TEORIA AUTOPOIÉTICA DO DIREITO
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- Bianca Ribas Bennert
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1 TEORIA AUTOPOIÉTICA DO DIREITO A autopoiésis está originalmente ligada aos sistemas biológicos, capacidade que os organismos vivos têm de produzir moléculas interna e autonomamente. O Direito como ciência antopoiética significa que a ciência jurídica tem uma produção interna, mantida dentro do próprio sistema jurídico. Os sistemas biológicos realizam também interações com o ambiente externo, para prolongar a vida; o sistema jurídico realiza interações com a sociedade. O sistema jurídico se assemelha a um organismo vivo, capaz de autoproduzir-se e, ao mesmo tempo, produzir modificações na sociedade. Os sistemas biológicos têm como base reprodutiva a vida; os sistemas sociais tem como base reprodutiva a comunicação. O Direito como sistema autopoiético significa que ele retira a sua validade de dentro do próprio sistema, não podendo ser trazida do exterior.
2 AUTOPOIÉTICA: SISTEMAS E SUBSISTEMAS A sociedade forma um grande sistema vivo e dentro deste há diversos subsistemas, tais como o político, o jurídico e o econômico. O subsistema jurídico mantém interdependência com o sistema social, contudo, devido ao seu poder de autoprodução, conserva sua autonomia. O Direito se autoproduz como sistema fechado (clausura normativa), porém, realiza trocas comunicativas com os demais sistemas. Não obstante serem independentes entre si, os subsistemas internos realizam interações recíprocas, interagindo também com o sistema social. Concebido como um sistema autopoiético, o Direito se configura ao mesmo tempo de forma aberta e fechada. O Direito é normativamente fechado, mas é ao mesmo tempo cognitivamente aberto.
3 AUTOPOIÉTICA - HERMENÊUTICA As interferências externas sobre o Direito são trabalhadas cognitivamente (interpretação), quando são internalizadas de forma criativa. A legislação é o ponto de encontro entre o sistema jurídico e o sistema político, na medida em que a eficácia das leis depende de decisões judiciais, que as aplicam de forma interpretativa (jurisprudência). A prestação jurisdicional é o ponto de encontro entre o sistema jurídico e o sistema social, isso se realiza através dos canais da hermenêutica jurídica. Os conceitos de Direito e Política são intimamente ligados, porque toda a força do Direito provém da legislação. A hermenêutica jurídica é o ponto de contato entre os sistemas jurídico e político com o grande sistema social, numa abertura cognitivamente orientada.
4 AUTOPOIÉTICA - HERMENÊUTICA O Direito mantém assim uma interdependência com a sociedade, contudo, devido ao seu poder de autocriação, conserva sua autonomia. O fechamento operacional do sistema jurídico (só o Direito pode dizer o que é o Direito) é ao mesmo tempo sua condição de abertura com os demais. Por isso, o Direito é normativamente fechado e cognitivamente aberto. O magistrado constrói internamente os componentes do sistema jurídico, fazendo valer a sua autonomia (clausura normativa). Ao aplicar o Direito no caso concreto, dentro da dinâmica intercomunicativa dos sistemas, ele encontrará os pontos de ligação entre estes através de uma relação cognitiva (hermenêutica), para concretizar a prestação jurisdicional. O sistema político fornece a matéria prima do Direito, porém o sistema social fornece a justificativa de sua existência.
5 TEORIA AUTOPOIÉTICA - COMENTÁRIOS. A linha de pensamento seguida por Luhmann se vincula à teoria sociológica de Talcott Parsons (funcionalismo estrutural), que analisa a sociedade como uma composição de quatro grandes subsistemas (economico, politico, comunidade social e cultura), que se baseiam em imperativos funcionais. A visão estruturalista de Parsons, inspirada na euforia do modelo econômico norte americano pós-segunda guerra, induz Luhmann a uma visão do Direito que sai na contramão das teorias sociológicas européias, iluminadas pelo conceito hegeliano da razão histórica, levando-o a desenvolver uma teoria que se afasta do pensamento jurídico mais compatível com a função social do Direito e a concepção política do Estado democrático. A sociedade, para Luhmann, não é uma realidade espácio-temporal, mas uma sociedade mundialmente concebida, que se baseia na comunicação, da qual os seres humanos são meros instrumentos, sem individualidade e sem história.
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