FUNCIONALISMO PÚBLICO, CARGOS COMISSIONADOS E MÍDIA. Aluno: Guilherme Bernardes Sutter Orientadora: Maria Celina Soares D Araújo.

Transcrição

1 FUNCIONALISMO PÚBLICO, CARGOS COMISSIONADOS E MÍDIA Aluno: Guilherme Bernardes Sutter Orientadora: Maria Celina Soares D Araújo. Introdução O tema de nossa pesquisa, Funcionalismo Público sempre esteve e esta em evidencia na mídia brasileira, devido à importância na conjuntura politico/social que o funcionário publico, ocupa a sociedade brasileira. Muito se fala na mídia sobre o tema, e sempre que este e abordado se faz em tom de critica, principalmente quando se fala em Cargos de Confiança, que são cargos que são de livre nomeação, e são ocupados sem a necessidade de um concurso publico. Dentro desses chamados cargos de confiança, vemos subdivisões como, cargos comissionados, Direção e Assessoramento Superior (DAS) etc. Uma, entre as principais criticas feitas aos cargos de livre nomeação e que estes cargos são ocupados por pessoas com baixa qualificação técnica e educacional como podemos verificar em uma noticia pulicado pelo portal da BBC Brasil no dia 1 de abril de 2016, esta noticia é de autoria da jornalista Ruth Costas: E o preço que a população paga é uma queda de eficiência do setor público porque são colocadas na administração federal pessoas que desconhecem a máquina pública ou sem a qualificação necessária". Também verificamos em muitas noticias a critica feita ao numero de funcionários públicos, mas em especial ao número de Cargos de Confiança, e estas críticas são feitas também, quando comparam a maquina publica brasileira, com outros sistemas como dos EUA, e da Inglaterra e França. Uma critica como essa, podemos verificar em uma notícia do colunista Mauricio Lima da Veja, publicada no dia 05 de julho de 2015: Reguffe quis saber quantos cargos comissionados existem no governo federal. Resposta oficial: cargos a que o governo pode nomear ao seu bel prazer. (...) Para que o leitor possa

2 comparar na França este tipo de nomeação fora da carreira pública não passa de 4800 vagas e nos EUA, Neste segundo trecho de noticia, não podemos precisar a comparação feita pela colunista, pois não há um rigor metodológico cientifico. Mas pelos números apresentados podemos sugerir que a colunista se refere a um tipo especifico de cargo comissionado, os chamados DAS (Direção e Assessoramento Superior) que segundo o BEP (Boletim Estatístico de Pessoal) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão em junho de 2015, ultima publicação do BEP antes da publicação da noticia eram de 22590, e já o número total de cargos de Confiança era de , esses números são como dito, números do mês de junho de 2015, verá a diante na tabela número 3 que o ano de 2015 vai fecha com queda do número de DAS para e o total de cargos de confiança para E estas críticas estão presentes, na maioria das noticias que encontramos sobre o tema, e em cima dessas criticas, que escrevemos o presente trabalho, com a intenção de fomentar o debate publico em torno do tema do Funcionalismo Publico, mas em especial dos chamados Cargos de Confiança. A baixa qualificação e o apadrinhamento politico nos Cargos de Confiança Queremos aqui, mostra ao leitor, algumas colocações da mídia quanto uma suposta baixa qualificação e do apadrinhamento politico nos cargos de confiança. Escolhemos aqui, exemplificar com noticias que falam em torno de 23 mil cargos de confiança, que acreditamos que essas notícias estejam falando dos cargos de confiança chamados DAS. Escolhemos falar a partir desse exemplo especifico, pois temos mais dados disponíveis sobre estes cargos específicos do que de outros, dados como formação acadêmica, trajetória politica etc. Normalmente, a mídia da como uma das justificativas para a baixa qualificação dos ocupantes de cargos de confiança, e o apadrinhamento politico. Podemos aqui citar como exemplo uma noticia publicada o site do instituto millenium, na noticia diz o seguinte: Isso é aproveitado para justificar a nomeação de pessoas sem qualificação alguma, usualmente cabos eleitorais, gente a quem se deve favores.

3 Se lermos essa notícia na integra vemos que a noticia fala dos DAS. Porém se falarmos desses cargos, segundo André Borges e Denílson Bandeira, não podemos afirmar que todos os cargos de DAS seguem este padrão, pois o recrutamento pode ser condicionado dependendo do ministério a que estamos nos referindo. No capitulo 2 do livro Cargos de Confiança no presidencialismo de coalizão brasileiro, organizado por Felix Garcia Lopez, André Borges e Denílson Bandeira vão dizer que em ministérios com uma consolidação maior como o ministério da ciência e tecnologia, o controle politico e a politização de cargos e menor que em ministérios como o da integração nacional. Tomando esta referencia para nós podemos dizer que a afirmação feita pelo instituto acima, e inconsistente, pois nem todos os cargos são ocupados por critérios meramente políticos. Porém temos que frisar também que são colocadas pessoas em cargos de confiança como perfil citado a cima, porém isso não e uma regra valida para todo o funcionalismo publico brasileiro como vimos no argumento dos autores citados. Ainda utilizando o capitulo citado podemos dialogar com a colocação feita pela BBC Brasil que citamos na introdução do nosso trabalho. Lá o autor diz que um dos frutos dessa politização é a falta de conhecimento de como funciona a maquina publica. Para podermos contribuir com a nossa reflexão trago uma tabela contida a página 84 da obra já citada. Na tabela acima mostra que, apenas 28,45% dos servidores que ocupavam função de DAS no ministério do planejamento ocupavam sem vinculo com o órgão, enquanto o ministério da ciência e da tecnologia esse número cai para 0,5%. Quando se fala em vinculo com o órgão, quer dizer que este funcionário já trabalhava naquele órgão antes

4 de ocupar o cargo de DAS. Então essas pessoas tem conhecimento de causa. O que refuta o argumento de esses funcionários não terem conhecimento da maquina publica. Nos dois trechos que usamos para construir nossa argumentação vemos um ponto em comum, nos dois casos e falado de uma falta de qualificação dos ocupantes de cargos de confiança, pois bem, o primeiro questionamento que nos fazemos e sobre o que e considerado como qualificação para eles. Pois tem haver com escolaridade, vemos que essa colocação a maioria dos casos não se aplica. Para podermos argumentar, trazemos uma tabela do BEP do ministério do planejamento publicado em fevereiro de 2016, sobre o perfil educacional dos ocupantes de cargo de confiança no governo federal a tabela se encontra a pagina 168 do documento. Tabela 2 Cargos Funções e Gratificações por Escolaridade.

5 Como podemos verificar, mais de 75% das pessoas que ocupam cargos de confiança no governo federal, tem pelo menos, o terceiro grau que corresponde ao ensino superior. Ou seja, são pessoas que frequentaram as universidades, e se consideramos este, como um indicador de qualificação essas pessoas são sim qualificadas.

6 Vale ressaltar que estamos falando de cargos de confiança do governo federal, pode ser que nós estados e munícipios possam existir realidades diferentes, porém esta analise não será feita neste trabalho. O número de Cargos Comissionados no Brasil. Na introdução de nosso trabalho, nos colocamos alguns números sobre o quantitativo de cargos comissionados e também dentro delas um cargo especifico chamado de DAS. Aqueles dados citados eram de junho de 2015 e o citamos para podermos balancear com o trecho da matéria citada. Pensando no número de cargos vemos uma matéria do jornal o globo publicado no dia 03/05/2016 que nos dá alguns dados interessantes. Além de aumento do total de servidores federais, ao longo dos anos 2000 e até o fim do 1º governo Dilma também houve aumento no número de cargos comissionados, aponta levantamento de Felix Garcia Lopez, também pesquisador do IPEA. Lopez mostra que, de 1999 a 2013, o número de comissionados foi de 16,6 mil para cerca de 23 mil, um aumento de 38%. Vemos nessa noticia, um crescimento no número de cargos comissionados, e como já vemos em outras notícias ele chama de comissionados, o montante de cargos específicos chamados de DAS. Aqui colocaremos os últimos dados sobre todos os cargos comissionados publicados pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, no Boletim Estatístico de Pessoal publicado no mês de abril de Faremos a demonstração destes dados a partir de uma tabela apresentada no BEP, na página 168, onde poderemos ver a evolução desses cargos de confiança de 1997 até os dias atuais.

7 Tabela 3 - Quantitativo de ocupantes de Cargos e Funções de Confiança e Gratificações do Poder Executivo Federal, a partir de 1997

8 Como podemos ver o que a notícia do jornal o globo traz, e preciso quando quis que o número de cargos comissionados, cresceu nos últimos 19 anos, porém quando falamos em DAS nos últimos dois anos vemos que esse número caiu um pouco, é não seguiu o padrão dos anos anteriores. Essa matéria faz referencia ao livro de Felix Garcia Lopes como referencia como neste trabalho foi utilizado, porém a pesquisa realizada por Lopes, e seus companheiros termina em 2013, por isso ele não aborda nem o jornal esta diminuição que citamos.

9 Conclusão Uma colocação muito recorrente a mídia quando falamos de cargos comissionados, são a utilização deles é a sua necessidade, estes são temas que estão diretamente relacionados tanto com o apadrinhamento politico, quanto ao número de cargos existentes. Colocaremos aqui trecho de uma notícia publica no jornal gazeta do povo e outra no portal Brasil 247 e é de autoria de Marcelo Gruman: Há uma correlação entre cargos comissionados e nepotismo. Cortando-se os cargos elimina espaço para contratação de parentes e clientelismo. Gazeta do Povo. Confiança DELE, não necessariamente da sociedade, que lhes paga o salário. Brasil 237. Vemos aqui noticias com fundos muito parecidos, de critica aos cargos de comissão e nas duas matérias a solução dada e o fim desses cargos em substituição por cargos ocupados por concurso publico, e com estabilidade. Porém vemos também noticias que trazem a ideia de que esses cargos servem para oxigenar a maquina publica como podemos ver na noticia da BBC Brasil já citado na introdução. Em tese, os cargos de designação livre existem para oxigenar a burocracia estatal e fazer com que as políticas públicas possam ser moldadas pelo grupo político que recebeu nas urnas o voto de confiança dos eleitores. Vemos nessa noticia então, uma tentativa de justificar a existência desses cargos, a colocamos aqui para mostra que não existe um padrão de argumento, existem argumento que se repente, mas eles mudam conforme o jornal, o editor, o publico, pois o jornal ele tem a função de noticiar fatos e colaborar na opinião publica. E essas noticias tendem a serem construídas em um curto espaço de tempo, então os jornalistas não tem tempo hábil de verificar a informação em varias fontes. O nosso esforço neste trabalho foi o de trazer os principais argumentos encontrados na mídia e os dialogar uns com os outros e também com outros dados e artigos da ciência politica, esperamos ter atingido o nosso objetivo com sucesso, e possamos continuar a nossa pesquisa.

10 Referência Bibliográfica 1 - NUNES, Felipe Miguel Ramos de Abreu Os Directores-Gerais: O Recrutamento das Elites Administrativas no Portugal Democrático. Tese de Doutorado, Universidade de Lisboa. 2- LOPEZ, Felix Garcia (org.) Cargos de confiança no presidencialismo de coalizão brasileiro Brasília, Ipea. 3 ARAUJO, Maria Celina D Elites burocráticas, dirigentes públicos e política no Poder Executivo. In: Maria Celina D'Araujo. (Org.) Redemocratização e mudança social no Brasil. Rio de Janeiro: Edit. da FGV, p COSTAS, Ruth. Cargos indicados por partidos são 'caixapreta' no governo. BBC Brasil, São Paulo, 01 de abril de Disponível: 5- LIMA, Mauricio. Um exagero. Veja, 05 de julho de Disponível: 6- BRASIL supera EUA e Alemanha em número de cargos comissionados. Instituto Millenium, 01 de outubro de Disponível: 7- FUNCIONALISMO público no governo federal aumenta 28% em dez anos. O Globo, Rio de Janeiro, 31 de agosto de Disponível: em-dez-anos #ixzz4fc0moqgb 8- ELEVADO número de cargos em comissão facilita o nepotismo. Gazeta do Povo, 14 de setembro de Disponível: 9- GRUMAN, Marcelo. Cargos comissionados: ate quando? Brasil 247, 25 Agosto de Disponível: Ministérios do Planejamento Desenvolvimento e Gestão. Boletim Estatístico de Pessoal BEP. Brasília, junho de Ministérios do Planejamento Desenvolvimento e Gestão. Boletim Estatístico de Pessoal BEP. Brasília, fevereiro de Ministérios do Planejamento Desenvolvimento e Gestão. Boletim Estatístico de Pessoal BEP. Brasília, abril de 2016.