Processo: Processo Eletrônico

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1 204 Fls. Processo: Processo Eletrônico Classe/Assunto: Mandado de Segurança - CPC - Liminar Impetrante: DIEGO DA ROCHA TEIXEIRA Impetrado: SENHOR CHEFE DO CENTRO DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PRAÇAS - CRSP Nesta data, faço os autos conclusos ao MM. Dr. Juiz Mônica Ribeiro Teixeira Em 26/06/2015 Sentença MANDADO DE SEGURANÇA impetrado por DIEGO DA ROCHA TEIXEIRA,em face da POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, com pedido liminar. Pretende o impetrante seja concedida a ordem para que possa ser matriculado para participar da próxima turma do curso de formação para soldados da PMERJ com reserva de vaga ao final no concurso, caso aprovado, eis que reprovado no Exame Social e Documental, fls. 03/23. Instruíram a inicial os documentos às fls. 12/42. Decisão deferindo gratuidade de justiça e determinando a notificação da autoridade coatora e a intimação do órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, fl. 46. Informações prestadas pela autoridade coatora às fls. 54/56. Impugnação do ERJ às fls. 62/66, sustentando a inadequação da via mandamental, a ausência de direito liquido e certo, a legalidade da aplicação do exame social e documental. Afirma a observância do edital. Pugna pela extinção do processo haja vista a impossibilidade de dilação probatória e, subsidiariamente seja denegada a segurança. Manifestação do ERJ à fl. 72, juntando documentos às fls. 73/76. Parecer do Ministério Público pela denegação da segurança às fls. 78/83. É O RELATÓRIO. DECIDO. O mandado de segurança é ação de rito especial destinado à proteção de direito líquido e certo, de direito individual ou coletivo, obstado de concreção ante ato ilegal ou abusivo de autoridade. Da narrativa dos fatos depreende-se que o mandamus é via adequada para a tutela do direito do impetrante na forma do artigo 1 da Lei nº /2009.

2 205 É cediço que o Edital é a lei que rege o concurso público, não se podendo alterá-lo para atender aos interesses de determinados candidatos, até mesmo diante do princípio da igualdade de todos perante a Administração. A fase de investigação social mencionada consta do edital do concurso, a que estão vinculados tanto os candidatos ao cargo pretendido quanto a Administração Pública. Em que pese a legitimidade da realização do exame de investigação social em concursos públicos destinados à seleção de policiais e guardas municipais, não se pode admitir que a Administração proceda de forma arbitrária. Assim, no exame dos antecedentes do candidato, a autoridade deve atuar dentro da legalidade e dos princípios administrativos. Excedendo estes limites, a atuação pode ser objeto de análise pelo Poder Judiciário, o que não constitui incursão indevida em matéria afeta ao mérito administrativo. Na hipótese dos autos, a Administração fundamenta o ato de reprovação por ter verificado o envolvimento do candidato como autor de ameaça na forma da lei nº /06 (Processo Judicial nº ) e envolvimento em crime de calúnia (Registro de Ocorrência nº / ). Entretanto, verifica-se que na ação penal nº foi julgada extinta a punibilidade do impetrante, em razão da expressa retratação da vítima (fl. 52); e, quanto ao Registro de Ocorrência nº / , sequer foi deflagrada ação penal. Igualmente o impetrante juntou às fls. 38/41 as certidões negativas exigidas pelo Edital, em todas constando o "nada consta". Não se negue que a Administração Pública deva ter extrema prudência na seleção de seus agentes, sobretudo para o exercício de funções ligadas diretamente à segurança pública. Entretanto, em que pese a prudente cautela do Estado, as Cortes Superiores têm entendido no sentido de que viola o princípio constitucional da presunção de inocência a exclusão de certame público de candidato que responda a inquérito policial ou ação penal sem trânsito em julgado da sentença condenatória. Seguindo tal linha de entendimento, admitir-se o comportamento administrativo tal como lançado representaria verdadeira ofensa ao princípio da inocência, conduta que o Judiciário não poderia chancelar. Nessa linha de raciocínio, deve prevalecer o mencionado princípio. Sobre o tema, é pacífica a jurisprudência do E. STJ: "DIREITO ADMINISTRATIVO. INVESTIGAÇÃO SOCIAL EM CONCURSO PÚBLICO. Na fase de investigação social em concurso público, o fato de haver instauração de inquérito policial ou propositura de ação penal contra candidato, por si só, não pode implicar a sua eliminação. A eliminação nessas circunstâncias, sem o necessário trânsito em julgado da condenação, viola o princípio constitucional da presunção de inocência. Precedentes citados do STF: ARE AgR, Primeira Turma, DJe 28/8/2013; e AI AgR, Segunda Turma, DJe 4/2/2010; precedentes citados do STJ: REsp MG, Segunda Turma, DJe 4/10/2013; EDcl no AgRg no REsp RS, Quinta Turma, DJe 13/3/2013 e AgRg no RMS AC, Sexta Turma, DJe 21/3/2012. AgRg no RMS PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 11/2/2014."

3 206 Este Egrégio também já se manifestou sobre o tema. Confira-se: "CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. CANDIDATO ELIMINADO NO EXAME SOCIAL DE CONCURSO PÚBLICO PARA A POLÍCIA MILITAR POR TER SIDO INDICIADO EM INQUÉRITO POLICIAL. SENTENÇA QUE CONCEDE A ORDEM PARA DETERMINAR A INSCRIÇÃO DO IMPETRANTE NO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS DA PMERJ. PREVISÃO EDITALÍCIA QUE É MANIFESTAMENTE INCONSTITUCIONAL E ILEGAL. AFRONTA AOS PRINCÍPIOS DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E DA LEGALIDADE. ALÉM DE ESTABELECER SANÇÃO MAIS GRAVOSA QUE A PRÓPRIA LEI PENAL, QUE SOMENTE AUTORIZA O DECRETO DE PERDA DO CARGO PÚBLICO APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA (ART. 92, I, CP). SUPOSTO ATO CRIMINOSO QUE RESTOU AFASTADO AINDA EM SEDE DE INQUÉRITO POLICIAL, NÃO SENDO RAZOÁVEL A ELIMINAÇÃO DO CERTAME. IMPETRANTE QUE FOI APROVADO EM TODAS AS FASES DO CONCURSO PÚBLICO E NO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS DA PMERJ. CORRETA CONCESSÃO DA SEGURANÇA PELA SENTENÇA. DESPROVIMENTO DO RECURSO DE APELAÇÃO (APELACAO nº DES. LUIZ FERNANDO DE CARVALHO - Julgamento: 09/05/ TERCEIRA CAMARA CIVEL) Não é outro o entendimento já manifestado em recente julgado pelo Superior conforme se confere a seguir: ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. INA-BILITAÇÃO NA FASE DE INVESTIGAÇÃO SOCI-AL. EXISTÊNCIA DE INQUÉRITOS POLICIAIS, AÇÕES PENAIS EM ANDAMENTO OU INCLU-SÃO DO NOME DO CANDIDATO EM SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. 1. Não havendo sentença condenatória transitada em julgado, o princípio da presunção de inocência resta maculado, ante a eliminação de candidato a cargo público, ainda na fase de investigação social do certame, por ter sido verificada a existência de inquérito ou ação penal. 2. É desprovido de razoabilidade e proporcionalidade o ato que, na etapa de investigação social, exclui candidato de concurso público baseado no registro deste em cadastro de serviço de proteção ao crédito. 3. Recurso ordinário em mandado de segurança conhecido e provido. (RMS /DF, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 20/09/2011, DJe 04/10/2011)." Assim, o ato de exclusão do certame contraria o princípio da razoabilidade no acesso a cargos públicos, sendo, portanto, ilegal e passível de ser controlado pelo Judiciário. Em face do exposto, CONCEDO A ORDEM para determinar a participação do impetrante nas etapas do certame, incluindo curso de formação, nomeação, posse e exercício, desde que aprovado, e, extingo o feito com resolução do mérito na forma do art. 269, inciso I do Código de Processo Civil. Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, na forma do art. 25 da Lei nº /09. Ciência ao Ministério Público. P.I. Rio de Janeiro, 26/06/2015. Mônica Ribeiro Teixeira - Juiz em Exercício

4 207 Autos recebidos do MM. Dr. Juiz Mônica Ribeiro Teixeira Em / / Código de Autenticação: 4E45.PMTM.8G98.K3Y3 Este código pode ser verificado em: Øþ MONICA RIBEIRO TEIXEIRA: Assinado em 26/06/ :35:40 Local: TJ-RJ

5 212 Estado do Rio de Janeiro Poder Judiciário Cartório dos Juizados Especiais Fazendários Erasmo Braga, 115 6ª and. Lâmina I 601CEP: Centro - Rio de Janeiro - RJ Fls. Processo: Processo Eletrônico Classe/Assunto: Procedimento do Juizado Especial Cível/Fazendário - Exame Social / Concurso Público / Edital Autor: FERNANDA CATHERINE WAELTI DA SILVA Réu: ESTADO DO RIO DE JANEIRO Nesta data, faço os autos conclusos ao MM. Dr. Juiz Luiz Eduardo Cavalcanti Canabarro Em 20/10/2014 Sentença Dispensado o relatório na forma do artigo 38 da Lei 9.099/95 o qual aplico por força do disposto no artigo 27 da lei /2009, decido. Trata-se de demanda através da qual a parte autora busca nulidade do ato administrativo que resultou em sua reprovação no Exame Social. A ré, uma vez citada, apresentou contestação aduzindo que o autor violara os item 4 e subitens do certame. Todavia, tendo por certo que o argumento fático não demonstrou relevância significativa, merece prosperar o pedido autoral. Analisando o feito conclui-se que a autora encontra-se devidamente habilitada, uma vez que não existe nos autos qualquer comprovação de sua participação nos atos que lhe são imputados. O registro de ocorrência da ameaça sofrida por Maria Aparecida Waelti, avó da autora, aponta como autor da ameaça Jorge Joaquim da Silva e não vislumbro relação dele com a autora. Quanto a ocorrência de receptação, constato que o relatório final da Autoridade Policial exclui qualquer participação da autora e não constitui justificativa para sua eliminação do certame. Por oportuno, importante trazer entendimento do Eg. do Rio de Janeiro em situação semelhante: APELAÇÃO CÍVEL N.º RELATOR: DESEMBARGADOR ALEXANDRE FREITAS CÂMARA. Concurso para cargo de Investigador Policial de 3ª Classe da PCERJ. Mandado de Segurança visando à declaração de nulidade de ato administrativo que excluiu o impetrante do certame, ao fundamento de ter sido contra-indicado no exame social. Inquérito Policial. Auto de Prisão em Flagrante. Porte de substância entorpecente. Sentença concedendo a segurança. Previsão no Edital do concurso de Investigação de Comportamento Social. Servidores ocupantes de cargos ligados à segurança pública que precisam ter perfil específico e personalidade adequada ao cargo pretendido. Suspensão condicional do processo que resultou na extinção do feito sem julgamento do mérito. Preponderância do princípio constitucional da ROSAMMC

6 LUIZ EDUARDO CAVALCANTI CANABARRO: Assinado em 17/11/ :12:57 Local: TJ-RJ 213 Estado do Rio de Janeiro Poder Judiciário Cartório dos Juizados Especiais Fazendários Erasmo Braga, 115 6ª and. Lâmina I 601CEP: Centro - Rio de Janeiro - RJ presunção de inocência, não ilidida no presente caso. Fato isolado que ocorreu há mais de 10 anos, quando o impetrante tinha 19 anos de idade. Ausência de comprovação de inidoneidade do demandante para o exercício da função de policial civil. Princípio da razoabilidade. Recurso desprovido. Pelo exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido, na forma do artigo 269, I, Código de Processo Civil,CONFIRMO A ANTECIPAÇÃO CONCEDIDA,declarando nulo o ato administrativo que reprovou a Autora, determinando sua matricula no Curso de Formação de Soldado da Policia Militar do Rio de Janeiro, após o qual, ocorrendo sua aprovação, seja procedida sua nomeação e posse ao respectivo cargo, respeitada a classificação final. Sem custas e honorários, conforme disposto no artigo 55 da Lei 9.099/95. Após o transito dê-se baixa e arquivem-se os autos. I-se o MP P.R.I. Rio de Janeiro, 30/10/2014. Luiz Eduardo Cavalcanti Canabarro - Juiz Titular Autos recebidos do MM. Dr. Juiz Luiz Eduardo Cavalcanti Canabarro Em / / Øþ ROSAMMC