AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA CELULOSE OBTIDA ATRAVÉS DA MADEIRA DE PINUS SP. ATACADA POR ANIMAIS
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1 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA CELULOSE OBTIDA ATRAVÉS DA MADEIRA DE PINUS SP. ATACADA POR ANIMAIS Wilson Ramos (CEEP) Rogerio dos Santos Soares (CEEP) EBERSON P. CAMARGO (CEEP) Joao Paulo Pereira da Luz (CEEP) Luiz Rodrigo Ferreira da Silva (CEEP) O pinus, matéria-prima na produção de celulose de fibra longa, é uma espécie que suporta temperaturas baixas e pode ser plantada em solos rasos e declives onde outras espécies de árvores não podem ser reflorestadas. Ele é composto por fibras longas que são muito resistentes e ótimas para a produção de vários tipos de papéis, mas pode ser atacado por diversas pragas como a formiga, a vespa da madeira, por pulgões e por animais como o macaco-prego. O presente estudo teve por objetivo quantificar a porcentagem de madeira atacada que pode ser processada com as madeiras sadias sem influenciar a qualidade da celulose. A metodologia utilizada inclui revisão da literatura sobre o problema de pesquisa, a produção da celulose em
2 laboratório (SENAI Jaguariaíva) e testes físicos em folhas de papel produzidas. As matérias-primas foram fornecidas pela empresa Pisa S.A, única produtora de papel jornal do país. Comparando-se os testes em polpas com madeiras sadias e madeiras atacadas por animais, os resultados apontaram que há redução da qualidade da polpa e consequentemente do papel fabricado com o uso de madeiras atacadas. O presente trabalho recomenda a não utilização de madeiras atacadas por animais no processo de fabricação de celulose. Palavras-chave: Fabricação de celulose, Matéria-prima, Testes físicos do papel. 2
3 1. Introdução Com o avanço dos processos industriais a busca pela melhoria contínua é constante. Na melhoria contínua busca-se melhor processo industrial visando aumento de produção, melhor qualidade de seus produtos e, consequentemente, a melhor matéria-prima. Considerando a produção de papel sob esse aspecto, há estudos que comprovam que, o ataque de animais às árvores utilizadas na fabricação de celulose, ocorre a perda da qualidade da madeira utilizada no processo produtivo. Com isso em mente, esse trabalho objetivou quantificar a porcentagem de madeira atacada que pode ser processada com as madeiras sadias sem influenciar a qualidade da celulose. A metodologia inclui a revisão da literatura sobre o problema de pesquisa, a descrição do processo de fabricação de celulose, a produção da celulose em laboratório (SENAI Jaguariaíva) e testes físicos em folhas de papel produzidas. As matérias-primas foram fornecidas pela empresa Pisa S.A, única produtora de papel jornal do país. A empresa localiza-se em Jaguariaíva-PR, a 230 km de Curitiba, e é uma das unidades de negócio do grupo chileno Papeles Bio Bio, O teste de rasgo demonstrou que as folhas com menor teor de madeira atacada são mais resistentes do que as folhas que contêm maior teor de madeira atacada. Notou-se também que, à medida em que aumenta-se o percentual de madeira atacada no processo, reduz-se a resistência à tração, diminuindo a qualidade da polpa processada e, consequentemente, do papel fabricado. O teste de estouro apresentou uma perda de qualidade de 33,4% na folha produzida com 100% de madeira atacada em relação à folha produzida com 100% de madeira sadia. A celulose produzida com madeira atacada por animais tem qualidade inferior a polpas produzidas com madeira sadia. Portanto, recomenda-se a não utilização de madeiras atacadas por animais no processo de fabricação de celulose. 3
4 2. Matéria-prima: pinus O pinus é uma espécie que suporta temperaturas baixas e pode ser plantada em solos rasos e declives onde outras espécies de árvores não podem ser reflorestadas. O rápido crescimento das árvores de Pinus taeda, aliado às características e qualidade da sua madeira (polpa e papel, chapas, construção civil, mobiliário etc.), resultaram na expansão das plantações florestais a partir da década de 1960 (KRONKA et al., 2005). Ele é composta por fibras longas que são muito resistentes e ótimas para a produção de vários tipos de papéis. Ocupam mais de 400 mil hectares, corresponde a aproximadamente 20% de florestas destinadas a fábricas de celulose no Brasil. Com o melhoramento genético, o pinus tornou-se uma matéria-prima ainda mais viável com o decorrer dos anos (BRACELPA 2013). O pinus pode ser atacado por diversas pragas como a formiga, a vespa da madeira e por pulgões. Há redução significativa no desenvolvimento das plantas de pinus taeda quando atacadas por formigas cortadeiras durante os primeiros 24 meses de idade o que afeta o índice produtividade (CANTARELLI et al, 2008). A vespa da madeira é outra praga dessa cultura a ser levada em conta. Quando atacadas, as árvores apresentam sintomas externos como o amarelecimento da copa até atingir coloração marrom-avermelhada da folhagem e perda das acículas. A presença de manchas marrons, logo abaixo da casca, é um dos sintomas internos (IEDE; ZANETTI, 2007). Outra ameaça ao pinus é o macaco-prego [Cebus nigritus (Primates: Cebidae)], espécie endêmica da Floresta Atlântica (latu sensu) e distribuída pelo Sul e Sudeste do Brasil e Noroeste da Argentina (MIKICH, LIEBSCH, 2009). De acordo com os autores Mikich e Liebsch (2014) o dano é causado quando o animal retira a casca (súber) para se alimentar da seiva elaborada e de tecidos vasculares subjacentes, comprometendo o crescimento e até mesmo a sobrevivência da árvore. Isso possibilita o ataque de organismos patogênicos ou insetos dependendo da extensão do dano. A Figura 5 apresenta o dano do tipo anelado onde o descascamento se dá em toda a circunferência do caule, causando um anelamento. 4
5 Figura 1- Árvore atacada pelo macaco Fonte: Liebsch (2009). As espécies mais preferidas dos macacos pregos são pinus taeda e elliottii que são comum na região Sul do Brasil para a produção de madeira e celulose. Os primatas atacam quase sempre o terço superior da árvore, causando às vezes um anelamento pela retirada da casca, consequentemente esta parte seca e posteriormente, cai principalmente pela ação do vento (ROCHA, 2.000). 2.1 Produção de celulose 5
6 A madeira é uma matéria-prima formada por fibras em múltiplas camadas ligadas entre si pro forças interfibrilares e pela lignina, que age como ligante (CARDOSO, 2009). A lignina é uma substância química que confere rigidez à parede da célula e, nas partes da madeira, age como agente permanente de ligação entre as células, gerando uma estrutura resistente ao impacto, compressão e dobra. A madeira utilizada como matéria-prima para a produção da pasta celulósica no Brasil vem de diferentes espécies de Eucalipto e Pinus, que são selecionadas para reflorestamento é devido ao seu rápido crescimento. Após o descascamento, as toras são reduzidas a fragmentos denominados cavacos, cujo tamanho facilita o manuseio e a penetração do licor do cozimento, além de minimizar o teor dos rejeitos. O licor de cozimento (licor branco) é a solução contendo produtos químicos ativos de cozimento dos cavacos: hidróxido de sódio (NaOH) e sulfeto de sódio (Na2S). A operação de cozimento dos cavacos se dá em vasos de pressão denominados digestores batches. Essa operação separa a lignina das fibras de celulose, convertendo-a em componente solúvel no licor de cozimento (CARDOSO, 2009). A carga de cavaco e licor branco é introduzida no digestor, cuja tampa é fechada. O vapor então é admitido pelo fundo do digestor, para aquecimento da massa e cozimento, conforme o programa determinado. O condensado mistura-se ao licor, que se dilui progressivamente. A pressão do sistema cresce de forma paralela, acrescida do efeito dos gases não condensáveis, desprendido durante o processo (CARDOSO, 2009). O grau de cozimento (número Kappa) indica até que ponto se consegue separar a lignina das fibras durante o cozimento e é considerada a forma mais importante de se acompanhar o comportamento desse processo (CARDOSO, 2009). A carga de álcali é a quantidade de produtos químicos NaOH e Na2S proporcional à quantidade de madeira que ingressará no licor de cozimento. A relação licor/madeira é a quantidade de líquido presente no digestor (H2O na madeira, licor branco, licor negro, condensado do vapor, etc.) (CARDOSO, 2009). O rendimento é uma das variáveis mais importantes sob o ponto de vista econômico, e no processo produtivo de papel o rendimento é a relação entre a polpa produzida e a madeira 6
7 alimentada. Segundo Cardoso (2009), é importante observar os fatores que influenciam o rendimento, como a espécie de madeira, o cozimento desuniforme, etc. A refinação das pastas celulósicas é o tratamento mecânico das fibras cujo principal objetivo consiste em melhorar a capacidade das fibras unirem-se umas às outras, a fim de que seja possível a obtenção de uma folha de papel homogênea e resistente aos esforços mecânicos a que estiver sujeita, seja durante o processo de consolidação na máquina de papel, ou durante sua etapa de acabamento e conversão, ou ainda, durante sua aplicação final (CAMPOS, 2010). 2.2 Propriedades mecânicas de resistência do papel A resistência do papel é essencial nos casos em que o papel deve resistir a um esforço aplicado. Esta resistência, sendo um termo vago, precisa ser identificada quanto à sua natureza, como, por exemplo, resistência à tração, resistência ao rasgo resistência ao arrebentamento ou estouro (KLOCK; ANDRADE; HERNANDES, 2013) Teste de tração A resistência à tração é relacionada com à durabilidade e utilidade de um papel, em aplicações sujeitas a forças de tensão direta, como em embalagens. No caso de papéis de impressão, a resistência à tração indica a probabilidade de ruptura quando são sujeitos à tensão exercida durante o processo de impressão (KLOCK; ANDRADE; HERNANDES, 2013). O aparelho usado para determinar a resistência à tração é o dinamômetro, e os valores obtidos são reportados em kn.m- 1, isto é, divide a carga de ruptura pela largura do corpo de prova Teste de rasgo A resistência ao rasgo mede o trabalho necessário para rasgar o papel, a uma distância determinada, depois do rasgo ter sido iniciado por meio de uma faca adaptada ao aparelho. O teste de resistência é medido em um aparelho tipo pêndulo Elmendorf, no qual os corpos de 7
8 prova de dimensões especificadas são presos entre duas garras. O pêndulo é solto de forma a completar o rasgo iniciado, sendo o trabalho despendido nesta operação marcado em uma escala graduada de 0 a 100 gf, fixada no próprio aparelho. A força média necessária para rasgar uma só folha com a distância fixada é expressa em Mn (KLOCK; ANDRADE; HERNANDES, 2013) Teste de estouro (arrebentamento) O ensaio de resistência ao arrebentamento ou estouro é um dos mais antigos e, por ser simples, ainda é usado nas fábricas, no controle de rotina e para caracterização do papel. A resistência ao estouro é definida como a pressão necessária para produzir o arrebentamento do material, ao se aplicar uma pressão uniformemente crescente, transmitida por um diafragma elástico, de área circular. O corpo de prova, submetido ao ensaio, é preso rigidamente entre dois anéis concêntricos. De acordo com Klock, Andrade e Hernandes (2013), a resistência ao arrebentamento é controlada por diversos fatores como a refinação, por exemplo. A resistência ao arrebentamento aumenta com crescente refinação e a baixa resistência ao arrebentamento pode ser atribuída, em parte, ao corte das fibras durante o processo de refinação. 3. Metodologia Esta seção descreve a metodologia empregada neste trabalho, incluindo sua caracterização e os procedimentos e instrumentos utilizados. Para Gil (1999, p. 42) a pesquisa pode ser definida como o processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos. Quanto a seu objeto, o presente trabalho classifica-se como uma pesquisa de laboratório. Para Vergara (2010, p. 43) pesquisa de laboratório é experiência realizada em local circunscrito, já que no campo seria impossível realizá-la. Gil (2006, p. 66) complementa que um experimento ou situação criada em laboratório tem a finalidade de observar, sob controle, a relação existente entre fenômenos ou situações, ou seja, busca saber se um fenômeno é a 8
9 causa do outro. Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, o presente trabalho classificase como pesquisa experimental que, segundo Gil (2002), consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. O presente trabalho foi desenvolvido no laboratório móvel de papel e celulose da unidade SENAI de Jaguariaíva, no estado do Paraná. Todas as análises e testes foram realizados em acordo com as normas técnicas para celulose e papel, tais como: ABNT, NBR e TAPPI. A Figura 2 apresenta as etapas do processo para a obtenção da polpa para a formação da folha e a partir desta folha, a realização dos testes físicos. Figura 2- Fluxograma do processo Fonte: Autores (2016) Logo após a obtenção da polpa, criou-se o fluxograma para explicar o processo de formação da folha de papel com suas respectivas composições para a elaboração dos testes físicos de todas as amostras. A Figura 3 apresenta esse fluxograma explicativo. 9
10 Figura 3- Composição da folha Fonte: Autores (2016) No setor de preparo de madeira da empresa PISA S.A, as madeiras obtidas foram separadas em toretes, com distinção entre as madeiras atacadas e as madeiras sadias. Após a classificação, os toretes foram picados no picador principal da empresa e convertidos em cavacos. A madeira em forma de cavacos foi dividida em dois lotes: o lote 01 foi destinado à madeira sem ataque e o lote 02, à madeira atacada por macacos-prego. Realizou-se a análise da umidade para as amostras 01 e 02 seguindo a NBR Determinação do Teor de Umidade de Cavacos Método por secagem em estufa. O Método consiste em separar uma fração da amostra, aferir o seu peso inicial em uma balança analítica, acondicionar em uma estufa com a temperatura controlada em 100 C por 24 horas e após este tempo aferir novamente seu peso, retornar a estufa por mais 30 minutos e novamente aferir seu peso, repetindo o processo até que a amostra obtenha um peso constante. 4.0 Resultados e discussão As propriedades dos papéis são determinadas em ambiente padronizado por serem muito dependentes do conteúdo de umidade. Os ensaios podem ser de natureza mecânica (resistência à tração, ao arrebentamento, ao rasgo), de natureza ótica (alvura, opacidade, brilho e cor), de natureza química (ph, umidade), de natureza elétrica (rigidez dielétrica, 10
11 condutividade), propriedades superficiais (lisura), e permeabilidade a fluidos (resistência à passagem do ar). 4.1 Cozimento O licor branco é o licor de cozimento que impreguina os cavacos durante o cozimento em digestor. Para a análise deste elemento seguiu-se a normatização TAPPI T-624. O licor branco é preparado na planta de caustificação, e a sua concentração, expressa em termos de NaOH, varia de 130 a 140 g/l. A carga de licor branco é estabelecida volumetricamente, em função da madeira seca alimentada ao processo. A concentração uniforme do licor de cozimento é tão importante quanto a carga de álcali aplicada no processo, e variações na concentração do licor alteram a carga de álcali e a qualidade da polpa Após a análise do licor e da umidade das amostras, procedeu-se com o cozimento das mesmas em digestor de laboratório segundo a norma técnica. Realizou-se um cozimento para cada amostra, em digestor rotativo de aço inoxidável composto por uma cápsula, aquecido eletricamente e dotado de controle de tempo e temperatura automática. As condições experimentais dos cozimentos (Processo Kraft) para o estudo são apresentadas na Tabela1. Tabela 1- Parâmetros de controle das amostras Parâmetros de controle Amostra N 0 1 Amostra N 0 2 Quantidade de cavacos base seca (gramas) Umidade do cavaco (%) Rendimento bruto (%) Álcali ativo (g/l) Sulfidez (%) Relação: licor madeira Temperatura máxima ( 0 C) ,89 30,4 0 4 : ,75 42,60 30,4 0 4 :
12 Tempo até a temperatura máxima (min.) Tempo na temperatura máxima (min) Fator H Número Kappa Viscosidade (mpa.s) ,17 17, min ,19 17,55 Fonte: Autores (2016) 4.2 Lavagem e depuração da polpa Após cada cozimento, as polpas foram retiradas do digestor e lavadas com o objetivo de se retirar todos os resíduos de licor e lignina que ficam presentes na polpa após o cozimento. O processo constitui-se em coletar a polpa após a saída do digestor, levá-la a um local com torneira e água corrente, colocá-la em uma peneira e lavá-la com água corrente até a polpa parar de liberar resíduos. Em seguida, a polpa foi centrifugada, com o objetivo de retirar a água, e depurada, visando a separação do rejeito por meio físico. 4.3 Refinação Após a depuração, as polpas celulósicas obtidas passaram por processo de refinação em laboratório, mediante a utilização do refinador Bauer. O processo de refinação foi conduzido em tempos iguais para as duas polpas. Para a determinação da resistência à drenagem, foi utilizado o aparelho Schopper-Riegler. A Tabela 2 apresenta os resultados obtidos no processo de refinação. Tabela 2 - Refinação Parâmetros de controle Amostra N 0 1 Amostra N 0 2 Consistência (%) Tempo (min.) Grau Schopper-riegler ( 0 SR) , Fonte: Autores (2016) 12
13 4.4 Formação das folhas Para a formação das folhas, foi utilizado um formador tipo Rapid-Köethen e formado folhas de 70 g/cm 2, a partir da polpa sem ataque, da polpa misturada e da polpa atacada, conforme apresenta a Tabela 3. Tabela 3- Composição da folha formada Identificação das folhas Folha 01 Folha 02 Folha 03 Folha 04 Folha0 5 % sem ataque % com ataque Fonte: Autores (2016) As folhas de papel fabricads foram estocadas em ambiente climatizado. Após entrarem em equilíbrio com o ambiente, as folhas foram destinadas à realização de testes físicos e mecânicos no laboratório de Papel e Celulose do SENAI. Estes testes seguiram as normas da Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP) e TAPPI recomendadas pelo laboratório. 4.5 Ensaios físicos e mecânicos no papel Todos os ensaios foram realizados separadamente por folha. As propriedades analisadas foram: resistência à tração (kn/m), índice de tração (N.m/g), resistência ao rasgo (mn), índice de rasgo (mn.m2/g), e resistência ao estouro (kpa) Rasgo A Tabela 4 apresenta o resultado dos testes de rasgo em cada folha formada. Foram efetuados três testes por folha. 13
14 Tabela 4- Teste de rasgo N 0 de Testes (mn) Folha 1 Folha 2 Folha 3 Folha 4 Folha 5 Teste 1 Teste 2 Teste 3 18,4 17,2 15,4 13,3 13,8 13,8 12,0 15,2 13,3 13,3 12,0 12,4 11,7 13,0 11,7 Média 17,0 13,6 13,5 12,4 12,1 Fonte: Autores (2016) Os resultados da tabela 4 apontam que as folhas com menor teor de madeira atacada são mais resistentes ao rasgo do que as folhas que contêm maior teor de madeira atacada Tração A Figura 4 apresenta a média dos resultados dos testes de resistência à tração em cada folha formada. Foram efetuados dez testes para cada folha. Figura 4- Resistência à tração 0,60 0,58 0,56 0,54 0,52 0,50 0,48 0,46 0,44 Folha 1 Folha 2 Folha 3 Folha 4 Folha 5 Fonte: Autores (2016) Os dados da Figura 4 demonstram que aumentar o percentual de madeira atacada no processo causa uma queda na resistência à tração, o que por sua vez diminui a qualidade da polpa processada e, consequentemente, do papel fabricado. 14
15 4.5.3 Estouro A resistência ao estouro, pressão máxima que uma única folha de papel pode suportar sob as condições de ensaio, foi determinada através de equipamento do tipo Mullen Digital. A resistência ao arrebentamento (RA), expressa em quilo pascal (kpa), é dada pela relação entre a média das leituras (A), em kpa, e o número de folhas ensaiadas (n). Foram efetuados oito testes em cada folha. Este procedimento seguiu as recomendações da Norma ABTCP P8:1994 Papel Determinação da resistência ao arrebentamento. A Tabela 5 apresenta os resultados dos testes de estouro. Tabela 5- Teste de estouro N 0 de Testes (Kpa) Folha 1 Folha 2 Folha 3 Folha 4 Folha 5 Teste 1 65,224 59,226 47,160 42,127 43,161 Teste 2 54,193 59,226 38,128 41,162 34,129 Teste 3 58,192 51,159 40,128 44,195 35,163 Teste 4 61,225 48,194 46,195 42,127 36,129 Teste 5 57,227 67,224 37,163 40,128 43,161 Teste 6 48,194 45,161 35,163 37,163 38,128 Teste 7 57,227 43,161 33,095 37,163 38,128 Teste 8 50,194 47,160 37,163 36,129 40,128 Média 57,227 49,667 37, ,128 Fonte: Autores (2016) Os resultados demonstram que o teste de estouro também é afetado pelo aumento da proporção de polpa atacada por macacos-prego na formação da folha. A folha 1 foi fabricada com 100% de madeira sadia e a folha 5 com 100% de madeira atacada por animais, e os testes confirmam que há uma perda de qualidade de 33,4%. 5.0 Considerações finais Estudos apresentados por Ramos et al (2014) sugeriram que as madeiras danificadas por animais poderiam ser utilizadas no processo de fabricação de celulose, desde que dosadas em porcentagens variadas. No entanto, os testes físicos realizados no presente trabalho indicam 15
16 que a polpa produzida com madeira atacada por animais pode comprometer a qualidade final da celulose e consequentemente a produção de papel, mesmo utilizando-se de pequena porcentagem dessa madeira no processo produtivo. A celulose produzida com madeiras que foram atacadas por animais tem qualidade inferior a polpas produzidas com madeiras sadias. Dessa forma, recomenda-se a não utilização de madeiras atacadas por animais no processo de fabricação de celulose. 6.0 Agradecimentos Os autores agradecem a fábrica de papel jornal Papeles Bio Bio, por ter colaborado com essa pesquisa. Ao SENAI pela disponibilização do laboratório móvel. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CELULOSE E PAPEL - BRACELPA. Relatório estatístico da BRACELPA. São Paulo, Disponível em: < Acesso em: maio CAMPOS, Edison da S. Curso básico de fabricação de papel com ênfase nas propriedades dos papéis de fibra curta. Disponível em: < >. Acesso em: maio, CANTARELLI, Edison B. et al. Quantificação das perdas no desenvolvimento de pinus taeda após o ataque de formigas cortadeiras. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 18, n. 1, p , jan.-mar., Disponível em: < Acesso em: maio, CARDOSO, Gilson da Silva. Fabricação de celulose. 2ed. Curitiba, p. GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa social. 5. ed. São Paulo:Atlas, IEDE, Edson Tadeu and ZANETTI, Ronald. Ocorrência e recomendações para o manejo de Sirex noctilio Fabricius (Hymenoptera, Siricidae) em plantios de Pinus patula (Pinaceae) em Minas Gerais, Brasil. Rev. Bras. entomol. [online]. 2007, vol.51, n.4. Disponível em: 16
17 < Acesso em: maio, KLOCK, Umberto; ANDRADE, Alan S.; HERNANDEZ, José A. Manual didático polpa e papel 3 ed revisada. Curitiba, Disponível em: < > Acesso em: maio, KRONKA, Francisco J. N, Bertolani F, Herrera Ponce R. A cultura do Pinus no Brasil. São Paulo: SBS; p. MIKICH, Sandra Bos ; LIEBSCH, Dieter. Damage to forest plantations by tufted capuchins (Sapajus nigritus): Too many monkeys or not enough fruits? Forest Ecology and Management. Volume 314, 15 February 2014, Pages Disponível em: < Acessado em: maio, MIKICH, Sandra Bos ; LIEBSCH, Dieter. O Macaco-prego e os Plantios de Pinus spp. Comunicado técnico.colombo, PR. Setembro Disponível em: < >. Acesso em: maio, RAMOS, Wilson et al. O impacto da qualidade da madeira na fabricação de papel: um estudo em madeiras de pinus danificadas por animais. In: XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO, 2014, Curitiba. Anais...Curitiba, Disponível em: < Acesso em: maio, ROCHA, V.J. Macaco-prego: como controlar esta nova praga florestal? Floresta, 30(1-2): 95-99, Disponível em: <revistas.ufpr.br/floresta/article/download/2329/1947> Acesso em: maio,
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