PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Transcrição

1 fls. 2 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Registro: ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº , da Comarca de Guarulhos, em que é apelante CARLOS ALBERTO DE OLIVEIRA PEREIRA, é apelado ALVARO FERREIRA EGEA. ACORDAM, em 7ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U. Sustentou oralmente o Dr. José Carlos da Silva Brito (OAB/SP ).", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MIGUEL BRANDI (Presidente sem voto), MARY GRÜN E RÔMOLO RUSSO., 1 de outubro de 2014 LUIS MARIO GALBETTI RELATOR Assinatura Eletrônica 1 ro

2 fls. 3 Voto nº: 5094 Apelação com revisão nº Apelante: Carlos Alberto de Oliveira Pereira Apelado: Álvaro Ferreira Egea Origem: 10ª Vara Cível do Foro de Guarulhos Juiz de 1ª instância: Lincoln Antonio Andrade de Moura Apelação Indenização por dano moral Ausência de instrumento de mandato mesmo após intimação do advogado do réu pela imprensa oficial para regularização Inexistência da obrigação de intimação pessoal da parte para efetuar a regularização Revelia configurada Circunstância mesmo que afastada não possibilita o acolhimento do recurso Injúria e difamação Manifestação que extrapola o direito de manifestação Repercussão no seu meio social sobre os comentários depreciativos Dano moral configurado Sentença mantida Recurso a que se nega provimento. Vistos. 1. Trata-se de Apelação interposta contra sentença que reconheceu a revelia e julgou procedente o pedido em ação de indenização por dano moral ajuizada por ALVARO FERREIRA EGEA em face de CARLOS ALBERTO Apelação nº Guarulhos - VOTO Nº 2/7

3 fls. 4 PEREIRA, condenando o réu ao pagamento de R$ ,00 por indenização por dano moral, com incidência de juros de mora de 1% ao mês e atualizado pela tabela prática do TJSP, fixados da condenação. Condenou o réu ao pagamento das custas e despesas processuais, além de honorários ao advogado do autor, fixados em 10% sobre o valor da condenação. Alega o autor ALVARO, em resumo, ter o réu encaminhado para a caixa postal de 56 integrantes de executiva nacional e direção nacional da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil mensagens caluniosas e difamatórias. Afirma ser pessoa íntegra, e que as ofensas tiveram ampla repercussão, causando dano à sua imagem. Assevera que em diversos encontros sindicais o réu também proferiu injúrias e calúnias, além de ameaçar sua integridade física. Requer indenização de R$ ,00 por danos morais. Em contestação o réu alega, em resumo, serem verdadeiras as declarações lançadas nos s veiculados, e tais denúncias, por terem esta característica, não poderiam ser consideradas como ato ilícito. Verificada a ausência de regularidade na representação processual do réu houve determinação para que Apelação nº Guarulhos - VOTO Nº 3/7

4 fls. 5 fosse juntado instrumento de mandato, mas o réu quedou-se inerte naquele momento, cumprindo a determinação apenas após o julgamento do feito (fl.149). Apela o réu alegando, em síntese: a) ser relativa a presunção de veracidade em decorrência da revelia; b) necessidade de intimação do réu para regularizar a representação processual; e c) ausência da prática de calúnia e injúria. Recurso recebido (fl. 170) e contrarrazoado (fls.174/186) É o relatório. 2. A pretensão do apelante não merece acolhimento. Não há se falar em intimação pessoal da ré para juntar procuração outorgada pela ré. O réu foi intimado através do advogado que subscreveu a defesa para regularizar o feito, sob as penas da lei, deixando decorrer o prazo (conferir fls.132 e 134). Após o julgamento entendeu por bem juntá-lo, sem qualquer outra deliberação do juízo, com as razões dos embargos de declaração. (conferir fl. 149). Apelação nº Guarulhos - VOTO Nº 4/7

5 fls. 6 Ainda que se afastasse a revelia, corretamente aplicada no caso concreto pela ausência de procuração outorgada ao procurador do réu até o julgamento da demanda, a pretensão do apelante não pode ser acolhida. A agressão verbal ou escrita à dignidade ou decoro de alguém, caracteriza a injúria. De outro lado, a difamação consiste em atribuir a alguém fato determinado ofensivo à sua reputação, honra objetiva, e se consuma, quando um terceiro tem conhecimento. Todas estas circunstâncias foram evidenciadas no feito, e o réu não nega, limitando-se a afirmar que as declarações veiculadas pelo Requerido são verdadeiras, não havendo qualquer conduta ilícita de sua parte.... (conferir fl. 98) O autor apresentou diversos documentos demonstrando a publicidade das declarações do réu, que não foram especificamente refutados pelo réu nem foram objeto de arguição de falsidade nos termos do art. 390 do Código de Processo Civil. Irrelevante que as críticas se limitaram à conduta do autor como dirigente do sindicato como afirma o réu, porque as declarações lançadas extrapolam o limite da Apelação nº Guarulhos - VOTO Nº 5/7

6 fls. 7 livre manifestação, e afrontam o direito de proteção à honra previsto constitucionalmente. Expressões como aproveitador, puxa saco, mentiroso, oportunista, conchavista em cafuas escuras, golpista e vagabundo são adjetivos que retratam o firme propósito de magoar e atingir a imagem do autor. Esta manifestação extrapola o direito de manifestação do réu, que agiu com animus injuriandi, com objetivo de atingir a honra do autor, caracterizando, portanto, a conduta culposa do réu, porque intuitiva a repercussão negativa no seu meio social sobre os comentários depreciativos sobre sua personalidade. Como analisou o juiz: Não se pode ignorar que, para a configuração do dano moral, basta a prática de um ato atentatório à honra, à intimidade, à liberdade, à saúde ou à integridade psicológica, capaz de provocar constrangimento, sofrimento, vexame e humilhação ao ofendido. Some-se a isso a violação à honra de alguém vem em desabono ao seu bom nome, fama, prestígio, reputação, estima, consideração e respeito, razão pela qual, operada a ofensa, inevitável é a obrigação de indenizar.. De rigor, portanto, a manutenção da sentença. Apelação nº Guarulhos - VOTO Nº 6/7

7 fls Ante o exposto e por tudo mais que dos autos consta, NEGO PROVIMENTO ao recurso. LUÍS MÁRIO GALBETTI RELATOR Apelação nº Guarulhos - VOTO Nº 7/7