NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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1 NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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3 OS PODERES DO ESTADO E AS RESPECTIVAS FUNÇÕES. TÍTULO IV DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014) CAPÍTULO I DO PODER LEGISLATIVO SEÇÃO I DO CONGRESSO NACIONAL Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos. Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal. 1º O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados. 2º Cada Território elegerá quatro Deputados. Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário. 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos. 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços. 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes. Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros. SEÇÃO II DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre: I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas; II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado; III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas; IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento; V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União; VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Legislativas; VII - transferência temporária da sede do Governo Federal; VIII - concessão de anistia; IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Produção de efeito) X criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) XI criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) XII - telecomunicações e radiodifusão; XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações; XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal. XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, 4º; 150, II; 153, III; e 153, 2º, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, ) Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar; III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias; IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas; V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; VI - mudar temporariamente sua sede; VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, 4º, 150, II, 153, III, e 153, 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, 4º, 150, II, 153, III, e 153, 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo; X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta; XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes; 1

4 XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão; XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União; XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares; XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares. Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 2, de 1994) 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa respectiva, para expor assunto de relevância de seu Ministério. 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste artigo, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não - atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 2, de 1994) SEÇÃO III DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado; II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa; III - elaborar seu regimento interno; IV dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII. SEÇÃO IV DO SENADO FEDERAL Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99) II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de: a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição; b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República; c) Governador de Território; d) Presidente e diretores do banco central; e) Procurador-Geral da República; f) titulares de outros cargos que a lei determinar; IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente; V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal; VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno; IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato; XII - elaborar seu regimento interno; XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII. XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de ) Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitandose a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. 2

5 SEÇÃO V DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão: I - desde a expedição do diploma: a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes; b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades constantes da alínea anterior; II - desde a posse: a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada; b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades referidas no inciso I, a ; c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, a ; d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo. Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior; II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar; III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição; VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado. 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas. 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 76, de 2013) 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os 2º e 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 6, de 1994) Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador: I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária; II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa. 1º O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura em funções previstas neste artigo ou de licença superior a cento e vinte dias. 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze meses para o término do mandato. 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá optar pela remuneração do mandato. 3

6 SEÇÃO VI DAS REUNIÕES Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006) 1º As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o primeiro dia útil subsequente, quando recaírem em sábados, domingos ou feriados. 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias. 3º Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para: I - inaugurar a sessão legislativa; II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas; III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República; IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar. 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006) 5º A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional farse-á: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006) I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente- Presidente da República; II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006) 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese do 8º deste artigo, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006) 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automaticamente incluídas na pauta da convocação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) SEÇÃO VII DAS COMISSÕES Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa. 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe: I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa; II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas; V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. 4º Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no regimento comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da representação partidária. SEÇÃO VIII DO PROCESSO LEGISLATIVO SUBSEÇÃO I DISPOSIÇÃO GERAL Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I - emendas à Constituição; II - leis complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; VI - decretos legislativos; VII - resoluções. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. Subseção Da Emenda à Constituição Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. II 4

7 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. SUBSEÇÃO III DAS LEIS Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas; II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração; b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios; c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) I relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) b) direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, 3º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) II que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) III reservada a lei complementar; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) IV já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 4º O prazo a que se refere o 3º contar-se-á da publicação da medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 5

8 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista: I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, ressalvado o disposto no art. 166, 3º e 4º; II - nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais Federais e do Ministério Público. Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados. 1º O Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa. 2º Se, no caso do 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se manifestarem sobre a proposição, cada qual sucessivamente, em até quarenta e cinco dias, sobrestar-se-ão todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção das que tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime a votação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 3º A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos Deputados far-se-á no prazo de dez dias, observado quanto ao mais o disposto no parágrafo anterior. 4º Os prazos do 2º não correm nos períodos de recesso do Congresso Nacional, nem se aplicam aos projetos de código. Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar. Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa iniciadora. Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará. 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto. 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará sanção. 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 76, de 2013) 5º Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao Presidente da República. 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no 4º, o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da República, nos casos dos 3º e 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo. Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional. Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre: I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. 2º A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício. 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer emenda. Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta. SEÇÃO IX DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇA- MENTÁRIA Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: 6

9 I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento; II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados. 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito. 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo. 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades. Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, 1º, diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos necessários. 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias. 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o gasto possa causar dano irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação. Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos: I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade; II - idoneidade moral e reputação ilibada; III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública; IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior. 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos: I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e merecimento; II - dois terços pelo Congresso Nacional. 3 Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e impedimentos do titular e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional Federal. Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. 7

10 Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios. Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete Conselheiros. CAPÍTULO II DO PODER EXECUTIVO SEÇÃO I DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLI- CA Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado. Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997) 1º A eleição do Presidente da República importará a do Vice- -Presidente com ele registrado. 2º Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos. 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição em até vinte dias após a proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos. 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação. 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso. Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil. Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago. Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder- lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais. Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal. Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga. 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores. Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997) Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo. SEÇÃO II DAS ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal; III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição; IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; VI dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos; VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; X - decretar e executar a intervenção federal; XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias; XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99) XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores dobanco central e outros servidores, quando determinado em lei; 8

11 XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União; XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União; XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII; XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional; XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional; XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional; XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas; XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente; XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição; XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior; XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei; XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62; XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição. Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações. SEÇÃO III DA RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLI- CA Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: I - a existência da União; II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação; III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; IV - a segurança interna do País; V - a probidade na administração; VI - a lei orçamentária; VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento. Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal. 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo. 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão. 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. SEÇÃO IV DOS MINISTROS DE ESTADO Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos políticos. Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei: I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração federal na área de sua competência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da República; II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos; III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério; IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República. Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) SEÇÃO V DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO CONSELHO DE DEFESA NACIONAL SUBSEÇÃO I DO CONSELHO DA REPÚBLICA Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele participam: I - o Vice-Presidente da República; II - o Presidente da Câmara dos Deputados; III - o Presidente do Senado Federal; IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados; V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal; VI - o Ministro da Justiça; VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução. Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre: 9

12 I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio; II - as questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas. 1º O Presidente da República poderá convocar Ministro de Estado para participar da reunião do Conselho, quando constar da pauta questão relacionada com o respectivo Ministério. 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho da República. SUBSEÇÃO II DO CONSELHO DE DEFESA NACIONAL Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da República nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático, e dele participam como membros natos: I - o Vice-Presidente da República; II - o Presidente da Câmara dos Deputados; III - o Presidente do Senado Federal; IV - o Ministro da Justiça; V - o Ministro de Estado da Defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) VI - o Ministro das Relações Exteriores; VII - o Ministro do Planejamento. VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional: I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, nos termos desta Constituição; II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal; III - propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo; IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a independência nacional e a defesa do Estado democrático. 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa Nacional. CAPÍTULO III DO PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO I DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: I - o Supremo Tribunal Federal; I-A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II - o Superior Tribunal de Justiça; III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; VI - os Tribunais e Juízes Militares; VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antiguidade e merecimento, atendidas as seguintes normas: a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento; b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago; c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de produtividade e presteza no exercício da jurisdição e pela frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê- -los ao cartório sem o devido despacho ou decisão; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) III o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antiguidade e merecimento, alternadamente, apurados na última ou única entrância; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) IV previsão de cursos oficiais de preparação, aperfeiçoamento e promoção de magistrados, constituindo etapa obrigatória do processo de vitaliciamento a participação em curso oficial ou reconhecido por escola nacional de formação e aperfeiçoamento de magistrados; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a noventa e cinco por cento do subsídio mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível federal e estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma e outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, 4º; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus dependentes observarão o disposto no art. 40; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) VII o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autorização do tribunal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 10

13 VIII o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VIII-A a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de comarca de igual entrância atenderá, no que couber, ao disposto nas alíneas a, b, c e e do inciso II; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) XI nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) XII a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente;(incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) XIII o número de juízes na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva demanda judicial e à respectiva população; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos de mero expediente sem caráter decisório; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) XV a distribuição de processos será imediata, em todos os graus de jurisdição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação. Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado; II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII; III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, 4º, 150, II, 153, III, e 153, 2º, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Parágrafo único. Aos juízes é vedado: I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério; II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; III - dedicar-se à atividade político-partidária. IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art. 96. Compete privativamente: I - aos tribunais: a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos; b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva; c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição; d) propor a criação de novas varas judiciárias; e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim definidos em lei; f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente vinculados; II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169: a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores; b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, ) c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores; d) a alteração da organização e da divisão judiciárias; III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: 11

14 I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau; II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação. 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal. (Renumerado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 2º As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira. 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias. 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete: I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos respectivos tribunais; II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais. 3º Se os órgãos referidos no 2º não encaminharem as respectivas propostas orçamentárias dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do 1º deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo forem encaminhadas em desacordo com os limites estipulados na forma do 1º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de consolidação da proposta orçamentária anual. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 5º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). (Vide Emenda Constitucional nº 62, de 2009) 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no 2º deste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham 60 (sessenta) anos de idade ou mais na data de expedição do precatório, ou sejam portadores de doença grave, definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo do fixado em lei para os fins do disposto no 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). 4º Para os fins do disposto no 3º, poderão ser fixados, por leis próprias, valores distintos às entidades de direito público, segundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do regime geral de previdência social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para os casos de preterimento de seu direito de precedência ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da quantia respectiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de precatórios incorrerá em crime de responsabilidade e responderá, também, perante o Conselho Nacional de Justiça. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de valor pago, bem como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento de parcela do total ao que dispõe o 3º deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). 9º No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). 12

15 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os débitos que preencham as condições estabelecidas no 9º, para os fins nele previstos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da entidade federativa devedora, a entrega de créditos em precatórios para compra de imóveis públicos do respectivo ente federado. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a terceiros, independentemente da concordância do devedor, não se aplicando ao cessionário o disposto nos 2º e 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por meio de petição protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar a esta Constituição Federal poderá estabelecer regime especial para pagamento de crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios, dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e forma e prazo de liquidação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009) SEÇÃO II DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Art O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada. Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. Art Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território; f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta; g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; h) (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de 1999) j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados; l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais; n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados; o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal; p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade; q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal; r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II - julgar, em recurso ordinário: a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; b) o crime político; III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição. d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 13

16 1.º A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. (Transformado do parágrafo único em 1º pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93) 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) V o Governador de Estado ou do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VI - o Procurador-Geral da República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. 1º O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal. 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias. 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado. 4.º (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade.(incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61, de 2009) I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61, de 2009) II um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) III um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) IV um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) V um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VI um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VII um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VIII um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) IX um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) X um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) XI um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) XII dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) XIII dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 14

17 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e impedimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61, de 2009) 2º Os demais membros do Conselho serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61, de 2009) 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tribunal Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) IV representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de autoridade; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) V rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VI elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VII elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a função de Ministro-Corregedor e ficará excluído da distribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as seguintes: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos magistrados e aos serviços judiciários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) III requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tribunais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da República e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, criará ouvidorias de justiça, competentes para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional de Justiça. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) SEÇÃO III DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Art O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três Ministros. Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal; II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94. Art Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais; b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea a, ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, o, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos; 15

18 e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados; f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União; h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal; i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II - julgar, em recurso ordinário: a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória; b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão; c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País; III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) SEÇÃO IV DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E DOS JUÍZES FEDERAIS Art São órgãos da Justiça Federal: I - os Tribunais Regionais Federais; II - os Juízes Federais. Art Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público Federal com mais de dez anos de carreira; II - os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de exercício, por antiguidade e merecimento, alternadamente. 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes dos Tribunais Regionais Federais e determinará sua jurisdição e sede. (Renumerado do parágrafo único, pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art Compete aos Tribunais Regionais Federais: I - processar e julgar, originariamente: a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região; c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal; e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal; II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição. Art Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País; III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional; IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o 5º deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; 16

19 VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o exequatur, e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; XI - a disputa sobre direitos indígenas. 1º As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte. 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual. 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau. 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art Cada Estado, bem como o Distrito Federal, constituirá uma seção judiciária que terá por sede a respectiva Capital, e varas localizadas segundo o estabelecido em lei. Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e as atribuições cometidas aos juízes federais caberão aos juízes da justiça local, na forma da lei. SEÇÃO V DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DO TRABALHO Art São órgãos da Justiça do Trabalho: I - o Tribunal Superior do Trabalho; II - os Tribunais Regionais do Trabalho; III - Juizes do Trabalho. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 1999) 1º a 3º (Revogados pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do T rabalho. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art A lei disporá sobre a constituição, investidura, jurisdição, competência, garantias e condições de exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 1999) Art Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II as ações que envolvam exercício do direito de greve; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 17

20 IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros. 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz singular. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 1999) Parágrafo único. (Revogado pela Emenda Constitucional nº 24, de 1999) Art e Parágrafo único. (Revogados pela Emenda Constitucional nº 24, de 1999) SEÇÃO VI DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS Art São órgãos da Justiça Eleitoral: I - o Tribunal Superior Eleitoral; II - os Tribunais Regionais Eleitorais; III - os Juízes Eleitorais; IV - as Juntas Eleitorais. Art O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos: I - mediante eleição, pelo voto secreto: a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal; b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça; II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal. Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça. Art Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no Distrito Federal. 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão: I - mediante eleição, pelo voto secreto: a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça; b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça; II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo; III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente- dentre os desembargadores. Art Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais. 1º Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os integrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis. 2º Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria. 3º São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança. 4º Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando: I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei; II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais; III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais; IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais; V - denegarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção. 18

21 SEÇÃO VII DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES Art São órgãos da Justiça Militar: I - o Superior Tribunal Militar; II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei. Art O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco dentre civis. Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República dentre brasileiros maiores de trinta e cinco anos, sendo: I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional; II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar. Art à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência da Justiça Militar. SEÇÃO VIII DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS Art Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição. 1º A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão. 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local do litígio. CAPÍTULO IV DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA (REDAÇÃO DADA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 80, DE 2014) SEÇÃO I DO MINISTÉRIO PÚBLICO Art O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. 1º São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 3º O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias. 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for encaminhada em desacordo com os limites estipulados na forma do 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de consolidação da proposta orçamentária anual. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 19

22 Art O Ministério Público abrange: I - o Ministério Público da União, que compreende: a) o Ministério Público Federal; b) o Ministério Público do Trabalho; c) o Ministério Público Militar; d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; II - os Ministérios Públicos dos Estados. 1º O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução. 2º A destituição do Procurador-Geral da República, por iniciativa do Presidente da República, deverá ser precedida de autorização da maioria absoluta do Senado Federal. 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma recondução. 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territórios poderão ser destituídos por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar respectiva. 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros: I - as seguintes garantias: a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado; b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) II - as seguintes vedações: a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais; b) exercer a advocacia; c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério; e) exercer atividade político-partidária; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto no art. 95, parágrafo único, V. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. 1º A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei. 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 5º A distribuição de processos no Ministério Público será imediata. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art Aos membros do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta seção pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura. Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Público compõe-se de quatorze membros nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para um mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I o Procurador-Geral da República, que o preside; II quatro membros do Ministério Público da União, assegurada a representação de cada uma de suas carreiras; III três membros do Ministério Público dos Estados; IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça; V dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VI dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal. 20

23 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério Público serão indicados pelos respectivos Ministérios Públicos, na forma da lei. 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o controle da atuação administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros, cabendo lhe: I zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências; II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas; III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional da instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa; IV rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de membros do Ministério Público da União ou dos Estados julgados há menos de um ano; V elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias sobre a situação do Ministério Público no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI. 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um Corregedor nacional, dentre os membros do Ministério Público que o integram, vedada a recondução, competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas pela lei, as seguintes: I receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos membros do Ministério Público e dos seus serviços auxiliares; II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e correição geral; III requisitar e designar membros do Ministério Público, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de órgãos do Ministério Público. 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho. 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do Ministério Público, competentes para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Ministério Público, inclusive contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional do Ministério Público. SEÇÃO II DA ADVOCACIA PÚBLICA (REDAÇÃO DADA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 19, DE 1998) Art A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo. 1º A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado- Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada. 2º O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição de que trata este artigo far-se-á mediante concurso público de provas e títulos. 3º Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei. Art Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) SEÇÃO III DA ADVOCACIA (REDAÇÃO DADA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 80, DE 2014) Art O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. SEÇÃO IV DA DEFENSORIA PÚBLICA (REDAÇÃO DADA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 80, DE 2014) Art A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014) 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais. (Renumerado do parágrafo único pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, 2º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 3º Aplica-se o disposto no 2º às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 74, de 2013) 21

24 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional, aplicando-se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014) Art Os servidores integrantes das carreiras disciplinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão remunerados na forma do art. 39, 4º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 1 Poder Legislativo. O Poder Legislativo, no âmbito da União, é exercido pelo Congresso Nacional, que é formado pelo Senado Federal e pela Câmara dos Deputados. O Brasil adota, portanto, o sistema de bicameralismo (duas Casas Legislativas). A Câmara dos Deputados é formada por representantes do povo (hoje são 513 Deputados), de maneira que o número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, de maneira que nenhuma unidade da federação terá menos de oito e mais que setenta Deputados. Vale lembrar que, conforme já dito outrora, apesar de inexistirem, no Brasil, Territórios federais, caso estes existissem, cada um elegeria quatro Deputados. Os Deputados são eleitos pelo sistema eleitoral proporcional, para mandato de quatro anos, permitidas ilimitadas reconduções ao poder. Já o Senado Federal compõem-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos no sistema eleitoral majoritário simples. Cada Estado/Distrito Federal elege três Senadores (totalizando, assim, oitenta e um Senadores), para mandato de oito anos, renovando-se o Senado a proporções de um terço e dois terços (isto é, se na eleição atual se elege um Senador, significa que na eleição seguinte se elegerá dois Senadores. Jamais se elege três Senadores ao mesmo tempo). Por fim, vale lembrar que cada Senador será eleito com dois suplentes (os quais não são votados). Disso infere-se que o número de Deputados Federais varia de Estado para Estado, enquanto o número de Senadores é sempre o mesmo por Estado, a saber, três. Tal fato se dá porque, enquanto são os Deputados os representantes do povo, são os Senadores os representantes dos Estados/Distrito Federal. Já no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, o Poder Legislativo é representado pelas Assembleias Legislativas (no Distrito Federal, esta é chamada Câmara Legislativa ), que é órgão unicameral (ou seja, não há nos Estados duas Casas Legislativas como há na esfera da União). O número de Deputados à Assembleia Legislativa, por força da cabeça do art. 27, da Constituição da República, corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze. Por fim, no âmbito dos Municípios, o Poder Legislativo será desempenhado pela Câmara de Vereadores, que é órgão unicameral (ou seja, não há nos Municípios duas Casas Legislativas, como há em nível da União). Os limites máximos de composição da Câmara de Vereadores seguem o art. 29, IV, da Constituição. 1.1 Reunião do Congresso Nacional. Ordinariamente, o Congresso Nacional se reunirá de dois de fevereiro a dezessete de julho (primeira parte), e de primeiro de agosto a vinte e dois de dezembro (segunda parte). Quando estas datas caírem em sábado, domingo e feriado, as reuniões serão marcados para o primeiro dia útil subsequente. A tal período se dá o nome de sessão legislativa. Uma legislatura (quatro anos), pois, é o resultado de quatro sessões legislativas. Por sua vez, extraordinariamente, o Congresso pode se reunir durante o recesso parlamentar. Nestes casos, a convocação se fará pelo Presidente do Senado Federal (em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente-Presidente da República), conforme dispõe o primeiro inciso, do sexto parágrafo, do art. 57, CF; ou pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas (em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional), conforme dispõe o segundo inciso, do sexto parágrafo, do art. 57, CF. Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, vedado o pagamento de parcela indenizatória em razão da convocação. Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas incluídas na pauta de convocação. 1.2 Atribuições do Congresso Nacional. Com supedâneo no art. 48, da Constituição, cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República (salvo nos casos dos arts. 49, 51 e 52), dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre: A) Sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas (inciso I); B) Plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado (inciso II); C) Fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas (inciso III); D) Planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento (inciso IV); E) Limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União (inciso V); F) Incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Legislativas (inciso VI); G) Transferência temporária da sede do Governo Federal (inciso VII); H) Concessão de anistia (inciso VIII); I) Organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal (inciso IX); J) Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b (inciso X); K) Criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública (inciso XI); L) Telecomunicações e radiodifusão (inciso XII); M) Matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações (inciso XIII); N) Moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal (inciso XIV). O) Fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, 4º; 150, II; 153, III; e 153, 2º, I, todos da Constituição (inciso XV). 22

25 1.3 Competência exclusiva do Congresso Nacional. Vejamos o que prevê o art. 49, da Constituição da República: A) Resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional (inciso I); B) Autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar (inciso II); C) Autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias (inciso III); D) Aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas (inciso IV); E) Sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa (inciso V); F) Mudar temporariamente sua sede (inciso VI); G) Fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, 4º, 150, II, 153, III, e 153, 2º, I, todos da Lei Fundamental (inciso VII); H) Fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, 4º, 150, II, 153, III, e 153, 2º, I, todos da Constituição (inciso VIII); I) Julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo (inciso IX); J) Fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta (inciso X); K) Zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes (inciso XI); L) Apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão (inciso XII); M) Escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União (inciso XIII); N) Aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares (inciso XIV); O) Autorizar referendo e convocar plebiscito (inciso XV); P) Autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais (inciso XVI); Q) Aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares (inciso XVII). 1.4 Competência privativa da Câmara dos Deputados. São elas, nos moldes do art. 51, CF: A) Autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado (inciso I); B) Proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa (inciso II); C) Elaborar seu regimento interno (inciso III); D) Dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias (inciso IV); E) Eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII, da Constituição (inciso V). 1.5 Competência privativa do Senado Federal. Vejamos o que preceitua o art. 52, da Constituição da República: A) Processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles (inciso I); B) Processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade (inciso II); C) Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de (inciso III): magistrados, nos casos estabelecidos na Constituição (alínea a ); Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República (alínea b ); Governador de Território (alínea c ); Presidente e diretores do banco central (alínea d ); Procurador-Geral da República (alínea e ); titulares de outros cargos que a lei determinar (alínea f ); D) Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente (inciso IV); E) Autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios (inciso V); F) Fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (inciso VI); G) Dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal (inciso VII); H) Dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno (inciso VIII); I) Estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (inciso IX); J) Suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal (inciso X); K) Aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato (inciso XI); L) Elaborar seu regimento interno (inciso XII); M) Dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias (inciso XIII); N) Eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII, da Constituição (inciso XIV); 23

26 O) Avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios (inciso XV). 1.6 Comissões Parlamentares. As Comissões, disciplinadas no art. 58, da Lei Fundamental, podem ser permanentes ou temporárias, e a elas cabe, de acordo com sua competência previamente estabelecida, discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa (art. 58, 2º, I, CF); realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil (art. 58, 2º, II, CF); convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições (art. 58, 2º, III, CF); receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas (art. 58, 2º, IV, CF); solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão (art. 58, 2º, V, CF); apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer (art. 58, 2º, VI, CF). Isto posto, há se falar sobre tais Comissões: A) Comissões permanentes. Criadas para durarem por tempo indeterminado, acabam existindo durante sucessivas legislaturas para os temas para os quais são pensadas. Como exemplos, se pode mencionar a Comissão de Constituição e Justiça, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, dentre outras; B) Comissões temporárias. São criadas para fins específicos, e duram o tempo necessário para a realização de seus trabalhos ou um tempo previamente estabelecido; C) Comissão parlamentar de inquérito. Trata-se de uma espécie de comissão temporária, a qual optou-se por estudar em separado em razão de sua larga utilização na história política do país. Tais comissões terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais (além de outros previstos nos Regimentos das respectivas Casas), podendo ser criadas, no âmbito da União, pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal, ou pelas duas Casas conjuntamente (caso em que serão chamadas Comissões Parlamentares Mistas de Inquérito ). Trata-se de um instrumento das minorias, haja vista que poderão ser criadas mediante o requerimento de um terço dos membros da Casa em que ocorrerão (ou um terço de cada Casa, caso se trata se comissão mista), para apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. Em primeiro lugar, há se observar que uma CPI (ou CPMI) tem poderes próprios de autoridade judicial, resguardadas as matérias sujeitas à chamada reserva constitucional de jurisdição. Desta maneira, uma CPI pode ouvir uma testemunha, interrogar um acusado, determinar uma quebra de sigilo bancário, ou determinar a condução coercitiva de alguém. São matérias sujeitas à reserva de jurisdição, contudo, a determinação de interceptação telefônica, o sigilo judicialmente imposto a processo, a determinação de prisão preventiva de alguém, bem como a violação de domicílio. Nestes casos, a CPI não pode agir de ofício, fazendo-se necessário o socorro do Poder Judiciário, daí o significado do termo reserva de jurisdição. Em segundo lugar, uma CPI é criada para apurar fato certo. Disso infere-se que não pode tal comissão ser utilizada como instrumento de constrangimento político, destinada a apurar algo sem que saiba o quê, afinal, está sendo investigado. Isso não impede que a CPI amplie seus objetivos se, durante as investigações, fatos desconhecidos à época da instauração da CPI vierem à tona. Em terceiro lugar, uma CPI deve ter prazo determinado (afinal, trata-se de espécie de comissão temporária). Neste diapasão, uma Comissão Parlamentar de Inquérito nunca pode ultrapassar uma legislatura. Desta maneira, ela termina ou com o atingimento dos objetivos dos trabalhos, ou com o fim do prazo estabelecido (com ou sem prorrogação), ou com o fim da legislatura; D) Comissão representativa. Consagrada no quarto parágrafo, do art. 58, da Constituição Federal, durante o recesso legislativo haverá uma comissão do Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no regimento comum, cuja composição reproduzirá, quando possível, a proporcionalidade da representação partidária. Esta também é uma espécie de comissão temporária, pois somente dura no período do recesso parlamentar. 1.7 Garantias e privilégios dos Deputados e Senadores. Tratam-se de atribuições institucionais (pertencem ao cargo que ocupam os parlamentares), razão pela qual um parlamentar a elas não pode renunciar. Iniciam-se com a diplomação, e duram até o término do mandato. Vejamos: A) Imunidade material. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por suas opiniões, palavras e votos. Eis o teor do caput, do art. 53, da Constituição Federal. Esta imunidade material também é chamada inviolabilidade, e somente alcança as manifestações dos parlamentares que guardarem nexo com o desempenho das funções; B) Imunidade formal. Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva (significa que, se o crime for praticado antes da diplomação, não é preciso essa ciência), que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. Tal pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa diretora. Ademais, a sustação do processo suspende a prescrição enquanto durar o mandato; C) Privilégio de foro por prerrogativa de função. Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. Esta prerrogativa somente alcança os parlamentares diplomados, não seus suplentes (salvo se estes assumirem chegarem a assumir o cargo, interina ou definitivamente). Vale lembrar que, por força da Súmula nº 704, do Supremo Tribunal Federal, não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa, e do devido processo legal, a atração por conexão ou por continência do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados. 24

27 Vale lembrar, por fim, que conforme entendimento mais recente do STF, se o parlamentar renuncia ao cargo deliberadamente para não ser julgado no foro privilegiado, configurando abuso de direito, a renúncia não tem o condão de mudar a competência. Este parlamentar, mesmo tendo renunciado, continuará a ser julgado onde se dá seu foro privilegiado; D) Inviolabilidade profissional. Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. Eis o teor do sexto parágrafo, do art. 53, da Constituição Federal; E) Serviço militar obrigatório. A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva (art. 53, 7º, CF); F) Subsistência das imunidades. As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio (bem como durante o Estado de Defesa, menos gravoso), só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. Vejase, pois, que para atos praticados dentro do recinto do Congresso Nacional, não é possível qualquer suspensão das imunidades. 1.8 Restrições a Deputados e Senadores. Com fulcro no art. 54, da Constituição, os Deputados e Senadores não poderão: A) Desde a expedição do diploma. Firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes (inciso I, alínea a ); aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades constantes da alínea anterior (inciso I, alínea b ); B) Desde a posse. Ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada (inciso II, alínea a ); ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades referidas no inciso I, a (inciso II, alínea b ); patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, a (inciso III, alínea c ); ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo (inciso II, alínea d ). Nada obstante, de acordo com o art. 55, da Lei Fundamental, perderá o mandato o Deputado ou Senador: A) Que infringir qualquer das proibições estabelecidas no art. 54, que se acabou de ver (inciso I). Eis uma hipótese de votação aberta por parte dos parlamentares, mais a necessidade de maioria absoluta, dada a Emenda Constitucional nº 76/2013, que alterou o segundo parágrafo, do art. 55, CF; B) Cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar (inciso II). Eis uma hipótese de votação aberta por parte dos parlamentares, mais a necessidade de maioria absoluta, dada a Emenda Constitucional nº 76/2013, que alterou o segundo parágrafo, do art. 55, CF; C) Que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada (inciso III); D) Que perder ou tiver suspensos os direitos políticos (inciso IV); E) Quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição (inciso V); F) Que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado (inciso VI). Eis uma hipótese de votação aberta por parte dos parlamentares, mais a necessidade de maioria absoluta, dada a Emenda Constitucional nº 76/2013, que alterou o segundo parágrafo, do art. 55, CF. Por outro lado, com supedâneo no art. 56, da Lei Fundamental, não perderá o mandato o Deputado ou Senador: A) Investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária (inciso I). Neste caso, o Deputado ou Senador poderá optar pela remuneração do mandato; B) Licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa (inciso II). 1.9 Processo legislativo. A vida em sociedade (entre particulares), bem como as relações entre agente particular e agente estatal, devem ser reguladas por normas de conduta, sejam elas meramente esclarecedoras, ou então permissivas, concessoras de direitos, proibitivas, punitivas, dentre outras. Ao Estado compete a atividade legislativa, e, mais especificamente, ao Poder Legislativo compete tal processo. É óbvio que, atipicamente, outras funções da República também podem legislar, mas nenhuma delas tem a mesma abrangência que a feita pelo Poder Legislativo. O processo legislativo, neste diapasão, nada mais é que a regulação da criação de normas. Isto posto, nos termos do art. 59, da Constituição Federal, são espécies normativas: A) Emendas à Constituição; B) Leis complementares; C) Leis ordinárias; D) Leis delegadas; E) Medidas provisórias; F) Decretos legislativos; G) Resoluções. Convém lembrar que Lei Complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. Esta lei já existe, e é a Lei Complementar nº 95/ Emenda à Constituição Federal. Vejamos: A) Iniciativa. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta de um terço (no mínimo), dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; mediante proposta do Presidente da República; ou mediante proposta de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros; B) Votação. A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, nas quatro votações, três quintos dos votos dos respectivos membros (maioria qualificada); C) Hipóteses em que a Constituição Federal não poderá ser emendada. Vale lembrar que a Constituição Federal não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio; 25

28 D) Promulgação da emenda. A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem; E) Nuança temporal acerca da emenda. Matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. Assim, se uma proposta foi rejeitada no ano de 2012, p. ex., não pode ela ser reapresentada neste mesmo ano, mas tão somente em F) Cláusulas pétreas. Conforme o quarto parágrafo, do art. 60, CF, não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa de Estado (inciso I); o voto direto, secreto, universal e periódico (inciso II); a separação dos Poderes (inciso III); e os direitos e garantias individuais (inciso IV) Leis complementares e ordinárias. Convém fazer um estudo conjunto: A) Hierarquia entre leis complementares e ordinárias. Isso já foi tema bastante divergente, mas, atualmente, tanto o Supremo Tribunal Federal como o Superior Tribunal de Justiça afirmam não haver qualquer hierarquia entre estas duas espécies normativas. A única diferença é que as matérias que a Constituição Federal quer que sejam tratadas por lei complementar são matérias reservadas, de maneira que, quando o texto constitucional disser que uma determinada matéria compete à lei, apenas, significa que essa lei é ordinária, por não ser matéria reservada, pois, quando quiser que a matéria seja tratada por lei complementar, dirá compete à lei complementar ; B) Iniciativa. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos. Vale lembrar que a discussão e a votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados; C) Possibilidade de uma matéria de lei complementar poderá ser tratada por lei ordinária. Isso não é possível. Se lei ordinária tratar de matéria de lei complementar, esta lei será formalmente inconstitucional; D) Possibilidade de uma matéria de lei ordinária ser tratada por lei complementar. Isso é perfeitamente possível, e se dá por uma questão de economia legislativa (afinal, se a lei complementar trata de matéria reservada, não deve haver óbice que trate de matéria não reservada). Ademais, às vezes, pode ser que haja dúvida se a matéria deva ser tratada por lei complementar ou lei ordinária, de forma que é melhor, assim, para evitar eventual invalidação, regulamentar a questão por lei complementar. Num caso assim, a lei será formalmente complementar, mas materialmente ordinária. E) Quórum de aprovação. Deve haver maioria relativa para lei ordinária, isto é, mais de cinquenta por cento dos presentes na votação. Já para lei complementar, o quórum de aprovação é de maioria absoluta, isto é, mais de cinquenta por cento dos membros da Casa Parlamentar Lei delegadas, decretos legislativos, resoluções. Consoante o art. 68, da Constituição da República, as leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. Com efeito, não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem legislação sobre organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros, sobre nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais, e sobre planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. Ademais, a delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício (se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, esta a fará em votação única, vedada qualquer emenda). Por sua vez, os decretos legislativos são manifestações do Congresso Nacional no desempenho de sua competência exclusiva prevista no art. 49, CF. Por fim, as resoluções são manifestações das Casas do Congresso Nacional, no exercício de suas atribuições previstas no art. 51 (Câmara dos Deputados) e 52 (Senado Federal), da Constituição Medidas provisórias. Há se dividir o estudo em tópicos: A) Conceito. Trata-se de espécie normativa com força de lei, adotada em caso de relevância e urgência, e que deve ser submetida de imediato ao Congresso Nacional, valendo ressaltar que sua votação é iniciada na Câmara dos Deputados; B) Matérias vedadas. É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria (art. 62, 1º, CF): relativa à (inciso I) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral (alínea a ); direito penal, processual penal e processual civil (alínea b ); organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros (alínea c ); planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, 3º, da Constituição (alínea d ); que vise à detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro (inciso II); reservada a lei complementar (inciso III); já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República (inciso IV); C) Trancamento da pauta de votações. Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada Casa do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando; D) Conversão em lei. Em regra, se não forem as medidas provisórias convertidas em lei no prazo de sessenta dias contados de sua publicação, prazo este prorrogável uma única vez por igual período (o prazo suspende-se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional), as medidas provisórias perderão sua eficácia, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. Por sua vez, aprovado o projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta se manterá integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto; E) Nuança temporal. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo Procedimento legislativo ordinário. É o procedimento aplicável para a elaboração de leis ordinárias. 26

29 Em primeiro lugar, convém falar que o projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar. Caso a Casa revisora promova alterações substanciais no projeto de lei, este deverá retornar à Casa embrionária, para que as alterações sejam votadas e aprovadas ou não. Ato contínuo, a Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará. Todavia, se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional (veto jurídico) ou contrário ao interesse público (veto político), promoverá o veto total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis (contados da data do recebimento), e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto. Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará sanção. Urge lembrar que o veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. Não se pode vetar parte do texto de um parágrafo, p. ex. Também, o veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores (não mais se permite o escrutínio secreto para essa derrubada do veto, por força da Emenda Constitucional nº 76/2013, que alterou o quarto parágrafo, do art. 66, CF, retirando este requisito). Neste diapasão, se o veto não for mantido, será o projeto enviado para promulgação ao Presidente da República, que deverá promulgar a lei no prazo de quarenta e oito horas (não o fazendo, o Presidente do Senado promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo). Por fim, a matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional Procedimento legislativo sumário. Tal procedimento é previsto no primeiro parágrafo, do art. 64, da Constituição Federal, e ocorre quando o Presidente da República solicitar urgência na apreciação dos projetos de sua iniciativa. Neste caso, se a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se manifestarem sobre a proposição, cada qual sucessivamente, em ate quarenta e cinco dias, ficarão sobrestadas todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção das que tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime a votação (tais prazos não correm nos períodos de recesso do Congresso Nacional, nem se aplicam aos projetos de Código) Procedimento legislativo especial. É o procedimento utilizado para determinadas espécies normativas, como é o caso das emendas constitucionais, das leis complementares, das leis delegadas, da conversão das medidas provisórias em leis, da lei de diretrizes orçamentárias etc Fiscalização contábil, financeira e orçamentária (controle externo). A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, com auxílio do Tribunal de Contas da União, e pelo sistema de controle interno de cada Poder Atribuições do Tribunal de Contas da União. São elas, previstas no art. 71, da Constituição da República: A) Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento (inciso I); B) Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público (inciso II); C) Apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório (inciso III); D) Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas na hipótese B (inciso IV); E) Fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo (inciso V); F) Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município (inciso VI); G) Prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas (inciso VII); H) Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário (inciso VIII); I) Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade (inciso IX); J) Sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal (inciso X); K) Representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados (inciso XI). Como se não bastasse, o Tribunal de Contas da União ( TCU ) encaminhará ao Congresso Nacional, trimestralmente e anualmente, relatório de suas atividades Composição do Tribunal de Contas da União. O TCU tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoa e jurisdição em todo o território nacional, sendo formado por nove Ministros. Ademais, para ser Ministro do TCU é preciso, consoante o primeiro parágrafo, do art. 73, CF: A) Ter mais de trinta e cinco e menos de sessenta anos de idade (inciso I); B) Ter idoneidade moral e reputação ilibada (inciso II); 27

30 C) Ter notórios conhecimentos jurídicos, contáveis, econômicos e financeiros ou de administração pública (inciso III); D) Ter mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados na hipótese anterior (inciso IV) Modo de escolha dos Ministros do TCU. Um terço é escolhido pelo Presidente da República, com aprovação pelo Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e merecimento. Os outros dois terços são escolhidos pelo Congresso Nacional. Vale lembrar que os Ministros do TCU terão as mesmas prerrogativas, garantias, impedimentos, vantagens e vencimentos dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça (já o auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e impedimentos do titular e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz do Tribunal Regional Federal) Controle interno. Se o controle externo será desempenhado pelo Congresso Nacional, com auxílio do Tribunal de Contas da União, o controle interno é exercido por cada Poder, por meio de seus próprios órgãos. Neste diapasão, com fulcro no art. 74, CF, são finalidades do sistema de controle interno, o qual deve ser mantido de forma integrada: A) Avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União (inciso I); B) Comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado (inciso II); C) Exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União (inciso III); D) Apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional (inciso IV). Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. Vale lembrar, por fim, que qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. 2 Poder Executivo. Ao Poder Executivo são atribuídas as funções de chefia, tanto de Estado como de Governo, decorrentes do sistema presidencialista adotado no Brasil. Sua função precípua é a administrativa, razão pela qual há quem também o chame de Poder Administrativo (ou função administrativa ). Em âmbito nacional, o Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, com auxílio dos Ministros de Estado; em âmbito estadual e distrital, o é pelo Governador de Estado (no caso do Distrito Federal, se utiliza a expressão Governador Distrital ), com auxílio dos Secretários de Estado; em âmbito municipal, o é pelo Prefeito Municipal, com auxílio dos Secretários Municipais. 2.1 Eleições para Presidente e Vice-Presidente da República. As eleições para Presidente e Vice-Presidente da República se realizarão no primeiro domingo de outubro (em primeiro turno), e no último domingo de outubro (em segundo turno), se houver, do ano anterior ao término do mandato presidencial vigente. A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente com ele registrado, e, será considerado eleito o candidato que obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos. Mas, se antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação (isto é, aquele que ficou em terceiro lugar no primeiro turno). O mandato do Presidente da República é de quatro anos (permitida a reeleição uma única vez), e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição. Ademais, o Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do país por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo. 2.2 Posse do Presidente da República e do Vice-Presidente da República. O Presidente da República e seu Vice tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de: A) Manter, defender e cumprir a Constituição; B) Observar as leis; C) Promover o bem geral do povo brasileiro; D) Sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago. O Vice-Presidente substitui o Presidente no caso de impedimento, ou sucede-o no caso de vacância. 2.3 Impedimento/vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República. Neste caso, com supedâneo nos arts. 80 e 81, da Constituição Federal, observar-se-á a linha sucessória da Presidência da República, isto é, o Presidente da Câmara dos Deputados, o Presidente do Senado Federal, e o Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal, nesta ordem. Nestes casos, os agentes acima mencionados assumem apenas interinamente. Isto porque, se a vacância/impedimento do Presidente/Vice-Presidente da República se der nos dois primeiros anos de mandato, deve ser feita eleição no prazo de noventa dias depois de aberta a última vaga. Agora, se a vacância ocorrer nos dois últimos anos de mandato, a eleição para ambos os cargos deve ser feita no prazo de trinta dias depois de aberta a última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma de lei (esta é uma exceção de eleições indiretas no Brasil). Em qualquer dos casos, os eleitos apenas completarão o período de seus antecessores. 2.4 Atribuições do Presidente da República. Elas estão, essencialmente, previstas no art. 84, da Lei Fundamental, segundo o qual compete privativamente ao Presidente da República: A) Nomear e exonerar os Ministros de Estado (inciso I); B) Exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal (inciso II); C) Iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos na Constituição (inciso III); 28

31 D) Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução (inciso IV); E) Vetar projetos de lei, total ou parcialmente (inciso V); F) Dispor mediante decreto sobre (inciso VI): organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos (alínea a ), bem como sobre extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos (alínea b ); G) Manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos (inciso VII); H) Celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional (inciso VIII); I) Decretar o Estado de Defesa e o Estado de Sítio (inciso IX); J) Decretar e executar a intervenção federal (inciso X); K) Remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do país e solicitando as providências que julgar necessárias (inciso XI); L) Conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei (inciso XII); M) Exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos (inciso XIII); N) Nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do Banco Central e outros servidores, quando determinado em lei (inciso XIV); O) Nomear, observado o disposto no art. 73, CF, os Ministros do Tribunal de Contas da União (inciso XV); P) Nomear os magistrados, nos casos previstos na Constituição, e o Advogado-Geral da União (inciso XVI); Q) Nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII, CF (inciso XVII); R) Convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional (inciso XVIII); S) Declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional (inciso XIX); T) Celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional (inciso XX); U) Conferir condecorações e distinções honoríficas (inciso XXI); V) Permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forçar estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente (inciso XXII); X) Enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos na Constituição (inciso XXIII); Z) Prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior (inciso XXIV); W) Prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma de lei (inciso XXV); Y) Editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62, CF (inciso XXVI). Vale frisar que tal rol é exemplificativo, afinal, o inciso XXVII, do art. 84, da Constituição, dispõe que, além destas, o Presidente da República pode exercer outras atribuições desde que previstas na Lei Fundamental. Por fim, as atribuições mencionadas nas letras F, L, e W primeira parte, poderão ser delegadas pelo Presidente da República aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República, ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações. 2.5 Responsabilidades do Presidente da República. De acordo com o art. 85, da Constituição Federal, são crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra (a Lei nº 1.079/50 também trabalha com os crimes de responsabilidade praticados pelo Presidente da República): A) A existência da União (inciso I); B) O livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público, e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação (inciso II); C) O exercício dos direitos políticos, individuais e sociais (inciso III); D) A segurança interna do país (inciso IV); E) A probidade na administração (inciso V); F) A lei orçamentária (inciso VI); G) O cumprimento das leis e das decisões judiciais (inciso VII). Se está trabalhando, aqui, com o impeachment do Presidente da República, medida de cunho político destinada a destituir determinadas autoridades de seus cargos. Admitida a acusação contra o Presidente da República (por dois terços da Câmara dos Deputados), será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal (nas infrações penais comuns), ou perante o Senado Federal (nos crimes de responsabilidade). Neste caso, o Presidente ficará suspenso de suas funções? Sim. Veja-se: A) Nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo STF, o Presidente da República ficara suspenso; B) Nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal também. Mas, se decorrido o prazo de cento e oitenta dias o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo de impeachment. Posto isto, para finalizar este tópico sobre a responsabilidade do Presidente da República, alguns detalhes fundamentais merecem ser lembrados: A) Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito à prisão; B) O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções; C) No processo e julgamento do Presidente da República por crime de responsabilidade, o Senado Federal será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, limitando-se à condenação (que será proferida se houver o voto de dois terços dos membros do Senado Federal) à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções cabíveis; D) Tanto no julgamento por crimes de responsabilidade, como por crimes comuns, deve ser assegurado ao Presidente da República as garantias do devido processo legal, do contraditório, e da ampla defesa. 29

32 2.6 Ministros de Estado. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos, para auxiliar o Presidente da República no comando do Poder Executivo. São algumas atribuições dos Ministros de Estado, consoante prevê o parágrafo único, do art. 87, da Lei Fundamental: A) Exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração federal na área de sua competência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da República (inciso I); B) Expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos (inciso II); C) Apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério (inciso III); D) Praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República (inciso IV). 3 Poder Judiciário. Hoje, seguindo o entendimento consagrado do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Ferreira Mendes, são atribuições do Poder Judiciário: A) O Poder Judiciário faz a defesa de direitos fundamentais. Não há se falar em Poder Judiciário sem a defesa dos direitos fundamentais; B) O Poder Judiciário defende a força normativa da Constituição. Há muito as Constituições deixaram de ter conteúdo político, não vinculador dos Poderes e dos entes da Administração Pública. Hoje, as Constituições têm conteúdo jurídico, normativo. Isso demonstra que a Constituição não é um recado, não é um aviso, não é uma declaração de intenções, não é um pedido. A Constituição é uma norma jurídica, com imperatividade reforçada simplesmente pelo fato de ser Constituição ; C) O Poder Judiciário faz o seu autogoverno. É o chamado autogoverno dos tribunais : o Poder Judiciário elege os seus órgãos diretivos, cria seus regimentos internos, organiza seus próprios concursos, tudo com base nesse autogoverno; D) O Poder Judiciário resolve o conflito entre os demais Poderes; E) O Poder Judiciário edita a chamada legislação judicial, que é aquela decorrente da atividade criativa do juiz, sobretudo oriunda das Cortes Constitucionais. Esse é um tema bastante complexo, e passível de amplas discussões. É aqui que se encontram as discussões em torno do chamado ativismo judicial, da jurisdição constitucional, das sentenças aditivas, da constitucionalidade da Súmula Vinculante, os recentes entendimentos tomados pelo STF em sede de mandado de injunção etc. Alega-se que isso representa a invasão, pelo Poder Judiciário, da atribuição típica de legislar do Poder Legislativo. É óbvio que o Judiciário tem atribuições atípicas para legislar, mas tais atribuições, por serem atípicas, precisam estar consagradas constitucionalmente, como de fato estão. Contudo, dentre estas atribuições, não está prevista a atividade legislativa do Poder Judiciário de forma constante como vem acontecendo. 3.1 Órgãos do Poder Judiciário. São eles, consoante o art. 92, da Constituição Federal: A) O Supremo Tribunal Federal; B) O Conselho Nacional de Justiça; C) O Superior Tribunal de Justiça; D) Os Tribunais Regionais Federais e os Juízes Federais; E) Os Tribunais e Juízes do Trabalho F) Os Tribunais e Juízes Eleitorais; G) Os Tribunais e Juízes Militares; H) Os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. O STF, o CNJ, e os Tribunais Superiores, têm sede em Brasília, capital do país. Ademais, a jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores se estende por todo o território nacional. 3.2 Garantias gozadas pelos juízes. São elas, conforme o art. 95, da Constituição: A) Vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado (inciso I); B) Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII, da Constituição Federal (inciso II); C) Irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, 4º, 150, II, 153, III, e 153, 2º, I, todos da CF (inciso IV). 3.3 Vedações impostas aos juízes. Aos juízes é vedado (parágrafo único, do art. 95, da Constituição): A) Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério (inciso I); B) Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo (inciso II); C) Dedicar-se à atividade político-partidária (inciso III); D) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei (inciso IV); E) Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (inciso V). 3.4 Supremo Tribunal Federal. O Supremo Tribunal Federal (STF) é o guardião da Constituição Federal. Trata-se da corte suprema de justiça deste país, para onde vão todas as questões de cunho constitucional Composição do STF. O Supremo Tribunal é formado por onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e de reputação ilibada. Convém obtemperar, desde logo, que o número de Ministros (onze) é uma cláusula pétrea implícita, e, portanto, tal número não pode ser aumentado ou diminuído por Emenda Constitucional Requisitos para ser Ministro do Supremo Tribunal Federal. São eles: A) Ser brasileiro nato (art. 12, 3º, IV, CF). A razão para essa exigência é a linha sucessória da Presidência da República. Em caso de impedimento/vacância do cargo por parte do Presidente da República, assume o Vice-Presidente da República. Se este não puder assumir, é chamado o Presidente da Câmara dos Deputados. Se este não puder assumir, assume o Presidente do Senado. Se este não puder assumir, é a vez do o Ministro-Presidente do Supremo Tribunal Federal (art. 80, CF); B) Idade mínima de trinta e cinco anos. Aos trinta e cinco anos, o cidadão adquire a chamada capacidade política absoluta (ou plenitude dos direitos políticos ), isto é, a capacidade de votar, e, o que aqui importa, de ser votado para todos os cargos. Trinta e cinco anos é a idade exigida para ser Presidente da República, Vice-Presidente da República, e Senador da República. E, se o Ministro do Supremo Tribunal Federal pode vir a ser Presidente da República, deve ter este trinta e cinco anos; 30

33 C) A idade máxima para posse é sessenta e cinco anos. Isto se dá em razão da aposentadoria compulsória aos setenta anos (a chamada expulsória ). O cidadão precisa ter desenvolvido suas atividades por, no mínimo, cinco anos, e, depois, se aposentar compulsoriamente aos setenta anos; D) Notável conhecimento jurídico. Trata-se de conceito absolutamente indeterminado o que vem a ser notável conhecimento jurídico. Em linhas gerais, a expressão traduz o conhecimento que dispensa provas, ou seja, é sabido de todos que o cidadão é um grande conhecedor das ciências jurídicas; Para ter notável conhecimento jurídico, exige-se que o indivíduo seja formado em Direito? Já houve, na história longínqua do STF, um Ministro que não fosse formado em Direito (Barata Ribeiro, um médico). Hoje, entende-se que, no mínimo, é preciso ser bacharel em Direito. Não é mais possível, com o avanço da ciência jurídica, ter notável conhecimento jurídico sem que seja bacharel em Direito. Não é preciso ser especialista, mestre, ou doutor em direito, nem mesmo ter uma carreira acadêmica consolidada. Se o notável conhecimento puder ser verificado por outra forma, esta valerá sem maiores problemas; E) Reputação ilibada, idônea. Trata-se de uma vida passada sem qualquer nódoa, sem quaisquer percalços que ponham em xeque a honestidade do cidadão Forma de escolha dos Ministros do STF. Para escolher um Ministro para o Supremo Tribunal Federal, o Presidente da República indica brasileiros que preencham os requisitos vistos no item anterior. Assim, o Presidente vai indicar um nome para o Senado, que, após sabatiná-lo, deve aprová-lo por maioria de votos. Mas o que é essa sabatina? Sabatina não é concurso, não é prova. Na sabatina, o Senado vai apenas querer saber a posição do indicado a respeito de temas nevrálgicos do país, como a posição sobre o aborto de feto anencefálico, sobre a legalização das drogas etc. O problema é que, no Brasil, esta sabatina não é levada a sério. Muitas vezes, o ato se torna apenas um referendamento da escolha prévia feita pelo Presidente da República, graças a conchavos políticos pré-estabelecidos Competência de julgamento do STF. O principal nicho de competências previstas está no art. 102, da Constituição Federal. Isto posto, compete ao Supremo processar e julgar: A) Originariamente: 1) A ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; 2) Nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; 3) Nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente; 4) O habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas-data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; 5) O litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território; 6) As causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta; 7) A extradição solicitada por Estado estrangeiro; 8) O habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; 9) A revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados; 10) A reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; 11) A execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais; 12) A ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados; 13) Os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal; 14) O pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade; 15) O mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal; 16) As ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público; B) Em sede de recurso ordinário: 1) O habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; 2) O crime político; C) Em sede de recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: 1) Contrariar dispositivo desta Constituição; 2) Declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; 3) Julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição; 4) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. Some-se a isso a competência exclusiva para o julgamento da arguição por descumprimento de preceito fundamental, prevista no primeiro parágrafo, do art. 103, da Constituição Federal, bem como a competência para receber reclamação constitucional por violação a preceito de Súmula Vinculante (art. 103-A, 3º, CF) Súmula Vinculante. O Supremo Tribunal Federal (e apenas ele) poderá, de oficio ou por provocação, mediante decisão de dois terços de seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula, a qual terá, a partir de sua publicação da imprensa oficial, efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e em relação à Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. É possível revisar/cancelar Súmula Vinculante? Sim, pelo mesmo procedimento de sua edição. Os legitimados a provocar a revisão ou o cancelamento de súmula são os mesmos para propor a ação direta de inconstitucionalidade/ação declaratória de constitucionalidade. Neste diapasão, do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação constitucional ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso. 31

34 3.5 Conselho Nacional de Justiça. O Conselho Nacional de Justiça foi introduzido no ordenamento pátrio como órgão integrante do Poder Judiciário pela Emenda Constitucional nº 45/2004. Trata-se de instituição absoluta nova no país, embora não no mundo. Experiências semelhantes foram promovidas, num rol não-exauriente, em Portugal (Conselho Superior da Magistratura, no art. 218, da Constituição Lusitana), na França (Conselho Superior da Magistratura, no art. 65 da Constituição Gália), e na Itália (Conselho Superior da Magistratura, no art. 104 de sua Lei Fundamental) Composição. O CNJ é composto por quinze membros com mandato de dois anos, sendo admitida uma recondução. São seus integrantes, conforme o art. 103-B, da Lei Fundamental: A) O Presidente do Supremo Tribunal Federal (inciso I); B) Um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal (inciso II); C) Um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal (inciso III); D) Um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal (inciso IV); E) Um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal (inciso V); F) Um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça (inciso VI); G) Um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça (inciso VII); H) Um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho (inciso VIII); I) Um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho (inciso IX); J) Um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República (inciso X); K) Um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual (inciso XI); L) Dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (inciso XII); M) Dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal (inciso XIII). O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e impedimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal. Ademais, junto ao CNJ oficiarão o Procurador-Geral da República e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil Competência do CNJ. Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura (quarto parágrafo, do art. 103-B, CF): A) Zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências (inciso I); B) Zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí- -los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União (inciso II); C) Receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa (inciso III); D) Representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de autoridade (inciso IV); E) Rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano (inciso V); F) Elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário (inciso VI); G) Elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa (inciso VII) Função de corregedoria do CNJ. O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a função de Ministro-Corregedor, e ficará excluído da distribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da magistratura, as seguintes (quinto parágrafo, do art. 103-B, CF): A) Receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos magistrados e aos serviços judiciários (inciso I); B) Exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral (inciso II); C) Requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tribunais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios (inciso III). 3.6 Superior Tribunal de Justiça. O Superior Tribunal de Justiça foi criado em 1988, com a Constituição Federal do mesmo ano (até 1988, havia o hoje extinto Tribunal Federal de Recursos ). O Tribunal da Cidadania, como é usualmente conhecido, foi criado para ser um uniformizador da jurisprudência da Justiça Comum Estadual e da Justiça Comum Federal. Assim, questões constitucionais passaram a ser enviadas exclusivamente para o Supremo Tribunal Federal, enquanto questões infraconstitucionais passaram a ser enviadas para o Superior Tribunal de Justiça. STF e STJ, portanto, formam as chamadas Cortes de Superposição do país Composição. Com efeito, o STJ se compõe de, no mínimo, trinta e três juízes. Isso significa que, diferentemente do STF, onde o número de onze Ministros não pode ser alterado, é possível que haja mais Ministros no STJ, desde que respeitado um número mínimo de trinta e três julgadores Requisitos para ser Ministro do Tribunal da Cidadania. Vejamos: A) Ser brasileiro. Pode ser nato ou naturalizado. Mesmo porque, o Ministro do STJ não está na linha sucessória da Presidência da República; 32

35 B) Idade mínima de trinta e cinco anos, e máxima de sessenta e cinco anos. Tal como foi visto para o STF. A idade foi mantida, por questão de paridade com o Supremo Tribunal Federal; C) Notável conhecimento jurídico. Tal como foi visto para o STF; D) Reputação idônea, ilibada. Tal como foi visto para o STF Forma de escolha do Ministro do STJ. Aqui, existe uma diferença em relação à escolha dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. Quem escolhe os Ministros do STJ é o Presidente da República, tal como o é para o STF. Entretanto, sua escolha é vinculada a categorias (o que não ocorre no STF), já que a composição do STJ deve ser paritária na seguinte proporção: A) 1/3 dentre os desembargadores dos Tribunais de Justiça. Assim, necessariamente onze Ministros do STJ devem ser oriundos dos Tribunais de Justiça; B) 1/3 dentre os desembargadores dos Tribunais Regionais Federais. Assim, necessariamente onze Ministros do STJ devem ser oriundos dos Tribunais Regionais Federais; C) 1/3 dentre advogados e membros do MP. São cinco advogados, cinco membros do Ministério Público, e a vaga remanescente é alternada, ora para a advocacia, ora para o Ministério Público. Isto posto, o Presidente da República escolhe brasileiros dessas categorias, indica ao Senado, que aprova por maioria absoluta de votos, após a sabatina já explicada quando se falou do Supremo Tribunal Federal Competência de julgamento do STJ. A competência de julgamento está essencialmente prevista no art. 105, CF, segundo o qual compete ao STJ: A) Processar e julgar, originariamente: 1) Nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais; 2) Os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; 3) Os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea a, ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; 4) Os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, o, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos; 5) As revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados; 6) A reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; 7) Os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União; 8) O mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal; 9) A homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias; B) Julgar, em recurso ordinário: 1) Os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória; 2) Os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão; 3) As causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País; C) Julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: 1) Contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; 2) Julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; 3) Der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal Órgãos que funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça. São eles, segundo o parágrafo único, do art. 105, CF: A) A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira (inciso I); B) O Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante (inciso II). 3.7 Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais. Tratam-se dos órgãos da justiça federal Composição dos Tribunais Regionais Federais. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: A) Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público Federal com mais de dez anos de carreira; B) Os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de exercício, por antiguidade e merecimento, alternadamente Competência dos Tribunais Regionais Federais. Compete aos Tribunais Regionais Federais: A) Processar e julgar, originariamente: 1) Os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; 2) As revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região; 3) Os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; 4) Os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal; 5) Os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal; B) Julgar, em grau de recurso: 1) As causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição. 33

36 3.7.3 Nova configuração dos Tribunais Regionais Federais. Antes da Emenda Constitucional nº 73/2013, se falava em cinco Tribunais Regionais Federais, com a seguinte composição: A) Tribunal Regional Federal da Primeira Região (sede em Brasília). Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima, e Tocantins; B) Tribunal Regional Federal da Segunda Região (sede na cidade do Rio de Janeiro). Rio de Janeiro e Espírito Santo; C) Tribunal Regional Federal da Terceira Região (sede na cidade de São Paulo). São Paulo e Mato Grosso do Sul; D) Tribunal Regional Federal da Quarta Região (sede em Porto Alegre). Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina; E) Tribunal Regional Federal da Quinta Região (sede em Recife). Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. Com a Emenda Constitucional nº 73/2013, contudo, que acresceu um décimo primeiro parágrafo ao art. 27, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, são criados quatro novos Tribunais Regionais Federais, de modo que, uma vez instalados, a composição completa dos TRF s ficará a seguinte: A) Tribunal Regional Federal da Primeira Região (sede em Brasília). Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Pará, Amapá, Maranhão, Piauí e Tocantins; B) Tribunal Regional Federal da Segunda Região (sede na cidade do Rio de Janeiro). Rio de Janeiro e Espírito Santo; C) Tribunal Regional Federal da Terceira Região (sede na cidade de São Paulo). São Paulo; D) Tribunal Regional Federal da Quarta Região (sede em Porto Alegre). Rio Grande do Sul; E) Tribunal Regional Federal da Quinta Região (sede em Recife). Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, e Sergipe; F) Tribunal Regional Federal da Sexta Região (sede na cidade de Curitiba). Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul; G) Tribunal Regional Federal da Sétima Região (sede em Belo Horizonte). Minas Gerais; H) Tribunal Regional Federal da Oitava Região (sede em Salvador). Bahia e Sergipe; I) Tribunal Regional Federal da Nona Região (sede em Manaus). Acre, Rondônia, Roraima, e Amazonas Nuanças acerca dos Tribunais Regionais Federais. São elas: A) Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários; B) Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo Competência dos Juízes Federais. Aos juízes federais compete processar e julgar (art. 109, CF): A) As causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho (inciso I); B) As causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País (inciso II); C) As causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional (inciso III); D) Os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral (inciso IV); E) Os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no país, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente (inciso V); F) As causas relativas a direitos humanos a que se refere o 5º, do art. 109, da Constituição Federal (inciso V-A); G) Os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira (inciso VI); H) Os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição (inciso VII); I) Os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais (inciso VIII); J) Os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar (inciso IX); K) Os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o exequatur, e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização (inciso X); L) A disputa sobre direitos indígenas (inciso XI). Serão, todavia, processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual. Vale lembrar que, nesta hipótese, os recursos cabíveis serão sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau Incidente de deslocamento de foro. Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil faz parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento da competência para a Justiça Federal. 3.8 Tribunais e juízes do trabalho. São órgãos da Justiça do Trabalho: A) O Tribunal Superior do Trabalho; B) Os Tribunais Regionais do Trabalho; C) Os Juízes do Trabalho Composição do Tribunal Superior do Trabalho. O TST compõe-se de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: 34

37 A) Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício; B) Os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior Órgãos que funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho. Funcionarão junto ao TST, com base no que dispõe o art. 111-A, 2º, da Constituição Federal: A) A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira (inciso I); B) B) O Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendolhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante (inciso II) Composição dos Tribunais Regionais do Trabalho. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes recrutados, quando possível na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: A) Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício; B) Os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente Nuanças acerca dos Tribunais Regionais do Trabalho. São elas: A) Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários; B) Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo Composição das Varas do Trabalho. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz singular Competência da Justiça do Trabalho. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar (art. 114, CF): A) As ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (inciso I); B) As ações que envolvam exercício do direito de greve (inciso II); C) As ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores (inciso III); D) Os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição (inciso IV); E) Os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o, da Constituição (inciso V); F) As ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho (inciso VI); G) As ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho (inciso VII); H) A execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, CF, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir (inciso VIII); I) Outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei (inciso IX). 3.9 Tribunais e Juízes Eleitorais. A Justiça Eleitoral é uma Justiça Federal especializada. Não existe, todavia, no Brasil, um quadro próprio de juízes eleitorais. A Justiça Eleitoral toma emprestado juízes da Justiça Estadual e da Justiça Federal. Portanto, não há se falar em concurso para juiz eleitoral. Ademais, todos aqueles que exercem cargos na Justiça Eleitoral, o fazem por mandato de dois anos, permitindo-se uma única recondução por mais dois anos Órgãos da Justiça Eleitoral. São eles: A) O Tribunal Superior Eleitoral; B) Os Tribunais Regionais Eleitorais; C) Os Juízes Eleitorais; D) As Juntas Eleitorais Composição do Tribunal Superior Eleitoral. O TSE é formado por, no mínimo, sete membros, escolhidos da seguinte forma: A) Por eleição em voto secreto, de três Ministros do Supremo Tribunal Federal, e de dois Ministros do Superior Tribunal de Justiça; B) As outras duas vagas são ocupadas por indicação do Presidente da República, de dois dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral indicados pelo Supremo Tribunal Federal. Ou seja, o STF indica seis advogados, e o Presidente da República escolhe dois deles. Em suma, o Tribunal Superior Eleitoral é formado por três Ministros do STF, dois Ministros do STJ, e dois advogados indicados pelo Presidente da República Composição dos Tribunais Regionais Eleitorais. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral (TRE) na Capital de cada Estado, formado por sete membros, escolhidos da seguinte forma: A) Mediante eleição, com voto secreto, de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça, bem como de dois juízes dentre juízes de direito escolhidos também pelo Tribunal de Justiça; B) Por um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal em que está o TRE, ou, se não houver TRF na Capital do Estado em que está o TRE, o escolhido será um juiz federal. Em qualquer caso, a escolha é feita pelo Tribunal Regional Federal, independentemente de eleição; C) As outras duas vagas são ocupadas por indicação do Presidente da República, de dois dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral indicados pelo Tribunal de Justiça. Ou seja, o Tribunal de Justiça do Estado em que está o TRE indica seis advogados, e o Presidente da República escolhe dois deles. 35

38 3.10 Tribunais e Juízes Militares. São órgãos da Justiça Militar: A) O Superior Tribunal Militar; B) Os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei Composição do Superior Tribunal Militar. O STM é composto de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre oficiais-generais da Aeronáutica (todos da ativa e do posto mais elevado da carreira), e cinco dentre civis. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República dentre brasileiros maiores de trinta e cinco anos, sendo: A) Três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional; B) Dois, por escolha paritária, dentre auditores e membros do Ministério Público e da Justiça Militar Tribunal de Justiça Militar. A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes Competência da Justiça Militar da União. Compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei Competência da Justiça Militar dos Estados. Compete processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças Tribunais e Juízes dos Estados. A competência da Justiça Comum Estadual é residual, ou seja, não sendo hipótese de competência de nenhuma outra justiça, à Justiça Estadual caberá decidir a matéria. Assim, não há um rol de competências previamente estabelecidas para os Tribunais de Justiça, como o há para o Supremo Tribunal Federal, para o Superior Tribunal de Justiça, para os Tribunais Regionais Federais, e para os juízes federais, p. ex. Exatamente por isso, o art. 125, 1º, da Constituição Federal, preceitua que a competência dos tribunais (no âmbito estadual) será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. Ademais, há se lembrar que o Tribunal de Justiça poderá funcionar de forma descentralizada, podendo constituir Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. Também, por força da Emenda Constitucional nº 45/2004, o sétimo parágrafo, do art. 125, da Constituição, preceitua que o Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. Por fim, de acordo com o art. 126, CF, também acrescido pela Emenda nº 45, para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias. 4 Funções essenciais à justiça. É sabido que a justiça, para ser plena, eficaz, e abrangente, deve contar com o envolvimento de vários agentes. Há se prezar, por isso, pelo respeito às partes, ao magistrado, bem como aos auxiliares da justiça, e um bom começo para isso é começar legislando constitucionalmente sobre as funções essenciais à justiça, disciplinada curiosamente - ou não - logo após o Poder Judiciário. É ululante que os preceitos pertinentes ao tema não se esgotam no que diz a Lei Fundamental. Para se saber melhor sobre o Ministério Público, p. ex., é interessante a leitura de sua Lei Orgânica (Lei nº 8.625/93) ou da Lei Complementar nº 75/93. Trocando em miúdos, aqui se debruçará especialmente sobre o contido na Constituição Federal. 4.1 Ministério Público. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindolhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático, e dos interesses sociais e individuais indisponíveis Órgãos formadores do Ministério Público. São eles: A) O Ministério Público da União. Este, por sua vez, compreende o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público Militar, e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; B) Os Ministérios Públicos dos Estados Princípios institucionais do Ministério Público. São eles, previstos no parágrafo primeiro, do art. 127, da Constituição Federal: A) A unidade. Todos os membros do Ministério Público formam um órgão único; B) A indivisibilidade. Todos os membros do Ministério Público formam um órgão indivisível; C) A independência funcional. A independência funcional decorre da autonomia do Ministério Público, que é tanto administrativa, como normativa e financeira. Isto posto, ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo propor ao Legislativo (observado o art. 169, CF) a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso de provas ou de provas e títulos, bem como a política remuneratória e os plano de carreira. Ademais, a lei disporá sobre a organização e o funcionamento do Ministério Público. Por fim, o Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias Garantias atribuídas aos membros do Ministério Público. São elas: A) Vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado; B) Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão da maioria absoluta de órgão colegiado do Ministério Público, assegurada ampla defesa, obviamente; C) Irredutibilidade de subsídio, em regra Vedações aos membros do Ministério Público. São elas: A) Receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais; B) Exercer a advocacia; C) Participar de sociedade comercial, na forma de lei; 36

39 D) Exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério; E) Exercer atividade político-partidária, em regra; F) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei Funções institucionais do Ministério Público. Elas estão previstas no art. 129 da Constituição Federal, a saber: A) Promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei (inciso I); B) Zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia (inciso II); C) Promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos (inciso III); D) Promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição (inciso IV); E) Defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas (inciso V); F) Expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva (inciso VI); G) Exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior (inciso VII); H) Requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais (inciso VIII); I) Exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas (inciso IX). Vale lembrar, neste diapasão, que a legitimação do Ministério Público para o manejo da ação civil pública não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses Conselho Nacional do Ministério Público. Trazido à Constituição Federal pela Emenda Constitucional nº 45/2004 juntamente com o Conselho Nacional de Justiça, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) compõe-se de quatorze membros nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo: A) O Procurador-Geral da República, que o preside; B) Quatro membros do Ministério Público da União, assegurada a representação de cada uma de suas carreiras; C) Três membros do Ministério Público dos Estados; D) Dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça; E) Dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; F) Dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal. Isto posto, ao CNMP compete o controle da atuação administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros, cabendo-lhe (art. 130-A, 2º, CF); A) Zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências; B) Zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas; C) Receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional da instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa; D) Rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de membros do Ministério Público da União ou dos Estados julgados há menos de um ano; E) Elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias sobre a situação do Ministério Público no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI, CF. Com relação à sua função de corregedoria, o Conselho escolherá, em votação secreta, um Corregedor nacional, dentre os membros do Ministério Público que o integram, vedada a recondução, competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas pela lei, as seguintes: A) Receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos membros do Ministério Público e dos seus serviços auxiliares; B) Exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e correição geral; C) Requisitar e designar membros do Ministério Público, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de órgãos do Ministério Público. Por fim, há se lembrar que o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho Nacional do Ministério Público. 4.2 Advocacia-Geral da União. É a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa a União judicial ou extrajudicialmente, cabendo-lhe as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo. Com efeito, a Lei Complementar nº 73/1993, conhecida por Lei Orgânica da Advocacia-Geral da União, dispõe que a AGU compreende, como órgãos de direção superior, o Advogado-Geral da União, a Procuradoria-Geral da União e a da Fazenda Nacional, a Consultoria Geral da União, o Conselho Superior da Advocacia- Geral da União, e a Corregedoria-Geral da Advocacia da União; como órgãos de execução, as Procuradorias Regionais da União e as da Fazenda Nacional e as Procuradorias da União e as da Fazenda Nacional nos Estados e no Distrito Federal e as Procuradorias Seccionais destas, a Consultoria da União, as Consultorias Jurídicas dos Ministérios, da Secretaria-Geral e das demais Secretarias da Presidência da República e do Estado-Maior das Forças Armadas; e, como órgão de assistência direta e imediata ao Advogado- Geral da União, o Gabinete do Advogado-Geral da União. 37

40 4.2.1 Chefe da Advocacia-Geral da União e forma de nomeação. O chefe da AGU é o Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada Forma de ingresso na AGU. Se dá mediante concurso público de provas e títulos. 4.3 Procuradores dos Estados/do Distrito Federal. Os Procuradores dos Estados/Distrito Federal exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica da unidade da federação a quem pertencem Ingresso no cargo de Procurador do Estado. O ingresso depende de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases Estabilidade dos Procuradores dos Estados. Aos Procuradores dos Estados é assegurada estabilidade, após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias. 4.4 Advogado. O advogado, com base no que prevê o art. 133, da Constituição Federal, é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. Maiores especificações à carreira advocatícia podem ser encontradas na Lei nº 8.906/94, também conhecido por Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil. 4.5 Defensoria Pública. É instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados. O ingresso na classe inicial do cargo de Defensor Público se dá por meio de concurso público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das relações institucionais. Ademais, convém lembrar que às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, 2º, CF. Esta autonomia funcional e administrativa também se aplica para a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal, por força da Emenda Constitucional nº 74, de seis de agosto de 2013, que acresceu um terceiro parágrafo ao art. 134, da Constituição Federal, para sanar esse lapso do constituinte quanto a estas Defensorias. TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO: CONCEITO, ORIGENS, CONTEÚDO, ESTRUTURA E CLASSIFICAÇÃO. SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO TIPOS DE CONSTITUIÇÃO. PODER CONSTITUINTE. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO E CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. NORMAS CONSTITUCIONAIS E INCONSTITUCIONAIS. EMENDA, REFOR- MA E REVISÃO CONSTITUCIONAL. ANÁLISE DO PRINCÍPIO HIERÁRQUICO DAS NORMAS. 1 Conceito e conteúdo de Constituição. A Constituição é o conjunto de normas, escritas ou não, que rege um Estado. Através da Constituição é que se busca limitar esse poder absoluto estatal. A Constituição é a lei máxima de um Estado. É a lei que está acima de todas as leis. Representa a identidade de um povo. Toda Constituição deve ser moldada à imagem e semelhança do povo que representa. Nela estão previstas as pilastras sobre as quais o Estado se erguerá, dentre as quais se pode mencionar a organização estatal, os Poderes Públicos, os direitos e garantias fundamentais, a soberania nacional, e a proteção da população. Isto posto, o objeto de uma Constituição (e também seu conteúdo) são as ideias de separação dos poderes; de garantia dos direitos fundamentais dos indivíduos; e de princípio do governo limitado (isto é, todo governo constitucional é um governo limitado). 1.1 Origem e evolução do constitucionalismo no mundo. Vejamos as fases: A) Constitucionalismo antigo (ou da antiguidade). Ocorreu entre a antiguidade e o final do século XVIII. O Estado Hebreu seria a primeira experiência de constitucionalismo, já que, neste, o Estado sofria limitações de poder por dogmas religiosos. Era o chamado Estado Teocrático. Esta fase também pode ser observada na Grécia, em Roma, e na Inglaterra. Na Inglaterra, aliás, vários documentos importantes podem ser observados: o Rules of Law (deslocou-se a soberania do Monarca para Parlamento); a Magna Carta, de 1215; o Habeas Corpus Act, de 1679; e o Bill of Rights, de Todos estes documentos foram embriões do Estado Constitucional Moderno. Dando prosseguimento, são algumas características do constitucionalismo antigo os primeiros conjuntos de princípios que garantem a existência de direitos perante o monarca, limitando o seu poder; as Constituições consuetudinárias (ainda não havia Constituições escritas); a ausência de supremacia da Constituição; e a ideia de supremacia do parlamento; B) Constitucionalismo clássico (ou liberal). Esta etapa começa no final do século XVIII, com as Revoluções liberais Francesas e Norte-americanas, sob influência de Locke, Montesquieu e Rousseau. 38

41 A Constituição dos Estados Unidos da América, de 1787, é considerada por muitos a primeira Constituição escrita do mundo. Logo em seguida, tem-se o advento da Constituição Francesa de 1791 (que durou apenas dois anos, logo sendo substituída por duas Constituições em 1793, uma Jacobina, e outra Girondina ). Com efeito, são algumas características do constitucionalismo clássico a ideia de supremacia formal da Constituição; a necessidade de Constituições escritas para que esta possua tal supremacia; a defesa da rigidez constitucional (isto é, a existência de um processo mais dificultoso para modificação do seu Texto); o primeiro caso de controle de constitucionalidade (no caso Marbury vs. Madison, em 1803, nos EUA); a ideia de separação de poderes e garantias de direitos; a ideia de uma Constituição como documento essencialmente jurídico, e, portanto, vinculador dos entes da Administração Pública. Ademais, no constitucionalismo clássico surge a primeira dimensão/geração de direitos fundamentais, ligados ao valor liberdade. Tais direitos são conhecidos como direitos civis e políticos, e possuem caráter negativo, isto é, exigem abstenção do Estado, muito mais que uma atuação positiva. São direitos eminentemente individuais oponíveis ao Estado. Neste período, ainda, surge o Estado de Direito (ou Estado Liberal), no qual se preconiza a ideia de império da lei. Trata-se de um Estado-Abstencionista (que não se intromete nos direitos individuais). Como consequência do Estado de Direito, tem-se a concretização, na Inglaterra, das rules of law (governo das leis em substituição ao governo dos homens), que começaram na etapa anterior do constitucionalismo; na Prússia, do Rechtsstaat, com uma ideia formal de poder; e do o État Legal, na França, com o estabelecimento de normas por legisladores eleitos democraticamente. Neste período, a interpretação do Direito era vista como atividade mecânica dos juízes. Tanto que Montesquieu diz que o juiz é a mera boca da lei ; C) Constitucionalismo moderno (ou social). Surgido após o fim da Primeira Grande Guerra Mundial, e tendo durado até o fim da Segunda Guerra, o constitucionalismo moderno (ou social) marca a superação da ideia de eficácia de um Estado não interventor, sobretudo em considerando as necessidades que passava a população assolada pelo primeiro conflito de caráter mundial. A ideia de Estado mínimo, portanto, ficou incompatível com o momento de carência social, e, principalmente, com o temor do socialismo que despontava no leste europeu com as primeiras políticas assistencialistas. O constitucionalismo social deu ensejo a Estado homônimo, a saber, o Estado Social, adepto da política do bem-estar ( welfare-state ) dos indivíduos por ele tutelados em áreas como educação, segurança, saúde, assistência aos desamparados e previdência social. Nesta etapa, surge a segunda geração/dimensão de direitos fundamentais, ligada ao valor igualdade. Tratam-se de direitos sociais, econômicos e culturais, notadamente de caráter positivo; D) Constitucionalismo contemporâneo. Surge com fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e consagra o pós-positivismo (ou nova etapa do positivismo, para quem não concordar com a expressão pós-positivismo ) através da reaproximação entre direito e moral. Nesta fase, ainda, tem-se o advento da terceira dimensão/geração de direitos fundamentais, ligada ao valor fraternidade (nesta dimensão, se pode encontrar o direito ao meio-ambiente, à autodeterminação dos povos, ao desenvolvimento social, ao progresso, à propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade etc.). Ademais, por intermédio de Ronald Dworkin, nesta etapa constitucionalista se reconhece o caráter normativo dos princípios, ou seja, norma passa a ser gênero, do qual são espécies as regras e os princípios. Robert Alexy também trabalhou bem essa ideia. Como características desta etapa constitucionalista, pode-se elencar a normatividade da Constituição (isto é, a Constituição como norma obrigatória, vinculante); a superioridade da Constituição (a qual deve ser suprema, escrita e rígida); a centralidade da Constituição (através da chamada constitucionalização do direito ); a eficácia horizontal dos direitos fundamentais (de forma que os direitos fundamentais também valham para as relações entre particulares); o princípio da interpretação conforme Constituição (segundo o qual, toda interpretação jurídica é uma interpretação constitucional); a maior abertura da interpretação constitucional (o juiz se utiliza da subsunção para as regras, e da ponderação para os casos envolvendo princípios); e o fortalecimento do Poder Judiciário (que se torna principal protagonista do controle constitucional. Ademais, nesta etapa do constitucionalismo surge o sucessor do Estado Social, a saber, o Estado Democrático de Direito, no qual se consagram institutos que permitem a participação do povo na vida política do Estado, e que se preocupam com o aspecto material e com a efetividade dos direitos fundamentais; E) Constitucionalismo do futuro. O argentino Jose Roberto Dromi, após uma série de estudos realizados por doutrinadores da América Latina, se destacou ao afirmar que seriam sete os valores constitucionais do futuro, a saber, a verdade, solidariedade, o consenso, a continuidade, a participação, a integração, e a universalização. 1.2 Origem e evolução do constitucionalismo no Brasil. A história constitucional no Brasil começou tardiamente, se comparada ao restante do mundo. Vejamos as Constituições Brasileiras: A) Constituição de Trata-se de Constituição que assegurou o Brasil como nação independente, já que tal feito havia acontecido muito recentemente, aos sete de setembro de Com efeito, tal Lei Fundamental foi outorgada em 25 de março de 1824, e tinha como principal característica a figura do Poder Moderador como quarto poder, exercido pelo Imperador como forma de controle aos Poderes Executivo, Legislativo, e Judiciário; B) Constituição de Com a proclamação da República em 1889, ficou insustentável a existência de uma Constituição Imperial, de modo que, aos 24 de fevereiro de 1891, o Brasil conheceu sua primeira Constituição Republicana. Todas as Constituições brasileiras foram republicanas desde então; C) Constituição de A grande crise econômica norte-americana de 1929 trouxe reflexos para todo o mundo, inclusive para o Brasil, tornando a Carta Magna de 1891 insuficiente para a nova ordem política e social que se tornou vigente. Tal Constituição tinha grande conotação social, tendo durado muito pouco, mais especificamente até 1937; D) Constituição de Apelidada de Constituição Polaca, graças à forte influência que sofreu da Constituição Polonesa fascista de 1935, a Lei Maior de 1937 teve em Getúlio Vargas seu grande entusiasta, ao adotar medidas de combate ao comunismo que supostamente assolava o país. Perdeu sua razão de ser quando o Brasil declarou guerra à Alemanha e à Itália, nações fascistas, na Segunda Guerra Mundial; E) Constituição de Se um Estado totalitário vigia no Brasil desde 1930, a Constituição de 1946 restabeleceu o regime democrático. Tal Constituição é conhecida por ser uma grande consagradora de direitos fundamentais, e foi promulgada em 18 de setembro de 1946; 39

42 F) Constituição de 1967 (mais Emenda Constitucional nº 1, de 1969). A Constituição de 1967 somente institucionalizou a nova ordem vigente desde 1964, com a tomada do poder pelos militares (o chamado regime militar, ou regime ditatorial ). Sua vigência, bem como sua reforma em 1969 (em cerca de 80% de seu texto), somente demonstra a ausência de garantias democráticas no país, fenômeno comprovado pelos atos institucionais que mantiveram a nação privada de seus direitos fundamentais até o pleno restabelecimento da democracia; G) Constituição de É a Constituição vigente até os dias de hoje. Marca o restabelecimento da democracia no país. Sua consolidação é atrapalhada, contudo, pelo excessivo número de emendas constitucionais que têm sofrido desde sua promulgação, o que faz com que parcela da doutrina defenda a edição de nova Lei Fundamental para a República. 1.3 Elementos da Constituição. Seguindo a classificação de José Afonso da Silva, são os seguintes os elementos das Constituições: A) Elementos orgânicos. São as normas que regulam a organização do Estado e a organização dos Poderes; B) Elementos limitativos. São as normas que regulam os direitos e garantias fundamentais, limitando a atuação dos Poderes do Estado; C) Elementos sócio ideológicos. São as premissas filosóficas, sociológicas, políticas e ideológicas sobre as quais se funda a Constituição; D) Elementos de estabilização. São as normas pertinentes à defesa da Constituição, do Estado, e das instituições democráticas; E) Elementos formais de aplicabilidade. São as normas que disciplinam regras de aplicação da Constituição, como as disposições constitucionais transitórias. 1.4 Estrutura do Direito Constitucional. A classificação mais difundida da ciência constitucional, feita de acordo com seu conteúdo científico, cinde-a em três partes: A) Direito Constitucional Especial ou Particular. Trata-se da ciência constitucional de um determinado Estado, que se preocupa em analisar, interpretar e sistematizar a Lei Fundamental deste. Por isso se pode falar, p. ex., no Direito Constitucional brasileiro, no Direito Constitucional alemão, no Direito Constitucional norte- -americano, dentre outros; B) Direito Constitucional Comparado. Trata-se da ciência constitucional que não se restringe tão somente a apenas uma Constituição de um único Estado, mas às diversas Constituições historicamente existentes dentro de um único Estado (no Brasil, p. ex., se estuda as Leis Fundamentais de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967, 1969 e 1988), ou à relação existente entre a Constituição de um Estado e às de outros Estados (como a relação entre a atual Constituição pátria de 1988, p. ex., com as Constituições de Portugal e da Alemanha); C) Direito Constitucional Geral. Corresponde à Teoria Geral do Direito Constitucional, na qual são sistematizados princípios, regras, interpretações, situações fático-pressupostas, valores etc., com base nos mais diversos ordenamentos constitucionais mundo afora. Consiste na busca de um denominador comum constitucional. Inclusive, com supedâneo nessa ideia, há quem trabalhe com um conceito de transconstitucionalismo, que preconiza o entrelaçamento de ordens jurídicas diversas, em torno dos mesmos problemas de natureza constitucional. 1.5 Classificações das Constituições. A seguir, se verá tanto a classificação tradicional, como a ontológica de Karl Loewenstein Classificação tradicional. Vejamos: A) Quanto ao conteúdo. Quanto ao conteúdo, uma Constituição pode ser material (conjunto de normas que regulam as matérias tipicamente constitucionais, a saber, a estrutura do Estado, a organização dos Poderes e os direitos e garantias fundamentais) ou formal (a Constituição é o conjunto de normas solenemente reunidas num documento. Não interessa se a matéria é ou não tipicamente constitucional, o que importa é que ela está formalmente prevista na Constituição); B) Quanto à forma. Quanto à forma, uma Constituição pode ser escrita (ou instrumental, em que as normas estão devidamente codificadas) ou não escrita (ou costumeira, quando as normas não estão em texto único, mas sim em costumes, jurisprudência e dispositivos de natureza constitucional esparsos); C) Quanto à origem. Quanto à origem, uma Constituição pode ser democrática (ou promulgada, quando elaborada por representantes legítimos do povo, por meio de um órgão constituinte) ou outorgada (quando fruto do autoritarismo, isto é, sem qualquer participação do povo); D) Quanto à estabilidade. A Constituição pode ser imutável (se não prevê nenhum processo de alteração de suas normas), rígida (quando não pode ser alterada com a mesma simplicidade que se altera uma lei, isto é, demanda procedimento especial para modificação), flexível (quando pode ser alterada pelo mesmo procedimento que se altera as leis), ou semi-flexível (ou semirrígida, quando a Constituição possui uma parte rígida, a qual exige método dificultado de alteração, e outra parte flexível, a qual exige método simplificado de alteração tal como se procede para com as leis); E) Quanto à extensão. Quanto à extensão a Constituição pode ser sintética (ou resumida, ou concisa, quando o texto constitucional regula apenas questões básicas da organização estatal) ou analítica (ou prolixa, quando a Constituição regula minuciosamente várias questões pertinentes à sociedade, como Administração Pública, Finanças Públicas, Tributação e Orçamento, Direitos e Garantias Fundamentais etc.); F) Quanto à finalidade. A Constituição pode ser liberal (ou defensiva, quando visa limitar o poder estatal assegurando aos indivíduos liberdades públicas individuais) ou dirigente (ou social, quando, além de liberdades individuais, se consagra também programas, metas e linhas de direção para o futuro, a serem atingidas pelos Poderes constituídos); G) Quanto ao modo de elaboração. Quanto ao modo de elaboração, a Constituição pode ser dogmática (quando elaborada por um órgão constituinte em determinado momento histórico, o que se reflete numa Constituição necessariamente escrita e sistematizada) ou histórica (quando sua elaboração é lenta, e ocorre de acordo com as transformações sociais, o que se reflete numa Constituição costumeira, e não escrita); H) Quanto a ideologia. A Constituição pode ser ortodoxa (quando resulta da consagração de uma só ideologia, como o socialismo, p. ex.) ou eclética (ou heterodoxa, ou pluralista, quando almeja coadunar diversas ideologias) Classificação ontológica de Karl Loewenstein. Para Karl Loewenstein, uma Constituição pode ser normativa (com valor jurídico), nominal (sem valor jurídico), ou semântica (utilizada apenas para justificar o exercício autoritário do poder). 40

43 1.5.3 Classificação da Constituição brasileira de 1988, de acordo com todas as classificações que se acabou de ver. Com efeito, a Constituição pátria é material (por tratar, dentre outras, de normas tipicamente constitucionais), formal (pois todas as normas constitucionais estão formalizadas num documento uno), escrita, democrática (porque elaborada por uma Assembleia Nacional Constituinte), rígida (pois demanda procedimento de alteração qualificado), analítica (pois regula uma ampla gama de matérias), dirigente (por conter uma série de institutos e programas de governo), dogmática (pois elaborada num determinado momento histórico, a saber, a Assembleia Nacional Constituinte, o que resultou na Carta de 1988), eclética (por consagrar diversas ideologias), e normativa (por ter valor jurídico). 2 Supremacia da Constituição / normas constitucionais e inconstitucionais. Deixa-se para trabalhar os temas quando da análise do controle de constitucionalidade. 3 Concepções (tipos) de Constituição. São várias as concepções (tipos) de Constituição, interpretações à Lei Fundamental consonantes com a época e com a ocasião em que foram feitas. Aqui se trabalhará, na ordem em que se deram, com a sociológica, com a política, com a jurídica, com a normativa, e com a cultural: A) Concepção sociológica. Ferdinand Lassalle é seu grande expoente, ao defendê-la em sua obra chamada O que é Constituição?, de Segundo o autor, os problemas constitucionais não são problemas jurídicos, mas sim problemas ligados ao poder. Por isso, existiria uma Constituição escrita ou jurídica (como conhecemos), e ao lado dessa uma Constituição real ou efetiva (que representa a soma dos fatores reais de poder que regem uma determinada nação). Neste prumo, sendo uma concepção sociológica, esta Constituição efetiva, segundo Lassalle, sempre há de prevalecer sobre a primeira. Se a Constituição escrita, por sua vez, não corresponde com a realidade, ela não passa de uma folha de papel ; B) Concepção política. Carl Schmitt, na Alemanha, é seu defensor, na obra Teoria da Constituição, de O autor defende a existência de uma Constituição propriamente dita (apenas aquilo que decorre de uma decisão política fundamental que a antecede), e, em segundo plano, de Leis Constitucionais. As duas são formalmente iguais, mas materialmente distintas. Na primeira, nem tudo o que se encontra na Constituição é fundamental. E, o que, apesar de estar na Constituição, não for fundamental, serão apenas Leis Constitucionais; C) Concepção jurídica. Hans Kelsen, desde A Teoria Pura do Direito, é seu defensor, para quem a Constituição não precisa buscar seu fundamento nem na sociologia nem na política. Para o autor, o fundamento de uma Constituição é jurídico. Com isso, tem-se uma das maiores criticas ao positivismo, pois não se determina o que é a Constituição, mas apenas se preocupa em buscar seu fundamento; D) Concepção normativa. Konrad Hesse, em seu trabalho intitulado A Força Normativa da Constituição, adota esta tese, que se contrapõe à concepção sociológica de Ferdinand Lassalle. Com efeito, o autor reconhece que, de fato, em certos casos a Constituição jurídica acaba sucumbindo diante da realidade. No entanto, muitas vezes a Constituição escrita possui uma força normativa capaz de modificar esta realidade, para isso basta que exista vontade de Constituição, e não apenas vontade de poder (sentido de força); E) Concepção cultural. Criada por Peter Häberle, na Alemanha, e defendida no Brasil por Meirelles Teixeira, a Constituição, em verdade, tem um aspecto sociológico, político e jurídico, remetendo a um conceito de Constituição total (todos aspectos). Ao mesmo tempo em que uma Constituição é resultante da cultura de um povo, ela também é condicionante dessa mesma cultura com seu surgimento, contribuindo para formação de novos valores. 4 Interpretação da Constituição. No século XIX, Savigny trouxe os quatro primeiros métodos de interpretação, a saber, o gramatical, o histórico, o lógico e o sistemático. No campo da ciência constitucional, só passaram a ser utilizados na fase do constitucionalismo social, iniciado após o fim da Primeira Grande Guerra Mundial, ocorrendo sua intensificação, de fato, durante o constitucionalismo contemporâneo, iniciado após a Segunda Grande Guerra Mundial, com o reconhecimento da força normativa da Constituição. Todavia, ante a insuficiência dos métodos de Savigny para o Direito Constitucional de uma maneira específica, foram sistematizados os métodos a seguir: 4.1 Método hermenêutico clássico (ou jurídico). Tal método parte da tese da identidade entre Constituição e lei, na qual se sustenta que os elementos clássicos de interpretação de Savigny seriam suficientes, não sendo necessários elementos específicos. A crítica a tal entendimento deve-se ao fato de que os elementos desenvolvidos por Savigny o foram para o Direito Privado, e seriam insuficientes para dar conta das complexidades da interpretação constitucional. 4.2 Método científico-espiritual (ou integrativo) (ou sociológico). Desenvolvido por Rudolf Smend, tal método enfatiza o espírito da Constituição, isto é, os valores que lhe são subjacentes, sendo o preâmbulo constitucional importante diretriz neste sentido. É também chamado de método integrativo, porque parte do pressuposto de que a Constituição é o mais importante elemento de integração comunitária, devendo ser interpretada em conjunto, como um todo, em um elemento sistemático. É também chamado de método sociológico, pois leva em consideração fatores extraconstitucionais para que a Lei Fundamental seja interpretada em cada momento de acordo com a realidade social. Tal método recebe críticas, por possuir uma feição mais política do que jurídica, bem como pela indeterminação e mutabilidade destes fatores extraconstitucionais, o que pode levar a resultados interpretativos diferentes em curtos períodos de tempo gerando, consequentemente, insegurança jurídica. 4.3 Método tópico-problemático. Desenvolvido por Theodor Viehweg, trata-se do método mais utilizado, na prática. A expressão tópico parte da ideia de topos, topoi, significando um esquema de raciocínio, de pensamento, uma forma de argumentação, uma ideia de lugares comuns. O exemplo que se dá é o de que normas excepcionais devem ser interpretados restritivamente, ideia esta extraída da jurisprudência pacífica e da doutrina dominante. Já a expressão problemático decorre do fato de a ideia central deste método ser um problema. É dizer: usa-se este método somente diante de um problema concreto a ser resolvido. Sobre este problema concreto é feita toda uma teoria da argumentação, vencendo o argumento mais convincente (ainda que não seja o melhor). 41

44 As críticas que recaem sobre este método são as de que ele realiza investigação superficial da jurisprudência, sem dar a devida atenção ao precedente, e a de que, por ser anti-positivista, sua utilização pode conduzir a um casuísmo ilimitado, já que entende a norma jurídica como mais um argumento, e não como o centro da argumentação, como preconiza o positivismo puro e simples. 4.4 Método hermenêutico-concretizador. Teorizado principalmente por Konrad Hesse, tal método equivale a hermenêutica e a concretização à interpretação e à aplicação dos preceitos normativos, respectivamente, para entender que todo este processo não pode ser cindido, devendo, em verdade, constituir um todo unitário. Por este método, são elementos básicos neste processo o problema a ser resolvido, a norma a ser interpretada, e a compreensão prévia do intérprete. Só se fala na aplicação desse método se houver um problema a buscar uma norma e uma ideia de ciclo fechado de intérpretes (conhecimento teórico para entender). Junto com este método, Hesse desenvolveu um catálogo de princípios instrumentais, que serão em outro momento estudados. 4.5 Método normativo-estruturante. Desenvolvido por Friedich Müller, parte da ideia central de que a norma deve ser concretizada através de elementos estruturantes. Não à toa Müller desenvolveu sua Teoria Estruturante do Direito, na qual desenvolveu uma estrutura de interpretação da norma. Müller faz a distinção, p. ex., entre programa normativo X domínio normativo, se entendendo por programa o texto a ser interpretado, e por domínio a realidade social contemplada pelo texto. A norma seria nada mais que o resultado dessa interpretação. Ademais, faz a distinção entre norma X texto da norma, se entendendo por texto apenas a forma de exteriorização da norma jurídica. As críticas que se faz ao trabalho de Müller decorrem do enfraquecimento da força normativa da Constituição (ideia defendida por Konrad Hesse, como já visto), e da quebra da unidade da Constituição dada a possibilidade de variáveis múltiplas no processo de estruturação da norma e de sua interpretação. 4.6 Método concretista da Constituição aberta. Desenvolvido por Peter Häberle, em sua obra A Sociedade Aberta dos Intérpretes da Constituição, tal método traduz a ideia de que todo aquele que vive uma Constituição deve ser considerado um legítimo intérprete. É a democracia presente, veja-se, também no momento da interpretação constitucional. Tal método, tal como o anterior, é criticado por quebrar a força normativa e a unidade da Constituição. 5 Diferenças entre regras, princípios e postulados normativos. Hoje, o entendimento pacificado é o de que princípios e regras são espécies do gênero norma. Com isso, convém dizer, de antemão: princípio também é norma. Já os postulados normativos auxiliam na aplicação das normas. Melhor expliquemos cada um deles: 5.1 Princípios constitucionais. Para Robert Alexy, princípios são mandamentos de otimização (maximização), ou seja, normas que estabelecem que algo seja cumprido na maior medida possível, de acordo com as possibilidades fáticas e jurídicas existentes. Corresponde à aplicação da lógica do mais ou menos. Ademais, por definição tradicional, princípios são normas nucleares do ordenamento jurídico que estabelecem fins a serem buscados. Os princípios são aplicados pela ponderação ( balancing ). Canotilho faz a seguinte classificação dos princípios: A) Princípios jurídicos. São aqueles que norteiam o ordenamento jurídico; B) Princípios políticos. São aqueles que norteiam o ordenamento político-administrativo; C) Princípios constitucionais impositivos. São aqueles que impõem tarefas aos agentes estatais; D) Princípios-garantia. São aqueles que protegem os cidadãos dos arbítrios de seus congêneres (eficácia horizontal dos direitos fundamentais) e do Estado (eficácia vertical dos direitos fundamentais). 5.2 Regras. Enquanto os princípios são mandamentos de otimização, as regras são mandamentos de definição, ou seja, tratamse de normas que devem ser aplicadas na medida exata de suas prescrições. Segundo Dworkin, enquanto os princípios obedecem à lógica do mais ou menos, as regras obedecem à lógica no tudo ou nada. Ademais, por definição tradicional, as regras são normas imediatamente descritivas de comportamentos devidos ou atributivos de poder. Em geral, as regras são aplicadas pela subsunção, nada obstante a existência de posicionamentos doutrinários minoritários que defendem a ponderação de determinados tipos de regras. 5.3 Postulados normativos. Para Humberto Ávila, os postulados normativos são normas de segundo grau (metanormas) que estabelecem a estrutura de aplicação e prescrevem modos de raciocínio e argumentação em relação a outras normas. Parte da doutrina chama os postulados normativos de princípios instrumentais, que são princípios tipicamente destinados à interpretação. Vejamos, pois, alguns princípios instrumentais (decorrentes do método hermenêutico-concretizador), muitos destes trabalhados por Konrad Hesse e Friedich Müller: A) Princípio (ou postulado) da interpretação conforme a Constituição. Parte da ideia de supremacia da Constituição perante ordenamento. Logo, as leis devem tirar seu fundamento, bem como ser interpretadas sob a ótica da Constituição. Na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a interpretação conforme é tratada como equivalente à declaração de nulidade sem redução de texto. Nesse sentido, uma norma só será inconstitucional se interpretada de outra maneira que não aquela dita pelo Guardião da Constituição Federal; B) Princípio (ou postulado) da presunção da constitucionalidade das leis. Na dúvida, uma lei deve ser declarada constitucional; C) Princípio (ou postulado) da unidade. Trata-se de especificação da interpretação sistemática de Savigny dirigida à Constituição. Por tal, na interpretação da Constituição, cabe ao intérprete harmonizar e compatibilizar abstenções e conflitos subjacentes ao pacto fundador. Este postulado, aliás, demonstra que a tese da hierarquia de normas originárias da Constituição, antigamente adotada e defendida por Otto Bachof, não persiste. Afinal, o princípio da unidade afasta a tese de hierarquia de normas constitucionais. Todas elas devem ser interpretadas unitariamente; 42

45 D) Princípio (ou postulado) do efeito integrador. Trata-se de uma especificação do princípio da unidade. Por tal postulado, na resolução de problemas jurídico-constitucionais deve ser dada primazia aos critérios que favoreçam a integração política e social, a unidade, o sistema constitucional; E) Princípio (ou postulado) da concordância prática ou harmonização. Diante da colisão entre normas constitucionais, cabe ao intérprete coordenar os bens jurídicos em conflito realizando a redução proporcional de cada um deles; F) Princípio (ou postulado) da relatividade. Parte da tese de que não existem princípios absolutos na Constituição. Todos os princípios são limitados por outros consagrados explícita ou implicitamente; G) Princípio (ou postulado) da força normativa da Constituição. Derivado da concepção normativa de Constituição, de Konrad Hesse, por tal postulado, na interpretação da Constituição deve ser dada primazia às soluções que tornem suas normas mais eficazes e permanentes; H) Princípio (ou postulado) da máxima efetividade. Há autores que sequer fazem distinção entre força normativa e máxima efetividade, vale frisar preliminarmente. J. J. Gomes Canotilho, contudo, costuma restringir o postulado da máxima efetividade apenas aos direitos fundamentais (por isso defende-se que tal postulado está consagrado no parágrafo primeiro, do art. 5º, da Constituição, segundo o qual as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata). Enfim, quando se fala em máxima efetividade, significa que os direitos fundamentais devem ser aplicados no sentido que lhes confira maior eficácia social possível para que atinjam suas finalidades; I) Princípio (ou postulado) da justeza (ou conformidade funcional). Cada Poder tem a sua função, e, portanto, por tal postulado, cada um deve agir conforme as funções que lhes foram atribuídas, sem interferir na esfera de atribuições de outro Poder; J) Princípio (ou postulado) da proporcionalidade. Usado no mesmo sentido da razoabilidade (em regra), o postulado da proporcionalidade não está expresso no texto constitucional, sendo sua consagração implícita, portanto. Com efeito, três são os subpostulados que concretizam o princípio da proporcionalidade, a saber, o subpostulado da adequação (a medida adotada tem de ser apta a atingir o fim almejado), o subspostulado da exigibilidade (ou necessidade, ou menor ingerência possível) (o meio deve ser o menos oneroso possível), e o subpostulado da proporcionalidade em sentido estrito (é a relação entre o custo e o benefício da medida). 6 Emenda, reforma e revisão constitucional. O tema emenda constitucional já foi estudado dentro do Poder Legislativo (no tópico sobre Poderes do Estado e suas respectivas funções ). Já os temas reforma e revisão constitucional serão analisados quando do estudo do Poder Constituinte. 7 Análise do princípio hierárquico das normas. A seguir, por questão didática, se reproduz muito do que já foi dito quando do estudo sobre processo legislativo, no tópico sobre Poderes do Estado e suas respectivas funções. Ao que lá foi dito acrescentam-se outros conteúdos. 7.1 Espécies normativas existentes. São elas, nos termos do art. 59, da Constituição Federal: A) Emendas à Constituição; B) Leis complementares; C) Leis ordinárias; D) Leis delegadas; E) Medidas provisórias; F) Decretos legislativos; G) Resoluções. Convém lembrar que Lei Complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. Esta Lei já existe, e é a Lei Complementar nº 95/ Existe hierarquia entre uma lei complementar e uma lei ordinária? Isso já foi tema bastante divergente, mas, atualmente, tanto o Supremo Tribunal Federal como o Superior Tribunal de Justiça afirmam não haver qualquer hierarquia entre estas duas espécies normativas. A única diferença é que as matérias que a Constituição Federal quer que sejam tratadas por lei complementar são matérias reservadas, de maneira que, quando o texto constitucional disser que uma determinada matéria compete à lei, apenas, significa que essa lei é ordinária, por não ser matéria reservada, pois, quando quiser que a matéria seja tratada por lei complementar, dirá compete à lei complementar Uma matéria de lei complementar poderá ser tratada por lei ordinária? Não. Se lei ordinária tratar de matéria de lei complementar, esta lei será formalmente inconstitucional Uma matéria de lei ordinária pode ser tratada por lei complementar? Sim, perfeitamente. Isto se dá por uma questão de economia legislativa (afinal, se a lei complementar trata de matéria reservada, não deve haver óbice que trate de matéria não reservada). Ademais, às vezes, pode ser que haja dúvida se a matéria deva ser tratada por lei complementar ou lei ordinária, de forma que é melhor, assim, para evitar eventual invalidação, regulamentar a questão por lei complementar. Num caso assim, a lei será formalmente complementar, mas materialmente ordinária Qual o quórum de aprovação da lei ordinária? E o quórum de aprovação de lei complementar? Deve haver maioria relativa para lei ordinária, isto é, mais de cinquenta por cento dos presentes na votação. Já para lei complementar, o quórum de aprovação é de maioria absoluta, isto é, mais de cinquenta por cento dos membros da Casa Parlamentar. 7.3 Existe hierarquia entre leis federais, estaduais e municipais? Não, pois o fundamento de todas as leis deve ser a Constituição pátria de O tribunal competente para julgar em última instância um conflito entre lei federal e lei municipal é o Supremo Tribunal Federal (até a Emenda Constitucional nº 45/2004, esta era uma atribuição do Superior Tribunal de Justiça). 7.4 Existe hierarquia entre normas gerais e normas específicas? Sim, pois as normas específicas devem observar o que é previsto pelas normas gerais. 43

46 7.5 Hierarquia dos Tratados Internacionais de que o Brasil seja signatário. Quando a Constituição Federal de 1988 entrou em vigor, o Supremo Tribunal Federal entendia que todo e qualquer Tratado Internacional, fosse ou não sobre direitos humanos, tinha status de lei ordinária. Tal entendimento vigorou até o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004, que acresceu ao art. 5º da Constituição um parágrafo terceiro, segundo o qual os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Mas como fica a situação dos Tratados Internacionais que não forem (ou não foram) aprovados pelo quórum de Emenda Constitucional? Com isso, o STF revisou seu posicionamento, e, atualmente, os Tratados Internacionais possuem tripla hierarquia em nosso ordenamento: A) Se versar sobre direitos humanos, e for aprovado pelo quórum de Emenda Constitucional, o status do Tratado Internacional será de Emenda Constitucional; B) Se versar sobre direitos humanos, mas não for aprovado pelo quórum de Emenda Constitucional, o status do Tratado Internacional será de norma supralegal, isto é, abaixo da Constituição, mas acima do ordenamento infraconstitucional; C) Se não versar sobre direitos humanos, o Tratado Internacional terá o status de lei ordinária, conforme o entendimento primeiro do Supremo Tribunal Federal. 8 Controle de constitucionalidade / normas constitucionais e inconstitucionais / supremacia da Constituição. A seguir, discorrer-se-á sobre as principais questões pertinentes ao controle de constitucionalidade. 8.1 Supremacia da Constituição. Fundamental no limiar das argumentações acerca do controle de constitucionalidade é a ideia de supremacia da Constituição, que pode ser formal ou material. A supremacia material da Constituição relaciona-se ao conteúdo, isto é, decorre do fato de estabelecer a Constituição os fundamentos do Estado, a atribuição de competências aos Poderes Públicos, bem como o asseguramento dos direitos fundamentais. Não por acaso, estas três matérias são chamadas matérias constitucionais propriamente ditas (ou matérias tipicamente constitucionais): estrutura de Estado, organização dos Poderes e direitos fundamentais. Toda Constituição possui supremacia material, seja ela rígida, semirrígida ou flexível. Já a supremacia formal da Constituição está ligada à forma, a procedimento. Somente as Constituições rígidas possuem supremacia formal (Constituições rígidas são aquelas que demandam dificuldade para sua alteração. Não à toa, o procedimento de elaboração de lei ordinária/lei complementar é muito menos dificultoso que um procedimento de Emenda Constitucional). Enfim, em razão dessa supremacia da Constituição (notadamente a formal) existe o controle de constitucionalidade. Numa definição sintetizada, pode-se entender o controle de constitucionalidade como uma atividade de verificação da conformidade ou adequação da lei ou ato do Poder Público à Lei Fundamental. Para que haja tal controle, basta que exista uma Constituição formal, que a Lei Fundamental seja compreendida como norma jurídica fundamental, e que haja a instituição de, ao menos, um órgão com competência para exercício desta fiscalização. 8.2 Diferença entre parâmetro (norma de referência) e objeto para um controle de constitucionalidade. O parâmetro para controle de constitucionalidade é a Constituição Federal/tratados internacionais que versem sobre direitos humanos aprovados conforme o art. 5º, 3º, CF. É totalmente diferente do objeto do controle de constitucionalidade, que é o ato que será submetido a controle (ex.: a vedação de progressão de regime em crimes hediondos, que existia até a Lei nº /2007. O objeto é a Lei nº 8.072/92, já o parâmetro é o Princípio da Individualização da Pena). Isto posto, podem ser parâmetro para controle de constitucionalidade a parte dogmática da Constituição (arts. 1º ao 250), o ato das disposições constitucionais transitórias, os princípios constitucionais implícitos (o preâmbulo constitucional não pode ser parâmetro para controle de constitucionalidade, conforme a tese prevalente no ordenamento pátrio), bem como os tratados internacionais que versem sobre direitos humanos e tenham sido aprovados pelo mesmo procedimento de Emenda Constitucional nos moldes do art. 5º, 3º, CF (tratados de direitos humanos com status meramente supralegal não servem de parâmetro para controle de constitucionalidade). 8.3 Formas de inconstitucionalidade. Vejamos as formas de inconstitucionalidade: A) Quanto ao tipo de conduta praticada pelo poder público. A inconstitucionalidade pode ser por ação ou por omissão. A inconstitucionalidade por ação envolve conduta comissiva do Estado, a qual pode ser combatida por ação direta de inconstitucionalidade (ADI), ação declaratória de constitucionalidade (ADC), e arguição por descumprimento de preceito fundamental (ADPF). Já a inconstitucionalidade por omissão envolve conduta omissiva do Estado. As normas de eficácia limitada são aquelas que, como já visto, dependem de regulamentação infraconstitucional. Se o Estado não procede à sua regulamentação, está incorrendo em inconstitucionalidade por omissão. Para se combater tal espécie de inconstitucionalidade, se utiliza ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO) e o mandado de injunção (MI); B) Quanto à norma constitucional ofendida. A inconstitucionalidade pode ser formal ou material. A inconstitucionalidade formal diz respeito à inobservância de forma, de procedimento previsto na norma constitucional. Com efeito, a inconstitucionalidade formal pode ser subjetiva (se o sujeito competente previsto na Constituição para praticar o ato não é respeitado) ou objetiva (se o procedimento, como um quórum de aprovação, p. ex., não é respeitado). Já na inconstitucionalidade material, a legislação infraconstitucional desrespeita matéria consagrada por norma constitucional e, por isso, precisa ser combatida; C) Quanto à extensão. A inconstitucionalidade pode ser total (quando toda uma lei, ou todo o artigo de uma lei é inconstitucional) ou parcial (quando apenas parte de lei, ou parte de dispositivo é inconstitucional). Na inconstitucionalidade parcial, inclusive, é possível que apenas palavra ou expressão seja declarada inconstitucional. Isso é totalmente diferente do veto parcial do Presidente da República a projeto de lei, mencionado no art. 66, 2º, da Constituição, o qual somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou alínea (ou seja, o veto parcial não pode se restringir apenas a palavra ou expressão, como a inconstitucionalidade parcial); D) Quanto ao momento. A inconstitucionalidade pode ser originária ou superveniente. 44

47 A inconstitucionalidade originária ocorre quando o objeto do controle de constitucionalidade é posterior ao parâmetro (ex.: a lei de 1993 é incompatível com dispositivo originário da Constituição de 1988). Já a inconstitucionalidade superveniente ocorre quando o objeto do controle de constitucionalidade é anterior ao parâmetro (ex.: uma lei elaborada em 1993 era constitucional, pois guardava consonância com dispositivo originário da Constituição Federal de Ocorre que, com a Emenda Constitucional nº 45/2004, tal norma de 1993, antes constitucional, ficou em dissonância com o teor desta Emenda. Neste caso, o parâmetro não será a Constituição, mas a Emenda Constitucional). No Brasil, não se adota a expressão inconstitucionalidade superveniente, mas sim a expressão não recepção (entende-se que o objeto não foi recepcionado pelo parâmetro); E) Quanto ao prisma de apuração. A inconstitucionalidade pode ser direta (ou antecedente) ou indireta. A inconstitucionalidade direta (ou antecedente) ocorre quando o ato violador está diretamente ligado à Constituição Federal pátria (ex.: a lei estadual viola diretamente a Constituição Federal). Já a inconstitucionalidade indireta pode ser consequente (ex.: lei estadual é incompatível com a Constituição Federal. Essa lei é diretamente violadora da Constituição Federal. Todavia, essa lei estadual é regulamentada por um decreto. Se a lei é inconstitucional, o decreto também será, consequencialmente, inconstitucional), caso em que caberá ADI, já que a própria lei é inconstitucional; ou a inconstitucionalidade indireta pode ser também reflexa (ex.: a lei estadual não ofende a Constituição Federal. Todavia, um decreto regulamentando a lei estadual diz mais do que prevê a lei. Tal decreto é ilegal em relação à lei estadual, mas reflexamente inconstitucional por ofender a Constituição Federal), caso em que não caberá ADI, já que o decreto não ofende a lei, mas sim a Constituição apenas reflexamente. 8.4 Formas de controle de constitucionalidade. Vejamos as formas de controle: A) Quanto à competência jurisdicional (tal forma de controle somente se aplica ao Poder Judiciário). O controle pode ser difuso ou coletivo. O controle difuso é aquele que pode ser exercido por qualquer órgão do Poder Judiciário (tal controle é conhecido por sistema americano de controle, pois surgiu em 1803, no caso Marbury vs. Madison ). Este sistema surgiu no Brasil, em 1891, na primeira Constituição republicana pátria. Já o controle concentrado só pode ser exercido por um único órgão do Poder Judiciário. Quando o parâmetro é a Constituição Estadual, quem o realiza é o Tribunal de Justiça, representação de inconstitucionalidade; quando o parâmetro é a Constituição Federal, quem o realiza é o Supremo Tribunal Federal (tal controle é conhecido por sistema austríaco, por ter surgido na Áustria, em 1920, pelas mãos de Kelsen). Este sistema surgiu no Brasil no ano de 1965, via Emenda à Constituição de 1946; B) Quanto à finalidade do controle. O controle pode ser concreto (ou incidental) (ou por via de defesa) ou abstrato (ou principal) (ou por via de ação). No controle concreto, sua finalidade principal é assegurar direitos subjetivos, e não a supremacia da Constituição (a supremacia da Constituição é apenas finalidade secundária). Por isso, ele se realiza por processo constitucional subjetivo (há possibilidade de contraditório e ampla defesa, há partes diretamente interessadas no direito material pleiteado, há possibilidade de ação rescisória e intervenção de terceiros etc.). Enfim, tal controle parte de um caso concreto, e a autoridade judicial vai, incidentalmente, dizer se o dispositivo questionado á compatível ou não com a Constituição. Diz-se incidentalmente, pois o que o litigante quer não é a declaração de inconstitucionalidade, mas o direito pleiteado. Já no controle abstrato, a inconstitucionalidade é objeto principal (e não incidente) da ação. Por isso, ele se realiza por processo constitucional objetivo (não tem autor nem réu, não tem contraditório nem ampla defesa, não se admite intervenção de terceiros nem ação rescisória etc.). Com essa diferença se pode observar que, no controle concreto, a questão da constitucionalidade é tratada na parte da sentença chamada fundamentação, e o juiz pode analisá-la de ofício, já que ela não é objeto principal da ação. Já no controle abstrato, por ser a constitucionalidade o objeto da ação, ela é tratada na parte da sentença chamada parte dispositiva, e o juiz não pode analisá-la de ofício, consequencialmente. No Brasil, todo controle difuso é concreto (não existe controle difuso abstrato). Também, todo controle concentrado geralmente é abstrato (à exceção da ação direta de inconstitucionalidade interventiva, que parte de um caso concreto, sendo o controle nesta hipótese, pois, concentrado e concreto); C) Quanto ao momento. O controle pode ser preventivo ou repressivo. No controle preventivo, são tomadas medidas antes que o ato seja capaz de violar a Constituição. Os três Poderes podem realizar controle preventivo no Brasil (o Legislativo o faz por suas Comissões de Constituição e Justiça; o chefe do Executivo o faz por meio de veto jurídico; e o Judiciário o faz excepcionalmente, no caso de mandado de segurança impetrado por parlamentar da Casa em que o projeto de lei está sendo discutido quando não observado o devido processo legislativo constitucional). Já o controle repressivo é feito quando o ato normativo violador da Constituição já adentrou o ordenamento e precisa, portanto, ser dele retirado. Todos os Poderes da República podem fazê-lo (o Judiciário o faz via controle difuso ou concentrado; o Legislativo o faz nos casos dos art. 49, V e 62, ambos da Constituição, bem como da Súmula nº 347, do STF; e o chefe do Executivo o faz quando negar cumprimento a lei que entender inconstitucional, desde que ele motive tal ato e dê a ele a devida publicidade). 8.5 Formas de declaração de inconstitucionalidade. Vejamos as formas de declaração: A) Quanto ao aspecto objetivo. Uma decisão judicial, como regra, é dividida em relatório, fundamentação, e parte dispositiva. No controle difuso e concreto, a finalidade principal é assegurar direitos subjetivos, e não a supremacia da Constituição. Por isso, a constitucionalidade ou não de uma lei, por não ser objeto do pedido, é tratada apenas na fundamentação. Como consequência, mesmo quando o Supremo Tribunal Federal o exerce, o controle difuso e concreto terá, em regra, apenas efeito inter partes (o dispositivo vai apenas falar se julga ou não procedente a ação. Nada se dirá se a lei é ou não inconstitucional ). Há se lembrar, todavia, que hoje há uma tendência de tornar abstrato também o controle difuso e concreto realizado pelo STF (a chamada objetivação do recurso extraordinário ), num fenômeno consistente em estender ao controle difuso os efeitos do controle abstrato. 45

48 Já no controle concentrado e abstrato, feito por meio de ações tipicamente com esse fim, a saber, a ADI, a ADC e a ADPF (só não vai valer para ADO, que terá outros efeitos, apesar de ser instrumento de controle concentrado e abstrato), o efeito é erga omnes (a lei deve ser retirada do ordenamento jurídico) e vinculante (tanto a parte dispositiva da decisão, como a fundamentação, por força da Teoria dos Efeitos Transcendentes dos Motivos Determinantes, terão eficácia vinculante); B) Quanto ao aspecto subjetivo. No controle concentrado e abstrato, o efeito erga omnes atinge tanto particulares como os Poderes públicos. Já o efeito vinculante atinge somente os Poderes públicos (à exceção do Supremo Tribunal Federal, em relação ao seu plenário, para evitar a fossilização de seu entendimento, bem como à exceção do Poder Legislativo em relação à sua função típica de legislar, para poder editar normas contrárias ao entendimento adotado pelo Guardião da Constituição Federal); C) Quanto ao aspecto temporal. Para alguns, a lei inconstitucional teria natureza de ato inexistente (entendimento minoritário); para outros, a natureza seria de ato nulo (entendimento majoritário, inclusive no STF); por fim, há quem entenda se tratar de ato anulável (entendimento intermediário, porém crescente no STF e seguido pelo Min. Gilmar Mendes). Isto posto, como ainda prevalece a teoria do ato nulo, a decisão de inconstitucionalidade emanada pelo Supremo Tribunal Federal terá natureza constitutiva, e, por isso, irá retroagir ao início da lei. Então, regra geral, as decisões emanadas têm efeito ex tunc. Isso não impede, contudo, a modulação temporal dos efeitos da decisão. Assim, o efeito que se dá à decisão pode ser ex tunc (regra geral), mas também poderá ser ex nunc (a decisão vale de sua prolação em diante) ou pro futuro (a decisão vale de um momento futuro para frente). Para realizar a modulação, é preciso que haja razão de segurança jurídica ou excepcional interesse social. Ademais, para uma decisão ex tunc, basta uma maioria absoluta (seis de onze Ministros do STF), ao passo que, para uma modulação temporal, é preciso o quórum de dois terços dos membros do STF (oito Ministros no mínimo, pois); D) Quanto à extensão da declaração. No controle concentrado e abstrato, a declaração de inconstitucionalidade pode ser com redução total de texto, com redução parcial de texto, ou sem redução de texto (na declaração com redução total ou parcial, o Supremo Tribunal Federal acaba atuando como legislador negativo, já é como se estivesse revogando a lei). Assim, na declaração com redução total, toda a lei ou todo um artigo de lei é declarado inconstitucional. Na declaração com redução parcial de texto, parte de lei ou artigo é declarado inconstitucional. Por fim, para que haja declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto, é preciso que a norma seja polissêmica (isto é, que tenha vários significados). Assim, se uma norma pode ter os sentidos A, B, e C, p. ex., é possível que o STF declare inconstitucionais os sentidos A e B, apenas, mas não o sentido C. Neste caso, a norma continua a viger integralmente; as suas interpretações é que são passíveis de declaração de inconstitucionalidade (convém lembrar que o Supremo Tribunal Federal vem utilizando esta técnica da declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto como interpretação conforme, apesar de uma série de diferenças existentes entre estas duas técnicas). 8.6 Inconstitucionalidade por arrastamento. Esta técnica somente é utilizada o controle concentrado a abstrato, e pode ser horizontal ou vertical. Na inconstitucionalidade por arrastamento horizontal, se algum legitimado pede ao STF que declare a inconstitucionalidade de dispositivo de lei, e o Supremo, verificando que mais dispositivos correlatos ao que se pede a declaração também são inconstitucionais, declara a inconstitucionalidade do dispositivo requerido e dos que a ele estão interligados. Neste caso, a inconstitucionalidade por arrastamento é horizontal, por ser dentro da mesma lei. Já na inconstitucionalidade por arrastamento vertical, o fenômeno se repete, só que em espécies normativas distintas (ex.: a lei contraria a Constituição. Tal lei é inconstitucional. Decreto regulamenta esta lei. Este decreto, por regulamentar lei inconstitucional, também será inconstitucional. Se algum legitimado requer a declaração de inconstitucionalidade de lei, o STF também pode estender esta decisão para o decreto, ainda que assim não tenha sido requerido). 8.7 Controle difuso de constitucionalidade. Como já mencionado outrora, o controle difuso de constitucionalidade teve origem no caso Marbury vs. Madison, julgado em 1803 pela Suprema Corte Norte-americana. Tal controle foi introduzido no Brasil em 1891, pela primeira Constituição republicana. Com efeito, o controle difuso é aquele que, quanto à competência, pode ser exercido por qualquer órgão do Judiciário. Não se confunde com o controle concreto, que é aquele em que a provocação do Judiciário se dá a partir de um caso concreto. No controle concreto, a questão constitucional é trazida a juízo por meio de um processo constitucional subjetivo, cuja finalidade principal será a proteção de direitos subjetivos. Assim, no controle concreto, o pedido será a proteção de um direito subjetivo. A declaração de inconstitucionalidade não constará do pedido, mas será apenas a causa de pedir: para que o direito seja declarado, é necessária declaração incidental de inconstitucionalidade. Por consequência, o dispositivo da decisão não declarará a inconstitucionalidade (é questão incidental que estará tratada na fundamentação da decisão). No Brasil, todo controle difuso é concreto. Não existe controle difuso abstrato no Brasil Possibilidade de utilização de ações coletivas (principalmente a ação civil pública) como meio de controle difuso. Na doutrina, em geral, há forte discussão, mas o STF e o STJ entendem, de forma pacífica, que as ações coletivas, dentre elas a ação civil pública, podem ser utilizadas como instrumento de controle difuso-concreto de constitucionalidade. Todavia, mostra-se forçoso lembrar que, na ação civil pública, a declaração de inconstitucionalidade apenas poderá ser causa de pedir, jamais podendo constar do próprio pedido da ação. Caso contrário, haveria usurpação da competência do Supremo Tribunal Federal, pois se permitiria a um juiz de primeira instância realizar juízo de competência exclusiva do STF Provocação do controle difuso de constitucionalidade. A fiscalização incidental de constitucionalidade, no Brasil, pode ser provocada e suscitada pelo autor (na inicial de qualquer ação, seja ela civil, penal, eleitoral, trabalhista, coletiva, mandado de segurança, habeas corpus, habeas data, ação popular, mandado de injunção e ação civil pública), pelo réu (nos atos de resposta e nas ações incidentais), por terceiros intervenientes (litisconsortes e assistentes, p. ex.), pelo Ministério Público, e por juiz ou tribunal de ofício (exceto o STF, no recurso extraordinário). 46

49 8.7.3 Cláusula de Reserva de Plenário (art. 97 da CF). Esta exigência somente se dá no âmbito dos tribunais (ao juiz monocrático não se exige a reserva de plenário; turma recursal, no âmbito dos juizados especiais, também não precisa observar esta cláusula, pois turma recursal não é tribunal). Vale lembrar, desde já, que no âmbito do controle concentrado também vige a cláusula de reserva de plenário. A diferença é que, aqui no controle difuso, sua previsão está na própria Constituição Federal, enquanto no concentrado a previsão está nas Leis nº 9.868/99 e nº 9.882/99. Pela cláusula de reserva de plenário, resguarda-se determinadas competências ao plenário (pleno) do tribunal (ou ao órgão especial, caso o tribunal tenha mais de vinte e cinco membros, conforme o art. 93, XI, CF), e não a seus órgãos fracionários, como turmas ou câmaras. Isto posto, se o órgão fracionário entender que um determinado ato normativo é inconstitucional, lavrará acórdão e remeterá a questão ao pleno (ou órgão especial) do tribunal (só se entender pela inconstitucionalidade. Se entender pela constitucionalidade não é preciso, obviamente, fazer tal remessa, graças à presunção de constitucionalidade das leis). Isto posto, ao receber o problema, o pleno (ou órgão especial) não julga o caso concreto (quem já deve ter feito isso é o órgão fracionário), mas apenas apreciará a inconstitucionalidade em tese da lei. Deve-se lembrar, contudo, que nem sempre o órgão fracionário fará essa remessa ao plano/órgão especial. Se o Supremo Tribunal Federal já tiver entendimento sobre a questão, não é preciso observar a reserva, bem como, se o pleno/órgão especial analisou a inconstitucionalidade uma vez, em eventuais casos semelhantes vindouros o órgão fracionário não precisa fazer a remessa novamente. Ademais, se a norma é anterior à Constituição, não se trata de hipótese de inconstitucionalidade, mas de não-recepção, conforme já explicado, caso em que o órgão fracionário não deverá observar a reserva de plenário para dizer que o comando normativo não foi recepcionado pela Constituição Federal. Como se não bastasse, acerca da reserva de plenário há se lembrar, ainda, da Súmula Vinculante nº 10, segundo a qual viola a cláusula da reserva de plenário a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo de Poder Público, afasta sua incidência em todo ou em parte. Essa súmula foi editada para dizer o óbvio: não interessa se há declaração expressa ou implícita de inconstitucionalidade, deve ela ser feita pelo plenário (ou órgão especial). Por fim, de acordo com o STF, a inobservância da cláusula gera nulidade absoluta da decisão, caso em que os autos serão devolvidos para que sejam analisados pelo pleno/órgão especial Suspensão da execução da lei pelo Senado (art. 52, X da CF). Consoante o art. 52, X, da Constituição Federal, compete privativamente ao Senado Federal suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal. Esta suspensão deve observar os exatos limites da decisão proferida pelo STF. Assim, se o Supremo Tribunal Federal reconheceu inconstitucionalidade de parte de lei, o Senado só pode suspender essa parte; se o STF declarou inconstitucionalidade total da lei, o Senado só pode suspender toda a lei. Ou seja: o Senado suspende de acordo com a decisão do STF. Ademais, o termo lei, aqui, deve ser interpretado em sentido amplo. Com efeito, o Senado tem legitimidade para atuar como órgão federal - atuando na defesa dos interesses da União - ou como órgão nacional - atuando na defesa do interesse do Estado brasileiro - (A Câmara, por outro lado, não tem legitimidade nacional). Isto posto, ao suspender a lei, o Senado atua como órgão de caráter federal e nacional, por isso o Senado pode suspender lei federal, lei estadual, lei distrital e até lei municipal. Veja-se, pois, que a suspensão da execução da lei, pelo Senado, é hipótese exclusiva do controle difuso, realizado pelo STF (tal suspensão da execução da lei terá efeito erga omnes, para que a decisão do STF valha para todos; do contrário, a decisão valerá apenas inter partes ). Assim, para suspender os efeitos da lei, o Senado edita resolução, que conforme entendimento majoritário, trata-se de ato discricionário. O problema está na natureza discricionária desta resolução. Em termos práticos, muitas vezes o STF declara a inconstitucionalidade de lei, mas o Senado não a tem suspendido. Exatamente por isso alguns Ministros do STF, notadamente Gilmar Mendes, entendem que todas as decisões do STF deveriam ter efeitos erga omnes, de forma que teria havido mutação constitucional quanto ao conteúdo do art. 52, X da CF, ou seja, a resolução do Senado seria apenas para dar publicidade à decisão do STF, pois a própria decisão do STF seria suficiente para retirar a norma do ordenamento. Tal questão ainda está em discussão no Supremo Tribunal Federal. 8.8 Ações de controle concentrado em espécie. Vejamos as espécies de ação de controle concentrado Ação Direta de Inconstitucionalidade. Dividamos por tópicos: A) Criação. A ação direta de inconstitucionalidade foi criada pela Emenda nº 16/65 à Constituição de 1946, como uma representação de inconstitucionalidade feita pelo Procurador-Geral da República e encaminhada para julgamento ao Supremo Tribunal Federal. B) Legitimados. Nos moldes do art. 103, da Constituição Federal, são legitimados para a ação direta de inconstitucionalidade o Presidente da República (inciso I); a Mesa do Senado Federal (inciso II); a Mesa da Câmara dos Deputados (inciso III); a Mesa da Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal (inciso IV); o Governador de Estado ou do Distrito Federal (inciso V); o Procurador-Geral da República (inciso VI); o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (inciso VII); partido político com representação no Congresso Nacional (inciso VIII); bem como confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional (inciso IX). Deste rol, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal costuma fazer uma distinção entre dois tipos de legitimados ativos, a saber, os legitimados universais e os legitimados especiais. Os legitimados universais são aqueles que não precisam demonstrar qualquer pertinência temática. É o caso do Presidente da República, do Procurador-Geral da República, da Mesa da Câmara dos Deputados, da Mesa do Senado Federal, do partido político com representação no Congresso Nacional, bem como do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. 47

50 Já os legitimados especiais são aqueles que necessitam provar pertinência temática, se entendendo por tal o nexo de causalidade entre o interesse que o legitimado ativo representa e o objeto questionado. É o caso do Governador do Estado ou do Distrito Federal, da Mesa da Assembleia Legislativa, da Mesa da Câmara Legislativa do Distrito Federal, da confederação sindical, bem como da entidade de âmbito nacional; C) Competência. Será do STF, se o parâmetro for a Constituição Federal, e dos Tribunais de Justiça, se o parâmetro for Constituição Estadual; D) Objeto. Será objeto de ação direta de inconstitucionalidade lei ou ato normativo federal ou estadual (o ato normativo tem de ser geral e abstrato, embora, em termos práticos, o STF também tenha admitido como objeto leis de efeitos concretos, que são aquelas com forma de lei, mas conteúdo de ato administrativo). Some-se a isso a informação de que a violação causada pela lei ou ato normativo deve ser direta à Constituição (ex.: o art. 37, XII, CF exige, em regra, procedimento licitatório para aquisição de obras, serviços etc. Ademais, por força do art. 22, XXVII, CF, à União compete legislar sobre normas gerais de licitação, como o faz na Lei nº 8.666/93. Isso não obsta que uma lei estadual trate de normas complementares de licitação, com base no art. 24, 2º, CF. Assim, se uma norma estadual de licitação contraria a norma geral, de nº 8.666/93, não poderá essa norma estadual ser objeto de ADI, pois ela afronta diretamente a Lei nº 8.666, mas apenas indiretamente a Constituição). Neste diapasão, uma discussão importante diz respeito à possibilidade de lei/ato normativo do Distrito Federal ser objeto de controle de constitucionalidade. O Distrito Federal é um ente sui generis da federação, pois tem competências atribuídas aos Estados e aos Municípios (art. 32, 1º, CF). Assim, se ele trata de assunto municipal, não poderá ser objeto de ADI, já que esta ação somente é cabível de lei ou ato normativo federal ou estadual. Por sua vez, se lei ou ato normativo emanado pelo Distrito Federal trata de tema de competência estadual, será passível de ser combatido por ADI. Ademais, o Supremo Tribunal Federal tem entendimentos acerca do que não admite como objeto de ADI, a saber, atos tipicamente regulamentares, normas constitucionais originárias, bem como leis revogadas ou que já perderam seus efeitos (decreto do Presidente da República somente pode ser objeto de ADI se ele tratar diretamente de um assunto ligado à Constituição. Se ele regulamentar lei, essa lei é interposta entre o decreto e a Constituição, de forma que ele não poderá ser objeto de ADI); E) Aspecto temporal da ADI. Para que um objeto seja alvo de ação direta de inconstitucionalidade, deverá ser ele posterior ao parâmetro constitucional, seja tal parâmetro a própria Constituição, uma Emenda Constitucional, ou tratado internacional aprovado na forma do art. 5º, 3º, CF; F) Participação do Advogado-Geral da União na ADI. O Advogado-Geral da União deve ser citado para defender a constitucionalidade do ato impugnado, na ação direta de inconstitucionalidade. O AGU age, portanto, como um defensor da constitucionalidade da norma, salvo se o Supremo Tribunal Federal já houver considerado a tese jurídica inconstitucional em outra oportunidade, ou se o ato questionado contraria a interesse da União; G) Impossibilidade de desistência de ação direta de inconstitucionalidade protocolada. Isso ocorre por se tratar de processo constitucional objetivo. A impossibilidade de desistência está consagrada no art. 5º, da Lei nº 9.868/99; H) Impossibilidade de intervenção de terceiros na ADI. Não é possível a intervenção de terceiros, conforme o art. 7º, da Lei nº 9.868/99, por se tratar de processo constitucional objetivo. Todavia, é possível, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, a figura do amigo da Corte ( amicus Curiae ), consoante o parágrafo segundo deste art. 7º; I) Efeito da medida cautelar e da decisão de mérito na ação direta de inconstitucionalidade. Seja na medida cautelar ou na decisão definitiva, a eficácia da decisão é erga omnes e tem efeito vinculante. Agora, a medida cautelar na ADI tem efeito ex nunc, salvo se o Tribunal entender que deve conceder eficácia retroativa; J) Efeito repristinatório tácito na ADI. A repristinação é vedada em nosso ordenamento, por força do art. 2º, 3º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (antiga Lei de Introdução ao Código Civil ). Todavia, no caso de ADI, a concessão de medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário. Eis o teor do segundo parágrafo, do art. 11, da Lei nº 9.868/99; K) Efeito ambivalente na ação direta de inconstitucionalidade. Julgada procedente a ação direta de inconstitucionalidade, será julgada, também, improcedente eventual ação declaratória de constitucionalidade ajuizada contra o mesmo ato. Agora, julgada improcedente da ação direta de inconstitucionalidade, o STF declarará a constitucionalidade do ato questionado, inclusive julgando procedente eventual ação declaratória de constitucionalidade ajuizada contra o mesmo ato (art. 24, Lei nº 9.868/99) Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão. Dividamos por tópicos: A) Criação. Trata-se de inovação no ordenamento jurídico brasileiro, trazida pela Constituição Federal de 1988, por influência da Constituição Portuguesa de 1976; B) Finalidade. A ADO - ação direta de inconstitucionalidade por omissão - destina-se a tornar efetiva norma constitucional de eficácia limitada cuja regulamentação infraconstitucional ainda não tenha sido realizada. Essa omissão que será combatida pela ADO pode ser total (a indevida abstenção é integral) ou parcial (o silêncio do Poder público ocorre apenas em parte). De antemão, pois, se observa que sua finalidade não é assegurar direitos subjetivos das partes, mas a criação da norma através de controle abstrato. Trata-se, pois, de processo constitucional objetivo, tal como a ADI, a ADC, e a ADPF; C) Legitimidade. São os mesmos legitimados vistos para a ação direta de inconstitucionalidade; D) Inexigência de manifestação do Advogado-Geral da União. Diferentemente da ADI, na ADO não há participação do AGU. Eis o entendimento que se pode extrair do terceiro parágrafo, do art. 103, da Constituição Federal; E) Competência. Em caso de omissão normativa da Constituição Federal, a competência para apreciação da ADO será do Supremo Tribunal Federal. Por sua vez, caso haja omissão normativa no âmbito das Constituições Estaduais, aos Tribunais de Justiça competirão processar e julgar originariamente a ação direta de inconstitucionalidade por omissão; F) Parâmetro. Somente as normas constitucionais de eficácia limitada (seguindo a tradicional classificação de José Afonso da Silva) podem servir como parâmetro para a ADO. Não se pode pedir a regulamentação de uma norma constitucional de eficácia plena, p. ex.; 48

51 G) Impossibilidade de desistência da ADO proposta. Vale a mesma coisa que se falou para a ADI (art. 12-D, da Lei nº 9.868/99); H) Decisão e seus efeitos. Segundo o art. 103, 2º, da Constituição Federal, declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias, e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias. Ademais, quanto à medida cautelar, em caso de omissão parcial é possível a suspensão da aplicação da lei ou ato normativo questionado, bem como na suspensão de processos judiciais ou de procedimentos administrativos, ou ainda em outra providência ser fixada pelo tribunal Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva. Dividamos por tópicos: A) Previsão e origem. A ADI interventiva está prevista no art. 36, III, da Constituição Federal, segundo o qual a decretação de intervenção dependerá de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação efetuada pelo Procurador-Geral da República, no caso de recusa à execução de lei federal, bem como no caso de inobservância dos princípios constitucionais sensíveis previstos no inciso VII, do art. 34, da Lei Fundamental (consoante o art. 35, IV, CF, tal lógica também se aplica no caso de intervenção estadual). Sua origem se deu na Constituição de 1934, e apesar de extirpada da Carta de 1937, foi restabelecida na de 1946, estando, desde então, presente em todas as Constituições; B) Finalidade. Sua finalidade é a resolução, num caso concreto, de um conflito de natureza federativa, envolvendo, de um lado, a União, e do outro, os Estados-membros, o Distrito Federal ou Municípios situados nos Territórios (no caso da intervenção federal), ou de um lado os Estados e do outro os Municípios (no caso de intervenção estadual). Trata-se, pois, de excepcional hipótese de controle concentrado e concreto (e não concentrado e abstrato, como é a regra do controle concentrado). Ademais, cuida-se de processo constitucional subjetivo (outra exceção em relação às demais ações de controle concentrado), já que ela não se limita apenas à declaração de inconstitucionalidade do ato praticado pelo poder estadual/distrital/municipal. Há sim, partes, a saber, as unidades da federação envolvidas no litígio; C) Legitimidade. Diferentemente da legitimidade ampla vigente para as ações de controle concentrado, apenas ao Procurador-Geral da República compete o manejo da ADI interventiva no âmbito federal, e apenas ao Procurador-Geral de Justiça competirá o manejo no âmbito de intervenção do Estado nos Municípios. Em ambos os casos, agirá o representante do Ministério Público como substituto processual (atuação em nome próprio na defesa da coletividade); D) Competência. No caso de ADI interventiva para se proceder à intervenção federal, a competência para apreciação da matéria será do STF; em caso de ADI interventiva para se proceder à intervenção estadual, a competência para apreciação da matéria será do Tribunal de Justiça do Estado envolvido, por força do art. 35, IV, da Lei Fundamental; E) Parâmetro constitucional. São os princípios constitucionais sensíveis do art. 34, VII, da Constituição: forma republicana, sistema representativo e regime democrático (alínea a ); direitos da pessoa humana (alínea b ); autonomia municipal (alínea c ); prestação de contas da administração pública, direta e indireta (alínea d ); aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde (alínea e ); F) Procedimento. O procedimento está previsto na Lei nº /11 (não mais se opera a Lei nº 4.337/64), bem como no Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. À Lei nº /11 também se aplicam os arts. 19 a 22, da Lei nº 8.038/90; G) Possibilidade de medida liminar. Trata-se de inovação trazida pela Lei nº /11 (ou seja, não havia a possibilidade de liminar em ação direta de inconstitucionalidade interventiva à luz da Lei nº 4.337/64). A competência para concessão de medida liminar é do plenário do Supremo Tribunal Federal, e não do relator, como erroneamente se possa pensar; H) Decisão. Julgada procedente a ADI interventiva manejada pelo Procurador-Geral da República, o Presidente do STF imediatamente comunicará a decisão aos órgãos do Poder público interessados e requisitará a intervenção ao Presidente da República, o qual deverá, sob pena de crime de responsabilidade, decretar a intervenção federal do Estado ou no Distrito Federal (ou nos Municípios situados em Territórios). Vale lembrar que, nos casos de ADI interventiva, o decreto poderá se limitar a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade. Veja-se que, a despeito de ser a intervenção, em regra, um ato político e totalmente discricionário do chefe do Executivo, neste caso de ADI interventiva torna-se obrigatória, já que houve apreciação judiciária, pelo STF ou por um TJ, da questão; I) Recorribilidade da decisão. A decisão que julgar procedente ou improcedente a ADI interventiva é irrecorrível (salvo hipótese de embargos de declaração), e também não comporta ação rescisória Ação Declaratória de Constitucionalidade. Dividamos por tópicos: A) Origem e polêmica inicial em torno da ação declaratória de constitucionalidade (ADC). A ação declaratória de constitucionalidade foi inserida no ordenamento pátrio por meio da Emenda Constitucional nº 03/1993, que acresceu um parágrafo segundo ao art. 102, bem como deu nova redação ao art. 102, I, a, ambos da Constituição. Questionou-se sua criação por não ser preciso uma ação para declarar a constitucionalidade da norma, já que todas as normas têm presunção de constitucionalidade desde seu advento. Todavia, todas as alegações de inconstitucionalidade da Emenda da ADC foram afastadas pelo STF; B) Legitimação para a ADC. São os mesmos da ação direta de inconstitucionalidade, previstos no art. 103, da Constituição, inclusive quanto às diferenças entre legitimidade ativa universal e especial (o art. 13, da Lei nº 9.868/99, pois, que prevê um rol menor, está tacitamente revogado); C) Competência para apreciação. É do Supremo Tribunal Federal a competência para a apreciação da ADC. No âmbito dos Estados, não se prevê a ação declaratória de constitucionalidade. Por essa razão, há quem diga que seria possível, por meio de Emenda Constitucional à Lei Fundamental de um Estado, inserir a ADC em seu âmbito, que seria apreciada pelo Tribunal de Justiça. Talvez, o maior óbice a esta possibilidade seja quanto ao objeto atacado pela ADC: lei ou ato normativo federal, nada se falando de lei ou ato normativo estadual (acerca das características desta lei ou ato normativo vigem aquelas já faladas para as leis e atos normativos combatidos por ADI: deve ser geral e abstrato em regra, e que ofenda diretamente a Constituição Federal); 49

52 D) Requisito específico exigido somente para a ADC. Para evitar que o STF se tornasse um órgão de consulta, se exige para a ADC controvérsia judicial relevante acerca do tema, isto é, a petição inicial deve ser instruída com algum comprovante de que um sem-número de ações (muitas, e não somente três ou quatro ações) está tratando da norma a ser debatida via ADC. É o que consta do art. 14, III, da Lei nº 9.868/99; E) Aspecto temporal da ADC. Para que um objeto seja alvo de ação declaratória de constitucionalidade, deverá ser ele posterior ao parâmetro constitucional, seja ele a própria Constituição, uma Emenda Constitucional, ou tratado internacional que verse sobre direitos humanos aprovado na forma do art. 5º, 3º, da Constituição (a mesma coisa que se falou para a ADI); F) Participação do Advogado-Geral da União na ação declaratória de constitucionalidade. Esta participação ocorre, mas não nos moldes do art. 103, 3º, CF. É dizer: o AGU não será citado para defender a constitucionalidade da norma questionada via ação declaratória de constitucionalidade; G) Efeito ambivalente vigente para a ação declaratória de constitucionalidade. Vale a mesma coisa que já foi dito para a ação direta de inconstitucionalidade (art. 24, da Lei nº 9.868/99); H) Impossibilidade de desistência de ADC. Não é possível, por se tratar de processo constitucional objetivo (art. 16, da Lei nº 9.868/99); I) Impossibilidade de intervenção de terceiros na ação declaratória de constitucionalidade. Não é possível, por se tratar de processo constitucional objetivo. Eis o teor do art. 18, da Lei nº 9.868/99. Todavia, é possível, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, a figura do amigo da Corte (apesar da ausência de previsão legal neste sentido, faz-se interpretação analógica do parágrafo segundo, do art. 7º, da Lei nº 9.868/99, que admite o amicus curiae na ADI); J) Medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade. Consoante o art. 21, caput, da Lei nº 9.868/99, o Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na ADC, consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo; K) Decisão definitiva em sede de ADC. Vale o mesmo que já foi dito para a ADI. Convém esclarecer, apenas, que a decisão que acolhe a ação declaratória e reconhece a constitucionalidade da lei ou do ato normativo federal produz eficácia ex tunc, por se limitar a afirmar um estado de constitucionalidade pré-existente. Por outro lado, se desacolhe a ação, declarando a inconstitucionalidade da lei/ato normativo federal, é possível a modulação de efeitos, tal como se faz para a ADI Arguição por Descumprimento de Preceito Fundamental. Dividamos em tópicos: A) Origem e conceito. Trata-se de instituto novo, acrescido ao ordenamento pátrio pela Constituição Federal de 1988 (nenhuma Constituição pátria, antes, a previu), consagrada no parágrafo primeiro, do art. 102, da Constituição da República, e regulamentada pela Lei nº 9.882/99. A arguição por descumprimento de preceito fundamental não é uma ação de inconstitucionalidade propriamente dita, como o são a ADI e a ADC. Ela é própria para descumprimento de preceito fundamental, de forma que descumprimento é muito mais amplo que inconstitucionalidade (toda inconstitucionalidade é um descumprimento, mas descumprimento é muito mais que inconstitucionalidade, envolvendo, também, questões de não recepção ); B) Parâmetro para a ADPF. Não é qualquer norma constitucional. Tem de ser um preceito fundamental, o qual competirá ao Supremo Tribunal Federal decidir, casuisticamente, o que vem a ser (veja-se, pois, que nem a Constituição Federal, nem a Lei nº 9.882/99, que regula a ADPF, definem o que vem a ser preceito fundamental ). Mas, a título de exemplo, em observância à jurisprudência do STF, já se considerou preceitos fundamentais as cláusulas pétreas, os direitos e garantias fundamentais do : Título II da Constituição, os Princípios Fundamentais do Título I da Constituição, e os princípios constitucionais sensíveis do art. 34, VII, CF; C) Legitimação ativa. São os mesmos da ADI e da ADC, previstos no art. 103, da Constituição, valendo a observância acerca dos legitimados universais e especiais já explicada; D) Competência para apreciação. A competência para apreciação da ADPF será do Supremo Tribunal Federal (parte da doutrina entende que seria possível acrescentar a arguição, via emenda, às Constituições Estaduais); E) Principal nuança acerca da ADPF. A ADPF tem natureza subsidiária, isto é, ela somente é utilizável se não for o caso de outra medida, como a ADI, a ADC, ou uma reclamação constitucional, p. ex. Neste sentido, o parágrafo primeiro, do art. 4º, da Lei nº 9.882/99, prevê que não será admitida a arguição quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade; F) Objeto da arguição por descumprimento de preceito fundamental. Pode ser lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal. Trata-se de objeto amplíssimo, veja-se: enquanto a ADC somente é cabível de lei ou ato normativo federal, e a ADI é cabível de lei ou ato normativo federal ou estadual, a ADPF é cabível de lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal. Assim, pode ser objeto de ADPF, em regra, qualquer ato do poder público (não cabe ADPF contra atos de particulares), seja ele anterior ou posterior à Constituição (aqui está mais uma diferença para a ADC e a ADI: estas somente recaem sobre objetos posteriores ao parâmetro, seja ela a Constituição ou Emenda Constitucional; já a ADPF recai sobre objetos anteriores ou posteriores ao parâmetro). Como exemplos de alguns atos passíveis de apreciação por ADPF, se pode mencionar atos normativos (Emenda Constitucional, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, resoluções, decretos legislativos), atos não normativos (como a nomeação do Procurador-Geral da República sem a observância do devido procedimento, p. ex.), atos municipais, bem como atos anteriores à Constituição. Por sua vez, há atos que não podem ser objetos de ADPF, a saber, atos estritamente políticos (como a decisão de admissibilidade do processo de impeachment do Presidente da República, pela Câmara dos Deputados, p. ex.), projetos de leis ou projetos de Emendas Constitucionais, atos de interpretação e aplicação do regimento interno do Legislativo incompatível com o processo legislativo (isto é, questões interna corporis do órgão), súmulas (vinculantes ou não), e o veto político do Presidente da República/Governador do Estado/Prefeito Municipal; G) Possibilidade de uma lei ou ato normativo municipal ter sua constitucionalidade apreciada pelo STF. Isso é possível somente em dois casos: em sendo a hipótese de ADPF, ou via recurso extraordinário excepcionalmente utilizado para efeito de controle de constitucionalidade se a norma da Constituição Federal violada for de observância obrigatória (isso se explicará a seguir); 50

53 H) Liminar em sede de ADPF. Depende de decisão da maioria absoluta dos membros do Supremo Tribunal Federal. Inclusive, a liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o andamento do processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da ADPF, salvo se decorrentes da coisa julgada; I) Decisão definitiva em sede de arguição por descumprimento de preceito fundamental. A decisão sobre a arguição somente será tomada se presentes na sessão pelo menos dois terços dos Ministros (art. 8º, Lei nº 9.882/99). Julgada a ação, se fará comunicação às autoridades ou órgãos responsáveis pela prática dos atos questionados, fixando-se as condições e o modo de interpretação e aplicação do preceito fundamental. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em sede de ADPF, e desde que haja razões de segurança jurídica ou interesse social, poderá o Supremo, por maioria de dois terços de seus membros, modular os efeitos da declaração, que, em regra, terá efeito ex tunc (art. 11, Lei nº 9.882/99); J) Impossibilidade de ação rescisória da decisão emanada em sede de ADPF. Não é possível o manejo de rescisória, por se tratar de processo constitucional objetivo (da mesma maneira que não cabe intervenção de terceiros nem desistência da ação protocolada). É possível a figura do amigo da Corte, contudo, por analogia a ADI e a ADC. PODER CONSTITUINTE. 1 Poder Constituinte. Representa o Poder Constituinte a expressão da vontade de um povo. Trata-se do poder de criar normas constitucionais (federal ou estaduais), e de reformá-las. Emmanuel Joseph Sieyés, em sua obra O que é o Terceiro Estado?, é considerado o precursor da matéria. Neste diapasão, são duas as espécies de Poder Constituinte, a saber, o Poder Constituinte Originário e o Poder Constituinte Derivado, sendo que esta última espécie se subdivide em Poder Constituinte Reformador e Poder Constituinte Decorrente. Há se estudar cada um destes. 2 Poder Constituinte Originário. Trata-se do poder, político, supremo e incondicionado, de criar uma Constituição. Segundo Sieyès, jusnaturalista, o Poder Constituinte Originário será incondicionado (por não estar submetido ao direito positivo, mas apenas aos princípios do direito natural), permanente (pois não se esgota com o seu exercício, isto é, permanece existente), e inalienável (pois o povo, como seu titular, nunca pode perder o direito de mudar a sua vontade através da elaboração de nova Constituição). 2.1 Características do Poder Constituinte Originário. Independentemente da posição de Sieyés, a doutrina, em geral, afirma que são características do Poder Constituinte Originário: A) Inicial. Não há nenhum outro poder antes ou acima do Poder Constituinte Originário. É ele quem dá início a todo o ordenamento jurídico (isto é, é ele quem inaugura a nova ordem jurídica, rompendo com a ordem anterior); B) Autônomo. Cabe apenas ao Poder Constituinte Originário escolher a ideia de direito que irá prevalecer na Constituição; C) Incondicionado. O Poder Constituinte Originário não está submetido a nenhum tipo de condição formal ou material. 2.2 Limites materiais ao Poder Constituinte Originário. São limites: A) Limites transcendentes. Por tal ideia, as limitações ao Poder Constituinte Originário viriam do direito natural, dos valores éticos, e da consciência jurídica coletiva; B) Limites imanentes. São limitações ligadas à própria configuração do Estado, à própria identidade do Estado; C) Limites heterônomos. São aqueles que advêm de outros ordenamentos jurídicos, principalmente do direito internacional. Hoje, algumas regras de direito internacional são fortes limitações à soberania interna do Estado. Veja-se, pois, que mesmo tendo como uma de suas principais características a ausência de limitação, já há na doutrina quem contrarie isso e estabeleça limites ao Poder Constituinte Originário nos planos moral, ideológico e internacional. 2.3 Titularidade/exercício de legitimidade. O titular do Poder Constituinte Originário sempre será o povo, que exercerá tal direito, no caso do Brasil, por uma Assembleia Nacional Constituinte. 3 Poder Constituinte Derivado Reformador. É o procedimento de emenda a uma Constituição, nos moldes previstos no art. 60, CF. 3.1 Características do Poder Constituinte Reformador. São suas características: A) Derivado. Ele deriva, advém, principia a partir do Poder Constituinte Originário; B) Limitado. Existem limitações de ordem material, temporal, circunstancial, explícitas, implícitas etc.; C) Condicionado. Deve respeitar as formalidades traçadas pela Constituição Federal. 3.2 Limitações ao Poder Constituinte Derivado Reformador. Podem ser, conforme o art. 60, da Constituição Federal: A) Limitações temporais. Visam impedir a modificação da Constituição dentro de um determinado período de tempo, para que haja uma maior estabilidade do texto constitucional. É o caso do art. 60, 5º, da Constituição, p. ex., que afirma que a matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa; B) Limitações circunstanciais. Impedem a modificação da Constituição em determinadas circunstâncias excepcionais, de extrema gravidade (a Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa, ou de estado de sítio, conforme preceitua o parágrafo primeiro, do art. 60, CF, p. ex.); C) Limitações formais. Elas podem ser subjetivas, se relacionadas ao sujeito que irá iniciar o processo de emenda à Constituição (podem o Presidente da República, o qual somente tem iniciativa, mas não veta, não sanciona, não promulga, e não publica; ou 1/3 dos membros da Câmara ou Senado; ou mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros); ou objetivas, que são limitações ligadas ao procedimento para ser discutida e aprovada uma PEC - Proposta de Emenda à Constituição (votação em dois turnos, em cada Casa do Congresso Nacional, exigindo-se aprovação de 3/5 dos respectivos membros em cada uma das quatro votações). 51

54 Há se lembrar, apenas, quanto às limitações formais subjetivas do Poder Constituinte Reformador, que não existe previsão expressa de proposta de emenda à Constituição por iniciativa popular. Todavia, quanto isso convém apenas ressaltar o posicionamento minoritário de José Afonso da Silva, o qual admite a titularidade do povo para PEC s ; D) Limitações materiais. São limitações que impedem a alteração de determinados conteúdos consagrados na Constituição Federal, chamados de cláusulas pétreas, cujo objetivo fundamental é resguardar metas a longo prazo, pensar no futuro, para que as pessoas não atuem somente em relação ao interesse do presente. E, por falar em cláusulas pétreas, são suas finalidades preservar a identidade material da Constituição; proteger instituições e valores essenciais; e assegurar a continuidade do processo democrático. Isto posto, as cláusulas pétreas podem ser expressas, se consagradas no art. 60, 4º, CF (a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes; e os direitos e garantias individuais), ou implícitas, como os direitos sociais (segundo Paulo Bonavides e Ingo Sarlet), e o sistema presidencialista e a forma republicana de governo (embora isso não seja unânime na doutrina quanto a ser ou não uma cláusula pétrea implícita ). 3.3 Titularidade/exercício de legitimidade. O titular do Poder Constituinte Derivado Reformador também será o povo, através dos parlamentares por ele eleitos para, dentre outras atribuições, alterar a Constituição. 4 Poder Constituinte Derivado Decorrente. Trata-se do poder dos Estados-Membros de elaborarem suas Constituições, nos termos dos arts. 25, da Constituição Federal, e 11, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. 4.1 Características do Poder Constituinte Decorrente. Por formar, junto com o Poder Constituinte Reformador, o gênero Poder Constituinte Derivado, as características do Poder Constituinte Decorrente são as mesmas do Poder de alterar uma Constituição, a saber: A) Derivado. Ele deriva, advém do Poder Constituinte Originário; B) Limitado. Existem limitações de ordem material, temporal, circunstancial, explícitas, implícitas etc.; C) Condicionado. Deve respeitar as formalidades traçadas pela Constituição Federal. 4.2 Limites ao Poder Constituinte Decorrente. São eles: A) Princípios constitucionais sensíveis. A expressão princípios constitucionais sensíveis foi cunhada por Pontes de Miranda, para os princípios previstos no art. 34, VII, da Constituição Federal. Questões como forma republicana, sistema representativo e regime democrático, direitos da pessoa humana, e prestação de contas da administração pública, direta e indireta devem ser respeitadas pelos Estados ao elaborarem seus Textos Constitucionais; B) Princípios constitucionais extensíveis. São aqueles previstos para a União (normas de observância obrigatória), e que se estendem aos Estados, podendo estar expressos (ex.: arts. 28 e 75, CF) ou implícitos; C) Princípios constitucionais estabelecidos. São aqueles que trazem regras vedatórias (ex.: art. 19, CF) e mandatórias (ex.: art. 37, CF), e que defluem do sistema constitucional adotado (ex.: respeito recíproco entre os entes da federação, graças ao sistema federativo adotado). 4.3 Titularidade/exercício de legitimidade. O titular do Poder Constituinte Derivado Decorrente também será o povo, através dos parlamentares por ele eleitos em âmbito estadual. 5 Poder Constituinte no âmbito dos Municípios. Os Municípios, e também o Distrito Federal, não possuem Poder Constituinte. Estes dois entes da federação se regulam por Lei Orgânica, e não por Constituições. É errado, pois, falar que um Município tenha uma Constituição Municipal, ou que o Distrito Federal tenha uma Constituição Distrital. Desta maneira, o Poder Constituinte se estende, no máximo, até os Estados. Não se pode falar que os Municípios e o Distrito Federal exerçam Poder Constituinte, ainda que Decorrente. 6 Revisão Constitucional. Há quem a chame de Poder Constituinte Derivado Revisor. Trata-se do procedimento para realizar uma Revisão Constitucional, conforme previsto no art. 3º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Há se atentar para alguns detalhes acerca da Revisão Constitucional, entretanto: A) A Revisão Constitucional foi prevista para acontecer após a Constituição completar cinco anos. Assim, se a Lei Fundamental foi promulgada em cinco de outubro de 1988, a Revisão Constitucional deveria começar a partir de cinco de outubro de Desta maneira, é errado dizer que a Revisão já deveria ter findado até cinco de outubro de 1993, como usualmente (embora de maneira equivocada) se costuma afirmar; B) O art. 3º, da ADCT é norma constitucional de eficácia exaurida, e, portanto, não pode ser objeto de Emenda Constitucional. Disso se infere que tal art. 3º cumpriu sua função, e que uma Emenda Constitucional não pode estabelecer que nova Revisão Constitucional seja feita no país; C) O procedimento de Revisão é bem mais simplificado que o de Emenda. Na Revisão, as propostas, para serem aprovadas, deveriam obter o voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional em sessão unicameral. Ou seja, as duas Casas legislativas votaram conjuntamente, e, para se aprovar uma proposta, era preciso o voto de cinquenta por cento mais um dos membros das duas Casas contatos conjuntamente; D) A Revisão Constitucional terminou sem maiores realizações ou modificações à Lei Fundamental, no primeiro semestre de Pode-se dizer que seu objetivo não foi realmente cumprido: era o de analisar o que havia dado certo e o que havia dado errado nos primeiros cinco anos de Constituição, mas terminou com alterações superficiais que não provocaram quaisquer mudanças no rumo da ciência constitucional. 52

55 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE TÍTULO I DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Os princípios fundamentais da República Federativa do Brasil estão posicionados logo no início da Constituição pátria, após o preâmbulo constitucional, e antes dos direitos e garantias fundamentais. Representam as premissas especiais e majoritárias que norteiam todo o ordenamento pátrio, como a dignidade da pessoa humana, o pluralismo político, a prevalência dos direitos humanos, a harmonia entre os três Poderes etc. Há se tomar cuidado, contudo, para eventuais pegadinhas de concurso. Se a questão perguntar quais são os fundamentos da República Federativa do Brasil, há se responder aqueles previstos no art. 1º, caput, CF. Agora, se a questão perguntar quais são os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, há se responder aqueles previstos no art. 3º. Por fim, se a questão perguntar quais são os princípios seguidos pelo Brasil nas relações internacionais, há se responder aqueles previstos no art. 4º, da Lei Fundamental. 1.1 Significado de República Federativa do Brasil (art. 1º, caput, CF). Com efeito, a expressão República Federativa do Brasil, usada no art. 1º, caput, CF, revela, dentre outras coisas: A) A forma de Estado: o Brasil é uma federação, isto é, o resultado da união indissolúvel de Estados-membros, dos Municípios e do Distrito Federal. Inclusive, por força do art. 60, 4º, I, CF, a forma federativa de Estado é cláusula pétrea constitucionalmente explícita. B) A forma de governo: O Brasil é uma república. 1.2 Significado de Estado Democrático de Direito (art. 1º, caput, CF). Ato contínuo, o mesmo art. 1º, caput, prevê que esta união indissolúvel dos membros da federação constitui-se um Estado Democrático de Direito, Estado este que representa o resultado de uma revolução histórica, por ser o sucessor, nesta ordem, dos Estados Liberal e Social. 1.3 Significado de soberania (art. 1º, I, CF). Significa poder político, supremo e independente. Soberania, aqui, tem significado de soberania nacional. É totalmente diferente da soberania popular, de que trata o parágrafo único, do art. 1º, CF, segundo a qual todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição. 1.4 Significado de cidadania (art. 1º, II, CF). É o direito de ter direitos. O cidadão, por meio da cidadania, pode contrair direitos e obrigações. 1.5 Significado de dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF). A dignidade humana é o elemento mais forte que a Constituição Federal consagra a um ser humano, apesar de independer desta consagração constitucional para que o ser humano tenha o direito à existência digna. Consiste a dignidade numa série de fatores que, necessariamente devem ser observados para que o homem tenha condições de sobrevivência. Não é à toa que a dignidade da pessoa humana tem status de sobreprincípio constitucional, isto é, está acima até mesmo dos princípios (é o entendimento que prevalece na doutrina). 1.6 Significado de valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (art. 1º, IV, CF). É o reconhecimento de que adotamos o capitalismo (iniciativa privada), mas um capitalismo humanista, isto é, fortemente influenciado pelos valores sociais do trabalho. É exatamente por isso, p. ex., que os arts. 7º e 8º, da Constituição Federal, consagram uma série de direitos aos trabalhadores e rurais. É exatamente por isso também, p. ex., que não se pode impor pena de trabalhos forçados, que se considera o trabalho escravo crime, e que se exige que o trabalho deve ser justamente remunerado de acordo com sua complexidade. 1.7 Significado de pluralismo político (art. 1º, V, CF). Por ser o Brasil um país cuja identidade é resultante da miscigenação étnica, religiosa, racial, ideal, o pluralismo político assegura que todas estas nuanças sejam devidamente respeitadas, constituam elas ou não uma maioria. É dizer, desta forma, que o pluralismo político representa o respeito às minorias, também. Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. São três os Poderes da República, a saber, o Executivo (ou Administrativo), o Legislativo e o Judiciário, todos independentes e harmônicos entre si. Por independência, significa que cada Poder pode realizar seus próprios concursos, pode destinar o orçamento da maneira que lhe convier, pode estruturar seu quadro de cargos e funcionários livremente, pode criar ou suprimir funções, pode gastar ou suprimir despesas de acordo com suas necessidades, dentre inúmeras outras atribuições. Por harmonia, significa que cada Poder deve respeitar a esfera de atribuição dos outros Poderes. Assim, dentro de suas atribuições típicas, ao Judiciário não compete legislar (caso em que estaria invadindo a esfera de atuação típica do Poder Legislativo), ao Executivo não compete julgar, e ao Executivo não compete editar leis (repete-se: em sua esfera de atribuições típica). Essa harmonia, também, pode ser vista no controle que um Poder exerce sobre o outro, na conhecida Teoria dos Freios e Contrapesos. É óbvio que cada Poder tem suas funções atípicas (ex.: em alguns casos o Judiciário legisla) (ex. 2: em alguns casos o Legislativo julga). Isso não representa óbice, todavia, que a atuação funcional de cada Poder corra de maneira independente, desde que respeitada a harmonia de cada um para com seus Poderes-irmãos, obviamente. 53

56 Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Logo no início do estudo dos princípios fundamentais, localizados entre os arts. 1º e 4º, da Constituição, foi dito que os fundamentos da República Federativa do Brasil não são a mesma coisa que os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil. Melhor explica-se: por fundamentos entende-se aquelas situações que já são inerentes ao sistema constitucional pátrio. A dignidade da pessoa humana, p. ex., não é um objetivo a ser alcançado num futuro próximo, mas uma exigência prevista para o presente. Já os objetivos fundamentais são as premissas a que o Brasil se compromete a alcançar o quanto antes em prol da consolidação da sua democracia. Graças a este art. 3º, pode-se falar que o Brasil vive à égide de uma Constituição compromissária, dirigente. O art. 3º nos revela que temos um caminho a ser percorrido. O art. 3º é a busca pela concretização dos princípios fundamentais do art. 1º. E, como objetivos fundamentais, se elenca a construção de uma sociedade livre, justa e solidária (art. 3º, I), a garantia do desenvolvimento nacional (art. 3º, II), a erradicação da pobreza e da marginalidade, e a redução das desigualdades sociais e regionais (art. 3º, III), e a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, idade, cor, e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, IV). 3.1 Significado da expressão construir uma sociedade livre, justa e solidária (art. 3º, I, CF). A fraternidade não é consagrada explicitamente na Constituição, tal como o são a liberdade e a igualdade, somente se lhe fazendo menção no preâmbulo constitucional, quando se utiliza a expressão sociedade fraterna. Por sociedade livre, se entende a não submissão deste país a qualquer força estrangeira (tal como já foi este país colônia de Portugal) bem como por qualquer movimento totalitário nacional (tal como já foi este país vítima do regime militar). Por sociedade justa há se entender aquela que respeita e que faz ser respeitada, não permitindo atrocidades políticas, abusos econômicos, ou violações à dignidade humana. Por fim, por sociedade solidária há se entender a observância ao terceiro vetor da Revolução Francesa, a saber, a fraternidade, representativa da cooperação interna e internacional. 3.2 Significado da expressão garantir o desenvolvimento nacional (art. 3º, II, CF). Mais à frente se estudará a chamada terceira geração/dimensão de direitos fundamentais, ligada ao valor fraternidade, dentro da qual estariam, dentre outros, o direito ao progresso, ao meio ambiente, e o direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade. Este desenvolvimento nacional deve ser entendido em sentido amplo, isto é, para mais que um simples progresso econômico. Engloba, também, o desenvolvimento político, social, cultural, ideal, dentre tantos outros. 3.3 Significado da expressão erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais (art. 3º, III, CF). Trata-se de desdobramento da garantia do desenvolvimento nacional do art. 3º, II, CF. O Brasil é uma nação de diferenças socioeconômicas gritantes no que atine à sua população, com a majoritária concentração de riqueza nas mãos de poucos. Sendo assim, como um processo osmótico, do meio mais para o menos concentrado, é preciso que parte dessa riqueza seja transferida aos grupos populacionais mais carentes. Veja-se que, neste aspecto, o texto constitucional foi feliz em seu texto: é preciso erradicar a pobreza e a marginalização, mas reduzir as desigualdades sociais e regionais. Ora, bem sabem todos que sempre haverá discrepâncias sociais e regionais (a concentração da produção industrial, p. ex., obviamente se concentra em sua maior parte na região sudeste e em menor parte na região norte do país). O que se deve é, apenas, atenuar estas desigualdades. Já a pobreza é pobreza em qualquer lugar (com o perdão da licença poética), e, portanto, deve ser extirpada deste país. 3.4 Significado da expressão promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, IV, CF). Eis o reconhecimento do pluralismo como elemento norteador da nação (o pluralismo, como já dito outrora, é muito mais que o simples conceito de democracia ). A promoção do bem de todos deve ser feita sem qualquer diferenciação quanto às posições políticas, religiosas, étnicas, ideais, e sociais. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. O art. 4º é a revelação de que vivemos em um Estado Constitucional Cooperativo, expressão esta utilizada por Peter Häberle, defensor de uma concepção culturalista de Constituição. Por Estado Constitucional Cooperativo se entende um Estado que se disponibiliza para outros Estados, que se abre para outros Estados, mas que exige algum grau de reciprocidade em troca, a bem do desenvolvimento de um constitucionalismo mundial, ou, ao menos, ocidental. 4.1 Significado de independência nacional (art. 4º, I, CF). É a consequência da soberania nacional, constante do art. 1º, I, CF. Afinal, é graças à independência deste país que se autoriza a chamá-lo de nação soberana. 54

57 4.2 Significado de prevalência dos direitos humanos (art. 4º, II, CF). Os direitos humanos são proteções jurídicas necessárias à concretização da dignidade da pessoa humana. Em verdade, os direitos fundamentais nada mais são que os direitos humanos internalizados em Constituições. Desta forma, tal como os direitos fundamentais devem prevalecer no plano interno, também os direitos humanos devem ser a tônica no plano internacional. Disso infere-se que tanto faria ao constituinte ter consagrado, neste art. 4º, II, CF, a prevalência dos direitos humanos (como o fez) ou a prevalência dos direitos fundamentais. O resultado pretendido é o mesmo. 4.3 Significado de autodeterminação dos povos (art. 4º, III, CF). Esse princípio é um recado às demais nações. Por tal, o Brasil afirma que não aceita nem adota a prática de que um povo seja submetido/subordinado a outro. Todos têm direito a um Estado, para que possam geri-lo, autonomamente, da maneira que melhor lhes convier. 4.4 Significado de não intervenção e defesa da paz (art. 4º, IV e VI, CF). A República Federativa do Brasil é um Estado não beligerante. Não é uma tendência deste país as guerras de conquistas nem as guerras preventivas, tal como é praxe na cultura norte-americana, mas só as guerras defensivas, isto é, as guerras de proteção ao território e ao povo brasileiro, ainda que, para isso, precise lutar fora do espaço territorial pátrio. Em outras palavras, guerra defensiva não significa esperar ser invadido, como erroneamente se possa pensar. Para a solução dos conflitos, busca-se a arbitragem internacional, os acordos internacionais, a mediação, o auxílio das Nações Unidas etc. O belicismo só deve ser utilizado em último caso. 4.5 Significado de igualdade entre os Estados (art. 4º, V, CF). Trata-se de princípio autoexplicativo. O Brasil não reconhece a existência de Estados maiores ou melhores que os outros tão-somente por seu poderio bélico, econômico, cultural etc. Sendo iguais todas as nações, todas podem proteger-se e ser protegidas contra ameaças estrangeiras, tal como o Brasil se autoriza a fazer. 4.6 Significado de solução pacífica dos conflitos (art. 4º, VII, CF). Trata-se de desdobramento dos princípios da não intervenção e da defesa da paz já estudados. Para a solução dos conflitos, busca-se a arbitragem internacional, os acordos internacionais, a mediação, o auxílio das Nações Unidas etc. O belicismo só deve ser utilizado em último caso. 4.7 Significado de repúdio ao terrorismo e ao racismo (art. 4º, VIII, CF). Repúdio tem significado de repulsa, contrariedade. Racismo é um termo amplo para designar qualquer tipo de discriminação, seja ela de raça ou não. O Brasil não tem uma tipificação específica para crimes de terrorismo, como o tem para os crimes de racismo. A Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170/83) apenas fala em atos de terrorismo em seu art. 20, sem especificar, contudo, o que seriam estes atos e como puni-los. Por tratar-se de conceito indeterminado, há se defender que, hoje, o Brasil não pune de forma autônoma o crime de terrorismo. 4.8 Significado de cooperação entre os povos para o progresso da humanidade (art. 4º, IX, CF). Um bom exemplo da aplicação deste princípio está no parágrafo único, do art. 4º, da Constituição Federal, segundo o qual a República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. Tal objetivo acabou sendo em parte alcançado com a criação do MERCOSUL, ainda não totalmente implementado. Essa ideia de cooperação entre os povos remonta a uma proposta defendida pelo globalismo, de formação de blocos econômico-políticos de desenvolvimento recíproco. Some-se a isso o fato de que, o art. 4º, IX, CF, em sua parte final, faz menção ao progresso da humanidade, o qual é considerado um direito fundamental de terceira dimensão/geração, aliado ao valor fraternidade, na abrasileirada classificação de Paulo Bonavides. Assim, unindo a ideia de fraternidade à de criação de grupos de países (como o MERCOSUL, como a União Europeia etc.), formase o princípio de cooperação entre os povos para o progresso de cada país e da humanidade. 4.9 Significado de concessão de asilo político (art. 4º, X, CF). Asilo político é a proteção que um Estado dá a nacionais de outros Estados que estiverem sofrendo perseguições políticas em razão de sua ideologia, crença, etnia etc. O Estatuto do Estrangeiro (Lei nº 6.815/80) regula a condição do asilado. Em seu art. 28, se afirma que o estrangeiro admitido no território nacional na condição de asilado político ficará sujeito, além dos deveres que lhe forem impostos pelo direito internacional, a cumprir as disposições da legislação vigente e as que o Governo brasileiro lhe fixar. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS. TUTELA CONSTITUCIONAL DAS LIBERDADES. TÍTULO II DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS CAPÍTULO I DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; 55

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