A construção da metafísica da verdade em Tomás de Aquino e algumas considerações acerca da verdade nos sentidos

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1 A construção da metafísica da verdade em Tomás de Aquino e algumas considerações acerca da verdade nos sentidos The construction of the true metaphysics of Aquinas and some considerations about the truth in the senses Ricardo Czepurnyj Ferrara Ricardo Czepurnyj Ferrara. Mestre em Filosofia na Universidade São Judas (2013). Graduado bacharel em Filosofia pela Universidade São Judas Tadeu (2009) e bacharel em Sistemas de Informação pelo Centro Universitário Íbero - Americano - UNIBERO (2006). Docente do curso de Direito das Faculdades Integradas Campos Salles Resumo A construção da metafísica da verdade em Tomás de Aquino tem suas raízes em duas idéias: a identificação entre ente e verdade (todo o ente é verídico e toda verdade tem existência) e a verdade como adequação entre ente e coisa. Uma vez que a coisa se impõe ao intelecto humano, inicia-se o processo cognitivo de, primeiro, apreender a essência das coisas, e em seguida, a composição e divisão, que nada mais é do que o parecer, o julgamento intelectual. Tal julgamento versa sobre essas proposições: se uma coisa é, é ou se uma coisa não é, não é. Ainda que o processo da verdade como adequação ocorra fundamentalmente no intelecto humano, o autor não deixa de destacar o papel dos sentidos nesse processo cognitivo. Palavras chave: verdade, entidade, intelecto, coisa, sentidos Abstract The construction of the true metaphysics of Aquinas has its roots in two ideas: the identification between entity and truth (all entity is true and all truth has existence) and the truth as adequacy between entity and thing. Once the thing is imposed on the human intellect, cognitive process starts, first, to grasp the essence of things, and then the composition and division, which is nothing more than the opinion, the intellectual judgment. This judgment is about these propositions: if a thing is, it is or if a thing is not, is not. Although the process of truth as adequacy fundamentally occur in the human intellect, the author does not fail to highlight the role of the senses in this cognitive process. Keywords: truth, entity, intellect, thing, senses Augusto Guzzo Revista Acadêmica, São Paulo, v. 1, n. 19, p , jan./jun

2 INTRODUÇÃO O objetivo do presente artigo é percorrer os temas da verdade e o ente com foco nos textos da Questão Disputada da Verdade e na Suma de Teologia, cotejando os pontos em comum entre ambos os textos de Tomás de Aquino. Não se pretende aqui exaurir a temática, somente expor os principais pontos que exigem tal iniciativa, a meu ver, nos textos citados. Justificativa O tema justifica-se na medida em que há a carência de pesquisas em língua portuguesa acerca da construção metafísica da verdade de Tomás de Aquino a partir de seus próprios textos. Metodologia A pesquisa serve-se das fontes primárias do autor, principalmente para citar assuntos bem definidos, clarificar os termos específicos de seu desenvolvimento filosófico, bem como a utilização de comentador conforme o tema. Referencial Teórico 1.) Respostas às objeções na Questão Disputada: verdadeiro idêntico ao ente Na Questão Disputada da Verdade, Tomás enumera as objeções para a tese de que a verdade estaria apenas no intelecto. Tomás explica que o verdadeiro [verum] é correspondente ao ente 1 [ens], utilizando a argumentação de Agostinho em Solilóquios II, 5 para explicar que a verdade é aquilo que é [Id quod est] como parece à pessoa que conhece, se ela quer e pode conhecer [cognoscere]. A primeira objeção que Aquino terá que enfrentar será que o verdadeiro e o ente são equivalentes na realidade, todavia, são diferentes semanticamente, ou seja, na prática essa correspondência é válida, porém, no conceito não ocorre tal equivalência. 1 O ens, ou ser, a coisa existente, aquilo que exerce o ato de existir ou que é concebido como podendo exercê-lo. Freqüentemente, Sto. Tomás o denominará substância, sujeito, supósito. Joseph Nicolas. Vocabulário da Suma Teológica. Verbete Ser. 134

3 Sua resposta será que a correspondência do verdadeiro com o ente é possível pela combinação de essência 2 [essentiam] e definição [definitionibus], e essa combinação se daria por meio do significado 3. Tomás também irá recorrer a Boécio 4 que diz poder-se entender que Deus existe [Deus esse], ainda que por um instante separe com o intelecto 5 [intellectus] a sua bondade 6 [bonitas]. Ainda assim, o ente não pode ser abstraído se apartar do verdadeiro. Logo, não haveria diferenças entre o verdadeiro e o ente: Se o verdadeiro não for idêntico ao ente [si verum non est idem quod ens], então, é necessário que seja uma disposição 7 do ente [Entis dispositio]. Ora, não pode ser uma disposição do ente: não é disposição totalmente corruptiva [Non enim est dispositio totalier corrumpens], pois valeria a proposição: é verdadeiro, logo, não é ente, como vale a seguinte: é um homem morto, logo não é homem. 8 Aquino explica que é improvável a tese de que o verdadeiro possa ter inteiramente uma disposição corruptiva [dispositio corrumpens], pois no exemplo da frase haveria a contradição que o homem morto não é homem. Também não se trata da disposição subtrativa [dispositio diminuens] tomado na frase tem dentes brancos, então é branco, que poderia tentar explicar a separação entre o verdadeiro e o ente, nem mesmo as disposições restritivas ou especificadoras [dispositio contrahens vel specificans], que são se convertem ao 2 Por essa palavra, Sto. Tomás designa o que é uma coisa, um ser, aquilo pelo qual uma coisa é o que ela é, e distingue-se de qualquer outra, o que constitui sua inteligibilidade, o que irá exprimir sua definição. Cf. Joseph Nicolas. Vocabulário da Suma Teológica. Verbete Essência. 3 Para entender o que vem a ser significado, é preciso explicitar o que é sinal: é toda coisa que faz conhecer uma outra, seja por uma relação natural de uma a outra (relação de causalidade, de semelhança, de analogia), seja por uma relação convencional (linguagem), seja instituídas (ritos), seja por um complexo dessas três. A significação, então, é a relação de um sinal com aquilo que ele faz conhecer e evoca ou o poder que possui o sinal de fazer conhecer isto ou aquilo. Cf. Joseph Nicolas. Vocabulário da Suma Teológica. Verbete Sinal, Significação 4 Boécio ( ) Herdeiro da cultura antiga, filósofo, veio a ser mestre do palácio do rei godo Teodorico em 520. Mas, acusado de cumplicidade com Bizâncio e de alta traição, o que era falso, foi condenado, sem mesmo poder defender-se, à prisão e à morte. Está na junção de duas civilizações, queria transmitir aos romanos a sabedoria antiga, mostrar o acordo fundamental entre Platão e Aristóteles. Cf. Joseph Nicolas. Autores e Obras citados na Suma Teológica, P O intelecto é a faculdade pela qual um ser espiritual conhece o universal, o imaterial, a própria essência das coisas. Essa palavra não é exatamente sinônima de inteligência: ela não significa apenas a faculdade, mas uma certa qualidade. Ela não traduz, entretanto, aquilo que Sto. Tomás denomina mens, que engloba o conjunto das faculdades espirituais e significa até mesmo, freqüentemente a própria alma, enquanto espiritual e princípio de toda atividade intelectual. O intellectus pode significar também o simples e imediato olhar da inteligência. Cf. Joseph Nicolas. Vocabulário da Suma Teológica. Verbete Intelecto 6 Traduz-se freqüentemente por bondade esse aspecto do bem (do ser bom), inclinando-se por si próprio para um apetite que tende para ele (e a fortiori quando essa inclinação é voluntária). A distinção entre bem e bondade não se encontra, entretanto bem delineada na terminologia latina. Enquanto atrativo e enquanto termo da inclinação, o bem identifica-se com o fim, e o bem total, infinito, que é Deus, com o fim ultimo. Cf. Joseph Nicolas. Vocabulário da Suma Teológica. Verbete Bondade 7 De maneira absolutamente geral, é aquilo que prepara um ser a receber ou a fazer algo. Em relação aos atos humanos, a disposição é um modo de ser menos estável e menos determinado que o denominado habitus, mas que já torna mais fácil este ou aquele tipo de ato ou reação. No domínio da filosofia da natureza e das transformações do ser, as disposições são modificações acidentais pelas quais um sujeito está progressivamente preparado a receber uma nova forma substancial, à qual correspondem as qualidades substanciais assim introduzidas..cf. Joseph Nicolas. Vocabulário da Suma Teológica. Verbete Disposição 8 TOMÁS DE AQUINO. Questões disputadas sobre a verdade, q. 1 a. 1 arg

4 ente. Tomás utiliza a argumentação de Aristóteles que diz que a disposição de uma coisa no ser é como sua disposição na verdade. Essa afirmação implica que a disposição corresponde identidade. O ente e o verdadeiro não diferem por essência, pois sua essência é verdadeira. O verdadeiro nada acrescenta ao ente, apesar de sua extensão [etiam] ser maior do que a do ente. A noção de verdadeiro, segundo Aristóteles, que é citado por Tomás de Aquino, abarca o ente e o nãoente [non ens], aquilo que é e aquilo que não é, ou seja, o princípio de não-contradição. Assim, não haveria espaço para quaisquer diferenças entre verdadeiro e o ente. 2.) Objeções à tese de que a verdade não está apenas no intelecto, mas principalmente nas coisas, na Suma de Teologia Já na Suma de Teologia 9, Tomás inaugura a questão com Agostinho em Solilóquios, que rejeita a tese de que o verdadeiro é aquilo que se vê, tomando o exemplo das pedras que estão debaixo da terra são falsas, pois não poderiam ser visualizadas. Também rejeita a tese de que o verdadeiro é o que aparece como tal ao sujeito 10 que conhece, se este quer e pode conhecê-lo. Ao justificar que a coisa 11 está inacessível aos sentidos, conclui que esses não podem ter estatuto de verdade. Assim, infere-se que a verdade não estaria para o âmbito do intelecto, mas para o âmbito da coisa. A conclusão que se chega é que a verdade manifesta-se, por assim dizer, conforme o conhecimento da coisa. O equívoco dos antigos filósofos foi considerarem que a manifestação de uma entidade é necessariamente a verdade, ao passo que, sua não-manifestação configuraria condições de não-conhecimento. 9 TOMÁS DE AQUINO. Suma de Teologia Iª q. 16 a. 1 arg Na linguagem moderna, o sujeito real é considerado, sobretudo do ponto de vista psicológico e reflexivo. Trata-se então do sujeito consciente e livre que Tomás chama de pessoa. A oposição sujeio-objeto não aparece em seu vocabulário, mas sim em seu pensamento. Para ele, tudo aquilo que é de ordem da consciência comporta essencialmente uma orientação para o ser (que ele chama de intencionalidade) que faz dele seu objeto. Mas, antes de ser consciência, o sujeito é ser e como tal subsistente em si mesmo. Cf. Joseph Nicolas. Vocabulário da Suma Teológica. Verbete Sujeito 11 No uso que faz Sto. Tomás, o sentido da realidade (coisa = res = realidade) deve ser freqüentemente tomado em toda a sua força. Opondo a coisa ao objeto pensado e tornando-a um além em si mesmo irrepresentável da representação, Kant faz o leitor de Sto. Tomás tomar consciência da força do realismo que possui para ele o conceito de coisa, ou melhor, de res. A res é o real e é esse real que o pensamento conhece, em sua própria realidade. Cf. Joseph Nicolas. Vocabulário da Suma Teológica. Verbete Coisa 136

5 Tomás cita Aristóteles, que afirma nos Primeiros Analíticos: o que faz que uma coisa seja tal o é mais do que ela. O Filósofo coloca em evidência a manifestação da entidade em relação à sua própria existência, no sentido da manifestação perpassar seu âmbito existencial. O fato de a coisa ser ou não-ser está relacionado com uma opinião verdadeira ou falsa. Assim, a verdade se encontra mais nas coisas do que no intelecto. 3.) Respondendo o em contrário da tese sobre o verdadeiro ser totalmente idêntico ao ente na Questão Disputada Ao contrário das objeções, Tomás argumenta que: Ente e bom são mutuamente convertíveis [ens et bonum convertuntur]. Mas verdadeiro não é convertível com bem [sed verum non convertitur cum bono]: pois algo pode ser verdadeiro sem ser bom [aliquod est enim verum quod non est bonum], como no caso de alguém cometer adultério. Portanto, verdadeiro também não é convertível com ente, e assim não são idênticos. [ergo nec verum cum ente convertitur, et ita non sunt idem]. 12 O ente e o bom 13 são convertíveis reciprocamente, porém essa afirmação não é válida para a relação verdadeiro-bom. Ou seja, o verdadeiro não é convertível ao ente. Tomemos o exemplo que Tomás nos fornece sobre alguém que pratica o adultério. O praticar adultério possui uma característica de verdade, como consumação do ato, porém não é bom no sentido moral. Boécio, citado por Tomás, explica que em qualquer criatura, ser é distinto daquilo que ela é. Em outras palavras, haveria uma suposta diferença do registro do ser e no registro da criatura na realidade. A partir da exposição boeciana, Tomás de Aquino infere que o verdadeiro implica o ser da coisa, que por sua vez, carrega a marca da distinção daquilo que ela é. Aristóteles, citado por Tomás, afirma que o primeiro na criação das coisas é o ser e tudo o mais são como que determinações do ente. Isto equivale dizer, na própria explanação aristotélica que, existe uma substância primeira, que corresponde ao ser, que ocasionou diversos condicionamentos ao ente, ou seja, as substâncias secundárias que são os acidentes, e conseqüentemente, posteriores ao ente. A discussão a seguir gira em torno da relação 12 TOMÁS DE AQUINO. Questões disputadas sobre a verdade q. 1 a. 1 s. c Do ponto de vista de nosso vocabulário, bonum significa ser em sua realidade mesma -, enquanto atrativo, isto é, enquanto determinando alguma inclinação para ele. Bonum não falta jamais ao ser, pelo simples fato de que o ser é algum valor de bem. Por si só, o ser é bom. Ele é bom por ser e por existir. Cf. Joseph Nicolas. Vocabulário da Suma Teológica. Verbete Bom 137

6 Filosofia-Teologia, como segue: Aquelas coisas que se dizem em comum da causa e dos efeitos são mais unas na causa do que nos efeitos [magis sunt unum in causa quam in causatis], e, sobretudo, mais em Deus do que nas criaturas [et praecipue in Deo quam in creaturis]. 14 Segundo Aquino, haveria mais unidade na causa 15 do que no efeito, argumento esse que serviria para justificar a tese tomasiana de que há mais unidade em Deus do que em suas criaturas, até por estarem em jurisdições diferentes: a eternidade e o tempo. Tomás atribui a Deus as características de entidade, unidade, verdade e do bem, fazendo a associação do ente à Essência, o uno, à pessoa do Pai, o verdadeiro, à pessoa do Filho, o bem à pessoa do Espírito Santo. A distinção das pessoas da Trindade não se trata somente de uma questão semântica; a distinção acontece também, por assim dizer, na realidade. Daí, Tomás irá deduzir que nas criaturas as quatro características atribuídas a Deus (entidade, unidade, verdade e bem). Assim, haveria mais divergência na realidade do que no horizonte conceitual. Nessa direção, a possibilidade de ciência e conhecimento passa pela redução a algum princípio conhecido: Assim como nas demonstrações de proposições, é preciso efetuar redução [reductionem] a algum princípio conhecido, evidente para o intelecto [aliqua principia per se intellectui nota], o mesmo ocorre ao investigar o que seja uma determinada coisa; senão em ambos os casos haveria regresso ao infinito [infinitum iretur] e seriam impossíveis a ciência [scientia] e o conhecimento das coisas [cognitio rerum]. 16 No que tange as demonstrações de proposições, faz-se necessário reduzir a algum postulado conhecido, caso contrário, corre-se o risco da regressão ao infinito e a incompatibilidade à ciência 17 e ao conhecimento da coisa. Avicena 18, citado por Tomás, em 14 TOMÁS DE AQUINO. Questões disputadas sobre a verdade q. 1 a. 1 s. c A noção de causa não pode ser compreendida, em Sto. Tomás, senão em função da noção de ser. A causa é aquilo pelo que uma coisa é (seja uma substância, um ser, ens seja uma modificação de uma substância, aquilo que denominaríamos hoje um fenômeno, um evento). Ser causado é ser por um outro, e isso se opõe a ser por si, isto é, ser em virtude de sua própria essência. Cf. Joseph Nicolas. Vocabulário da Suma Teológica. Verbete Causa 16 TOMÁS DE AQUINO. Questões disputadas sobre a verdade, q. 1, 1, r. 17 Ela significa para Sto. Tomás não somente o conhecimento perfeito, certo, absolutamente objetivo e para todos demonstrável, mas o conhecimento pelas causas, isto é, pelas razões internas. Neste sentido, conhecer cientificamente é não somente saber, mas explicar pela essência e pela natureza das coisas, passar dos fatos e dos fenômenos (ponto de partida obrigatório para o espírito humano) ao próprio ser e à razão de ser. Cf. Joseph Nicolas. Vocabulário da Suma Teológica. Verbete Ciência 18 Avicena ( ) Filósofo e médico árabe da escola de Bagdá, muito envolvido na política de seu tempo. Foi para os escolásticos um dos grandes iniciadores ao pensamento de Aristóteles; mas introduziu no aristotelismo temas neoplatônicos, o que suscitou, mais tarde, viva reação de Averróis. Definiu a metafísica como ciência do ser, reconheceu os limites da inteligência humana, incapaz de conhecer a essência das coisas em si mesmas e capaz, apenas, de concluí-las a partir das qualidades que lhe são inseparáveis. Cf. Joseph Nicolas. Autores e Obras citados na Suma Teológica, P

7 Metafísica 1,6 observa que aquilo que o intelecto por primeiro concebe como a coisa mais evidente de todas e à qual se reduzem todos os seus conceitos é o ente. Assim, é de suma importância que todos os elementos conceituais intelectivos sejam dados ao ente por acréscimo, combinando dados empíricos com o próprio ente. Aristóteles, citado por Tomás, em III Metafísica 8 pondera que necessariamente o ente não é gênero, pois ao gênero são acrescentados os conceitos intelectivos, é o acidente 19 do sujeito. A definição de ente não pode comportar essa explicação de acréscimo. Todavia, Tomás faz distingue dois modos no que se refere ao ente não expresso pelo nome ente. No modo expresso, há escala de entidades, um catálogo da diversidade dos modos de ser, levando sempre em consideração o gênero das coisas. Assim, a substância nada pode acrescentar ao ente. Avicena, citado por Tomás, em Metafísica (I, 6) aponta que, de modo absoluto, não há lugar para acréscimo, somente para o ente em si. A nomenclatura substância exprime uma maneira especial de ser, o ente por si, e a partir dele para os outros gêneros. O ente em si traz a conotação de positividade, onde o ente em si não admite acréscimos e negatividade fica por conta do uno [unum], essa unidade corresponde que o ente é indivisível. No que tange o ente em relação ao outro, Tomás faz uma distinção. O primeiro é a alteridade (divisão) e se expressa por algo [aliquid]. O sentido de aliquid na língua latina é algo divisível e diferente das demais coisas. O segundo é ajustar-se [convenire], as propriedades de uma coisa devem estar em sintonia com o encontro de todo o ente. Aristóteles, citado por Tomás, diz em III De Anima que a alma, de certo modo, é todas as coisas, pois a sua natureza está configurada para o encontro de outros entes. O ajuste entre ente e apetite expressa o bem [bonum] que significa todas as coisas apetecem. A conveniência [convenientia] é a adequação do ente ao intelecto que corresponde ao verdadeiro [verum]. O conhecimento passa pela assimilação de aquele que conhece (cognoscente) à coisa conhecida. Como exemplo, a vista que está capacitada para a cor, conhece a cor. Esta adequação entre intelecto e coisa é o que faz com que o verdadeiro faça o acréscimo ao ente e assim, inaugura-se o conhecimento: Isto é, pois, aquilo que o verdadeiro acrescenta ao ente [quod addit verum supre ens], a saber, a conformidade [conformitatem] ou adequação [adaequationem] da 19 No sentido mais geral, o acidente é aquilo que sobrevém, que se adiciona, aquilo que acontece (accidit) a um sujeito, já constituído em si mesmo. No sentido metafísico, o acidente é uma perfeição, pertencendo a um sujeito, a um ser substancial. O que os modernos denominam, de uma maneira mais vaga, um atributo (aquilo que pode ser atribuído ao sujeito do qual se fala). O acidente não existe nele mesmo, mas nesse sujeito que ele faz ser de tal ou tal maneira sem modificar a sua essência. Tomando da noção de acidente o caráter de contingência, denominaremos acidental tudo aquilo que acontece a um sujeito sem ser exigido por sua essência. Cf. Joseph Nicolas. Vocabulário da Suma Teológica. Verbete Acidente 139

8 coisa e do intelecto, a cuja conformidade, como se disse, segue-se o conhecimento da coisa [cognitio rei]: assim pois a entidade da coisa [entitas rei] precede a noção de verdade [rationem veritas], contudo, o conhecimento é um certo efeito da verdade [sed cognitio est quidam veritatis effectus]. 20 Tomás afirma que o verdadeiro não acrescenta ao ente nada mais do que a conformidade ou a adequação da coisa e do intelecto e a conformidade fornece as condições ideais para o conhecimento da coisa. É preciso destacar que a entidade da coisa precede a noção de verdade, sendo o conhecimento, de certo modo, uma conseqüência da verdade. Tomás seleciona alguns filósofos para corroborar seu pensamento filosófico de verdade. Agostinho em Solilóquios II, 5 afirma que o verdadeiro corresponde aquilo que é, e Avicena em Metafísica VIII, 6 que a verdade de qualquer coisa é a propriedade do ser que lhe foi assinalada. Outras definições, selecionadas por Tomás, afirmam que: O verdadeiro é a indivisão do ser e daquilo que é Ysaac 21, citado por Aquino, afirma que a verdade é a adequação da coisa e do intelecto e Anselmo 22, citado por Aquino, diz em De Veritate 11 que a verdade é a retidão perceptível só pela mente e Aristóteles, citado por Aquino, em Metafísica afirma que o verdadeiro definimos quando dizemos aquilo é aquilo que é ou que não é aquilo que não é. Hilário 23, citado por Aquino, em De Trinitate V, 3 diz que o verdadeiro é declarativo e manifestativo do ser e Agostinho, citado por Aquino, em De Vera Religione, 36 diz que a verdade é aquilo pelo qual se mostra o que é e a verdade é aquilo pelo qual julgamos as coisas inferiores. Para Tomás, a verdade estaria tanto nas coisas, quanto no intelecto, por existir uma conformidade das coisas a Deus, o intelecto pode depreender a forma das coisas e, com o conhecimento das formas, reconhecer a sua própria conformidade ao ser: Quanto ao intelecto, ele pode conhecer sua conformidade com a coisa inteligível. No entanto, não é pelo fato de conhecer a essência da coisa que ele apreende essa 20 TOMÁS DE AQUINO. Questões disputadas sobre a verdade, q. 1, 1, r. 21 Ysaac bem Salomon Israeli (entre 840 e 940) Filósofo e lógico judeu, originário do Egito, praticou a medicina na corte dos califas do Cairo. Sto. Tomás lhe atribuiu erradamente, a famosa definição da verdade (adaequatio rei et intelectus) que, na realidade, é de Avicena. Cf. Joseph Nicolas. Autores e Obras citados na Suma Teológica, P Anselmo ( ) Monge em Bec, sua obra é considerável e seu pensamento possante domina a segunda metade do século XI. Aplica a razão, com todos os seus recursos, ao estudo da revelação. Já está em germe o método escolástico e a influência da obra de Anselmo sobre Sto. Tomás é importante. Anselmo quer dar ao dogma seu estatuto racional, mas com objetivo contemplativo. Crer para compreender e compreender para amar (Proslogion, cap.1) Cf. Joseph Nicolas. Autores e Obras citados na Suma Teológica, P Hilário nasce por volta de 315. Após profundos estudos, ainda pagão e reitor, descobre Cristo, recebe o batismo, torna-se bispo de Poitiers. Utiliza o ócio forçado para se iniciar na teologia grega e na obra de Orígenes. Trabalha no seu Tratado sobre a Trindade, uma obra-prima da literatura antiariana. Cf. Joseph Nicolas. Autores e Obras citados na Suma Teológica, P

9 conformidade, mas somente quando julga que a coisa assim é, conforme a forma que dela apreendeu; então, pela primeira vez, conhece e diz o verdadeiro 24 4.) O parecer de Grabmann Estamos diante da verdade da coisa e a verdade do intelecto. E mais do que isso: o intelecto humano possui a capacidade de conhecer que conhece. Nessa direção, é importante fazer uma breve digressão na distinção entre verdade lógica e verdade ontológica (distinção aceita por muitos comentadores e contestada por outros). Grabmann explica: 5.) Parecer de Gardeil Há uma verdade do ser, uma verdade transcendental, e é o próprio ser, enquanto possui em certo modo a força de iluminar o nosso entendimento. Em última instância, o ser tem em Deus o último fundamento dessa cognoscibilidade e inteligibilidade por ser imitação do pensamento divino, das idéias substanciais em Deus. Há uma verdade do pensamento, uma verdade lógica enquanto entendimento apreende essa inteligibilidade, essa pensabilidade, essa ratio do ser, conformandose conscientemente com ele. A doutrina do conhecimento indaga o caminho do pensamento até o ser. 25 Dado que a verdade ontológica ocupa-se de tudo o que diz respeito ao ser, a verdade lógica, por sua vez, abarca o pensamento, tudo o que expressa uma inteligibilidade. O intelecto divino como a primeira verdade garante a cognoscibilidade e a inteligibilidade. No caso da verdade lógica, Gardeil comenta que: Segundo sua significação original, o verdadeiro está na inteligência ou na potência de conhecer na medida em que esta se conforma à coisa. Mas aqui dois casos podem se apresentar: ou a inteligência, mesmo estando conforme a coisa, não o sabe, o que se produz na simples intelecção e no conhecimento sensível; ou minha inteligência, graças ao seu poder de reflexão, se apreende a si mesma como conforme ao seu objeto, o que se realiza no juízo. 26 A verdade lógica teria duas vertentes que nada mais são do que as operações intelectuais de simples apreensão e a composição e divisão. Enquanto a primeira operação a coisa se apresenta ao intelecto humano, que capta sua inteligibilidade, a segunda operação 24 TOMÁS DE AQUINO. Suma de Teologia Iª, 16, 2, r. 25 GRABMANN, Martinho, A filosofia da cultura de Santo Tomás. Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Vozes, 1959, P GARDEIL, H. D. Iniciação à filosofia de S. Tomás de Aquino: IV Metafísica. Traduzido por Paulo Eduardo Arantes. São Paulo: Duas Cidades, 1967, P

10 caracteriza-se pelo fato de o intelecto conhecer a verdade no processo de conhecer que conhece a partir dessa inteligibilidade captada pelo intelecto humano. No caso da verdade ontológica, segundo Gardeil: Trata-se de uma inteligência da qual a coisa considerada depende, como a obra de arte do artista; ou trata-se de uma inteligência que, pelo contrário, se submete, como ao seu objeto, à coisa que conhece. 27 Na primeira situação, essencial para a concepção da verdade ontológica, as coisas se subordinam, em última instância, à inteligência criadora primeira; a verdade é, então, a conformidade das coisas à inteligência divina de que dependem. Na segunda situação é definida somente uma relação acidental das coisas a uma inteligência (a inteligência criada), logo, a verdade torna-se a aptidão das coisas a ser o objeto de um intelecto especulativo, como o intelecto humano ) Bem e verdade na Suma de Teologia Voltando à Suma de Teologia, Tomás afirma: Assim como chamamos bem [bonum] àquilo que tende o apetite [appetitus], chamamos verdade [verum] àquilo que tende ao intelecto [intellectus]. 29 Ele explica que há uma natureza do bem, o que não falta ao ser que se dirige ao apetite 30, uma inclinação natural que abarca tanto a jurisdição espiritual, quanto a material, e é irreprimível, uma lei natural que não pode ser simplesmente ignorada, anulada ou destruída. Essa naturalidade também ocorre com a verdade que tende ao intelecto, é através dele que se torna possível o conhecimento dos universais 31 e a essência das coisas. 27 GARDEIL, H. D. Iniciação à filosofia de S. Tomás de Aquino: IV Metafísica. Traduzido por Paulo Eduardo Arantes. São Paulo: Duas Cidades, 1967, P TOMÁS DE AQUINO. Suma de Teologia Iª, 16, 1, r. 29 TOMÁS DE AQUINO. Suma de Teologia Iª, 16, 1, r. 30 Na linguagem de Sto. Tomás, a noção de apetite é tão vasta e geral quanto a de inclinação ou tendência. É a inclinação, a tendência do sujeito para aquilo que lhe convém, portanto, para seu bem. Sto Tomás distingue entre apetite natural e elícito. O apetite natural é a inclinação, a tendência da natureza, seja da própria natureza de um ser, de um sujeito, seja desta ou daquela faculdade sua. Como tal, o apetite, indissociável da natureza é irreprimível. A definição vale tanto para a natureza espiritual quanto para a natureza material. O movimento para o objeto é determinado pela inclinação. O movimento segue necessariamente, a não ser em caso de impedimento ou inclinação contrária, a inclinação natural. O apetite elícito é a inclinação motivada pela percepção do objeto e de sua conveniência ao sujeito. Ela não deve ser confundida com o apetite natural pressuposto que ela procura satisfazer. Ela é o resultado de uma faculdade determinada, é elicitada por ela, elicitada significando que ela emana da faculdade como sua operação própria. É em direção a um bem para o sujeito que ela o inclina. A inclinação, de que a faculdade é o princípio, é aquela do sujeito em sua totalidade. Pode ser apetite sensível quanto racional. Cf. Joseph Nicolas. Vocabulário da Suma Teológica. Verbete Apetite 31 Etimologicamente, universal, assim como universo, quer dizer: aquilo que se remete ao uno. Ou, ainda, aquilo que, sendo um, diz respeito a uma multidão. O conceito universal é um conceito que representa uma essência ou 142

11 7.) Respostas às objeções na Questão Disputada Nessa direção, na Questão Disputada da Verdade, em resposta às objeções a respeito de que a verdade é somente no intelecto, Tomás declara que: Aquela definição de Agostinho é dada à verdade [datur de veritate] segundo seu fundamento na realidade [fundamentum in re] e não segundo o cumprimento da noção de verdadeiro na adequação da coisa ao intelecto [adaequatione rei ad intellectum]. 32 Tomás não está se referindo ao ser como ato de ser, mas como nota do intelecto componente, que tem por finalidade a emissão de juízos, mais especificamente neste caso da afirmação da proposição. A partir disto distingue como o ente poderia ser entendido sem o verdadeiro. Em primeiro lugar, uma coisa poderia ser entendida sem a outra sendo divergentes no âmbito conceitual, ou seja, suas teorias são diferentes e isto faz com que o entendimento possa acontecer, mesmo com uma coisa sem a outra. Em segundo lugar, uma coisa poderia ser entendida sem a outra, sem a necessidade de que esta coisa exista. Todavia a negação do verdadeiro implica o não-entendimento do ente, pois o entendimento nada mais é do que a conjugação de ente e intelecto. Não seria preciso entender o conceito de ente para entender o conceito de verdadeiro, contudo, a negação do intelecto agente resulta na incapacidade de entender, pois está intrinsecamente relacionado as atividades do conhecimento, como a atividade de estudar. Para Tomás: O verdadeiro [verum] é uma disposição do ente [dispositio entis] não no sentido que lhe acrescente alguma natureza [Naturam] e nem como que exprimindo algum modo especial do ente [specialem modum entis], mas exprimindo algo que se encontra geralmente em todo ente e que todavia não é expresso pelo nome ente ; daí não ser necessário que seja uma disposição corruptora [dispositio vel natureza enquanto realizável em sujeitos múltiplos. A natureza ou essência universal é a natureza ou essência considerada nela mesma, por abstração dos indivíduos nos quais ela se encontra realizada. Entre aqueles que atribuíam à essência, justamente enquanto universal, uma realidade e como que uma existência separada, e aqueles que não lhe reconheciam nenhuma realidade própria, extra mental, Sto. Tomás não se cansa de afirmar a realidade extra mental, mas não separada da essência, que é a própria inteligibilidade daquilo que existe, que o conceito universal isola no espírito pela abstração das características individuais, do singular. Cf. Joseph Nicolas. Vocabulário da Suma Teológica. Verbete Universal 32 TOMÁS DE AQUINO. Questões disputadas sobre a verdade, q. 1 a. 1 ad 1 143

12 corrumpens] nem subtrativa [diminuiens] e nem em parte restritiva [partem contrahens] 33 Pela explicação negativa, Tomás afirma que o verdadeiro não adiciona e nem impõe alguma natureza ou algo sobrenatural ao ente. Não se trata de uma disposição corruptora, subtrativa ou restritiva, pois não está para a categoria do tempo e não admite quaisquer simplificações ou reduções. Pela explicação afirmativa, Tomás argumenta que o verdadeiro seria uma disposição do ente que significa a universalização de uma característica geral e comum de todos os entes. Esta disposição é distinta do gênero da qualidade e está para o horizonte da ordem 34 [ordinem]. Aristóteles concordaria com a tese de que idêntica é a ordem de uma coisa no ser e na verdade [idem est ordo alicui rei in esse est veritate]. Entretanto, Tomás argumenta que esta tese não procede, pois a identificação da ordem da coisa no ser e na verdade está para a perspectiva conceitual e quanto mais a coisa tiver entidade, mais será habilitada para adequarse corretamente ao intelecto. A diferença entre ente e verdadeiro deve-se ao fato de que o verdadeiro possui uma característica na qual o ente não possui, mas ainda assim, não podem ser distinguidos por essência [essentia] e nem por diferenças opostas [differentiis oppositis], como segue: O verdadeiro [verum] não é mais extenso [plus] do que o ente [ens]; pois o ente considerado de certo modo diz-se do não-ente [non ente], enquanto o não-ente é apreendido [apprehensum] pelo intelecto, pelo que diz o Filósofo [IV Metaph. 1] que a negação [negatio] ou a privação [privatio] dizem-se de certo modo dos entes; e também Avicena diz, no início da Metafísica. [I, 6] que não se pode fazer uma enunciação [enunciatio] a não ser do ente por que é necessário que aquilo sobre o qual estabeleça uma proposição seja apreendido pelo intelecto. 35 O verdadeiro não é mais extenso que o ente devido o verdadeiro ser uma disposição do ente e é tomado como o não-ente no sentido de ser imaterial. Aristóteles, citado por Tomás, refere-se à negação ou privação como carência de ser e está intimamente relacionado ao ente e 33 TOMÁS DE AQUINO. Questões disputadas sobre a verdade, q. 1 a. 1 ad Na linguagem de Sto. Tomás, o termo ordem abarca todo um domínio do ser, a ponto de aplicar-se de certo modo ao Ser divino (a ordem dos atributos divinos entre si, a ordem das pessoas divinas entre si.) Isso pode ser verificado de duas formas: ou se trata de uma realidade ordenada a outra que é freqüentemente seu fim: todo ser está ordenado para seu fim e, portanto, finalmente a Deus, ou se trata então de um grande número de realidades, constituindo um único conjunto pela sua ordenação diversificada a um mesmo fim, e sua dependência de uma mesma origem). Sto. Tomás denomina unidade de ordem a unidade de um conjunto ordenado. Não existe uma forma única, que faria dessa multidão de elementos um único ser. Mas existe um princípio único, em função do qual tudo se ordena. A ordem conceitual procura exprimir a ordem objetiva que está no ser. Mesmo onde o ser é uno e múltiplos os conceitos que o representam, existe na plenitude dessa ordem um fundamento da multiplicidade e da ordem desses conceitos. Cf. Joseph Nicolas. Vocabulário da Suma Teológica. Verbete Ordem 35 TOMÁS DE AQUINO. Questões disputadas sobre a verdade, q. 1 a. 1 ad

13 não ao verdadeiro. Na mesma perspectiva do ente trata Avicena, quando refere-se à enunciação. Ainda na Questão Disputada da verdade, em resposta aos argumentos contrários, Tomás afirma que: A expressão ente verdadeiro [vero eorum] não é uma banalidade porque com o nome verdadeiro [verum] exprime-se algo que não se exprime com o nome ente [entis] e não porque as duas coisas difiram [differant] na realidade. 36 A questão que Aquino coloca é que não seria desnecessário utilizar a expressão ente verdadeiro, pois o termo verdadeiro imprime uma característica que não está presente no nome ente. Mesmo possuindo essa condição, o verdadeiro em nada excede o ente, como também não é excedido pelo mesmo: Quando se diz que o ser difere daquilo que é [diversum est esse et quod est], distingue-se o ato de ser [actus essendi] daquilo ao qual tal ato convém; o nome de ente todavia provém do ato de ser, não daquilo ao qual convém o ato de ser, e assim não vale o argumento. 37 A expressão ser difere daquilo que é não pode corresponder com a relação do ato 38 de ser enquanto ato de conveniência. Há uma distinção bem aristotélica nesse sentido. O ato de ser corresponde à potência, uma infinidade de possibilidades que podem acontecer, mas que ainda não aconteceram, então fica como que pendentes. O ato de conveniência já representa qualquer possibilidade já na sua forma consumada, realizada, que na verdade, representa acidente, já que outras possibilidades poderiam estar no lugar desta. Possui uma característica fechada, determinada e contingente. Tomás tece uma crítica sobre o silogismo O verdadeiro é posterior ao ente porque a noção de verdadeiro difere da noção de ente, recorrendo à explanação da Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo). Apesar das Pessoas Divinas serem diferentes, elas não diferem na essência, pois se encontra mais unidade, verdade em Deus do que nas criaturas. Ainda que as Pessoas Divinas sejam diferentes em Deus, sem perderem a essência, não seria necessário que se as Pessoas Divinas se difiram nas criaturas, pois a sabedoria e potência identificam-se em Deus, enquanto elas distinguem-se nas criaturas. O propósito é fazer analogias entre Deus e criatura no que tange à dualidade unidade-diversidade. 36 TOMÁS DE AQUINO. Questões disputadas sobre a verdade, q. 1 a. 1 ad s. c TOMÁS DE AQUINO. Questões disputadas sobre a verdade, q. 1 a. 1 ad s. c Ato (do latim actus) pretende traduzir a energéia (ação, atividade) ou a enteleqéia (enteléquia). Ele exprime em todas as ordens da realidade o ser ele próprio naquilo que ele tem de realizado, ou melhor, a própria realização de ser. Não pode ser compreendida senão em relação à potência, que será explicitada no decorrer das análises. todo ato, que é consumação de uma potência, é limitado por ela. Cf. Joseph Nicolas. Vocabulário da Suma Teológica. Verbete Ato.. 145

14 8.) A verdade nos sentidos na Questão Disputada Anselmo, citado por Tomás, em De veritate 11 afirma que a verdade é a retidão perceptível somente pela mente. A natureza da reta razão, proveniente da verdade, não compactuaria com a natureza empírica. Os sentidos não teriam a mesma natureza que a mente, logo, a verdade não ocorreria nos sentidos. Agostinho, citado por Tomás, em LXXXIII Quaestionum afirma que a verdade não pode ser conhecida pelos sentidos corpóreos, o que indica que a verdade não poderia ser conhecida nos sentidos. Contrariamente, Agostinho, citado por Tomás, afirma em De Vera Religione que a verdade é aquilo pelo qual se mostra o que é. A ocorrência do ente acontece ora no plano intelectual, ora no plano sensível, daí segue-se que a verdade não ocorreria tão somente no intelecto, mas também nos sentidos. Tomás desenvolve a questão se a verdade é nos sentidos da seguinte forma: A verdade é no intelecto e também nos sentidos [veritas est in intellectu et in sensus], mas não do mesmo modo. No intelecto, pois, a verdade resulta do ato do intelecto [consequens actum intellectus] e é conhecida pelo intelecto [cognitas per intellectum]: com efeito, ela segue-se à operação do intelecto [intellectus operationem] segundo a qual o juízo do intelecto [iudicium intellectus] é da coisa enquanto esta é. 39 O mecanismo da verdade que se relaciona com o intelecto e o mecanismo da verdade que se relaciona com o sentido, possuem jurisdições distintas. No horizonte intelectual, a verdade seria um produto do ato do intelecto. A verdade seria revelada pelo intelecto, quando esse intelecto refletisse sua própria ação e realidade. Todavia, a verdade não se restringe ao plano intelectual, ela também pode ser conhecida pelos sentidos, mas à posteriori, como conseqüência da sua ação. Apesar dos sentidos conhecerem que possam sentir, eles desconhece a natureza do próprio ato. Analogamente, também desconhece a verdade de seu julgamento, a razão de seu juízo, atividade essa reservada ao intelecto humano particularmente na segunda operação de composição e divisão:... a verdade é nos sentidos [veritas est in sensu] como resultante de seus atos [consequens actum eius], porquanto, o juízo dos sentidos [iudicius sensus] é, a saber, da coisa enquanto esta é [quod est], todavia não é nos sentidos enquanto 39 TOMÁS DE AQUINO. Questões disputadas sobre a verdade, q. 1, 9, r. 146

15 conhecida pelos sentidos; pois ainda que os sentidos tenham conhecimento do próprio sentir [enim sensus cognoscat se sentire], todavia não conhecem a própria natureza [non tamen cognoscit naturam suam] e por conseqüência nem a natureza do próprio ato [nec naturam sui actus] nem a proporção deste às coisas [nec proportionem eius ad res], e assim nem a própria verdade [nec veritatem eius]. 40 Aristóteles, citado por Tomás, em De causis (prop. 15) afirma que todos os que conhecem a própria essência retornam a ela com retorno completo. As substâncias intelectuais conhecem que podem conhecer o sensível e o sentir, porém, mesmo os sentidos podendo conhecer que podem sentir, é desconhecida a razão de seu juízo. Avicena, citado por Tomás, em De anima V, 2 pondera que o sentido só conhece por meio de órgão corpóreo seja mediador da potência sensitiva com ela mesma. O mecanismo de conhecimento na qual o sentido se utiliza é a corporeidade. É somente assim que o sentido tem acesso ao mundo físico. Todavia, as potências não-sensitivas desconhecem seus próprios atributos e funcionalidades. O fogo não sabe que possui a propriedade de queimar. CONSIDERAÇÕES FINAIS Tomás de Aquino, ao desenvolver o conceito acerca da verdade, não deixou de fazê-lo sem recorrer também ao conceito de ente. O verdadeiro expressa a entidade, na medida que o verdadeiro existe. Simultaneamente, a entidade é verdadeira, pois sua manifestação ocorre no mundo real. O autor também destaca a importância dos sentidos, pois o verdadeiro conhecimento deve possuir sua fonte na realidade e os sentidos se encarregam de realizar a intermediação entre realidade o intelecto humano. Por assim dizer, não é possível um conhecimento preciso, fidedigno que prescinda dos sentidos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E ELETRÔNICAS AQUINO, Tomás de. Questões disputadas sobre a verdade. In: LAUAND, Luiz Jean; SPROVIERO, Mario Bruno. Verdade e Conhecimento. Trad. Luiz Jean Lauand e Mario Bruno Sproviero. São Paulo: Martins Fontes, AQUINO, Tomás de. Suma teológica. Tradução Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira et al. São Paulo: Edições Loyola, TOMÁS DE AQUINO. Questões disputadas sobre a verdade, q. 1, 9, r. 147

16 GRABMANN, Martinho, A filosofia da cultura de Santo Tomás. Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Vozes, GARDEIL, H. D. Iniciação à filosofia de S. Tomás de Aquino: IV Metafísica. Traduzido por Paulo Eduardo Arantes. São Paulo: Duas Cidades,

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