Direitos humanos e violência
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- Domingos Avelar Penha
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1 Direitos humanos e violência
2 Os problemas ligados à violência são numerosos, complexos e de natureza distinta.
3 Violência Sociologia: causas e efeitos da violência urbana. Antropologia: ritos e manifestações da violência em diversas comunidades. Psicologia: a violência como manifestação inata de instintos primitivos. Direito: legitimidade do seu emprego e sua justificação racional.
4 A violência está ainda enredada em problemas conceituais referentes à distinção entre: Poder X Coação Vontade consciente X pulsão Determinismo X Liberdade
5 A violência é um fenômeno Multicausal Pluridimensional Multifacetado
6 O que é a violência? Toda ação cometida ou omitida que implique a morte de uma ou mais pessoas ou que lhes inflige, de maneira intencional ou não, sofrimento, lesões físicas, psíquicas ou morais contra a sua vontade ou com o concurso da mesma.
7 Questionamentos Por que agimos de forma violenta? Por que somos, em princípio, contra a violência e, em certas ocasiões, a praticamos? Em que situações a violência pode ser praticada? Podem existir uma fundamentação racional e uma justificação moral da violência?
8 Por que morrer e matar de raiva, de fome e de sede são tantas vezes gestos naturais? Caetano Veloso
9 A violência envolve Ações Pessoas Situações
10 A Violência Horroriza Inquieta Constrange Aterroriza Envergonha Revolta
11 A violência e a questão da moralidade A violência pode ser considerada como um ato moralmente negativo, mas nem todo ato moralmente negativo se caracteriza como violento.
12 Violência e poder O poder da violência nem sempre se traduz em violência do poder. Existem formas de poder que são exercidas de maneira não violenta.
13 A violência e seus aspectos físicos Torturas Agressões Homicídios Lesões corporais Maus tratos Sofrimento Roubos Ferimentos Mutilações Mortes
14 O problema social da violência Fragmentação do espaço urbano; Degradação da vida nas grandes cidades; Miséria econômica; Marginalização social; Desemprego.
15 Acesso desigual à terra; Concentração fundiária; Estruturas arcaicas de poder; Violação dos direitos civis dos trabalhadores rurais; Milícias armadas por latifundiários; Precarização das relações de trabalho.
16 Os fatores socioeconômicos são quase sempre necessários para explicar certos tipos de violência, mas não são suficientes para elucidar a sua origem onto-axiológica.
17 A desigualdade social é um fator predisponente e, em alguns casos, condicionante da violência, mas tudo depende do contexto, das relações intersubjetivas, dos fatores psicossociais, da estatura moral dos indivíduos, ou seja, o problema envolve dimensões existenciais complexas.
18 Nosso modo de compreender e definir a violência depende do(a)s: Valores sociais Regras culturais Ordenamentos normativos Circunstâncias históricas
19 O surgimento e o recrudescimento da violência depende do modo como a ela reagimos.
20 Questionamento Por que somos tão instáveis em nossas formas de compreensão e em nossas atitudes de reprovação da violência?
21 Deve-se evitar A naturalização do fenômeno da violência.
22 A violência não é diretamente proporcional ao acirramento da luta pela sobrevivência. Existem muitos atos violentos destituídos de interesse de sobrevivência. A violência = simples instinto de agressão?
23 Agressividade Instinto de combate Todavia, no homem o instinto de combate ultrapassa o interesse de sobrevivência da espécie.
24 Os sistemas de controle (direito, moral, religião) e os ritos de inibição (esportes, artes) da agressividade não conseguem suprimir os impulsos hostis e destrutivos dos homens. Hobbes : Homo homini lupus.
25 Fatores desencadeadores da violência Perda de referenciais éticos Individualismo anárquico Segregação social Cultura do medo Exacerbação dos conflitos Enfraquecimento dos laços de sociabilidade.
26 A adoção de penas draconianas, a ameaça da pena de morte ou a redução do limite etário de imputabilidade também não são suficientes para arrefecer a marcha crescente da violência enquanto fenômeno de sociedade.
27 Banalização da violência Coisificação (reificação) do homem Desumanização dos indivíduos Perseguição/aniquilamento Exclusão/marginalização Eliminação de toda qualidade humana superior.
28 Violência: o que justifica a sua emergência? A impotência da razão (crise da racionalidade)? A fraqueza da vontade (moral hedonista)? O modelo de civilização? O determinismo biológico? A nossa insensibilidade aos fenômenos extremos?
29 Como conter a marcha irrefreável da violência? Fortalecendo uma educação em direitos humanos? Por intermédio de campanhas conscientizadoras? Com o combate ostensivo ao crime organizado? Instituindo uma cultura da paz?
30 Como encontrar respostas ou saídas para o insano, a brutalidade, a selvageria? O espanto e a perplexidade são as únicas armas que nos restam diante da tragédia, do atroz, do mal radical?
31 A violência e a questão do mal O que é o mal? Qual a sua origem? Por que o praticamos?
32 O mal é uma perversão da razão ou é produto da fraqueza da vontade? Em face de tantos genocídios, limpeza étnica, massacre de populações civis, tribalismos e intolerância, como acreditar no progresso moral da humanidade?
33 O mal é uma entidade metafísica, um fato natural ou é produto da decisão humana? Intelectualismo moral socrático ninguém pratica o mal deliberadamente (o mal está ligado à ignorância). Kant mal radical liberdade autonomia da vontade decisão consciente.
34 O problema da radicalidade é substituído hoje pelo da banalidade do mal. (Hannah Arendt) O mal não é obra de uma força demoníaca ou de um gênio maligno. O mal pode originar-se de cidadãos comuns, sujeitos normais, pessoas honestas e responsáveis.
35 Arendt denuncia a normalidade de seus autores. Homens ordinários que se transformam em assassinos cruéis. A ameaça aterradora de indivíduos comuns que se transmutam em diabos com formas humanas.
36 Mal Ordinário Como entender e justificar as numerosas zonas sombrias que habitam nosso comportamento? Como compreender o problema da existência do mal em um mundo governado por um Deus bom?
37 Como aceitar aquilo que não pode ser justificado? O mal desafia o pensamento porque elimina a medida do humano. Como instituir uma cultura da paz num mundo onde os fenômenos extremos são sempre possíveis?
38 Muitas coisas são inquietantes, mas nada é mais inquietante do que o homem.
39 Referências Obras: Eichmann em Jerusalém Condição Humana Hannah Arendt Adaptação de: Manoel dos Passos da Silva Costa
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