UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ MESTRADO EM EDUCAÇÃO LIMITES E POSSIBILIDADES DA UTILIZAÇÃO DE SITES E SOFTWARES EDUCATIVOS NA REDE PÚBLICA DE ENSINO
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1 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ MESTRADO EM EDUCAÇÃO LIMITES E POSSIBILIDADES DA UTILIZAÇÃO DE SITES E SOFTWARES EDUCATIVOS NA REDE PÚBLICA DE ENSINO ALVARO CAETANO PIMENTEL SOBRINHO Rio de Janeiro 2006
2 II ALVARO CAETANO PIMENTEL SOBRINHO LIMITES E POSSIBILIDADES DA UTILIZAÇÃO DE SITES E SOFTWARES EDUCATIVOS NA REDE PÚBLICA DE ENSINO Dissertação de Mestrado, apresentado ao programa de Pós- Graduação em Educação da Universidade Estácio de Sá na área de Tecnologias da Informação e Comunicação nos Processos Educacionais. ORIENTADOR: Profª. Drª. Lina Nunes Rio de Janeiro 2006
3 III Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) P644 Pimentel Sobrinho, Álvaro Caetano Limites e possibilidades da utilização de sites e softwares educativos na rede pública de ensino / Álvaro Caetano Pimentel Sobrinho. Rio de Janeiro, f. ; 30 cm. Dissertação (Mestrado em educação) Universidade Estácio de Sá, Inclui bibliografia. 1. Tecnologia educacional. 2. Ensino auxiliado por computador. 3. Educação para o trabalho. I. Título. CDD
4 IV
5 V DEDICATÓRIA Deus é testemunha de que sem meus amores Giuliana, Álvaro Henrique e Marta, principalmente, pela fonte de amor, inspiração e paciência, eu nada teria conquistado.
6 VI AGRADECIMENTOS À profª Drª Lina Cardoso Nunes por ter me dado um valor e reconhecimento além do que julgo merecer. Às profª Drª Lúcia Goulart Vilarinho e Neise Deluiz meus agradecimentos são pelo incentivo e carinho aos longos desses anos. Agradeço às minhas amigas Ana Paula, Ingrid e Margarida que me deram a base para eu tomar decisões importantes com seus trabalhos de bastidores. Aos ilustres amigos, alunos como eu, que me empurraram e me enriqueceram com suas incontáveis experiências. Aos professores que participaram de minha formação pessoal e profissional sendo, dessa maneira, os principais responsáveis pela minha nova visão de humanidade. A meu saudoso amigo e Pai, Nélio, a quem espero ter honrado pelos valores éticos que apreendi, e a minha Mãe, Alzira, por ensinar-me que se deve lutar sempre, desistir, jamais. A meus filhos Giuliana e Álvaro Henrique, pelos seus exemplos de amor, segurança e compreensão. À minha mulher, Marta, que ao longo de suas conquistas mostrou-me que mesmo diante de hostilidades, com perseverança, se atinge o objetivo desejado. Por fim, a Deus e a seu filho Jesus, meus companheiros de todas as horas, que ouviram meus lamentos noturnos fornecendo-me força, energia, vontade de vencer e muita fé para encerrar este ciclo em minha vida. MUITO OBRIGADO!!! Andá com fé eu vou Que a fé não costuma faiá (Gilberto Gil)
7 VII (...) E ali logo em frente A esperar pela gente o futuro está E o futuro é uma astronave Que tentamos pilotar Não tem tempo nem piedade Nem tem hora de chegar Sem pedir licença muda nossa vida E depois convida a rir ou chorar Nessa estrada não nos cabe Conhecer ou ver o que virá O fim dela ninguém sabe Bem ao certo onde vai dar (...) (Toquinho e Vinícius de Moraes) Um país que exclui, que não se organiza para propiciar trabalho, emprego, renda para todos os seus habitantes, não é ético; é perverso. Uma economia que não integra todas as pessoas não é ética. Uma sociedade que só oferece possibilidades (...) para uma minoria e que deixa a maioria à margem, à mingua, não é democrática; é imoral. 1 1 RODRIGUES e SOUZA, 1994, p. 40 (Herbert de Souza Betinho foi sociólogo e o idealizador da campanha Ação da Cidadania contra a Miséria e pela Vida que tem como ideologia a erradicação da exclusão social e da fome no país.)
8 VIII RESUMO Este estudo teve como objetivo investigar se os professores estão preparados para utilizar sites e softwares educativos nas Salas de Informática do Ensino Fundamental da rede municipal do Rio de Janeiro oferecidos pela Secretaria Municipal de Educação. O trabalho teve como referenciais teóricos Alarcão (2003), Belloni (2001), Freire (1998), Hobsbawm (1995), Lévy (2000), Morin (2000), Rosnay (2000) e Valente (1999), que fundamentaram os resultados obtidos da análise qualitativa. Os instrumentos utilizados na pesquisa de campo foram as observações e questionários abertos. O lócus da pesquisa foram as Salas de Informática, as Salas de Leitura Pólo e o Pólo de Educação pelo Trabalho de duas escolas, pertencentes à 7ª CRE em Jacarepaguá na cidade do Rio de Janeiro, entre janeiro de 2004 e dezembro de O resultado apresenta as contribuições dos sites e softwares para minimizar a exclusão digital na rede municipal de ensino, e identifica as dificuldades encontradas por educadores e estudantes neste programa de informatização escolar. Da pesquisa educacional, surgiram informações que justificam o desenvolvimento e evolução das inserções do computador como tecnologia para auxiliar no ensino e aprendizagem dos alunos. Entretanto, apesar do interesse e entusiasmo dos estudantes, notou-se algumas vezes por parte dos professores, descrédito, temos e respeito por tudo o que envolve o computador. As observações evidenciam que as dificuldades apresentadas interferem diretamente no trabalho dos regentes das Salas de Informática os quais necessitam de apoio técnico e pedagógico para validarem as propostas de tais Salas. Palavras-chave: Tecnologia de informação e comunicação. Sites e softwares. Sala de Leitura Pólo.Pólo de Educação para o Trabalho. Sala de Informática.
9 IX ABSTRACT This work describe the behavior beyond the use of a educational sites and software in the informatics room of a Fundamental Teaching in the municipal net of a Rio de Janeiro city as from suggestions of a sites and software offering by Secretaria Municipal de Educação. This job has in Alarcão (2003), Belloni (2001), Freire (1998), Hobsbawm (1995), Lévy (2000), Morin (2000), Rosnay (2000) and Valente (1999) a basis to analyze the issues became from qualitative data. Were investigate the Salas de Informática, Salas de Leitura Pólo and the Pólo de Educação pelo Trabalho, of a two schools belongs to 7ª CRE at Jacarepaguá in Rio de Janeiro city, between 2004, January and 2006 December. The result presents the contributions of a sites and software to minimize with the digital exclusion at the teaching municipal net and identify the objections founded by educators and students in the scholar s computerization program. By the educational research, emerge information that justifies a development and evolution of a computer insertion like technology to apply in the instruction and students learning. However, although of an enthusiasm and interesting that is involving the students was observed, sometimes in the teachers, discredit, fear and respect for all that refer a computer. The observations show that the difficulty interfere directly in the job of an informatics room s teacher, of which is needing of a technical support to validate the purpose of these rooms. Key-words: Communication and information technologies. Sites and software. Sala de Leitura Pólo. Sala de Informática.
10 X LISTA DE FIGURAS Figura 1 O mundo informacional 14 Figura 2 Olhar gigante de um satélite 19 Figura 3 O mundo integrado e vigiado 29 Figura 4 Pensamento analógico x digital 35 Figura 5 Relógios 40 Figura 6 Artefatos técnicos 1 43 Figura 7 Artefatos técnicos 2 45 Figura 8 MER 46 Figura 9 Informação com valor de moeda 49 Figura 10 CIO 50 Figura 11 Geração blogada 56 Figura 12 Recruta zero 57 Figura 13 A informática do conhecimento 62 Figura 14 Zé do Boné 71 Figura 15 Nanotecnologia 74 Figura 16 Tíbia Center 77 Figura 17 Diablo 77 Figura 18 Sim city 78 Figura 19 Integração mundial 81 Figura 20 Cibercidade 82 Figura 21 Sala de Informática 86
11 XI LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Questionários enviados x questionários recebidos 96 Gráfico 2 Freqüência na Sala de Informática ótica professor 111 Gráfico 3 Sites e softwares utilizados pelos professores 116 Gráfico 4 Freqüência na Sala de Informática ótica aluno 125 Gráfico 5 Freqüência mensal 128 Gráfico 6 Preferência por softwares da SME 133 Gráfico 7 Preferência livre escolha 133 Gráfico 8 Rejeição aos softwares da SME 134 Gráfico 9 Computador utilizado 136 Gráfico 10 Importância e contribuições da Sala de Leitura 138 Gráfico 11 Contribuição e interesse dos softwares 139 Gráfico 12 Avaliação de softwares, tempo e treinamento 140
12 XII LISTA DE QUADROS Quadro 1 Sites e softwares. 95 Quadro 2 Temas e subtemas professores 97 Quadro 3 Temas e subtemas alunos 119 Quadro 4 Atividades oferecidas x preferidas 123
13 XIII LISTA DE TABELAS Tabela 1 Tipo de Sala 22 Tabela 2 Símbolos de expressões 37 Tabela 3 Emoticons 37 Tabela 4 A linguagem blogada 57 Tabela 5 Medições de bytes
14 XIV SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 1.1- CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA OBJETIVO E QUESTÕES NORTEADAS DE ESTUDO JUSTIFICATIVA METODOLOGIA TIPO DE PESQUISA O LÓCUS DA PESQUISA OS PARTICIPANTES DO ESTUDO INSTRUMENTO DE PESQUISA E COLETA DE DADOS AS ALTERAÇÕES NA TECNOLOGIA E NO ENSINO 2.1- OS AVANÇOS TECNOLÓGICOS AS TRANSFORMAÇÕES DO ENSINO A REFORMA DO PENSAMENTO OS PENSAMENTO ANALÓGICO E DIGITAL AS FORMAS DE COMUNICAÇÃO NO ENSINO A INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR 3.1- O QUE É INFORMAÇÃO A INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES: ASPECTOS LEGAIS O PROFESSOR REFLEXIVO E A GERAÇÃO BLOGADA A INFORMÁTICA DO CONHECIMENTO NA EDUCAÇÃO A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES NAVEGAÇÃO NO CIBERESPAÇO: SITES E SOFTWARES 4.1- A INTERNET: HIPERMÍDIA A FORMAÇÃO DE PROFESSOR PARA O AMBIENTE VIRTUAL SITES E SOFTWARES USADOS NO AMBIENTE ESCOLAR A APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 5.1- ANÁLISE DOS DADOS PERÍODO DE OBSERVAÇÃO: DESCRIÇÃO ANALÍTICA DESCRIÇÃO DA ESCOLA VC DESCRIÇÃO DA ESCOLA GL DESCRIÇÃO DA ESCOLA PET ANÁLISE CRÍTICA DAS OBSERVAÇÕES DAS ESCOLAS OBSERVAÇÕES QUANTO À FORMAÇÃO DE PROFESSORES ANÁLISE DOS DADOS ABERTOS E FECHADOS AS VOZES DOS PROFESSORES AS VOZES DOS ALUNOS DADOS QUANTITATIVOS: DESCRIÇÃO ANALÍTICA
15 XV REFERÊNCIAS GLOSSÁRIO ABREVIAÇÕES ANEXOS A- ROTEIRO PARA OBSERVAÇÃO DIRIGIDA B- QUESTIONÁRIOS PROFESSORES C- QUESTIONÁRIOS ALUNOS D- QUESTIONÁRIOS PROFESSORES PET E- QUESTIONÁRIOS ALUNOS PET F- QUESTIONÁRIOS FECHADOS PROFESSORES G- QUESTIONÁRIOS FECHADOS ALUNOS H- DIÁRIO DE CAMPO (EXEMPLO) I - AUTORIZAÇÃO DA SECRETARIA J- TRABALHOS DOS ALUNOS DA ESCOLA GL E DO PET
16 1. INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA O mundo atual encontra-se, tecnologicamente, modificado. Essa realidade é conseqüência de um longo processo de evolução. Tal desenvolvimento aconteceu em maior relevância com os avanços conquistados na Era de Ouro cerca de 25 ou trinta anos de extraordinário crescimento econômico e de transformação social, que compreende o período entre o fim da Segunda Guerra até 1980 (HOBSBAWM, 1995, p.15), contudo o velho século [XX 2 ] não acabou bem (ibidem, p.26). Dupas (2001) concorda com Hobsbawm (1995), pois fala de uma era de modernidades sociais e tecnológicas. No entanto, alerta que apesar de ter sido um período de excepcionais conquistas, o século XX não terminou bem (DUPAS, 2001, p.13). Foi visualizado por Lévy (2000, p.197) um acelerado desenvolvimento científico, técnico e social, a partir da segunda metade do século passado, e que o entendeu como o início do processo que conduziu à revolução informacional contemporânea em que a mobilidade física é indissociável do aperfeiçoamento das telecomunicações. Observou, também, que o homem atual envolvido nesses sistemas de comunicações vê-se mais exigido a atualizar os conhecimentos tecnológicos dos quais necessita para o seu fazer diário, sob pena de se tornar um excluído. Rosnay (2000), por sua vez, entende que esses avanços técnicos e sociais se inter-relacionam, promovendo grandes transformações na sociedade, e que estão delineando um novo cenário marcado por paradoxos: o homem tornou-se submisso à 2 Grifo meu para observar que o conceito de século XX é baseado nos países de maioria cristã, o que não é observado por países orientais e judaicos que possuem suas próprias comemorações diferenciadas de ano-novo.
17 14 tecnologia, embora esta tenha surgido para servir de apoio ao seu desenvolvimento. Pode-se notar que o indivíduo está tendendo a abandonar seus valores éticos e profissionais em troca do conhecimento científico (DUPAS, 2001), por estar envolvido diretamente em tal onda tecnológica em que todos os objetos, de uma forma ou de outra, estão baseados em microchips. Os dispositivos midiáticos, notadamente os computadores, que a cada momento estão mais velozes, duplicaram as condições de alcance material a uma proximidade fantástica o mundo está em rede e vigiado por satélites. Assim sendo, frente a essa afirmação, é possível considerar que o espaço virtual é mais importante do que o espaço geográfico e, diante dessa possibilidade, é válido supor que se pode estar virtualmente em vários lugares, estando-se fisicamente em apenas um.
18 15 Esse processo de interconectividade, na sociedade em rede (CASTELLS, 2003), reduz as fronteiras e integra as culturas, aponta para a globalização do mercado e da economia, ou, como prefere Magnavita (2003, p.32), constitui a planetarização da sociedade. Desse processo interconectivo baseado em redes de computadores e evoluções tecnológicas, houve o surgimento de conglomerados transnacionais com, às vezes gradual, às vezes acentuada, diminuição do poder do Estado para controlar o mercado, o emprego e a movimentação financeira (HOBSBAWM, 1995). Em outras palavras, o Estado teve uma sensível perda de poder influenciador sobre a sociedade devido aos novos tratamentos eletrônicos de informação, principalmente após a Internet, que ilustra perfeitamente essa perda de referencial (ROSNAY, 2000, p.218). O cidadão, inserido no ambiente informacional, ficou mais autônomo, com mais liberdade de decisão e, paradoxalmente, mais dependente das Tecnologias de Informação e Comunicação TIC, permitindo então uma nova forma de se (re) aprender. É como afirma Gatti (2005, p.30), essa perspectiva democratizante da Internet dificulta os mecanismos de controle anteriormente existentes e mesmo que algumas nações restrinjam e controlem com rigor o que sua população está acessando cotidianamente, não é errôneo afirmar o quanto há de possibilidades emancipadoras neste novo meio de comunicação. Assim, os professores, segundo Oliveira Netto (2005, p.80), que se conscientizaram de que o mundo está mudando também entendem que o aprendizado em sala de aula precisa mudar porque neste cenário de avanços e retrocessos, a ciência e a tecnologia, especificamente a informática, estão propiciando uma verdadeira revolução no processo de ensino e aprendizagem (ibidem, p.83). Pode-se afirmar, então, que o momento indica a urgência em diversificar e ampliar a
19 16 formação profissional para atuar em ambientes de rápidas mudanças como o da Internet. Para que isso ocorra, é necessário que haja disponibilidade de acesso à grande rede nas escolas e uma política voltada para incentivar o professor e os alunos a se adequarem à nova realidade 3 o que implica a utilização de sites 4 e softwares 5 educativos. Maciel e Paiva (apud MACIEL, 2001, p.30) explicam que agora há um benefício para a reconstrução do ofício docente em função da enorme variedade de tecnologias interativas disponíveis no mundo virtual, e que, (...) na esfera da comunicação, a interatividade vem emergindo como uma nova modalidade comunicacional. As tecnologias interativas produzem novas relações do sujeito social com o conhecimento, modificando o papel do(s) emissor(es) e reconfigurando o espaço do(s) receptor(es). Não há como pensar a formação de professores para o uso de sites e softwares educativos, sem pensá-la como parte integrante do processo de uma formação inicial e contínua. Urge entendê-la como autoformação e processo coletivo de troca de experiências e práticas inseridas no espaço cotidiano escolar. Assim sendo, o grande desafio está em reconstruir a profissão docente e não apenas em aprimorá-la. A grande verdade é que nessa teia global, ainda que possibilite uma facilidade maior de autoformação, predomina certa anarquia em que as informações vêm e vão, nascem e morrem, circulam e entrelaçam idéias, sem que se tenha a certeza e a 3 O último censo escolar do MEC, em 1999, apontou que apenas (3,5%) das escolas públicas brasileiras possuíam conexão com a Internet. Cerca de 64 mil (29,6%) não tinham energia elétrica e menos de 11 em cada 100 dispunham de laboratórios de ciência ou informática. Menos de um quarto (23,1%) possuíam biblioteca. 4 Comp site. posição, lugar (MICHAELIS eletrônico). Em português já é utilizada a palavra sítio para representar o local em que o usuário está em comunicação com a rede Internet. 5 1.As instruções do computador, normalmente modificáveis (a menos que armazenados em alguma forma de memória inalterável tal como a ROM [Read Only Memory memória somente para leitura]) 2.Programas que seguem uma lógica definida pelo programador para executar tarefas prédeterminadas. (Wikipédia, disponível em
20 17 veracidade 6 do fato ou da informação disponível. É necessário, portanto, saber selecionar o que se deseja porque: (...) a quantidade de mensagens em circulação jamais foi tão grande, mas dispomos de um número muito reduzido de instrumentos para filtrar a informação pertinente, para efetuar comparações segundo significações e necessidades que continuam sendo subjetivas, para nos orientar no fluxo informacional. (LÉVY, 1999, p. 25) Nessa perspectiva, torna-se necessária uma ação reflexiva do professor para a utilização do computador em que se podem aplicar métodos de caráter técnico, e o uso dos sites e softwares educativos como ferramentas facilitadoras a serem escolhidas de acordo com a natureza de uma situação, em um determinado contexto escolar. A utilização de sites e softwares educativos voltados para o ensino podem ser apreciados com o corpo docente e discente, antes de seu uso direto, sobre os objetivos a serem atingidos e os resultados esperados. Assim sendo, as TIC atuais têm o potencial de gerenciar e gerar múltiplos espaços para a aprendizagem, como acredita Maciel (2001). Tudo leva a crer na efetiva criação e materialização de uma rede de saber para compreender as formas como se tecem os conhecimentos, dentro de teias e redes virtuais, presenciais ou semipresenciais (ibidem p.30). Por essas redes e teias, podem-se iniciar caminhos alternativos de gerar conhecimentos, levando à interação de sujeitos, saberes e práticas que fazem parte deste enredo. Restando saber (...) se os suportes tecnológicos utilizados são os mais adequados para o desenvolvimento dos conteúdos, em identificar a proposta de ensino e a concepção de aprendizagem subjacente e em analisar de que maneira os desafios da distância são tratados entre alunos e docentes e entre os próprios alunos (LITWIN, 2001, p.21). 6 O site diz-se especializado em avaliar a veracidade de fotos, correntes, golpes e outras informações que circulam pela rede.
21 18 Diante deste cenário, formula-se a seguinte situação problemática: como os professores são preparados para a aplicação de sites e softwares no espaço escolar? 1.2 OBJETIVO E QUESTÕES NORTEADORAS DO ESTUDO Este trabalho pretende investigar se os professores estão preparados para utilizar sites e softwares educativos nas salas de Informática do Ensino Fundamental da rede municipal do Rio de Janeiro. Desse objetivo, emergem as seguintes questões norteadoras do estudo: (a) que conhecimentos o professor possui para atuar na Informática Educativa (IE)? (b) como foram adquiridos os conhecimentos de IE pelo professor? (c) como a Secretaria Municipal de Educação (SME) contribuiu para a atuação dos professores nas salas de Informática? (d) que tipos de sites/softwares são mais utilizados pelos professores? (e) como esses professores utilizam os sites e softwares educativos no processo de ensino/aprendizagem? (f) quais as dificuldades dos alunos e professores perante o uso dos sites e softwares educativos? (g) que mudanças se expressam na aprendizagem dos alunos com a utilização dos sites e softwares educativos? 1.3 JUSTIFICATIVA A importância deste trabalho se deve à necessidade de preparar os educadores para a utilização dos sites e softwares educativos nas Salas de Informática e a utilização da Internet como ferramenta no processo de ensino/aprendizagem. Dessa maneira, evidencia-se que, sem uma atualização contínua e adequada, o conhecimento do professor torna-se rapidamente obsoleto diante das novidades tecnológicas que vão chegando a todo o momento.
22 19 A variedade de informações é grande e estas são exageradamente, diversas e voláteis. Sites e páginas aparecem em quantidades assustadoras, trazendo dúvidas sobre o que fazer com eles e como utilizá-los para tornar o processo de ensinoaprendizagem dinâmico e atual. Essas questões vão aparecendo, e as respostas parecem distantes de uma solução imediata. Fica claro, portanto, que a ausência de habilidade para o uso dessas tecnologias (computador, Internet e IE), que afeta não só o indivíduo, mas a educação, traz atrelado o conceito de exclusão digital, ou infoexclusão, que é uma das formas de manifestação da exclusão social. Diante de tantas inovações tecnológicas, os educadores, freqüentemente, ficam à margem de uma atualização constante e periódica, tornando-se, verdadeiramente, excluídos de um mundo informacional e globalizado. Sendo assim, há que se fornecer a eles os conhecimentos tecnológicos e culturais que lhes permitam interagir com o mundo satelizado, isto é, integrado e vigiado por inúmeros satélites. É como assinala Lévy (1999, p.16) a Terra como uma bola sob o olho gigante de um satélite 7. 7 O site fornece uma visão, via satélite, dos países, estados, municípios, bairros, ruas e casas de todo o planeta.
23 20 As informações estão disponíveis nas infovias, e, com uma preparação adequada, o professor poderá captá-las, selecioná-las e, efetivamente, contribuir para uma nova visão dos alunos nesta sociedade informacional. Caso contrário estará, irremediavelmente, inserido no processo de info-exclusão. Essa também é a opinião de Benetti(1995) apud Bittencourt (1999, p.10), ao afirmar que: Agora quem não estudar continuamente vai, a médio prazo, perder seu emprego ou ser colocado à margem do trabalho. E, (...) precisamos cada vez mais educação, porque a quantidade de avanços tecnológicos hoje em dia é fantástica. Não dura muito tempo. O conhecimento está se renovando muito rapidamente... Esse estudo poderá contribuir para a reflexão dos professores sobre a aplicação dos programas oficiais voltados para a inclusão digital. Servirá, ainda, para esclarecer os entraves ainda emergentes na otimização dos programas em questão, com a perspectiva da utilização dos resultados no âmbito das escolas nas quais estão sendo aplicados os programas de Multieducação. Nesse sentido, esta pesquisa se justifica, pois poderá identificar as lacunas encontradas nas comunidades escolares, no que diz respeito à formação do professor, além de aprofundar as questões relacionadas ao uso dos sites e softwares educativos nos processos educacionais. 1.4 METODOLOGIA TIPO DE PESQUISA O estudo em foco foi realizado no âmbito de pesquisa qualitativa (BOGDAN e BIKLEN, 1994). As características dessa modalidade de investigação são as seguintes: a) Na investigação qualitativa, a fonte directa de dados é o ambiente
24 21 natural, constituindo o investigador o instrumento principal (ibidem, p.47); b) A investigação qualitativa é descritiva (ibidem, p.48); c) Os investigadores qualitativos interessam-se mais pelo processo do que simplesmente pelos resultados ou produtos (ibidem, p.49); d) Os investigadores qualitativos tendem a analisar os seus dados de forma indutiva (ibidem, p.50); e) O significado é de importância vital na abordagem qualitativa (ibidem, p.50). Considerando as observações de Bogdan e Biklen (1994, p.53), esta investigação busca compreender o significado que os acontecimentos e interacções têm para pessoas vulgares, em situações particulares, o que confirma a abordagem fenomenológica do estudo. Assim, no percurso da investigação, foram privilegiados os pontos de vista dos participantes, o que constitui um problema, visto que os pontos de vista dos sujeitos pode não representar o modo como pensam de si próprios (ibidem, p.54). Contudo, ao afirmarem que esta forma de intrusão do investigador no mundo do sujeito é inevitável na investigação (ibidem, p.54), legitimam a forma como o levantamento das informações foi efetuado. Cabe destacar que Bogdan e Biklen (1994), a partir da opinião de diversos autores (Cronbach et al. 1980; Miles e Huberman, 1984; Reichardt e Cock, 1974; Mercurio, 1979), explicam as possibilidades, dificuldades e cuidados que precisam ser tomados para esse tipo de estudo que integra dados qualitativos e quantitativos, muito embora sejam privilegiados os primeiros. Esta prática de observação dos fatos in loco, bem como o comportamento dos atores envolvidos e seus cenários, é muito valorizada para a pesquisa qualitativa, já que a abordagem é efetuada de forma ampla e adequada para um bom entendimento do comportamento de um fenômeno (ALVES-MAZOTTI, 2004).
25 22 Sendo assim, pretende-se analisar a formação do docente para a utilização dos sites e softwares educativos nas Salas de Informática e nas Salas Pólo Para o Trabalho, espaço em que os dispositivos estão disponíveis aos professores e alunos O LÓCUS DA PESQUISA A pesquisa foi efetuada em duas escolas da rede municipal de ensino da cidade do Rio de Janeiro. Ambas estão localizadas no bairro de Jacarepaguá e apresentam organizações diferentes no envolvimento da IE no projeto pedagógico. As escolas que foram observadas serão denominadas VC e GL e possuem as seguintes salas: As Salas de Leitura constituem salas em que se admite não só o uso de livros, mas todos os dispositivos audiovisuais que podem servir de apoio dinâmico aos alunos. São espaços que privilegiam, o desenvolvimento de práticas voltadas para a promoção da leitura e formação do leitor e para a instalação de estruturas, tecnologias e metodologias mídia educativas 8. O objetivo dessa sala é promover a discussão com vista a ampliar e consolidar um projeto, bem como desenvolver uma Política Pública de Promoção da Leitura e Formação de Leitores nas Unidades Escolares. A Sala de Informática é entendida como o local em que os alunos são alocados para o desenvolvimento de pesquisa com o apoio da Informática Educativa. A sala 8 Todas as informações sobre as Salas estão disponíveis no site da SME Acesso em 13/09/2005.
26 23 faz parte do programa de Informatização Escolar que tem como meta democratizar o acesso às TIC pelos alunos da Rede Municipal. O objetivo principal é incorporar, no ambiente escolar, a linguagem dessas tecnologias da mesma maneira que aconteceu com a televisão e o vídeo. Para isso, é necessário que os professores e alunos, ainda que não dominem plenamente os dispositivos tecnológicos, façam uso dos Laboratórios de Informática, partindo de atividades mais simples para projetos mais ousados. As Salas Pólo de Educação pelo Trabalho são Unidades Educacionais em que o atendimento prioritário é dado a alunos regulares da Rede Municipal. Os inscritos no programa, pessoas da comunidade e alunos da escola e/ou de outras, podem participar das oficinas que desejarem, observando apenas que, no caso dos alunos, o turno tem que ser diferente do das escolas em que estiverem matriculados. Os Pólos de Educação pelo Trabalho têm como objetivo principal formar um espaço de reflexão interdisciplinar, tendo o Trabalho como um princípio educativo. As oficinas oferecidas podem ser: Laboratório de Informática, Fotografia e Vídeo, Técnicas Agrícolas, Técnicas Comerciais, entre outras OS PARTICIPANTES DO ESTUDO Os participantes envolvidos nesse programa estão assim distribuídos: a) Três Coordenadores das Salas de Informática; b) Seis professores das disciplinas curriculares atuantes ou não nas Salas de Informática; c) Três professores das Salas Pólo de Educação Pelo Trabalho na escola que possuir essa opção e d) Vinte e um alunos de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental integrantes das referidas salas. Complementam esse estudo dezessete professores e cinqüenta e dois alunos que
27 24 responderam, através envio e recebimento por meio de correio eletrônico, aos oitenta e dois questionários sobre o tema em foco, que compuseram a entrevista dirigida Rizzini (1999). Assim, foram totalizados 102 participantes no processo de investigação INSTRUMENTOS DE PESQUISA E COLETA DE DADOS Neste tópico, serão apresentados os instrumentos utilizados para a coleta de dados, a saber: a) roteiro para a observação dirigida (anexo A); b) questionários fechados e mistos (anexos B, C, D, E, F e G) e c) o diário de campo para o registro dos dados coletados (anexo H). Trata-se, nesse caso, dos dados relativos às atividades observadas nas Salas de Informática incluídas nos programas de Salas de Leitura Pólo e Salas Pólo de Educação pelo Trabalho. Assim sendo, entende-se que, em relação à atividade de observar, de acordo com Lüdke (1986, p.25), planejar a observação significa determinar com antecedência o quê e o como observar. Isso é, em outras palavras, definir claramente o foco da observação delimitando o objeto de estudo. Para o armazenamento desses dados obtidos das observações, dos questionários e do diário de campo, foram reunidas as informações, contidas e gravadas em mídias eletrônicas Compact Disk (CD), que formaram, juntamente com os sites e softwares educativos pesquisados, o corpus a ser estudado.
28 25 2. OS AVANÇOS TECNOLÓGICOS E AS TRANSFORMAÇÕES NO ENSINO 2.1- OS AVANÇOS TECNOLÓGICOS Atualmente, mesmo com uma vasta gama de recursos eletrônicos que favorecem as comunicações, as dúvidas e incertezas em relação a utilização das TIC ainda permanecem. Houve, por um lado, importantes avanços na compreensão do uso da Informática Educativa. No entanto, por outro lado, ampliaram-se os questionamentos e críticas sobre sua utilização. Porém, apesar dessas dificuldades, uma cultura cyber, desterritorializada e interativa (LÉVY, 1999) está prestes a se expandir de forma ultra veloz, mesmo que, inicialmente, só possa ser alcançada por alguns poucos privilegiados. Trata-se, porém, de uma revolução radical que marca o surgimento de uma sociedade informacional e que implica o nascimento de um novo pensamento e nova compreensão. Deve-se, ainda, ter a consciência de que, como assinala Morin (2000, p.95), a comunicação não garante a compreensão. Resolver esse impasse é um problema da educação no futuro e o desenvolvimento da aptidão para contextualizar e globalizar saberes torna-se um imperativo da educação (ibidem, 2002, p.24). Esse fenômeno de mundialização e da abertura democrática possibilitada pela informática, e acentuada pela Internet, acabou por inter-relacionar culturas, hábitos e costumes com uma velocidade avassaladora, levando a uma quase total perda da identidade, em que todo mundo se veste como todo mundo, usa o que o outro usa, vê o que o outro vê. Sendo assim, os movimentos mundiais a favor da heterogeneização aparecem como forma de reagir a essa homogeneização que toma conta da sociedade contemporânea, que constitui a sociedade da informação e do conhecimento, assim
29 26 denominada por Alarcão (2003). No Brasil, essa tendência de softwarerização 9 da sociedade da informação e do conhecimento tem sido introduzida progressivamente, nos hábitos das diferentes classes sociais do país. O problema é que a grande maioria da população brasileira, segundo fonte da UNESCO 10, não tem acesso às informações disponíveis na Internet. Considerar que os professores possam fazer uso dessas TIC, notadamente sites e softwares educativos como forma de tornar o ensino mais atual, é praticamente utópico frente às dificuldades encontradas por eles, de acordo com as informações apresentadas pela própria UNESCO. É fato que, com o surgimento e o avanço constante das TIC, principalmente a Internet que agrega bilhões de sites e softwares educativos, as alterações que estão ocorrendo nos hábitos profissionais, pessoais e escolares na vida cotidiana das grandes metrópoles, são, realmente, muito significativas. Haja vista que nesta sociedade do futuro que se inicia agora, as máquinas inteligentes povoarão cada vez mais o cotidiano e, por conseqüência, o campo da educação. Esta sociedade povoada de máquinas inteligentes já existe, embora ainda esteja restrita a alguns bolsões de alta tecnologia, ou seja, a grupos sociais vivendo em ambientes altamente tecnificados, utilizando com crescente intensidade computadores ligados em redes para trabalhar ou estudar, para resolver problemas da vida cotidiana. (BELLONI, 1999 apud BELLONI, 2001, p.17) Para resolver esse impasse, o governo brasileiro, através do Governo Eletrônico Serviço de Atendimento ao Cidadão (GESAC) 11 e com base nessa nova cultura de sociedade, tenta tornar real, mesmo que ainda esteja muito incipiente, o projeto do 9 Esse termo foi criado pelo autor para indicar que a maioria dos objetos eletro-eletrônicos atuais são, ou estão, controlados por softwares. 10 UNESCO BRASIL: Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura Disponível em: Acesso em 07 de setembro de Disponível em
30 27 Itafe 12. Por seu impacto, sobretudo na educação, esse tipo de inclusão digital através da IE interessa muito ao Brasil, tornando, praticamente, impossível dissociar a influência das TIC sobre cada um dos segmentos da sociedade que pode ser chamada de informacional AS TRANSFORMAÇÕES NO ENSINO O mais importante que as próteses tecnológicas (OLIVEIRA NETO, 2005) de hoje em dia podem fornecer é, sem sombra de dúvida, a ascendência do computador em suas diversas formas (desktop, notebook, palmtop, main frame 13, celulares entre outras) sobre o cidadão. Em atenção a esse fato, os governos municipais, estaduais e federais informatizaram algumas unidades escolares para trabalharem em rede, apesar de ser ainda um número bem aquém da proposta apresentada no Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado pela Lei Nº /2001 instalar, em cinco anos, computadores em escolas com acesso à Internet. Esses equipamentos tecnológicos foram bem aceitos no cotidiano escolar, ainda que estejam sendo utilizados, através do computador, os velhos hábitos e lições em um formato diferente, o que vem apontando para a questão da formação de professores e, em especial, da formação de professores em informática aplicada à 12 O Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, no período de 24 a 29 de janeiro de 2005, Suíça, anunciou o Brasil como sede do projeto piloto do Itafe Internet Access for Everyone (acesso à Internet para todos) no painel Solving the digital divide (resolvendo a exclusão digital). A proposta é dar oportunidade igualitária à população, e disseminar com baixo custo, conectividade e facilidade de dispositivos de acesso às informações do mundo digital. (Fonte OCDE Organização para Cooperação de Desenvolvimento Econômico O Desktop é a forma mais popular do computador pessoal (também chamado de PC: Personal Computer); Notebook ou Laptop é o computador portátil; Palmtop computador de bolso com sistema operacional (Linux ou XP) mais reduzido e que substituiu a agenda eletrônica; Main frame computador de grande porte usado, principalmente, em instituições financeiras; Aparelho celular atualmente funciona como pequeno computador, com linguagem própria e que possibilita navegação na Internet, participação de chat, recebimento e envio de s.
31 28 educação. Com base em Valente (1999), este tema gera as maiores dúvidas quanto aos métodos que devem ser empregados para desenvolver as novas qualificações profissionais. O nível de conhecimento que o educador possui e o seu envolvimento e desejo para que a formação continuada ocorra são os pontos-chave para que ele se aproprie de novas aquisições baseadas nas TIC. O professor comumente se sente no estado de principiante em relação ao uso do computador, quando este tem que ser aplicado aos processos educacionais. Porém, de acordo com Oliveira Netto (2005), aos professores resta o compromisso de incentivar os alunos a buscarem novas formas de pensar e selecionar as informações no ambiente da rede. O conhecimento prévio de informática que cada professor possui pode variar, de acordo com seu interesse particular e com as suas metas de desenvolvimento profissional. Dessa forma, antes da formulação de uma proposta, metodologia ou análise para utilização da IE, é necessário direcionar a formação de professores para o uso dos sites e softwares educativos disponíveis na Internet e nas Salas de Informática. No entanto, a mudança de seu pensar, diante de novas opções tecnológicas, é um dos fatores a ser analisado antes mesmo de uma possível formação continuada para esse profissional A REFORMA DO PENSAMENTO Anuncia-se, hoje, um novo pensar. Segundo Morin (2000), é necessário haver uma transição que vise à mudança de um pensamento particular para um mais abrangente, ou complexo, com vista à aceitação da ordem mundial: a sociedade globalizada como um mundo integrado e vigiado.
32 29 Ainda de acordo com Morin (2000), anteriormente privilegiava-se o pensamento particular, fragmentado, baseado na cultura das humanidades (filosofia) e na cultura científica (racionalismo e lógica), que possui uma visão reducionista com um pensamento conclusivo e simplificado é assim por que é! O pensamento complexo, entretanto, embasa-se em emoção e racionalidade. Possui uma linha voltada ao complexo em que a ordem, para existir, precisa da desordem que, entretanto, não existirá sem uma organização. Esse tipo de pensamento tem por base a dialógica e a incerteza sobre objetos e indivíduos. Na verdade, para Morin (2000), todo pensamento mutilador conduz necessariamente a ações mutiladoras, sendo chamado por ele de inteligência cega. Esse tipo de inteligência é assim denominado por operar pelo princípio da disjunção, da redução e da abstração. Pensar leva à criação de idéias e são elas que nos permitem conceber as carências e os perigos da idéia. Dessa forma, fica-se diante de
33 30 um paradoxo incontornável: deve-se manter uma luta crucial contra as idéias, mas somente pode-se fazê-lo com a ajuda das mesmas (MORIN, 2000, p.30). Pensar para ter idéias e ideais; Pensar para possuir lucidez; Pensar para entender o cosmo, visto que uma consciência incapaz de perceber o contexto e o complexo planetário fica cega, inconsciente e, possivelmente, irresponsável. Morin (2001) afirma, ainda, que a complexidade não pode ser confundida com complicação, que é um elemento constituinte da primeira, ou seja, é a confusão extrema das inter-retroações. Dessa maneira, a razão é um dos instrumentos que permite ao ser humano conhecer e entender o universo e efetuar uma autocrítica. Sob esta ótica, podem-se observar as diferenças entre razão, racionalidade e racionalização. Quanto à razão, é o aspecto lógico que equivale à visão coerente dos fenômenos das coisas e do universo; a racionalidade é o diálogo constante entre o espírito que cria estruturas lógicas, aplica-as e dialoga com o mundo real; a racionalização é querer colocar o mundo inserido em um sistema coerente. Nota-se, então, que a linha divisória entre racionalidade e racionalização é praticamente inexistente, já que se tem a tendência seletiva de considerar o que favorece a idéia e a desconsiderar o que a desfavorece. Esse pensar seletivo induz o indivíduo a produzir realidades dentro de uma realidade; a organizar idéias e conhecimentos dentro da dialética de uma organização. Esta, por conseguinte, não pode ser explicada por nenhuma lei simplista, levando ao argumento de que quem produz coisas, ao mesmo tempo auto produz-se; o próprio produtor é o seu próprio produto (MORIN, 2001, p.125). Em outras palavras, a sociedade produz o sujeito que a produz. Portanto, em um universo ordenado, não haveria inovação e/ou evolução e, em um universo desordenado, não haveria estabilidade para se buscar a organização.
34 31 A complexidade de um novo mundo em processo é a perspectiva por meio da qual o novo conhecimento deve ser buscado. O conhecimento a ser descoberto é, segundo o autor, o grande problema do ensino e da pesquisa, hoje em dia, e está envolvido em suas complexas relações com o contexto a que pertence, apontando para questões da práxis educativa. Em um mundo descentrado como o de hoje, cada indivíduo torna-se um centro responsável pela experimentação de novas práticas sintonizadas com o novo pensamento sistêmico o qual muito depende do sujeito que busca e do objetivo final. Com essa visão da realidade atual no campo do saber institucionalizado, Morin (2001) ressalta o ponto central da mutação em processo no mundo: a urgência de uma reforma do pensamento que se sintoniza com uma nova ótica, por meio da qual o mundo vem sendo redescoberto pelas ciências e transformado pela informática. Todo indivíduo, quando socializado, é imprintado 14 por uma série de valores morais e sociais que lhes são inculcados durante o processo evolutivo ou de socialização. Para se reformar o pensamento deste indivíduo, é necessário criar um novo imprinting que fará com que ele fique com uma sensação de desordem psicossocial. Ao mesmo tempo é preciso que a sociedade se adapte ao ser humano, para que este possa ter seu pensamento reformado. Isso é corroborado por Morin (2002, p.99), quando afirma que não se pode reformar a instituição, se antes as mentes não forem reformadas, mas só se podem reformar as mentes, se antes a instituição for previamente reformada. Diante disso, pode-se notar que o ensino e suas instituições precisam se tornar, constantemente, inovadores, utilizando os avanços tecnológicos que se oferecem, para que não fiquem desatualizados. A formação continuada com o uso de sites e 14 Do inglês imprint vt 1 imprimir, carimbar. 2 fig gravar (na mente) (MICHAELIS eletrônico)
35 32 softwares há ser uma ferramenta real de atualização para os educadores, possibilitando práticas no cotidiano dos espaços educacionais. Para o fortalecimento da reforma do pensamento, Morin (2002) apresenta os três viáticos que são considerados, por ele, como básicos para a educação atual: a) A ecologia da ação tem como primeiro princípio o fato de que toda ação, uma vez iniciada, entra em um jogo interações e retroações no meio em que é efetuada, podendo ser desviada de seus fins e até levar a um resultado contrário ao esperado. O segundo princípio diz que as conseqüências últimas da ação são imprevisíveis; b) A estratégia opõe-se ao programa, ainda que possa comportar elementos programados. Todo o ensino tende para o programa, ao passo que a vida cotidiana do ser humano exige estratégia. A palavra programa opõe-se a estratégia. O programa requer ser utilizado em situações estáveis, pois não inova. Faz-se necessária a utilização de fragmentos de ações programadas, para que estejam preparados para a estratégia no aleatório; c) O desafio é uma estratégia que traz em si a consciência da incerteza que vai enfrentar e, por isso mesmo, encerra uma aposta. De acordo com Morin (2002), estes três viáticos são fundamentais para a formação do docente, que não se faz por acumulação de saberes ou técnicas, mas por reflexão crítica e contínua. Em outras palavras, não basta acumular conhecimentos sem saber como utilizá-los e transmiti-los; é preciso que se aprenda, mas que se faça isso bem feito. Segundo Nóvoa (1992), formar professores nesta nova perspectiva é considerar três eixos estratégicos: a pessoa do professor, a docência e seus saberes, as escolas e seus projetos. Dessa forma, vê-se o desafio de reformar a instituição/pensamento, também a partir do desenvolvimento de projetos de Formação Continuada que considerem o singular e o universal, o particular e o geral.
36 33 Assim, a modernização da física da escola, com a inserção dos dispositivos midiáticos, não pode servir como a solução, ocultando os reais problemas que precisam de solução estrutural. Os ajustes a serem feitos vão desde o aluno, que precisa ser educado para participar dessa revolução tecnológica, até o professor, que necessita estar preparado para atuar em ambientes de rápidas mudanças. Nesse caso, a formação do professor deve contemplar o saber reflexivo conjugado com o saber prático, assegurando seu espaço e garantindo-lhe o direito de voz no contexto da escola e da sociedade. Nessa linha de pensamento, não há ensino de qualidade, nem reforma educativa, nem inovação pedagógica, sem uma adequada formação de professores (NÓVOA, 1992, p.9). A tecnologia, nesse contexto, deve ser vista como instrumento a serviço da educação e não o contrário. Bettega (2004) assinala que é fundamental o investimento financeiro no educador, para garantir a sua educação. Dessa forma, o docente se interessa mais pelo magistério, quando é recompensado pelas novas aprendizagens que obtém e que podem levá-lo a progredir dentro de sua carreira. Entretanto, Bettega (2004, p.42) cita Chantraine-D ly, que alerta para um fator que limita a vontade dos profissionais docentes de participarem de cursos específicos (...) é o fato de os professores participantes, na maioria das vezes, ficarem responsáveis pela aplicação dos conhecimentos supostamente aprendidos em sala de aula (transposição didática), sem qualquer tipo de suporte dos agentes responsáveis pelo curso. A teleducação na capacitação de professores tornou-se uma forma educacional muito importante, tendo em vista a sua abrangência em nível nacional e poder de penetração em locais de difícil acesso. Não basta aos professores aventurarem-se em um programa de formação continuada voltada para a utilização da IE, buscando apenas uma recompensa funcional e permanecendo responsáveis pela didática do que
37 34 foi supostamente aprendido dentro dos diversos sites de auto-formação. Todos os que se arriscam a fazer esse tipo de ajuste profissional precisam ter em mente o conceito de pensamento global, rede e informação. Os três viáticos de Morin e os três eixos de Nóvoa devem estar presentes, no momento em que se estiver diante das inovações tecnológicas para aprender. Assim sendo, o reimprint deve ser constante, a fim de reajustar o pensamento, para poder absorver novos conhecimentos, sem qualquer preconceito representado por expressões como não dá, não é fácil ou outros jargões contrários à proposta de facilidade do autoaprendizado. Aprender nada mais é, para Vilela (2000), no contexto de uma visão empirista, que a instalação de novos padrões de comportamento externos e internos, sob a forma de estratégias, que podem, mais tarde, ser usados para atingir os objetivos. Dessa forma, Vilela (2000, p.18) identificou quatro estados que podem ser o fator de determinação da inteligência humana: Incompetência inconsciente A pessoa não sabe de algo, e não sabe que não sabe. Este é o caso de uma criança em relação a dirigir automóveis, possibilidade que sequer passa pela sua mente. Incompetência consciente A pessoa não sabe, mas sabe que não sabe. A possibilidade de dirigir existe em sua mente, mas a pessoa não tem nenhuma habilidade desenvolvida. Competência consciente A pessoa sabe e precisa estar concentrada para obter resultados. A pessoa sabe dirigir, mas fazê-lo com competência exige atenção constante. Competência inconsciente A pessoa sabe, mas não precisa saber que sabe e consegue resultados mesmo quando faz alguma outra coisa. Este é o caso do motorista que, enquanto troca de marcha, conversa, escuta rádio e admira a paisagem. Assim sendo, pode-se observar que as pessoas podem apreender as estratégias em tempos, formas e maneiras diferentes. Isso faz com que não existam pessoas incapazes, mas com limitações estratégicas internas, dependendo do grau de desenvolvimento, avanço e maturidade em cada estágio. Além disso, há o fator
38 35 motivação o qual, só favorece a aprendizagem, se houver um objetivo, uma meta. É preciso também acreditar que é provável poder aprender, caso contrário pode ser difícil fazer um indivíduo ir à escola. Dentro desses pressupostos, pode-se afirmar existirem pensamentos, possivelmente, vetores para um aprendizado, sob uma nova visão, que é o pensamento analógico e o pensamento digital OS PENSAMENTOS ANALÓGICO E DIGITAL Para se tentar definir os pensamentos propostos, usou-se como base Tenório (1998), a fim de identificar as funções exercidas por cada um deles. Pode-se observar as seguintes definições de analógico e digital. No dicionário Houaiss 15 é feita da seguinte maneira Acepções de analógico adjetivo 1 relativo. a analogia; 2 em que há analogia; 3 que se funda ou se baseia na analogia; devido à analogia. Ex.: <leis a.> <dicionário a.>; 4 em que as palavras estão grupadas pelas afinidades de sentido existentes entre elas (diz-se de raciocínio) substantivo masculino. Rubrica: informática. 5 forma de medida ou representação de grandezas na qual um sensor ou indicador acompanha de forma contínua, sem hiatos nem lacunas, a variação da grandeza que está sendo medida ou representada. 15 Houaiss eletrônico acesso em 05/05/2006.
39 36 Etimologia lat. analogìcus,a,um 'que trata da analogia, análogo, conforme' < gr. analogikós,ê,ón 'analógico, proporcional'; ver an(a)- e logo Acepções de digital adjetivo de dois gêneros. 1 relativo a dedos ou que tem analogia com eles. Ex.: impressões, apêndices d. Rubrica: aritmética. 2 relativo a dígito (algarismo). Ex.: relógio d. Rubrica: informática. 3 que assume unicamente valores inteiros (diz-se de grandeza) 4 que trabalha exclusivamente com valores binários (diz-se de dispositivo). Ex.: computador d. Etimologia lat. digitális,e 'referente ou semelhante aos dedos da mão, da espessura ou comprimento de um dedo'; dá orig. às acp. adjetivas e ao lat.cien. gên. Digitalis, étimo imediato dos sentidos botânicos; ver ded(i)- Já em Ferreira (1986, p.113), podem ser encontradas as seguintes definições: Analógico.[Do gr. analogikós, pelo lat. analogicu.] S. f. 1. Fundado na analogia. 2. Que tem analogia. 3. Fís. Diz-se de um sistema cuja expressão matemática da relação existente entre duas grandezas físicas é análoga ou semelhante à mesma expressão de um outro sistema. 4. Fís. Diz-se de uma informação fornecida por um instrumento a um observador, na qual a medida de uma grandeza física é fornecida explicitamente pela medida de uma segunda grandeza que tem com a primeira uma relação biunívoca. ~ V. circuito, computador, simulação a e sistemas s. Digital. (Do lat. digitale.] Adj. 2 g. 1. Dos, ou pertencentes ou relativo aos dedos: impressão digital. 2. Relativo a dígito. ~ V. computador, impressão simulador. A presença cada vez mais acentuada dos computadores digitais na vida cotidiana, inclusive na Educação, contribui, segundo Tenório (1998), para uma crença de superioridade dos processos digitais em relação aos analógicos. Atualmente, as TIC têm incentivado ao uso de vocábulos antes restritos aos ambientes de profissionais da área tecnológica, tais como digital e analógico. São dois padrões possíveis de ser utilizados, de acordo com uma finalidade desejada, sem vir atrelada a idéia de que um conceito possa ser melhor ou mais adequado que outro. Assim, em uma breve explicação, analógico é preciso para modelos em que há a necessidade de utilização de conceitos físicos ou analogia a um modelo préexistente; já o digital necessita de uma formulação ou uma regra, para chegar a um resultado. Para exemplificar o pensamento analógico, pode-se citar a linguagem dos
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