EMPREENDEDORISMO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS. Rejane Risuenho i

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1 EMPREENDEDORISMO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Rejane Risuenho i 1

2 O Professor Jean Claude de Araújo, brasileiro, natural e residente em Natal - Rio Grande do Norte, é economista, pedagogo e especialista em educação a distância. É colaborador do Centro Avançado de Ensino - CAdE desde o primeiro dia, que fez agora em dezembro 20 anos, começou na instituição como coordenador de ensino. Hoje Jean é vice-diretor. O CAdE é uma rede com 3 filiais, uma unidade do Centro de Natal, uma unidade da zona norte e outra filial em Parnamirim, a estrutura conta também com uma pequena franquia em Macaíba, em um colégio funcionando a noite. O CAdE começou com uma proposta de trabalhar com a Educação de Jovens e Adultos EJA. Tinha um sistema de ensino tradicional, o aluno assistia aula, fazia testes, provas. Só que depois de cinco anos, perceberam que o volume de alunos aumentou e os resultados eram cada vez mais negativos, com um índice de reprovação muito alto, em média de 100 alunos onde 40 não concluíam o curso. Isso fez com que Jean contratasse psicólogos, pedagogos e formasse uma equipe pedagógica também voltada para a questão da inteligência socioemocional. Fizeram um estudo e traçaram um perfil analítico dos alunos, a primeira coisa observada foi que esses alunos não possuíam uma autoestima muito elevada. Então o que fazer? BUSCANDO SOLUÇÕES INOVADORAS DE EDUCAÇÃO Procuraram identificar quais elementos que causavam isso, a partir da família até a escola. Surgiu a necessidade de quebrar o paradigma de que o aluno precisava ser avaliado quantitativamente e pontualmente. Começaram a fazer estudos, pesquisaram alguns teóricos e identificaram que era importante que o aluno aprendesse aquilo que era mais significativo em cada conteúdo, deixamos de adotar os livros padrões, abriram uma gráfica dentro do CAdE e hoje os próprios professores produzem o material didático. Atualmente o CAdE trabalha através de eixos avaliativos: Os eixos avaliativos são divididos em 4 fases. A primeira fase - frequência, diz respeito à ideia de que o aluno presente independe se for do nível fundamental ou médio, ele precisa visualizar o mundo do trabalho, então começaram a trabalhar com questão de pontualidade, disponibilidade, tiraram a responsabilidade do professor de fazer a frequência e informatizaram essa 2

3 atividade, o aluno recebe um cartão eletrônico e a partir do momento que o aluno faz sua matricula, ele já tem 10% da sua nota (0 a 10, com média 6), são dois bimestres, onde o aluno faz uma série a cada 6 meses, então ele já recebe 100% de sua frequência nesses dois bimestres assim que é feita a matrícula. Existem os horários estabelecidos para que esse estudante registre com o cartão eletrônico presencialmente, assim como em uma empresa, ele tem que chegar nos horários estabelecidos. Se todos os dias, no horário correto, ele registrar com o cartão, já garante a sua nota de frequência. A partir desse eixo de frequência, já conseguiram analisar que a evasão/reprovação nos estudos não passa de 5 alunos. O segundo é o eixo avaliativo do professor. É compartilhado a ideia de que o professor é responsável por avaliar integralmente o aprendizado do aluno, sendo assim, o professor só avalia 40% da nota do aluno (0 a 4). Mas como ele faz parte de todo o processo de aprendizagem, entenderam que o aluno precisa aprender a ser avaliado individualmente e coletivamente, 50% de avaliações do professor devem ser feitas individualmente, diante do eixo do professor tem uma parte das atividades que vai até um ponto onde o professor dirige, escolhe como ele vai avaliar aluno por aluno. Atualmente o mapa mental é uma ferramenta real no CAdE, através do mapa descobriram os alunos que tem dificuldade em aprender, por não conseguirem organizar cronologicamente o conteúdo, eles começam a desenvolver por conta dessa ferramenta. A exemplo de um aluno que não conseguia juntar 3 ideias, hoje ele já consegue apresentar temas a partir de imagens e não por palavras-chaves, ele fotografou o processo através dessa ferramenta e isso é uma atividade obrigatória de todo professor. O terceiro eixo é o da redação. É trabalhado com todos os alunos do ensino fundamental e médio, e antes do Enem ser considerado como avaliação de inclusão, o CAdE já trabalhava com simulados e redação. A média de alunos que fazem o Enem, mesmo sendo do EJA, grande parte está acima da média, a maioria consegue mais que 5 pontos na redação. E por último, o eixo simulado do conhecimento, esse eixo é administrado pelos professores, três semanas antes da conclusão do bimestre é postado nas redes sociais e nos murais de aviso, os alunos fazem um simulado no mesmo sistema da redação, ele recebe um caderno com questões e gabarito, é estipulado um horário para essa realização, não pode sair antes dos 40 minutos de prova e ele pode levar o 3

4 caderno de questões para casa, depois divulgam as respostas corretas para análise e essa nota do simulado também vale para todas as disciplinas. PARCERIA COM O SEBRAE Em busca de informações para a Feira de Ciências descobriram o Sebrae. O cortejo do Sebrae foi muito grande, não foi do dia para a noite que conseguimos, até porque soubemos do conceito de credibilidade que a instituição tem no mercado, desde o primeiro momento, vi que tinha alguma coisa no Sebrae que podia fazer com que nós atrelássemos a ideia do empreendedorismo dentro do CAdE, eu sempre fui muito defensor da ideia que nós deveríamos ser, a todo tempo, empreendedores. Antes de conhecer o Sebrae, nós fizemos um curso na Universidade de Potiguar Professor Empreendedor, e conseguimos que mais de 90% dos professores fizessem o curso que a partir daí criou-se um estímulo aqui dentro. Foi daí que criamos a Feira de profissões e empreendedorismo no CAdE, a ideia da feira era trazer professores e profissionais para falar um pouco nas salas de aulas, um pouco de como ser um empreendedor, do que é ser um empreendedor, nessa oportunidade nos apresentaram todos os projetos do Sebrae sobre educação empreendedora e vimos que o Crescendo e Empreendendo se encaixava bem ao perfil dos estudantes da EJA, até porque uma das grandes dificuldades que temos aqui é a temporalidade, pois nosso tempo é compactado, temos que trabalhar conteúdo/programa de um ano em 4/6 meses, Relata Jean. A partir do momento que começaram a trabalhar o conceito de empreendedorismo, e o Crescendo e Empreendendo os motivou a explorar, começaram a fazer um estudo pensar na ideia de criar uma incubadora de como iriam fazer essa relação das disciplinas com a microempresa. Alguns professores tiveram a ideia, daí surgiu a primeira Feira CAdE, onde apresentaram as empresas, exemplo: tem uma empresa que compete à disciplina de química, o aluno do segundo ano foi contemplado para 4

5 estudo juntamente com essa empresa por estar estudando misturas e soluções e juntos pensaram em uma empresa de coquetel. Já temos outros que trabalham com temas de prevenção de bebidas alcoólicas. Os estudantes desse grupo montaram um empreendimento servindo coquetéis em festas e isso começou no CAdE, os professores ensinaram a prática de produção de hortaliças em casa e eles usam como matéria prima para produção dos coquetéis Houve um grupo de alunas que foram, no primeiro ano, contempladas com a disciplina de história, e no momento estavam estudando a abertura política, e pensaram como vamos abrir uma empresa para falar da abertura política? Foi sugerida uma empresa de moda, então as alunas abriram uma loja virtual e as alunas começaram a vender roupas pela internet. A parceria com o Sebrae fez com que o CAdE conhecesse mais sobre educação empreendedora e entendesse que juntos poderiam contribuir para a construção de um novo perfil de estudante, pautado em um modelo de educação que favorece metodologias criativas, linguagem adequada e compromisso com a realidade local. O curso Crescendo e Empreendendo é ofertado para os estudantes que estão concluindo o ensino fundamental e médio. Em média estudantes saem certificados com esse conteúdo de empreendedorismo ao ano. Segundo o vice-diretor a partir do momento que começou a trabalhar com empreendedorismo no CAdE mudou tanto a vida dos professores como dos alunos, começando por ele que se percebe como dentro do perfil de pessoas capazes a empreender. Atualmente a instituição é referência na cidade por trabalhar o tema do empreendedorismo na educação formal, os professores estão sempre sendo convidados a ministrarem palestra e apresentarem seus projetos, em Universidades e outras empresas para levar um pouco da experiência vivenciada no CAdE. Questões e Reflexões 1. Identifique três principais características empreendedoras desenvolvidas por Jean. 5

6 2. Avalie a influência do comportamento empreendedor na trajetória de Jean no CADE. 3. A busca por parceria externa foi uma boa prática? Por que? 4. Cite exemplos de formas de engajamento dos alunos para a temática do empreendedorismo. 5. Se você tivesse a oportunidade sugerir mais um eixo complementar, qual seria? i Rejane Botelho Parente Risuenho, pedagoga, especialista em Educação Empreendedora pela PUC Rio e Gestão de Projetos pela Faculdade Católica do Tocantins, Coordenadora do Programa Nacional de Educação Empreendedora do Sebrae Nacional. 6