou compartilhada, poderá implicar a redução de prerrogativas atribuídas ao seu detentor, inclusive quanto ao número de horas de convivência com o filho. 5 o Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe, deferirá a guarda à pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida, considerados, de preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e afetividade. (NR)
11 Esta lei traz em seu teor o conceito do instituto da guarda unilateral e da guarda compartilhada, o que traz para a sociedade segurança jurídica quanto aos institutos. Isto possibilita que o instituto da guarda compartilhada seja aplicado sem restrições, pois alguns magistrados resistiam adotar o aplicar em virtude da não previsão legal. Em relação a guarda unilateral ( 1 o, 2º e 3 do art. 1583) esclarece a lei trazendo sua definição como a que é atruibuída a apenas um dos genitores, sendo que ao outro permanece a responsabilidade de supervisionar, além do direito de visistas. Prevê, ainda, que a guarda será concedida ao genitor que tiver melhor condições de exercê-la, o que evita privilegiar sempre a mãe no momento de definir quem ficará com a guarda, se for adotada a guarda unilateral. Ainda no que tange a guarda unilateral, a lei destaca a importância dos aspectos afetivos na criação dos filhos, ao prevê como um dos requisitos que deve o genitor ter para possuir a guarda poder conceder ao filho afeto nas relações com o genitor e com o grupo familiar, além de educação, saúde e segurança. Importante é a questão do afeto incorporado pela lei /2008, pois os deveres e obrigações dos pais para com os filhos decorrente do poder familiar, não se restringe somente ao necessidades materiais, mas principalmente afetiva, tendo em vista que o uni as famílias atualmente são os laços afetivos. Em relação a guarda compartilhada a lei a define como responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns. A lei ainda representa um avanço ao colocar a guarda compartilhada como regra e guarda única como exceção, ao estabelecer não havendo acordo entre o pai e mãe quanto a guarda dos filhos menores, será aplicada sempre que possível pelo juiz a guarda compartilhada ( 2º, artigo 1.584). Deve o juiz na audiência de conciliação explicar aos pais o significado e a importância da guarda compartilhada bem como as sanções pelo descumprimento de suas cláusulas ( 1º, art. 1584). Uma vez que a guarda compartilhada ainda é pouco conhecida pelos casais, importante que o juiz esclareça em audiência o que é o instituto, sua aplicação e ônus decorrente dela, para que os pais tenham segurança para adotar a guarda compartilhada. Outro avanço que podemos destacar é previsão da lei em orientação dos pais por uma técnico - profissional ou equipe interdisciplinar, de ofício pelo juiz ou a
12 requerimento do Ministério Público quando adotada a guarda compartilhada ( 3º, art ). O acompanhamento de um profissional capacitado ou equipe insterdisciplinar ajuda os pais a entenderem melhor a necessidade dos filhos após a separação e a forma de aplicação da guarda compartilhada. Nas rupturas das sociedades conjugais, muitas vezes o casal se magoa muito o que pode levar a envolver os filhos nas diferenças que existem entre eles. Um profissional ajudando o pai e mãe em relação a essa nova etapa de suas vidas, vai levá-los a entender que suas diferenças devem ficar de lado, pois o mais importante é o interesse do menor. O melhor para os filhos, é que os pais cheguem a um acordo quanto à guarda, ficando a cargo do juiz somente a homologação do acordo. No entanto, se o acordo estabelecido entre os pais não atender a necessidade do menor, ou se os pais não apresentarem um acordo amigável, decidirá o juiz quem ficará com a guarda, considerando o melhor interesse do menor, a priorizar sempre a aplicação guarda compartilhada quando possível ao caso concreto. 5 - CONCLUSÃO A mulher cada vez mais atuante no mercado de trabalho, não poder mais ser vista como a única responsável pela criação, educação e cuidados dos filhos, e nem o pai somente como o provedor do sustento financeiro da família. O que temos presenciado hoje, em nossa sociedade é uma divisão entre o pai e mãe na educação dos filhos. Portanto, diante das alterações em nossa sociedade e as modificações na estrutura familiar, a guarda compartilhada tem se tornado uma necessidade. Pois, nem sempre a guarda concedida somente a mãe, atende o interesse do menor, e as visitas feitas pelo pai não supre a necessidade dos filhos de sua presença contínua. A guarda compartilhada é uma forma de superar o arcaico sistema de visitas e permitir que ambos os genitores compartilhem a responsabilidade legal sobre os filhos e dividam as tarefas relativas a educação, criação e cuidados dos mesmo, além de permitir aos filhos a convivência contínua com ambos os genitores. É necessário que as normas jurídicas acompanhem as mudanças sociais. Quanto ao sistema de guarda isto não havia ocorrido até a aprovação da Lei /2008. Logo, era nítida a necessidade de incorporação da guarda compartilhada no Código Civil de 2002, apesar do nosso ordenamento jurídico não
13 vedar a sua aplicabilidade, para garantia da segurança jurídica aos pais e filhos quando da sua utilização. BIBLIOGRAFIA FILHO. Waldyr Grisard. Guarda Compartilhada - Um novo modelo de responsabilidade. 2 º ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, SILVA. Ana Maria Milano. Guarda Compartilhada. 2ª tiragem. São Paulo: Editora de Direito, DINIZ. Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro Direito de Família- vol ª ed. São Paulo: Saraiva, VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. Família. vol. VI. 3ª. Ed. São Paulo: Atlas, COMEL, Denise Damo. Do Poder Familiar. São Paulo: Revista dos Tribunais, LEITE, Eduardo de Olivera. Família Monoparientais. São Paulo: Revista dos Tribunais, PERES, Luiz Felipe Lírio. Guarda Compartilhada. Disponível no site Acesso em 31 març COSTA, Sueli Alves. Guarda Compartilhada. Disponível no site Acesso em 31 març.2008 ALENCAR, Raquel Alcântara de. Aspectos Destacados na Guarda Compartilhada. Disponível no site Acesso em 31 març Filippi, Rejane Brasil; VIEIRA, Marllise Beatriz Kraemer. Filhos e guarda compartilhada. Disponível em: Acesso em: 31 març Robles, Tatiana.Guarda compartilhada e mediação. Disponível em: Acesso em: 31 març Negri, Jacques Malka Y. Guarda compartilhada dos filhos. Disponível em: Acesso em: 31 març.2008 BRASIL. Constituição (1988) Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, Comissão de Segurança Social e Família Projeto de Lei 6.350/02. Disponível no site
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