SEM DISCRIMINAÇÃO: INCLUSÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS NO JORNAL ZERO HORA
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- Mafalda Zaira Paiva Padilha
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1 SEM DISCRIMINAÇÃO: INCLUSÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS NO JORNAL ZERO HORA Caroline da Rosa Couto (UNISC) Betina Hillesheim (UNISC) Amanda Cappellari (UNISC) Bruno Corralo Granata (UNISC) O presente artigo visa investigar quais são os discursos produzidos na articulação entre as noções de inclusão e políticas públicas, veiculados no jornal Zero Hora, importante veículo de comunicação do estado do Rio Grande do Sul. Trata-se, aqui, da apresentação de um recorte dos dados de uma pesquisa maior, intitulada Inclusão e Mídia: uma análise do Jornal Zero Hora, que vem sendo desenvolvida na Universidade de Santa Cruz do Sul/UNISC. As políticas públicas, como respostas a demandas sociais, na prerrogativa da produção de tecnologias de subjetivação para o governo dos sujeitos, incorporam os discursos sobre a inclusão, que têm se multiplicado a partir do final do século XX (HILLESHEIM, 2013). Dada tal disseminação da noção de inclusão, nas agendas políticas, nos noticiários, nos jornais, na emergência de legislações e especializações com este tema, torna-se importante problematizar a inclusão como uma invenção no nosso tempo, no intuito de compreender como e por que ela foi tornada um imperativo econômico, político e humanitário. (LOPES e VEIGA-NETO, p. 2, 2007). Nessa perspectiva, trata-se de problematizar aquilo que Foucault (2003) denomina como efeitos de verdade, visto que o filósofo aponta que a verdade é produzida, sendo que tais produções não podem ser dissociadas do poder e dos mecanismos de poder, ao mesmo tempo porque esses mecanismos de poder tornam possíveis, induzem essas produções de verdade, e porque essas produções de verdade têm, elas próprias, efeitos de poder que nos unem, nos atam (p. 229). Assim, o fio condutor de uma investigação que se pauta nas produções de verdade sobre inclusão relaciona-se, conforme a lição foucaultianas, naquilo que somos, isto é, nas formas pelas quais, na contemporaneidade, somos subjetivados pelos discursos referentes à inclusão.
2 Além disso, destaca-se que a concepção de poder assumida neste trabalho não localiza o poder somente nos aparelhos de Estado, mas englobam relações de forças múltiplas e dispersas, as quais também, de acordo com Foucault (2003, p. 232), utilizam métodos e técnicas muito, muito diferentes umas das outras, segundo as épocas e segundo os níveis. Dessa maneira, há um deslocamento das formas de poder, sendo que, a partir do século XVII, o autor identifica o que nomeia de biopoder, uma vez que o velho direito de causar a morte ou deixar viver foi substituído por um poder de causar a vida ou devolver à morte (FOUCAULT, p. 130), ou seja, o poder passa a investir maciçamente na vida, em contraposição a um poder soberano, que se exercia mediante o confisco. Diferentemente disso, o biopoder é calcado na produção, crescimento e ordenamento de forças, caracterizando-se como um poder cuja função mais elevada já não é mais matar, mas investir sobre a vida, de cima a baixo (p. 131). Para dar conta disso, o biopoder se desdobre em duas formas principais: por um lado, um poder disciplinar, que foca o corpo do indivíduo como máquina, uma anátomo-política que ordena espaços e tempos; e, por outro, uma regulação do corpo-espécie, constituindo uma biopolítica da população. As políticas públicas são, nesse sentido, estratégias biopolíticas, de investimento na vida da população, tomando a inclusão como uma das formas de fazer viver e como condição das práticas neoliberais, na tessitura de recursos para aqueles que não têm garantidas as suas entradas nos jogos concorrenciais do mercado. No caso das políticas públicas brasileiras, a entrada da inclusão nas agendas políticas e econômicas evidencia como estas vêm sendo produzidas enquanto estratégias de governamento da população, na medida em que, pelo viés da inclusão, como discutido por Lopes (2009), nada nem ninguém pode estar fora em absoluto, mas sempre dentro, associado a algo ainda que sejam às noções de risco, perigo, vulnerabilidade, anormalidade. É assim que se pode compreender as políticas públicas enquanto formas de interferência do Estado no momento em que visam à manutenção das relações sociais de determinada forma e/ou determinada norma. (LASTA e HILLESHEIM, 2011, p. 93). Para a discussão proposta no presente texto, a produção de dados tomou como materialidade de análise as edições de segundas a sextas-feiras do jornal Zero Hora, no período de março de 2015 a dezembro de Os dados foram sistematizados a partir da
3 leitura diária do jornal e da seleção de reportagens, artigos, seções e colunas que versavam sobre a temática da inclusão em relação às políticas públicas. Cabe ressaltar que, no período analisado, foi possível observar um grande número de materiais relacionados às políticas de Educação. Como embasamento teórico do presente artigo, valemo-nos de teorizações provenientes dos estudos pós-estruturalistas, especialmente do filósofo Michel Foucault, articuladas e instrumentalizadas pelo campo dos Estudos Culturais. Veiga-Neto (2000) afirma que, resguardadas as diferenças e particularidades das ferramentas foucaultianas e dos Estudos Culturais, é possível costurar uma conversa entre esses dois campos. Assim, caracterizado por configurar um conjunto de inspirações e problematizações diversas, podendo ser considerado não uma disciplina, com fronteiras bem marcadas, mas um campo que borra e baliza essas fronteiras, ao romperem certas lógicas cristalizadas e hibridizarem concepções consagradas (COSTA, SILVEIRA e SOMMER, 2003, p. 23), entende-se que a perspectiva dos Estudos Culturais vem ao encontro da investigação aqui proposta, oferecendo subsídios e espaços para pensar os caminhos da pesquisa. Sem a intenção de neutralidade, mas também sem a pretensão de se tornar uma escrita sobre juízos de valor; é na costura entre inclusão, políticas públicas e mídia que este trabalho vem se produzindo, buscando deixar vibrar o que se produz nesse encontro e assumindo que toda a prática tem efeitos passíveis de problematização, sendo que nossa tarefa é no sentido de identificar seus perigos, na tentativa de forjar instrumentos de análise, de ação política e de intervenção política sobre a realidade que nos é contemporânea e sobre nós mesmos (FOUCAULT, p. 240). A partir disso, traz-se, a seguir, uma maior explicitação dos procedimentos teóricos-metodológicos, focando-se na utilização da mídia como materialidade de análise e, após, a discussão dos achados principais no período pesquisado. 1. O jornal Zero Hora: algumas considerações sobre a mídia Presentes no cotidiano de todas as esferas do conjunto social, bem como obtendo significativa visibilidade através da mídia, os discursos sobre inclusão e políticas públicas produzem formas de ver, compreender e estar no mundo. Fundamentando-se no conceito
4 de dispositivo de Michel Foucault, Fischer (2012, p. 115) concebe a mídia como um dispositivo pedagógico, o qual não se configura apenas como uma discussão sobre linguagem, sobre estratégias de construção de produtos culturais [...], mas é, sobretudo, uma discussão sobre poder e formas de subjetivação. Compreendida enquanto um aparato cultural que possui uma função formadora, utilizando-se de determinadas técnicas de produção de sujeitos, e produzindo um voltarse sobre si mesmo governo de si, atrelado a um governo do outro (FISCHER, 2012), a mídia configura um importante espaço de disseminação, mas também de produção e reprodução de discursos. De acordo com Gregolin (2007), a mídia pode ser compreendida enquanto prática discursiva tomando a noção de discurso como uma prática social, construída em um tempo específico, inferindo na constituição de sujeitos um produto de linguagem e processo histórico: Na sociedade contemporânea, a mídia é o principal dispositivo discursivo por meio do qual é construída uma história do presente como um acontecimento que tensiona a memória e o esquecimento. É ela, em grande medida, que formata a historicidade que nos atravessa e nos constitui, modelando a identidade histórica que nos liga ao passado e ao presente. (p. 16). Nesse sentido, entende-se o jornal Zero Hora como um artefato cultural. A partir da definição proposta por Costa, Silveira e Sommer (2003, p. 38), artefatos culturais são práticas de representação que inventam sentidos que circulam e operam nas arenas culturais onde o significado é negociado e as hierarquias são estabelecidas. Assim, os artefatos culturais operam no sentido de produção de verdades, sendo verdade compreendida, a partir de Foucault (2003, p. 233), como o conjunto de procedimentos que permitem a cada instante e a cada um pronunciar enunciados que serão considerados verdadeiros. Considerado um periódico de referência no estado do Rio Grande do Sul, o jornal Zero Hora assume esta condição por fazer parte do maior complexo multimídia do sul do país, a Rede Brasil Sul de Comunicações (RBS), o que garante ao jornal a força
5 econômica e a influência nos debates e decisões políticas, projetando-o como o principal jornal estadual. (BERGER, 1998 apud FELLIPI, 2006). Faz-se importante salientar que o jornal Zero Hora beneficia-se da abrangência hegemônica do grupo RBS, até mesmo pela força televisiva que ele assume, inclusive no interior do estado, onde, em muitas casas, é o único canal em funcionamento. O grupo usa dessa abrangência para divulgação mútua dos diferentes meios comunicacionais. Como jornal de referência, tem grande poder na mediação que propõe entre os leitores e as diferentes realidades, tendo importante papel naquilo que vai se constituindo como um acontecimento importante ou uma tendência (FELLIPI, 2006). Assim, embora o jornal Zero Hora se destine a um público alfabetizado, a presença constante daquilo que é dito no jornal ultrapassa as mais de cinquenta páginas impressas de cada edição, na medida em que os enunciados que circulam nos diferentes cadernos da ZH também estarão presentes em outros meios, destinados a outros públicos, que acessam as produções do grupo RBS. Além disso, o jornal Zero Hora tem sido disponibilizado a assinantes também na versão online com, cada vez mais, conteúdos interativos que incluem pequenos vídeos e animações. Com esse delineamento, justifica-se a escolha do jornal Zero Hora como materialidade de análise desta investigação. Dada a abrangência da ZH, bem como presença na esfera cotidiana de uma maioria dos sujeitos da região sul do país, foram analisadas todas as reportagens dos cadernos principais editados entre março de 2015 e dezembro de 2016, excetuando-se as edições dos finais de semana. Para a discussão de dados, as reportagens mapeadas através das análises das edições do jornal Zero Hora foram divididas em quatro eixos, a saber: Educação, Saúde, Assistência Social e Segurança. Dessa forma, através das maneiras que a inclusão é dita no jornal, faz-se possível compreender como diferentes sentidos se produzem sobre as políticas públicas, atravessados pelo discurso sobre inclusão. Elaborados no constante processual que compõe um caminho de pesquisa, os quatro eixos Educação, Saúde, Assistência Social e Segurança não foram estabelecidos a priori, mas sim constituídos a partir da própria análise do jornal neste
6 período. Através do mapeamento disposto nesses quatro eixos de análise, chegou-se a um total de 172 reportagens que traziam em seu conteúdo a relação entre inclusão e políticas públicas. Tendo sido explicitados os procedimentos teóricos-metodológicos, realiza-se, na próxima seção, a discussão dos materiais selecionados no período. 2. Inclusão e Educação ditas no jornal Hillesheim (2013) aponta os campos da Educação, da Saúde e, também, da Assistência Social, como essenciais para se pensar a inclusão, na medida em que configuram eixos fundamentais de investimento na vida do corpo-espécie, possibilitando que todos sejam incluídos. (p. 28). Entre os materiais selecionados, de um total de 172, 60 são relacionados à temática da Educação, enquanto 42 são relacionados à Saúde, 35 à Segurança e 28 à Assistência Social. Ainda que não se trate de afirmar que todas as reportagens que versem sobre inclusão componham esta contagem, uma vez que se trabalha com o olhar, atento, mas também marcado por desejos e experiências do pesquisador, é necessário pontuar que estes 172 recortes indicam o material de análise desta pesquisa, realizada através do mapeamento de 22 meses de edições de Zero Hora publicadas na forma impressa, excetuando-se os finais de semana, o que compreende, aproximadamente um total de 480 edições analisadas. Como primeira aproximação, percebe-se como as políticas públicas relacionadas à Educação que, no jornal, são descritas e prescritas pelo discurso da inclusão, correspondem a uma maioria em relação aquelas que dissertavam sobre Saúde, Assistência Social ou Segurança Pública, abarcando 35% dos recortes produzidos durante o período de produção de dados da pesquisa. Uma das explicações possíveis para o maior volume da Educação em relação às outras áreas é que, ainda, as políticas de inclusão são muito relacionadas à questão da inclusão escolar. Sublinha-se que a noção de inclusão escolar, no Brasil, ganha força a partir dos anos 1990, no governo Fernando Henrique Cardoso (RECH, 2013). Hillesheim (2013) aponta como o termo inclusão surgiu, em
7 1990, nos Estados Unidos, focalizado no âmbito escolar, e se difundiu pelo mundo a partir dessa década. Nesses 60 recortes referentes às políticas públicas de Educação, a inclusão vem sendo dita de diferentes formas no jornal, conforme mostra o quadro a seguir: Termos mais utilizados para a noção de inclusão no jornal Nº de recorrência dos termos Incluir/inclusão 9 Garantia de ingresso/acesso 16 Integração 6 Convivência 4 Direito 5 Obrigatoriedade 4 Prioridade 5 Universalização 4 Mobilização pela educação 3 Ampliação 4 Os termos incluir e inclusão aparecem bastante vinculados a propagandas de inclusão digital nas escolas (junho, julho e agosto de 2015), na prerrogativa de garantir o acesso inclusivo à internet (dezembro de 2015), por exemplo (é possível perceber aqui como incluir e garantia de acesso acabam por se tornar praticamente sinônimos). Ou, ainda, como fator preventivo de violências, quando a ideia de inclusão social (março de 2016) como possibilidade de se conviver com as diversidades (abril de 2016). A inclusão como garantia de ingresso/acesso é evidenciada pelas chamadas de ingresso na universidade (setembro de 2015), através de discussões sobre o acesso pelas cotas (setembro de 2015, fevereiro de abril de 2016) que enriquecem a universidade (junho de 2015). O acesso a internet também aparece no jornal como caminho de possibilidade para a inclusão, através de projetos que buscam fazer um apelo a importância de que todos se engajem na construção de uma educação para todos, numa saga pela educação (junho de 2015).
8 A inclusão articulada à noção de integração aparece como prática para se garantir a inclusão, apontando a necessidade de estimular a integração entre educador e estudante para a permanência na escola (maio de 2016). Mas, também aparece como um entrave, como no caso de uma reportagem de maio de 2015 que procurava evidenciar os desafios de integração dos etíopes. Embora esses três primeiros termos/expressões (incluir/inclusão; garantia de acesso/ingresso e integração) sejam mais frequentemente utilizados, chama a atenção os outros termos relacionados na tabela, que também circulam no jornal como articulados à inclusão. No que se refere ao termo convivência, o jornal aponta para a questão da convivência nas cidades como tema da educação (agosto de 2015), e indica que aprender a viver juntos (abril 2016) é uma alternativa para o enfrentamento de preconceitos e estigmas. Por sua vez, a educação como direito de todos (janeiro de 2016) aparece atrelada a apelos de manutenção de programas como o FIES, chamando o Estado como responsável pela universalização da educação (junho de 2016), na medida em que a obrigatoriedade de uma educação de qualidade para todos (setembro de 2015 e agosto de 2016) é posta como uma verdade indiscutível em algumas páginas do jornal. Além disso, aponta-se que, nesses recortes, a ampliação das possibilidades de ensino (dezembro de 2015) busca chamar a todos os sujeitos, por meio da mobilização de alunos, professores e comunidade escolar (outubro de 2015) como cidadãos responsáveis pela garantia de acesso às universidades (outubro de 2015), defendendo a prioridade de incentivo, através de financiamentos, em algumas regiões do Brasil (janeiro de 2016). Em outros recortes fica claro que sob o pretexto da inclusão, a lógica neoliberal exige do Estado transformações constantes da formatação social, para a garantia da concorrência, como apontam as seguintes chamadas: importância do acesso à informação (abril, 2015), o ingresso, através das cotas enriquece a universidade (julho, 2016), livre iniciativa com igualdade para todos: a liberdade de mercado deverá ser garantida para todos sem discriminação (dezembro, 2015). Nessa perspectiva, a inclusão instrumentaliza as políticas públicas mediante uma lógica concorrencial, de caráter neoliberal, que busca incluir a todos como forma de possibilitar a transformação de todos em sujeitos consumidores, capazes de participar dos jogos de mercado.
9 3. Alguns apontamentos A inclusão pode ser vista como o primeiro passo numa operação de ordenamento, pois é preciso a aproximação com o outro, para que se dê um primeiro (re)conhecimento, para que se estabeleça algum saber, por menor que seja, acerca desse outro. (VEIGA-NETO, 2001). Lopes e Veiga-Neto (2007) atentam para a articulação entre os conceitos de dominação, inclusão e educação, na medida em que toda ação de inclusão pressupõe uma ação de dominação, num movimento de trazer para um determinado campo de ação aqueles que não pertenciam ou que haviam sido excluídos desse campo. Assim, as relações educacionais, são relações de dominação: Afinal, educar o outro é trazer esse outro para a nossa cultura (p. 4). Assinala-se que, no caso da relação entre inclusão e políticas públicas, tal como aparece no jornal Zero Hora, as políticas públicas, mediante a ideia de inclusão, assumem o caráter de gerenciamento dos riscos da população. Incluir é, assim, um investimento maciço na vida, com o objetivo de mapear, conhecer e controlar aqueles indivíduos e grupos marcados como desviantes, sendo que a inclusão se coloca como um valor inquestionável, assumindo o estatuto de verdade. A noção das políticas públicas, como representadas no jornal, são entendidas como uma espécie de instância reguladora daquilo que é posto como uma condição inerente à sociedade atual: incluir. Entretanto, no que se refere aos modos como a inclusão é enunciada pelo jornal, os sentidos de inclusão ainda se colocam como ações insuficientes, permanecendo muito fortemente no plano do simples acesso ou estar junto, sem uma problematização mais aprofundada do que seria uma inclusão mais eficaz. É ainda necessário destacar que a presente pesquisa se encontra em andamento, sendo que há muitas outras possibilidades de entrada e de discussão dos materiais que foram selecionados, sendo que as considerações trazidas nesse texto pretendem contribuir para pensar algumas questões tidas como relevantes para esse entrelaçamento, muitas vezes tido como natural, entre as políticas públicas e os discursos sobre inclusão. Dessa forma, este trabalho não configura um posicionamento contra ou a favor da inclusão, na
10 medida em que não se trata da produção de juízos de valor sobre a temática, mas da problematização das formas pelas quais nos tornamos sujeitos da inclusão. A mídia se constitui, nessa perspectiva, através de determinadas prescrições sobre quem e como incluir, colocando-se, assim, como um importante espaço que veicula aquilo que pode ou não ser dito referente à inclusão, bem como práticas aceitáveis ou inaceitáveis. REFERÊNCIAS COSTA, M.; SILVEIRA, R.; SOMMER, L.H. Estudos culturais, educação e pedagogia. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 23, p , mai./jun./jul./ago Disponível em: Acesso em: 19 de maio de LASTA, Letícia Lorenzoni; HILLESHEIM, Betina. Políticas Públicas de inclusão escolar: a produção e o gerenciamento do anormal. In: THOMA, A.; HILLESHEIM, B. Políticas de Inclusão: gerenciando riscos e governando as diferenças. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, p FELIPPI, Ângela Cristina Trevisan. Jornalismo e Identidade Cultual Construção da Identidade Gaúcha em Zero Hora f. Tese (Programa de Gós-graduação em Comunicação Social- Doutorado) Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Disponível em: Acesso em: 18 maio FISCHER, R. M. B.; MARCELLO, F. de A.; SCHWERTNER, S. F. O Estatuto da mídia (telejornalismo e formação ). In: Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação Potal ANPED SUL Disponível em: _Tecnologias_Educacionais/Trabalho/06_26_13_O_ESTATUTO_PEDAGOGICO_DA _MIDIA_%28TELEJORNALISMO_E_%20FORMACAO%20%29.pdf Acesso em: 20 mar FOUCAULT, Michel. Poder e saber. In: FOUCAULT, M. Ditos e escritos IV. Estratégia poder-saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, p FOUCAULT, Michel. História da sexualidade. A vontade de saber. 7ª ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, HILLESHEIM, Betina. É preciso incluir! Políticas Públicas e o imperativo de inclusão. In: CRUZ, Lílian Rodrigues da, RODRIGUES, Luciana; GUARESCHI, Neuza Maria de Fátima (orgs.). Interlocuções entre a Psicologia e a Política Nacional de Assistência Social. 1. ed. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2013.
11 LOPES, Maura Corcini. Políticas de inclusão e governamentalidade. Educação e Realidade, v. 34, n. 2, p , mai/ago Disponível em: Acesso em: 12 de maio de RECH, Tatiana. A emergência da inclusão escolar no Brasil. In: TOMA, A.; HILLESHEIM, B. Políticas de Inclusão: gerenciando riscos e governando as diferenças. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, p VEIGA-NETO, A.; LOPES, M. C. Inclusão e governamentalidade. Educação & Sociedade, Campinas, v. 28, n. 100, set./dez Disponível em: < Acesso em: 12 fevereiro de VEIGA-NETO, Alfredo. Incluir para excluir. In: LARROSA, Jorge; SKLIAR, Carlos (org.) Habitantes de Babel: políticas e poéticas da diferença. Belo Horizonte: Autêntica, p Disponível em: Acesso em: 18 maio Os trechos retirados do material analisado estão, no decorrer do texto, grafados em itálico.
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