O HIV no Mundo Lusófono
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- Cármen Barros Olivares
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1 3º CONGRESSO VIRTUAL HIV / AIDS 1 O HIV no Mundo Lusófono Fenotipagem CD4+/CD8+/CD3+ em 133 doentes seropositivos (HIV) para inicio de terapêutica antiretroviral, em Moçambique. Casanovas, J. (*), Folgosa, E.(**) (*) Director Técnico da UNIV (**) Chefe do Departamento Académico de Microbiologia da Faculdade de Medicina Unidade de Imunodiagnóstico Viral (UNIV), Departamento Académico de Microbiologia, Faculdade de Medicina de Maputo. Palavras Chave : Fenotipagem CD4+/CD8+/CD3+, HIV, Tratamento anti retroviral, Moçambique, Unidade de Imunodiagnóstico Viral (UNIV), Faculdade de Medicina, Citometria de Fluxo, 133 pacientes. Introdução Moçambique dispõe de um Serviço Nacional de Saúde desde a Independência, mas o aparecimento do HIV veio agravar o estado de saúde da população. Apesar dos esforços do Governo e de muitas organizações internacionais ligadas á problemática HIV/SIDA, a infecção pelo HIV continua a sua progressão em todo o país, atingindo níveis preocupantes. Presentemente estima-se que a contaminação diária atinja cerca de 500 indivíduos de ambos os sexos, calculando-se que 1,3 milhões de pessoas estejam contaminados em Moçambique. O Governo tem vindo a fazer um esforço, juntamente com muitas organizações internacionais, para criar condições de apoio económico que permitam iniciar o TARV em grupos de população pré definidos. Para poder realizar os exames laboratoriais indispensáveis á monitorização terapêutica, foi criado o LBM na FMM, onde são avaliadas as cargas virais do HIV tipo 1, bem como as fenotipagens CD4/CD8/CD3. Objectivo Analisar a casuística do Laboratório de Biologia Molecular (LBM) da Unidade de Imunodiagnóstico Viral (UNIV) do Departamento Académico de Microbiologia da Faculdade de Medicina de Maputo (FMM) Moçambique, relativamente ao estudo dos linfócitos T para início de terapêutica antiretroviral (TARV).
2 2 Materiais e métodos Foram analisados os resultados obtidos de linfócitos T CD4 e T CD8, em valores percentuais e absolutos, juntamente com o racio CD4/CD8, em pacientes oriundos da consulta externa do Hospital Central de Maputo, do Hospital José Macamo e de algumas clínicas privadas. A UNIV dispõe de uma base de dados informatizada, onde são guardados todos os resultados provenientes da análise por Citometria de Fluxo. É elaborado para o clínico um boletim de resultados que permite a comparação evolutiva até 6 vindas por cada paciente, onde também é referido o esquema terapêutico em curso. De Março a Agosto do corrente ano, em todas as amostras processadas no laboratório da UNIV, foram estudados os linfócitos T, com o objectivo de poder iniciar TARV, encontrandose alguns pacientes já em seguimento clínico, com resultados de 2 ou mais colheitas. Os resultados foram distribuídos em três grupos relativamente ao número de linfócitos T CD4+, < 200, 201 a 350 e > 350, de acordo com as Guidelines para o uso de ARV na infecção pelo HIV em adultos e adolescentes, colectada pelo DHHS Department of Health and Human Services, juntamente com a Fundação Familiar de Henry J. Kaiser. Foram considerados os factores, idade, sexo e raça. Todos os pacientes analisados nunca tinham feito qualquer tratamento com ARV. O controlo laboratorial estabelecido, apesar de estar previsto para intervalos de 3 meses, teve uma oscilação entre 3 e 5 meses. A quantificação das virémias plasmáticas (carga viral) HIV-1 não será aqui analisada em virtude de não ter sido determinada em todos os casos, por motivos de dificuldades económicas. Foram analisados os seguintes parâmetros : idade, sexo, raça, grupo de distribuição do valor absoluto de linfócitos TCD4+ e evolução deste valor após início de TARV. As células CD4 e CD8 foram analisadas e quantificadas por Citometria de Fluxo usando o equipamento FACSCalibur da Becton Dickinson (BD). É um sistema automatizado de quatro cores. Foi usada uma marcação tripla de anticorpos monoclonais para CD4, CD8 e CD3. Nesta técnica usámos uma metodologia de lise-sem-lavagem, e as células foram analisadas através da software próprio, Multitest da BD, integrado no equipamento. As contagens foram executadas em plataforma única (um só equipamento) através do recurso ao uso de tubos de contagens absolutos Trucount.
3 3 Resultados / Discussão Durante o período de Março a Agosto de 2002, realizaram-se, na Unidade de Imunodiagnóstico Viral da FMM, 133 determinações de fenotipagem CD4/CD8/CD3 no sangue total de pacientes seropositivos para HIV, dos quais 54 do sexo feminino e 46 do sexo masculino (ver gráfico 1). Gráfico 1. Distribuição e percentagem dos doentes estudados por sexo 61(46) 72(54) Masculino Feminino A média de idades foi de 38,9 anos com uma variação de 2 a 65 anos. Reportando-nos ás idades dos pacientes, a sua distribuição é a que encontra-se representada no gráfico 2.
4 4 Gráfico 2. Distribuição e percentagem dos doentes por grupo etário Nº <20 20 a a 39 >40 Grupo etário 0.0 nº A distribuição por etnias, como era de prever, indicou que dos 133 doentes estudados, 111 (83) eram negros, 13 brancos (10) e 9 mestiços (7). Relativamente ao total de linfócitos T CD4+, os valores encontrados foram distribuídos em três grupos, cuja representação se mostra no gráfico Gráfico 3. Distribuição e percentagem do valor total de linfócitos T CD4+ nas 133 amostras analisadas No de amostras < a 350 >350 No de Linfocitos T CD4+ nº
5 5 No presente, já se encontram sob controlo laboratorial com 2 ou mais vindas, 19 doentes o que corresponde a 14,3 dos pacientes. Todos os doentes foram submetidos a tratamento HAART High Activity Anti Retroviral Terapy, com associações de INRT(INNRT)/IP - inibidores nucleosidos de transcriptase reversa, inibidores não nucleosidos de transcriptase reversa e inibidores de protease, adaptadas a cada caso. Conclusão A primeira conclusão que se pode retirar da análise das idades dos pacientes, referese ao facto de o grupo dos jovens adultos (20 a 29 anos) ser de 16,6 o que o torna significativamente menor comparativamente com o dos adultos (30 a 65 anos), o qual representa 81,2 da população estudada. Uma possível causa poderá estar relacionada com a receptividade da informação relativa ao uso de preservativo ter muito mais aceitação nos jovens que na população com mais idade, a qual devido a hábitos e costumes mais antigos possa ser mais descuidada com a prática de relações sexuais protegidas. Relativamente á análise dos números em função de masculino e feminino, vamos encontrar uma relevância para o sexo feminino (54) relativamente ao masculino (46), números que condizem com as informações do Ministério da Saúde que reporta uma maior prevalência da infecção nas mulheres. Se considerarmos o patamar das 350 células por microlitro de sangue, constata-se que 64,7 (86) dos pacientes se encontram abaixo desse valor e portanto em situação clínica mais grave, o que poderá representar que são estes pacientes que mais procuram a consulta médica nos centros de tratamento do HIV/SIDA. No entanto, devido ás campanhas intensivas de aconselhamento ao despiste do HIV, 35,3 (47) dos pacientes com sintomatologia menos grave (CD4 > 350 células) já iniciaram o TARV. O doseamento dos linfócitos CD4/CD8/CD3, por ser bastante mais económico comparativamente com a avaliação das cargas virais e ter uma resposta laboratorial inferior a 24 horas, revela-se assim um parâmetro muito importante no controlo da evolução da infecção, quando não é possível financeiramente efectuar a avaliação laboratorial completa.
6 UNIV Unidade de Imunodiagnóstico Viral Departamento Académico de Microbiologia Faculdade de Medicina de Maputo - Moçambique José Casanovas, Tel : jose.casanovas@tvcabo.co.mz 6 RESUMO Moçambique dispõe de um Serviço Nacional de Saúde desde a Independência, mas o aparecimento do HIV veio agravar o estado de saúde da população. Apesar dos esforços do Governo e de muitas organizações internacionais ligadas á problemática HIV/SIDA, a infecção pelo HIV continua a sua progressão em todo o país, atingindo níveis preocupantes. Presentemente estima-se que a contaminação diária seja de cerca de 500 indivíduos de ambos os sexos, calculando-se que 1,3 milhões de pessoas estejam contaminados em Moçambique. O Governo tem vindo a fazer um esforço, juntamente com muitas organizações internacionais, para criar condições de apoio económico que permitam iniciar o TARV em grupos de população pré definidos. Para poder realizar os exames laboratoriais indispensáveis á monitorização terapêutica, foi criado o Laboratório de Biologia Molecular (LBM) na Faculdade de Medicina de Maputo (FMM), onde são avaliadas as cargas virais do HIV tipo 1, bem como as fenotipagens CD4/CD8/CD3. De Março a Agosto do corrente ano, foram estudados os linfócitos T em 133 pacientes, com vista ao início de TARV, encontrando-se alguns deles já em seguimento clínico, com resultados de 2 ou mais colheitas. Os resultados foram distribuídos em três grupos relativamente ao número de linfócitos T CD4+, < 200, 201 a 350 e > 350, de acordo com as Guidelines para o uso de ARV na infecção pelo HIV em adultos e adolescentes, colectada pelo DHHS Department of Health and Human Services, juntamente com a Fundação Familiar de Henry J. Kaiser. Foram considerados os factores, idade, sexo e raça. Todos os pacientes analisados nunca tinham feito qualquer tratamento com ARV. O controlo laboratorial estabelecido, apesar de estar previsto para intervalos de 3 meses, teve uma oscilação entre 3 e 5 meses. A quantificação das virémias plasmáticas (carga viral) HIV-1 não será aqui analisada em virtude de não ter sido determinada em todos os casos, por motivos de dificuldades económicas.
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