JOSEPHUS K IJFF Processo T-55/92 Despacho do TPI de

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1 Universidade do Minho Escola de Direito Mestrado em Direito da União Europeia Ano lectivo 2009/2010 JOSEPHUS K IJFF Processo T-55/92 Despacho do TPI de Angélica Milêna O. M. Schifflechner PG Contencioso da UE Trabalho 3/6

2 Índice Página Índice.. 2 Introdução.. 3 Enquadramento factual relativo ao Despacho sub judice. 3 Análise jurídica Reflexão conclusiva.. 6 Bibliografia 7-2 -

3 Introdução Propõe-se uma incursão jurídica de natureza processual especificamente no âmbito da contestação e da revelia, onde se pretende demonstrar o relevo do actual artigo 122º(4) do Regulamento de Processo do Tribunal de Primeira Instância (mutatis mutandis, artigo 94º do Regulamento de Processo do TJCE), com base no Despacho do TPI de 14 de Julho de 1993, no Processo T-55/92, que contrapôs Josephus Knijff ao Tribunal de Contas das então Comunidades Europeias (doravante TC). Na Introdução far-se-á uma análise factual que envolveu este processo. Depois na análise jurídica destacaremos uma entre muitas possíveis questões jurídicas, relevando o significado e a importância do texto legal in casu. Desenvolveremos a resposta à questão com base exemplificativa neste Despacho do TPI. Terminar-se-á com uma breve reflexão conclusiva. Enquadramento factual relativo ao Despacho sub judice O caso sub judice reporta-se a um litígio laboral entre Josephus Knijff e o TC. Aquele era funcionário deste desde 15 de Julho de 1986 e durante seu destacamento foi parte de quatro contratos distintos, sendo que, poucos meses após assinatura do 4º contrato que sucedeu a 12 de Outubro de 1990 o TC adoptou a decisão n.º 91/17 relativa à selecção e classificação de agentes para lugares temporários, que entrou em vigor a 21 de Fevereiro de Cerca de duas semanas após a entrada em vigor daquela decisão, o Sr. Knijff pede a sua reclassificação, que lhe foi negada. Foram reiteradas mais uma vez estas posições, que levaram o Sr. Knijff a apresentar uma reclamação contra a confirmação do referido indeferimento datada de 26 de Agosto de Esta reclamação, por sua vez foi indeferida pelo TC alegando a extemporaneidade, para além da falta de fundamento. Este indeferimento da reclamação foi causa para o Sr. Knijff dar entrada da petição na Secretaria do TPI a 3 de Agosto de Face a esta situação factual, o recorrido (TC) optou por não apresentar contestação no prazo legal (in casu aplicável o artigo 46º/1 Reg. Proc. do TPI) 1. 1 Mutatis mutandis, no caso de um processo que decorresse no TJCE vide artigo 40º n.º 1 do Regulamento de Processo do TJCE

4 Análise jurídica Ora perante a falta de contestação do recorrido (TC) no prazo legal (in casu, era de um mês ao abrigo do artigo 46º/1 Regulamento de Proceso do TPI) 2, estava-se em situação de revelia. Trazendo-se à colação então os nºs 1 e 2 do artigo 122º(4) do Regulamento de Processo do TPI 3 que consagra expressamente o seguinte: DA REVELIA E DA OPOSIÇÃO Artigo 122. (4) do Regulamento de Processo do Tribunal de Primeira Instância 1- Se o recorrido, devidamente citado, não responder na forma e no prazo previstos, o recorrente pode pedir ao Tribunal que dê provimento, sem necessidade de mais diligências, aos seus pedidos. Este pedido é notificado ao recorrido. O Tribunal pode decidir que se proceda à fase oral para apreciar o pedido. 2- Antes de decidir à revelia, o Tribunal conhece da admissibilidade do pedido e verifica se os requisitos de forma se encontram devidamente preenchidos e se os pedidos do recorrente parecem procedentes Saliente-se que, a letra da lei refere expressamente que, caso o recorrido não conteste, abre-se a possibilidade ao recorrente de pedir ao Tribunal que dê provimento, sem necessidade de mais diligências, aos seus pedidos. Quererá isto dizer que a satisfação do(s) pedido(s) do recorrente é automática? Dificilmente, pois o Tribunal teria ainda de conhecer da admissibilidade do pedido e verificar se os requisitos de forma se encontrariam devidamente preenchidos e se os pedidos do recorrente pareciam procedentes, conforme o n.º 2 do mesmo artigo atrás parcialmente transcrito, refere. Trazendo à colação o referido processo e o respectivo Despacho pretende-se demonstrar a base justificativa de uma tal resposta negativa àquela questão. Nos considerandos nºs 1 e 2 do Sumário deste Despacho foi indicado que: 1. Os prazos de reclamação e de recurso previstos nos artigos 90.º e 91.º do Estatuto, aplicáveis por analogia aos agentes temporários e auxiliares por força dos artigos 46.º e 73.º do regime aplicável aos outros agentes das Comunidades, são prazos de ordem pública e o facto de a administração responder, na fase pré-contenciosa, aos argumentos de mérito invocados pelo interessado não dispensa o Tribunal da obrigação que lhe incumbe de verificar 2 Mutatis mutandis, no caso de um processo que decorresse no TJCE vide artigo 40º n.º 1 do Regulamento de Processo do TJCE. 3 Mutatis mutandis, no caso de um processo que decorresse no TJCE vide artigo 94º n.º 1 do Regulamento de Processo do TJCE

5 a admissibilidade do recurso no que respeita ao cumprimento dos prazos estatutários [sublinhado nosso]. Embora a superveniência de um facto material novo possa justificar a apresentação de um pedido destinado ao reexame, após o termo do prazo de reclamação, de uma decisão causadora de prejuízo, compete ao interessado contestar o indeferimento explícito ou implícito de tal pedido no prazo previsto no artigo 90.º, n. 2, do Estatuto, sem que a formulação de um novo pedido de reexame seja susceptível de reabrir ou prorrogar o referido prazo. Com efeito, a faculdade, prevista no artigo 90.º, n.º 1, do Estatuto, de qualquer funcionário requerer à autoridade investida do poder de nomeação que tome a seu respeito uma decisão não permite afastar os prazos de reclamação e de recurso previstos nos artigos 90.º e 91.º do Estatuto, pondo indirectamente em causa uma decisão anterior não contestada nos devidos prazos. 2. Embora o artigo 91.º, n.º 3, do Estatuto determine que, quando uma decisão explícita de indeferimento de uma reclamação ocorrer após decisão implícita de indeferimento mas dentro do prazo do recurso relativo a essa decisão implícita, um novo prazo de recurso comece a correr, tal disposição não é aplicável na fase do pedido, antes da apresentação da reclamação. Por um lado, tratandose de uma disposição relativa ao cômputo do prazo de recurso, deve ser interpretada restrita e textualmente. Por outro lado, o indeferimento explícito de um pedido, posterior ao indeferimento implícito do mesmo pedido, constitui um acto puramente confirmativo, insusceptível, como tal, de reabrir o prazo previsto no artigo 90.º, n.º 2, do Estatuto para efeitos de apresentação de reclamação. Quanto à admissibilidade do recurso refere ainda o artigo 111º do Regulamento do Processo do TPI que: DOS INCIDENTES DA INSTÂNCIA Artigo 111. (4) do Regulamento de Processo do Tribunal de Primeira Instância Se o Tribunal for manifestamente incompetente para conhecer de um recurso ou se este for manifestamente inadmissível ou manifestamente desprovido de fundamento jurídico, o Tribunal pode,, decidir imediatamente, mediante despacho fundamentado, pondo assim termo à instância. Com base neste consagração, o TPI in casu entendeu poder decidir imediatamente. E ainda que fossem levantadas outras questões jurídicas no âmbito deste processo, a verdade é que tais circunstâncias, não teria[m] qualquer incidência sobre a admissibilidade do recurso, dado a extemporaneidade da actuação do recorrente (vide Considerando 32 do Despacho)

6 Assim foi afastado o recurso de anulação por inadmissibilidade, considerando o mesmo extemporâneo, uma vez que a petição deu entrada na Secretaria do TPI em 3 de Agosto de 1992, isto é, mais de 3 meses após a decisão de 26 de Agosto de 1991 que indeferiu o segundo pedido de 10 de Junho de Ficou demonstrado com base neste processo que a satisfação do pedido do recorrente (no âmbito de um processo a decorrer no TPI) não é automática, por demais evidente quando se está perante um recorrido revel. O juíz antes de considerar o pedido do recorrente para seu eventual provimento, remeteu-se a conhecer previamente da admissibilidade do pedido e verificar se os requisitos de forma se encontravam devidamente preenchidos e se os pedidos do recorrente pareciam procedentes. Facto é que o requisito formal da tempestividade não estava preenchido, podendo o mesmo decidir imediatamente, demonstrando que o provimento do pedido do recorrente não é automático. Mais, a resposta manter-se-ia no âmbito de um processo, mutatis mutandis, que decorresse no então TJCE. Reflexão conclusiva Atento ao supra citado, entende-se o significado e o alcance da expressão sem necessidade de mais diligências consagrada no n.º 1 dos artigos 122º(4) e 94º dos Regulamentos de Processo, respectivamente do TPI e do TJCE, ficando demonstrado com base neste Despacho de 14 de Julho de 1993 que não se trata de dar sem mais e automaticamente provimento ao pedido do requerente, uma vez que há ainda obrigações prévias por parte do juíz da causa, tais como as enumeradas no número seguinte a cada uma daquelas normas. Fica contudo a breve referência, de iure constituto, que o Tratado de Lisboa veio introduzir alterações organizacionais nos Tribunais da União Europeia, que brevitatis causa aqui não cabe explicitar

7 Bibliografia DESPACHO do TPI de 14 de Julho de