EDUCAÇÃO CULTURAL E (RE) SIGNIFICAÇÃO NA COMUNIDADE QUILOMBOLA DO CAMPO D ANGOLA-PB
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- Cássio Rijo Alcântara
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1 1 EDUCAÇÃO CULTURAL E (RE) SIGNIFICAÇÃO NA COMUNIDADE QUILOMBOLA DO CAMPO D ANGOLA-PB José Edson da Costa Barbosa Universidade Estadual da Paraíba RESUMO Este trabalho se apóia no interesse em estabelecer um diálogo com a comunidade do Campo D Angola-PB, considerando a necessidade da construção coletiva da sua história, a exemplo dos remanescentes de quilombos já identificados em outras comunidades paraibanas. Um dos objetivos, é desenvolver ações que contribuam para elevar a auto-estima dos moradores, principalmente dos jovens, que na sua maioria estão destituídos das atividades lúdicas, artísticas e profissionais e despertar neles o interesse pela suas culturas, melhorando a convivência social, no âmbito escolar, familiar e em outros espaços de inserção social e participação cidadã. Nossa opção metodológica será dividida em dois momentos. No primeiro momento, além de realizar entrevista com os moradores mais antigos e descendentes de famílias de escravos, analisaremos documentos, fotos, grupos de danças, de música e cerimônias religiosas que comprovam a existência da identidade quilombola. No segundo momento, ofereceremos cursos e oficinas que serão distribuídos nas mais diversas áreas como: música, dança, teatro, cidadania, cultura patrimonial, dentre outros, promovendo a inclusão social das crianças e jovens, despertando entre eles o interesse pala história da comunidade, e através da narração de vida dos mais velhos, torná-los protagonistas de sua própria história, possibilitando a compreensão da memória cultural e visando a (re) significação da comunidade quilombola do Campo D angola- PB. PALAVRAS-CHAVE: Quilombos, História, Campo D angola, Memória. INTRODUÇÃO: Este projeto de extensão se apóia no interesse em estabelecer um diálogo com a comunidade do Campo D Angola, considerando a necessidade da construção coletiva da história da comunidade. Tendo em vista o desconhecimento da origem dos descendentes afro-brasileiros
2 2 que povoaram inicialmente o lugar, a exemplo dos remanescentes de quilombos, já identificados em outras comunidades paraibanas estaremos contribuindo para o registro dessas histórias de vida. O interesse pelos estudos étnicos, tornam-se significativos ao longo dos anos 90, quando pesquisadores dedicados ao estudo de comunidades rurais negras, principalmente no Nordeste passam a ganhar visibilidade política e acadêmica. Atualmente a nossa historiografia da escravidão vem lançado novos olhares para o fenômeno da quilombagem. Nos lugares onde ocorreu a escravidão, ocorreram também formas de resistência que vão desde as oposições mais mascaradas como o corpo mole dos escravos, até mais explícitos, como o assassinato de senhores ou a própria fuga para os quilombos. Para alguns historiadores, os quilombos representam uma verdadeira contradição estrutural da realidade escravista (GUIMARÃES, apud, REIS; GOMES, 1996), para outros, numa perspectiva contrária, os quilombos tão estavam tão isolados quanto se pensa, do resto da sociedade. Conforme destaca Moura o quilombo aglutinaria os elementos que fugiam e procuravam dar-lhes uma estrutura organizada, estável e permanente. (1972, p, 88). Da mesma forma, as campanhas organizadas contra os quilombos eram em muitos casos formados também por grupos indígenas, escravos e negros libertos. Os quilombolas criavam fortes laços de sociabilidade, reinventando costumes oriundos da África no Brasil, onde se procurava recriar fielmente os laços de união do distante continente natal, tese difundida durante muito tempo por boa parte da historiografia sobre o tema. Dessa maneira os laços entre o que se considerava quilombo na época da Colônia e do Império, continuam na contemporaneidade nas comunidades remanescentes de quilombos. Ou, seja nos quilombos característicos tradicionais as culturas africanas foram (re)significadas e somadas a elementos do contexto vivido por cada um daqueles sujeitos (REIS; GOMES, 1996). A produção de novos sujeitos políticos etnicamente diferenciados pelo termo
3 3 quilombola tem inicio depois da ampla tomada de conhecimento dos novos direitos instituídos pelo artigo 68 da Constituição Federal de 1988, que reconhece aos remanescentes das comunidades de quilombo a propriedade definitiva das terras que estejam ocupando. Assim como a obrigação do Estado em emitir-lhes seus respectivos títulos (ARRUTI, p, 66, 2005). Tendo conhecimento desse artigo que se constitui em inovação no plano do imaginário social, da historiografia estaremos nos apropriando do conhecimento histórico para que possamos através das ações desenvolvidas na comunidade Campo d Angola contribuir para se organizar para o ato de reconhecimento jurídico. OBJETIVOS Desenvolver ações que contribuam para elevar a auto-estima dos moradores da comunidade principalmente dos jovens, que na sua maioria estão destituídos das atividades lúdicas, artísticas e profissionais, através da narração da história de vida dos mais velhos com intuito de torná-los protagonistas de sua própria história possibilitando a compreensão da memória cultural visando a (re) significação da comunidade do Campo D angola percebendo a importância das suas tradições culturais Objetivos Específicos: Reconhecer a identidade quilombola da comunidade. Despertar o interesse pela suas culturas, melhorando a convivência social, no âmbito escolar, familiar e em outros espaços de inserção social e participação cidadã. Possibilitar a comunidade o acesso a sua memória até então adormecidas. Fazer com que a comunidade tenha uma re significância sobre sua história enquanto comunidade quilombola. METODOLOGIA Nossa opção metodológica está dividida em dois momentos. No primeiro momento, além de realizar entrevista com os moradores mais antigos e descendentes de famílias de escravos, analisaremos documentos, fotos, grupos de danças, de música e cerimônias religiosas que comprovam a existência da identidade quilombola, bem como, elementos, símbolos e estruturas.
4 4 No segundo momento, ofereceremos cursos e oficinas que serão distribuídos nas mais diversas áreas como: música, dança, teatro, cidadania, cultura patrimonial, dentre outros, promovendo a inclusão social das crianças e jovens, despertando entre eles o interesse pala história da comunidade, e através da narração de vida dos mais velhos, torná-los protagonistas de sua própria história, possibilitando a compreensão da memória cultural e visando a (re) significação da comunidade quilombola do Campo D angola. TABELA DE ATIVIDADES Atividades CALENDARIO 2011/2012 Entrar em contato com a comunidade e fazer levantamento de documentos Reunião os com alunos participantes para discutir os textos a serem trabalhados Discutir metodologia operacional: empiria teoria Identificação dos colaboradores para construção memória a X da da JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN X X X X X X X X X
5 5 comunidade. Palestras contemplando as praticas culturais e atividades lúdicas e artística Produções de oficinas que possibilite os jovens, melhorias das relações inter pessoais e profissional através da formação artístico e cultural. Desenvolver mini cursos em áreas temáticas diversificadas (letrado digital,química, matemática, enfermagem e odontologia) visando o regate da cidadania plena. X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
6 6 Promover apresentações de grupos tradicionais da cultura afro brasileira com o intuito de (re)significara identidade quilombola. Amostra de filmes e documentários contemplando a temática cultural Afro brasileira. Amostra de filmes infantis, contos e desenhos valorizado a comunidade quilombola. X X X X X X X X X X X X X X X X X X X RESULTADOS ESPERADOS Ao estabelecer uma parceria entre os moradores da comunidade e a UEPB através da Pro reitoria de extensão, identificamos a importância do resgate da memória que até então é silenciada pelos registros oficiais. Contribuindo assim para elevar a alto estima dos moradores da comunidade, principalmente dos jovens que na sua maioria estão destituídos das atividades lúdicas, artística e profissionais.
7 7 Esperamos ainda que esse projeto de extensão contribua no sentido de propiciar condições para um maior envolvimento da comunidade nos cursos oferecidos nas diversas áreas como: música, dança, teatro, cidadania, cultura patrimonial, dentre outros. Estaremos desenvolvendo táticas para promoção da igualdade social e ética. Promover a inclusão social das crianças e jovens, despertando entre eles o interesse pala história da comunidade quilombola do Campo D angola, através da narração da história de vida dos mais velhos, para que eles sejam protagonistas de sua história. METAS Criação de um memorial para preservar o acervo iconográfico e documental, com intuito de tornar-se uma fonte de pesquisa. Desenvolver oficinas mensalmente contabilizando 12, com crianças e adolescentes contemplando as seguintes atividades: Capoeira, Teatro e Dança. Exibição de filmes e documentários trimestralmente com os idosos da comunidade privilegiando temáticas voltadas para a questão da identidade quilombola, preconceito racial, religiosidade. Desenvolver mini-cursos bimestralmente com temáticas diversificadas, especificamente nas áreas de letramento digital, química, matemática, enfermagem e odontologia, visando o resgate da cidadania plena. Promover encontros trimestrais através de uma proposta geracional (jovens e idosos), com o intuito de despertar o interesse para a reativação da banda de pífanos, conhecida na comunidade como xaranga do Batista, que outrora era desenvolvida por grupos tradicionais. Elaboração de um documentário registrando a participação coletiva de crianças, jovens e os idosos da comunidade através da atividades realizadas: Dança, teatro, música, palestras e oficinas pedagógicas, com o intuito de (re) significar a história e a memória da comunidade. Construir uma cartilha com o registro da história da comunidade para ser entregue aos moradores. Fazer um CD sistematizando todas etapas do projeto com uma apresentação final na comunidade.
8 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esse projeto de extensão vem sendo de suma importância para comunidade de Campo d Angola, pois através das trocas de saberes estamos sanando algumas lacunas, como também fornecendo importantes pistas sobre a diversidade cultural da mesma. Destacando ainda a importância de identificarmos as práticas culturais e configurar a idéia de persistência da cultura africana nos quilombos. O quilombo amadurecido é uma instituição transcultural que recebe contribuições de várias culturas. (MANUNGA, 1996,P. 59) Tendo em vista a necessidade de registro da história de vida da comunidade torna-se muito importante os relatos dos moradores, para que através da memória coletiva poder contribuir de maneira significativa a construção da identidade quilombola. Falando a respeito da identidade étnica e caminhando na mesma linha de raciocínio de Stuart Hall (2006), que diz que ela vai se reconstruindo e re configurando ao longo do processo histórico. Não se pode entende-la como algo definido plenamente desde o inicio da história de um povo (p, 20). Assim partido do pressuposto de que as identidades são móveis e historicamente construídas, pretendemos através de ações extensionistas, dar mais um passo na ampliação dos estudos da história e cultura das populações negras no estado da Paraíba, sobretudo no que se refere aos remanescentes quilombolas, haja vista a necessidade de produções acadêmicas sobre essa temática. Referencias Bibliográficas ARRUTI, J. M. A. (1995). Morte e vida no Nordeste indígena: a emergência étnica como fenômeno regional. Estudos Históricos. FVG, vol. 8, n.15, p. 66 GUIMARÃES, Antônio Sérgio Alfredo. Preconceito racial: modos, temas e tempos. São Paulo: Cortez, (Preconceitos; v.6)
9 9 HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte/Brasília: Editora UFMG/Unesco, P. 20 Livro do Município de Campina Grande. Movimento Brasileiro de Alfabetização Mobral. MUNANGA, K / Origem e histórico do quilombo na África. Revista deantropologia da USP, n. 28. São Paulo: USP. REIS, João José; GOMES, Flávio dos Santo. Liberdade por um fio: História dos quilombos no Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 1996.
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