III Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental e IX Congresso Brasileiro de Psicopatologia Fundamental

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "III Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental e IX Congresso Brasileiro de Psicopatologia Fundamental"

Transcrição

1 III Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental e IX Congresso Brasileiro de Psicopatologia Fundamental Trabalho para a Categoria TEMA LIVRE (4.62) O papel do ambiente na constituição psíquica e na clínica psicanalítica: exame das concepções de realidade em Melanie Klein e Hans W. Loewald ROSANA SIGLER Rua Dr. Nicolau de Sousa Queirós, 759, ap CEP: São Paulo SP Psicanalista e Doutora em Psicologia pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Professora do Curso de Psicologia da Universidade São Francisco campus São Paulo. Sumário Este trabalho é uma contribuição aos debates psicanalíticos sobre importância do ambiente na constituição do sujeito e sua incidência na clínica psicanalítica. Tradicionalmente esses debates abordam: a) a ênfase na experiência real e nas provisões ambientais versus a ênfase na fantasia e no conflito psíquico; e b) a ênfase no presente versus a ênfase no passado, com relação às transformações que operam no processo psicanalítico. Apresenta-se um exame das concepções de realidade presentes nas teorias de Melanie Klein e Hans W. Loewald como elementos-chave para a elucidação das distintas ênfases dos autores sobre o ambiente e a experiência atual na constituição do sujeito. No trabalho de Loewald, evidenciam-se possibilidades originais de compreensão do papel do ambiente (incluindo a dimensão da alteridade) e da experiência atual. Em Klein, devido ao dualismo que marca sua produção conceitual, evidenciam-se menores possibilidades de compreensão do papel da realidade e da alteridade na constituição do sujeito. Palavras-chave: alteridade, constituição do sujeito, teoria psicanalítica, clínica psicanalítica

2 O papel do ambiente na constituição psíquica e na clínica psicanalítica: exame das concepções de realidade em Melanie Klein e Hans W. Loewald Minha apresentação tem por base um trabalho realizado como tese de doutorado no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, onde fiz minha formação acadêmica, desde a graduação. A tese, orientada pelo professor Nelson Coelho Junior, intitula-se A importância da realidade na constituição do sujeito e na clínica psicanalítica. Para apresentar este trabalho aqui, optei por substituir o termo realidade (da tese) pelo termo ambiente, pelo fato de que este último termo comunica mais diretamente determinadas significações que pretendo abordar. Na tese, no entanto, precisei priorizar o rigor e precisão do termo realidade. Em suma, pretendo, com os termos realidade ou ambiente, designar um conjunto de significações e começo esta apresentação falando sobre estas significações. Na tese, utilizo o termo realidade no lugar de ambiente ou de realidade externa também porque lá nós fazemos um exame da conceituação de realidade na obra de M. Klein e H. Loewald. O termo realidade, no entanto, aponta, sem dúvida, para a dimensão exterior ao sujeito. Não utilizamos realidade externa porque este termo tem sido tradicionalmente carregado de um sentido que lutamos por superar: o de que a realidade externa é uma entidade que contribui com a constituição do psiquismo fundamentalmente pela inibição e imposição sobre a realidade interna. Ao utilizarmos o termo realidade, sem adjetivação, estamos também sinalizando que para abordar a importância do ambiente na constituição do psiquismo é preciso que examinemos qual é a concepção de realidade com a qual nós estamos trabalhando. A realidade do título refere-se à realidade material, que faz parte da experiência sensível do sujeito no mundo, e à realidade social, que inclui formas de organização e funcionamento préexistentes ao sujeito, abarcando evidentemente o plano representacional. A dimensão social abarca também os objetos, ou seja, a experiência com a alteridade, que possui inúmeros matizes. Este trabalho busca enfatizar a importância da realidade, em todas estas dimensões, na constituição do psiquismo. No entanto, esta realidade é compreendida como estando em uma relação com o psiquismo que não está pautada fundamentalmente na oposição e confronto. Por isso, essa realidade exterior pode ser considerada como fundante do psiquismo. Assim, com o termo realidade, estamos nos referindo ao ambiente, mas agora pôde ficar claro de que ambiente estamos falando. A constituição psíquica, por sua vez, está sendo aqui tomada como processos de construção do self por meio da interação com a realidade, que se iniciam nas relações primordiais da criança

3 com a mãe e se estendem por toda a vida. Os processos de transformação que operam na relação analítica também são tomados como potencialmente constitutivos da subjetividade. Para abordar a importância e o papel do ambiente na constituição do sujeito adotamos a estratégia de comparar a produção teórica de dois autores da psicanálise que contrastam quanto ao modo como concebem este ambiente. A idéia foi a de examinar a concepção de realidade em suas obras, buscando mostrar de que maneira a diferença nesta concepção determinou diferentes compreensões sobre o papel do ambiente na constituição do psiquismo. O exame destes dois autores nos permitiu compreender as razões de natureza teórica que os levaram a conferir estas diferentes ênfases. Melanie Klein e Hans Loewald foram estes autores, a primeira comparecendo como representante de um modelo clássico pautado na oposição entre realidade externa e interna e Hans Loewald como representante de um modelo pós-clássico que criticou o modo como Freud teria postulado essas relações. O estudo da obra de Loewald, no entanto, conduziu-nos a inúmeros aspectos relevantes sobre a importância do ambiente na constituição do psiquismo: a natureza relacional das pulsões, a noção de invenção da realidade, sua conceituação de sublimação, a ênfase na experiência relacional com o analista como fator essencial da ação terapêutica da psicanálise e a postulação de um solo primordial trans-subjetivo da experiência humana. Em todos esses aspectos, há um modo de conceber o que chamamos de realidade externa que nos pareceu especialmente fecundo. A realidade externa, em seu pensamento, assume o estatuto de parte constituinte do sujeito. Por isso, esse autor ganhou destaque nesta tese, servindo-nos de exemplo de um modelo teórico que aborda a importância dessa realidade na constituição do psiquismo sem deixar de abordar também a importância da realidade interna. Melanie Klein A partir do exame dos artigos em que ela discorre sobre os objetos, foi possível chegar a algumas conclusões sobre sua concepção de realidade. O pensamento de Klein expresso nos artigos examinados que abrange seus textos iniciais até os de 1945 é marcado por um dualismo que opõe mundo externo e mundo interno e que criou certos impasses e contradições em seus escritos. Em alguns momentos, Klein trata a realidade externa como aquilo que é apreendido pela percepção, processo atravessado fundamentalmente pelas pulsões e, por isso, pelas fantasias e defesas. A realidade externa, nesses momentos, corresponde à projeção de uma produção interna pulsional. Em outros momentos, tal como quando se refere ao teste de realidade que efetuaria um ajuste entre o

4 mundo interno e uma realidade tal como ela é, ela está aludindo a alguma forma de captação da realidade externa sem a mediação das defesas, o que contradiz a concepção de realidade externa como aquilo que é produzido internamente. Essa última idéia de Klein revela sua sensibilidade para pensar a relação do sujeito com a realidade e com a alteridade. No entanto, no plano conceitual, no qual ela buscou explicitar os processos envolvidos nesta relação, Klein acaba por fazer predominar um modelo de inteligibilidade do psiquismo apoiado principalmente na ênfase na dimensão intrapsíquica, na idéia de sua determinação sobre os processos perceptivos e de uma realidade externa cujo papel na constituição do psiquismo se limita a gratificar e frustrar. Por isso, a autora não pôde conferir o peso à realidade externa para esta constituição, tal como foi possível para Winnicott, por exemplo, ainda que não deixasse de insistir em sua importância. Para a autora, a realidade externa é importante, em última análise, apenas na medida em que modula o jogo pulsional do sujeito no plano intrapsíquico. Assim, uma realidade externa frustrante, por exemplo, desencadeia a agressividade, as fantasias e defesas a ela relacionadas. É preciso, no entanto, lembrar que este é apenas um recorte sobre a produção conceitual da autora, ou seja, um recorte sobre os textos em que ela buscou explicitar sua concepção de desenvolvimento psíquico e seus dinamismos. Em seu esforço de teorizar, ela parece ter sido presa de um pensamento que opõe realidade interna e externa. No entanto, sua capacidade de apreender fenômenos inconscientes, a partir de sua clínica, e de nomeá-los continuou a operar e produzir idéias importantes ao trabalho do psicanalista. Acredito que seja possível compreendermos a totalidade do trabalho de Klein como abarcando duas dimensões: sua produção conceitual e seu trabalho clínico, este último sendo o lugar primeiro de toda sua teorização e que nem sempre teve sua riqueza bem representada no trabalho conceitual. Em suma, lembramos que, com a análise que fizemos da concepção de realidade na obra de Klein, não pretendemos descartá-la como fonte ainda viva de elementos conceituais para compreender os fenômenos da clínica psicanalítica. Estamos tão somente detectando um viés em sua teorização que, quando ignorado, pode levar a uma compreensão também viesada do psiquismo humano e dos fenômenos clínicos. Hans Loewald 1 1 As idéias apresentadas aqui sobre este autor encontram-se expostas em um artigo escrito por mim e por Nelson Coelho Junior, a ser publicado na revista Ágora - Estudos em Teoria Psicanalítica da UFRJ. No artigo, também buscamos ilustrar algumas idéias de Loewald sobre a clínica psicanalítica por meio da discussão de um atendimento realizado por

5 O autor critica a concepção de realidade predominante no texto freudiano, uma realidade já posta desde o início da vida e descoberta pelo psiquismo em desenvolvimento. Na concepção freudiana, a relação entre a realidade e o sujeito seria predominantemente caracterizada pela oposição e confronto, e termos como princípio de realidade e teste de realidade sinalizariam a imposição desta sobre o sujeito e a necessidade de adaptação. Nesse sentido, a fantasia é compreendida como a atividade que permanece sob o princípio de prazer, distanciada da luta do ego com a realidade. Processos primários e secundários caracterizariam, cada um deles, atividades psíquicas bastante diversas, ligadas ao id e a parte do ego, instâncias também compreendidas como estando em relação de oposição. Loewald critica, assim, a suposta ênfase de Freud sobre os aspectos defensivos do ego em permanente luta contra a realidade interna das pulsões e a realidade externa frustrante. Retomando a noção freudiana de narcisismo, o autor resgata uma concepção de realidade em Freud que não teria sido por ele enfatizada. Para Loewald, não há uma realidade externa já dada, que o sujeito irá descobrir, mas a construção e reconstrução de realidades mais e menos discriminadas do e pelo psiquismo, a partir da unicidade narcísica original da criança com a mãe. Assim, não há uma realidade, mas várias, de acordo com diferentes níveis de integração ego-realidade. Em níveis precoces, o ego está imerso em um solo primordial, em total indiferenciação e fluidez com a realidade. Uma das implicações desta concepção é a de que, em níveis precoces de integração, tais como em alguns estados psicóticos, não ocorre perda de realidade, mas, ao contrário, excesso de partes da realidade. Loewald refere-se à especial sensitividade e o chamado sexto sentido que alguns esquizóides têm com relação a outras pessoas, como fenômenos em virtude de um determinado nível de integração ego-realidade, no qual há mais fluidez e menor diferenciação, semelhante aos estágios iniciais. Além da realidade materna, há também a paterna que teria sido predominantemente explorada por Freud: a realidade frustrante. Mas esta realidade não apenas frustra, ela também favorece níveis de discriminação ego-realidade, diz Loewald. Realidade materna e paterna são compreendidas pelo autor como ameaçadoras a primeira, ameaça por seu apelo engolfante e pela ausência de limites e a segunda ameaça com um excesso de discriminação, inibidor da imaginação, criatividade e vivacidade. As realidades materna e paterna não são mais e menos reais para o sujeito, ambas possuem o estatuto de realidade. Conseqüentemente, fantasia e realidade, para o autor, não são opostas, mas se Thomas Ogden (2003). Com esta ilustração, também aproximamos as idéias destes dois autores.

6 entrelaçam, havendo na saúde psíquica a possibilidade de uma transposição recíproca entre elas. Nesse sentido, Loewald afirma que é a presença entrelaçada dos processos primários e secundários que possibilita níveis superiores de integração ego-realidade. Correspondem a atividades mentais que deveriam estar ambas presentes nas relações do self com o mundo. Entre elas deve haver trânsito livre, processos secundários deixando-se atravessar pelos processos primários, de modo que a atividade científica, por exemplo, possa ganhar em criatividade e imaginação. A concepção de realidade em Loewald acompanha formas de compreender outros aspectos centrais da teoria psicanalítica, em que se enfatiza sempre a natureza originária relacional, em oposição à ênfase clássica de S.Freud e M.Klein, por exemplo na dimensão intrapsíquica. Assim, o parricídio que faz parte do complexo de Édipo não é simplesmente elemento da fantasia edípica, mas corresponde a um ato emancipatório do sujeito, sendo mais do que simbólico (1979/1980, p. 395), uma vez que nós matamos algo vital em nossos pais. Sendo uma vivência fundamentalmente relacional, os pais possuem papel decisivo no modo como a criança atravessa essa experiência. Loewald supõe também que self e mundo estão em uma relação continuamente constitutiva, numa alternância entre diferentes níveis de integração. Ao longo da vida, então, devemos supor momentos de imersão do sujeito na realidade, em relação de indiscriminação e fluidez potencialmente enriquecedoras do psiquismo. Nesse sentido, o contato com o objeto externo real é importante e constitutivo, porque as internalizações ocorrem a cada resgate de níveis precoces de integração que possibilita a imersão no solo primordial trans-subjetivo. Essas internalizações transformam as relações internas, mas não instauram de uma vez por todas relações que substituem as com objetos externos. O acento na dimensão relacional caracteriza também a compreensão da pulsão, para Loewald. O ambiente não necessariamente, ou não somente, reduz ou abole a excitação, mas também engendra e organiza os processos de excitação (1971/1980, p.130) que só então podem ser chamados de pulsionais. As pulsões passam a existir a partir das interações da criança com a mãe, ou do analisando com o analista, quando mãe e analista reconhecem algumas exigências ainda indiferenciadas da criança e analisando. Os atos de reconhecimento deste outro organizam o que ainda não é da ordem da pulsão, despertando-a e instituindo-a. Outro aspecto importante deve ser ressaltado em seu pensamento. Quando discorre sobre o processo psicanalítico, há uma ênfase no presente e na experiência relacional com o analista, em contraposição à idéia da repetição de uma experiência passada e distorção da realidade atual. Isso está no modo como concebe o fenômeno da transferência e o inconsciente em sua relação de continuidade com a realidade exterior e os objetos. Para Loewald, a transferência é um processo por meio do qual o analista se oferece ao inconsciente a fim de que este possa ganhar alguma forma, tal

7 como os resíduos diurnos oferecem meios para que conteúdos inconscientes possam figurar nos sonhos. Esta concepção da transferência confere aos objetos contemporâneos o estatuto de elementos constituintes do psiquismo. É assim que Loewald postula que o analisando pode experimentar novas formas de relação, porque o analista se torna não apenas potencialmente mas verdadeiramente disponível como um novo objeto (1960/1980, p.225). Esta possibilidade caracteriza a ação terapêutica da psicanálise. O próximo aspecto de sua teorização que merece destaque é sua conceituação de sublimação. Ela é tida como um processo através do qual unicidades originais são resgatadas unicidade entre ego e realidade, entre o eu e o outro, entre experiência e palavra. A sublimação corresponde a processos caracterizados pela harmonização de forças e, como tal, ela é canalização e organização da vida pulsional, construção do psiquismo e da realidade. A construção da realidade na sublimação, porém, implica a idéia de invenção a partir de algo que já está lá. Esta formulação paradoxal lembra o conceito de criação em Winnicott, quando o psiquismo simultaneamente encontra e cria os objetos e de que o objeto subjetivo é sempre anterior ao objeto objetivo, mas é preciso que este exista antes, para que aquele possa ser concebido. Há, no processo sublimatório postulado por Loewald, um domínio da realidade, no sentido de um acordo entre a realidade material e externa que já é presente e a realidade psíquica. Quando há sublimação nas produções culturais, por exemplo, e na relação analítica, ocasião privilegiada para os processos sublimatórios há uma reapropriação de si mesmo e da realidade externa pelo sujeito, de modo a instaurar ou reinstalar uma relação self-mundo significativa. A realidade externa, então, não é totalmente criada e nem, simplesmente, investida pulsionalmente. Há uma participação efetiva dela, incluindo os objetos, que oferecem meios pelos quais o inconsciente pode ganhar forma, tal como vimos ocorrer nos processos de transferências. A interpretação analítica é, assim, ocasião para o resgate da conexão entre a palavra e a experiência do sujeito (o resgate desta unicidade original) e, por isso, ocasião para a possibilidade de recuperar aspectos da experiência que estavam desligados e perdidos. O simbolismo na sublimação oferece os elementos ligantes e as possibilidades de ligação para que o sujeito possa conectar-se de forma significativa com o mundo objetal e com a realidade material e social que já se oferecem a ele como matéria-prima. Pintar um quadro, realizar uma composição musical, escrever um texto, enunciar uma interpretação analítica (pelo analista) ou apreendê-la (pelo analisando) são processos em que elementos do mundo a tela e as tintas, as ondas sonoras produzidas pelos instrumentos musicais, os conceitos do autor e as idéias do analista oferecem-se como meios através dos quais o sujeito pode recuperar sua unicidade primordial com o mundo das cores e formas, dos sons e das palavras. No resgate desta unicidade original, o self é

8 reconstituído e a realidade externa é reconstituída porque é dotada de sentido mais profundo para o sujeito. Quando Loewald afirma que o mundo exterior é inventado, ele está, como já dissemos, comunicando o paradoxo existente neste processo: há uma criação ao mesmo tempo em que um encontro com a realidade. Então, ele está incluindo a participação desta dimensão exterior ao psiquismo em sua constituição e na do mundo e, com isso, enfatizando a importância da realidade. No processo sublimatório, ocasião para a invenção da realidade, há algo que a um só tempo é gerado pelo self e apresentado pelo mundo, tal como ocorre na relação do artista com seu ambiente. Uma palavra, um som, uma forma, uma vez determinados, sugerem o próximo passo a ser dado. Este próximo passo é ao mesmo tempo criação e encontro, a criação indicando a participação do sujeito, e o encontro indicando a participação do ambiente. O solo primordial, do qual emerge um sujeito mais discriminado do mundo, é de natureza relacional, está potencialmente presente ao longo de toda vida e é resgatado na originária união entre sujeito e realidade externa, a partir dos processos sublimatórios. Ora, trata-se aqui de uma concepção original não apenas da realidade, mas das relações do sujeito com essa realidade, que será experienciada como exterior, mas que fundamentalmente faz parte deste sujeito. Por isso, trata-se também de uma concepção original da própria subjetividade: nosso sentimento de sermos uma subjetividade é um resíduo de um sentimento muito mais inclusivo, correspondente a um laço íntimo entre ego e mundo. O sujeito é concebido, então, não como um agente da atividade mental, mas como a manifestação de uma matriz original trans-subjetiva. Esta idéia contrapõe-se à de um self nuclear, inato, separado e individual. O inconsciente de Freud estaria próximo desta subjetividade tal como Loewald compreende; e o sentimento oceânico do qual Freud fala seria um modo de recuperação desta matriz original indiferenciada que enlaça a nós todos. Loewald diz que, com a segunda teoria das pulsões postulando que estas pertencem a uma natureza universal não menos do que a uma natureza humana, a realidade psíquica englobou, por assim dizer, a realidade material objetiva. (1988a p.49). A psicanálise seria, então, para o autor, também uma filosofia da natureza (1988a p.54). Essas formulações de Loewald enunciadas em seu último artigo acrescentam um importante aspecto a respeito de sua concepção de realidade enunciada 40 anos antes. A dimensão exterior ao sujeito a realidade material e social corresponde à realidade do inconsciente, e a realidade psíquica de cada sujeito é uma manifestação particular deste solo trans-subjetivo. Há uma universalidade no inconsciente que torna possível a cada sujeito a compreensão do mundo e dos

9 outros. É nesse sentido que o autor refere-se à empatia como uma forma de reverberação e unissonância entre os seres humanos e entre estes e a natureza em geral. Inspirado na segunda teoria pulsional de Freud, Loewald enfatiza que o mundo externo é feito de processos que correspondem aos processos inconscientes de formar uniões, mantê-las e destruílas. Diz ele: a projeção da psicologia sobre o mundo externo a marca, de acordo com Freud, da visão religiosa/mitológica de mundo ou da metafísica ocorre porque há forças inconscientes operando no mundo externo não menos do que no mundo interno do indivíduo. Essas forças são chamadas por Freud de instintos de vida e de morte (1988a, p.53). Retomando o uso da noção de projeção que Freud fez em Psicopatologia da Vida Cotidiana, Loewald afirma que ela não se dá no vazio; a projeção pressagia um reconhecimento inconsciente obscuro da identidade profunda das forças pulsionais no mundo interno e externo. (1988a, p.52). Nem todo produto humano implica em invenção da realidade e de si mesmo, de modo que deveríamos considerar que somente processos genuinamente sublimatórios promovem a renovação do sujeito e da realidade. Certas produções artísticas (provavelmente aquelas que possuem ressonância mais profunda e ampla em outros sujeitos), uma análise bem sucedida, um texto que potencialmente possa também ressoar em seus leitores seriam resultantes de encontros do sujeito com a realidade, em que algo de primordial estaria sendo resgatado. Algo que é por isso mesmo potencialmente transformador do psiquismo e da realidade externa e impactante. Loewald se refere à magia (a magia de uma grande obra de arte) como relacionada à reconciliação resgatada na sublimação. O pensamento, gesto, imagem, emoção e fantasia, unidos de novo com a experiência não-mágica e ordinária, corresponderiam à magia da grande obra de arte. Nesse sentido, o conhecimento produzido (sublimação), quer seja uma interpretação psicanalítica, quer seja uma conceituação, terá seu valor, ou será verdadeiro, na medida em que descrever processos psíquicos que fazem parte da experiência emocional inconsciente, quer seja da dupla analítica, quer seja da comunidade psicanalítica. Isso só ocorrerá se alguma unicidade original for resgatada. Esperamos que as idéias contidas neste trabalho sejam resultado deste resgate. Se forem, elas encontrarão ressonância também em seus leitores, como encontraram nos autores. REFERÊNCIAS

10 Loewald, H. W. (1960/1980) On the Therapeutic Action of Psychoanalysis, in Papers on Psychoanalysis. New Haven and London: Yale University Press.. (1971/1980) On Motivation and Instinct Theory, in Papers on Psychoanalysis. New Haven and London: Yale University Press.. (1979/1980). The Waning of the Oedipus Complex, in Papers on Psychoanalysis. New Haven and London: Yale University Press.. (1988a) Psychoanalysis in Search of Nature Thoughts on Metapsychology, Metaphysics, Projection. Annual of Psychoanalysis, n.16, p Ogden, T. (2003) What s True And Whose Idea Was It? International Journal of Psychoanalysis. n. 84, p Sigler, R. & Coelho Jr, N. (no prelo) Hans W. Loewald: a importância da realidade na constituição do sujeito e na clínica psicanalítica. Ágora: Estudos em teoria psicanalítica.

Quando o inominável se manifesta no corpo: a psicossomática psicanalítica no contexto das relações objetais

Quando o inominável se manifesta no corpo: a psicossomática psicanalítica no contexto das relações objetais Apresentação em pôster Quando o inominável se manifesta no corpo: a psicossomática psicanalítica no contexto das relações objetais Bruno Quintino de Oliveira¹; Issa Damous²; 1.Discente-pesquisador do Deptº

Leia mais

A Técnica na Psicoterapia com Crianças: o lúdico como dispositivo.

A Técnica na Psicoterapia com Crianças: o lúdico como dispositivo. A Técnica na Psicoterapia com Crianças: o lúdico como dispositivo. *Danielle Vasques *Divani Perez *Marcia Thomaz *Marizete Pollnow Rodrigues *Valéria Alessandra Santiago Aurélio Marcantonio RESUMO O presente

Leia mais

em Destaque Hans W. Loewald: Alterity in Prominence

em Destaque Hans W. Loewald: Alterity in Prominence Hans W. Loewald: Alteridade em Destaque Hans W. Loewald: Alterity in Prominence Resumo Este artigo busca explicitar o modo como a alteridade comparece na obra de Hans W. Loewald, por meio da apresentação

Leia mais

Programa da Formação em Psicoterapia

Programa da Formação em Psicoterapia Programa da Formação em Psicoterapia Ano Programa de Formação de Especialidade em Psicoterapia Unidades Seminários Tópicos Programáticos Horas dos Módulos Desenvolvimento Pessoal do Psicoterapeuta > Construção

Leia mais

Bases winnicottianas para uma clínica da inventividade.

Bases winnicottianas para uma clínica da inventividade. 1 Bases winnicottianas para uma clínica da inventividade. Della Nina, Milton Assim como Winnicott, ao falar sobre a unidade dialética mãe-bebê, surpreendeu o plenário dizendo: não existe isso que chamamos

Leia mais

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TEORIA PSICANALÍTICA Deptº de Psicologia / Fafich - UFMG

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TEORIA PSICANALÍTICA Deptº de Psicologia / Fafich - UFMG 1 CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TEORIA PSICANALÍTICA Deptº de Psicologia / Fafich - UFMG Disciplina: Conceitos Fundamentais A 1º sem. 2018 Ementa: O curso tem como principal objetivo o estudo de conceitos

Leia mais

a condição para o surgimento de um verdadeiro símbolo não é de natureza intelectual, mas afetiva. Ferenczi (1913) - Ontogenese dos Símbolos

a condição para o surgimento de um verdadeiro símbolo não é de natureza intelectual, mas afetiva. Ferenczi (1913) - Ontogenese dos Símbolos a condição para o surgimento de um verdadeiro símbolo não é de natureza intelectual, mas afetiva. Ferenczi (1913) - Ontogenese dos Símbolos APRESENTAÇÃO No mês de setembro deste ano de 2018 completaram-se

Leia mais

TR EC H O DA A PR E S E N TAÇ ÃO DA TÓ PI CA 1,

TR EC H O DA A PR E S E N TAÇ ÃO DA TÓ PI CA 1, TÓ PIC A N. 9 NOVE MB RO TÓP I C A É UM A PA L AV R A D ER I VA DA DO VOC Á BULO G R EG O TOP OV, O QUA L SI G N I F I C A LUG A R, M AS PO D E TA M BÉM SI G N I F I C A R A M AT ÉR I A DE U M D I SC UR

Leia mais

VI Congresso de Neuropsicologia e Aprendizagem de Poços de Caldas

VI Congresso de Neuropsicologia e Aprendizagem de Poços de Caldas VI Congresso de Neuropsicologia e Aprendizagem de Poços de Caldas Psicopatologia e Aprendizagem: a constituição da subjetividade e seu entorno cultural Profa. Dra. Nadia A. Bossa Nosso Percurso Teórico

Leia mais

Prof. Me. Renato Borges

Prof. Me. Renato Borges Freud: Fases do desenvolvimento Prof. Me. Renato Borges Sigmund Freud Médico Nasceu em 1856 na República Tcheca e viveu em Viena (Áustria). Morreu em Londres em 1839, onde se refugiava do Nazismo. As três

Leia mais

INTRODUÇÃO À PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA. Profa. Dra. Laura Carmilo granado

INTRODUÇÃO À PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA. Profa. Dra. Laura Carmilo granado INTRODUÇÃO À PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA Profa. Dra. Laura Carmilo granado Pathos Passividade, paixão e padecimento - padecimentos ou paixões próprios à alma (PEREIRA, 2000) Pathos na Grécia antiga Platão

Leia mais

6 Referências bibliográficas

6 Referências bibliográficas 78 6 Referências bibliográficas ALMEIDA PRADO, M. C. Uma Introdução aos Qüiproquós Conjugais. In: FÉRES CARNEIRO T. (org.). Relação Amorosa, Casamento, Separação e Terapia de Casal. Rio de Janeiro: Associação

Leia mais

Evolução genética e o desenvolvimento do psíquismo normal No iníco, o lactente encontra-se em um modo de fusão e de identificação a uma totalidade

Evolução genética e o desenvolvimento do psíquismo normal No iníco, o lactente encontra-se em um modo de fusão e de identificação a uma totalidade Estrutura Neurótica Evolução genética e o desenvolvimento do psíquismo normal No iníco, o lactente encontra-se em um modo de fusão e de identificação a uma totalidade fusional, em que não existe ainda

Leia mais

O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB A PERSPECTIVA DE BION E WINNICOTT

O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB A PERSPECTIVA DE BION E WINNICOTT O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB A PERSPECTIVA DE BION E WINNICOTT Carla Maria Lima Braga Inicio a minha fala agradecendo o convite e me sentindo honrada de poder estar aqui nesta mesa com o Prof. Rezende

Leia mais

LATINOAMERICANA DE PSICOPATOLOGIA. Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., São Paulo, v. 11, n. 4, p , dezembro 2008

LATINOAMERICANA DE PSICOPATOLOGIA. Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., São Paulo, v. 11, n. 4, p , dezembro 2008 Narcisismos Oscar M. Miguelez São Paulo: Escuta, 2007, 156 págs. João Ezequiel Grecco 688 Os escritos de Freud conferiram amplas dimensões e profundidade à psicanálise. É inegável que a forma, o estilo

Leia mais

O DISCURSO DA CIÊNCIA E SUA RELAÇÃO COM O SUPEREU

O DISCURSO DA CIÊNCIA E SUA RELAÇÃO COM O SUPEREU O DISCURSO DA CIÊNCIA E SUA RELAÇÃO COM O SUPEREU Fabiana Mendes Pinheiro de Souza Psicóloga/UNESA Mestranda do Programa de pós-graduação em teoria psicanalítica/ufrj fabmps@gmail.com Resumo: Em 1920,

Leia mais

Curso de Atualização em Psicopatologia 2ª aula Decio Tenenbaum

Curso de Atualização em Psicopatologia 2ª aula Decio Tenenbaum Curso de Atualização em Psicopatologia 2ª aula Decio Tenenbaum Centro de Medicina Psicossomática e Psicologia Médica do Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro 2ª aula Diferenciação

Leia mais

Senso moral e ética: contribuições de Winnicott 1 Heliane de Almeida Lins Leitão 2

Senso moral e ética: contribuições de Winnicott 1 Heliane de Almeida Lins Leitão 2 Senso moral e ética: contribuições de Winnicott 1 Heliane de Almeida Lins Leitão 2 Resumo Em sua teoria do desenvolvimento emocional, Winnicott apresenta uma perspectiva do desenvolvimento moral que contrasta

Leia mais

Profa. Dra. Adriana Cristina Ferreira Caldana

Profa. Dra. Adriana Cristina Ferreira Caldana Profa. Dra. Adriana Cristina Ferreira Caldana PALAVRAS-CHAVE Análise da Psique Humana Sonhos Fantasias Esquecimento Interioridade A obra de Sigmund Freud (1856-1939): BASEADA EM: EXPERIÊNCIAS PESSOAIS

Leia mais

Escola Secundária de Carregal do Sal

Escola Secundária de Carregal do Sal Escola Secundária de Carregal do Sal Área de Projecto 2006\2007 Sigmund Freud 1 2 Sigmund Freud 1856-----------------Nasceu em Freiberg 1881-----------------Licenciatura em Medicina 1885-----------------Estuda

Leia mais

8. Referências bibliográficas

8. Referências bibliográficas 8. Referências bibliográficas ABRAM, J. (2000). A Linguagem de Winnicott. Revinter, Rio de Janeiro. ANDRADE, V. M. (2003). Um diálogo entre a psicanálise e a neurociência. Casa do Psicólogo, São Paulo.

Leia mais

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DE GRUPO

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DE GRUPO FUNDAMENTOS TEÓRICOS DE GRUPO PRINCIPAIS AUTORES Joseph H. Pratt Americano, Médico Tisiologista; 1905 criou o método de classes coletivas; 1ª experiência clínica de atendimento grupal, com pacientes tuberculosos;

Leia mais

Apresentação à edição brasileira de A Polifonia do sonho 13. Introdução: Três motivos para reavaliar a teoria freudiana do sonho 19

Apresentação à edição brasileira de A Polifonia do sonho 13. Introdução: Três motivos para reavaliar a teoria freudiana do sonho 19 SUMÁRIO Apresentação à edição brasileira de A Polifonia do sonho 13 Introdução: Três motivos para reavaliar a teoria freudiana do sonho 19 Primeira Parte OS ESPAÇOS PSÍQUICOS DO SONHO 37 Capítulo 1. Espaços

Leia mais

A contribuição winnicottiana à teoria do complexo de Édipo e suas implicações para a

A contribuição winnicottiana à teoria do complexo de Édipo e suas implicações para a A contribuição winnicottiana à teoria do complexo de Édipo e suas implicações para a prática clínica. No interior de sua teoria geral, Winnicott redescreve o complexo de Édipo como uma fase tardia do processo

Leia mais

O BRINCAR E A BRINCADEIRA NO ATENDIMENTO INFANTIL

O BRINCAR E A BRINCADEIRA NO ATENDIMENTO INFANTIL O BRINCAR E A BRINCADEIRA NO ATENDIMENTO INFANTIL VIEIRA, Rosângela M 1. Resumo O tema em questão surgiu da experiência do atendimento em grupo, com crianças de três a cinco anos, no ambiente escolar.

Leia mais

SOCIEDADES E ASSOCIAÇÕES DE PSICOTERAPIA PROTOCOLADAS SOCIEDADE PORTUGUESA DE PSICANÁLISE

SOCIEDADES E ASSOCIAÇÕES DE PSICOTERAPIA PROTOCOLADAS SOCIEDADE PORTUGUESA DE PSICANÁLISE SOCIEDADES E ASSOCIAÇÕES DE PSICOTERAPIA PROTOCOLADAS SOCIEDADE PORTUGUESA DE PSICANÁLISE Apresentação da psicoterapia e do(s) modelo(s) teórico(s) subjacente(s) A Psicanálise é um método de investigação

Leia mais

52 TWEETS SOBRE A TRANSFERÊNCIA

52 TWEETS SOBRE A TRANSFERÊNCIA 52 TWEETS SOBRE A TRANSFERÊNCIA S. Freud, J. Lacan, J-A Miller e J. Forbes dialogando sobre a transferência no tweetdeck A arte de escutar equivale a arte do bem-dizer. A relação de um a outro que se instaura

Leia mais

A PULSÃO DE MORTE E AS PSICOPATOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS. sobre o tema ainda não se chegou a um consenso sobre a etiologia e os mecanismos psíquicos

A PULSÃO DE MORTE E AS PSICOPATOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS. sobre o tema ainda não se chegou a um consenso sobre a etiologia e os mecanismos psíquicos A PULSÃO DE MORTE E AS PSICOPATOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS Aldo Ivan Pereira Paiva As "Psicopatologias Contemporâneas, cujas patologias mais conhecidas são os distúrbios alimentares, a síndrome do pânico, os

Leia mais

uma relação de troca empreendida a partir de si mesmo, ou melhor, de seu verdadeiro self. Dito de outro modo, o ambiente ganha um destaque

uma relação de troca empreendida a partir de si mesmo, ou melhor, de seu verdadeiro self. Dito de outro modo, o ambiente ganha um destaque 9 1. Introdução Com este trabalho, objetivamos pesquisar o conceito winnicottiano de criatividade, tendo como pano de fundo o atual panorama social. A hipótese é a de que a sociedade contemporânea, de

Leia mais

O NÃO LUGAR DAS NÃO NEUROSES NA SAÚDE MENTAL

O NÃO LUGAR DAS NÃO NEUROSES NA SAÚDE MENTAL O NÃO LUGAR DAS NÃO NEUROSES NA SAÚDE MENTAL Letícia Tiemi Takuschi RESUMO: Percebe-se que existe nos equipamentos de saúde mental da rede pública uma dificuldade em diagnosticar e, por conseguinte, uma

Leia mais

A doutrina das pulsões é a parte mais importante, mas também a mais incompleta, da teoria psicanalítica (Freud).

A doutrina das pulsões é a parte mais importante, mas também a mais incompleta, da teoria psicanalítica (Freud). 1 Introdução 1 A doutrina das pulsões é a parte mais importante, mas também a mais incompleta, da teoria psicanalítica (Freud). A psicanálise não é, como as filosofias, um sistema que parta de alguns conceitos

Leia mais

A Relação Terapeuta-Cliente

A Relação Terapeuta-Cliente Maria Helena Raimo Caldas de Oliveira m psicoterapia psicanalítica, a relação psicoterapeuta-cliente E constitui-se no espaço onde os fenômenos do processo psicoterapêutico acontecem. Trata-se de uma relação

Leia mais

PSICOPATOLOGIA INDIVIDUAL E SUA REPERCUSSÃO NA FAMÍLIA. CICLO VITAL E SUA DEMANDAS SEGREDOS NO CICLO VITAL DA FAMÍLIA

PSICOPATOLOGIA INDIVIDUAL E SUA REPERCUSSÃO NA FAMÍLIA. CICLO VITAL E SUA DEMANDAS SEGREDOS NO CICLO VITAL DA FAMÍLIA PSICOPATOLOGIA INDIVIDUAL E SUA REPERCUSSÃO NA FAMÍLIA. CICLO VITAL E SUA DEMANDAS SEGREDOS NO CICLO VITAL DA FAMÍLIA Rosane Trapaga Psicóloga Clínica Doutora em Psicologia rosanetrapaga@gmail.com 21.990556319

Leia mais

RELIGIOSIDADE E ESPIRITUALIDADE NA PRÁTICA CLÍNICA

RELIGIOSIDADE E ESPIRITUALIDADE NA PRÁTICA CLÍNICA Português RESUMO ESTENDIDO RELIGIOSIDADE E ESPIRITUALIDADE NA PRÁTICA CLÍNICA Dr. SAFRA, Gilberto 1 A clínica contemporânea demanda que possamos fundamentá-la por perspectiva antropológica que supere modelos

Leia mais

Psicanálise e Saúde Mental

Psicanálise e Saúde Mental Psicanálise e Saúde Mental Pós-graduação Lato Sensu em Psicanálise e Saúde Mental Coordenação: Drª Aparecida Rosângela Silveira Duração: 15 meses Titulação: Especialista em Psicanálise e Saúde Mental Modalidade:

Leia mais

silêncio e de ruído. Falar de música é então falar de prazer e falar de prazer depois de Freud é falar de pulsão. O que é a pulsão?

silêncio e de ruído. Falar de música é então falar de prazer e falar de prazer depois de Freud é falar de pulsão. O que é a pulsão? 130 8 Conclusão No doutor Fausto de Thomas Mann, o Diabo, esse que o autor chama de Outro, aparecendo ao compositor Adrian Leverkhun, lhe diz: a música é a mais cristã das artes, ainda que às avessas,

Leia mais

O Psicótico: aspectos da personalidade David Rosenfeld Sob a ótica da Teoria das Relações Objetais da Escola Inglesa de Psicanálise. Expandiu o entend

O Psicótico: aspectos da personalidade David Rosenfeld Sob a ótica da Teoria das Relações Objetais da Escola Inglesa de Psicanálise. Expandiu o entend A CLÍNICA DA PSICOSE Profª Ms Sandra Diamante Dezembro - 2013 1 O Psicótico: aspectos da personalidade David Rosenfeld Sob a ótica da Teoria das Relações Objetais da Escola Inglesa de Psicanálise. Expandiu

Leia mais

FREUD E LACAN NA CLÍNICA DE 2009

FREUD E LACAN NA CLÍNICA DE 2009 FREUD E LACAN NA CLÍNICA DE 2009 APRESENTAÇÃO O Corpo de Formação em Psicanálise do Instituto da Psicanálise Lacaniana- IPLA trabalhará neste ano de 2009 a atualidade clínica dos quatro conceitos fundamentais

Leia mais

CEP - Centro de Estudos Psicanalíticos. A psicanálise como berço ou por que tratamos apenas crianças em nossos consultórios

CEP - Centro de Estudos Psicanalíticos. A psicanálise como berço ou por que tratamos apenas crianças em nossos consultórios CEP - Centro de Estudos Psicanalíticos Luis Fernando de Souza Santos Trabalho semestral - ciclo II (terças 19h30) A psicanálise como berço ou por que tratamos apenas crianças em nossos consultórios Se

Leia mais

seguiam a corrente clássica de análise tinham como norma tratar da criança sem fazer

seguiam a corrente clássica de análise tinham como norma tratar da criança sem fazer 122 4. DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante muitos anos, na história da psicanálise de crianças, os analistas que seguiam a corrente clássica de análise tinham como norma tratar da criança sem fazer

Leia mais

O estudo teórico na formação do psicanalista Uma lógica que não é a da. identificação 1

O estudo teórico na formação do psicanalista Uma lógica que não é a da. identificação 1 O estudo teórico na formação do psicanalista Uma lógica que não é a da Arlete Mourão 2 identificação 1 Na formação do analista, o lugar e a função do estudo da psicanálise são conseqüências lógicas da

Leia mais

Psicanálise e Educação

Psicanálise e Educação Psicanálise e Educação Psychoanalysis and Education Maciel, Maria Regina. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2016. 160p. Ana Lila Lejarraga *5 A psicanalista Maria Regina Maciel, com seu livro Psicanálise e

Leia mais

1. Introdução é preciso aproximar-se da verdade e olhar uma criança como ela é. A invenção pode vir antes ou depois, mas não se deve reinventar uma cr

1. Introdução é preciso aproximar-se da verdade e olhar uma criança como ela é. A invenção pode vir antes ou depois, mas não se deve reinventar uma cr 1. Introdução é preciso aproximar-se da verdade e olhar uma criança como ela é. A invenção pode vir antes ou depois, mas não se deve reinventar uma criança o tempo todo: é preciso deixar ser. Celso Gutfreind.

Leia mais

Latusa digital N 10 ano 1 outubro de 2004

Latusa digital N 10 ano 1 outubro de 2004 Latusa digital N 10 ano 1 outubro de 2004 Política do medo versus política lacaniana Mirta Zbrun* Há três sentidos possíveis para entender a política lacaniana 1. Em primeiro lugar, o sentido da política

Leia mais

ENTREVISTA COM SISSI VIGIL CASTIEL 1

ENTREVISTA COM SISSI VIGIL CASTIEL 1 ENTREVISTA COM SISSI VIGIL CASTIEL 1 AN INTERVIEW WITH SISSI VIGIL CASTIEL NOS REGISTROS DO CENTENÁRIO DO TEXTO INTRODUÇÃO AO NARCISISMO (1914) E DAS COMEMORAÇÕES AOS 25 ANOS DA SIGMUND FREUD ASSOCIAÇÃO

Leia mais

PROJETO EDUCAÇÃO SEM HOMOFOBIA SEXUALIDADE E A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO

PROJETO EDUCAÇÃO SEM HOMOFOBIA SEXUALIDADE E A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO PROJETO EDUCAÇÃO SEM HOMOFOBIA SEXUALIDADE E A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO Débora Maria Gomes Silveira Universidade Federal de Minas Gerais Maio/ 2010 ESTUDO PSICANALÍTICO DA SEXUALIDADE BREVE HISTÓRICO Na

Leia mais

O que vem a ser identidade? O que vem a ser uma identificação?

O que vem a ser identidade? O que vem a ser uma identificação? . O que vem a ser identidade? O que vem a ser uma identificação? . Quando falamos de identificação entre pessoas, entre pais e filhos, o que queremos dizer com isso? Resultado de projeções e de introjeções

Leia mais

INTER-RELAÇÕES ENTRE INCONSCIENTE, AMOR E ÉTICA NA OBRA FREUDIANA

INTER-RELAÇÕES ENTRE INCONSCIENTE, AMOR E ÉTICA NA OBRA FREUDIANA INTER-RELAÇÕES ENTRE INCONSCIENTE, AMOR E ÉTICA NA OBRA FREUDIANA 2015 Lucas Ferreira Pedro dos Santos Psicólogo formado pela UFMG. Mestrando em Psicologia pela PUC-MG (Brasil) E-mail de contato: lucasfpsantos@gmail.com

Leia mais

III SEMINÁRIO DE PRÁTICA DE PESQUISA EM PSICOLOGIA ISSN: Universidade Estadual de Maringá 23 de Novembro de 2013

III SEMINÁRIO DE PRÁTICA DE PESQUISA EM PSICOLOGIA ISSN: Universidade Estadual de Maringá 23 de Novembro de 2013 O CONCEITO DE FANTASIA NA TEORIA DAS POSIÇÕES DE MELANIE KLEIN Wesley Carlos Marques Caldeira (Departamento de Psicologia, Universidade Estadual de Maringá). Talitha Priscila Cabral Coelho (Departamento

Leia mais

O período de latência e a cultura contemporânea

O período de latência e a cultura contemporânea Eixo III O período de latência e a cultura contemporânea José Outeiral Membro Titular, Didata, da SPP Enunciado Sigmund Freud ao estudar (1905) o desenvolvimento da libido definiu o conceito de período

Leia mais

Especulações sobre o amor

Especulações sobre o amor Especulações sobre o amor Janete Luiz Dócolas, Psicanalista O amor é um mistério que há muito tempo, talvez desde que fora percebido, os homens vem tentando compreender, descrever ou ao menos achar um

Leia mais

Sofrimento e dor no autismo: quem sente?

Sofrimento e dor no autismo: quem sente? Sofrimento e dor no autismo: quem sente? BORGES, Bianca Stoppa Universidade Veiga de Almeida-RJ biasborges@globo.com Resumo Este trabalho pretende discutir a relação do autista com seu corpo, frente à

Leia mais

CLÍNICA, TRANSFERÊNCIA E O DESEJO DO ANALISTA 1 CLINIC, TRANSFERENCE AND DESIRE OF THE ANALYST. Fernanda Correa 2

CLÍNICA, TRANSFERÊNCIA E O DESEJO DO ANALISTA 1 CLINIC, TRANSFERENCE AND DESIRE OF THE ANALYST. Fernanda Correa 2 CLÍNICA, TRANSFERÊNCIA E O DESEJO DO ANALISTA 1 CLINIC, TRANSFERENCE AND DESIRE OF THE ANALYST Fernanda Correa 2 1 Monografia de Conclusão do Curso de Graduação em Psicologia 2 Aluna do Curso de Graduação

Leia mais

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Unidade Universitária Centro de Ciências Biológicas e da Saúde - 040 Curso: Psicologia Disciplina: Psicanálise II Professor(es) e DRTs Carmen Silvia de Souza Nogueira DRT: 112426-1 Fernando Genaro Junior

Leia mais

APRENDIZAGEM COMO EFEITO DO CORTE PELA PALAVRA. no que diz respeito ao trabalho de psicologia e orientação escolar quanto ao trabalho

APRENDIZAGEM COMO EFEITO DO CORTE PELA PALAVRA. no que diz respeito ao trabalho de psicologia e orientação escolar quanto ao trabalho APRENDIZAGEM COMO EFEITO DO CORTE PELA PALAVRA Lélis Terezinha Marino Nanette Zmeri Frej Maria de Fátima Vilar de Melo Reconhecer a possibilidade de atravessamento na escola, pela psicanálise, tanto no

Leia mais

Decio Tenenbaum

Decio Tenenbaum Decio Tenenbaum decio@tenenbaum.com.br Fator biográfico comum: Patologia dos vínculos básicos ou Patologia diádica Papel do vínculo diádico: Estabelecimento do espaço de segurança para o desenvolvimento

Leia mais

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO: PLANO DE CURSO 1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO: Curso: Bacharelado em Psicologia Disciplina: Processos de Desenvolvimento I: Infância Código: PSI17 Professor: Idenise Naiara Lima Soares E-mail: idenise.soares@fasete.edu.br

Leia mais

da negativa, afirmando que uma, situação não seria analítica se o

da negativa, afirmando que uma, situação não seria analítica se o Ivonise Fernandes da Motta Catafesta o ser perguntado sobre o que caracterizaria a relação psicoterapeutacliente do ponto de vista psicanalítico, Winnicott respondeu através A da negativa, afirmando que

Leia mais

Seminário sobre O homem dos lobos. Jacques Lacan

Seminário sobre O homem dos lobos. Jacques Lacan Seminário sobre O homem dos lobos Jacques Lacan Jacques Lacan fez este seminário em 1952. As notas aqui publicadas, inéditos também em francês, provém de um ouvinte e são redigidas por Jacques- Alain Miller.

Leia mais

Mental ISSN: Universidade Presidente Antônio Carlos Brasil

Mental ISSN: Universidade Presidente Antônio Carlos Brasil Mental ISSN: 1679-4427 mentalpsicologia@unipac.br Universidade Presidente Antônio Carlos Brasil Morais Costa Pinto de, Patrícia; Ribeiro, Sara Aparecida Reseña de "O social na psicologia e a psicologia

Leia mais

Prova escrita de Psicologia Acesso ao Ensino Superior dos Maiores de 23 Anos 20 de Maio 2016

Prova escrita de Psicologia Acesso ao Ensino Superior dos Maiores de 23 Anos 20 de Maio 2016 Prova escrita de Psicologia Acesso ao Ensino Superior dos Maiores de 23 Anos 20 de Maio 2016 Duração da Prova 120 minutos Nome: Classificação: Assinaturas dos Docentes: Notas Importantes: A prova de avaliação

Leia mais

recomendações Atualização de Condutas em Pediatria

recomendações Atualização de Condutas em Pediatria Atualização de Condutas em Pediatria nº 55 Departamentos Científicos da SPSP, gestão 2010-2013. Departamento de Endocrinologia Descompensação diabética Pais e bebê: interface entre Pediatria e Psicanálise

Leia mais

O OBJETO A E SUA CONSTRUÇÃO

O OBJETO A E SUA CONSTRUÇÃO O OBJETO A E SUA CONSTRUÇÃO 2016 Marcell Felipe Psicólogo clínico graduado pelo Centro Universitário Newont Paiva (MG). Pós graduado em Clínica Psicanalítica pela Pontifícia Católica de Minas Gerais (Brasil).

Leia mais

Tempos significantes na experiência com a psicanálise 1

Tempos significantes na experiência com a psicanálise 1 Tempos significantes na experiência com a psicanálise 1 Cássia Fontes Bahia O termo significante está sendo considerado aqui em relação ao desdobramento que pode tomar em um plano mais simples e primeiro

Leia mais

Locke ( ) iniciou o movimento chamado de EMPIRISMO INGLÊS. Material adaptado, produzido por Cláudio, da UFRN, 2012.

Locke ( ) iniciou o movimento chamado de EMPIRISMO INGLÊS. Material adaptado, produzido por Cláudio, da UFRN, 2012. Locke (1632-1704) iniciou o movimento chamado de EMPIRISMO INGLÊS. Material adaptado, produzido por Cláudio, da UFRN, 2012. Racionalismo x Empirismo O que diz o Racionalismo (Descartes, Spinoza, Leibiniz)?

Leia mais

10. TRANSFORMAÇÕES: CAMINHANDO DO FINITO AO INFINITO 12. ENRIQUECIDOS PELO FRACASSO: NOVAS TRANSFORMAÇÕES

10. TRANSFORMAÇÕES: CAMINHANDO DO FINITO AO INFINITO 12. ENRIQUECIDOS PELO FRACASSO: NOVAS TRANSFORMAÇÕES SUGESTÕES DE SUBTEMAS. EIXO TEÓRICO 1. DESCONSTRUÇÕES E RECONSTRUÇÕES NO TRANSCURSO DA OBSERVAÇÃO DE BEBÊS MÉTODO ESTHER BICK. 2. A OBSERVAÇÃO DE BEBÊS MÉTODO ESTHER BICK TRANSFORMA A IDENTIDADE ANALÍTICA?

Leia mais

O BRINCAR ENTRE A CRIANÇA, O ANALISTA E A INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL PRIMÁRIA

O BRINCAR ENTRE A CRIANÇA, O ANALISTA E A INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL PRIMÁRIA O BRINCAR ENTRE A CRIANÇA, O ANALISTA E A INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL PRIMÁRIA Matheus Fernando Felix Ribeiro 1 ; Marcela Reda Guimarães2; Angela Maria Resende Vorcaro 3 1 Graduando em psicologia pela Universidade

Leia mais

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social O PAPEL DO OUTRO NA CONSTITUIÇÃO DO PSIQUISMO: UM ESTUDO A PARTIR DO CONCEITO DE IDENTIFICAÇÃO EM FREUD Sabryna Valéria de Almeida Santos* (PIBIC-FA, Departamento de Psicologia, Universidade Estadual de

Leia mais

A SUBLIMAÇÃO ENTRE O PARADOXO E A FUNÇÃO META. Não é novidade que a investigação do tema da sublimação na obra freudiana

A SUBLIMAÇÃO ENTRE O PARADOXO E A FUNÇÃO META. Não é novidade que a investigação do tema da sublimação na obra freudiana A SUBLIMAÇÃO ENTRE O PARADOXO E A FUNÇÃO META Ramon Souza Daniel Kupermann Não é novidade que a investigação do tema da sublimação na obra freudiana parece estar cercada de contradições teóricas. Vários

Leia mais

6 Referências bibliográficas

6 Referências bibliográficas 6 Referências bibliográficas ANZIEU, D. O Eu-Pele. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1988.. O Pensar do Eu-Pele ao Eu-Pensante. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002. AULAGNIER, P. A Violência da Interpretação

Leia mais

trieb (pulsão) (GOMES, 2001), nas raras ocasiões em que fez uso da primeira terminologia, fora em um sentido

trieb (pulsão) (GOMES, 2001), nas raras ocasiões em que fez uso da primeira terminologia, fora em um sentido 7. O AMANSAMENTO DA PULSÃO [INSTINTO]: UM EFEITO E NÃO CAUSA DO TRATAMENTO Maikon Cardoso do Carmo 1 Michaella Carla Laurindo 2 Além do problema de traduções de um idioma à outro, a leitura pincelada e

Leia mais

A importância da realidade na constituição do sujeito e na clínica psicanalítica: investigação sobre o trabalho de Melanie Klein e Hans W.

A importância da realidade na constituição do sujeito e na clínica psicanalítica: investigação sobre o trabalho de Melanie Klein e Hans W. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE PSICOLOGIA ROSANA SIGLER A importância da realidade na constituição do sujeito e na clínica psicanalítica: investigação sobre o trabalho de Melanie Klein e Hans W.

Leia mais

DIMENSÕES PSÍQUICAS DO USO DE MEDICAMENTOS 1. Jacson Fantinelli Dos Santos 2, Tânia Maria De Souza 3.

DIMENSÕES PSÍQUICAS DO USO DE MEDICAMENTOS 1. Jacson Fantinelli Dos Santos 2, Tânia Maria De Souza 3. DIMENSÕES PSÍQUICAS DO USO DE MEDICAMENTOS 1 Jacson Fantinelli Dos Santos 2, Tânia Maria De Souza 3. 1 Ensaio teórico embasado numa pesquisa empírica segundo atendimentos realizados na Clínica de Psicologia

Leia mais

Freud e a Psicanálise

Freud e a Psicanálise Freud e a Psicanálise Doenças mentais eram originadas de certos fatos passados na infância dos indivíduos; Hipnose (para fazer com que seus pacientes narrassem fatos do seu tempo de criança); Hipnose:

Leia mais

FUNDAMENTOS TEÓRICOS E TÉCNICOS DOS GRUPOS PROCESSOS GRUPAIS REGINA CÉLIA FIORATI

FUNDAMENTOS TEÓRICOS E TÉCNICOS DOS GRUPOS PROCESSOS GRUPAIS REGINA CÉLIA FIORATI FUNDAMENTOS TEÓRICOS E TÉCNICOS DOS GRUPOS PROCESSOS GRUPAIS REGINA CÉLIA FIORATI HISTÓRICO PRATT- tuberculosos- salas de aula MORENO- Psicodrama-1930 KURT LEWIN- 1936- EUA Dinâmica de grupo FOULKES- Gestalt-

Leia mais

Transferência e contratransferência

Transferência e contratransferência Resenhas JORNAL de PSICANÁLISE 46 (84), 259-262. 2013 Transferência e contratransferência Marion Minerbo Editora: Casa do Psicólogo, 2012 (Coleção Clínica Psicanalítica) Resenhado por: Ana Maria Loffredo

Leia mais

Curso de Atualização em Psicopatologia 7ª aula Decio Tenenbaum

Curso de Atualização em Psicopatologia 7ª aula Decio Tenenbaum Curso de Atualização em Psicopatologia 7ª aula Decio Tenenbaum Centro de Medicina Psicossomática e Psicologia Médica do Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro 6ª aula Psicopatologia

Leia mais

As Implicações do Co Leito entre Pais e Filhos para a Resolução do Complexo de Édipo. Sandra Freiberger

As Implicações do Co Leito entre Pais e Filhos para a Resolução do Complexo de Édipo. Sandra Freiberger As Implicações do Co Leito entre Pais e Filhos para a Resolução do Complexo de Édipo Sandra Freiberger Porto Alegre, 2017 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE PSICOLOGIA CURSO: INTERVENÇÃO

Leia mais

PsicoDom, v.1, n.1, dez

PsicoDom, v.1, n.1, dez PsicoDom, v.1, n.1, dez. 2007 13 Resenha do livro Categorias Conceituais da Subjetividade Jorge Sesarino 1 Fabio Thá, conhecido nome da psicanálise em Curitiba, foi um dos pioneiros no estudo da obra de

Leia mais

INTRODUÇÃO - GENERALIDADES SOBRE AS ADICÇÕES

INTRODUÇÃO - GENERALIDADES SOBRE AS ADICÇÕES SUMÁRIO PREFÁCIO - 11 INTRODUÇÃO - GENERALIDADES SOBRE AS ADICÇÕES DEFINIÇÃO E HISTÓRICO...14 OBSERVAÇÕES SOBRE O CONTEXTO SOCIAL E PSÍQUICO...19 A AMPLIDÃO DO FENÔMENO ADICTIVO...24 A ADICÇÃO VISTA PELOS

Leia mais

ARTE E SEMIOTICACOMO PROCESSO NAAPRENDIZAGEM: UMA EXPERIENCIA EM ARTES VISUAIS PARFOR.

ARTE E SEMIOTICACOMO PROCESSO NAAPRENDIZAGEM: UMA EXPERIENCIA EM ARTES VISUAIS PARFOR. ARTE E SEMIOTICACOMO PROCESSO NAAPRENDIZAGEM: UMA EXPERIENCIA EM ARTES VISUAIS PARFOR. LILIAN VERÔNICA SOUZA gabi.sedrez@gmail.com MARCOS VINICIUS BARROS E SILVA billmensagens@hotmail.com Resumo: O presente

Leia mais

INVESTIGAÇÃO EM PSICANÁLISE NA UNIVERSIDADE

INVESTIGAÇÃO EM PSICANÁLISE NA UNIVERSIDADE INVESTIGAÇÃO EM PSICANÁLISE NA UNIVERSIDADE Gilberto Safra 1 Instituto de Psicologia USP E ste evento surge no momento em que o Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade

Leia mais

TEORIAS INTERACIONISTAS - VYGOTSKY

TEORIAS INTERACIONISTAS - VYGOTSKY TEORIAS INTERACIONISTAS - VYGOTSKY Enquanto: As teorias do condicionamento reduzem o indivíduo às determinações dos objetos; A teoria da Gestalt reduz as possibilidades de conhecimento às estruturas pré-formadas.

Leia mais

Conselho Editorial. Bertha K. Becker (in memoriam) Candido Mendes Cristovam Buarque Ignacy Sachs Jurandir Freire Costa Ladislau Dowbor Pierre Salama

Conselho Editorial. Bertha K. Becker (in memoriam) Candido Mendes Cristovam Buarque Ignacy Sachs Jurandir Freire Costa Ladislau Dowbor Pierre Salama Conselho Editorial Bertha K. Becker (in memoriam) Candido Mendes Cristovam Buarque Ignacy Sachs Jurandir Freire Costa Ladislau Dowbor Pierre Salama Carlos Alberto Plastino Vida, criatividade e sentido

Leia mais

Título: O lugar do analista enquanto suporte dos processos introjetivos Autor: Ricardo Salztrager

Título: O lugar do analista enquanto suporte dos processos introjetivos Autor: Ricardo Salztrager 1 Título: O lugar do analista enquanto suporte dos processos introjetivos Autor: Ricardo Salztrager A proposta do trabalho é questionar qual o lugar do analista no atendimento a pacientes que apresentam

Leia mais

ESCOLA BÁSICA E SECUNDARIA DE VILA FLOR DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS ÁREA DISCIPLINAR DE FILOSOFIA

ESCOLA BÁSICA E SECUNDARIA DE VILA FLOR DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS ÁREA DISCIPLINAR DE FILOSOFIA ESCOLA BÁSICA E SECUNDARIA DE VILA FLOR 346184 DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS ÁREA DISCIPLINAR DE FILOSOFIA PLANIFICAÇÃO ANUAL PSICOLOGIA B 12º ANO ANO LETIVO 2017 / 2018 1 TEMA 5. PROBLEMAS

Leia mais

Melanie Klein e a experiência da

Melanie Klein e a experiência da Melanie Klein e a experiência da alteridade Melanie Klein and the experience of otherness Resumo O tema da alteridade em Melanie Klein é abordado a partir da reflexão sobre as noções de objeto em sua obra.

Leia mais

5 Considerações Finais

5 Considerações Finais 5 Considerações Finais A essência do trabalho psicanaltico é ter formas específicas de funcionamento simbólico, pulsional e afetivo, em que possamos saber intuir, acolher o que o outro está dizendo de

Leia mais

CENTRO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS (CEP)

CENTRO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS (CEP) CENTRO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS (CEP) Primeiro semestre Ciclo II 5ª feira de manhã Laura de Borba Moosburger Maio de 2016 A posição da escuta e a aniquilação do sujeito do desejo Resumo: A partir de uma

Leia mais

SOCIEDADES E ASSOCIAÇÕES DE PSICOTERAPIA PROTOCOLADAS ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE PSICANÁLISE E PSICOTERAPIA PSICANALÍTICA

SOCIEDADES E ASSOCIAÇÕES DE PSICOTERAPIA PROTOCOLADAS ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE PSICANÁLISE E PSICOTERAPIA PSICANALÍTICA SOCIEDADES E ASSOCIAÇÕES DE PSICOTERAPIA PROTOCOLADAS ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE PSICANÁLISE E PSICOTERAPIA PSICANALÍTICA Apresentação da psicoterapia e do(s) modelo(s) teórico(s) subjacente(s) A Associação

Leia mais

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E CURSO: MESTRADO PROGRAMA DE DISCIPLINA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E CURSO: MESTRADO PROGRAMA DE DISCIPLINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM CURSO: MESTRADO PROGRAMA DE DISCIPLINA DISCIPLINA: PDA00021 - Desenvolvimento Psicossexual e Constituição da Personalidade na Abordagem

Leia mais

EXAME NACIONAL DO ENSINO SECUNDÁRIO

EXAME NACIONAL DO ENSINO SECUNDÁRIO EXAME NACIONAL DO ENSINO SECUNDÁRIO 12.º Ano de Escolaridade (Decreto-Lei n.º 286/89, de 29 de Agosto) PROVA 140/C/5 Págs. Duração da prova: 120 minutos 2007 2.ª FASE PROVA ESCRITA DE PSICOLOGIA 1. CRITÉRIOS

Leia mais

MONITORIA PRESENCIAL NA MODALIDADE REMUNERADA

MONITORIA PRESENCIAL NA MODALIDADE REMUNERADA ANEXO I - EDITAL Nº. 16/2011 PERÍODO: 2012/01 INSTITUTO DE DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E E ARTES -- ICHLA MONITORIA PRESENCIAL NA MODALIDADE REMUNERADA PSICOLOGIA VAGAS DIA CARGA Introdução à Psicologia

Leia mais

Revista da ATO escola de psicanálise Belo Horizonte A economia pulsional, o gozo e a sua lógica Ano 4, n.4 p ISSN:

Revista da ATO escola de psicanálise Belo Horizonte A economia pulsional, o gozo e a sua lógica Ano 4, n.4 p ISSN: Revista da ATO escola de psicanálise Belo Horizonte A economia pulsional, o gozo e a sua lógica Ano 4, n.4 p. 1-152 2018 ISSN: 23594063 Copyrigtht 2018 by ATO - escola de psicanálise Comissão da Revista

Leia mais

Programa Analítico de Disciplina EDU210 Psicologia da Educação I

Programa Analítico de Disciplina EDU210 Psicologia da Educação I 0 Programa Analítico de Disciplina Departamento de Educação - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes Número de créditos: 4 Teóricas Práticas Total Duração em semanas: 15 Carga horária semanal 4 0 4

Leia mais

O LUGAR DO ANALISTA NA CONTEMPORANEIDADE: TEMPO E FORMAÇÃO

O LUGAR DO ANALISTA NA CONTEMPORANEIDADE: TEMPO E FORMAÇÃO O LUGAR DO ANALISTA NA CONTEMPORANEIDADE: TEMPO E FORMAÇÃO Leilyane Oliveira Araújo Masson A retomada dos textos clássicos freudianos se justifica por considerar que seus argumentos tratam de questões

Leia mais

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social O USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS NA CONTEMPORANEIDADE: UMA VISÃO PSICANALÍTICA

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social O USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS NA CONTEMPORANEIDADE: UMA VISÃO PSICANALÍTICA O USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS NA CONTEMPORANEIDADE: UMA VISÃO PSICANALÍTICA Flávia Angelo Verceze (Discente do Curso de Pós Graduação em Clínica Psicanalítica da UEL, Londrina PR, Brasil; Silvia Nogueira

Leia mais

2º Período Horário Segunda Terça Quarta Quinta Sexta. Genética Etel - 1P (Obrigatória para o 69 e. Epistemológicos e

2º Período Horário Segunda Terça Quarta Quinta Sexta. Genética Etel - 1P (Obrigatória para o 69 e. Epistemológicos e QUADRO DE HORÁRIOS DO 1º SEMESTRE DE 2013 Data de divulgação: 04/04/2013 1º Período Informática - 1P Fábio - ICT Genética RPS00011-11h/13h Fundamentos Histórico- Etel - 1P Epistemológicos e RPS00003 (A

Leia mais

Na medida em que nossa opção teórica se circunscreve ao campo epistemológico da psicanálise, nossos questionamentos iniciais ficaram atrelados a um

Na medida em que nossa opção teórica se circunscreve ao campo epistemológico da psicanálise, nossos questionamentos iniciais ficaram atrelados a um Introdução Esta pesquisa teve sua origem na experiência como psicóloga na Associação Fluminense de Reabilitação (AFR), a partir da inclusão desta Instituição na Campanha Nacional de Protetização para Pessoas

Leia mais

PSICANÁLISE COM CRIANÇAS: TRANSFERÊNCIA E ENTRADA EM ANÁLISE. psicanálise com crianças, sustentam um tempo lógico, o tempo do inconsciente de fazer

PSICANÁLISE COM CRIANÇAS: TRANSFERÊNCIA E ENTRADA EM ANÁLISE. psicanálise com crianças, sustentam um tempo lógico, o tempo do inconsciente de fazer PSICANÁLISE COM CRIANÇAS: TRANSFERÊNCIA E ENTRADA EM ANÁLISE Pauleska Asevedo Nobrega Assim como na Psicanálise com adultos, as entrevistas preliminares na psicanálise com crianças, sustentam um tempo

Leia mais