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1 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Sumário 1 INTRODUÇÃO OBJETIVOS DO DIAGNÓSTICO CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO Inserção Regional do Município Dinâmica Populacional Crescimento populacional Caracterização Etária e Étnica da População Perfis das Rendas Domiciliares e dos Responsáveis pelos Domicílios Domicílios de Uso Ocasional Caracterização da População Flutuante INSTITUCIONALIDADE E DINÂMICA SOCIOPOLÍTICA Relações sociopolíticas em São Vicente A organização da Sociedade Civil Os Espaços de Gestão Participativa Leitura Comunitária Visão do Município e os Desafios para um Desenvolvimento Sustentável Gestão e Políticas Públicas São Vicente: Novo Polo Comercial da Baixada, em busca de identidade e valorização da autoestima vicentina A visão sobre a Petrobras e o Pré-Sal Perspectivas e potencialidades para um desenvolvimento sustentável Considerações Finais DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Introdução Mercado Produtivo (Produção de Bens e Serviços) Informações Gerais A estrutura produtiva da economia local Algumas decisões cruciais que podem atingir a economia local Rede Petro Bacia de Santos (BS) Mercado de Trabalho A especialização produtiva do trabalho no Município A Capacitação do Mercado Local de Trabalho Finanças Públicas e Desenvolvimento Socioeconômico municipal: a experiência de São Vicente Conclusões ORDENAMENTO TERRITORIAL

2 6.1. Evolução da Mancha Urbana entre 1970 e Regulação dos princípios e diretrizes de política urbana e ordenamento territorial Regulação do ordenamento territorial São Vicente e o Zoneamento Econômico Ecológico da Baixada Santista Regulação das áreas de Expansão Urbano Áreas de monitoramento do Município Procedimentos técnicos adotados para definição de áreas de monitoramento territorial Litoral Paulista Dinâmica Imobiliária Empreendimentos Imobiliários Verticais Regulação dos empreendimentos imobiliários verticais Loteamentos e condomínios horizontais Regulação dos Loteamentos e Condomínios horizontais Bens da união no município Regulação dos Bens da União nas Legislações Municipais e Federais Regime Jurídico dos Bens Públicos Municipais Uso Privativo dos bens Municipais Alienação ou Aquisição de Bens Públicos Bens Públicos Municipais e os Loteamentos e Condomínios Bens federais e estaduais no Município MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO Unidades de conservação instituídas O Núcleo Itutinga Pilões do PESM Parque Estadual Xixová - Japuí (PEXJ) Parque Ecológico Voturuá APA Marinha Litoral Centro (APAMLC) Ocupação urbana em Áreas de Preservação Permanente Aspectos conceituais Características, condições e pontos críticos nas áreas de preservação permanente Meio Ambiente e Território na legislação municipal Áreas naturais tombadas Aspectos conceituais ANT das Serras do Mar e Paranapiacaba Características, condições e pontos críticos das áreas naturais tombadas em São Vicente GRANDES EQUIPAMENTOS DE INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA Introdução Legislação municipal de avaliação de impacto

3 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE MOBILIDADE URBANA E REGIONAL... Erro! Indicador não definido Pesquisa Origem-Destino da Região Metropolitana da Baixada SantistaErro! Indicador não definido. 9.2 Evolução da frota municipal... Erro! Indicador não definido Sistema de transportes coletivos municipal e intermunicipal... Erro! Indicador não definido Sistema municipal de lotações... Erro! Indicador não definido Sistema de Ônibus Metropolitanos... Erro! Indicador não definido Transporte Coletivo Intermunicipal... Erro! Indicador não definido Regulação das infraestruturas de mobilidade urbana e regional na legislação municipalerro! Indicador não definido. 9.5.Sistema Cicloviário Erro! Indicador não definido. 9.6.Pontos críticos do Sistema Viário... Erro! Indicador não definido. 9.7.Projetos estratégicos de transporte e trânsito... Erro! Indicador não definido Sistema Integrado Metropolitano SIM e do Veículo Leve sobre Trilhos VLT da Região Metropolitana da Baixada Santista... Erro! Indicador não definido Túnel de Transposição do Maciço Central da Ilha de São Vicente... Erro! Indicador não definido Elevados de transposição da Rodovia dos Imigrantes... Erro! Indicador não definido Estudos de ampliação do transporte hidroviário de passageiros na RMBSErro! Indicador não definido. 10. HABITAÇÃO E REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA... Erro! Indicador não definido Assentamentos precários e informais... Erro! Indicador não definido Favelas e Loteamentos Irregulares... Erro! Indicador não definido Cortiços... Erro! Indicador não definido Assentamentos em Área Rural... Erro! Indicador não definido IBGE (Aglomerados Subnormais)... Erro! Indicador não definido Necessidades habitacionais... Erro! Indicador não definido Promoção pública de habitação de interesse social... Erro! Indicador não definido Pontos críticos no atendimento habitacional... Erro! Indicador não definido A legislação Municipal e a Questão Habitacional... Erro! Indicador não definido SANEAMENTO AMBIENTAL... Erro! Indicador não definido Sistema de Abastecimento de Água Potável... Erro! Indicador não definido Caracterização dos Sistemas de Abastecimento de Água de São VicenteErro! Indicador não definido O Sistema de Coleta e Tratamento de Esgotos... Erro! Indicador não definido Demandas por Sistemas de Coleta e Tratamento de Esgoto... Erro! Indicador não definido Sistema de Coleta e Tratamento de Esgotos... Erro! Indicador não definido Cobertura do sistema de coleta e tratamento de esgoto... Erro! Indicador não definido Caracterização do Sistema de Abastecimento de Esgotos de São VicenteErro! Indicador não definido Avaliação da qualidade e estudo de demanda do Sistema de Esgotos Erro! Indicador não definido Ampliação e melhoria do Sistema de Esgotos... Erro! Indicador não definido Qualidade das praias... Erro! Indicador não definido Macro e Microdrenagem... Erro! Indicador não definido Operação e manutenção do Sistema de Drenagem... Erro! Indicador não definido Obras e intervenções previstas e em andamento no Sistema de DrenagemErro! Indicador não definido Proposta de Plano de Saneamento Integrado... Erro! Indicador não definido Resíduos Sólidos Erro! Indicador não definido Situação da geração, coleta, tratamento, destinação de resíduos sólidos domiciliares, da construção civil e saúde e da limpeza urbana... Erro! Indicador não definido. 3

4 Análise do município da perspectiva de um sistema de gestão de resíduos sólidos urbanos com sustentabilidade socioambiental e econômica em diálogo com as exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos... Erro! Indicador não definido Saneamento, resíduos sólidos e a legislação municipal... Erro! Indicador não definido. 12. SAÚDE E SEGURANÇA ALIMENTAR... Erro! Indicador não definido Segurança Alimentar e Nutricional... Erro! Indicador não definido Rede Operacional de Programas... Erro! Indicador não definido Sistema de ação política conselhos, conferências e órgão intersetorialerro! Indicador não definido Considerações Finais... Erro! Indicador não definido Saúde Erro! Indicador não definido Situação de Saúde... Erro! Indicador não definido Diagnóstico dos Serviços de Saúde e dos atendimentos... Erro! Indicador não definido Princípios e Diretrizes Políticas do SUS... Erro! Indicador não definido O desempenho do SUS: o IDSUS... Erro! Indicador não definido Os gastos e investimentos em saúde... Erro! Indicador não definido Participação e controle social: o Conselho Municipal de Saúde... Erro! Indicador não definido Considerações e aspectos relevantes: os desafios da saúde... Erro! Indicador não definido. 13 CULTURA... Erro! Indicador não definido Breve Histórico Erro! Indicador não definido Caracterização Cultural... Erro! Indicador não definido Culturas Tradicionais... Erro! Indicador não definido Caiçaras... Erro! Indicador não definido Indígenas... Erro! Indicador não definido Gestão Pública Erro! Indicador não definido Regulação, Preservação e Uso dos Imóveis de Interesse Histórico e CulturalErro! Indicador não definido Desafios para o desenvolvimento cultural... Erro! Indicador não definido SEGURANÇA PÚBLICA... Erro! Indicador não definido Segurança Pública um tema para o Brasil... Erro! Indicador não definido A política no âmbito Estadual marco legal e forças policiais... Erro! Indicador não definido O papel do município - marco legal, políticas e programas... Erro! Indicador não definido Introdução Erro! Indicador não definido São Vicente e um quadro geral da criminalidade... Erro! Indicador não definido Raio X institucional e Marco Legal: primeiros apontamentos... Erro! Indicador não definido Considerações finais... Erro! Indicador não definido. 15. FINANÇAS PÚBLICAS... Erro! Indicador não definido O Orçamento de São Vicente Erro! Indicador não definido Receita Orçamentária... Erro! Indicador não definido Receitas de Capital... Erro! Indicador não definido Receitas Intra Orçamentárias... Erro! Indicador não definido Dedução da Receita Corrente... Erro! Indicador não definido Transferências de Convênios... Erro! Indicador não definido Convênios com o governo Federal... Erro! Indicador não definido Convênios por indicação parlamentar - Estado de São Paulo Erro! Indicador não definido Operações de Crédito Caixa Econômica Federal CEF... Erro! Indicador não definido Despesa Orçamentária... Erro! Indicador não definido Estrutura da Despesa Orçamentária... Erro! Indicador não definido. ANEXO: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... Erro! Indicador não definido.

5 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE INTRODUÇÃO O presente relatório apresenta um conjunto de leituras técnicas sobre as condições e tendências urbanas e socioambientais do Município. As leituras sobre as condições urbanísticas e socioambientais apresentadas neste relatório estão articuladas com análises sobre diferentes aspectos como, por exemplo, o desenvolvimento econômico, a cultura, a segurança alimentar e nutricional, a saúde, a segurança pública, as finanças publicas entre outros. Tais leituras estão articuladas também com um exame detido sobre marcos jurídicos relativos às políticas públicas que incidem nos espaços territoriais daquele Município, bem como com a visão de moradores e representantes de entidades sobre o município. Os marcos regulatórios e conceituais a nível federal e estadual foram tratados no volume 1 do relatório, e os temas e questões no âmbito regional, serão tratados em relatório especifico. Este relatório faz parte de um conjunto de estudos que abrangem as realidades de 13 municípios do litoral paulista que estão sendo analisados no âmbito do convênio entre a Petrobras e o Instituto Polis. Esses relatórios municipais deverão servir como base para a consolidação de um estudo regional. Como posto adiante, todos esses estudos tem como objetivo principal formular programas de desenvolvimento local e regional considerando as transformações que poderão ocorrer no litoral paulista em função de diversos projetos e obras de impacto tais como as explorações de petróleo e gás nas camadas do Pré-sal, a ampliação dos portos, duplicação de rodovias, entre outros. A organização dos conteúdos do presente relatório segue uma estrutura básica, constituída pelos seguintes componentes: - caracterização geral do município a partir dos seguintes aspectos: (i) inserção regional; (ii) dinâmicas populacionais, inclusive da população flutuante; (iii) domicílios de uso ocasional; - análises do ordenamento territorial a partir dos seguintes aspectos: (i) crescimento da mancha urbana no período entre 1970 e 2010; (ii) dinâmica imobiliária, especialmente da implantação de empreendimentos verticais, loteamentos e condomínios horizontais; (iii) áreas potenciais para ocupações urbanas futuras; (iv) imóveis públicos; (v) imóveis de interesse histórico e cultural e (vi) áreas com restrição à ocupação urbana; - análises sobre os diferentes tipos de necessidades habitacionais, especialmente aquelas existentes em assentamentos precários e irregulares, e sobre a provisão habitacional recente promovida pelo poder público; - análises sobre as demandas e desempenhos relativos ao sistema de saneamento básico constituído pelos sistemas de abastecimento de água, de coleta e tratamento de esgoto, de drenagem urbana e de gestão de resíduos sólidos; - análises sobre as condições de mobilidade local e regional, especialmente aquelas relacionadas aos problemas relativos aos sistemas viários e às diferentes modalidades de transportes coletivos municipais e intermunicipais; - análises sobre as características e implicações dos grandes equipamentos e infraestruturas de logística existentes e previstas, principalmente as ferrovias, rodovias, armazéns, indústrias, portos e aeroportos; - análises sobre os espaços territoriais especialmente protegidos, em especial as diferentes modalidades de unidades de conservação instituídas pelos governos federal, estadual e municipal e as áreas de interesse ambiental definidas no zoneamento ecológico-econômico e em zoneamentos municipais; 5

6 - análises sobre as questões relativas ao desenvolvimento econômico local, à cultura, à segurança pública, à segurança alimentar e nutricional e à saúde; - análises sobre aspectos da gestão pública e democrática considerando especialmente as finanças municipais. - analises a partir de escutas da sociedade, sobre suas organizações, a participação em espaços de gestão democrática e suas visões sobre o município e seu desenvolvimento; Vale dizer que todas essas análises se referenciam em políticas e programas públicos nacionais e estaduais que envolvem atuações dos governos municipais e incidem nos territórios locais. Nesse sentido, leva-se em conta, entre outras, as seguintes políticas nacionais: - política nacional e estadual de desenvolvimento urbano, compostas pelas políticas de ordenamento territorial, de habitação, de regularização fundiária, de mobilidade urbana e de saneamento ambiental; - política nacional e estadual de resíduos sólidos; - política nacional e estadual de segurança alimentar e nutricional. - politica nacional e estadual de segurança publica - política nacional e estadual de saúde; - política nacional e estadual de cultura; Ademais, aquelas análises procuram traçar um quadro geral das ofertas e demandas relativas a serviços, equipamentos e infraestruturas urbanas em âmbitos municipais e regionais a fim de identificar déficits, gargalos e pontos críticos que necessitam ser superados na busca por um desenvolvimento que promova o dinamismo econômico, mas também melhore as condições de vida das pessoas e não provoque perdas e desequilíbrios ambientais. 2 - OBJETIVOS DO DIAGNÓSTICO O principal objetivo do presente diagnóstico é subsidiar a formulação de programas de desenvolvimento local e regional em São Vicente e no litoral paulista baseados no envolvimento dos diversos agentes governamentais e da sociedade civil. Tais programas deverão se referenciar na articulação entre políticas públicas nacionais já instituídas no país. Deverão se referenciar também em políticas, programas e ações realizadas pelo Governo do Estado de São Paulo inscritas em diferentes setores. As análises que compõem esse diagnóstico não se encerram em si mesmas. Pretendem se constituir em instrumentos que orientem ações estruturantes direcionadas ao ordenamento territorial e ao atendimento de diferentes tipos de necessidades sociais. 3 - CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO Inserção Regional do Município O Município de São Vicente possui fortes articulações com toda a Baixada Santista, que por sua vez, articula-se intensamente com outras regiões do Estado de São Paulo, com outras partes do país e até com países da América Latina e de outros continentes. Tais articulações não são recentes e possuem determinantes históricos, econômicos, políticos, culturais e ambientais. No século XVI, a colonização portuguesa do Brasil começou com a ocupação da costa marítima onde portos foram construídos para permitir a atracagem das embarcações oriundas de outras partes do mundo e também de pontos distintos do extenso litoral brasileiro. Nessa costa, os colonizadores construíram sólidos fortes militares utilizados na defesa do Brasil Colônia. Algumas das primeiras cidades brasileiras se formaram nas proximidades desses fortes militares. Outras, como São Vicente e Rio de Janeiro, se estruturaram nos arredores daqueles portos marítimos. Essas cidades serviram como pontos de articulação entre a economia colonial das regiões litorâneas e os mercados europeus. Com os avanços da

7 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 colonização em direção ao interior do Brasil Colônia, outros núcleos urbanos surgiram em pontos mais distantes da orla marítima. O litoral paulista foi um dos locais onde houve os primeiros núcleos de ocupação que logo foram acompanhados por outros que se implantaram nas terras altas do planalto após vencer os obstáculos impostos pelas encostas da atual Serra do Mar. Com o passar do tempo, algumas dessas cidades se tornaram importantes polos regionais, capitais estaduais e sedes de grandes regiões metropolitanas. As atividades portuárias realizadas no período colonial influenciaram diretamente a formação dos núcleos que deram origem à ocupação urbana na Baixa Santista. No território do atual Município de Santos foram instalados os primeiros trapiches do Porto que passou a ter o mesmo nome. No último quarto do século XIX o Porto de Santos ganha importância econômica com o desenvolvimento da produção do café nas fazendas do interior da então Província de São Paulo direcionada para exportação. Essa produção cafeeira oriunda das fazendas do interior paulista chegava ao Porto de Santos por meio da antiga ferrovia São Paulo Railway, inaugurada em Na cidade de São Paulo, essa ferrovia atravessava as várzeas dos Rios Tietê e Tamanduateí que, nas décadas seguintes, passaram a receber importantes plantas industriais que buscavam se instalar nos terrenos mais planos. No final do século XIX, o aumento da importância econômica do Porto de Santos colocou a necessidade de expansão física e de melhoramentos nas infraestruturas e nas condições de funcionamento. Em 1892, marco oficial da inauguração desse Porto, a Companhia Docas de Santos entregou os primeiros 260 metros de cais na área que até hoje é denominada como Valongo, localizado no centro histórico de Santos. Nesse período, os velhos trapiches e pontes fincados em terrenos lodosos foram sendo substituídos por aterros e muralhas de pedra (Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto de Santos - PDZPS, 2012: p. 13). Já no século XX, o Porto de Santos ganha novo impulso com a abertura da Rodovia Anchieta (SP-150) realizada na década de 1940, com o desenvolvimento industrial da atual Região Metropolitana de São Paulo, especialmente na Região do Grande ABCD (com os municípios de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema) e com o processo de industrialização de Cubatão. Esse processo de industrialização representa um ponto de inflexão na economia paulista iniciado a partir da década de Trata-se de uma inflexão marcada pela instalação de grandes empresas multinacionais em cidades que passaram a receber grandes contingentes migratórios e iniciaram acelerado processo de urbanização periférica baseada na produção de assentamentos precários, muitas vezes irregulares do ponto de vista fundiário, ocupados pelas moradias das populações de baixa renda. Essa imbricação entre crescimento da base econômica e urbanização precária estruturou grande parte dos territórios das grandes cidades brasileiras, inclusive da metrópole paulista e das cidades da Baixada Santista. As características desse processo de urbanização são examinadas adiante. O fortalecimento e a estruturação do trinômio porto-indústria automobilística-indústria de base no sistema econômico regional formado por Santos, São Paulo e Cubatão é baseado na conexão do Porto de Santos com os parques industriais do Município de São Paulo e da atual Região do Grande ABC, onde se instalaram indústrias da cadeia de produção de bens duráveis, como eletrodomésticos e automóveis, e de Cubatão onde se instalou um polo industrial de base formado pela Companhia Siderúrgica Paulista (COSIPA), hoje parte do grupo USIMINAS, e pela Refinaria de Petróleo Presidente Bernardes da Petrobras. A Rodovia Anchieta (SP-150), importante eixo articulador desse trinômio, amplia a ligação entre o Porto de Santos e aqueles parques industriais formando um complexo sistema econômico e logístico de importância nacional e internacional. Na década de 1970 essa ligação se fortalece com a abertura da Rodovia Imigrantes (SP-160). Apesar de o Porto de Santos ter forte articulação com os polos industriais mais próximos, é necessário levar em conta a sua influência macrorregional. De acordo com o PDZPS (2012) a vocação natural desse Porto é atender às necessidades de movimentação de cargas dos estados do Sudeste e de grande parte do Centro-Oeste do país (PDZPS, 2012: p. 44). O PDZPS define o chamado vetor Logístico Centro-Sudeste como a área de influência primária do Porto de Santos. Segundo esse documento, a área de influência secundária compreende todo o 7

8 restante do Brasil e alcança também parte de outros países sul-americanos, como Paraguai e Uruguai e parte da Argentina, Bolívia e Chile (PDZPS, 2012: p. 45). Os municípios da Região Metropolitana da Baixada Santista, instituída pela Lei Complementar Estadual nº 815 de 30 de julho de 1996, conectam-se com as áreas de influência primária do Porto de Santos a partir de vias de acessos rodoviários, ferroviários e dutoviários existentes. O modal rodoviário é responsável por aproximadamente 73% da carga movimentada, o ferroviário por aproximadamente 20% e o dutoviário por aproximadamente 7% (PDZPS, 2012: p. 74). Os dutos são basicamente utilizados para a movimentação de derivados de petróleo e produtos petroquímicos transportados de/para as refinarias de Cubatão (principalmente) e o terminal da Transpetro, na Alemoa. Os acessos rodoviários que chegam ao Porto de Santos também promovem fortes ligações da Baixada Santista com diferentes regiões do planalto e do litoral paulistas. As já mencionadas Rodovias Anchieta (SP-150) e Imigrantes (SP-160) ligam o Planalto Paulista com a Baixada Santista. Esse complexo rodoviário Anchieta- Imigrantes estreita as relações entre as atuais Regiões Metropolitanas de São Paulo e da Baixada Santista. Milhares de moradores dessa parte do litoral paulista se dirigem para aquela Região Metropolitana para trabalhar e estudar todos os dias. A Rodovia Manoel Hyppolito Rego (SP-055) faz a conexão entre Santos e São Vicente e o Litoral Norte. Nos meses de verão muitos turistas vindos de outras metrópoles paulista ou dos municípios do interior usam essa Rodovia para chegar ao Litoral Norte passando pela Baixada Santista. A Rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP-055), mais conhecida como Piaçaguera-Guarujá, interliga o Sistema Anchieta- Imigrantes, que chega a Santos e Cubatão vindos do Planalto Paulista, com o Município de Guarujá. Muitos empregados das indústrias de Cubatão usam essa Rodovia. A Rodovia Padre Manoel da Nóbrega (SP-055) liga Santos e os municípios vizinhos com os municípios na porção Sul da Região Metropolitana da Baixada Santista (Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe) e, a partir daí, com os municípios do Litoral Sul (Iguape, Cananéia e Ilha Comprida). Moradores dos municípios localizados nas porções Sul da Baixada Santista usam essa Rodovia para ir a Santos, São Vicente e Cubatão para trabalhar e estudar. Isso provoca congestionamentos como se verá adiante. Ademais, o PDZPS descreve rotas que ligam regiões produtoras do país com Santos e seu importante Porto. Trata-se das rotas Rondonópolis-Santos (utilizada no escoamento de granéis agrícolas e derivados como soja, farelo milho, entre outros, produzidos no Centro Oeste do país); Dourados-Santos (utilizada no escoamento de granéis agrícolas produzidos no Mato Grosso do Sul) e Brasília-Triângulo Mineiro-Santos (utilizada no escoamento de granéis agrícolas produzidas em regiões de Goiás). Além dessas rotas mais longas, há rotas curtas que servem para o escoamento da produção de açúcar e etanol do interior do Estado de São Paulo e a produção e importação de bens manufaturados acondicionados em contêineres na Grande São Paulo e no Vale do Paraíba (PDZPS, 2012: p. 64).

9 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa. SÃO VICENTE. Inserção Regional Fonte: Ministério dos transportes ( ), IBGE, 2011 e. ESRI (Ocean BaseMap). As ferrovias operadas pelas empresas MRS Logística, ALL Logística e FCA se somam àqueles acessos terrestres regionais e macro regionais ao Porto de Santos. A ferrovia da MRS faz a ligação do Porto de Santos com regiões dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais enquanto as da ALL conecta aquele Porto com os Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, demais regiões do Estado de São Paulo e com estados do Sul do Brasil. As ferrovias da FCA (Ferrovia Centro Atlântica) acessam o Porto de Santos a partir de uma malha que se espalha por 7 estados: Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Sergipe, Goiás, Bahia, São Paulo e Distrito Federal. Vale citar, com base no PDZPS (2012) que a MRS utiliza os trilhos da antiga Santos-Jundiaí, enquanto a ALL utiliza os trilhos da antiga FERROBAN; as duas se encontram em Cubatão no pátio de intercâmbio de Perequê. Do pátio as composições são conduzidas até as duas margens do Estuário, onde a PORTOFER (que realiza as operações somente no interior das dependências do Porto de Santos) assume as composições (PDZPS, 2012: p. 69). 9

10 O acesso aquaviário é o que interliga os diferentes terminais portuários e berços de atracação do Porto de Santos. Esse tipo de acesso é de abrangência local e consiste no Canal da Barra com extensão de aproximadamente 25 km dos quais 13 km com instalações de acostagem, largura de 150 m até a Barra do Saboó e de 110 m desse ponto em diante e profundidade variável entre 12 me e 14 m (PDZPS, 2012: p ). Nas margens direita (Santos) e esquerda (Guarujá) desse Canal distribuem-se aqueles berços de atracação e terminais portuários utilizados na movimentação de cargas e descargas. O Porto de Santos não é beneficiado por acessos hidroviários importantes devido às condições geográficas existentes. Segundo o PDZPS (2012), a hidrovia Tietê-Paraná movimenta cargas (principalmente grão, farelo e açúcar) do sudeste e centro-oeste, tendo como destino final o Porto de Santos. A maior parcela é transbordada para a ferrovia ALL (malha da antiga Ferroban), em Pederneiras, ou para caminhões em Anhembi, no interior do Estado, antes de acessar o porto (PDZPS, 2012: p. 56). Além das bases econômicas e logísticas descritas anteriormente, outros fatores promovem as articulações regionais que inserem a Baixada Santista em outras dinâmicas urbanas e demográficas. Trata-se dos fatores relacionados com as características de balneário existentes em municípios de todo o litoral paulista. Em meados do século XX, o Município de Santos era um importante destino turístico para os moradores dos municípios localizados no planalto, especialmente da capital paulista e dos seus municípios vizinhos. Nas décadas de 1950 e 1960 o Município de Santos recebeu vários empreendimentos imobiliários constituídos pelas chamadas segundas residências destinadas ao veraneio. Tais empreendimentos se implantaram principalmente nas orlas marítimas, junto às praias de maior interesse dos investidores e dos consumidores de renda média e alta. Esse segmento imobiliário se expandiu a partir de Santos avançando sobre as áreas junto às praias do Guarujá, São Vicente e demais municípios da Baixada Santista. A influência dessas atividades de veraneio no processo de uso e ocupação do espaço urbano de São Vicente será analisada mais detalhadamente adiante. Do ponto de vista da inserção regional, vale dizer que, até hoje, muitas famílias que vivem nos municípios do planalto e do interior paulista, e em outras partes do país, se dirigem para os municípios da Baixada Santista durante os feriados e os períodos de férias. A maior parte desses visitantes se instalam nas segundas residências que permanecem ociosas parte do ano. Com o fortalecimento e crescimento das atividades portuárias, industriais, comerciais e de serviços, houve certa retração no turismo de veraneio em no núcleo central da baixada santista que inclui São Vicente, principalmente nas décadas de 1970 e 1980 quando as condições de balneabilidade das praias estavam muito ruins por causa da poluição provocada por esgotos domésticos e efluentes líquidos oriundos do porto e até das indústrias. Porém, isso não significa que essas atividades de veraneio deixaram de existir. Tais atividades sempre existiram na Baixada Santista, principalmente nos município localizados a Sul de Santos e São Vicente (Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe). Nas últimas décadas houve melhorias nas condições de saneamento básico e no controle de emissão de poluentes com reflexos positivos nas praias. Ademais, foram realizados investimentos em melhorias urbanas e paisagísticas nessas praias. Isso tem provocado valorização nos imóveis mais próximos ao mar e atraído grande quantidade veranistas e visitantes de veraneio e de fins de semana. Vale dizer que as rodovias mencionadas anteriormente facilitam o acesso de centenas de milhares de turistas que se dirigem para suas casas de veraneio, hotéis e pousadas na Baixada Santista. Como dito anteriormente, a Região Metropolitana da Baixada Santista, instituída pela Lei Complementar Estadual nº 815 de 30 de julho de O Município de Santos polariza essa Região Metropolitana junto com São Vicente, Guarujá e Cubatão. A Sul desses municípios, a Região Metropolitana da Baixada Santista contem Praia Grande, Itanhaém, Mongaguá e Peruíbe e a Norte Bertioga. Essa Lei autoriza o Poder Executivo a instituir o Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista - Condesb, uma autarquia responsável pela gestão metropolitana e o Fundo de Desenvolvimento Metropolitano da Baixada Santista (FUNDESB). Em 23 de dezembro de 1998, a Lei Complementar Estadual nº 853 cria a Agência Metropolitana da Baixada Santista (AGEM) entidade autárquica vinculada à Secretaria dos Transportes Metropolitanos, com a finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução das funções públicas de interesse comum nesta região. Em 2004, Lei Complementar nº 956 transfere a AGEM para a Secretaria de Economia e Planejamento.

11 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE Dinâmica Populacional Crescimento populacional O município de São Vicente apresentou diminuição em seu ritmo de crescimento populacional nas últimas duas décadas. Entre 1991 e 2000 a taxa geométrica de crescimento anual (TGCA) foi de 1,37%a.a., acompanhando os municípios do entorno como Santos e Cubatão que também tiveram baixo crescimento, ao contrário dos demais municípios do litoral paulista que, em sua maior parte, durante o mesmo período apresentaram altas taxas. Na década de 2000 a 2010 houve uma queda ainda maior no ritmo de crescimento populacional, que passou para 0,94%a.a. Nesse período São Vicente saltou de para habitantes, conforme tabela abaixo. Tabela. Municípios do Litoral Paulista - População Residente e Taxa Geométrica de Crescimento Anual - TGCA Município Ano TGCA Bertioga - SP ,34 4,42 Cubatão - SP ,94 0,96 Guarujá - SP ,60 0,93 Itanhaém - SP ,08 1,92 Mongaguá - SP ,04 2,80 Peruíbe - SP ,14 1,52 Praia Grande - SP ,12 3,17 Santos - SP ,02 0,04 São Vicente - SP ,37 0,94 São Sebastião - SP ,16 2,48 Ilhabela - SP ,91 3,12 Caraguatatuba - SP ,55 2,49 Ubatuba - SP ,90 1,72 Fonte: Censos Demográficos IBGE, 1991, 2000 e TGCA Os mapas abaixo permitem visualizar as diferenças nessas taxas geométricas de crescimento anual dos municípios litorâneos que estão sendo analisados. 11

12 Mapa. Municípios do Litoral Paulista Taxa Geométrica de Crescimento Anual - TGCA e Fonte: Censos Demográficos IBGE, 1991 e 2000 e Censos Demográficos IBGE, 2000 e O município de São Vicente possui uma área total de 14 mil hectares, sendo que a maior parte de seu território, inserida em unidades de conservação, permanece não ocupada resultando em uma densidade populacional total do município baixa, de apenas 0,6 hab/ha.. A área efetivamente urbanizada ocupa aproximadamente 16% do território, resultando em uma baixa densidade populacional total do município de apenas 22hab/ha. Já a área urbanizada do município atinge densidades maiores, chegando a 135 hab/ha, a maior densidade média dentre os municípios analisados. Tabela. Municípios do Litoral Paulista - Área do Município e Densidade demográfica 2010 Município População 2010 Área total do município (hectare) Densidade demográfica do município (Habitante por hectare) Área urbanizada (hectare) Bertioga , ,5 Caraguatatuba , ,9 Cubatão , ,2 Guarujá , ,4 Ilhabela , ,9 Itanhém , ,6 Mongaguá , ,2 Peruíbe , ,3 Praia Grande , ,7 Santos , ,6 Densidade demográfica da área urbanizada (Habitante por hectare)

13 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 São Sebastião , ,5 São Vicente , ,0 Ubatuba , ,1 Fonte: Censo Demográfico IBGE, No município de São Vicente, a maior parte de sua área urbanizada possui densidade populacional de até 200hab/ha. As áreas que apresentam maior densidade encontram-se próximas ao litoral nos bairros do Centro, Gonzaguinha e Boa Vista. Mapa. São Vicente - Densidade Demográfica de População Residente Segundo Setores Censitários 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, Caracterização Etária e Étnica da População O município de São Vicente possui população bastante jovem, mas que vem envelhecendo na última década. A população de até 29 anos passou de 55% em 2000 para 48% da população total em 2010, enquanto a população de 30 até 59 anos aumentou de 36% para 40% da população total. Neste período, também percebe-se o envelhecimento da população. As pessoas com mais de 60 anos passaram de 8% para 11% sobre a população total, ver figura. 13

14 faixas etárias Faixas Etárias Figura. São Vicente - Pirâmides Etárias 2000 e anos ou mais 75 a 79 anos 70 a 74 anos 65 a 69 anos 60 a 64 anos 55 a 59 anos 50 a 54 anos 45 a 49 anos 40 a 44 anos 35 a 39 anos 30 a 34 anos 25 a 29 anos 20 a 24 anos 15 a 19 anos 10 a 14 anos 5 a 9 anos 0 a 4 anos Pirâmide Etária - São Vicente População 80 anos ou mais 75 a 79 anos 70 a 74 anos 65 a 69 anos 60 a 64 anos 55 a 59 anos 50 a 54 anos 45 a 49 anos 40 a 44 anos 35 a 39 anos 30 a 34 anos 25 a 29 anos 20 a 24 anos 15 a 19 anos 10 a 14 anos 5 a 9 anos 0 a 4 anos Pirâmide Etária - São Vicente População Fonte: Censos Demográficos IBGE, 2000 e Em relação à classificação da população de acordo com as categorias de cor e raça utilizadas pelo IBGE, a população residente de São Vicente acompanha parte dos municípios litorâneos paulistas onde o percentual da população parda e negra sobre a população total está acima do percentual verificado para o Estado de São Paulo. Tabela. Estado de São Paulo e Municípios do Litoral Paulista - População Residente Segundo Cor ou Raça Unidade da Federação e Municípios Cor ou raça Total Branca Preta Amarela Parda Indígena Estado de São Paulo ,9% 5,5% 1,4% 29,1% 0,1% Bertioga - SP ,0% 7,6% 1,1% 43,8% 0,5% Cubatão - SP ,6% 7,7% 0,7% 48,8% 0,2% Guarujá - SP ,0% 6,7% 0,6% 45,5% 0,2% Itanhaém - SP ,4% 5,0% 0,7% 35,5% 0,4% Mongaguá SP ,2% 6,3% 0,6% 34,2% 0,7% Peruíbe - SP ,8% 6,0% 1,3% 34,1% 0,7% Praia Grande SP ,1% 5,9% 0,8% 36,1% 0,1% Santos - SP ,2% 4,7% 1,0% 22,0% 0,1% São Vicente SP ,5% 7,1% 0,6% 38,7% 0,1% São Sebastião SP ,9% 6,4% 0,7% 38,5% 0,4% Ilhabela - SP ,2% 5,1% 0,7% 41,8% 0,2% Caraguatatuba SP ,2% 4,4% 0,9% 28,3% 0,1% Ubatuba - SP ,2% 5,9% 1,0% 33,5% 0,4% Fonte: Censo Demográfico IBGE, Gráfico. São Vicente Distribuição Percentual da População Segundo Cor ou Raça

15 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Cor ou raça da população residente São Vicente Indígena; 0,1% Parda; 38,7% Branca; 53,5% Amarela; 0,6% Preta; 7,1% Fonte: Censo Demográfico IBGE, A distribuição da população de São Vicente segundo raça ou cor mostra maior presença da população branca nos setores censitários mais próximos às faixas litorâneas, beneficiada pela proximidade com a praia, enquanto as populações pardas e negras estão mais distantes da orla marítima, concentradas nos setores censitários vizinhos aos municípios de Praia Grande e Cubatão. 15

16 Mapa. São Vicente. Distribuição dos Percentuais da População Branca Segundo Setores Censitários 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010.

17 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa. São Vicente Distribuição dos Percentuais da População Parda Segundo Setores Censitários 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE,

18 Mapa. São Vicente Distribuição dos Percentuais da População Preta Segundo Setores Censitários 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, De acordo com dados do censo, não há uma concentração expressiva de população indígena no município de de São Vicente.

19 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa. São Vicente Distribuição dos Percentuais da População Indígena Segundo Setores Censitários 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, Perfis das Rendas Domiciliares e dos Responsáveis pelos Domicílios Para analisarmos os perfis de renda no município de São Vicente utilizaremos dois tipos de variáveis: a renda mensal do responsável pelo domicílio; e a renda mensal domiciliar, composta de todos os rendimentos dos moradores. Estes são importantes indicadores da capacidade de consumo das famílias. A pessoa responsável pelo domicílio é identificada pelo IBGE como homem ou mulher, de 10 anos ou mais de idade, reconhecida pelos moradores como responsável pela unidade domiciliar. No Município de São Vicente, 62% das pessoas responsáveis por domicílios com rendimento mensal de 0 a 3 salários mínimos, apresentando perfil bastante similar a maior parte dos municípios do litoral paulista analisados no presente trabalho. 19

20 Gráfico. São Vicente Distribuição Percentual das Pessoas Responsáveis Segundo Faixas de Renda Mensal 2010 Rendimento nominal mensal das Pessoas responsáveis por domicílios - São Vicente 2% 0% 8% 14% 14% Sem rendimento Até 3 S.M. Acima de 3 até 5 S.M. Acima de 5 até 10 S.M. Acima de 10 até 20 S.M. Acima de 20 S.M. 62% Fonte: Censo Demográfico IBGE, Elaboração: Instituto Polis. Dentre esses municípios, Santos se distingue por ter maiores percentuais de responsáveis por domicílios que possuem níveis mais altos de renda, conforme gráfico a seguir.

21 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Gráfico. Municípios do Litoral Paulista Distribuição Percentual das Pessoas Responsáveis Segundo Faixas de Renda Mensal 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, Elaboração: Instituto Polis. 21

22 Com o objetivo de observar a distribuição espacial dos domicílios e dos responsáveis domiciliares segundo os níveis de renda, somamos o valor do rendimento nominal mensal de todos os responsáveis pelos domicílios em cada setor censitário. O resultado foi dividido pelo número total de responsáveis pelo domicílio do próprio setor. Com isso se obteve o rendimento médio dos responsáveis pelos domicílios segundo os setores censitários. A espacialização desse indicador segundo diferentes faixas de renda (conforme mapa abaixo) permite visualizar as desigualdades socioespaciais existentes em São Vicente. Verificamos maior presença de responsáveis domiciliares com os maiores níveis de rendimento na orla marítima, Gonzaguinha, Jd. Independência e Vila Melo onde boa parte dos setores censitários possuem renda entre R$ 1.866,00 e R$ 6.220,00. Já a população de média renda se concentra espalhada em vários pontos do território, em setores censitários onde a renda média dos responsáveis domiciliares fica entre R$ 622,00 e R$ 1.866,00. Interessante observar que os setores onde esse indicador fica abaixo de R$ 622,00 estão ao redor da Rodovia Padre Manuel da Nóbrega (SP-055). Mapa. São Vicente Rendimentos Nominais Médios dos Responsáveis pelos Domicílios Segundo Setores Censitários R$ Conforme mapa abaixo, somente Boa Vista e Vila Melo possuem setores censitários onde o percentual de responsáveis domiciliares com renda maior do que 10 salários mínimos fica entre 15 e 30%, os maiores do município.

23 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa. São Vicente Percentuais de Responsáveis por Domicílios com Rendimento Nominal Mensal Acima de 10 Salários Mínimos Segundo Setores Censitários 2010 Já os responsáveis por domicílios sem rendimento estão concentrados no Parque Continental, Vila Nova Mariana e em setores dispersos no município, conforme pode ser visto no mapa abaixo. 23

24 Mapa. São Vicente Percentuais de Responsáveis por Domicílios Sem Rendimentos Segundo Setores Censitários 2010 Como visto anteriormente, 62% dos responsáveis por domicílios de São Vicente possuem renda até 3 s.m. Este grupo social se distribui em praticamente todo o território municipal.

25 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa.São Vicente Distribuição, Segundo Setores Censitários, do percentual de concentração da pessoa responsável com rendimento nominal mensal de até 3 Salários Mínimos 2010 Outra importante variável de rendimento observada é a renda domiciliar que corresponde à somatória da renda individual dos moradores de um mesmo domicílio. Como dito antes, este indicador tem relação com a capacidade de consumo da família e deve ser considerado para a definição de critérios para a formulação e implementação de diversas políticas públicas, especialmente no setor habitacional. Foram adotadas as faixas de renda utilizadas pelo IBGE nas tabulações realizadas.desse modo, foram consideradas as seguintes faixas: sem rendimentos, de 0 a 2s.m.; mais de 2 a 5 s.m.; mais de 5 a 10 s. m. e mais de 10 s.m.o município de São Vicente possui 28% dos domicílios com renda até 2 salários mínimos, 42% dos domicílios com renda entre 2 e 5 salários mínimos e 20% com renda domiciliar entre 5 e 10 salários mínimos. 25

26 Gráfico. São Vicente Distribuição Percentual dos Domicílios Segundo Faixas de Renda Domiciliar Mensal 2010 Rendimento mensal domiciliar São Vicente 4% 20% 6% 42% 28% % sem rendimento % até 2SM % mais de 2 a 5 SM % mais de 5 a 10 % mais de 10 SM Fonte: Censo Demográfico IBGE, Domicílios de Uso Ocasional Segundo dados censitários do IBGE, o Município de São Vicente passou de domicílios em 2000 para domicílios em 2010, acompanhando o crescimento populacional ocorrido neste mesmo período. Diferentemente da maior parte dos municípios do litoral paulista que se caracterizam como municípios turísticos e de veraneio, o município de São Vicente apresenta um percentual de domicílios de uso ocasional comparativamente mais baixo. Domicílio de uso ocasional é o domicílio particular permanente que serve ocasionalmente de moradia, geralmente usado para descanso nos fins de semana, férias, entre outras finalidades. De acordo com dados do Censo 2010, 9,43% dos domicílios particulares permanentes de São Vicente são de uso ocasional, apesar de ser um número expressivo, é proporcionalmente bem menor do que no restante do litoral paulista onde em alguns municípios o número de domicílios de uso ocasional chega a 60% do total de domicílios. Tabela. São Vicente - Domicílios Recenseados Segundo Condição de Ocupação 2010 Domicílios recenseados- dados 2010 Município Total recenseados Nº Nº Particular - ocupado % do total de domicílios Nº Particular - não ocupado - uso ocasional % do total de domicílios Nº Particular - não ocupado - vago % do total de domicílios Nº Coletivos % do total de domicílios São Vicente - SP ,62% ,43% ,32% 774 0,63% Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010.

27 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Gráfico. São Vicente Distribuição Percentual dos Domicílios Recenseados Segundo Condição de Ocupação Domicílios recenseados São Vicente vago; 7,32% coletivo ; 0,63% ocasional; 9,43% ocupado; 82,62% Fonte: Censo Demográfico IBGE, Elaboração: Instituto Polis Entre 2000 e 2010, o crescimento dos domicílios de permanente em São Vicente cresceu 14%, enquanto o domicílios de uso ocasional diminuiu indicando fixação crescente de moradores no município. Tabela. Municípios do Litoral Paulista Variação no Percentual de Domicílios Particulares Permanentes Ocupados, de Uso Ocasional e Vagos Municípios Crescimento (%) entre os anos de 2000 e 2010 Domicílios ocupados permanentes Domicílios de uso ocasional Domicílios não ocupados vagos Bertioga - SP 13,05% 27,18% 1,72% Caraguatatuba - SP 15,00% 4,80% -0,23% Cubatão - SP 16,76% -0,24% -2,15% Guarujá - SP 9,15% 0,99% -1,52% Ilhabela - SP 22,32% 6,72% 4,15% Itanhaém - SP 11,44% 12,07% 0,63% Mongaguá - SP 11,32% 9,91% -0,47% Peruíbe - SP 11,92% 6,69% 1,49% Praia Grande - SP 14,29% 5,82% -0,10% Santos - SP 7,54% -0,42% -2,76% São Sebastião - SP 16,99% 6,69% 0,17% São Vicente - SP 14,76% -2,31% -2,39% 27

28 Ubatuba - SP 11,25% 10,07% 1,62% Fonte: Censos Demográficos IBGE, 2000 e Em São Vicente, a maior parte dos domicílios são de uso permanente, servindo à população moradora. Os domicílios de uso ocasional estão concentrados nos setores censitários mais próximos à orla marítima. Nesses setores censitários, entre 25% e 75% dos domicílios são de uso ocasional. Mapa. São Vicente Distribuição dos Percentuais dos Domicílios Particulares Permanentes Ocupados Segundo Setores Censitários 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010.

29 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa. São Vicente Distribuição Percentual dos Domicílios de Uso Ocasional Segundo Setores Censitários 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, Em relação ao tipo de domicílio, ou seja, se são casas ou apartamentos, o Censo 2010 classifica somente os domicílios particulares permanentes ocupados. Vale dizer que os domicílios particulares permanentes de uso ocasional, correspondentes a 9% do total de domicílios de São Vicente, não são computados nessa classificação. O município apresenta residências predominantemente horizontais, com mais de 75% dos domicílios ocupados classificados como casa e 22% classificados como apartamentos. Os apartamentos estão predominantemente concentrados nos setores censitários próximos as faixas litorâneas. 29

30 Gráfico. São Vicente Distribuição Percentual dos Domicílios Particulares Permanentes Ocupados Segundo Tipo (Casa, Casa de Vila ou de Condomínio, Apartamento) % São Vicente tipo de domicílio 22% Casa 1% Casa de vila ou em condomínio Apartamento 76% Habitação em casa de cômodos, cortiço ou cabeça de porco Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010.

31 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Figura. São Vicente Distribuição Percentual dos Domicílios Particulares Permanentes com Residentes Fixos do Tipo Apartamento Segundo Setores Censitários 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE,

32 Figura. São Vicente Distribuição Percentual dos Domicílios Particulares Permanentes com Residentes Fixos do Tipo Casa Segundo Setores Censitários 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, Caracterização da População Flutuante Dentre as diversas formas de turismo, a modalidade balneária é um dos segmentos mais significativos da economia regional, contribuindo efetivamente para o crescimento do setor terciário. No entanto, há um grave desequilíbrio provocado pela adoção, ao longo do século XX, de um modelo de turismo baseado na sazonalidade, e na criação de um significativo parque de residências de veraneio, em diversas cidades litorâneas de São Paulo. O município de São Vicente, diferentemente da maior parte dos municípios do litoral paulista, não possui o turismo balneário como um importante segmento da economia local, mas beneficia-se indiretamente da atividade turística, especialmente de curta duração. Para o município, o reduzido número de domicílios de uso ocasional é positivo, pois este modelo de turismo baseado na sazonalidade associado com a criação de um significativo parque de residências de veraneio provoca um grave desiquilíbrio na infraestutrura municipal e regional. A modalidade de turismo denominada de segunda residência traz enormes inconvenientes e desafios. Na região da Baixada Santista, a modalidade turística baseada em meios de hospedagem é menos importante do que o turismo baseado na comercialização de unidades habitacionais. Este segundo tipo de turismo demanda a implantação de infraestrutura urbana para atender os picos das temporadas de veraneio, deixando-a ociosa grande parte do ano. Assim, os sistemas de saneamento básico, de fornecimento de energia elétrica, de transportes e trânsito, além de serviços de saúde e do terciário, devem estar dimensionados de forma a atender população muito superior à residente. Esta dinâmica, historicamente, sempre implicou em investimentos estatais necessários ao atendimento desta demanda, os quais sempre foram realizados em nível insuficiente, produzindo significativo passivo socioambiental.

33 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 De acordo com os dados do Censo 2010, em São Vicente cerca de 9% dos domicílios existentes no município são de uso ocasional, ou seja, são os domicílios que abrigam parte da população flutuante que frequenta a cidade. Este número é reduzido se comparado à outros municípios do litoral paulista. A população flutuante vem reduzindo seus impactos nos municípios da ilha de São Vicente há várias décadas, como demonstra o gráfico e o mapa abaixo, tanto em Santos, como em São Vicente, a proporção da população flutuante com relação a fixa é muito inferior do que nos demais municípios analisados. Em São Vicente, segundo o mencionado gráfico, a população flutuante é cerca de 14,0% da população total. Gráfico. Municípios do litoral paulista: Aumento populacional baseado nas contagens populacionais oficiais de 2002 e Fonte: IBGE apud Relatório Qualidade das Praias Litorâneas no Estado de São Paulo 2011 (CETESB, 2012, p.18). 33

34 Mapa. Municípios do litoral paulista: População fixa e flutuante para o ano de Fonte: Relatório Qualidade das Praias Litorâneas no Estado de São Paulo 2011 (CETESB, 2012, p.21). A população total (população residente + população flutuante no verão) de São Vicente Insular é estipulada em pessoas.a população residente corresponde a aproximadamente 86% e. a população flutuante corresponde a aproximadamente 14% da população total do município, numa proporção um pouco maior em relação aos domicílios de uso ocasional que correspondem a 13% do total de domicílios estimados. Quadro - Resumo do Número de habitantes e de Domicílios da Região Centro da RMBS (2010) LOCALIDADE POPULAÇÃO (hab) RESI- DENTE FLUTUANTE (INCREMENTAL) VERÃO PICO NÚMERO DE DOMICÍLIOS PERMA- NENTES USO OCA- SIONAL FECHA- DOS VAGOS TOTAL São Vicente Insular S. Vicente Continental* Santos Cubatão TOTAL *para a Sabesp São Vicente continental faz parte da Região Sul da Baixada, no entanto agregamos a informação para análise municipal neste relatório. Fonte: SABESP. Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Centro. São Paulo: SABESP, 2011, 88 p. O estudo da evolução populacional realizada para São Vicente, no âmbito dos estudos do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de São Vicente (DAEE, 2010), apresenta projeções da população fixa e flutuante para este município. Esta projeção foi realizada em conjunto com a dos outros municípios da Baixada Santista através de diferentes técnicas, antes da elaboração do Censo Demográfico 2010.

35 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 O referido estudo estipulou três cenários de evolução para o crescimento populacional: o cenário 1 inercial - onde a evolução acompanha os dados do Censo; o cenário 2 dinâmico - considera a atratividade populacional em função dos investimentos previstos na região e; cenário 3 que considera o cenário 2 incluindo a implementação do porto Brasil em Peruíbe. Na projeção denominada Inercial, os saldos migratórios aumentavam ligeiramente entre 2005 e Conforme o estudo, esta seria a projeção recomendada para a avaliação dos investimentos em melhorias e ampliação dos sistemas de saneamento básico, caso não estivesse a região sujeita a uma série de investimentos que atraem população, além de sua vocação turística por excelência devido à proximidade da RMSP e de pertencer ao Estado de São Paulo, que tem grande contingente populacional com renda crescente. Na projeção denominada Dinâmica, considerada a mais provável pelo referido trabalho, os saldos migratórios Segundo o mesmo estudo (DAEE, 2010, p.34), a ênfase nessa análise recaiu sobre as variáveis e fatores que afetam os movimentos migratórios, pois esse é o componente mais importante para entender a dinâmica demográfica brasileira. A razão principal reside no fato de que as taxas de fecundidade e de mortalidade baixaram significativamente nos últimos anos e apresentam tendência nítida à estabilização e à homogeneização. Assim, restaria à migração a explicação das maiores mudanças na dinâmica populacional futura dos municípios do país e, especificamente, da Baixada Santista. O referido trabalho, baseado nos estudos acima mencionados, apresenta o gráfico abaixo, que mostra a projeção para o município de São Vicente em diferentes cenários. 35

36 Gráfico. São Vicente segundo diferentes projeções de 1980 a Fonte: SABESP (2011) apud RELATÓRIO R4 - PROPOSTA DO PLANO MUNICIPAL INTEGRADO DE SANEAMENTO BÁSICO - São Vicente (DAEE, 2010, p.37). Optou-se por adotar a projeção dinâmica (Cenário 2) por ser considerada como mais representativa da provável evolução populacional da RMBS. Considerando que as projeções foram realizadas até o ano de 2030, as mesmas foram avaliadas para o ano de 2039 de forma a alcançar o período de planejamento de 30 anos do Plano Integrado de Saneamento, conforme apresentado na tabela a seguir, para o caso de São Vicente.

37 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Tabela. São Vicente: Projeção populacional completa. Ano População Domicílios residente flutuante total ocupados ocasionais total Fonte: Concremat Engenharia e Tecnologia S/A. RELATÓRIO R4 - PROPOSTA DO PLANO MUNICIPAL INTEGRADO DE SANEAMENTO BÁSICO - São Vicente 37

38 Observa-se que a projeção acima apresentada superestimou a população residente, que segundo o Censo Demográfico de 2010 era de habitantes, enquanto o estudo apresentou população de habitantes. Segundo esta projeção, a população residente cresceria em 27% até 2039, enquanto a população flutuante decresceria 23% no mesmo período, resultando num acréscimo populacional total de 21% até INSTITUCIONALIDADE E DINÂMICA SOCIOPOLÍTICA 4.1. Relações sociopolíticas em São Vicente O mapeamento das organizações da sociedade civil de São Vicente identificou 90 organizações civis, das quais 09 foram entrevistadas (em maio e junho de 2012), 20 pessoas de 08 diferentes organizações estiveram presentes na oficina que ocorreu em 13 de junho de Dentre elas encontram-se sindicatos, ONGs e Institutos, associações de moradores de bairro e entidades representativas de categorias profissionais. Destaca-se também a participação no seminário São Vicente 500 anos amanhã e no lançamento do Programa Democrático Orçamentário (projeto equivalente ao Orçamento Participativo na região), o que proporcionou uma gama importante de informações sobre o município e a participação da sociedade civil. Além disso, foram levantados dados publicados sobre os conselhos municipais e a consocial. Portanto, é com base nas conversas, entrevistas, informações públicas disponíveis e debates estabelecidos junto a essa gama de atores que fazemos as ponderações e análises a respeito da sociedade civil organizada de São Vicente A organização da Sociedade Civil Por muito tempo São Vicente foi considerada uma cidade dormitório para trabalhadores que trabalham em outros municípios da Baixada Santista, especialmente Santos e Cubatão. O custo da terra mais baixo do que na vizinha Santos e espaço para crescimento na parte continental do município, contribuiu com o processo de ocupação e adensamento de muitos bairros. A parte continental, onde se encontram as ocupações mais recentes, impulsionados também pela construção de uma ponte ligando a parte insular com a parte continental do município, é onde se encontram bairros mais carentes e desprovidos de infraestrutura urbana. A organização da sociedade civil no município acompanha o processo de crescimento da cidade. Encontram-se organizações espraiadas em todo território insular e continental do município, porém segundo avaliação de entrevistados de entidades da sociedade civil, é na parte continental onde se encontram as organizações de bairros mais atuantes em torno às demandas por infraestrutura e políticas públicas para buscar melhores condições de vida. A área continental é mais unida... porque lá é mais carente, sabe? Precisam de mais coisa, então, eles se unem... eles vão em peso [em reuniões e audiências]. A partir das entrevistas realizadas podemos constatar que o universo das organizações da sociedade civil atuante na cidade é composto principalmente por associações de moradores, ONGs e entidades de classe. Um dos entrevistados da a entender que tem ONGs Organizações não governamentais que atuam com temáticas bastante diferenciadas na cidade. ONG tem, ONG tem. Inclusive, nosso Secretário (Secretário do Governo Municipal) tem uma ONG... tem várias ONGs... a área Continental, mesmo, tem ONG que cuida dos animais de rua... mas tem. Em geral a organização das entidades gira em torno à questões e temáticas vinculados a melhores condições de vida nos bairros e os interesses dos respectivos segmentos que representam. Principalmente as organizações de

39 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 bairro se mobilizam em torno às questões mais imediatas e urgentes que afetam a vida da população nos bairros, buscando efetivar conquistas de infraestrutura, equipamentos e políticas sociais. Diagnóstico Sócio-Ambiental realizado pela Petrobras em 2012, em São Vicente, confirma esta organização nas comunidades mais carentes da cidade em torno as questões cotidianas que desafiam as comunidades. Apontam algumas dificuldades nesta organização, entre elas a forte presença do tráfico de drogas presente nas comunidades e que interfere na dinâmica organizativa em algumas comunidades Nós já viemos de uma batalha... Em 2000, compramos a briga... Queríamos pleitear 15 anos de quitação também (do conjunto habitacional), como no Rio de Janeiro, e não 25 anos (de financiamento). Não quero me gabar, não, mas a gente é um bairro que briga muito. No Japuí, é uma Sociedade de Melhoramentos que não briga muito... A gente acaba trazendo melhorias para cá, mas para lá também. Trabalhamos muito com a questão do transporte coletivo. Aquela rua do Cuca [supermercado] não existia. Em relação à organização e participação política, existe uma associação de bairro que se reúne semanalmente para tomar algumas decisões que envolvem a coletividade. É notável, porém, que há uma intensa organização do tráfico de drogas no Dique do Pissarro e esta atividade influencia bastante nas tomadas de decisões coletivas. (Petrobras/Walm) As entrevistas revelam que várias organizações de bairro tem um caráter de luta por direitos. Na busca por efetivar os direitos da população local articulam-se com outras organizações e diversos outros atores, públicos e privados, que interagem na cidade. Em geral são articulações em torno às questões urgentes que afetam a vida das pessoas nos bairros onde se localizam as associações. Às vezes em questões mais amplas e coletivas, se articulam com outras associações e instituições do município. Constatamos que algumas organizações encaminham ao Ministério Público as suas demandas, para garanti-las no âmbito do judiciário, quando se esgotam outras possibilidades de efetivá-las. Quando necessário... quer dizer, quando a briga é coletiva... aí, sim [mantêm relação com outras sociedades de bairro]. A gente [outra associação de moradores de um bairro periférico] se articula com outras pessoas que pensam que nem a gente. Na área religiosa, a gente [uma associação de moradores] faz parte do Conselho da Igreja. O CAMP [Menores Patrulheiros] usa os espaços para o trabalho com os menores aspirantes.... Articulação importante que a gente [uma entidade de classe] tem é com a OAB e partidos políticos. Nós temos uma relação muito próxima com a Piracicabana [empresa de transporte intermunicipal], e também a EMTU... a gente é sempre convidado a tá participando de atividades com eles e com o Ministério Público. O Prefeito nos chamou para o gabinete e elogiou o nosso trabalho. Não temos cargo na Prefeitura, porque não queremos ter rabo preso. Pior, pra nós, é transporte... transporte é o caos... uma hora dessa, o ônibus tá lotado... é um transtorno. Eles não tomam providência. Nós vamos entrar no Ministério Público. Na relação das organizações de bairro com o poder público a tônica é a afirmação da autonomia, segundo os entrevistados. A autonomia é valorizada e aparece como uma condição importante na relação das organizações com o poder público. A afirmação da autonomia é colocada em contraposição ao clientelismo e paternalismo 39

40 que continuaria marcando muito as relações de entidades e associações com gestores públicos e parlamentares na cidade. A interferência de políticos em organizações de bairro aparece também no relatório da Petrobras/Walm, sinalizando para uma prática que parece bastante comum na cidade. Nós não temos recursos. Nem de outra ONG, nem de Prefeitura... é nosso trabalho... até como opção nossa... para manter a autonomia. Nós já tivemos muito mais importância aqui... antes de surgirem as regionais, né? O nome antes era Sociedade de Melhoramentos... Era tudo via Sociedade de Melhoramentos... e quando veio as regionais, no caso, foi tentando tirar um pouco a nossa autonomia.... A gente se articula com outras pessoas que pensam que nem a gente. A gente é a única Sociedade de Bairro que não recebe dinheiro da Prefeitura. Existe curral eleitoral, usando a distribuição de leite como favor. Proíbem bairros vizinhos de receberem o leite, mesmo que não haja tanta demanda por leite no bairro... Com relação à organização e participação política, parece haver uma rivalidade entre as lideranças associadas à Associação e lideranças ligadas à representação de políticos eleitos pela comunidade. (Relatório Petrobras realizado pela Walm) Com relação à organização e participação política, há uma liderança representada por um vereador local, mas a pessoa contatada alegou que não reconhece sua representatividade em relação aos interesses comuns do bairro. (Relatório Petrobras realizado pela Walm) A mobilização e envolvimento da população é um dos desafios apontados por entrevistados, que relatam que é difícil levar a população a participar das atividades e das lutas. A falta de cultura participativa leva as pessoas a preferir outras atividades de entretenimento à participar de reuniões. A comunidade participa mais quando há presença de autoridades públicas ou em espaços públicos de participação, como o Orçamento Participativo. Porém a falta de compromisso do poder público com as questões discutidas e a sua efetivação levaria a um desânimo na participação das pessoas das comunidades. Eu acho ela um pouco desunida [a Associação de Bairro da qual é representante]. A gente se reúne mais quando tem reuniões... quando o Secretário chama para o OP.... É difícil mobilizar a população para qualquer debate quando o horário da atividade compete com o horário da novela ou do jogo [de futebol] do Santos. A população reclama muito, mas, na hora de participar, não participa. Eles falam: Ah, mas vai adiantar alguma coisa? Adianta, vai lá, porque adianta! Não adianta ficar falando pro seu vizinho!. Eu acho ela um pouco desunida [a Associação de Bairro da qual é representante]. A gente se reúne mais quando tem reuniões... quando o Secretário chama para o OP.... É que o desenvolvimento passa pela mão de políticos, infelizmente, aí você perde um pouco a esperança... [No sentido de que sentem falta de um compromisso maior por parte do poder público em dar um retorno adequado à população sobre as questões levantadas, eventualmente]. Tá faltando interesse dos políticos para entrar em contato e fazer coisas.... A colônia de pescadores é provavelmente uma das organizações mais antigas de São Vicente. Os associados à Colônia até pouco tempo atrás tinha mais de pescadores. Atualmente estimam um pouco mais de 500 pescadores. Todos os aposentados tiveram a suas licenças de pesca cancelados e portanto não podem mais fazer parte de Colônia de Pesca. Ela, porém atende os pescadores de outros municípios, especialmente do Município de Praia Grande. Suas atividades são voltadas principalmente em atender as demandas burocráticas dos seus associados e de realização de cursos e atividades festivas. Porém a colônia é único instrumento de organização dos pescadores artesanais, que geralmente exercem a sua atividade de maneira bem dispersa e isoladamente. Eles têm pouca organização em torno às questões de infraestrutura para a pesca, assim como para a comercialização do pescado.

41 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Os pescadores se ressentem da falta de apoio a sua atividade, principalmente em estrutura que possam facilitar a sua atividade e para comercialização do pescado. Assim como nos municípios de Santos e Guarujá, os pescadores avaliam que as atividades portuárias, especialmente de dragagem do canal, vem impactando negativamente a atividade da pesca. Dizem que progressivamente tem diminuído o pescado no litoral do município. Ainda que a atividade da pesca se constitua em fonte de renda para muitas pessoas, é uma atividade em decadência (ver relatório da Petrobras realizado pela Walm sobre os pescadores artesanais em São Vicente). Mesmo assim se constitui em fonte de renda para muitas famílias Os Espaços de Gestão Participativa a. Legislação Municipal A Lei Orgânica de São Vicente assegura a participação da coletividade no exercício das competências municipais (art. 4º). Já o Plano Diretor (Lei Complementar nº 270 de 1999) estabelece como diretrizes Político Econômicas do Município o incentivo à participação comunitária nos processos decisórios, garantindo o exercício da cidadania, e o apoio e incentivo aos Conselhos representativos da comunidade (art. 3º, incisos I e IV). Estão previstos instrumentos tais como o referendo e o plebiscito, que deverão ser autorizado e convocado, respectivamente, de forma privativa pela Câmara Municipal (art. 10, inciso XIV da LOM). A iniciativa popular de projeto de lei é autorizada para emendas à Lei Orgânica, leis complementares e leis ordinárias. Nestas duas últimas, é assegurada a defesa da propositura por representante da comunidade perante as comissões nas quais tramitar (art. 54, inciso I, LOM). Nas três hipóteses deve haver subscrição de, no mínimo, 5% do eleitorado do município (art. 53; 49, inciso III; e 54, inciso I, LOM), e deve constar a identificação dos subscritores, com número do respectivo título eleitoral, para que sejam recebidas (art. 49, inciso I, alínea a, LOM). A Lei Orgânica de São Vicente pode ser emendada por iniciativa do prefeito ou de três terços, no mínimo, dos membros da Câmara. Sempre a proposta deverá ser discutida e votada em dois turnos, com intervalo mínimo de 10 dias (art. 49, caput, incisos I e II, e 1 ). As Leis Complementares, por sua vez, tem por objeto as seguintes matérias (art. 51): I - o Código Tributário do Município; II - o Código de Obras ou de Edificações; III - o Código de Posturas; IV - o zoneamento urbano e direitos suplementares de uso e ocupação do solo; V - o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado; VI - o Estatuto dos Servidores Municipais; VII - o Regime Jurídico Único dos Servidores Municipais; VIII - a Procuradoria-Geral do Município; IX - a Guarda Municipal; 41

42 X - a criação de cargos, funções ou empregos públicos e aumento de vencimento dos servidores; XI - atribuições do vice-prefeito; XII - concessão de serviços públicos; XIII - concessão de direito real de uso; XIV - alienação de bens imóveis; XV - aquisição de bens imóveis por doação com encargos; XVI - autorização para efetuar empréstimo em instituição particular; XVII - infrações político-administrativas; XVIII - ordenação e disciplina do controle de obras. A Lei Orgânica restringe as matérias que podem ser objeto de iniciativa popular ao determinar que esta não trate de matérias de iniciativa exclusiva 1 (art. 54, inciso IV). Tal dispositivo afronta a Constituição Federal, que não limitou as matérias que podem ser objeto de iniciativa popular, em respeito ao princípio da democracia participativa, soberania popular, cidadania e pleno exercício dos direitos políticos. Além dessas formas, o exercício da soberania popular poderá se dar por meio do requerimento de 5% do eleitorado à Câmara para realização de referendo sobre lei. Ou, ao Juízo Eleitoral da Comarca, para realização de plebiscito, ouvida a Câmara. Tais consultas populares deverão ser providenciadas no prazo de 60 dias pelo Juizado Eleitoral da Comarca (art. 49, incisos II, III e V). Também está prevista a consulta popular, a ser realizada pelo Prefeito, para decidir sobre assuntos de interesse específico do Município, e cujas medidas deverão ser tomadas diretamente pela Administração Pública, como decisão sobre a questão proposta, no prazo de 90 dias (art. 87 e 90). Tal consulta será realizada sempre que dois terços dos membros da Câmara ou 10% do eleitorado (com identificação do título eleitoral) o requererem (art. 88). A votação será organizada pelo Poder Executivo no prazo de dois meses após a proposição ter sido apresentada, adotando-se cédulas com as palavras Não e Sim para indicar rejeição ou aprovação da proposição. Restará aprovada quando o resultado favorável se der pelo voto da maioria dos eleitores que comparecerem às urnas, desde que estes representem pelo menos 50% do eleitorado. Tais consultas não podem ser realizadas nos quatro meses que antecedem as eleições de qualquer um dos níveis de governo (art. 89). Tais disposições vão de acordo com a determinação do art. 347 da Lei Orgânica que estabelece que cabe ao Município consultar a opinião pública, sempre que o interesse público assim o exigir, divulgando os projetos de lei com a devida antecedência para recebimento de sugestões. Além do papel que lhe cabe na facilitação da divulgação de medidas administrativas de interesse da coletividade. No âmbito da Câmara de Vereadores, a população pode participar por meio das Comissões Permanentes, que possuem competência para realizar audiências públicas e receber petições, reclamações ou representações de qualquer pessoa contra atos ou omissões de autoridades ou entidades públicas (art. 36, incisos IV e V). As sessões da Câmara serão públicas como regra geral (art. 41 da LOM). Por fim, no que tange o controle externo na fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Município, qualquer cidadão, partido político, associação ou entidade sindical é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ao Tribunal de Contas do Estado ou à Câmara de Vereadores (art. 71, 2 ). 1 As leis de iniciativa exclusiva do prefeito estão previstas pelo Artigo 52, incisos da Lei Orgânica (I - criação, extinção ou transformação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica, bem como fixação e reajuste da respectiva remuneração; II - criação, estruturação e atribuições das Secretarias Municipais e órgãos da administração pública municipal; III - regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria dos servidores; IV - orçamento anual, diretrizes orçamentárias e plano plurianual; V - autorização de abertura de créditos ou concessão de auxílios, prêmios e subvenções). E as da Câmara pelo Artigo 10.

43 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Quanto à participação popular no processo de planejamento municipal, a Lei Orgânica garante a participação de representantes da sociedade civil nos debates sobre os problemas locais e alternativas para seu enfrentamento (art. 199). A democracia e transparência no acesso às informações disponíveis são diretrizes do planejamento de São Vicente (art. 200) e a busca, por todos os meios possíveis, da cooperação das associações representativas (arts. 204 e 205). A política de desenvolvimento urbano será executada com a realização de consultas e audiências públicas com entidades organizadas (art. 219, caput da LOM). A participação no estudo e elaboração de projetos e planos, inclusive o Plano Diretor, restringe-se às entidades interessadas e juridicamente constituídas (art. 220, inciso V) o que pode eventualmente limitar a participação popular cuja organização é muitas vezes mais espontânea e informal. A política municipal de habitação especificamente é executada por meio de um Conselho Municipal de Habitação e o Fundo Municipal de Habitação (Lei nº A/09). O referido conselho é composto por 14 membros em proporção paritária entre representantes do Poder Público e da sociedade civil. Já o Fundo tem por finalidade propiciar o apoio ou suporte financeiro à consecução da política de habitação de interesse social do município (art. 9º), e é gerido por meio de um Conselho Gestor paritário, composto por 4 membros nomeados dentre os titulares do Conselho, devendo um deles ser o Secretário de Habitação (art. 2º, inciso IV e 10, caput e 1 ). A política de meio ambiente, por sua vez, é executada por um Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente CONSEMA (art. 280, LOM; Lei municipal nº 1.997/84; Decreto municipal nº 3.334/85), ao qual cabe a preservação, conservação, defesa, recuperação e melhoria do meio ambiente natural em harmonia com o desenvolvimento urbano, social e econômico (art. 274, LOM). O CONSEMA está subordinado ao Prefeito (art. 1º, 1 ) e é composto por 22 membros, sendo 10 representantes do Poder Executivo, 1 do Poder Legislativo e 11 da sociedade civil (art. 3º). O CONSEMA deve gerir um fundo ao qual se destinam os recursos oriundos de multas administrativas e condenações judiciais por ato lesivo ao meio ambiente, e das taxas incidentes sobre a utilização dos recursos ambientais (art. 284, LOM). No âmbito da cultura, prevê a Lei Orgânica a existência do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de São Vicente, órgão colegiado e deliberativo, ligado à Secretaria de Cultura, composto por representantes do Poder Público, entidades preservacionistas e sociedade civil. Cabe ao conselho, a deliberação sobre o tombamento de bens materiais e imateriais, a adoção de medidas necessárias para que se produzam os efeitos do tombamento, e a pesquisa, identificação, proteção e valorização do patrimônio cultural do município (art. 342, LOM; Lei municipal nº A/05). Sua composição é de 19 membros, dos quais 11 representam Governo, e 8 a Sociedade Civil (art. 3º, caput e incisos). Estabelece, ademais, o Plano Diretor, em seu artigo 7º, inciso VI, dentre as diretrizes sociais do município o estímulo e promoção à participação da população nos eventos culturais do Município, dentro de uma perspectiva democrática, assim como integrá-la à história do município, preservando seu patrimônio histórico-cultural e enaltecendo as origens da cidade e de seus habitantes. Foram criados ainda diversos outros conselhos gestores de políticas públicas pela legislação municipal de São Vicente:o Conselho Municipal Antidrogas (Lei nº 56-A de 1991, com alterações), da Pessoa Portadora de Deficiência (Lei nº 282-A de 1994), do Idoso (Lei nº 274-A de 1994, com alterações), de Turismo (Lei nº 69-A de 1998, com alterações), dos Direitos da Mulher (Lei nº A de 2005, com alterações), de Segurança Alimentar e Nutricional COMSEA (Lei nº A de 2005, com alterações), de Juventude (Lei nº A de 2006, com alterações), de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação FUNDEB (Lei nº A de 2007, com alterações), de 43

44 Assistência Social (Lei nº A de 2010), de Promoção da Igualdade Social (Lei nº A de 2011) e Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente. Por fim, vale notar que o Município está autorizado a participar do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Decreto estadual nº Decreto estadual nº /96; art. 255, LOM) b.Espaços de Gestão Participativa e seus Desafios De maneira geral os espaços de gestão participativa tendem a ser valorizados pela sociedade civil e fazem parte da agenda política municipal. Algumas dimensões importantes para o funcionamento dos espaços participativos relacionam-se com a transparência na gestão administrativa, a constituição de canais de comunicação do Poder Público com a sociedade e a criação de instrumentos para publicizar e divulgar as ações e decisões relativas à gestão pública, ao uso dos recursos públicos e à participação da sociedade nos espaços de controle social. O principal canal de comunicação de que dispõe a Prefeitura de São Vicente é o seu site, atualizado constantemente com notícias de ações do governo e munido de mecanismos de busca de informações a respeito dos órgãos que compõem o Poder Executivo, dados gerais sobre a cidade e sobre a prestação de serviços públicos básicos. No que tange a disponibilização de informações sobre os espaços de gestão participativa existentes no município, há links que dizem respeito a alguns fundos municipais 2, ao Programa Democrático Orçamentário 3 (equivalente ao Orçamento Participativo) e a indicadores do desenvolvimento da gestão 4. Apesar de nem sempre apresentarem conteúdos consistentes, esses canais conseguem cumprir parte do papel de interação com a sociedade. Tais instrumentos e mecanismos de transparência e informação ainda carecem de aperfeiçoamento no município, segundo avaliação das organizações da sociedade civil no âmbito da Consocial Conferencia sobre transparência e Controle Social, realizada nos dias 24 e 25 de fevereiro em A 1º Conferência sobre Transparência e Controle Social (CONSOCIAL) do município, teve como objetivo principal promover a transparência pública e estimular a participação da sociedade no acompanhamento e controle da gestão pública, contribuindo para o aprimoramento do controle social. Tendo como tema central "A Sociedade no Acompanhamento e Controle da Gestão Pública", a conferência promoveu uma série de debates que tiveram como base os 4 eixos temáticos definidos pela Comissão Organizadora Nacional, os quais trataram: 1. Da promoção da transparência pública e acesso à informação e dados públicos; 2. Dos mecanismos de controle social, engajamento e capacitação da sociedade para o controle da gestão pública; 3. Da atuação dos conselhos de políticas públicas como instâncias de controle; 4. Das diretrizes para a prevenção e o combate à corrupção. As propostas decorrentes do debate sobre os temas propostos por cada eixo foram hierarquizadas pelo plenário da conferência segundo uma ordem de prioridade, ficando estabelecida a seguinte listagem: EIXO 1 Promoção da transparência pública e acesso à informação e dados públicos; Seminário das Organizações da Sociedade Civil para a capacitação, organização e criação de fórum permanente; Prioridade: 1. Realização do Censo das Organizações da Sociedade Civil no Município e Estado; Prioridade: 5 Ter no site Portal da Transparência, uma ferramenta de busca por assunto, com informações mais acessíveis e implementação do software de acessibilidade; Prioridade: 6 2 Ver: 3 Ver: 4 Ver: e

45 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 EIXO 2 EIXO 3 Mecanismos de controle social, engajamento e capacitação da sociedade para o controle da gestão pública; Participação popular nos orçamentos públicos; Introdução de instrumentos para a população discutir o Orçamento (Municipal, Estadual e Federal); Prioridade: 2 Regulamentação das ouvidorias; Ouvidoria independente do governo, preservando o sigilo do cidadão e das informações, garantindo acesso por telefone, internet, e divulgar amplamente os órgãos de controle social. Prazos estipulados para retorno das informações; Prioridade: 7 Matérias curriculares: Controle e Participação Social, Funcionamento político do Estado, através da inclusão no Projeto Político Pedagógico das secretarias de educação, dos mecanismos de controle social; Acessibilidade da informação: Ampliar e reformular as ferramentas tecnológicas de informação e interatividade da população com o poder público por meio de mecanismos de consulta para o cidadão acessar: Processos diversos, requerimentos, e as contas públicas; Prioridade: 9 Criação de Diário Oficial municipal: Dar publicidade a todos os atos administrativos, em versão impressa e eletrônica. Prioridade: 10 Capacitação da população de gestores públicos. Prioridade: 11 EIXO 4 A atuação dos conselhos de políticas públicas como instâncias de controle; Integrar conselhos e secretarias, garantindo a transversalidade e a interdisciplinaridade de políticas públicas, bem como da atuação dos conselhos; Prioridade: 3 Ampliar a participação da sociedade civil na composição do conselho através do princípio da disparidade positiva; Prioridade: 12 Garantir a participação da sociedade civil através do reconhecimento do interesse público da função e garantir a estrutura física, financeira e administrativa necessárias ao regular funcionamento do conselho, como a dispensa laboral para a participação, pagamento das despesas de participação, estabilidade provisória no emprego e outras; Prioridade: 13 Ampliar a oferta de processos formativos e informativos sobre a gestão pública objetivando a popularização de seus códigos e mecanismos e estimulando a participação nos conselhos, conferências e demais espaços de articulação de políticas públicas; Prioridade: 14 Fiscalizar a destinação de recursos públicos (municipais, estaduais e federais) somente mediante deliberação dos conselhos e afins. Prioridade: 15 Fiscalização e acompanhamento efetivo no repasse e aplicação dos recursos públicos destinados às Organizações da Sociedade Civil e melhor qualificação dos gestores comunitários e recursos humanos; Prioridade: 4 45

46 Mobilização, Educação e formação política dos cidadãos através de programas de capacitação e formação. Consulta Popular sobre os atos do governo municipal. Aumento de publicidade e divulgação de atos públicos. Garantir um disk denúncia nacional e atuante contra a corrupção. Pesquisa para estimar o dinheiro que ser perde com atos de corrupção; Prioridade: 16 Mobilização social (iniciativa popular) para criar Leis nas 3 esferas, que obriguem o Poder Público a informar para os Conselhos as verbas destinadas, e dar publicidade geral à sociedade; Prioridade: 17. Cumprir as Leis existentes e fazer com que as condutas corruptas sejam efetivamente denunciadas, investigadas e penalizadas. Prioridade: 18 Segundo representantes de entidades entrevistadas durante a realização deste diagnóstico, em São Vicente o processo de construção da CONSOCIAL foi de iniciativa da própria sociedade civil, tendo sido abraçado pelo poder público apenas mais tarde. Contudo, fazem uma boa avaliação da conferência, que contou com uma boa participação da sociedade. Foi dentro dos padrões definidos nacionalmente. Aconteceu tudo dentro do previsto. A prefeitura não ia chamar. O prefeito, vendo a mobilização, resolveu chamar. Teve bom número de participantes, umas 70 pessoas, e ainda conseguimos articular outras coisas com Santos. A esse respeito, também no canal de comunicação sobre a conferência criado no Facebook ( é possível encontrar diversas publicações e comentários acerca da forma como, a princípio, a realização da conferência teria sido negligenciada pelo poder público. Apesar do envolvimento de um grande número de organizações, alguns representantes da sociedade civil mostraram desconhecer a realização da conferência. Não, não fomos convidados para isso [Consocial]. Porque a gente recebe convite para tudo e esse a gente não recebeu. Pra nós não veio nada sobre isso. Em São Vicente, são três os espaços de gestão participativa que se destacam: os Conselhos Municipais, o espaço do Programa Democrático Orçamentário e a Agenda 21. O Programa Democrático Orçamentário PDO e os Conselhos são espaços com um funcionamento continuado. Já a Agenda 21, teve uma participação no processo de construção do Plano de Desenvolvimento Sustentável contou com a participação de organizações da sociedade civil, mas atualmente, ao que tudo indica, não há Fórum Permanente da Agenda 21 em funcionamento. A agenda encontra-se em fase de implementação das suas ações. Conselhos de Políticas Públicas Os Conselhos Municipais é um espaço de participação valorizado pelos interlocutores. Há porém, uma lacuna grande quanto à acessibilidade a informações sobre a existência, configuração e atuação dos Conselhos Municipais de São Vicente. Percebe-se que não existe um canal oficial de fácil acesso que disponibilize informações sobre os conselhos da cidade. Por outro lado, o principal - se não o único canal de divulgação das ações dos conselhos parece ser o próprio site da prefeitura de São Vicente. São poucos os conselhos que apresentam espaços próprios (blogs, facebook), autônomos à estrutura de comunicação do poder público. No total, nosso levantamento conseguiu obter dados de 14 conselhos em atividade atualmente. A tabela a seguir trata das especificidades de estruturação de cada um desses conselhos. [ver tabela dos conselhos em anexo ] O Conselho mais bem estruturado e ativo parece ser o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. É um dos mais antigos, com 14 anos de existência e o possui a maior quantidade e qualidade de informação pública sobre sua atuação. Além disso, é um dos conselhos que consegue participar do orçamento do

47 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 município, propondo planos e ações para política de atendimento aos direitos da criança e do adolescente ( Um dos entrevistados aponta que a receita do sucesso se deve ao fato do conselho gerir recursos do Fundo específico e ao comprometimento dos representantes da sociedade civil organizada. É um conselho cobiçado porque tem fundo. A gente tenta levar para os conselhos a experiência real das pessoas, de vida. Criar um tipo de encontro que não seja uma reunião de senhores. Compartilhamento de experiências. Alguns conselhos também disponibilizam canais bem estruturados e atualizados. É o caso do blog mantido pelo Conselho Municipal de Juventude, que assiduamente publica informações relevantes não só ao funcionamento do próprio órgão como também à dinâmica de organização e mobilização dos movimentos de juventude ( Outro conselho que mantém um espaço de informação atualizado é o Conselho de Promoção da Igualdade Racial, que por meio de sua página do Facebook ( SP/ ) estabelece um canal de diálogo sobre legislação, racismo, liberdade religiosa e produção intelectual no Brasil. Também o Conselho Municipal de Turismo possui um canal de comunicação bem acessível e ativo, o blog que é muito mais utilizado como meio de divulgação das iniciativas coordenadas pelo poder público, por meio da Secretaria de Turismo de São Vicente. O Conselho da Pessoa Portadora de Deficiência, junto com órgãos do poder Executivo, tem protagonismo na construção da Semana de Prevenção às Deficiências. O evento, realizado anualmente, é composto por uma série de atividades e debates públicos, que tem como objetivo alertar as mães sobre a importância dos exames preventivos em recém-nascidos. Esta parece ser a principal ação de grande alcance e publicidade empreendida pelo conselho na esfera pública. Avaliação dos conselhos feita pelos representantes da sociedade civil, apesar de valorizá-los como espaço participativo, apontam um conjunto de fragilidades no seu funcionamento. As opiniões são quase sempre muito parecidas quanto à composição desses espaços, ao funcionamento e aos limites colocados às contribuições dos representantes da sociedade. A paridade na representação entre o Poder Público e as organizações da sociedade, não tem garantido deliberações equilibradas no âmbito dos conselhos. Interlocutores indicam que em alguns conselhos falta autonomia de setores da sociedade civil em relação ao Poder Público e que tem havido tutela do governo no âmbito de alguns conselhos, o que implica em perda de sua capacidade deliberativa. Por isso estes conselhos se restringem a legitimar as políticas do governo municipal nas respectivas temáticas, principalmente aqueles conselhos que tem o caráter meramente consultivo. A não ocupação das suas cadeiras por parte do Poder Público em outros conselhos é criticada por interlocutores. Esta ausência do poder público fragiliza a capacidade de funcionamento destes espaços. Falas apontam para uma baixa prioridade política dada pelo governo para determinados conselhos, caracterizado pela não ocupação das suas cadeiras e pelo não preparo dos seus representantes. Sinalizam que os conselhos que tem fundos e mais recursos vinculados à eles são os que tem a participação mais efetiva de todos os segmentos. Alguns conselhos são apenas consultivos. Acabam servindo só para ratificar. A paridade dos conselhos nem sempre funciona para que ele funcione, pois muitos participantes da sociedade civil são cooptados pelo governo. 47

48 Conselhos onde circula mais verba têm mais participação de todos os segmentos. Alguns conselhos funcionam bem, outros nem tanto. O grande problema é a tutela do poder público. Alguns conselhos acabam se tornando muito tutelados. Muito sob a batuta do governo. Conselhos que mais servem para legitimar a política do governo do que para construção de uma política. Nos conselhos que não tem esse problema, quando ninguém do governo quer assumir, acabam sendo trocados [os lugares das secretarias] pela sociedade civil, mas aí acabam morrendo. Por exemplo, o Conselho da Igualdade Racial foi abandonado pelo governo municipal. É tocado só pela sociedade civil, não anda. Existem conselhos que nem o próprio governo está preparado para participar, onde todas as secretarias têm cadeira, mas algumas nunca chegaram a ser ocupadas. Entrevistados apontam que parte da fragilidade dos conselhos se deve à baixa qualidade da representação dos conselheiros, tanto da sociedade civil como do Poder Público. Muitos conselheiros do Poder Executivo e da sociedade civil optam por atender a interesses de grupos políticos e de parlamentares em detrimento do exercício de uma representação qualificada que efetivamente discuta, fiscalize e defina as políticas públicas necessárias para o município. Por conta disso, muitos conselhos acabam perdendo o seu sentido e se esvaziam. Muitas vezes ela [sociedade civil] não está preparada para ocupar esses espaços. Existem conselhos que nem o próprio governo está preparado para participar, onde todas as secretarias têm cadeira, mas algumas nunca chegaram a ser ocupadas. Muitas pessoas ficam escondidas pelos cargos que ocupam, estão lá para servirem a outros interesses, de políticos, de outros setores etc.. O Conselho de Assistência Social funciona para quem é vereador. As ONGs que são abertas, que fazem parte do Conselho, são ligadas a algum vereador. Ela representa os usuários. A presidente do Conselho é candidata à vereadora. O Conselho do Meio Ambiente é muito frágil. Não existem políticas claras voltadas para a questão. É uma reunião de senhores. Nada é efetivamente discutido. É uma reunião de informes. Quando há discussão política a reunião se esvazia. Não acaba servindo como espaço de articulação popular ou de pautar política publicas. O poder público tem 22 cadeiras no conselho, mas as secretarias não vão. Geralmente quem compõe o conselho ou faz parte de algum grupo político ou cargo etc. É interessante destacar a ênfase dada no eixo 3 da Consocial - 1º Conferência sobre Transparência e Controle Social, para viabilizar uma participação mais efetiva e qualificada da sociedade civil nos conselhos de políticas públicas. Além de propor uma ampliação da participação da sociedade civil na composição do conselho através do princípio da disparidade positiva, os participantes da conferência propõe que a participação da sociedade civil nos conselhos seja reconhecida como de interesse público e demandar a garantia a estrutura física, financeira e administrativa necessárias ao regular funcionamento do conselho, além de dispensa laboral para a participação e pagamento das despesas de participação. Este conjunto de recomendações indicam que a sociedade civil deseja fazer destes espaços de gestão compartilhada, instrumentos mais efetivos de intervenção nas políticas públicas. Para isso desejam também investir mais na formação e capacitação dos conselheiros para exercer o seu papel. Por isso propõe ampliar a oferta de processos formativos e informativos sobre a gestão pública objetivando a popularização de seus códigos e mecanismos e estimulando a participação nos conselhos, conferências e demais espaços de articulação de políticas públicas. Orçamento Participativo Outro espaço de construção política aberto à população é a iniciativa comumente conhecida como Orçamento Participativo. Por meio da criação de um Programa Democrático Orçamentário (PDO), São Vicente integra desde 2009 a Rede Brasileira de Orçamento Participativo. Segundo registros apresentados pela Secretaria de Planejamento e Gestão Orçamentária de São Vicente na publicação Você participa, São Vicente melhora

49 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 audiências públicas 2011/2012 do PDO ( nestes últimos dois anos, as audiências realizadas nas 13 regiões administrativas da cidade contaram com a participação de 1424 munícipes, dos quais 111 foram eleitos representantes responsáveis pela definição da aplicação de parte dos recursos do município (valor mínimo estimado foi de R$6 milhões). Em cada uma das regiões, os representantes eleitos tiveram a tarefa de apontar áreas prioritárias para a destinação do recurso orçamentário estimado. Eis os setores selecionados pelos representantes de cada região: REGIÕES Região A (Vila Margarida, Saquaré, México 70 e Esplanada dos Barreiros I) Região B (Esplanada dos Barreiros II e Parque Bitaru) Região C (Centro, Gonzaguinha, Boa Vista e Itararé) SETORES PRIORITÁRIOS PARA DESTINAÇÃO DE RECURSOS* Saúde, Educação e Lazer Saúde, Habitação, Idoso e Manutenção Urbana Turismo, Iluminação e Manutenção Urbana Região D (Náutica III e Beira Mar) Região E (Náutica, Tancredo e Pompeba) Região F (Parque São Vicente, Vila Fátima, Beira Mar II) Região G (Jóquei Clube e Sambaiatuba) Região H (Catiapoã, Vila Mello e Jardim Guassu) Região I (Vila São Jorge, Voturuá, Jardim Independência e Vila Valença) Região J (Japuí e Parque Prainha) Região K (Parque das Bandeiras, Gleba II, Vila Nova São Vicente, Vila Ema e Samaritá) Região L (Jardim Rio Branco, Jardim Irmã Dolores Quarentário e Vila Ponte Nova e Rio Negro) Pavimentação, Transporte, Iluminação e Manutenção Urbana Saúde, Lazer, Meio Ambiente e Manutenção Urbana Manutenção Urbana, Saúde e Educação Saúde, Educação e Manutenção Urbana Manutenção Urbana, Pavimentação e Transporte Saúde, Manutenção Urbana, Pavimentação e Educação Transporte, Saúde, Pavimentação e Manutenção Urbana Saúde, Pavimentação e Educação Saúde, Educação e Pavimentação 49

50 Região M (Humaitá, Parque Continental, Vila Nova Mariana, Vila Feliz e Zona Rural) Saúde, Educação e Pavimentação (* Segundo informações da prefeitura, tais propostas já foram encaminhadas para a apreciação do Legislativo - A tabela acima nos mostra uma composição de quais seriam os setores prioritários para a destinação de recursos em cada região. É importante observar que nas regiões compostas por bairros mais pobres (Regiões A, B, E, F, G, H, K, L, M), são as demandas por prestação de serviços básicos aquelas que ainda se mostram caras à população, destacando-se questões referentes a saúde, educação e pavimentação de vias. A opinião geral sobre a realização da PDO é positiva, porém há críticas quanto ao modo como o poder público conduz o registro e a sistematização do levantamento público de prioridades. Alguns dos entrevistados relatam, por exemplo, que do conjunto de propostas enviadas por cada região ao Poder Público fez-se um resumo, destacando o que seriam as prioridades. As falas dos entrevistados deixam entrever uma insatisfação com a metodologia adotada, que parece não garantir a participação da sociedade no processo de sistematização das prioridades apontadas pela sociedade (combos de propostas). As falas dão a entender que os representantes eleitos nas plenárias públicas não participaram desse processo. É bastante participativo. O pessoal vai com muita proposta, muita sugestão.... E a gente tem que acompanhar para ver se a verba está sendo aplicada mesmo.... E a gente não tinha como reverter... você tinha que escolher entre um dos combos [apontados pela Prefeitura]. Interessante foi, funciona bem. A única coisa que nós não gostamos foi isso. Foi unânime aqui. É que eles montaram [os combos de propostas] e não tinha nenhum de nós lá [para dar palpite na reta final de escolha]. Quase que teve confusão lá na Prefeitura. Mas é bom, é bom, pra ter que escutar. Foi praticamente atendido [o que eles pediram]. Agora, lá no Parque Continental, eles tinham uma reivindicação boa, queriam uma Etec, mas não foi atendido. A única Etec fica no centro. E eles estão muito longe de lá. E é muita gente, tá crescendo muito. Seminário: São Vicente 500 anos amanhã Dialogando como processo de gestão participativa sobre o orçamento inaugurado pelo PDO, em março de 2012, ano em que São Vicente completa 480 anos de fundação, a Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia, em parceria com a ONG Vitae Domini, realizou o seminário São Vicente 500 anos amanhã. Com a compreensão de que as próximas duas décadas rumo aos 500 são o momento oportuno para evoluir socialmente em parceria com os benefícios que o Pré-Sal pode trazer o seminário teve por objetivo: 1- Buscar caminhos para acompanhar e potencializar o desenvolvimento que o Pré-Sal pode proporcionar para a região, e que São Vicente não fique a margem desse progresso; 2- Incentivar a participação popular para opinar na construção de planos de crescimento sustentável na Cidade, a fim de garantir investimentos nas áreas saúde, educação, esporte, cultura, transporte, habitação, lazer, turismo, saneamento, infra estrutura e preservação ambiental; 3- Produzir uma carta representativa ao futuro com as intenções da população para ser aberta no aniversário da Cidade em Nesse documento estará registrado o comprometimento de todos na continuidade dos programas, planos, projetos e políticas que serão adotadas na cidade, e com isso, o Município esteja preparado para o desenvolvimento sustentável da Baixada Santista.

51 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE Fomentar a relação intersetorial da administração pública para o projeto anos; Envolver os núcleos das 13 regiões administrativas; Envolver a Rede Pública Municipal de Educação e da Assistência, levando em conta os Núcleos de Inclusão Digital, ações pedagógicas aplicadas nas escolas, tais como: Tripulantes do Futuro e Tubo de Ensaio. 5- Sistematização e produção de um livro de São Vicente. Durante um dia inteiro, o seminário reuniu empresários, lideranças políticas, representantes da sociedade civil e moradores para debaterem dois temas centrais: Pré-Sal - Desenvolvimento sustentável e os impactos da política urbana e " Turistificar a cidade - Desafios e desenvolvimento metropolitano, com a intenção de rever os planos de crescimento sustentável, a fim de aproveitar de modo responsável a mudança econômica que está por vir. A participação não se limitou apenas a esse momento debate. Durante os primeiros meses do ano, pontos estratégicos da cidade foram ocupados com totens eletrônicos pelos quais a população pode participar de uma enquete sobre os seguintes temas: 1. Transporte e a Mobilidade Urbana; 2. Desenvolvimento Urbano; 3. Saúde; 4. Juventude; 5. Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente; 6. Desenvolvimento Econômico; 7. Ciência e Tecnologia; e 8. Turismo. Ao todo votaram cinco mil pessoas cujo resultado foi o seguinte 5 : Em relação à mobilidade urbana, a população escolheu, com 41,81% dos votos, o assunto relacionado à integração dos modais de transporte, como item mais urgente. Sobre Desenvolvimento Urbano, o saneamento básico em 100% da Cidade ficou em primeiro lugar, com 78,71%. No quesito Saúde, a população optou, com 74,44%, pela implantação de 100% do Município no projeto Médico da Família. No item relacionado à Juventude, foi eleita a prioridade de que pelo menos 80% dos jovens até 15 anos pratiquem alguma atividade esportiva ou cultural na Cidade, a escolha foi feita por 54,49% dos votantes. Sobre Desenvolvimento Sustentável e Meio-ambiente, a população votou, com 76,03%, em ter praias 100% balneáveis. Sobre Desenvolvimento Econômico, 49,30% dos votos, que 100% dos jovens até 24 anos possuam um segundo idioma. Em relação á Ciência e Tecnologia, a população apontou, com 52,08% dos votos, que todos os serviços públicos sejam online. Para finalizar a enquete, os votantes escolheram na opção Turismo, em transformar São Vicente em pólo de turismo náutico, de aventura e de ecologia. Essa opção obteve 68,58% dos votos válidos. Apesar de bem estruturado e divulgado 6, apenas uma das organizações entrevistadas faz menção à realização e ao processo de participação no evento. Essa organização não possui muito a acrescentar, pois sequer chegou a participar do seminário: Eu não sei se a gente é muito crítico... [mas não veem muita perspectiva de futuro boa]. Eu nem fui naquele evento [Seminário São Vicente 500 anos amanhã]. Processo de andamento dessa proposta de ação inaugurada pelo seminário requer, do governo municipal e da sociedade civil, amadurecimento para a efetivação do controle social. Aspecto que casa com a necessidade de construção de uma cultura participativa e que, portanto, engloba muitas contradições no agir político, inclusive pelo fato de ser a própria população o sujeito que elege o governo, tece as críticas a seu respeito e demonstra estar desanimado com o atual modelo de gestão, sem conseguir exercer, na plenitude, seu papel transformador. Agenda 21 5 Essas informações estão disponíveis em: 6 Sobre estrutura e processo de divulgação, ver: 51

52 Poucas são as informações disponíveis a respeito da construção e funcionamento da Agenda 21 na cidade de São Vicente. Considerando este como primeiro dado de análise, pode-se dizer que, em comparação com outros municípios da Baixada Santista, a articulação da agenda local no município é um processo de participação, com poucas informações disponíveis publicamente para acompanhamento da sociedade, o que fragiliza o instrumento como um espaço público de participação. A construção de uma Agenda 21 vicentina teve início em 2006, tendo sido composta por 51 membros (26 da sociedade civil e 25 do poder público). Em linhas gerais, esta pesquisa detectou não existir um canal centralizado de informações ou registros organizados sobre a constituição da agenda no município. Mesmo os veículos de comunicação do poder público não dispõem de muitos dados sobre o processo de Agenda 21 em São Vicente. Atividades da Agenda parecem ter funcionado de maneira mais ativa até o ano de Durante seu período de funcionamento, os principais temas trabalhados foram: cidadania, integração e inclusão social; educação; esporte e lazer; meio ambiente; saúde e transporte (2007); e energia, trabalho e renda (2008). No segundo semestre de 2008, o poder público de São Vicente anunciou a publicação do livro Agenda 21 São Vicente rumo a A publicação reuniu todas as metas da cidade para a construção de um desenvolvimento sustentável. Segundo informação do site da Prefeitura, até 2010 município havia executado 20% das propostas da agenda local e havia a previsão de até 2012 desenvolver pelo menos 60% dos projetos do Plano Local: De um total de 215 propostas contidas no Plano Local de Desenvolvimento Sustentável (PLDS) da Agenda 21 de São Vicente, 45 já foram colocadas em prática, o que representa 21% dos projetos. Isso sem contar 73 projetos na fase de estudo, implantação e planejamento. As 97 propostas a ser realizadas são aquelas que requerem a implementação de recursos financeiros de volume elevado, articulação política ou apoio de outros setores da sociedade ou regional. O presidente do Comitê da Agenda 21 São Vicente e secretário de Meio Ambiente, Alfredo Moura, considera positivo o percentual de propostas realizadas, já que a expectativa é desenvolver pelo menos 60% dos projetos do Plano Local até o ano de ( Ainda segundo informações da Prefeitura de São Vicente, cada uma das demandas levantadas foi associada a uma secretaria municipal, que passa a ser responsável pelo seu cumprimento. O plano estabelece o tempo em devem ser executadas (imediato, curto, médio e longo prazo) e as classifica por categoria (institucional, de responsabilidade do município, funcional, de responsabilidade de terceiros e infraestrutura, além de construção de empreendimentos físicos). Tais foram as propostas realizadas, segundo a prefeitura: Cidadania *Inclusão digital - Implantação de um Infocentro na Área Continental Cultura e Turismo * Criação de uma Companhia de Balé de São Vicente (Balé Jovem), oficialização da Academia Vicentina de Letras como instrumento socioeducativo e cultural do município. Educação *Incentivo à leitura na forma de entretenimento para os alunos das escolas, sugerindo temas com que os estudantes se identifiquem, com a implantação do Programa Leia Brasil, da Petrobras; *Programas que promovem a conscientização dos alunos à preservação do meio ambiente, como por exemplo, Projeto Pura, da Sabes, e Jornada Hidrológica, que ensinam crianças a economizar água; implantação do programa do Governo Estadual Criança Ecológica, que objetiva sensibilizar e despertar nas crianças atitudes

53 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 capazes de contribuir com a melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente. Agendas ambientais, determinadas por cores e temas - azul: água, verde: fauna e flora, cinza: poluição, amarela: educação para a vida. São os trajetos para interação com as atividades ambientais. Esporte e Lazer *Criação do Conselho Municipal de Esportes e Lazer; * Incentivo ao futebol amador; * Estímulo à prática de esportes aquáticos, com a realização de torneios como o 6º Torneio Metropolitano de Canoagem, realizado pela Secretaria de Esportes e Lazer (Sespor) no mês de julho. Meio Ambiente *Criação da Secretaria de Meio Ambiente, em 2009; *Lei nº 2361/10 e Campanha de Combate à Poluição Sonora; * Lei nº 681/10 de gerenciamento de Resíduos Sólidos de construção civil; *Criação do Pelotão da Guarda Municipal Civil Ambiental. Saúde *Ampliação do programa federal Saúde da Família, com a instalação de mais uma unidade no bairro Gleba II, no mês de janeiro deste ano; *Expansão do fornecimento das vacinas disponíveis na rede pública do município; *Programas de atenção especial á saúde do idoso - vacinação de 10 mil idosos contra a gripe comum, ultrapassando a meta do Ministério da Saúde e criação de mais um Centro Segurança Pública *Centro de informações e monitoramento eletrônico de ruas Transportes * Capacitação de profissionais de transporte público, realizada em abril de 2010, com objetivo de proporcionar á população um atendimento de qualidade; *Lei municipal especificando o horário de carga e descarga de mercadorias para diferentes segmentos do comércio localizados no Centro da Cidade. Urbanização e Habitação *Incentivo do uso de bicicletas com a construção de ciclovias A cerca da realização das propostas, não há informação disponível sobre a existência de um fórum especificamente voltado ao acompanhamento dessa agenda. É possível observar que grande parte das propostas que a prefeitura afirma ter realizado podem ser 53

54 enquadradas nas áreas definidas como prioritárias para destinação de recursos públicos, que foram levantadas pelos participantes do PDO. As propostas também parecem dialogar com os anseios em relação a São Vicente e outras questões referentes às políticas públicas tocadas no município, que aparecerão na parte seguinte deste diagnóstico dedicada ao olhar da sociedade civil sobre a cidade Leitura Comunitária Visão do Município e os Desafios para um Desenvolvimento Sustentável (O olhar da sociedade civil organizada e o olhar dos moradores pela pesquisa de opinião) As considerações, abaixo, resultam do processo participativo desencadeado no município de São Vicente junto às organizações da sociedade civil, além de uma oficina Publica, e de uma pesquisa qualitativa junto a dois grupos de moradores do município do grupo c/d. As reflexões a seguir foram extraídas do material recolhido, compilado e sistematizado ao longo deste processo de escuta. Tais reflexões apresentam um esboço das principais questões e visões existentes sobre o município, a gestão pública, as políticas públicas, as perspectivas de desenvolvimento, a atuação da Petrobras e os possíveis impactos dos grandes projetos previstos para a região. Procuramos explicitar no texto os diferentes pontos de vista dos mais variados segmentos entrevistados e os interesses diversos evidenciados pelos mesmos, sempre a partir de uma perspectiva democrática e inclusiva, no sentido de considerar legítimas todas as opiniões colocadas, ainda que contraditórias Gestão e Políticas Públicas Gestão Pública No que se refere à percepção que os vicentinos têm da atuação das diferentes esferas de poder público no município, há por um lado o reconhecimento de avanços na gestão da cidade na última década e por outro uma insatisfação quanto à atuação dos gestores no seu trato com a cidade. Mudou. São Vicente mudou muito...(nos últimos 10 anos). Ah, quer ver, em termo de infraestrutura, de trânsito, escolas... abriu mais escolas.. investiu bastante na saúde... vou falar mais uma vez, vou puxar a sardinha porque moro aqui... realmente, na saúde, não tem do que reclamar.... A gente também não pode ser leviano e dizer que a Prefeitura não está fazendo nada. Fizeram mais um programa social [citaram o projeto 500 anos de São Vicente]. Claro que, nos últimos anos, melhorou muito, não é a mesma coisa, mas ainda não é o ideal. O Prefeito entregou o novo Plano Diretor também. Aqui, é a mina de ouro dos prefeitos. Mas eles só aparecem aqui de quatro em quatro anos, na época das eleições, mas, depois disso, eles não nos conhecem mais. Eles [gestores] não têm visão de futuro. Não fazem ações mínimas. Poucas coisas que fariam muita diferença, como a criação de praças em lugares que hoje são de entulho ou terrenos abandonados. Para que as pessoas gostem da cidade. Muitos investimentos não são feitos aqui na cidade, porque os políticos pedem muito dinheiro para o bolso.... Parte dos entrevistados observa um entrave no funcionamento da administração pública de São Vicente. Segundo eles, o município vivencia há anos uma confusão de papéis protagonizada pelos poderes Legislativo e Executivo, que, muitas vezes, está aliada ao uso da máquina pública para atendimento de interesses eleitorais. O legislativo assume as funções de executivo, em detrimento do papel fiscalizador e legislador. O planejamento da gestão pública seria substituído por esta lógica de relação confusa entre executivo e legislativo.

55 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 A Câmara dos Vereadores não funciona mais. Ela assume papel de parceiro do governo e não de representante da população, muda de lado, passa para o próprio poder Executivo. O que acontece também é que não tem serviço público na acepção direta do termo. O que existe é escola do vereador X ou Y. Ele escolhe quem vai ser a diretora, o que vai fazer aqui, ali. Não há a concepção do público. Isso se reproduz em todos os âmbitos dos serviços públicos. Falta planejamento. Tudo é palanque político, serve como forma de angariar bônus político. Faltam gestores capacitados. Não se tem esse planejamento porque tudo está voltado para o bônus político. Há uma confusão entre os papéis das diferentes esferas. Legislativo acaba se confundindo com Executivo, ao invés de fiscalizar, acaba assumindo o papel de quem deveria fazer, prover os serviços. Em São Vicente eles têm inclusive aparelhos para executar. Outro aspecto levantado por parte de representantes da sociedade civil trata da falta de transparência e informação sobre os gastos e ações do poder público local. São Vicente não tem Diário Oficial, né?! A gente não consegue saber tudo o que está sendo feito com a arrecadação, não consegue se informar sobre o que está fazendo mesmo a administração, o que vai fazer, essas coisas. Ao longo das escutas promovidas, também foi possível notar a recorrência com que aparece entre os munícipes a percepção da necessidade de planejar e estruturar as políticas públicas não só de maneira articulada entre as diferentes secretarias municipais, como também em âmbito regional. Isso exigiria um olhar metropolitano e um diálogo mais próximo e duradouro com os municípios vizinhos, para construção de serviços e estrutura pública regional, com o intuito de construir um litoral mais sustentável. Existe a necessidade de pensar a estrutura da cidade de S. Vicente de maneira regional. Está precisando de interação entre as cidades em termos de serviços e estrutura pública. Nosso litoral não é sustentável. Não há um pensamento regional, metropolitano, pra pensar o litoral. E precisa. As ações que acontecem não são pensadas em consonância com o pensamento regional. Cada secretaria é uma paróquia. As ações são setoriais e pensadas para efeito imediato, não a longo prazo. Políticas Públicas A avaliação das políticas públicas e dos serviços prestados é, sem dúvida, aquela que menos divide opiniões entre os participantes da pesquisa qualitativa e representantes da sociedade civil escutados durante este levantamento. Apesar de também haver o reconhecimento de melhorias na oferta de algumas políticas públicas, em termos gerais, a prestação de serviços públicos básicos pode ser vista ainda como deficitária, porém em diferentes aspectos e por diferentes motivos para cada setor. Não dá para dizer que é uma cidade perfeita. Desenvolveu um pouco, era muito pior uns 15 anos atrás. Mas ainda é muito deficitária, falta muita coisa. A oferta de serviços públicos é completamente insuficiente. O poder público terceiriza serviços sociais que deveriam ser providos pelo estado. Para os entrevistados despontam entre os principais problemas da cidade o transporte, a saúde, a segurança e a educação. 55

56 Na questão do transporte público, para além das insuficiências no atendimento à demanda, a inexistência de um transporte coletivo, operado via ônibus municipais, parece produzir certo desconforto, possivelmente mais relacionado a questões de cunho simbólico do que operacional. Parece que no imaginário dos entrevistados o sistema operado via vans/lotação, não condiz com o crescimento e a evolução em curso na cidade. Entre as queixas mais frequentes, destacam-se o tratamento desrespeitoso diante dos idosos e demais passageiros com acesso livre, desorganização, falta de capacitação dos motoristas e cobradores, a frequencia de circulação insuficiente, veículos ruins e lotados, sobretudo aqueles que vêm da parte continental do município e o preço alto. O transporte intermunicipal também é alvo de muitas críticas. São Vicente não tem transporte. Transporte alternativo é uma coisa, transporte público é outra coisa. Não existe transporte público coletivo em São Vicente. Aqui só tem intermunicipal (...) a cidade só tem lotação e ônibus precário. No transporte, tem motorista que desfaz não para quando é um idoso, não dá a atenção devida para as pessoas de idade. Eu passo muito transtorno com o transporte. A parte da lotação é um transporte um pouco desorganizado (...) Às vezes o transporte já ocupa a capacidade máxima e eles querem enfiar mais gente (...) falta ônibus (...) tem o transporte interurbano que é um pouquinho mais caro, que roda as demais cidade (...) nesse caso, é só uma empresa, a gente está refém dela, da Piracicabana. Não tem capacitação adequada dos cobradores e motoristas no atendimento de pessoas de idade, de deficientes físicos (...) a gente vê a diferença a olhos nus do transporte de Santos e São Vicente (...) em Santos tem ônibus toda hora (...) é uma diferença tremenda (...) quem vem do Samaritá para cá dá quase uma hora, a mesma coisa que ir para São Paulo. Eu moro num bairro que fica no centro, quer dizer, ele fica entre a área continental e o polo comercial de São Vicente e eu não consigo pegar os ônibus que vem da área continental porque eles já passam cheios, já vêm sobrecarregados. De municipal, só tem as vans. Bate amortecedor, pneu careca, às vezes, eu vejo motorista dirigindo de chinelo... e tem preço de seletivo, mas não tem ar-condicionado... é R$3,80!. O transporte público é caríssimo, demorado e lotado. Pra área continental é pior ainda. Não tem elevador para cadeirante! Não existe acessibilidade nem na rua e nem no transporte. Pior, pra nós, é transporte... transporte é o caos... uma hora dessa, o ônibus tá lotado... é um transtorno. Eles não tomam providência. Nós vamos entrar no Ministério Público. Eles trocaram [os ônibus], mas a demanda de passageiros não comporta. O pessoal que trabalha em Santos não consegue chegar em Santos. Aí, perde o trabalho... porque patrão não tá interessado... a discriminação é total... eu assim, como diretor, como munícipe mesmo.... Quanto à criação do sistema operado pelas vans, considerado como positivo no seu início, pelo bom funcionamento e principalmente pelo seu impacto positivo para dinamização do comercio local, é tido hoje, por parte dos entrevistados, como já insuficiente. É também para outra parte um exemplo da concepção imediatista do poder público na implementação de soluções para a cidade. Em 1996, São Vicente tinha transporte intermunicipal. O prefeito, à época, colocou as vans [regularização do transporte alternativo]. Ajudou a aumentar muito o comércio, na época, foi bom. Era mais barato. Mas hoje está obsoleto. Tarifa hoje já é quase tão cara quanto a do metropolitano. O que era para ser uma alternativa virou a única solução do município. Já não atende mais. Hoje as pessoas sofrem o mesmo problema que sofriam com o intermunicipal. Serviço baixa qualidade, superlotado, demorado, sem segurança. O transporte, depois dessas lotações, melhorou... mas melhora prum lado, piora pra outro... porque sobrecarrega o trânsito. Tem muito motorista que não tem educação no trânsito. Mas aqui, em São Vicente,

57 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 não tem que esperar muito, não... ah, tarifa aqui, em São Vicente, tá cara! Ah... as lotações lotam... as lotações na hora de pico... das quatro horas em diante... lota, viu?. O que era pra ser uma alternativa virou a única solução do município. Já não atende mais. Hoje as pessoas sofrem o mesmo problema que sofriam com o intermunicipal. Serviço de baixa qualidade, superlotado, demorado, sem segurança. O projeto de implantação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) gera expectativas positivas e perspectivas de ver minimizado o problema do transporte na cidade e na Baixada Santista. Outros, porém, não acreditam que o VLT atenderá à demanda de toda a população do município de São Vicente, principalmente da parcela que vive na área continental. Tem o VLT que é essa linha tipo Metro que eles vão fazer. Vai do Continental até Santos. Vai ser ótimo (...) vai tirar um pouco o peso das lotações. Eu acho que São Vicente só vai começar a andar depois que crescer essa linha de Veículo Leve sobre Trilhos (...) vai ficar bem mais barato o ônibus porque hoje é 3 e pouco uma passagem de ônibus de Santos para cá (...) ele pode trazer melhoria por desafogar as lotações e trazer mais empregos. Nem em sonho o VL T vai passar aqui [São Vicente]. A partir do ano que vem, com a implantação do VLT, que vai cruzar Santos e São Vicente... acho que já saiu do papel... isso aí também vai ajudar a alavancar o desenvolvimento da cidade... o que se espera de certeza é isso aí... de concreto é isso aí.... Outra problemática levantada pelos entrevistados para o transporte público é o trânsito intenso que toma conta da cidade em horários de pico. Parte deles associa a dificuldade de locomoção pelas vias públicas com a grande circulação de caminhões no perímetro urbano. Uma parte dos entrevistados lamenta também o sucateamento do serviço de transporte ferroviário que fazia a ligação entre os municípios da Baixada Santista, que se constituía em alternativa importante de deslocamento. Na perspectiva de explorar as possibilidades de transporte existentes em São Vicente, o transporte aquático aparece como uma alternativa para evitar o saturamento do transporte em ônibus. O trânsito intensificado de caminhões também é um problemão, estimulou vários problemas de mobilidade. O trem era uma alternativa. Ficou ruim o serviço porque o poder público esqueceu dele. Mas era um transporte que ia pra todo lugar e levava bastante gente mais rápido. Por isso que eu digo que tem que ter transporte aquático. A gente tá rodeado de água! Põe uns flutuantes... Não tem semáforo... Não é do interesse da Piracicabana. Porque sucateou um serviço (Trem) que era barato e rápido? Quanto mais estrada se põe, mais caminhões. Nós precisamos que os trens voltem a circular. A solução não é botar mais estrada. Nós estamos fazendo tudo errado. Simplesmente essa ilha não vai mais suportar esse negócio. Na política de Saúde, não obstante a existência de Postos de Saúde em vários bairros, são comuns as queixas quanto à demora no atendimento nessas unidades e às filas para marcação de consultas com especialistas. Por vezes comenta-se que o hospital municipal mais parece um Pronto Socorro e o encaminhamento de casos mais complexos para as unidades de Santos ratificam a insuficiência do atendimento local. 57

58 A saúde, eu acho um absurdo. A gente via marcar uma consulta no Posto e tem que madrugar. Eu tenho que sair na faixa de umas 4 horas da manhã, morrendo de medo, no escuro, porque se eu sair às 6hs que é mais claro, já vai ter mais gente na fila... (...) a cidade só tem um hospital e é muito mal falado. O hospital daqui é cruz credo! Ele não é hospital, ele é emergência, pronto socorro. Agora é que está se tornando um hospital Quando tem que ir no Centro de Especialidade, o que acontece? Tu já ficou 15 dias como ela falou para tu ser atendido no médico. O médico manda passar no especialista, aí tu vai passar mais 15, 20 dias, um mês para passar num especialista. Se não tiver aqui na Baixada, ele te manda para a Santa Casa ou para o AME de Santos, era para ter AME em São Vicente, mas não tem. Como cresceu muito a população, o SUS não está dando conta de atender (...) eles mandam correr para a Santa Casa de Santos e lá você encontra barreiras porque você não é de Santos. Em cada bairro tem Posto de Saúde, mas está uma calamidade. A gente chega lá e fica tudo jogado; tem que chegar 2, 3 horas antes e tem uma fila para ser atendido (...) você tem que encarar aquelas duas horas de fila e nem assim você vai ser atendido porque ainda vai ser marcado para 2, 3 meses depois. A saúde, em São Vicente, é mais o estado. O CREI é uma porcaria. Os funcionários até querem trabalhar, mas não tem como você fazer o negócio se você não tem material. Médio complexidade, para cima, é em Santos. Não tem pediatria em São Vicente. Meus filhos, quando ficam doentes, vão para Santos. O atendimento, em Japuí, é muito bom. Mas quando passa para o especialista.... Fiz todo o meu tratamento dentário aqui. É o programa federal Sorria, Brasil, né? De dente eu não posso reclamar. Não, na área da Saúde, eu não tenho do que reclamar. Eu já usei. É um pouco demorado? É. Mas isso é coisa de Brasil, não tem o que fazer. A deficiência do serviço público de saúde parece ser agravada durante a alta temporada e pela falta de médicos. Há também a percepção de que a área continental do município precisaria de uma unidade de saúde ampliada. Teve uma médica para atender a virada do ano, dois médicos no município, para atender a virada do ano, porque a cidade triplica nessa época do ano. A mulher saiu daqui carregada... porque ela foi à exaustão. Ficou 12 horas trabalhando. Pouco médico, trabalhando muito. Outra coisa que eles pediram foi um hospital. Porque lá precisa. Pra não ficar sobrecarregando os bairros aqui do centro. No que toca à Educação, há queixas quanto à precariedade das escolas e à qualidade do ensino. Não obstante a existência de creches noturnas serviço bastante valorizado pelos entrevistados comenta-se que faltam creches na cidade. Parte das pessoas ouvidas acredita que a deficiência do serviço se dá por conta de um problema de gestão. Para as escolas estaduais as críticas são mais duras, pelo déficit de professores, aliado à violência existente nas mesmas. Para quem precisa de creche, precisa ficar numa fila um ano, dois anos. Falta creche mesmo. Na verdade tem poucas creches. Creche é ruim, não tem vaga... se você não conhece o vereador que é padrinho da creche, você não encontra vaga... A comida é péssima, o local era quente... olha, é errado isso, tem criança que vai passar mal aqui, de tanto calor.... O número de crianças estudando é grande, mas a educação é péssima. É muita corrupção, desvio de verba, falta de investimento e aí vai.

59 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Há déficit de professores. No segundo ciclo, que é de responsabilidade do Estado, há um buraco maior ainda. As escolas estaduais de São Vicente nunca conseguem preencher o tempo todo de aula. São escolas violentas. A Escola Margarida Pinho, por exemplo, chegou a ter um assalto por dia. Na Segurança Pública, por vezes citado como maior problema da cidade entre os participantes da pesquisa qualitativa, as queixas mostram-se genéricas, principalmente entre os participantes da pesquisa qualitativa. O aumento do efetivo policial durante a temporada de verão parece diminuir a sensação de insegurança. Porém fora esta época o efetivo policial seria insuficiente. Por outro lado, alguns notam o surgimento de índices de violência na área continental do município dos quais não se ouvia falar há poucos anos. Há um aumento dos índices de violência na área continental, de coisas que não existiam antes como agressões, por exemplo. Não dá para andar com ouro na rua por questão de segurança. (..) só nessa época da temporada, de final de ano, que o governo do estado disponibiliza mais policial aqui para a Baixada. Mas a não ser isso, está tendo muito furto Segurança, aqui, também tá carente... a segurança, para você ter uma ideia, você passa a viatura tá parada. Esse carro que tem da polícia é para essa área toda [para uma área enorme de escolas]. Só tem uma viatura... não tem guarda municipal. A nossa segurança da área aqui total, total carente. Eles [os policiais] fazem o que podem. Não tem o corpo de soldados, para atender todas as ocorrências. Segundo o comandante não é falta de policiamento é excesso de bandido. Seria preciso que esse policiamento atingisse toda a cidade. Cobrar do Governo do Estado o aumento do efetivo e aumento da frota da PM. Há diferentes opiniões sobre os serviços de recolhimento e tratamento lixo e saneamento básico, entre os entrevistados na pesquisa e organizações da sociedade civil. Para parte dos entrevistados trate-se de mais uma prestação de serviço que deixa a desejar, principalmente por conta de má gestão. Para outros, o serviço atende às demandas primeiras da população, sendo esta a principal responsável pelo eventual descarte inapropriado de lixo. Avaliam como positiva o cata-treco e o serviço de coleta semanal de material reciclável. Terrível. Tem o Onda (quase) Limpa do governo. Aqui, é horrível o trabalho da Sabesp. Mau atendimento, acidentes demoram a ser resolvidos, precisa ligar para avisar e anotar protocolo... Não sou babá da Sabesp!. A gente tá contaminando o mar porque não tem duas linhas telefônicas [da Sabesp]?!. Eles não tem onde fazer a desova desse lixo. Daqui, ele é levado para a cidade de Mauá... é feito o transbordo para Mauá.... Agora, tem a questão do entulho de construção, tudo... aqui, foi um bairro feito às pressas, entregue às pressas.... O bairro foi verticalizando à medida que as famílias foram crescendo. A população cresceu e o lixo foi sendo depositado na praça. Tudo que você imaginar, joga... até cachorro morto... sofá velho.... Tinha um programa... não sei se ainda tem.... [programa de coleta seletiva]. Tinha cooperativa de catadores, mas parece que fechou. Não tinha apoio da prefeitura. O presidente do Codesavi era o Tércio Garcia, o prefeito atual... disse que ia fazer um lixão melhorado e tal... mas você sabe que não vai acontecer isso, vai virar um lixão mesmo, mas vai prejudicar o leito dos rios... aqui, 59

60 praticamente, nós estamos numa ilha... então a gente tem um canal pluvial muito grande aqui. De repente, ele quer trazer uma nova forma, maquiada, de reciclagem, mas vai ser um lixão mesmo... tem que ficar de olho... que nem o centro de detenção, de repente, virou uma penitenciária enorme.... A coleta de lixo aqui é boa, o caminhão passa dia sim, dia não... coleta seletiva passa uma vez por semana... só joga fora resíduo sólido quem quer... nesse ponto aí, São Vicente tá de parabéns!. Tem o cata-treco. Você liga... mas aí é muito do morador. Se você ligar, eles vêm. O povo deixa a rua suja se quer, porque você liga e a Prefeitura vem. Quanto comentam sobre a solução para a questão dos resíduos, interlocutores apontam que tem que se tratar de uma solução regional a questão do lixo. Outra questão abordada por parte dos entrevistados diz respeito à falta de planejamento em política habitacional. Muito se falou sobre como a falta de um acompanhamento mais atencioso do tema por parte do poder público facilita um crescimento desenfreado da especulação imobiliária, que tem motivado um aumento expressivo do valor dos imóveis e dos custos de permanência e manutenção das moradias em todo o território de São Vicente. Os relatos dão conta que o aumento do custo da moradia tem estimulado a ocupação de áreas sem infraestrutura pública adequada para instalação de novos bairros e bolsões habitacionais. Os aluguéis saltaram e o preço dos imóveis também. Isso tem expulsado a população para área continental, que tem ainda menos estrutura para atender à demanda de pessoas que está migrando. Não está existindo um planejamento. As secretarias não se articulam para prover as políticas públicas necessárias para atender a esses novos bolsões habitacionais. A política cultural parece, mesmo com o reconhecimento da importância da grande festa de encenação da Fundação da Vila de São Vicente, ser afetada pela falta de um programa capaz de estruturar oferta e incentivo à construção de ações e espaços culturais diversificados, públicos e duradouros, que finquem raízes na cidade e, dessa maneira, possam ser apropriados pela dinâmica organizacional de toda a população. Ainda sobre a Cultura, um relato em especial nos chama atenção por revelar também a possível existência de ações de caráter restritivo que podem constituir grande entrave para o estabelecimento de políticas públicas culturais inovadoras e não-discriminatórias São Vicente não tem muita [oferta cultural]. Estão para fazer um teatro na Vila Margarida, mas até agora, nada. Não tem nada de políticas culturais. A Secretaria de Cultura desenvolve atividades que são inacessíveis para as populações mais distantes e carentes. O que existem são iniciativas para proporcionar entretenimento de puro consumo. A parte de cultura, em São Vicente, é fraca. Além de ser fraca, já teve um juiz que proibiu qualquer tipo de manifestação nas ruas da cidade: Carnaval, Parada Gay... por enquanto, tá sob judice. O carnaval, em São Vicente, é lá na praia... Santos, São Vicente... como não foi bem programado, parou o trânsito... depois desse carnaval, esse juiz entrou com a liminar... esse ano São Vicente: Novo Polo Comercial da Baixada, em busca de identidade e valorização da autoestima vicentina São Vicente melhorou nos últimos 10 anos. Depois de anos à sombra de Santos e pouco prestigiada no cenário local, o município parece desfrutar de maior prestígio na região e junto a seus moradores. Certas falas dos participantes da pesquisa qualitativa e oficina pública sobre a evolução da cidade revelam a mudança que esse processo vem provocando na autoestima dos vicentinos. Neste contexto surge o debate sobre a imagem de cidade dormitório que ainda se faz presente, mas ela não é unânime. Alguns entrevistados se contrapõem a essa idéia, sob o argumento de que isso faz parte do passado, ou seja, na verdade, era assim, mas hoje mudou.

61 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 São Vicente melhorou bastante, lógico que tem suas deficiências, mas hoje em vista do que era... há 10 anos começou a vir uma melhora boa (...) foram feitos inclusive postos de saúde em bairros que não tinha (...) até onde eu moro, na Vila Margarida, tem um hospital ali que não tinha.... São Vicente não deve ser uma cidade dormitório. Antigamente dava até vergonha de falar que a gente mora em São Vicente, mas agora não, está crescendo. É comum a menção de que São Vicente é a primeira cidade do Brasil. Se alguns entrevistados recorrem a essa idéia para assinalar que o município não seguiu uma trajetória a altura desse épico, as melhorias alcançadas nos anos recentes, especialmente estabelecendo-se como pólo comercial da baixada, parecem reposicionar a cidade no contexto regional e contribuir para reverter tal sensação. Pensada sob essa ótica, a encenação da fundação de São Vicente constitui-se em um evento bastante valorizado por uma parte dos entrevistados, que tende a contribuir para o resgate e reforço da auto-estima do cidadão. Eu acho que a turma pensa assim, que devido a ela ser a primeira cidade do Brasil, ela tinha que estar mais avançada e não está, não aconteceu, tudo bem. Ela cresceu, mas acho que não tanto como a turma esperava. Na praia tem o teatro da história de São Vicente, vem artistas da Globo.... Nós, em São Vicente, estamos em festa porque todo ano é feita a encenação da fundação da cidade, sempre vem artistas diferentes, todo ano tem artistas da Globo. O dinamismo do comércio local e o novo shopping construído na cidade também são motivo de orgulho entre a maioria dos entrevistados, contribuindo sobremaneira para compor a imagem de uma cidade em franco crescimento. Na verdade o comércio deu esse boom aqui. A gente vê que o maior o comércio da região litoral é aqui em São Vicente (...) o comércio mesmo faz uns 10 anos que desenvolveu aqui. Antes não tinha nem loja da C&A em São Vicente, só tinha em Santos, e agora tem (...) Tem Riachuelo (...) Lojas Americanas, era uma reivindicação, porque todo mundo falava: poxa você tem que ir em Santos para ir nas Americanas e agora tem aqui (...) O comércio cresceu muito. Nós temos um shopping que antes não tinha, um shopping muito bom, bonito. Hoje nós temos o Brisa Mar, mais uma Caixa Econômica, bancos... (...) na parte de empregabilismo, empregou muita gente (...) então eu vejo uma mudança e teve uma mudança significativa. Nós não tínhamos aqui um shopping. Tinha um, mas estava praticamente desativado. O novo shopping é de muito orgulho para a nossa cidade. O dono do shopping é o Mendes de Santos (...) o carro chefe da cidade, tirando a praia, é o shopping. Vamos supor, chegava um amigo seu e eu não ia te levar em São Vicente porque não tinha nada. Hoje eu posso te chamar e: ah, vamos até o shopping. A única coisa que tínhamos era o Horto e o teleférico (...) eu responderia que o que dá orgulho é eu saber que se eu quero passear, eu tenho um shopping aqui para passear, tem movimento, o investimento nas moradias (...) a ciclovia, fizeram a ciclovia na praia até lá embaixo (...) acho que dá orgulho esse crescimento. Há outros aspectos que confirmam as melhorias alcançadas por São Vicente: a melhoria dos quiosques, o camelódromo, a creche noturna, restaurante populares. 61

62 Os quiosques estão bem melhores. Lembram como eram os quiosques? Ninguém em são Vicente ia na praia daqui. Ia em Santos ou na biquinha que era mais perto daqui. Eu pegava condução e ia para Santos porque a praia aqui era abandonada mesmo. Não eram quiosques, eram barraquinhas. Eles fizeram esse camelódromo e valorizou muito, porque as pessoas trabalhavam em barracas na rua e disputavam espaço com os transeuntes. Agora eles trabalham decentemente e quando a gente quer alguma coisa, vai no camelódromo. Ficou perfeito. A primeira creche noturna para mãe que trabalha fora e estuda foi em São Vicente. Foi a primeira cidade que tinha creche para mãe que trabalha à noite e mão que estuda. Aqui tem dois restaurantes de um Real.... Entre os entrevistados de organizações da sociedade civil é feito um contraponto à esta visão positiva sobre a cidade, principalmente quando a comparam com Praia Grande, o município mais novo e que teria se desenvolvido de forma muito mais rápida. Eu tenho vergonha de São Vicente quando vou pra Praia Grande... tenho vontade de morar lá... Praia Grande é a segunda cidade mais monitorada do mundo, tem muitas câmeras... São Vicente tem muitos anos... E Praia Grande começou agora!. A dinâmica de promoção da autoestima vicentina, que tem como elemento importante a encenação da fundação do país e São Vicente como novo pólo comercial da baixada, também é alvo de críticas. Segundo entrevistados é necessário mais do que o acesso ao consumo promovido pelo comércio e o espetáculo sobre a história da fundação de São Vicente para resgatar a autoestima dos vicentinos. É necessário, segundo interlocutores, o resgate da cultura a partir da experiência das pessoas e da preservação efetiva da história da cidade. O discurso da cidade hoje é o da autoestima, mas o que se oferece pra levantar a autoestima é o acesso ao consumo! [Outro problema] é a precariedade de investimento em política cultural que de fato valorize a experiência das pessoas. É uma coisa que podia ser história de verdade, preservada. Santos preserva essa história. Você vê essa história sendo contada às crianças, na rua. Quando é que foi contada essa história [da cidade de São Vicente]. A criança sabe como é que foi aquela história... que chegaram aqui, bonitinhos... É legal o espetáculo, a pirotecnia, mas os portugueses chegaram, mataram os índios, estupraram as índias A visão sobre a Petrobras e o Pré-Sal Chama a atenção nas entrevistas com as organizações da sociedade civil a associação da Petrobras com responsabilidade social, investimento na preservação ambiental e desenvolvimento econômico. A Petrobras também vem fortemente associada a empregos valorizados, bem remunerados e estáveis. [A Petrobras] Gerou muito emprego aqui, na Baixada, e ela investe muito no social, na comunidade. Hoje em dia, educação é a base de tudo, e a Petrobras investe no social.. E essa questão do meio ambiente hoje em dia, a Petrobras está de parabéns. Investe muito. [Impactos] Tem, lógico que tem. Toda empresa grande tem os impactos, principalmente, os impactos ambientais. Hoje, o sonho de um jovem é trabalhar na Petrobras... qualquer setor da Petrobras... tenho vários amigos que trabalham lá e não tem do que reclamar... tudo presta concurso... Na minha opinião, o que tá precisando, em São Vicente, no caso da Petrobras, é geração de emprego. Quanto aos impactos do Pré-sal no município, os entrevistados da pesquisa qualitativa mostram-se de certa forma reticentes. O pré-sal parece algo distante (no tempo e no espaço), mais associado à cidade de Santos do

63 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 que a São Vicente. Fala-se, por exemplo, que ele atrairá grandes empresários até do estrangeiro que vão vir se instalar na Baixada Santista, mas qual é o foco? É Santos, a capital da Baixada Santista. Nota-se também que há poucas informações sobre o pré-sal entre os participantes da pesquisa qualitativa. Poucos são aqueles que detêm um conhecimento mais qualificado sobre a envergadura desse empreendimento. Apenas um dos participantes mostrou-se mais familiarizado com o tema, chamando a atenção para o fato de que a Petrobras vai atrair indústrias para a região, a exemplo da IESA, empresa com forte atuação no mercado de petróleo e gás, recém-instalada no município de São Vicente. Afora esse caso, os entrevistados parecem não vislumbrar, no momento, qualquer movimentação no município decorrente do pré-sal. Para eles, o impacto desse empreendimento, por ora, está centrado sobretudo em Santos. Menciona-se, no entanto, que a exploração do petróleo e gás vem ganhando relevância na dinâmica econômica da Baixada e fomentando a criação de cursos voltados a formar mão de obra para o setor. A pergunta que fica é se os moradores locais serão beneficiados pelos empregos gerados. A Petrobras achou uma bacia pré-sal na Bacia de Santos. Ela vai fazer uma sede lá (...) a única coisa que eu estou sabendo é que vai ser para 2016, para (...) Em São Vicente ainda não divulgaram nada, não tenho visto. Agora Santos sim, o mercado imobiliário já está se preparando para receber quem vai vir de fora, que vai vir muita gente. Aqui em São Vicente o que eu estou sabendo é que vão tentar qualificar as pessoas para trabalhar em Santos. Eu já ouvi falar porque eu acompanho reportagens na Tribuna, na Record, mas isso não foi em São Vicente, foi na parte de Santos, porque está havendo muita especulação imobiliária (...) eu tenho ouvido falar desse investimento, mas não é para a cidade de São Vicente, tenho ouvido falar que estão querendo fazer uma ponte que vai de Santos para o Guarujá (...) em São Vicente tem muito pouca coisa falando disso. Para Santos tem muito mais. A ETEC está dando esse curso de logística para facilitar, se der chance para a gente que mora aqui é maravilha, chance de emprego!. Se aos olhos dos entrevistados da pesquisa qualitativa o pré-sal, por ora, pouco incidiu na dinâmica do município, menciona-se, porém, que São Vicente não tem estrutura para acolher um eventual afluxo de pessoas que aportarão na Baixada atraídas pela Petrobras. Como Polo Comercial Regional, alguns entrevistados mostram-se temerosos de que o aumento excessivo de consumidores e moradores resulte na elevação dos preços na cidade. Entrevistados de organizações da sociedade civil também manifestam preocupação com à falta de planejamento metropolitano para a demanda por infraestrutura necessária na região. São Vicente já é polo comercial da região. Mas e quando vir toda essa demanda, como que São Vicente vai aguentar, como vai sustentar? A gente tem que pensar se tem infraestrutura para tudo isso (...) aí é muita gente para pouca cidade (...) o povo não vai aguentar o custo de vida. Não há planejamento metropolitano para atender às novas demandas de infraestrutura que surgirão a partir dos investimentos em torno da instalação da Petrobras (maior contingente populacional, saneamento, hospital, escola transporte etc.). Porque esse negócio do pré-sal pode trazer um desencadeio de pessoas querendo morar aqui e o centro já não comporta mais nem os que já estão aqui. Para isso vai ter que ter habitação para poder tirar aqueles que já estão em lugares precários e colocar em lugares melhores, mais estáveis (...) se não tiver uma visão ampla das coisas que vão acontecer, vai afetar totalmente o meio ambiente; são mais pessoas poluindo, mais pessoas jogando lixo, embalagens plásticas e não está comportando mais. 63

64 A gente já ouve de gente, os técnicos, que estão vindo para cá, para morar, e isso acabou elevando o preço dos imóveis, houve certa inflação. Santos mais ainda. Uma preocupação levantada por alguns entrevistados de entidades da sociedade civil e de participantes da pesquisa, dizem respeito à especulação imobiliária e a elevação do custo dos imóveis motivadas pelos investimentos da Petrobras em torno ao Pré-sal, que está gerando um sentimento de expulsão dos vicentinos da cidade sensação similar amplamente manifestada na cidade de Santos. O impacto ambiental que as atividades da exploração do Pré-sal poderão ocasionar ou agravar, são outra preocupação para entrevistados de organizações. Apontam ainda preocupação com impactos sociais que poderão ser ocasionados pela dinâmica do crescimento gerado pelas atividades do Pré-sal, como a exploração sexual de mulheres. Os investimentos da Petrobras estão expulsando os moradores por conta a especulação que cresceu incentivada pelos projetos da estatal na região. Algumas coisas já estão acontecendo: a moradia já está mais cara. Muitos novos casais, quando se casam, mudam-se para Praia Grande, por exemplo. Está tendo uma expulsão das pessoas daqui. É só pensar no que sempre ocorre em termos de devastação ambiental e humana quando da instalação dessas grandes empresas de exploração. Existe algum motivo pra acreditar que vai ser diferente aqui? Já há um problema histórico de falta de balneabilidade das praias mesmo com os índices ultrapassados de medição e saneamento. Isso vai piorar. Vai trazer um aumento da circulação de navios, aumento do porto, instalação de plataformas, vão somar mais problemas ambientais aos antigos. Muitas mulheres vão para o mercado da exploração sexual. O aumento dos canteiros de obras estimula isso Perspectivas e potencialidades para um desenvolvimento sustentável Ao pensarem sobre o futuro da cidadeo clima é, entre os participantes da pesquisa e por parte de alguns entrevistados das entidades, muitas vezes de otimismo. O tom geral das falas ressalta que a cidade vai continuar a crescer. São Vicente não é mais a mesma, está crescendo muito. A riqueza vai vir. É uma cidade com futuro promissor (...) cidade calma, cidade do sossego, isso nós já estamos cansados (...) São Vicente foi a primeira cidade, foi onde nasceu o Brasil. A cidade estava no fundo do poço, o povo chamava de São Viselva. Era terra de índio, de gente burra de gente feia e isso está mudando. Vai crescer sim (...) a gente já vê o exemplo por hoje. A gente já viu como era antes e como é hoje, então não tem como andar para trás (...) a tendência é crescer. Houve entrevistados de organizações, com percepção mais pessimista em relação ao futuro. O pessimismo em geral relaciona-se à falta de comprometimento dos políticos com a cidade. Faltaria vestir a camisa da cidade. Eu não sei se a gente é muito crítico, mas não vejo muita perspectiva de futuro bom. Eu nem fui naquele evento [da cápsula do futuro, São Vicente daqui a 500 anos]... Não dá para ter muita esperança com o futuro de São Vicente, não. É que o desenvolvimento passa pela mão de políticos, infelizmente, aí você perde um pouco a esperança... A gente só fica com o pó. A gente podia ter o filé mignon, mas a gente só fica com o pó... Acho que Itanhaém e Peruíbe vão até melhorar um pouquinho, porque são menores, vai trazer desenvolvimento; mas, aqui, a gente só vai ter problema [com o Pré-sal]. Expectativa é que realmente a cidade tenha um despertar político A política em S. Vicente até agora serviu muito mais como meio de ascensão social. Muita gente se candidatou se elegeu para ganhar um salário

65 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 melhor. As promessas de campanha ficaram como promessas. A gente tem vivido esse sistema há alguns anos. A cidade estacionou. Lutar pra mudar a cidade. Praia grande, por exemplo, mudou assim, deu um boom! Ninguém ainda veste a camisa de S. Vicente, em relação a tudo. Porém a sensação mais geral é que São Vicente vem se desenvolvendo, ainda que com imensos desafios a serem enfrentados, porém com potencialidades e perspectivas para um desenvolvimento sustentável. As potencialidades e perspectivas apontadas para o desenvolvimento de São Vicente basicamente giram em torno de três possibilidades: o comércio, o turismo e o desenvolvimento de atividades subsidiárias da Petrobras/Pré-sal a. O Comércio Principal atividade econômica do município e sua principal vocação Aos olhos da maioria dos entrevistados, seja nos grupos de pesquisa como entre as organizações da sociedade civil, o comércio constitui a principal atividade econômica de São Vicente e a sua principal vocação. O turismo ainda se faz presente, mas ocupa um lugar secundarizado face ao atual vigor comercial do município. Aqui é mais o comércio. O turismo é mais em Santos, por causa do porto. Mesmo a cidade sendo mais velha que Santos, Santos tem um polo turístico, tem a Bolsa do Café, isso é conhecido, então as pessoas se interessam... (Gr2) Hoje, é o comércio a principal vocação. A Vocação hoje é Comércio e turismo. Os participantes dos grupos pesquisa comentam que o comércio ganhou relevância, impulsionou o crescimento da cidade e constitui-se, hoje, em uma referência regional. Menciona-se que ele atrai moradores dos municípios do entorno para compras e empresários para investir na cidade, suplantando Santos, até então o maior centro de compras da Baixada. Se a importância adquirida pelo comércio de São Vicente, tornando um Pólo Comercial de referência regional, já se constitui uma realidade importante para o desenvolvimento do município, poderá ser ampliar e expandir mais ainda no futuro, acreditam os entrevistados, tendo vista a perspectiva da vinda da Petrobras e evento do Pré-sal para a região. Segundo entrevistados, seria necessário potencializar o comércio na área continental do município, tendo em vista o seu crescimento no último período e portanto com muitas perspectivas de crescimento para gerar renda e novos empregos. Eu conheço pessoas em Cubatão, em Santos, Praia Grande, Mongaguá, Peruíbe, Bertioga que vem fazer compra em São Vicente, porque aqui tem tudo. Quando é feriado em Santos, em São Vicente você não consegue nem andar (...) Tinha uns turistas lá que falaram que parecia a 25 de março (...) aqui o comércio supera Santos, supera Cubatão, Guarujá... (...) na Baixada Santista a alíquota é de 5% e aqui reduziu para 1%. O comércio de São Vicente cresceu tanto que agora tem ponto de comércio ali numa das principais ruas, na Martim Afonso. Ali é o ponto mais disputado da Baixada Santista porque todo mundo quer trabalhar ali, estou falando dos empresários. Eles querem ter um ponto ali (...) moradores de outras cidades vem fazer compras aqui (...) meu patrão tem loja aqui e em Santos e ele não consegue faturar lá o que ele consegue faturar aqui, então o negócio virou... 65

66 Com a chegada de tudo isso que está se prevendo com a Petrobras, pode ser que o setor comercial de São Vicente se expanda. O comércio que desenvolveu bastante nos últimos anos. Essa área continental tem tudo para ser um polo comercial que vai gerar muito emprego, muita renda pras famílias.... Ainda que bem minoritária, tem opinião de entrevistados que discordam da pujança do comércio, principalmente porque haveria muito comércio irregular, o que o comprometeria como uma atividade para o futuro, tendo em vista que não garantiria os direitos trabalhistas e a remuneração justa. Tem gente que vai alegar que tem o comércio, mas isso é balela. Minha cunhada passou fome no final do ano passado... Uns 60% [dos estabelecimentos de comércio] é irregular... Não pode ser uma coisa só dessa gestão, tem que ser algo para o futuro. Mas é comércio irregular, uma escravidão, muitas horas de trabalho, sem carteira registrada b O Turismo Perspectiva de desenvolvimento a ser resgatada São Vicente é um dos 15 municípios paulistas considerados estâncias balneárias pelo Estado de São Paulo, por cumprirem determinados pré-requisitos definidos por Lei Estadual. Tal status garante a esses municípios uma verba específica por parte do Estado para o desenvolvimento do turismo. Também, o município adquire o direito de agregar junto a seu nome o título de Estância Balneária, termo pelo qual passa a ser designado tanto pelo expediente municipal oficial quanto pelas referências estaduais. Porém, apesar de a cidade portar esse estatuto diferenciado para a promoção da atividade e reconhecerem o turismo como um potencialidade a ser resgatada e desenvolvida, muitos entrevistados avaliam que o setor é pouco e/ou mal explorado no município. Por isso o turista não viria mais para o município como vinha no passado. Haveria pouco investimento no turismo e as políticas seriam muito pontuais, sem planejamento. O pouco aproveitamento do potencial turístico do município é por vezes relacionado mais à falta de divulgação dos atrativos oferecidos pelo município do que à falta de pontos turísticos, que haveria muitos. O turismo atualmente se restringiria à praia. Potencial é o turismo. Devia ter um planejamento regional também. O turismo é fraco. Turista não vem mais para cá. Quando eu era pequeno, vinha todo mundo... Agora, vai todo mundo para a Praia Grande. O turismo é feito assim... apagando incêndio, sabe? Apaga aqui, apaga ali... Só temos o turismo aqui... não tem indústria, não tem porto!. Tem pouco incentivo e exploração do turismo. Se restringe só à praia. Deveriam ser divulgados os outros pontos. Existem quase 40 pontos turísticos na cidade. A cidade está bem servida de pontos turísticos. Não tem como criar mais. O mirante de São Vicente, por exemplo, foi construído por Oscar Niemeyer. Talvez aproveitar também rios e fazer dessas regiões um passeio turístico. Entre as potencialidades existentes para tornar o turismo uma atividade significativa para o desenvolvimento do município, os entrevistados das organizações apontam possibilidades em diversas modalidades turísticas: turismo náutico, turismo histórico, turismo ecológico, turismo de praia, cultural. Para desenvolver o turismo ecológico o município contaria ainda com áreas verdes, cachoeiras e rios que poderiam ser explorados. A dimensão histórica que caracteriza São Vicente deveria ser valorizada e articulada com outras possibilidades turísticas, como o resgate da cultura caiçara, como um elemento turístico importante. Eu acho que, como potencialidade, é o turismo... ecologia...tem muita cachoeira...são Vicente tem bastante... e não é explorado... acho que seria um polo da Baixada...os rios que tem, que contorna a gente aqui, podiam ser mais bem explorados....

67 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Temos esse pedacinho verde preservado... temos um mar desse lindo.... Há também uma beleza na cidade que é muito pouco aproveitada. O ecoturismo também. Quem sabe estimular um tipo de turismo associado aos aspectos históricos da cidade, que deve, inclusive, receber maior trabalho de valorização. Valorizar a cultura caiçara também. Precisa fazer tudo isso, mas sempre bem articulado com dimensão histórica. Um destaque nas falas de interlocutores da sociedade civil refere-se ao potencial do turismo náutico, que em grande medida depende de readequação urbanística em um dos pontos turísticos e patrimônio histórico tombado de São Vicente: a ponte Pênsil. Será necessário elevar a ponte pênsil para permitir a circulação de embarcações turísticas, de pesca, entre outras, com o intuito de potencializar o uso da baía para atividades náuticas: marinas, transporte aquático, desenvolvimento da pesca, passeios turísticos, etc. Tem um potencial maior do que Santos aqui. Tem muito mais natureza preservada, mais bonita. São Vicente vai ser outra cidade se eu tirar isso daqui [a Ponte Pênsil]. Se subir a Ponte Pênsil, São Vicente vai ser outra. Olha a baía que nós temos aqui. É propício para ter marinhas aqui. Você já viu o tanto de emprego que gera uma marinha? Eu acho que isso vai mudar São Vicente. Mas com responsabilidade. Tem oito marinhas à míngua. Exige o destombamento da ponte pênsil, para elevá-la e estimular o trânsito de embarcações e desenvolvimento das marinas da região. Ia poder ter entreposto de pesca, centro de pescado. Nem isso não passa aqui. A segunda maior marinha do Brasil está aqui, no Guarujá. Oito bilhões de reais se somar todas as embarcações que estão na marinha. Só perde para a marinha da Glória no Rio. Tem uma associação de marinheiros aqui que está morrendo de fome. Para trabalhar, têm que ir todos para o Guarujá. E o primeiro porto do Brasil tá aqui, a 200 metros.... Lá poderia ter pontos de atracação, para a pessoa pegar barcos, não pegar trânsito. Poderiam botar teleféricos. Por isso que eu digo que tem que ter transporte aquático. A gente tá rodeado de água! Põe uns flutuantes... Não tem semáforo.... Segundo os interlocutores o investimento no turismo não deveria se restringir somente à área insular do município, tendo em vista que lá se localizam os principais atrativos turísticos. Apontam a necessidade de que os bairros da parte continental também deveriam ser integrados no desenvolvimento turístico. Os principais pontos turísticos estão na área insular. Deve haver investimento também nos bairros da periferia, e há espaço pra isso. Investimento é massivamente voltado à área insular e deixa a desejar nos bairros c. Parque Industrial impulsionado pela cadeia do Pré-sal 67

68 Para parte entrevistados das entidades, a área continental do município é tida como um espaço ainda disponível para a instalação de novos empreendimentos principalmente industriais que possam gerar empregos na cidade, para além do setor comercial. A percepção de que Santos já se encontra no limite da sua expansão industrial, aumenta a possibilidade de indústrias se instalarem em São Vicente, tendo em vista ainda possuir áreas, na parte continental, que comportam atividades industriais. O que eu acho é que tem que ter investimento de empresários aqui, na cidade, principalmente, na área continental, que é imensa... mas o que falta é interesse dos políticos... os empresários vão tudo para Santos... [mas] Santos tá começando a ficar saturada.... São Vicente falta investimento em indústria... tem, tem como construir, desde que siga as leis de meio ambiente. Que invistam em fábricas, na área continental... vai ser benéfico pra eles e pra cidade... e a área continental é a única que pode receber essas indústrias.... A grande oportunidade para a expansão industrial seria a oportunidade aberta pelo Pré-sal, cujas atividades de exploração de petróleo e gás demandariam empresas subsidiárias que forneçam produtos e serviços como suporte e complemento às suas atividades. Os mais otimistas vislumbram a possibilidade de um novo Pólo industrial na baixada em São Vicente, ao lado de Cubatão e do Porto de Santos, basicamente como suporte para a exploração do Pré-sal. Segundo os entrevistados é necessário que o poder público municipal incentive a vinda de empresas para a cidade. Inclusive comentam da necessidade de instalação de estaleiro Eu acho que vai ter um ganho, né? Se realmente for se concretizar tudo isso que estão dizendo, né? (Pré-sal). Eu acho que seria muito bom: geração de emprego, geração de postos de trabalho Com essa coisa do pré-sal as autoridades podiam entrar em contato com as empresas para investir em criação de emprego e aumento da renda da população. São Vicente falta investimento em indústria... tem, tem como construir, desde que siga as leis de meio ambiente. Talvez seja um dos grandes polos da Baixada, junto com o turismo... se realmente se concretizar... vai ser que nem o polo industrial de Cubatão e o porto de Santos, como duas áreas, que eu consigo pensar, de grande geração de emprego.... Que invistam em fábricas, na área continental... vai ser benéfico pra eles e pra cidade... e a área continental é a única que pode receber essas indústrias.... Empresa, em São Vicente, a única empresa grande que tem é a Saint Goban... é fábrica de vidro.. é a única indústria que tem aqui, em São Vicente.... Aqui, estão pleiteando uma área para estaleiros, para dar suporte. Aqui, seria uma cidade que daria suporte para a exploração [da Petrobras] d. Questões a serem equacionadas para um Desenvolvimento Sustentável Segundo os moradores e representantes da sociedade civil entrevistados, os principais desafios a serem superados rumo a um desenvolvimento sustentável seriam a necessidade de maiores incentivos à formação e qualificação profissional, o problema da ocupação de grandes espaços por containers abandonados, o pouco investimento em malha viária e ausência de uma política pública bem estruturada e de caráter social que dê conta do aumento do número de usuários de crack na região. O equacionamento da demanda por qualificação formação e qualificação profissional passa pelo implementação de cursos universitários na cidade e de cursos profissionalizantes, na perspectiva de preparar e especializar a

69 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 população para a acessar empregos mais qualificados e valorizados, especialmente àqueles oriundos dos novos empreendimentos que se avizinham. Todo mundo vai fazer faculdade em Santos. Falta qualificação profissional em São Vicente. Tem UNESP e UniBR. Funciona muito mais como aulas não presenciais [na UniBR]. Tem as Fatecs e Etecs... Vão implantar duas salas de aula da Etec aqui, no Pq. Continental. Pleiteamos cursos de petróleo e gás. Tá tendo carência de pessoas especializadas nesse área, né?. A ETEC está dando esse curso de logística para facilitar, se der chance para a gente que mora aqui é maravilha, chance de emprego! Estão pleiteando transporte gratuito universitário, porque não tem no município. Vamos ter encontro com os Secretários de Ciência e Tecnologia e de Planejamento, junto com os estudantes, para estar pleiteando uma audiência com o Prefeito. Precisa de cinco mil assinaturas, para se tornar projeto de lei. Já estão colhendo essas assinaturas pela internet. Outra questão que incomoda e gera problemas para a população são depósitos de Containeres, especialmente o depósito de containeres que se encontra na área do Hipódromo do Jockey. Demandam a sua desativação, por afetarem as construções do seu entorno e propiciarem a reprodução de mosquitos. Tem áreas da cidade que viraram depósito de containers. Isso é um problema seríssimo. Eu acho que é o seguinte: tem esse hipódromo do Jockey. Tá abandonado, abandonado. Podia fazer um teatro ali, tá perto de tudo. A [Rodovia] Imigrantes tá atrás ali. Sabe o que fizeram com uma área ali? Usaram uma parte para fazer depósito de containers. O povo de lá tá reclamando, porque é muito peso e tá rachando as casas. Prejudica as casas, prejudica as moradias e traz dengue, porque tem lugar que acumula água. Outra questão recorrente em falas de entrevistados é a necessidade de investimento em estruturas viárias, para ajudar a equacionar o tráfego e trânsito no município, elemento lembrado como importante para o desenvolvimento. Precisava terminar a estrada da serrinha de Peruíbe, que liga São Vicente à rodovia Regis Bittencourt, pra dar mais vazão a esse tráfego todo que passa por aqui. O transito entre o interior [do Estado] e o litoral sul está impossibilitado. Terminar a estrada que sai de Itanhaém e termina em Pedreira iniciada há muito tempo e não terminada. Por fim, vinculado o desafio de construção de políticas públicas voltadas ao tratamento dos usuários de crack e outras drogas, é sensível aos entrevistados. Hoje existe uma prática higienista em Santos e São Vicente, que também não é sustentável. Ninguém sabe o que fazer, por exemplo, com os usuários de crack. Aumentou muito a população de usuários de uns 2, 3 anos pra cá. A maior motivação das prisões hoje está ligada ao tráfico e uso de drogas. Destaca-se como grande entrave a falta de abertura e resposta por parte do poder público às reivindicações e demandas levantadas em fóruns deliberativos abertos à população, o que desestimula uma atuação mais efetiva na esfera pública. 69

70 4.3. Considerações Finais A organização e articulação da sociedade civil é marcada por duas características que convivem lado a lado: a busca e afirmação de organização autônoma por parte das organização da sociedade civil na relação e articulação com outros sujeitos políticos na cidade, especialmente com o poder público (executivo e legislativo), e por outro lado, uma sociedade civil ainda marcada por um histórico de dependência e relações clientelistas, com o poder constituído. A percepção, ainda frágil, da afirmação de direitos, convive com práticas de dependência de atores da política local, que tutelam e apadrinham a sociedade civil. Caracteriza a organização das associações de moradores uma atuação em torno à questões mais locais e imediatas e com algumas iniciativas de articulação mais ampla com outras organizações. A participação e incidência em espaços públicos participativos vem se constituindo em uma prática da sociedade civil local, revelando capacidade de pautar o poder público local para algumas agendas de interesse da sociedade civil. Este foi o caso da Consocial, proposta e assumida inicialmente pela sociedade civil e posteriormente, assumida pela Poder Público. Dentre os espaços de gestão participativa em São Vicente, destacam-se três: Orçamento Participativo e Conselhos de Políticas Públicas, como instâncias mais permanentes, a Agenda 21 Local, como um espaço de caráter mais temporário. São espaços promovidos e articulados pela prefeitura. O Orçamento Participativo e os Conselhos, são valorizados pela sociedade civil, como espaços de construção de prioridades e de políticas públicas. Os Conselhos de políticas públicas, na visão das organizações da sociedade civil, são importantes, porém carecem de maior autonomia e efetiva implementação de suas deliberações pelo poder público municipal. A qualidade da representação dos conselheiros da sociedade civil e do poder público é questionada. A forma da indicação dos representantes nem sempre é pautada pelo objetivo de atuar nestes espaços para a construção da política pública, mas em alguns casos são indicados representantes para estarem a serviços de grupos políticos e parlamentares. Isso gera uma distorção no funcionamento destes espaços, na medida em que esses representantes não ajudam a construir efetivamente um espaço de construção da política pública de responsabilidade daquele conselho. O Orçamento participativo é considerado um espaço importante de participação da população, ainda que haja questionamentos em relação à metodologia na definição das prioridades pelo executivo, sem a adequada participação dos representantes eleitos pela comunidade. A Agenda 21 Local, construída entre 2006 e 2008, resultou em publicação de um Plano Local de Desenvolvimento Sustentável Agenda 21 São Vicente rumo a 2021, é mais valorizado pelo Poder Público Local do que pela Sociedade Civil, que raramente faz referência à Agenda 21 nas entrevistas, provavelmente por não haver um espaço público de acompanhamento da implementação da Agenda. Há um reconhecimento bastante amplo sobre avanços na gestão da cidade na última década. Por outro lado aparece uma insatisfação com a atuação dos gestores no seu trato com a cidade: planejamento substituído pela lógica da relação com o legislativo (que assumiria papel executivo), que permite o uso da máquina pública para interesses eleitorais. Diante de promessas eleitorais não cumpridas, as lideranças comentam que os bairros das regiões mais carente são lembradas só no períodos eleitorais. Necessidade de planejamento intersecretarial e planejamento metropolitano, para garantir serviços e estrutura pública regional, na perspectiva de construir um litoral sustentável. A avaliação das políticas públicas e dos serviços prestados é reconhecida como melhor ao longo dos últimos anos, porém ainda considerada como deficitária em diferentes aspectos e em diferentes áreas. As políticas públicas que mais se destacam nas entrevistas são o transporte, a saúde, a segurança e a educação. Na questão do transporte público, para além das insuficiências no atendimento à demanda (tratamento desrespeitoso diante dos idosos e demais passageiros com acesso livre, desorganização, falta de capacitação dos motoristas e cobradores, a frequência de circulação insuficiente, veículos ruins e lotados, sobretudo aqueles que vêm da parte continental do município e o preço alto), a inexistência de um sistema de transporte coletivo,

71 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 operado via ônibus municipais, parece produzir certo desconforto. O transporte intermunicipal também é alvo de muitas críticas. O sistema operado via vans/lotação, não condiz mais com o crescimento e a evolução em curso na cidade. O sistema operado pelas vans, é considerado pelos entrevistados da sociedade civil como positivo no início de sua implantação, pelo bom funcionamento e pelo impacto positivo que teve na dinamização do comercio local, é tido hoje como já insuficiente. Na política de Saúde, não obstante a existência de Postos de Saúde em vários bairros, são comuns as queixas quanto à demora no atendimento nessas unidades e às filas para marcação de consultas com especialista, e o atendimento insuficiente do hospital municipal, tendo que recorrer para os casos mais complexos à Santos. No que toca à Educação, há queixas quanto à precariedade das escolas e à qualidade do ensino. Não obstante a existência de creches noturnas serviço bastante valorizado pelos entrevistados comenta-se que faltam creches na cidade. Para as escolas estaduais as críticas são mais duras, pelo déficit de professores, aliado à violência existente nas mesmas. Na Segurança Pública, por vezes citado como maior problema da cidade entre os participantes da pesquisa qualitativa, as queixas mostram-se genéricas. O aumento do efetivo policial durante a temporada de verão parece diminuir a sensação de insegurança. Porém fora esta época o efetivo policial seria insuficiente. Por outro lado, alguns notam o surgimento de índices de violência na área continental do município dos quais não se ouvia falar há poucos anos. Há diferentes opiniões sobre os serviços de recolhimento e tratamento lixo e saneamento básico. Para parte dos entrevistados trate-se de mais uma prestação de serviço que deixa a desejar, principalmente por conta de má gestão. Para outros, o serviço atende às demandas primeiras da população, sendo esta a principal responsável pelo eventual descarte inapropriado de lixo. Avaliam como positiva o cata-treco e o serviço de coleta semanal de material reciclável. É necessário encontrar solução regional para a questão dos resíduos, apontam interlocutores. Na política habitacional, entrevistados apontam falta de planejamento. Muito se falou sobre como a falta de um acompanhamento mais atencioso do tema por parte do poder público facilita um crescimento desenfreado da especulação imobiliária, que tem motivado um aumento expressivo do valor dos imóveis e dos custos de permanência e manutenção das moradias em todo o território de São Vicente. Os relatos sugerem que aumento do custo da moradia tem estimulado a ocupação de áreas sem infraestrutura pública adequada para instalação de novos bairros e bolsões habitacionais. São Vicente melhorou nos últimos 10 anos. O Novo Polo Comercial da Baixada vem ajudando a resgatar a identidade e autoestima dos vicentinos. Depois de anos à sombra de Santos e pouco prestigiada no cenário local, o município parece desfrutar de maior prestígio na região e junto a seus moradores. A imagem de uma cidade dormitório ainda se faz presente, mas ela não é unânime. Isso faz parte do passado, ou seja, na verdade, era assim, mas hoje mudou. A encenação da fundação de São Vicente, a primeira cidade do Brasil, constitui-se em um evento bastante valorizado por uma parte dos entrevistados, que tende a contribuir para o resgate e reforço da auto-estima do cidadão. O dinamismo do comércio local e o novo shopping construído na cidade também são motivo de orgulho entre a maioria dos entrevistados, contribuindo sobremaneira para compor a imagem de uma cidade em franco crescimento. 71

72 Chama a atenção nas entrevistas com as organizações da sociedade civil a associação da Petrobras com responsabilidade social, investimento na preservação ambiental e desenvolvimento econômico. A Petrobras também vem fortemente associada a empregos valorizados, bem remunerados e estáveis. O pré-sal parece algo distante (no tempo e no espaço), mais associado à cidade de Santos do que a São Vicente, para participantes da pesquisa. Vêem Santos como o destino dos seus benefícios. Percebem porém que a exploração do petróleo e gás vem ganhando relevância na dinâmica econômica da Baixada e fomentando a criação de cursos voltados a formar mão de obra para o setor. A pergunta que fica é se os moradores locais serão beneficiados pelos empregos gerados. São Vicente não tem estrutura para acolher um eventual afluxo de pessoas que aportarão na Baixada atraídas pela Petrobras. Como Polo Comercial Regional, alguns entrevistados mostram-se temerosos de que o aumento excessivo de consumidores e moradores resulte na elevação dos preços na cidade. Entrevistados de organizações da sociedade civil também manifestam preocupação com à falta de planejamento metropolitano para a demanda por infraestrutura necessária na região. Uma preocupação levantada por alguns entrevistados de entidades da sociedade civil e de participantes da pesquisa, dizem respeito à especulação imobiliária e a elevação do custo dos imóveis motivadas pelos investimentos da Petrobras em torno ao Pré-sal, que está gerando um sentimento de expulsão dos vicentinos da cidade sensação similar amplamente manifestada na cidade de Santos. Ao pensarem sobre o futuro da cidadeo clima entre os participantes da pesquisa e por parte de alguns entrevistados das entidades, é muitas vezes de otimismo. O tom geral das falas ressalta que a cidade vai continuar a crescer. Porém a sensação mais geral é que São Vicente vem se desenvolvendo, ainda que com imensos desafios a serem enfrentados, porém com potencialidades e perspectivas para um desenvolvimento sustentável. As potencialidades e perspectivas apontadas para o desenvolvimento de São Vicente basicamente giram em torno à três possibilidades: o comércio, o turismo e o desenvolvimento de atividades subsidiárias da Petrobras/Pré-sal. O Comércio é considerado a principal atividade econômica do município e sua principal vocação. O turismo ainda se faz presente, mas ocupa um lugar secundarizado face ao atual vigor comercial do município. O comércio ganhou relevância, impulsionou o crescimento da cidade e constitui-se, hoje, em uma referência regional. Ele atrai moradores dos municípios do entorno para compras e empresários para investir na cidade, suplantando Santos, até então o maior centro de compras da Baixada. O Pólo Comercial de referência regional, que já se constitui uma realidade importante para o desenvolvimento do município, poderá ser ampliar e expandir mais ainda no futuro, acreditam os entrevistados, tendo vista a perspectiva da vinda da Petrobras e evento do Pré-sal para a região. O Turismo é visto como uma potencialidade a ser resgatada e desenvolvida. É pouco e mal explorado no município. Por isso o turista não vem mais para o município como vinha no passado. Haveria pouco investimento no turismo e as políticas seriam muito pontuais, sem planejamento. O pouco aproveitamento do potencial turístico do município é por vezes relacionado mais à falta de divulgação dos atrativos oferecidos pelo município do que à falta de pontos turísticos, que haveria muitos. O turismo atualmente se restringe à praia. Entre as potencialidades existentes para tornar o turismo uma atividade significativa para o desenvolvimento do município, os entrevistados das organizações apontam possibilidades em diversas modalidades turísticas: turismo náutico, turismo histórico, turismo ecológico, turismo de praia, cultural. Para desenvolver o turismo ecológico o município contaria ainda com áreas verdes, cachoeiras e rios que poderiam ser explorados. A dimensão histórica que caracteriza São Vicente deveria ser valorizada e articulada com outras possibilidades turísticas, como o resgate da cultura caiçara, como um elemento turístico importante.

73 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Um destaque nas falas de interlocutores da sociedade civil refere-se ao potencial do turismo náutico, que em grande medida depende de readequação urbanística em um dos pontos turísticos e patrimônio histórico tombado de São Vicente: a ponte Pênsil. Será necessário elevar aponte pênsil para permitir a circulação de embarcações turísticas, de pesca, entre outras, com o intuito de potencializar o uso da baía para atividades náuticas. A Parque Industrial impulsionado pela cadeia do Pré-sal é visto como outra potencialidade a ser incrementada. Para parte entrevistados das entidades, a área continental do município é tida como um espaço ainda disponível para a instalação de novos empreendimentos principalmente industriais que possam gerar empregos na cidade, para além do setor comercial. A percepção de que Santos já se encontra no limite da sua expansão industrial, aumenta a possibilidade de indústrias se instalarem em São Vicente, tendo em vista ainda possuir áreas, na parte continental, que comportam atividades industriais. A perspectiva da expansão industrial seria a oportunidade aberta pelo Pré-sal, cujas atividades de exploração de petróleo e gás demandariam empresas subsidiárias que forneçam produtos e serviços como suporte e complemento às suas atividades. 5. DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 5.1. Introdução O projeto Diagnóstico Urbano Socioambiental e Planejamento de Políticas Públicas, a ser realizado nos municípios da Baixada Santista e do Litoral Norte do estado de São Paulo, tem por objetivo contribuir com a sociedade civil e o setor público, em seus diversos níveis governamentais, por meio de subsídio a programas de desenvolvimento, articulação de esforços de políticas públicas e pela proposição de instrumentos de ações estruturantes. Dentro desse objetivo, insere-se o presente diagnóstico de desenvolvimento econômico de São Vicente, pela consideração das condições socioambientais e dos empreendimentos econômicos, bem como, da gestão de políticas públicas, que permitam pensar a inclusão de toda a população num processo de desenvolvimento sustentável no território. O grande desafio ao desenvolvimento que se coloca nesse horizonte regional está na capacidade de especialização da economia, que possibilite o aumento da produtividade e da agregação local de valor. Esses fatores são fundamentais para a melhoria das condições de vida em geral da população, mas em especial tendo em vista, as comunidades tradicionais, locais e de migrantes, e a preservação dos sistemas ambientais. O processo de ocupação do território, os ciclos econômicos e os ativos locais, seja em valores monetários, culturais e ambientais, constituem traços marcantes da sociedade e da economia local. Frente a isso, também importa considerar os potenciais impactos urbanos e socioambientais decorrentes da exploração da camada do pré-sal, da expansão da infraestrutura de portos, vias, saneamento e produção imobiliária nessa região. A ocupação do território que viria a ser o Brasil deu seu primeiro passo na fundação da vila portuguesa de São Vicente, por Martim Afonso de Souza em A organização política do Estado colonial, com eleições dos homens bons da Câmara, Pelourinho, Cadeia e Igreja, permite a São Vicente o título de primeira cidade brasileira. O nome em homenagem ao Santo do dia 22 de Janeiro, carrega a marca do suplício de sua tortura e morte pelos romanos. O nome anterior de Ilha de Gohayó foi alterado em 1502, quando no mesmo dia 22 de janeiro, passou pela região a expedição de Gaspar de Lemos. 73

74 O binômio, agricultura de subsistência (agricultura, pecuária, pesca e extrativismo) e captura de índios, constituise na base da economia fundadora do município. As primeiras expedições portuguesas para o interior, inclusive a que fundou a Vila de São Paulo de Piratiniga partiram da Vila, que enviou população, mercadorias e animais de cria para as diversas regiões do país. A derrota dos jesuítas, expulsos de suas missões de conversão dos gentis, denota o poder da atividade econômica, política e militar de organização das guerras entre etnias indígenas frente aos povos europeus, sob a finalidade de anexação de territórios e escravização dos índios vencidos, destinados às capitanias do nordeste e Europa. O estímulo à agricultura possibilitou a rápida diversificação, com a produção de trigo, vinha e cana-de-açúcar. Este último produto passou a ser beneficiado no primeiro engenho do Brasil, comercializado por uma empresa mercantil na Europa a partir de um grande empório local. As empresas formadas pelos senhores de engenho de São Vicente, monopolizou a comercialização de todos os produtos importados. O açúcar passou a ser a moeda corrente, o preço dos salários e dos produtos da terra, determinados pelos Senhores de Engenho, detentores dos poderes mais expressivos sobre a sociedade local. As medidas não agradaram ao povo, que, passou a abandonar o litoral e incorporar o crescimento de São Paulo e da região. Depois que a atividade econômica especializa-se no nordeste, a economia local perde muito do seu dinamismo econômico. Os grandes investimentos realizados a partir de meado do século XX, especialmente localizados na região de Santos e Cubatão, relacionados à infraestrutura e serviços industriais, e depois, nos municípios balneários de Guarujá e Praia Grande entre outros, constituíram um aglomerado urbano metropolitano, no qual, o município insere-se em suas características especificas. O antigo núcleo habitacional da colonização, transformado ao longo das décadas, recebe a partir e então, e até hoje, um enorme contingente de pessoas, marcando o crescimento desordenado do espaço urbano, para o uso de moradia dos trabalhadores na nascente metrópole de Baixada Santista, que dinamizaria as atividades locais de comércio serviços em geral, especialmente turismo. De forma a apresentar a estrutura e a conjuntura que se abre ao município, considera-se os aspectos históricos do capitalismo brasileiro e estruturais, como a divisão social e territorial do trabalho no litoral de São Paulo. A análise das condições sociais do processo de integração e segregação socioeconômica, nos respectivos mercados formais e informais, é tratada em dois tópicos dedicados ao estudo de estruturas fundamentais da economia, contidos nos mercados produtivo de bens e serviços e de trabalho. Como resultado dessa abordagem, é possível indicar ao final, alguns obstáculos e potenciais caminhos para o desenvolvimento local e regional Mercado Produtivo (Produção de Bens e Serviços) A elaboração deste tópico se pautará, fundamentalmente, na utilização de dados secundários, embora em determinados momentos, informações primárias colhidas em viagens de campo pela Equipe Pólis serão mencionadas para complementar a análise. A utilização dos dados secundários tem como intuito levantar e sistematizar alguns dados oficiais que nos permite realizar uma caracterização preliminar do contexto econômico do município. Optou-se pela utilização de dados e de informações sempre atualizadas, levando em conta as restrições de tempo inerentes às bases estatísticas nacionais Informações Gerais A população local de mais de 332 mil pessoas, habitava em mil domicílios, distribuídos em três partes, conforme as suas condições de renda. A população mais rica, menos de 1/3 dos domicílios, possuía renda de mais de 5 Salários Mínimos (SMs de cerca R$ 510,00 à época do Censo Demográfico). Mais de 1/3 dos moradores, recebia renda de 2 a 5 SMs. Aproximadamente 1/3 dos residentes permanentes, apresentavam renda de até 2 SMs. Em quase 4% do total dos domicílios as pessoas não tinham renda. Esse último conjunto da população, com 7 Os dados e informações levantados buscam uma compreensão do município, que permitirão, posteriormente, ao cruzar com os diagnósticos de outras áreas, realizar uma análise integrada e multidimensional. Especificamente ao tema desenvolvimento econômico, para cada município, inicialmente, caberá conhecer alguns dados, visando iniciar o processo de elaboração de diagnóstico econômico dos municípios, cujo quadro geral para os 13 municípios nos permitirão traçar o diagnóstico regional.

75 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 renda de até 2 salários mínimos, destaca-se pela concentração de 95% das ocupações subnormais 8, quase 23 mil residências. A estimativa da proporção de pessoas que estão abaixo da linha da pobreza ou da indigência, considera a soma da renda de todas as pessoas do domicílio, dividida pelo número de moradores. Indica a pobreza, dos que possuem rendimento per capita menor que ½ SM, e o estado de indigência, quando o valor é inferior a ¼ de SM. A proporção de pessoas pobres com renda domiciliar per capita de ½ a ¼ de SM era menor no município (12,9%) do que no Estado (18,3%) em Enquanto cerca de 79,8% de toda a população estava acima da linha da pobreza, o número de moradores abaixo da linha da indigência, com renda per capita de menos de ¼ do SM, representava cerca de 7,3%. Figura 1. Proporção de moradores Acima da linha da pobreza, entre a linha de Indigência e de Pobreza e Abaixo da linha de Indigência em 2010 Fonte: Censo Demográfico do IBGE 2010 (Elaboração do Instituto Pólis). Como se vê no quadro a seguir, que desagrega os componentes da dimensão da riqueza do Índice Paulista de Responsabilidade Social, a riqueza municipal (IPRS de 51) gerada pelo valor localmente adicionado (IPRS de 28), em relação aos outros conjuntos territoriais da região de governo de Santos e do estado, encontra-se numa condição de pobreza relativa. Essa condição pode ser explicada em parte pelo menor rendimento do emprego formal (IPRS de Rendimento Médio 50), completada pela economia informal, como se verá, apresentando rendimentos do emprego abaixo da média da RA de Santos (IPRS de 65) e de São Paulo (IPRS de 70). O indicador de consumo de energia, seja para finalidade econômica, que reflete a intensidade das atividades locais, como no uso residencial, que indica a riqueza material das famílias, situou-se próximo à média do estado de São Paulo e substancialmente abaixo da RA de Santos. 8 O IBGE adotou inovações em 2010 para atualizar e aprimorar a identificação dos aglomerados subnormais (assentamentos irregulares conhecidos como favelas, invasões, grotas, baixadas, comunidades, vilas, ressacas, mocambos, palafitas, entre outros). 9 Informações retiradas do Portal ODM do Sistema S, para o acompanhamento municipal dos objetivos do milênio. 75

76 Quadro 1. Dimensão da Riqueza Municipal, da Região Administrativa (RA) de Santos e do Estado de São Paulo, referente ao Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS), por componentes, Consumo de Energia para a atividade econômica e residencial, Rendimento Médio e Valor Adicionado Fiscal Per Capita em 2008 Regiões de Governo Riqueza municipal Consumo anual de energia elétrica no comércio, agricultura e nos serviços por ligação Consumo anual de energia elétrica residencial por ligação Rendimento médio do emprego formal Valor adicionado fiscal per capita São Vicente RA de Santos Estado de São Paulo Fonte: Fundação Seade (Elaboração do Instituto Pólis). A pobreza relativa do município pode ser representada pelo Produto Interno Bruto, por pessoa, dos conjuntos econômicos do município (R$ 8,7 mil), estado (R$ 26,2) e nacional (R$ 15,9). O PIB ao incorporar os impostos, ajuda a diminuir a pobreza do município, pelo efeito redistributivo da renda. Figura 2. Níveis de Produto Interno Bruto, por pessoa, nos conjuntos do Município, Estado e do País em São Vicente Estado de São Paulo Brasil Fundação Seade (Elaboração do Instituto Pólis). A riqueza produzida no município, de cerca de R$ 2,7 bilhões, em termos de Valor Adicionado (VA) total, mantinha-se próxima ao desempenho do VA da média dos municípios do Litoral considerado 10 (R$ 2,9 bilhões, com uma taxa de crescimento também semelhante, de 145% no período de 1999 à A pobreza relativa expressa pela relação de VA per capita de R$ 8,1 mil, bem abaixo da média da região, próxima de R$ 16 mil, em que pese a maior população, comparada à média dos demais municípios. Quadro 2. Valor Adicionado (VA) 11, em milhões de reais, no município e média do litoral ( ), Percentual de Crescimento do VA, a População em 2010 e o VA por Pessoa Valor Adicionado (VA) Taxa de Crescimento VA por Pessoa em 2009 Região São Vicente ,7% Média da Baixada Santista ,4% Estado de São Paulo ,7% Fonte: Informações dos Municípios Paulistas (IMP) - F. SEADE, Censo Demográfico IBGE (Elaboração do Instituto Pólis). Do ponto de vista da participação dos setores da atividade econômica, nota-se no Quadro 3, que do total de riquezas produzidas no município, o setor da agropecuária representava apenas 0,2% do total, após um ligeiro crescimento em 2009, em termo absoluto e percentual. Enquanto os setores de serviços e indústria 10 O valor adicionado da produção é distribuído, por meio dos salários, lucros, juros e renda fundiária, aos trabalhadores, empresários, proprietários do capital e da terra. O valor adicionado, como Proxy da renda distribuída no município, deve considerar o fato de que muita renda é apropriada fora do local, onde se localizam os proprietários, das organizações empresariais, do patrimônio imobiliário e do capital financeiro. Mais do que os proprietários locais recebem de rendas realizadas em outros territórios, ou seja, o valor adicionado provavelmente seja substancialmente menor do que a renda distribuída localmente. 11 Valor adicionado (VA) é o valor que a atividade agrega aos bens e serviços consumidos no seu processo produtivo, obtido pela diferença entre o valor de produção e o consumo intermediário, segundo a definição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE.

77 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 representaram respectivamente 86,5%, e 13,2% do VA do município em Nota-se que, na década analisada, a indústria decresceu na participação do VA no conjunto econômico do município. A administração pública, uetor de serviços sub obteve a maior expansão no VA, de R$ 196 milhões (17,7%) para R$ 693 milhões (25,6%). O subsetor de serviços de comércio e outros serviços representa a grande parte do valor adicionado da economia local, que perdeu um espaço relativo, para a economia do setor público, antes mencionada, mas mantém-se com quase 60,8% de todo o VA, cerca R$ 1,6 bilhões em Quadro 3. Valor Adicionado (VA) dos Setores Econômicos, em milhões de R$ e percentual, entre 1999 e 2009 Valor Adicionado (Em milhões de reais correntes) Agropecuária Indústria Serviços ,1% 6 0,2% ,5% ,2% ,5% ,5% Administração Pública 196 (17,7%) 693 (25,6%) Comércio e Outros Serviços 717 (64,7%) (60,8%) VA Total % % Fonte: Fundação SEADE (Elaboração do Instituto Pólis). A capacidade de adição local de valor, cuja taxa de crescimento seguia a média do litoral considerado, indica a sua intima relação junto à dinâmica metropolitana, que constitui um conjunto econômico, populacional e territorial bastante importante. Mas com uma condição de consumo de energia, adição de valor e de geração de renda, per capita, abaixo da média do litoral. O aumento da administração pública deve-se ao aquecimento da economia no período, pelo aumento da renda real e do consumo, e das dotações de recursos do setor público municipal, notadamente, pelo crescimento das transferências dos royalties do petróleo e investimentos públicos estadual e federal. Apesar da expansão do vigor do setor público local, ainda é elevada a precariedade da moradia, serviços e infraestrutura pública, e a condição de indigência e pobreza, mesmo que comparável à realidade do estado e país A estrutura produtiva da economia local A observação da atividade econômica, segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas, (CNAE versão 2.0), através dos dados do banco estatísticos do Cadastro Central de Empresas (CCE) do IBGE, possibilita aferir a escala e a especialização da estrutura produtiva local em Para isso as atividades foram agrupadas em alguns conjuntos, a saber: industriais e serviços da produção; de serviços gerais e comércio; e de administração pública e serviços sociais. Esses conjuntos de atividades orientam-se a detalhar os setores econômicos antes apresentados (serviços, administração pública e a indústria), em termos de VA, e verificar a composição e escala 12 das empresas estabelecidas na produção. Quadro 4. Número de empresas e outras organizações, por conjuntos de atividades econômicas, total e por faixa de pessoal ocupado em Para fim de mensuração da escala econômica das empresas estabelecidas, define-se como parâmetros, mesmo que arbitrariamente: pequena empresa, unidades com menos de 20 pessoas ocupadas; empresa de média escala, as organizações com 20 ou menos de 50 pessoas ocupadas. e as empresas de grande escala, os empreendimentos com mais de 50 pessoas ocupadas. 77

78 Atividades Econômicas (CNAE 2.0) Total 0 a 4 5 a 9 10 a a a a a a e mais Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura Indústria e Serviços Industriais Administração Pública e Serviços Sociais Comércio e Serviços Gerais Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração do Instituto Pólis). O maior conjunto de serviços forma-se pelas atividades de comércio, reparação, alojamento e alimentação, que constituiu mais de 3/4 dos empreendimentos locais, caracterizados por pequena escala, de até 20 funcionários, alguns de média escala com mais de 20 e menos de 50, e um grupo de 33 organizações com mais de 100, das quais 3 com mais de 500 pessoas ocupadas. Somando-se as atividades administrativas e complementares, ao conjunto anterior chegar-se-ia a mais de 91% (mais de 6 mil) dos empreendimentos no município, completados por 9% de unidades industriais (mais de 600) e poucas unidades de pesca, agricultura, extração e etc. Dentro do conjunto de empreendimentos de comércio e serviços gerais, destacam-se em número e escala de pessoas ocupadas, as atividades de comércio, reparação de veículos, administrativas e serviços complementares. O grupo de atividades de alojamento e alimentação, profissionais, científicas e técnicas, transporte apresentaram destaque secundário, em se tratando de escala e representatividade dos empreendimentos. Quadro 5. Distribuição das empresas por atividades econômicas de serviços gerais e comércio, total e por faixa de pessoal ocupado em 2010 Atividades Econômicas (CNAE 2.0) Total 0 a 4 5 a 9 10 a a a a a a e mais Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados Informação e comunicação Transporte, armazenagem e correio Atividades profissionais, científicas e técnicas Alojamento e alimentação Atividades administrativas e serviços complementares Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração do Instituto Pólis). As atividades de administração pública, defesa e seguridade social, destacaram-se por algumas poucas unidades, mas com um grande número de pessoas ocupadas, em especial o poder público municipal. As atividades de educação, saúde, serviços sociais, arte e cultura, esporte, recreação e outras, eram responsáveis por alguns estabelecimentos de maior porte, com ocupação de mais de 50 pessoas, um conjunto importante de unidades de média escala e abundante nas de pequena escala. Quadro 6. Distribuição das empresas por atividades econômicas de administração pública e serviços sociais, total e por faixa de pessoal ocupado em 2010 Atividades Econômicas (CNAE 2.0) Total 0 a 4 5 a 9 10 a a a a a a e mais Administração pública, defesa e seguridade social Outras atividades de serviços Educação Saúde humana e serviços sociais Artes, cultura, esporte e recreação Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração do Instituto Pólis).

79 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 As unidades empresariais ativas no ramo da construção, eram 9 construtoras, com mais de 50 pessoas ocupadas, 8 com mais de 100 e 2 com mais de 250 pessoas ocupadas. Além de algumas de média escala e muitas pequenas empresas. As atividades de serviços industriais de utilidade pública, tais como água, esgoto, gestão de resíduos sólidos e descontaminação, do ponto de vista do número de pessoas ocupadas, observa a existência de alguns empreendimentos importantes de mais de 50 e até de 500 pessoas ocupadas, junto algumas pequenas empresas. Os empreendimentos imobiliários, associados ao conjunto dos produtos resultantes das atividades anteriores, representam uma modesta estrutura empresarial, com um conjunto de pequenas empresas. A indústria de transformação e extrativa concentrava-se em unidades de pequena escala, menos de 20 pessoas ocupadas, e na primeira indústria, algumas plantas de média escala, entre 20 e 50 pessoas ocupadas. Somente 4 empresas tinha escala de ocupação acima de 50 pessoas, duas delas acima de 100 pessoas. Quadro 7. Distribuição das empresas por atividades econômicas produtivas e de serviços da produção, total e por faixa de pessoal ocupado em 2010 Atividades Econômicas (CNAE 2.0) Total 0 a 4 5 a 9 10 a a a a a a e mais Construção Atividades imobiliárias Água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação Indústrias de transformação Indústrias extrativas Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração do Instituto Pólis). Entretanto, esta economia formal apresentada, constituída por empresas e outros tipos de organizações de iniciativas (fundações, autarquias, Ong s e Oscips e etcs), de diversas escalas de produção e ação, com trabalho assalariado, mais ou menos especializado, forma a estrutura produtiva de bens e serviços, estabelecida até recentemente no município. Com esse quadro geral de informações, apresenta-se um componente importante da estrutura produtiva local, para a reflexão a cerca das condições de desenvolvimento econômico. 79

80 Algumas decisões cruciais que podem atingir a economia local De acordo com o Relatório da Cespeg (2011), os investimentos previstos no setor de petróleo e gás são, em média, de US$ 5 bilhões/ano (US$ 3,7 bilhões relacionados à exploração, produção e refino) e devem produzir impactos altamente significativos na economia brasileira. Os impactos diretos, indiretos e de efeito-renda são potencialmente de US$ 12 bilhões por ano relação de 1:2,5 com o investimento. A realização total desse potencial depende da parcela de fornecimento local de insumos e serviços. Atualmente, cada R$ 1 investido na cadeia do pré sal e atividades correlatas, gera benefícios diretos e indiretos de R$ 1,26, além de R$ 1,9 em termos de efeito-renda (Cespeg, 2011). O efeito potencial em termos de crescimento do PIB anual brasileiro é da ordem de 0,6%, com uma geração adicional de empregos. Os setores mais impactados pelos investimentos no setor de petróleo são o de prestação de serviços a empresas (que inclui consultorias, serviços jurídicos, informática, segurança, entre outros), siderurgia, metalurgia, máquinas e tratores, o próprio setor de petróleo e gás, construção civil, comércio e agropecuário. Os maiores beneficiados em termos de valor da produção são: serviços prestados a empresas (15,6%), siderurgia (11,3%), petróleo e gás (9,1%), máquinas e tratores (8,8%), peças e outros veículos (principalmente indústria naval, 7,4%) e construção civil (6,4%). Segundo levantamentos realizados com base em leitura de documentos, relatórios e estudos específicos sobre os impactos dos investimentos do pré-sal e de seus desdobramentos (porto, rodovia etc.), bem como com base em conversas e entrevistas com especialistas e gestores, aparecem alguns setores potenciais que serão impactados. Entre eles, os setores que potencialmente sofrerão impactos em toda a região são Indústria de Transformação; Construção Civil; Infraestrutura; Turismo; Resíduos Sólidos, Agricultura, Pesca e Extração a. Habitação e Infraestrutura Urbana As atividades de construção civil, obras públicas, abastecimento de água, tratamento do esgoto, gestão de resíduos, descontaminação e de serviços imobiliários, tem entre si um relação especial de interdependência, que se deve observar no conjunto da gestão da política urbana. O mercado local da construção civil era formado por 292 empresas em Esse conjunto era 41,7% maior do que o de 2006, com o crescimento da escala da ocupação de pessoas, em empresas maiores, mesmo que em algumas o crescimento tenha sido zero ou negativo, isso deveu por não terem registro ou ao aumento da escala de ocupação de pessoas da empresa em 2010 em relação a Oito empresas ultrapassaram a escala de 100 e 2 a de 250 pessoas ocupadas. O crescimento foi mais intenso no caso das grandes empresas, com mais de 50, e das empreiteiras médias, com mais de 20 pessoas ocupadas. Quadro 8. Número de Construtoras, por Faixa de Pessoal Ocupado, em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado Taxa de Crescimento 0 a ,6% 5 a ,9% 10 a ,7% 20 a ,0% 30 a ,0% 50 a ,0% 100 a ,0% 250 a Total ,7% Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração do Instituto Pólis).

81 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Dos recursos repassados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC ), segundo as funções de governo de urbanismo, habitação e infraestrutura, ligada a promoção do turismo, o município acessou mais de R$ 128 milhões, que representaram também mais de 10% do total destinado ao litoral considerado. Enquanto na função de governo de saneamento, o recurso foi de R$ 54 milhões, representando pouco mais de 2,6% deste conjunto. O detalhe dos programas de origem dos repasses, disponíveis no sítio da Caixa, mostra os recursos foram e estão sendo realizados em projetos de planejamento, regularização e construção de infraestrutura para moradia popular, inclusive nos bairros adjacentes às centralidades turísticas (como o Jardim Rio Branco, Vila Nova São Vicente, Vila Ema e Irmã Dolores). A expansão das empresas da construção, recebeu dessa maneira um importante estímulo, orientando-se em boa medida para a produção de produtos e serviços, para as faixas de renda mais baixas e para a melhoria da infraestrutura urbana destinada aos serviços turísticos. O crescimento das empresas no mercado imobiliário deu-se tanto em número absoluto, em unidades, como na sua escala. Ainda mantendo-se concentrada em pequenas empresas. A taxa de crescimento total das empresas imobiliárias foi pouco maior que a taxa das construtoras. A dinâmica de ambas se relaciona seja por meio da produção de imóveis residenciais, de diversos usos (permanente, especulação, veraneio e hospedagem) como pela produção de obras pesadas da infraestrutura (viária, saneamento ambiental (água e esgoto), equipamentos públicos e etc.), que valoriza os estoques de moradia produzida. Quadro 9. Número de Imobiliárias, por Faixa de Pessoal Ocupado, em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado Taxa de Crescimento 0 a ,3% 5 a ,0% 10 a ,0% Total ,0% Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração do Instituto Pólis). A atividade de saneamento teve surgimento de uma única empresa, com a ocupação de mais de 50 pessoas. Os empreendimentos de abastecimento de água, tratamento do esgoto, gestão de resíduos e descontaminação, são poucos e de pequena escala, a exceção de 2 unidades, uma com mais de 50 e outra com mais de 500 pessoas ocupadas. O que representa os limites de oferta de produtos e serviços locais. Por outro lado, a atividade é uma importante oportunidade para expansão da política pública, como para a articulação do capital e trabalho local, inclusive a partir da demanda por serviços públicos. A organização dos coletores de materiais recicláveis é um bom exemplo. Em São Vicente, todo o material reciclável coletado pela Codesavi no município é enviado diretamente à Coopercial Cooperativa dos antigos catadores do Lixão, que faz a triagem, prensagem e venda do material reciclado. A Cooperativa mantém 147 cooperados e, comprovadamente, os tirou de uma situação de risco social, melhorando a qualidade de vida de suas famílias e também de todo o município. A periodicidade da coleta seletiva é de uma a duas vezes por semana, de acordo com o bairro. No transcorrer do ano de 2008, o volume recolhido é de aproximadamente 80t/mês Conforme o Balanço o 4 anos do PAC I Retirado do sítio da Companhia de Desenvolvimento de São Vicente (Codesavi), disponível em 81

82 Quadro 10. Número de Empresas de Água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação, por Faixa de Pessoal Ocupado, em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado Taxa de Crescimento 0 a ,0% 5 a ,0% 10 a ,0% 50 a e mais 1 1 0,0% Total ,1% Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração do Instituto Pólis). Nesse breve momento analisado, entre 2006 e 2010, as empresas de produção habitacional, infraestrutura e imobiliárias tiveram um crescimento tanto na entrada de novas empresas no mercado, com o aumento da escala de ocupação de pessoal, em ambas as atividades. As empresas locais ligadas à atividade de saneamento (ambiental, resíduos e descontaminação) não tiveram o mesmo dinamismo, com a manutenção das unidades locais e o surgimento de uma única unidade de maior porte. Com isso, destaca-se um arranjo setorial da construção local que tem expandido com maior dinamismo por força do estímulo da demanda pública por obras de infraestrutura e mesmo por serviços de saneamento b. Infraestrutura Produtiva e Logística A infraestrutura produtiva e logística local insere-se na divisão social do trabalho e espacial da produção, no âmbito da região metropolitana Baixada de Santista, como importante local de suporte habitacional para trabalhadores da metrópole, constituindo-se num importante centro de consumo. Para isso, conta com um amplo número de serviços em diversas atividades estabelecidas no município. As atividades de Comércio e Reparação de Automotores, dão suporte ao fluxo intra-metropolitano, em sua interconexão pelo transporte rodoviário, na exigência não só de novos equipamentos, mas da manutenção e conservação. O crescimento das atividades apresentou um desempenho total negativo em seu número de empreendimentos, mas houve o aumento de unidades de média escala, entre 20 e 50 pessoas ocupadas. As unidades de pequena escala, com menos de 20 funcionários, apresentaram crescimento negativo ou de menor monta. As 2 empresas de grande escala, com mais de mais de 250 pessoas ocupadas, surgiram nos últimos anos. Quadro 11. Número de Empresas de Comércio e Reparação de Automóveis, por Faixa de Pessoal Ocupado, em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado Taxa de Crescimento 0 a ,5% 5 a ,2% 10 a ,6% 20 a ,2% 30 a ,6% 50 a ,1% 100 a ,0% 250 a Total ,5% Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração do Instituto Pólis). As empresas de transporte, armazenagem e correio, relacionadas principalmente à logística do fluxo de mercadorias, apresentou um crescimento relevante do número de empreendimentos, especialmente de menor escala, até 20 funcionários. Havia somente 2 empresas de grande escala, com mais de 100 empregados.

83 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Quadro 12. Número de Empresas de Transporte, Armazenamento e Correio, por Faixa de Pessoal Ocupado, em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado Taxa de Crescimento 0 a ,8% 5 a ,7% 10 a ,9% 20 a ,0% 30 a ,0% 50 a a ,0% Total ,4% Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração do Instituto Pólis). As empresas de transformação apresentaram um crescimento no total do número de empreendimentos de mais de 10%. A atividade teve uma expansão das unidades instaladas, especialmente, nas unidades de pequena escala, com menos de 10 pessoas ocupadas e redução do número de empresas com entre 10 e 30 funcionários. A novidade foi o surgimento de indústrias com mais de 100 pessoas ocupadas, apesar de que simultaneamente, reduziram-se as unidades com mais de 50 e menos de 100. Quadro 13. Número de Empresas Industriais de Transformação, por Faixa de Pessoal Ocupado, em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Taxa de Ocupado Crescimento 0 a ,5% 5 a ,9% 10 a ,0% 20 a ,3% 30 a ,0% 50 a ,4% 100 a Total ,1% Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração do Instituto Pólis). O que se percebe nos números analisados, referentes às empresas de segmentos associados à infraestrutura produtiva e logística, e a sua escala, é que o crescimento do mercado local no período estudado, beneficiou mais as unidades maiores, especialmente de serviços de logística e da indústria de transformação, em detrimento da pequena e da média empresa já instalada. Na atividade de comércio e reparos de automóveis, as unidades de média escala apresentaram um desempenho importante, com o crescimento das empresas desse nível ocupação de trabalhadores. Enquanto as unidades de pequena escala reduziam-se em sua representação em número de empreendimento, ou cresciam menos nestas faixas de pessoal ocupado, abaixo da taxa dos segmentos mais densos em ocupação por unidade. Essa concentração da estrutura do mercado produtor pode repercutir em maior poder de mercado, ou seja, margem de lucro elevado para o produtor e eventual elevação de preço para o consumidor. 83

84 5.2.3.c. Turismo e Lazer O turismo abrange algumas atividades características de serviços (CNAE), desde as de alojamento, alimentação, artes, cultura, esporte e recreação 15. Esses serviços, direta ou indiretamente, exploram as riquezas locais, que passam pela beleza da paisagem, cultura e história da gente local. Dentre alguns atrações, podemos citar algumas atividades e lugares, tais como a: Encenação, Biquinha, Casa Martim Afonso, Centro Cultural da Imagem e do Som, Parque Ecológico Voturuá, Igreja Matriz, Praia do Gonzaguinha, Praia dos Milionários, Praia do Itararé, Mercado Municipal, Plataforma de Pesca e Lazer, Ponte Pênsil, Praça 22 de janeiro, Rua Japão Vila de São Vicente, Morro da Asa Delta, Bandeira, Monumento dos 500 anos e Museu Jóias da Natureza. As atividades de alojamento e alimentação, que representam respectivamente, os hotéis, campings, pousadas e etc. e os restaurantes, tiveram crescimento positivo em todas as escalas de ocupação no período observado, especialmente, as unidades de médio porte, entre 20 e 50 trabalhadores e de grande escala, com mais de 50 pessoas ocupadas. Entretanto, as pequenas empresas, apresentaram um menor crescimento, mais pronunciado nas empresas de até 4 empregados. 15 A cadeia de produção turística pode ser definida como o conjunto das empresas e dos elementos materiais e imateriais que realizam atividades ligadas ao turismo, com procedimentos, ideias, doutrinas e princípios ordenados. Enumeradas, de acordo com estudos desenvolvidos pelo SEBRAE (2011), elas seriam divididas nas seguintes áreas: 1) Agência de viagens: a primeira porta de entrada ao turista, responsável pela emissão de passagens, pacotes, hotéis, e informações e assessoria sobre os destinos turísticos e a devida organização de itens de viagem; 2) Transporte: pode ser rodoviário, aéreo, ferroviário e aquaviário. As atividades envolvidas incluem assessoria a novas rotas, aluguel de veículos, fretamento e pacotes promocionais; 3) Alojamento: são os diversos meios de hospedagem, como hotéis, resorts, cama e café e pousadas. Serviços demandados neste setor são os mais variados, como a manutenção e segurança, serviços de reserva e telecomunicações, gerenciamento e suporte para negócios e convenções, além da construção e infraestrutura; 4) Alimentação: inclui desde estabelecimentos de bares e restaurantes, a empreendimentos de alimentação fora do lar, como quiosques e ambulantes. Os serviços relacionados vão do abastecimento aos meios de hospedagem às atividades de valor agregado como rede de distribuição, agricultura, logística e consultoria. 5) Atividades recreativas e desportivas: refere-se ao uso e benefício de equipamentos turísticos ou de uso da comunidade, como parques temáticos, unidades de conservação ambiental, eventos culturais e desportivos. 6) Outras atividades recreativas: em geral, relacionado ao comércio local com compras, artesanato, shopping e a inclusão da cadeia de produção regional. A devida identificação de cada ator, dentro da realidade local de um município ou Estado, é um desafio para gestores e empreendedores. Depois do devido diagnóstico da cadeia produtiva, os governos locais terão os meios para incentivar a criação e o fortalecimento de novas micros e pequenas empresas voltadas ao turismo, gerando mais emprego e sustentabilidade. Além das áreas citadas acima, o leque de beneficiados na cadeia produtiva inclui artesãos, agricultores, transportadores, pecuaristas, artistas, comerciantes, industriais e até empresários da saúde que conseguem ver no setor uma alternativa de desenvolvimento econômico. Do ponto de vista dos segmentos turísticos, estes podem se dividir em: a) Ecoturismo: segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações. Considerando os aspectos peculiares que o caracterizam e lhe conferem identidade os recursos naturais, o Ecoturismo exige referenciais teóricos e práticos e suporte legal que orientem processos e ações para seu desenvolvimento, sob os princípios da sustentabilidade; b) Turismo Cultural: o patrimônio cultural, mais do que atrativo turístico, é fator de identidade cultural e de memória das comunidades, fonte que as remete a uma cultura partilhada, a experiências vividas, a sua identidade cultural e, como tal, deve ter seu sentido respeitado. O uso turístico deve sempre atuar no sentido do fortalecimento das culturas. Assim, a atividade turística é incentivada como estratégia de preservação do patrimônio, em função da promoção de seu valor econômico. Assim, a definição dada pelo Ministério do Turismo para o Turismo Cultural compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura; c) Turismo de Aventura: o Turismo de Aventura compreende os movimentos turísticos decorrentes da prática de atividades de aventura de caráter recreativo e não competitivo. Consideram-se atividades de aventura as experiências físicas e sensoriais recreativas que envolvem desafio, riscos avaliados, controláveis e assumidos que podem proporcionar sensações diversas como liberdade, prazer, superação, a depender da expectativa e experiência de cada pessoa e do nível de dificuldade de cada atividade. Devido à dimensão econômica, às especificidades desse segmento turístico e às inter-relações com outros tipos de turismo, principalmente, quanto à segurança, o Ministério do Turismo delimitou em Turismo Aventura: orientações básicas a abrangência conceitual dessa atividade e de definiu suas características, aspectos e atributos peculiares que lhe conferem identidade; d) Turismo de Sol e Praia: esta modalidade, mais conhecida e divulgada, praticada em cidades com praia, envolvendo uma gama de serviços de apoio, tais como serviços de hotelaria, alimentação, além de passeios diversos, comércio local etc; e) Turismo de Pesca: compreende as atividades turísticas decorrentes da prática da pesca amadora, ou seja, atividade praticada com a finalidade de lazer, turismo ou desporto, sem finalidade comercial. O Brasil dispõe de recursos com potencial para atrair pescadores do mundo todo, representados pela diversidade de seus peixes, suas vastas bacias hidrográficas e seus oito mil quilômetros de costa, aproximadamente. f) Outros segmentos de Turismo: o Ministério do Turismo publicou um documento, parte do Programa Regionalização do Turismo Roteiros do Brasil, onde se analisam 12 categorias do Turismo nacional, incluindo, além dos anteriormente supracitados, os de: Turismo Social, Turismo Cultural, Turismo de Estudos e Intercâmbio, Turismo de Esporte, Turismo Náutico, Turismo de Negócios e Eventos, Turismo Rural e Turismo de Saúde.

85 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Quadro 14. Número de Empresas de Alojamento e Alimentação, por Faixa de Pessoal Ocupado em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado Taxa de Crescimento 0 a ,1% 5 a ,3% 10 a ,1% 20 a ,0% 30 a ,0% 50 a ,7% Total ,3% Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração do Instituto Pólis). A expansão das empresas ligadas ao lazer, no período considerado, é bastante tímida, cerca de 5,3%, no número de empreendimentos, constituindo um conjunto de 119 engajados nessa finalidade, fundamental para o desenvolvimento da atividade de turismo, especialmente, pelo estímulo a permanência dos visitantes. Os empreendimentos relacionados a artes, cultura, esporte e recreação, de pequena escala de ocupação, até 19 pessoas, apresentaram um crescimento importante. No caso das unidades de mais de 20 pessoas ocupadas, ocorreu a queda na ocupação de pessoas, provavelmente, em atividades do setor público e organizações da sociedade civil sem fins lucrativos, cuja redução dos empreendimentos, pode ser em parte explicada pelo aumento de empreendimentos de grande escala, com mais de 50 pessoas ocupadas. Quadro 15. Número de Empresas de Artes, Cultura, Esporte e Recreação, por Faixa de Pessoal Ocupado em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado Taxa de Crescimento 0 a ,0% 5 a ,5% 10 a ,0% 20 a ,0% 30 a a ,0% Total ,3% Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração do Instituto Pólis). O lento crescimento das atividades interconectadas de turismo, como se procurou mostrar, com os números referentes à escala das empresas administrativas, complementares, alojamento e alimentação, artes, cultura, esporte e recreação, com taxa respectivamente de 11,4%, 11,3% e 5,3%, é acompanhado também do crescimento da escala dos empreendimentos. Por onde podemos deduzir o desenvolvimento da especialização, qualificação e a valorização dos serviços e do trabalho ocupado d. Serviços Públicos e Sociais A importância da população municipal constitui-se numa riqueza relativa, que contribui ao desenvolvimento local na medida, em que estimula a diversidade e a especialização dos serviços públicos e sociais na economia local. As atividades de educação, saúde humana e serviços sociais, profissionais, técnicas e cientificas, informação e 85

86 comunicação, finanças e seguros e outras, apresentaram distintos resultados em seu desempenho, em relação ao número de empreendimentos e a capacidade da sua escala de ocupação de pessoas. Tratando-se da atividade de educação, observa-se o crescimento importante das unidades de pequena e média escala, com menos de 30 pessoas ocupadas, a manutenção dos empreendimentos de média e grande escala e o surgimento de mais um estabelecimento de mais 100 pessoas ocupadas, o segunda do município. Quadro 16. Número de Empreendimentos de Educação, por Faixa de Pessoal Ocupado em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado Taxa de Crescimento 0 a ,5% 5 a ,0% 10 a ,6% 20 a ,9% 30 a ,0% 50 a ,0% 100 a ,0% Total ,2% Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração do Instituto Pólis). No campo da saúde e serviços sociais, tem havido a expansão da rede de atendimento do município, tanto por unidades de pequena escala, com menos de 20 funcionários, como de média escala, com menos de 50 pessoas ocupadas. O município possui somente uma unidade de mais de 250 trabalhadores, existente já no ano de Quadro 17. Número de Empresas de saúde humana e serviços sociais, por Faixa de Pessoal Ocupado em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado Taxa de Crescimento 0 a ,3% 5 a ,3% 10 a ,7% 20 a ,0% 30 a ,0% 250 a ,0% Total ,6% Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração do Instituto Pólis). Um bom indicador da especialização dos serviços, de um determinado conjunto econômico é a condição das atividades profissionais, técnicas e científicas, que possibilitam a transformação qualitativa das relações econômicas. O pequeno crescimento, de apenas 4 empresas no intervalo analisado, de 2% em relação ao período anterior, não reflete o incremento ocorrido na estrutura das empresas, com o crescimento da escala e do número de empreendimentos por faixa de ocupação. Quadro 18. Número de Empresas de atividades profissionais, científicas e técnicas, por Faixa de Pessoal Ocupado, 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado Taxa de Crescimento 0 a ,6% 5 a ,0% 10 a ,0% 20 a ,0% 30 a ,0% 50 a ,0% 100 a Total ,1%

87 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração do Instituto Pólis). Por outro lado, as atividades financeiras e de seguros, apresentaram uma importante redução no número de unidades ativas (-11,3%), com a queda da escala de ocupação de pessoas. O que denota uma forte retração da atividade no município. Quadro 19. Número de atividades financeiras e de seguros, por Faixa de Pessoal Ocupado em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado Taxa de Crescimento 0 a ,8% 5 a ,0% 10 a a e mais Total ,3% Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração do Instituto Pólis). As atividades relacionadas à informação e comunicação, foram as que apresentaram o maior retrocesso (-22,7%), seja com respeito ao número de unidades, como em relação a escala de ocupação de pessoas dos empreendimentos. Isso ocorreu especialmente em relação às pequenas unidades. A empresa de maior porte em 2006 perdeu destaque em No final do período o mercado apresentou uma tendência de permanência apenas de algumas unidades médias, com ocupação entre 20 e 50 funcionários. Quadro 20. Número de Empresas de informação e comunicação, por Faixa de Pessoal Ocupado em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Taxa de Crescimento Ocupado 0 a ,3% 5 a ,5% 10 a ,3% 20 a a ,0% 100 a Total ,7% Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração do Instituto Pólis). Com essa panorâmica da estrutura de empreendimentos dos distintos serviços da economia local, é possível verificar o avanço do processo do desenvolvimento das atividades de educação, saúde, serviços sociais, e o incremento também das atividades profissionais, técnicas e científicas. O mesmo não se pode dizer das atividades financeiras, de seguros, informação e comunicação, em substancial retrocesso no mesmo período verificado Rede Petro Bacia de Santos (BS) Uma importante iniciativa é a Rede Petro, parceria entre o SEBRAE e a Petrobras, cujo objetivo é promover a inserção competitiva e sustentável dos micro e pequenos negócios, fornecedores efetivos e potenciais, na 87

88 cadeia. Segundo informações do SEBRAE, até 2014, deverão ser investidos R$ 41 bilhões em todo esse segmento 16. Vale lembrar que a primeira Rede Petro foi criada no Rio Grande do Sul, em 1999, num cenário onde o setor agrícola enfrentava grave crise no Estado e em todo o país. Diante da situação, alguns empresários e empreendedores começaram a pesquisar onde poderiam encontrar novas oportunidades para negócios. De forma geral, os objetivos específicos deste Convênio entre a Petrobras e o Sebrae, também chamados de Temas Estratégicos são 17 : 1) Desenvolvimento de diagnóstico e de mapeamento de oportunidades de negócios para as micro e pequenas empresas (MPEs); 2) Formação, consolidação das Redes PETRO e promoção da interação entre elas; 3) Sensibilização e mobilização de grandes empresas para apoiar o desenvolvimento de micro e pequenas empresas (MPEs); 4) Capacitação e qualificação de micro e pequenas empresas(mpes); 5) Promoção de Rodadas de Negócios entre grandes empresas e micro e pequenas empresas fornecedoras (MPEs). Quadro 21. Empresas Cadastradas, por Origem do Fornecedor, na Rede Petros da Bacia Santos em 2012 Origem da Empresa Unidades Exterior 5 Nacional 8 Interior de SP 13 Litoral de SP 115 RMSP 43 Total 184 Fonte: Rede Petros Baixa Santista (Elaboração do Instituto Pólis). Quadro 22. Empreendimentos inscritos na Rede Petros da Baixada Santista, por atividade e porte, em 2012 Construção Engenharia Metaurgica Transformação Hospedagem Alimento Comércio Comércio Comércio Comércio Educação Atividade Porte Média Média Pequeno Micro Micro Micro Média Pequeno Pequeno Micro Pequeno Educação Micro Fonte: Rede Petros Baixa Santista (Elaboração do Instituto Pólis). Com respeito às potencialidades dos investimentos da Petrobras, referente aos cerca de mais de R$123 bilhões do PAC, realizados na instalação de capacidade de produção de petróleo e gás na Baía de Santos (PAC 2010), o banco de dados das empresas cadastradas pela Rede Petros, mostra o interesse em prestar serviços a Petrobras. Os empreendimentos locais interessados na participação da cadeia do petróleo e gás eram empresas de construção, engenharia e comércio, de médio porte, unidades de metalurgia, comércio e educação, de pequeno 16 Informação acessada em: 17 De acordo com informações do próprio site, a primeira fase do Convênio, finalizada em 2007, contou com investimentos de R$ 32 milhões R$ 12 milhões aportados pela Petrobras e Sebrae e R$ 20 milhões pelas empresas parceiras, envolvendo 12 estados do Brasil: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe. Em 2008, o Convênio Petrobras-Sebrae foi renovado por mais três anos, com aporte inicial de recursos de R$ 32 milhões (R$ 16 milhões de cada parte), a contrapartida mínima das empresas de R$ 8 milhões e a inclusão de mais dois estados: Pernambuco e Santa Catarina, totalizando 14 estados envolvidos. No período de 2004 a 2010, cerca de empresas foram capacitadas para se tornarem fornecedoras da cadeia produtiva de petróleo e gás. Além disso, foram realizadas 65 Rodadas de Negócios, que geraram expectativas para fornecimento de bens e serviços em torno de R$ 2,6 bilhões.

89 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 porte, e micro empresas de transformação, hospedagem, comércio e educação. Destaca-se a concentração de grande parte dos interessados, empresas de grande porte e tecnologia, localizadas no núcleo Metropolitano mais denso da Baixada Santista, notadamente em Santos, também na Região Metropolitana de São Paulo e em outras centralidades econômicas nacionais e do exterior Mercado de Trabalho Com base nos dados do IBGE, de 2010, sabe-se que o município possuía habitantes e sua População em Idade Ativa (PIA) era de , ou seja, 88,4% de sua população total. Vale lembrar que a PIA refere-se ao segmento da população total com idade entre 15 e 65 anos, ou seja, parcela disponível na sociedade para a realização de sua produção nacional. No entanto, no Brasil, onde as políticas públicas tiveram alcance limitado, considera-se como integrante da PIA as pessoas com 10 anos ou mais, sem critérios de estabelecimento de idade limite 18. Mas nem todas as pessoas com 10 anos ou mais estão disponíveis para a vida produtiva, pois parcela desta encontra-se estudando, doente, como donas de casa e aposentados. Assim, apenas uma parcela da PIA realiza alguma atividade produtiva. Esta parcela chama-se População Economicamente Ativa (PEA). Quadro 23. População em Idade Ativa (PIA), Economicamente Ativa (PEA), Taxas de Desocupação e de Informalidade em 2010 Local PEA PIA Tx Desocupação* (Em %) Tx Informalidade** (Em %) São Vicente ,7 32,6 Estado de SP ,1 33 Brasil ,6 41 Fonte: IBGE, SIDRA Censo Demográfico 2010 (Elaboração do Instituto Pólis). * População Desocupada/PEA ** Proxy considerando os empregados sem carteira e os por conta própria/total de ocupados A PEA ( ) era de 57,3% da PIA em Do total da PEA, há um segmento que se encontra efetivamente trabalhando (ocupados) e outro que está fora do mercado de trabalho em busca de ocupação (desocupado). A taxa de ocupação local (população ocupada dividida pela PEA) era de 90,3%, visto que havia ocupados. Isto demonstra que a taxa de desocupação de 9,7%, era maior que as verificadas na Região Metropolitana da Baixada Santista, no Estado de São Paulo e na média nacional. Por efeito de comparação ao longo do tempo, é imprescindível destacar que, em 2000, seguindo a mesma metodologia, a taxa de desocupação local era de 23,3%, mais que o dobro recentemente da verificada. Outro indicador é a informalidade do mercado de trabalho no município. Sabe-se que não há consenso teóricoconceitual em torno da informalidade, sendo necessária a elaboração de proxys para a sua análise. Neste trabalho, com o intuito de analisar o peso das ocupações em situação de informalidade (sem carteira de trabalho assinada), optou-se por somar os empregados sem carteira e os por conta própria e dividi-los pelo total de empregados. Entende-se que este exercício nos permite ter uma ideia de quanto pesa o mercado de trabalho informal no município. Com base nesta construção, nota-se que a taxa de informalidade do mercado de trabalho era de 32,6% no município, superior às taxas registradas no Estado de São Paulo e inferior à média nacional. Em relação à taxa registrada em 2000 (40,7%), houve uma redução importante do peso das ocupações informais no mercado de trabalho local, o que permite pensar quais foram as atividades formais ocupadoras dessas pessoas. 18 Conforme nos atenta Dedecca (1998:96): Os limites de idade da PIA variam de acordo com o nível de desenvolvimento de cada país. 89

90 Mesmo que a taxa de desocupação e de informalidade tenham caído em 2010, em relação à 2000, os seus números totais, explicam muito da precariedade dos assentamentos urbanos e das relações econômicas locais, por conta da condição de inserção do trabalhador no mercado. O desafio para a inclusão social no município, é melhorar a condição de vida de cerca de 48 mil trabalhadores na economia informal, quase 16 mil pessoas desocupadas e um percentual relevante de trabalhadores de mais de 10 anos, com rendimentos e não alfabetizados (4,2%, cerca de 7,5 mil), acima da taxa estadual (4,1%), um contingente de pessoas proporcional ao de moradores em domicílios particulares em estado de indigência (4,4%) A especialização produtiva do trabalho no Município O mercado formal de produção permite melhores condições de aumento da renda e da especialização do trabalho pela verticalização do investimento em meios de produção, respectivo aumento da escala, da produtividade do trabalho e da diferenciação de produtos e serviços. Por isso, busca-se descobrir algumas tendências do mercado de trabalho, a partir das informações da distribuição do emprego formal, nas diversas atividades, as suas respectivas remunerações médias do emprego e a especialização regional das atividades locais na economia do estado (através do Quociente Locacional). No que se refere à distribuição dos estabelecimentos pelos setores da atividade econômica, de acordo com os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), verifica-se que, em 2010, do total de estabelecimentos registrados no município 50,7% dedicavam-se aos serviços, 40,6% a comércio, 4,3% a indústria da construção, 4,3% na indústria extrativa e transformação e 0,1% na agropecuária. Estes dados reiteram a alta participação dos serviços e comércio, baixo nível de industrialização e da agropecuária. Figura 3. Distribuição (%) dos estabelecimentos por setores da atividade econômica em 2010 Agropecuária; 0,1% Indústria Extrativa e Transformação ; 4,3% Indústria da Construção Civil; 4,3% Serviço; 50,7% Comércio; 40,6% Fonte: IBGE, Perfil dos Municípios e RAIS, TEM (Elaboração do Instituto Pólis). Em relação aos empregos formais no município em 2010 (há contabilizados neste ano empregos formais), têm-se o seguinte cenário: 44,3% estão no setor de serviços (com destaque dos serviços de alojamento e alimentação, reparação de automóveis); 28,8% no comércio; 12,5% na administração pública; 6,8% na construção civil; 3,9% na indústria de transformação e 3,5% nos serviços industriais de utilidade pública; nos demais setores, agropecuária e extrativismo mineral, a participação, em cada setor, não chega a 1% dos empregos. É válido mencionar que o emprego formal captado pelos dados do RAIS/MTE refere-se aos vínculos empregatícios regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e estatutários (regidos pelo Estatuto do Servidor Público), marcos institucionais formais do mercado de trabalho nacional. A partir destes dados, percebe-se que os empregadores neste município são o setor de serviços, de comércio e a administração pública, sendo marginal a geração de emprego em outros setores. A indústria da construção, extrativa mineral, da transformação e os serviços industriais de utilidade pública, somam 14% dos empregos

91 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 formais. A capacidade de ocupação do mercado local é ainda mais elevada, por conta da informalidade inerente as atividades, especialmente em atividades como da construção, comércio e serviços com baixo nível de especialização. Figura 4. Distribuição (%) dos empregos formais, por setores da atividade econômica em 2010 Indústria Extrativa ; 0,1% Agropecuária; 0,03% Administração Pública; 12,5% Indústria de Transformação; 3,9% Indústria da Construção; 6,8% Servicos industriais de utilidade pública; 3,5% Serviço; 44,3% Comércio; 28,8% Fonte: RAIS, TEM (Elaboração do Instituto Pólis). De maneira geral, a renda média do salário no município foi inferior ao recebido pelos trabalhadores no estado e no país, a exceção da renda média do funcionalismo público e dos ocupados na agropecuária local. Nas atividades da indústria de transformação, indústria da construção, comércio e agropecuária, o rendimento do salário local foi mais próximo ao salário recebido na média do estado e do país. No que se refere à remuneração média auferida no município, no ano de 2010, verifica-se (Figura 5), que os maiores salários em média estavam no setor de administração publica R$ 2.715, seguido pelo salário da indústria da transformação R$ e dos serviços industriais de utilidade pública R$ A remuneração média na indústria extrativa era de R$ e a indústria da construção formal pagava ao trabalhador, em média R$ A atividade de comércio remunerava o empregado, na média de cerca R$ 1.039, abaixo da renda do trabalhador da agropecuária, que recebia R$ 1.049, e abaixo do salário médio dos serviços que pagava R$

92 Figura 5. Remuneração média em reais por setores da atividade econômica em Agropecuária Indústria Extrativa São Vicente São Paulo Brasil Indústria da Transformação Indústria da Construção Serviços Industriais de Utilidade Pública Comércio Serviço Administração Pública Fonte: RAIS, MTE (Elaboração do Instituto Pólis). Um indicador interessante para caracterização da especialização do trabalho, segundo a atividade econômica é o Quociente Locacional (QL). Conforme Silva et al. (2008), para a identificação de aglomerações produtivas locais, é desejável elaborar um indicador que seja capaz de captar pelo menos três características de uma aglomeração produtiva local: a) a especificidade de um setor dentro de uma região (município); b) o seu peso em relação à estrutura empresarial da região (município) e c) a importância do setor para a economia do Estado (p.6). Para isso, foram coletados dados da RAIS 19 para o cálculo do QL 20 das atividades econômicas no município. Quadro 24. Quociente Locacional (QL) para o município entre 2000 e 2010 São Vicente Alimentos e Bebidas 0,3 0,3 01-Extrativa Mineral 3,0 0,6 14-Serviço Utilidade Pública 0,9 4,5 02-Prod. Mineral não Metálico 1,0 0,5 15-Construção Civil 1,0 1,4 03-Indústria Metalúrgica 0,1 0,2 16-Comércio Varejista 1,7 1,7 04-Indústria Mecânica 0,0 0,3 17-Comércio Atacadista 0,8 0,7 05-Eletrico e Comunicações 0,4 0,0 18-Instituição Financeira 0,9 0,6 06-Material de Transporte 0,0 0,0 19-Adm Técnica Profissional 1,9 1,1 07-Madeira e Mobiliário 0,2 0,1 20-Transporte e Comunicações 1,4 1,2 08-Papel e Gráf 0,1 0,1 21-Aloj Comunic 1,1 1,8 09-Borracha, Fumo, Couros 0,0 0,1 22-Médicos Odontológicos Vet 1,0 0,5 10-Indústria Química 0,2 0,2 23-Ensino 1,0 1,2 11- Indústria Têxtil 0,1 0,1 24-Administração Pública 1,0 1,0 12- Indústria de Calçados 0,2 0,1 25-Agricultura 0,0 0,0 Fonte: RAIS, MTE (Elaboração do Instituto Pólis). 19 Em relação aos dados da RAIS, cabe mencionar que sua utilização para este exercício justifica-se pela possibilidade de desagregação setorial e geográfica dos dados, o que permite desagregá-los até o nível municipal e, em termos setoriais, até o nível de subsetores da atividade econômica seguindo a Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE). Por outro lado, é sabido que esta base de dados traz consigo a restrição de somente contemplar o emprego formal, não permitindo, portanto, medir a força da economia/empreendimentos informais, constituída de pequenas empresas familiares e outras atividades de pequena escala; empreendimentos estes de importância nesta pesquisa. Por estas limitações, este exercício nos serviu apenas como ponto de partida para aplicação dos questionários e mapeamento de setores estratégicos e potenciais do município, e outros perfis de estabelecimentos (inúmeros informais, por exemplo) foram sido visitados e analisados a partir dos questionários e entrevistas realizadas. 20 Este exercício realizou-se com base no cálculo do QL. O QL refere-se a um indicador típico na literatura de economia regional, de comparação de duas estruturas setorial-espaciais, a partir da razão entre as duas estruturas econômicas, sendo considerada, no numerador, a economia em estudo (município) e, no denominador, a economia de referência (estado). Desta forma, o cálculo leva em conta, no numerador, a relação entre o emprego do setor ou atividade x no município j em estudo e, no denominador, a relação entre o emprego do setor x no Estado em que está este município j pelo emprego total no Estado deste município. Após os cálculos, considera-se como potenciais Arranjos Produtivos Locais (APLs) aqueles setores com QL superior a 1. Vale lembrar que há estudos que adotam como critério o QL maior ou igual a dois ou três. Em quaisquer das situações (QL superior a 1, 2 ou 3), o resultado indica que a especialização do município j na atividade ou setor x é superior à specialização do conjunto do Estado nessa atividade ou setor (Silva et al., 2008). Nossa opção por analisar os QLs superior a 1 deve-se ao fato dos municípios em análise serem pequenos, de baixa renda e/ou estagnados.

93 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Os dados para o município (Quadro 23), referentes à concentração de pessoas empregadas na comparação com o estado, apontam no ano de 2010, para as seguintes atividades, com maior potencial: os serviços de utilidade pública (QL de 4,5), o destaque também da construção (QL de 1,4) e do comércio varejista (QL de 1,7). As atividades de alojamento e comunicação, tendo em vista a cadeia do turismo, também se destacaram (QL de 1,8); assim como transporte e comunicação (QL de 1,2). Da mesma maneira, ficou acima da média regional a ocupação na atividade de administração técnica profissional (QL de 1,1) e ensino (QL de 1,2). Olhando os dados com relação à mudança de potencial ao longo da década verificada, entre 2000 e 2010, a administração técnica e profissional perdeu um pouco da sua importância na ocupação (QL varia de 1,9 para 1,2), assim como transporte e comunicação (QL cai de 1,40 para 1,15), além da extrativa mineral (QL segue de 3,0 para 0,6) e da produção mineral não metálica (QL varia de 1 para 0,5) e outras. As tendências do mercado de trabalho, captadas nas informações da distribuição do emprego, pode ser apresentada da seguinte maneira, os serviços em geral ocuparam 56,8% das pessoas (alojamento, alimento, administrativo público e privado e outro), comércio 28,8% e atividades produtivas 14,2% das pessoas (construção, indústria de transformação, serviços industriais de utilidade pública, extrativa agropecuária e etc.). O salário pago pelas atividades de serviços em geral está nos piores níveis do mercado de trabalho. A exceção da administração pública, que tem o nível médio mais elevado de remuneração do município. No comércio está a pior média de nível salarial. O salário do setor produtivo está num nível superior ao da média dos serviços, com o destaque, para a indústria de transformação, que paga o segundo salário médio mais alto, seguida pelos serviços industriais de utilidade pública, extrativa mineral e construção. A concentração de profissionais acima da média do estado (QL), mostrou-se representativa nas atividades de serviços industriais de utilidade pública, alojamento e comunicação, comércio varejista, técnico profissional, construção civil, transporte e ensino A Capacitação do Mercado Local de Trabalho O desafio para a integração das pessoas nas atividades econômicas, especialmente, nas relações formais de emprego, requer o ajuste da pretensão das pessoas (oferta de trabalho) às oportunidades oferecidas por empreendimentos e famílias (demanda por trabalho). Por isso é fundamental, confrontar alguns grandes grupos de pretensões profissionais dos trabalhadores, com a requisição por trabalho e especialidades. Para por fim, considerar a capacidade de preparação local da população, para alguns grandes segmentos ou mercados de trabalho, estratégicos e importantes. A oferta de trabalho considera as melhores inserções profissionais, do ponto de vista de 3 escolhas do candidato, registrado pela Secretaria de Emprego e Relações do Trabalho (Sert). Com essas informações, verificam-se diversas ocupações pretendidas, com destaque para faxineiro, manutenção de edificações, comércio varejista, recepcionista, auxiliar de escritório, atendedor de lanchonete, cozinhador, repositor de mercadorias entre outras. As mulheres ofereciam mais do que os homens, o trabalho como faxineira, recepcionista, no comércio varejista, operadora de caixa, auxiliar de escritório, atendente em lanchonete, cozinhador, copeira, assistente administrativo e como promotora de vendas. Esses 18 tipos de ocupações, concentravam mais de 70% da demanda por trabalho das mulheres. Os homens ofertavam mais do que as mulheres, o trabalho na manutenção de edificações, servente de obra, vigilante, motorista de caminhão, furgão e similares, operador de empilhadeira, porteiro e repositor de mercadorias. Os mesmo 18 tipos de ocupações representam uma proporção menor do conjunto masculino, cerca de 48,3%. O que indica que os homens dispersam-se numa maior gama de ocupações. Embora em todos haja representação feminina, mesmo que em menor proporção. 93

94 Quadro 25. Oferta de Trabalho, segundo a especialidade pretendida, por sexo, percentual e total, em 2010 Ocupação Pretendida (Oferta de Trabalho) Mulheres Homens Nº Abs. % Nº Abs. % Nº Abs. % Faxineiro , , ,9 Trabalhador da manutenção de edificações 208 1, , ,0 Vendedor de comércio varejista , , ,3 Recepcionista, em geral , , ,5 Auxiliar de escritório, em geral , , ,9 Operador de caixa , , ,3 Repositor de mercadorias 678 3, , ,6 Atendente de lanchonete , , ,1 Porteiro de edifícios 53 0, , ,3 Cozinhador (conservação de alimentos) 708 3, , ,0 Servente de obras 8 0, , ,6 Vigilante 121 0, , ,5 Assistente administrativo 423 2, , ,4 Promotor de vendas 418 2, , ,3 Motorista de caminhão 3 0, , ,9 Operador de empilhadeira 21 0, , ,9 Motorista de furgão ou veículo similar 16 0, , ,9 Copeiro 293 1,4 87 0, ,9 18 Especialidades Mais Ofertadas , , ,5 Oferta Total de 1027 Especialidades Fonte: Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho Sert. Emprega São Paulo; Fundação Seade. (1) Os candidatos podem indicar até três ocupações pretendidas, nesta tabela foram computadas todas as ocupações indicadas. (2) Incluem candidatos disponíveis, em seleção, admitidos, suspensos e desativados. (3) Em razão da transição do Sistema de Intermediação de mão-de-obra do Governo do Estado de São Paulo (Emprega São Paulo) para o sistema operado pelo Ministério do Trabalho e Emprego do Governo Federal (MTE Mais Emprego) a série de dados foi, momentaneamente, interrompida em julho de 2011(Elaboração do Instituto Pólis). Se dividirmos toda a ocupação requisistada (Quadro 23), pelo número de escolhas do candidato (3X), chega-se a uma estimativa a oferta total local de trabalho de profissionais, entre janeiro e dezembro de A demanda por trabalho (Quadro 24) no mesmo período registrado pela Sert foi de postos de trabalho. A demanda por trabalho, por parte das empresas e famílias, é bem menor que a necessidade dos trabalhadores (representa 13% da demanda). Além disso, a oferta total distribuída por gêneros de mulheres e homens, do ponto de vista da demanda por trabalho, foi ainda pior para as mulheres, que tiveram a oportunidade de apenas 125 postos de trabalho, exclusivos para o seu sexo, 632 com a sexualidade indiferente e 1,182 oportunidades restritas aos homens. A sexualidade é um forte fator de restrição profissional para as mulheres, em atividades, como manutenção de edificação, eletricista, instalador de tubulações, técnico de instrumentos, operador de máquinas, soldador, montagem de máquinas e andaimes. As mulheres tiverem oportunidade em mercados exclusivos, como operadoras de caixa e se concentraram nas atividades de venda, faxina, atendente de lanchonete e promotora de vendas. Total

95 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Quadro 26. Demanda por Trabalho, segundo a especialidade pretendida, por sexo, percentual e total em 2010 Ocupação Requisitada Feminino Masculino Indiferente Total (Demanda de trabalho) Nº Abs. % Nº Abs. % Nº Abs. % Nº Abs. % Operador de caixa 44 35, , ,2 Trabalhador da manutenção de edificações ,9 8 1, ,5 Montador de máquinas , ,8 Eletricista de instalações , ,9 Instalador de tubulações ,4-99 5,1 Eletricista de manutenção eletroeletrônica ,2-97 5,0 Vendedor de comércio varejista 3 2,4 31 2,6 52 8,2 86 4,4 Soldador ,2 31 4,9 69 3,6 Faxineiro 14 11,2 42 3,6 8 1,3 64 3,3 Técnico em instrumentação ,1-60 3,1 Repositor de mercadorias 1 0,8 15 1,3 30 4,7 46 2,4 Atendente de lanchonete 8 6,4 5 0,4 25 4,0 38 2,0 Pedreiro ,7 1 0,2 33 1,7 Promotor de vendas 11 8,8 1 0,1 21 3,3 33 1,7 Montador de andaimes (edificações) ,7-32 1,7 Operador de máquina perfuratriz ,5-30 1,5 Soldador elétrico ,5-30 1,5 Motorista de caminhão ,9 3 0,5 26 1,3 18 Especialidades Mais Demandadas 37 29, , , ,5 Demanda Total de 109 Especialidade Fonte: Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho; Fundação Seade (Elaboração do Instituto Pólis). Grande parte das vagas disponibilizadas, entre janeiro e dezembro de 2010, mais de delas exigiam certificação de experiências anteriores. A exigência de experiência era maior para homens (91,4% das vagas) do que para as mulheres (76,2%), e no caso da indiferença sexual, a exigência de experiência era ainda menor. A diferença entre a demanda por trabalho (Quadro 24), efetivamente contratada, das vagas oferecidas (Quadro 25), mostra um potencial de empregabilidade local no ano. Quadro 27. Número de Vagas, segundo o Requisitos de Experiência de Trabalho por Sexo em 2010 Experiencia Anterior Masculino Feminino Indiferente Total Nº Abs. % Nº Abs. % Nº Abs. % Nº Abs. % Com Experiência , , , ,9 Sem Experiência 98 8, , , ,1 Total Fonte: Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho Sert; Fundação Seade (Elaboração do Instituto Pólis). Os impactos dos investimentos na cadeia de petróleo e gás natural, em infraestrutura (portos, rodovias etc.) indubitavelmente trarão oportunidades e desafios para os trabalhadores da região metropolitana da Baixada Santista. Um recente estudo (ONIP, 2011), aponta para a possibilidade de geração de mais de 2 milhões de postos de trabalho no país, como desdobramento dos investimentos que já vem se efetivando e que se manterá até 2020 nesta cadeia. A magnitude e a abrangência da cadeia de petróleo e gás natural fazem com que o setor apresente necessidades diversificadas de trabalhadores. Estudos realizados pelo SEBRAE Nacional 21 identificam os perfis de recursos humanos, de nível médio e superior, que serão demandados como corolário destes investimentos. São eles: Engenheiros: Químico; Civil; de Inspeção de Equipamentos; de Instalações Marítimas; de Manutenção; 21 Disponível em: BE004E6135/$File/Ind%C3%BAstria_do_Petr%C3%B3leo.pdf 95

96 de Materiais; de Perfuração; de Processamento de Petróleo; de Produção; de Reservatório; de Telecomunicações; Eletricista; Eletrônico; Metalurgista; Naval; Submarino. Além de Geofísico; Geólogo; Paleontólogo; Químico de Lama e de Petróleo, Analistas; Eletricistas; Inspetor de Ensaios não Destrutivos; de Equipamentos; Instrumentistas; Mecânicos; Operadores de Processo; de transferência e Estocagem; de VCR; Soldadores; Sondadores; Técnicos de Laboratório; de Produção; de Perfuração; de Suprimentos; de Instrumentação; de Manutenção; de Processamento. Para suprir as necessidades da indústria petrolífera nacional, foi criado em 2006, o Plano Nacional de Qualificação Profissional (PNQP) do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural - Prominp, cujo objetivo é o treinamento e capacitação (com o oferecimento de bolsas de estudo para os participantes) demandada pelos empreendimentos do setor de petróleo, principalmente para as empresas fornecedoras de bens e serviços nos 17 estados do País onde foram previstos investimentos por parte da Petrobras. A estruturação de cursos do PNQP é baseada na previsão de demanda, calculada com base no portfólio e projetos da Petrobras. O foco do PNQP é a qualificação profissional por meio de cursos de curta duração (semestrais), destinados ao ensino básico, médio e superior, além de cursos de formação gerencial. O município conta com os seguintes cursos ministrados no município, pela Escola Técnica Dr. Ruth Cardoso (ETEC Edificação, Enfermagem, Informática, Administração, Comércio e Ensino Médio) e Fortec (Automação Industrial, Edificações, Eletrotécnica, Informática, Logística, Mecânica, Mecatrônica, Petróleo e Gás, Secretariado e Segurança do Trabalho), e superior na FASVIPA (Administração, Ciências Contábeis, Comércio Exterior, Gestão Ambiental, Gestão de RH, Gestão Financeira, Gestão Portuária, Letras, Logística, Marketing, Matemática, Pedagogia, Petróleo e Gás, Processos Gerenciais e Turismo) e na UNIBR (Administração, Ciências Contábeis, Comércio Exterior, Gestão de RH, Gestão Financeira, Gestão Portuária, Letras, Logística, Marketing, Pedagogia e Processos Gerenciais). Existem no município vizinho de Santos, cursos fornecidos pelo SENAI (cursos pagos de Automação, Automobilística, Logística, Eletroeletrônica, Manutenção Mecânica, Metalomecânica, Refrigeração e Climatização, Tecnologia da Informação e Vestuário, e gratuitos de Aprendizagem Industrial: Eletricista de Manutenção, Mecânica de Automobilismo e de Manutenção e Técnico: Manutenção Automotiva, Redes de Computadores, Eletrônica e Instrumentação), SENAC (Cursos Técnicos: Técnico em Enfermagem e Técnico em Hospedagem e cursos Livres: Agente de Turismo Receptivo, Almoxarife, Atendimento ao Cliente, Auxiliar de Escritório, Auxiliar de Serviços em Comércio Exterior, Elaboração de Projetos Socioambientais, Operador de Supermercado, Ortoplastia, Promotor de Vendas, Recepcionista de Eventos, Reflexologia Podal, Revit Architecture Básico e Vinhoterapia), Faculdade Tecnológica Rubens Lara (FATEC BS, cursos de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Gestão Empresarial, Logística para Transporte e Sistemas para Internet) e pela UNESP (Biologia Marinha e Gerenciamento Costeiro e há a previsão implantaçaõdo Centro de Pesquisa Tecnológico em Petróleo e Gás na Baixada Santista). A Companhia de Desenvolvimento de São Vicente - Codesavi, instituída nos termos da Lei Municipal nº de 06/06/1977, é uma Sociedade Anônima de capital fechado, classificada como empresa de economia mista. Tem como suas principais atividades: Gerenciamento da execução/direta ou indireta de obras e serviços no Município; Desenvolvimento de estudos e projetos relacionados com o desenvolvimento economico-social e urbanístico local; Promoção de pesquisas e cadastramento de dados relativos às da Administração Pública em geral; Gerenciamento das atividades de coleta de resíduos de lixo urbano (domiciliar, seletivo e séptico); Manutenção de creches / escolas Municipais / Unidades de Saúde e próprios municipais; Educação Ambiental conforme programa desenvolvido no parque Ecológico do Sambaiatuba. Esse Parque Ecológico é a reconversão do antigo Lixão do Sambaiatuba, que hoje dá lugar a diversas atividades da Codesavi, como a preservação de 47 mil m² ou 4,7 hectares, sócio-educacional (crianças, jovens e adultos) e econômico, com as atividades de reciclagem, agricultura, padaria e costura. O Projeto Tripulantes do Futuro, lançado em 05 de julho de 2008, uma parceria da Secretaria de Assistência Social junto ao Fundo Social, capacita jovens de 18 a 29 anos para inserção no mercado de trabalho, no segmento de cruzeiros marítimos, turismo, hotelaria, restaurantes, buffets e eventos. As oficinas de qualificação profissional da Sert do Estado de São Paulo,

97 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 disponibilizou apenas cerca de 240 vagas 3,5% das vagas totais da região de governo de Santos, nas modalidades de Inespecíficos, Técnicos de Vendas, Assistente Administrativo e Pedreiro. Quadro 28. Cursos Ofertados de Qualificação Profissional, pela Sert, no Município em 2010 Cursos de Qualificação Profissional Vagas Ofertadas Inespecíficos 60 Técnico de vendas 60 Assistente administrativo 60 Pedreiro 60 Total 240 Fonte: Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho Sert; Fundação Seade (Elaboração do Instituto Pólis). Um desafio à sociedade local é estimular os trabalhadores tanto a capacitação profissional como a organização empresarial, seja tradicional, associativa ou cooperativa. Nesse sentido, o crescimento das operações de crédito do banco do Povo Paulista, em número (840 operações) e valor (R$ 2,6 milhões), no período considerado desde os anos 2000 à 2011, mostra o interesse local de empreender (média do empréstimo de R$ 3.134) e tomar recurso com finalidade produtiva. O estímulo fiscal, de formalização e fortalecimento produtivo, especialmente de pequenos grupos de trabalhadores locais, no acesso a espaços físicos, máquinas e equipamentos e crédito, como do Banco do Povo Paulista e outros, constitui-se num importante projeto de largo horizonte. Quadro 29. Operação do Banco do Povo Paulista, em R$ correntes, entre 2000 e 2011 Ano Número de Valores emprestados Operações Total Média Total Fonte (Elaboração do Instituto Pólis). A diferença entre a demanda e a oferta de trabalho, resulta na expansão do mercado informal de trabalho. Essa lacuna só pode ser mitigada com a preparação dos trabalhadores não só para a capacitação para o mercado trabalho como para o empreedorismo em geral, especialmente com gestão social e coletiva. A capacitação, organização e capitalização do trabalhador e do empreendedor, são estratégias importantes, de forte incumbência local, mas apoiada pelos outros níveis de governo. Nesse sentido, os níveis de governo, especialmente do estado, inclusive a sociedade civil representada pelo Sistema S, têm no local a responsabilidade para com a restrição ao desenvolvimento local, pela pouca atividade de promoção (oferta de cursos técnicos), capacitação e mesmo fixação de centros de atendimentos no município. 97

98 5.4 Finanças Públicas e Desenvolvimento Socioeconômico municipal: a experiência de São Vicente Para melhor situarmos as pertinentes conexões entre as finanças públicas municipais e o desenvolvimento socioeconômico, é relevante algumas observações a respeito deste tema, muito embora, exista neste Relatório uma parte específica concernente às finanças públicas. Entre elas destaca-se, inicialmente, a expansão do Estado brasileiro, através de investimentos diretos dos níveis e órgãos de governo e indireto das companhias estatais, na transformação do desenvolvimento econômico nacional. Com a crise do modelo de Estado de desenvolvimento, a constituição estabelece um novo marco de direitos e serviços sociais básicos, com fundos fiscais especiais e atribuições por níveis de governo. Mesmo com o governo neoliberal que encaminhou o processo de privatização, desenvolvido a partir dos anos de 1990 a importância do Estado continua expressiva na área econômica e social. Neste contexto é importante salientar que cerca de 34% do PIB, passa pelo setor público pela cobrança de tributos federais, estaduais e municipais. Em relação aos municípios essa presença do Estado, através das ações da prefeitura bem como das esferas estadual e federal, mesmo que em muitos casos ainda insuficiente, é fundamental para o desenvolvimento local. Na área da educação, por exemplo, é do conhecimento de todos que a grande maioria dos estudantes de nosso país, com exceção do ensino universitário, depende fundamentalmente do ensino público gratuito. Nessa área, as prefeituras são as principais responsáveis pela manutenção de creches e de escolas do ensino fundamental. O mesmo podemos dizer sobre a área da saúde pública onde a maioria da população depende dos serviços de atendimento em postos de saúde mantidos em grande parte pelas prefeituras. No caso específico de São Vicente alguns dados são ilustrativos nesse sentido. O município arrecadou em 2010 R$ (Receitas Correntes + Receitas de Capital + Receitas Intra-Orçamentárias Dedução da Receita Corrente). O orçamento per capita correspondia a R$ 1.734, segundo Censo do IBG, naquele ano. Abordando a Natureza das Despesas verifica-se que a conta Corrente que atingiu 85,8% do total de empenho do exercício, com mais de R$ 540 milhões, enquanto as despesas de capital alcançaram R$ 89 milhões do total (14,2%). Em relação às despesas por Função, os três principais gastos estavam nas áreas da Saúde, Educação, Urbanismo, com respectivamente R$ 125,5 milhões; R$ 187,9 milhões e R$ 77 milhões, valores que representam 19,9%, 29,9% e 12,3% do total empenhado em Os gastos na função Administração representaram R$ 35,5 milhões 5,7% do orçamento. As quatro primeiras funções somadas representaram 63,8% do total empenhado. A despesa com Pessoal e Encargos Sociais R$ foi de cerca de 229 milhões consumiu 36,4% da despesa empenhada do município em 2010, sendo a prefeitura, um dos principais polos de contratação de mão de obra local. Não há dúvida que a renda proveniente desses salários é gasta no comércio e nos mais variados serviços oferecidos no município desencadeando todo um efeito multiplicador de emprego, renda e arrecadação de tributos. Em relação aos Investimentos, os empenhos foram de R$ 89 milhões, 14,2% do total. Para o item Transferências a Instituições Privadas sem fins Lucrativos e que não tenham vinculo com a administração pública foi empenhado R$ 16 milhões 2,6% do total. Para o item Outros Serviços de Terceiros empresas ou pessoas contratadas para executarem serviços para a prefeitura - representou R$ 187,5 milhões dos gastos, 29,8% do total. Em relação à receita destaca-se que a Receita Corrente representou R$ 519,8 milhões, 90,2% do total da arrecadação. Em 2010 a Receita Tributária representou a segunda maior fonte de recursos do município com 22,8% do total da arrecadação, com o destaque do IPTU Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana 10,4%. As Transferências Correntes foram a maior fonte de arrecadação, cerca 52% da arrecadação total, com pela transferência da União de 16,8% especialmente, pela Compensação Financeira/Royalties Petróleo, que representou 0,17%, e do Estado de cerca 14% do total da receita, em grande parte pela transferência do ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, que representou 9,9% do total. As Receitas de Capital, que contribuiu com 6,3% da receita total. Os convênios e operações de créditos, em vigência, firmados pelo município junto à CEF, entre 2007 a 2012, representam R$ 22 milhões, repassados pelo banco. Por esses dados da receita, é possível concluir que a melhoria da qualidade de vida e do desenvolvimento local estão relacionadas ao desenvolvimento econômico do país.

99 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE Conclusões As empresas de construção e imobiliárias tiveram, um importante crescimento tanto em seu número como no aumento da escala de ocupação de pessoal. As empresas locais ligadas à atividade de saneamento (ambiental, resíduos e descontaminação) não tiveram o mesmo dinamismo, com a manutenção das unidades locais e o surgimento de uma única unidade de maior porte. Com isso, destaca-se um arranjo setorial da construção local que tem expandido com maior dinamismo por força do estímulo da demanda pública por obras de infraestrutura e menos por serviços de saneamento. O que se percebe no número de empresas e na escala dos segmentos de infraestrutura produtiva e logística, é que o crescimento do mercado beneficiou mais as unidades maiores, especialmente de serviços de logística e da indústria de transformação, em detrimento da pequena e da média empresa já instalada. Na atividade de comércio e reparos de automóveis, as unidades de média escala apresentaram um desempenho importante, com o crescimento das empresas desse nível ocupação de trabalhadores. A concentração da estrutura do mercado pode repercutir em maior poder do produtor, ou seja, da margem de lucro e eventual elevação de preço para o consumidor. De outra maneira, o lento crescimento do número de empresas de turismo, como se verificou nas atividades administrativas, complementares, alojamento e alimentação, artes, cultura, esporte e recreação, foi acompanhado pelo crescimento da escala dos empreendimentos. Por onde podemos deduzir o desenvolvimento da especialização, qualificação e a valorização dos serviços e do trabalho ocupado. A panorâmica da estrutura de empreendimentos dos serviços em geral da economia local, mostra o avanço do processo do desenvolvimento das atividades de educação, saúde, serviços sociais, e o incremento também das atividades profissionais, técnicas e científicas. O mesmo não se pode dizer das atividades financeiras, de seguros, informação e comunicação, em substancial retrocesso no mesmo período verificado. A capacidade da economia local de adição de valor, cuja taxa de crescimento acompanha a média do litoral considerado, indica a sua intima relação junto à dinâmica metropolitana, que constitui um conjunto econômico, populacional e territorial importante no estado e país. Mas com uma condição de consumo de energia, adição de valor e de geração de renda, per capita, abaixo da média regional. O oportuno aumento da despesa de administração pública deve-se ao aquecimento da economia no período, pelo aumento da renda real e do consumo, e das dotações de recursos do setor público municipal, notadamente, pelo crescimento das transferências dos royalties do petróleo e investimentos públicos estadual e federal. Apesar da expansão do esforço público, ainda é importante a precariedade da moradia, serviços e infraestrutura pública, e a condição de indigência e pobreza, mesmo que comparável à realidade do estado e do país. Mesmo que a taxa de desocupação e de informalidade tenham caído em 2010, em relação à 2000, os seus números totais, explicam muito da precariedade dos assentamentos urbanos e das relações econômicas locais, por conta da condição de inserção do trabalhador no mercado. O desafio para a inclusão social, é melhorar a condição de vida de cerca de 48 mil trabalhadores na economia informal, das quase 16 mil pessoas desocupadas e um percentual relevante de trabalhadores de mais de 10 anos, com rendimentos e não alfabetizados (4,2%, cerca de 7,5 mil), acima da taxa estadual (4,1%), além de um contingente da mesma proporção de moradores em domicílios particulares em estado de indigência (4,4%). As tendências do mercado de trabalho, captadas nas informações da distribuição do emprego, pode ser apresentada da seguinte maneira, os serviços em geral ocuparam 56,8% das pessoas (alojamento, alimento, administrativo público e privado e outro), comércio 28,8% e atividades produtivas 14,2% das pessoas (construção, indústria de transformação, serviços industriais de utilidade pública, extrativa agropecuária e etc.). 99

100 A diferença entre a demanda e a oferta de trabalho, ainda hoje tem resultado na expansão do mercado informal de trabalho. Essa lacuna só pode ser mitigada com a preparação dos trabalhadores não só para a capacitação para o mercado trabalho como para o empreedorismo em geral, especialmente com gestão social e coletiva. A capacitação, organização e capitalização do trabalhador e do empreendedor, são estratégias importantes, de forte incumbência local, mas apoiada pelos outros níveis de governo. Nesse sentido, os níveis de governo, inclusive a sociedade civil representada pelo Sistema S, têm o desafio de usar a riqueza populacional do município para desenvolver a região, especialmente pela atividade de ensino técnico, superior e mesmo fixação de centros de formação técnica e para o empreendimento. 6. ORDENAMENTO TERRITORIAL 6.1. Evolução da Mancha Urbana entre 1970 e 2010 São Vicente foi o primeiro município criado no Estado de São Paulo. A Vila de São Vicente foi fundada em Até sua tornar-se município, São Vicente constituía um pequeno grupo de dez ou doze casas. É com a chegada de Martim Afonso que se inicia um processo de desenvolvimento econômico, especialmente com a plantação de cana-de-açúcar. Mas a lavoura canavieira mostrou uma rápida decadência, devido às grandes distâncias com os mercados consumidores europeus, assim como com áreas periodicamente recobertas por águas decorrentes de chuvas de verão, que formavam brejos e delimitavam um pequeno espaço agrícola, e condições climáticas que tornavam a terra. Assim, logo no começo da exploração, a região já apresentava sinais de que a agricultura não seria adequada para aquele tipo de solo, tornando-se necessária a implementação de outro tipo atividade econômica para a área. Após a fundação do município, fundou-se o núcleo populacional que, posteriormente, viria a ser a cidade de Santos. O porto de São Vicente, situado anteriormente na atual Ponta da Praia, foi transferido para o interior do canal do estuário, local do atual porto de Santos. Com poucas terras próprias para a utilização da agricultura, a economia da Ilha de São Vicente passou a depender cada vez mais do Porto de Santos, e com isto, tornava-se necessária a criação de uma rede urbana mínima para a execução das funções portuárias. Nesta configuração, a São Vicente restava a função de ligar o litoral com o planalto e com o exterior. Contudo já nos primeiros anos do povoamento, a Vila de Santos, fundada em 1545, passou a realizar essas conexões, porque seu porto, com capacidade para embarcações de grande porte, corrigia um problema do estuário de São Vicente que só comportava pequenas embarcações. O crescimento da ocupação de São Vicente se deu, então, mais fortemente quando, a partir do final do século XIX, as atividades portuárias relacionadas à exportação de café impulsionaram uma forte expansão urbana em Santos, e por indução São Vicente também foi se expandindo. Nos últimos 25 anos do século XIX a população de São Vicente mais que duplicou, passando de para habitantes (Jakob, 2003). Na primeira metade do século XX o crescimento populacional de São Vicente foi constante, embora moderado. As áreas mais densamente ocupadas eram a orla da baía de São Vicente, os bairros situados entre esta e o centro e, na periferia deste, concentravam-se alguns poucos bairros operários. A segregação sócio espacial demarcou territórios desde, pelo menos, a década de 1940, quando a população mais pobre passou a ocupar o morro do Itararé, na praia do mesmo nome, instalando-se em terrenos pertencentes à Irmandade da Santa Casa de Santos, sob regime de aluguel de chão. Foi a maneira que esses moradores encontraram para permanecer junto às áreas mais centrais e também próximos à via por onde passava o bonde que ligava o centro de São Vicente a Santos, pela orla da praia. Nesse período iniciou-se um movimento que perdura até os dias de hoje: o avanço da emergente classe média de Santos sobre os bairros de baixa renda de seu município e a migração das famílias aí residentes para a periferia, não só de Santos, como também para bairros de São Vicente, limítrofes ao município de Santos (Vila São Jorge, Vila Jóquei Clube, Vila Paraíso, entre outros), bairros estes que se formaram sobre áreas de várzeas com déficits de infraestrutura.

101 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 No final dos anos 1940, Santos possuía 80% do valor da produção industrial da Baixada, enquanto Cubatão e São Vicente participavam com apenas 9% e 5,5%, respectivamente. Santos, também, concentrava 99% do comércio, e 88% dos serviços da região. Assim, até os anos 1950, a estrutura econômica e urbana da região do litoral tinha como centro dinâmico o município de Santos (Jackob, 2003). Entretanto, a partir dos anos 1950, o parque industrial implantado no município de Cubatão passou a ser o responsável pelo dinamismo econômico e urbano da Baixada, tendo, então, o porto de Santos entrando em uma nova fase, se relacionando com o ciclo da industrialização pesada. A influência de Santos como polo de atração de trabalhadores em função do porto, manteve-se ao longo do período, mas a implantação do polo industrial em Cubatão fez com que, a partir da década de 1940, o setor secundário da economia passasse a se constituir no maior empregador da região. Essa reconfiguração da economia regional lançou reflexos sobre São Vicente. Como fator endógeno de crescimento, aparecem as atividades relacionadas ao lazer balneário, que se intensifica no final da década de A maior expressividade do turismo levava à geração de empregos ligados à construção civil e à prestação de serviços no município. As orlas das praias do Itararé, Gonzaguinha e Milionários, já valorizadas como local de residência da população de alta renda desde as primeiras décadas do século XX passam a ser disputadas pelos turistas depois da abertura da Via Anchieta em São Vicente desempenhou ao longo do período as funções de cidade turística e fronteira de expansão residencial requerida pelo desenvolvimento regional, o que se intensificará após os anos A extraordinária expansão dos aglomerados santista e vicentino se deu, particularmente, a partir da década de 1940 na ilha de São Vicente. Enquanto na parte oriental da ilha a expansão foi sendo realizada dentro de uma diretriz administrativa, onde a Prefeitura e a Comissão do Saneamento seguiam de perto as áreas em crescimento, na parte ocidental não foi assim, os loteamentos de terrenos e as formações das vilas não obedeceram às posturas municipais (PLHIS, 2009). A partir da década de 1950 a população de São Vicente cresceu aceleradamente, colocando a cidade na segunda posição da região em tamanho da população (atrás apenas de Santos), o que se fez acompanhar pelo aumento da segregação sócio espacial evidenciada pela a linha férrea da Sorocabana que passou a representar uma fronteira entre as classes sociais, separando, na estreita faixa entre a ferrovia e o mar, os bairros praianos e o centro. Na década de 60, a exiguidade desta faixa, já bastante ocupada, motivou a expansão urbana sobre a Ilha Porchat, após realização de aterro que a ligou em definitivo à Ilha de São Vicente. A partir deste momento, foram se formando os bairros operários que se localizavam a partir da linha férrea em direção ao norte e ao oeste, em terrenos baixos e alagadiços. Nesta época, bairros populares surgiram em torno do eixo popularmente conhecido como Linha 1 formado pelas avenidas Nossa Senhora de Fátima, em Santos, e Antonio Emerich, em São Vicente, porque por ele passava o Bonde 1, ligando o centro de São Vicente ao centro de Santos. A ocupação desse território nas décadas de 1950 a 1970 foi facilitada pela venda de lotes a preços acessíveis aos trabalhadores de Santos e do polo de Cubatão. Na década de 1960 o Departamento Nacional de Obras Sanitárias (DNOS) iniciou a construção de diques em nome da recuperação dos manguezais e dos terrenos inundáveis. Isso contribuiu para que fosse ocupados os extremos oeste, norte e nordeste da porção insular nos anos 1960, o que trouxe graves implicações ambientais para o município e seu entorno, em especial a ocupação das áreas ambientalmente mais frágeis, como os mangues e as restingas. O intenso crescimento populacional e econômico de Cubatão, Santos e Guarujá, na década de 1970, provocou, ainda, o deslocamento da população a outros municípios, principalmente para São Vicente e Praia Grande, que se 101

102 tornaram cidades-dormitórios, apresentando uma intensa aglomeração urbana e formando uma mancha contínua de aglomeração populacional. Até o começo da década de 1980, São Vicente manteve elevados índices de crescimento populacional. Favelas proliferaram sobre os diques construídos pelo DNOS e avançaram sobre o estuário de São Vicente, disseminando a construção sobre palafitas, própria para áreas sujeitas às oscilações de marés. Como se pode observar na figura abaixo, no começo da década de 1980 a área insular do município já estava muito ocupada, restando apenas alguns pequenos fragmentos vazios. Nesta época já se percebe, também, a formação de núcleos urbanos de mais baixa renda na área continental, próximos à Serra do Mar, como Jardim Rio Branco e Vila Nova Mariana. Figura. SÃO VICENTE Mancha Urbana 1979/1980 Fonte: Imagens Landsat 1979, A partir dos anos 80 inaugurou-se um período de crise, que atravessou toda a década de 1990, marcada pela perda da importância da Baixada em relação a outras regiões do Estado de São Paulo. Várias causas influenciaram o declínio econômico da Baixada Santista no período. Para o município de São Vicente, com grande parte da população vinculada aos empregos do polo cubatense, do porto de Santos e da construção civil, os efeitos da crise foram sentido muito claramente, resultando, inclusive, no agravamento das condições habitacionais e na ocupação do território continental. A acessibilidade rodoviária tornou a área continental uma alternativa de moradia para os segmentos operários que buscavam a casa própria e para os quais os preços dos terrenos na área insular eram proibitivos. Assim, loteamentos foram implantados nas áreas anteriormente ocupadas pelas plantações de banana e, também, em áreas de manguezais e de mata atlântica desmatadas para esse fim. Executados sem uma diretriz geral, e ocupando faixas descontínuas, os loteamentos foram se articulando entre si e com as outras partes do território através da rodovia, que passou a servir como ligação urbana. A crise econômica experimentada pela Baixada Santista até o final do século XX levou a uma grande expansão das áreas ocupadas por favelas em São Vicente e nos municípios centrais da RMBS. Estudos da Secretaria de Planejamento de São Vicente, realizados com base nos Censos Demográficos de 1980 e 1991, mostram que o município foi o que mais absorveu o crescimento demográfico da Baixada naquele período: dos novos habitantes da região, 32,5%, ou habitantes, residiam em São Vicente (PLHIS, 2009). Um fator que colaborou com isso foi a abertura da ponte rodoviária sobre o canal dos Barreiros (Ponte A Tribuna ), ligando a Ilha de São Vicente ao continente. Como pode-se observar na figura abaixo, na década de 1980, toda área insular foi ocupada, não restando mais nenhum dos fragmentos vazios existentes na década anterior. Neste momento, a área continental, como relatado

103 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 acima, começa, também a ser ocupada mais intensamente, principalmente no entorno dos núcleos já ocupados no período anterior. Figura. SÃO VICENTE Mancha Urbana 1991/1992 Fonte: Imagens Landsat 1991, Na década de 1990 o crescimento populacional do município desacelera. Na área insular observa-se, ainda, um avanço na ocupação dos morros. Na área continental o movimento de crescimento no entorno das áreas ocupadas anteriormente permanece, criando novos bairros, como por exemplo, Nova São Vicente que aparece nesta época. 103

104 Figura. SÃO VICENTE Mancha Urbana 2000 Fonte: Imagens Landsat 2000 Na década de 2000 a taxa de crescimento populacional decresce ainda mais chegando a menos de 1% ao ano. A mancha urbana do município pouco se modifica nesta década, sendo que quase todo incremento populacional de quase mil habitantes se instalou de forma a adensar o território já ocupado e não com expansão horizontal. Figura. SÃO VICENTE Mancha Urbana 2011 Fonte: Imagens Landsat Regulação dos princípios e diretrizes de política urbana e ordenamento territorial A Lei Orgânica do Município de São Vicente (1990) consagra uma série de princípios e diretrizes da política urbana para a cidade.

105 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Inicialmente, determina que o exercício das competências municipais tem por objetivo a realização concreta do bem-estar, da segurança e do progresso dos habitantes do Município, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, a erradicação da pobreza e da marginalização, a redução das desigualdades sociais, e se fará com a participação da coletividade e, quando for o caso, em cooperação com os demais Poderes Públicos federais, estaduais e municipais, na busca do interesse geral (art. 4º). Dentre as competências municipais, há diversas diretamente relacionadas à política urbana tais como criar, organizar e suprimir distritos, prestar serviços públicos de forma centralizada e descentralizada, cuidar da limpeza das vias e logradouros públicos e dar destinação ao lixo e a outros resíduos de qualquer natureza, entre outras (art. 5º, incisos III, IV e XII). Como atribuições da Câmara de Vereadores com a sanção do Prefeito, a Lei Orgânica prevê a aprovação do plano diretor, a autorização ou aprovação de convênios, acordos e contratos que resultem encargos para o Município não previstos em lei orçamentária, a delimitação do perímetro urbano entre outras (art. 9º). Ao prefeito, por sua vez, cabe apresentar o projeto do plano diretor e aprovar projetos de edificação, planos de loteamento, arruamento e zoneamento urbano (art. 86). Diversas leis urbanísticas devem ser aprovadas pela maioria absoluta da Câmara de Vereadores de São Vicente. É o caso, por exemplo, do Código de Posturas, da aprovação e alteração do plano diretor e do zoneamento urbano.(art. 47, 2º, LOM). Com efeito, tais leis são reguladas por lei complementar (art. 51, LOM). Há um Título específico da Lei Orgânica de São Vicente para tratar do planejamento municipal, consagrando seus princípios básicos articulados em torno da democracia e transparência no acesso às informações e articulação entre os planos e programas setoriais dos três níveis de governo e o plano diretor (art. 198 e seguintes, Título V). Vale mencionar que diversas são as disposições da Lei Orgânica de São Vicente voltadas ao conteúdo do plano diretor, suas diretrizes e fases de elaboração (arts. 237 e seguintes, LOM). O plano diretor e as outras leis de uso, ocupação e parcelamento do solo - deve ser revisto anualmente e somente poderá ser alterado uma vez a cada ano (art. 240, 2º, LOM). Adicionalmente, a Lei Orgânica prevê princípios específicos para as atividades econômicas (arts. 206 e seguintes, Título VI); para o desenvolvimento urbano (art. 219 e seguintes); para a política agrícola, agrária e fundiária (Arts. 250 e seguintes); da organização regional e metropolização (arts. 252 e seguintes); dos transportes (arts. 260 e ss.); dos interesses da comunidade e do meio ambiente (art. 269 e ss.); do saneamento básico (arts. 306 e ss.); dos recursos hídricos e minerais (arts. 311 e ss.) entre outros relacionados especificamente à ordem social, incluindo dispositivos ligados à saúde, cultura, esporte e etc. (arts. 316 e ss.). No que se refere aos objetivos do desenvolvimento urbano, o art. 219 estabelece: - o pleno desenvolvimento das funções sociais do Município; - a garantia do bem-estar da comunidade; - a adequada distribuição espacial da população e das atividades econômicas; - a integração e a complementariedade das atividades urbanas e rurais; - a disponibilidade de equipamentos urbanos e comunitários. À luz do art. 220, muitos são os princípios a serem seguidos no estabelecimento de diretrizes e normas relativas ao desenvolvimento urbano, com destaque para: - ordenação da expansão dos núcleos urbanos 105

106 - adequação da propriedade à função social; - participação de entidades no estudo e elaboração de projetos e planos relacionados ao zoneamento, parcelamento, loteamento, proteção ambiental, licenciamento entre outros. O plano diretor de São Vicente (Lei complementar municipal nº 270/99) regulamenta os objetivos políticos, econômicos, físico- territoriais e sociais do Município (art. 2º), bem como as diretrizes político-econômicas, ambientais, habitacionais, sociais, de circulação e transporte (art. 3º e seguintes). A lei de uso e ocupação do solo, por sua vez, (Lei complementar nº 271/99) elenca também objetivos e diretrizes de uso e ocupação do solo (Arts. 1º e 2º). Conceitua ainda o art. 219 da Lei Orgânica em seu parágrafo único as funções sociais do Município de São Vicente, que compreendem o direito de acesso a moradia, transporte público, saneamento básico, energia elétrica, abastecimento, iluminação pública, comunicação, educação, saúde, lazer e segurança que, juntamente com a preservação do patrimônio ambiental e cultural, condicionarão a execução da política urbana. O art. 222 elenca os instrumentos específicos para assegurar as funções sociais da cidade: - IPTU progressivo no tempo, - desapropriação por interesse social ou utilidade pública, - discriminação de terras públicas destinadas a assentamentos de baixa renda; - inventários, registros, vigilância e tombamento de imóveis, - contribuição de melhoria, - taxação de vazios urbanos. Além das funções sociais da cidade, a legislação de São Vicente estabelece que a propriedade cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação urbana expressa pelo plano diretor e pela lei de uso e ocupação do solo (art. 10, plano diretor). Os instrumentos do parcelamento ou edificação compulsórios, o IPTU progressivo no tempo e a desapropriação com pagamentos da dívida pública são previstos de maneira genérica pelo plano diretor, os quais, em tese, serão regulamentados posteriormente por leis municipais específicas (art. 11 e 12 do plano diretor). A lei de uso e ocupação do solo de São Vicente define áreas para aplicação do IPTU progressivo no tempo, quais sejam: UP1, UP2, UP3, UP4 e ZHIS (art. 133, parágrafo único, mapa Anexo I). Vale notar que há muitos instrumentos tributários regulados pela legislação de São Vicente e que podem ser utilizados para fins da reforma urbana. É o caso da contribuição de melhoria (art. 156, LOM) e do IPTU que pode ser progressivo de forma a assegurar o cumprimento da função social (art. 153, 1º, LOM). Há também uma série de benefícios e isenções tributárias totais e parciais previstas na legislação de São Vicente. Por exemplo, as indústrias que se instalarem na Zona Industrial (art. 161, LOM), os contribuintes do IPTU que sejam proprietários ou possuidores de um único imóvel em casos específicos (Emenda nº 16 da Lei Orgânica), os imóveis de valor histórico-cultural e ambiental (art. 168). Há também a possibilidade de se estabelecer diferenciações de índices tributários para os bairros mais carentes (art. 164, LOM). Ressalte-se que os incentivos tributários em São Vicente foram instituídos também pelo Programa IPTU Verde que reduz a alíquota do imposto aos proprietários que adotarem medidas que estimulem a proteção, preservação e recuperação do meio ambiente ( Lei complementar municipal nº 634/10). Já o art. 236 prevê uma lista de instrumentos aplicáveis para o desenvolvimento urbano, como por exemplo: - o plano diretor - instrumentos tributários e financeiros (IPTU progressivo e regressivo; contribuição de melhoria, isenções e benefícios fiscais e financeiros, fundos) - instrumentos jurídicos (desapropriação, servidão e limitação administrativas, tombamento e etc.)

107 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 O parcelamento, edificação e utilização compulsórios e o direito de preempção estão previstos nos arts. 242 e seguintes. As terras públicas não utilizadas e subutilizadas são destinadas prioritariamente aos assentamentos de baixa renda (art. 224, LOM) Regulação do ordenamento territorial A regulação do ordenamento territorial em São Vicente é regulada principalmente pela lei orgânica municipal (1990), o plano diretor (Lei complementar municipal nº 270/99) e a lei de uso e ocupação do solo (Lei complementar municipal nº 271/99). As principais leis de regulação do território, portanto, foram promulgadas antes do Estatuto da Cidade. Salientese que alguns dispositivos pontuais da legislação municipal foram alterados após a promulgação da Lei Federal nº /01, mas não houve modificações estruturais após a consolidação do marco jurídico urbanístico em nível federal. É necessário, portanto, promover a adequação da legislação urbanística de São Vicente ao Estatuto da Cidade e às Resoluções do Conselho Nacional das Cidades (Resolução nº 25, Resolução nº 34, Resolução Recomendada nº 83) 22, especialmente no que se refere ao plano diretor cujo prazo de revisão já expirou. Com efeito, determina o Estatuto da Cidade que os planos diretores devem ser revistos, no mínimo, a cada dez anos sob pena de improbidade administrativa (art. 40, 3º c/c art. 52, inciso VII). O Conselho Nacional das Cidades, inclusive, regulou os procedimentos de revisão de planos diretores na Resolução Recomendada nº 83 de 08 de dezembro de De acordo com informação da Prefeitura está em andamento o processo de revisão do plano diretor de São Vicente 23. Passemos, pois, ao que determina em linhas gerais a legislação municipal de São Vicente atualmente em vigor. A divisão territorial do Município de São Vicente compreende área urbana, de expansão urbana e rural (art. 228, LOM). As áreas especiais previstas pela Lei Orgânica são (art. 231, LOM): - de urbanização preferencial; - de renovação urbana; - de urbanização restrita; - de regularização fundiária; - de integração regional. A Lei Orgânica de São Vicente estabelece ainda mais algumas regras específicas para o ordenamento territorial. Dispõe que a lei de zoneamento deve eliminar o tanto quanto possível o uso misto (art. 232, LOM), a necessidade de reavaliação do Zoneamento de Proteção Ambiental (art. 290) e de elaboração de um zoneamento específico para áreas sujeitas a riscos de inundações, erosão e escorregamento do solo (art. 312, inciso IV, LOM). 22 As resoluções do Conselho Nacional das Cidades estão disponíveis no seguinte endereço eletrônico: consulta em 28/09/2012, 12h40m. 107

108 O plano diretor de São Vicente não traz grandes contribuições do ponto de vista da divisão do território em si. De fato, o plano diretor municipal constitui-se basicamente por objetivos e diretrizes específicos já expostos no item anterior. É a lei de uso e ocupação do solo que irá estabelecer, de fato, a divisão do território de São Vicente. As zonas estabelecidas dividem-se em: - zonas urbanas, urbanizáveis ou de expansão urbana - zonas não urbanizáveis - corredores As zonas ou urbanizáveis estão subdivididas em: (i)urbanização preferencial (UP1, UP2, UP3 e UP4); (ii) urbanização restrita; (iii) Zona habitacional de interesse social ZHIS; (iv) integração regional IR e de (iv) de transição mista TM. As áreas não urbanizáveis estão subdivididas em: (i) preservação permanente para o desenvolvimento sustentado - PPDS; (ii) conservação ambiental CA (CA 1 e CA 2); (iii) recuperação ambiental RA. Por fim, a lei de uso e ocupação do solo lista 158 corredores industriais, comerciais e de serviços (art. 6º, inciso III). Tais zonas estão espacializadas em mapas constantes do Anexo I da Lei. Para cada uma das zonas urbanas/urbanizáveis são definidas a caracterização, objetivos, diretrizes gerais/ações, programas e projetos no anexo da lei. Para cada zona são estabelecidas condições distintas de implantação de atividades e categorias de uso do solo (art. 6º, LUOS). Além da divisão por zonas, o território de São Vicente está dividido em 30 (trinta) bairros (art. 9º). As atividades e categorias de uso estão regulamentadas por um capítulo próprio (art. 10 e seguintes, Capítulo II) e classificam-se em permitidas ou não permitidas (art. 11 e seguintes). No anexo II da lei são estabecidas as condições de implantação de atividades e categorias de uso permitidas para cada uma das zonas da cidade. Os parâmetros de uso e ocupação do solo utilizados em São Vicente são: - lote mínimo - taxa de ocupação - coeficiente de aproveitamento - recuos A lei de uso e ocupação do solo em São Vicente regula basicamente dois instrumentos de planejamento: a outorga onerosa do direito de construir denominada pela lei municipal de adicional oneroso de coeficiente de aproveitamento e a transferência do direito de construir denominada de transferência de potencial construtivo (art. 92). O adicional oneroso de coeficiente de aproveitamento será aprovado de maneira pontual por lei específica e não possui área já determinada para sua aplicação. A transferência de potencial construtivo será efetuada nas zonas urbanas ou urbanizáveis (art. 105 e seguintes) São Vicente e o Zoneamento Econômico Ecológico da Baixada Santista No que se refere ainda ao ordenamento territorial no Município de São Vicente, é fundamental também a análise das regras de uso e ocupação do solo estabelecidas pela política nacional e estadual de gerenciamento costeiro

109 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 tendo em vista que a cidade localiza-se na Zona Costeira e compõe a região metropolitana da Baixada Santista (Lei complementar estadual nº 815/1996). A Baixada Santista divisão territorial na qual se inclui o Município de São Vicente é considerada como um setor da Zona Costeira de São Paulo (art. 3º, inciso III, Lei estadual /98). No dia 13 de dezembro de 2011, o Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) aprovou a minuta de decreto que dispõe sobre o Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) da Baixada Santista 24 A minuta de Decreto 25 disponível no site da Secretaria Estadual de Meio Ambiente reconhece as peculiaridades, diversidade e complexidade dos processo econômicos e sociais da Baixada Santista e não foi feito necessariamente conforme suas características atuais, mas respeitando a dinâmica de ocupação do território e metas de desenvolvimento econômico e ambiental (art. 8º da Minuta de Decreto). Embora ainda não tenha sido promulgado o Decreto do Governador o que de fato lhe daria validade jurídica - há que se considerar que o Zoneamento Econômico Ecológico é instrumento da política nacional e estadual de gerenciamento costeiro, regulado pela Lei federal nº 7.661/88, Decreto federal nº 5.300/04 e na Lei estadual /98. Como tal, poderá estabelecer importantes diretrizes de uso e ocupação do solo aos Municípios integrantes da Zona Costeira. Destaque-se também a necessidade de compatibilização das metas previstas e as previsões dos planos diretores regionais, municipais e demais instrumentos da política urbana (art. 8º, parágrafo único, minuta de Decreto). Como efeito, é importante que a eventual instituição do ZEE Baixada Santista leve em consideração as regras de uso e ocupação do solo estabelecidas pela legislação municipal. A necessidade de articular a legislação municipal, especialmente o plano diretor, à política de gerenciamento costeiro, foi reconhecida pela Lei Orgânica de São Vicente que determinou que o plano diretor deve se harmonizar ao Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (art. 239, LOM). O acompanhamento das políticas metropolitanas de preservação dos recursos e das reservas naturais da região, especialmente as relativas ao gerenciamento costeiro é considerada como diretriz ambiental (art. 5º, inciso IV, plano diretor). A lei de uso e ocupação do solo de São Vicente estabelece uma zona específica caracterizada por áreas lindeiras a praias, rios e recursos naturais e paisagísticos que apresentam grande potencial para o turismo tradicional ou ecoturismo (art. 7º, inciso I, alínea a, item 4, Lei municipal nº 271/99). Por fim, vale notar que não foi elaborado em São Vicente o Projeto Orla (SPU/MMA) Regulação das áreas de Expansão Urbano De acordo com a Lei Orgânica do Município de São Vicente o território do Município compreenderá área urbana, de expansão urbana e rural (art. 228). 24 Deliberação CONSEMA 34/ ª Reunião ordinária do Plenário do CONSEMA. 13/12/2012 conforme endereço eletrônico: consulta em 02/04/2012, 18h30m. 25 Disponível no seguinte endereço eletrônico SMA.pdf. Consulta em 16/07/

110 O critério para definição e alteração de áreas urbanas e de expansão é uma delimitação por lei capaz de abranger, no máximo, a superfície necessária à localização da população urbana e de suas atividades previstas para os 10 (dez) anos subsequentes ( 1º e 2º). A lei de uso e ocupação do solo de São Vicente estabelece como categoria genérica zonas urbanas ou urbanizáveis, definidas como áreas já ocupadas e de ocupação futura para atender às demandas geradas pelo crescimento populacional e pelo desenvolvimento das atividades econômicas, sociais, culturais, de turismo, lazer e recreação (art. 7º, Lei complementar municipal nº 271/99). Como subcategoria da zonas urbanas ou urbanizáveis, convém citar a Zona de Urbanização Preferencial 2 ZP2 também denominada Futura ou de Expansão Urbana, as quais são definidas como áreas não urbanizadas ou com ocupação rarefeita, contíguas ou próximas às áreas já urbanizadas, apresentando condições favoráveis para a expansão da área urbana, principalmente quanto à acessibilidade e proximidade da infra-estrutura existente (art. 7, inciso I, alínea a, item 2, Lei complementar municipal nº 271/99). A lei de uso e ocupação do solo de São Vicente considera duas porções do território expressamente como área rural: a Transição Mista TM uma subcategoria das zonas urbanas ou urbanizáveis e definidas como áreas de transição do uso do solo, apresentando predominantemente ocupação rural em processo de transformação, com a instalação de atividades industriais não poluentes compatíveis com suas características ambientais (art. 7º, inciso I, alínea e) e a de Conservação Ambiental CA1 (Rural) uma subcategoria das áreas não urbanizáveis que apresentam alterações na organização funcional dos ecossistemas primitivos, mas são capacitadas para manter em equilíbrio uma comunidade de organismos em graus variados e diversificados, mesmo com a ocorrência de atividades humanas intermitentes ou de baixo impacto ambiental, apresentando, ainda, potencialidade para o cultivo de espécies nativas, aqüicultura, piscicultura ou atividades correlatas, e atividades de recreação (art. 7º, inciso II, alínea b, item 1). Como subcategoria das áreas urbanizáveis já também uma área de Integração Regional IR e outra de Transição Mista TM que embora não seja consideradas expressamente como de expansão urbana, podem significar uma urbanização futura. A zona de Integração Regional [...] são áreas que, em função da ordenação de uso do solo regional, serão necessárias à ação dos Municípios integrantes da Região Metropolitana da Baixada Santista, sendo delimitadas e tendo condições para implantação das atividades e categorias de uso definidas por diretrizes específicas a serem determinadas pela Região Metropolitana referida (art. 7º, inciso II, alínea d ). A de Transição Mista- TM, por sua vez, [...] são áreas de transição de uso do solo, apresentando predominantemente ocupação rural em processo de transformação, com a instalação de atividades industriais não poluentes, compatíveis com suas características ambientais (art. 7º, inciso II, alínea e ). A definição de áreas urbanas e expansão urbana de São Vicente relaciona-se diretamente com as modificações trazidas pela Lei Federal /12, que alterou o art. 42 do Estatuto da Cidade. Com efeito, a partir da publicação da nova lei, os Municípios que pretendam ampliar seu perímetro urbano deverão elaborar projeto específico que contenha no mínimo (art. 42 B, Estatuto da Cidade): I - demarcação do novo perímetro urbano; II - delimitação dos trechos com restrições à urbanização e dos trechos sujeitos a controle especial em função de ameaça de desastres naturais; III - definição de diretrizes específicas e de áreas que serão utilizadas para infraestrutura, sistema viário, equipamentos e instalações públicas, urbanas e sociais; IV - definição de parâmetros de parcelamento, uso e ocupação do solo, de modo a promover a diversidade de usos e contribuir para a geração de emprego e renda; V - a previsão de áreas para habitação de interesse social por meio da demarcação de zonas especiais de interesse social e de outros instrumentos de política urbana, quando o uso habitacional for permitido;

111 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 VI - definição de diretrizes e instrumentos específicos para proteção ambiental e do patrimônio histórico e cultural; e VII - definição de mecanismos para garantir a justa distribuição dos ônus e benefícios decorrentes do processo de urbanização do território de expansão urbana e a recuperação para a coletividade da valorização imobiliária resultante da ação do poder público. Com efeito, esse projeto específico deverá ser instituído por lei municipal e atender à diretrizes do plano diretor (art. 42-A, 1º, Estatuto da Cidade). Além disso, é considerado como condição para a aprovação de projetos de parcelamento do solo no novo perímetro (art. 42-B, 2º, Estatuto da Cidade) Áreas de monitoramento do Município No Município de São Vicente, como apresentado anteriormente, o ritmo de crescimento populacional já vem diminuindo desde a década de 1990, chegando a 2011 com um TGCA de 0,94 % ao ano. Apesar de ainda apresentar um crescimento populacional, o município claramente tem diminuído a tendência de um processo de expansão urbana acelerado que aumenta as demandas por serviços, equipamentos e infraestruturas, como verifica-se em outros municípios do litoral paulista. Entretanto, diante das novas dinâmicas metropolitanas da Baixada Santista impulsionadas pelos grandes projetos inseridos na região em decorrência do Pré-sal e outras dinâmicas econômicas, como a ampliação do Porto de Santos, é necessário verificar os potencias de crescimento da mancha urbana do município de Santos, prevendo novos cenários de acréscimo da demanda demográfica no município. Se esse crescimento urbano não for ordenado e ocorrer de modo inadequado junto aos cursos d água, nos locais com topografia acidentada e em áreas com cobertura vegetal significativa, haverá problemas na ordem urbanística local. No contexto do litoral paulista como um todo, processos desordenados de urbanização também poderão pressionar o meio ambiente de modo negativo. Como visto anteriormente, a urbanização de São Vicente concentrou-se, mais intensamente, na área insular sobre a Ilha de São Vicente, cujo território é dividido com o município vizinho de Santos. Como já frisou anteriormente, a maior parte do território municipal, inserida em unidades de conservação, permanecendo ocupadase a área efetivamente urbanizada ocupa aproximadamente apenas, 16% do território. Contudo, apesar da pequena porção de área efetivamente urbanizada no município, as áreas remanescentes com potencial de ocupação oferecem somente mais 13% para ocupação urbana no município, sendo o município da região metropolitana com menos área ainda com potencial de ocupação. A identificação das áreas potenciais para ocupação urbana baseou-se na justaposição dos seguintes elementos: Unidades de Conservação; Reservas Particulares de Preservação Natural (RPPN); áreas com alta declividade, maior do que 45 graus; Áreas de Preservação Permanente que se encontram localizadas junto aos cursos d água. Trata-se de uma primeira tentativa para a identificação de áreas potenciais para a expansão urbana futura. Não se trata de uma indicação conclusiva e definitiva, pois análises complementares deverão ser realizadas a fim de que se tenha a demarcação mais precisa dos locais nos quais o município de São Vicente ainda pode crescer. Vale repetir, a indicação de áreas potenciais para ocupação urbana futura é uma primeira referência que merece ser detalhada e aprofundada em estudos posteriores. No município de São Vicente a maior parte da área com potenciais para a expansão urbana futura encontra-se na porção continental, que também representa a maior parte do território do municipal. Entretanto, a maior parte do território continental está inserido dentro de áreas de conservação ambiental, estando situadas dentro dos limites do Parque Estadual da Serra do Mar, além de áreas de mangue e APPs hídricas. As áreas com potencial 111

112 para ocupação resultante de todas estas características apresentadas são muito restritas no município, concentrando-se próximas às áreas continentais já ocupadas, como se pode observar no mapa abaixo. Mapa. São Vicente Áreas com Potencial para Ocupação Urbana Integrando a leitura sobre o potencial de ocupação do município de São Vicente, realizou-se um mapeamento das características geotécnicas do solo, o qual se cruzou com as áreas com potencial de ocupação detectadas no mapa, acima. Apesar de São Vicente apresentar ainda algumas áreas com potencial para ocupação na área continental, em relação aos fatores geotécnicos, como se pode observar no mapa abaixo, todas estas áreas potencialmente ocupáveis apresentam algum grau de fragilidade geotécnica, apresentando alta suscetibilidade à erosão por sulcos, ravinas e boçorocas de grande porte induzidas por concentração de escoamento superficial. Nas pequenas áreas insulares onde ainda existem potenciais de ocupação, também encontram-se fragilidades, estes de alta suscetibilidade a recalque por adensamento de solos moles e inundações pluviais. Estes fatores trazem a necessidade de um rígido controle sobre a ocupação urbana deste município, com o estabelecimento de regras de ordenamento urbano e de construção que garantam uma ocupação adequada às restrições geológicas Procedimentos técnicos adotados para definição de áreas de monitoramento territorial Litoral Paulista INTRODUÇÃO Este texto traz os procedimentos utilizados para a identificação de áreas de monitoramento territorial em municípios do litoral paulista, através do uso de procedimentos de análises espaciais realizado em ambiente Arcgis. O procedimento foi realizado visando uma leitura regional integrada para os treze municípios que

113 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 configuram a área de estudo, sendo: Bertioga, Caraguatatuba, Cubatão, Guarujá, Santos, São Sebastião, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Ilhabela e Ubatuba.. O principal instrumento de análise foi um sistema de Informações Geográficas, o qual pode ser definido como da seguinte forma: Um SIG é sem dúvida nenhuma o método para desenhar, editar, e modificar um mapa urbano e para inserir, de um modo interativo, qualquer tipo de dados associados a objetos específicos representados nele. SIG é um sistema que combina computador, software, informação geográfica e operadores que podem receber, manusear, analisar e visualizar de um modo eficiente qualquer tipo de dado espacial que possui uma referência geográfica. O dado é representado em um mapa e qualquer objeto representado deve conter informação que pode ser analisada, a partir das quais modelos podem ser construídos, visualizados e, ao final, se necessário reproduzidos numa cópia impressa (SARTORI, NEMBRINI e STAUFFER, 2001). Tais características presentes em um SIG direcionam o fluxo de trabalho do exercício apresentado neste texto. Objetivos e METODOLOGIA O objetivo do estudo é identificar áreas para monitoramento de possíveis ocupações futuras em função de restrições físicas e legais através de uma leitura regional integrada do território, visando auxiliar na construção de políticas públicas tecnicamente apoiadas que possam subsidiar as políticas de zoneamento e de uso e ocupação do solo. Vale ressaltar que sobre as áreas identificadas ainda cabem uma série de análises e sobreposições, especialmente em nível local, sobre áreas contaminadas, áreas com importância ou interesse histórico cultural ou arqueológico, legislação municipal de uso e ocupação do solo, e verificação das áreas de risco e características geotécnicas do terreno, dentre outras variáveis locais. PROCEDIMENTOS TÉCNICOS Para a identificação das áreas de monitoramento territorial, foram primeiramente levantadas as áreas que não podem ser ocupadas em função de restrições de ocupação do solo, principalmente de natureza ambiental, e relacionados a riscos de deslizamentos, quais sejam: o os limites de ocupação da faixa de 300 m ao longo da costa (preamar), considerada a partir da linha da maré, excluindo-se os costões rochosos; o as áreas de mangues, bem como de rios e córregos e respeitados os limites das APPs hídricas, Áreas de Preservação Permanente ao longo de nascentes e cursos d água previstas na legislação vigente; o os limites das Unidades de Conservação UCs existentes, incluindo as RPPN Reserva Particular do Patrimônio natural; o os limites das terras de ocupação indígenas; o as áreas de encostas de morros com declividade superior a 45º devido ao risco de deslizamentos. o as áreas já ocupadas que configuram a mancha urbana. 113

114 A partir das restrições legais e ambientais apontadas acima, foram levantados dados em diversas fontes para montagem de banco de dados geográfico georreferenciado, representando as principais restrições à ocupação urbana. COLETA DE DADOS A base de dados utilizada é composta por um basemap formado por um mosaico de imagens de satélite armazenadas em nuvem (cloud GIS), e que pode ser acessado via ArcGIS online (sistema de compartilhamento de dados geográficos) ou via outras bibliotecas como o open layers. Esse mosaico é popularmente conhecido como BING MAPS, e é hoje muito popular assim como outras bases utilizadas como o Google Earth e outros derivados como os street maps de forma geral. Estes dados funcionam através do armazenamento de tiles na máquina local de acesso, e por trabalhar em diversas escalas esse mosaico é composto por imagens com resolução espacial diversas, datas de aquisição diversas, as quais se alteram em função da escala associada ao nível de zoom empregado pelo operador e uma relativa heterogeneidade, em função de cobrir a maior parte da superfície terrestre, o que a torna uma espécie de colcha de retalhos. Essa é uma das principais restrições que se deve atentar no uso desses dados, ressaltando também sua baixa qualidade geométrica em escalas cadastrais, a qual deve ser levada em consideração em determinados usos. Não obstante, ainda que a aquisição de imagens de satélite tenha passado por um grande processo de barateamento, em alguns casos, o uso deste tipo de basemap é uma boa opção em função do custo benefício, além de abrir possibilidades de compartilhamento de dados espaciais sobre base única. Este basemap foi utilizado no ajuste dos dados restritivos a ocupação supra mencionados, o qual proporcionou a validação visual das áreas apontadas além de enquadrar o layout de apresentação dos resultados. Em resumo, os dados utilizados são os que se apresentam na tabela 1: Tabela 1: dados utilizados Dado Descrição Fonte Mapa base Unidades de conservação Áreas de mangue Terras indígenas do litoral paulista Reservas particulares do patrimônio natural - RPPN Declividades superiores a 45º Bing maps e Bing street maps linkados diretamento ao ArcGIS 10 APA, ARIE, ESEC, Parques Estaduais e Parque Nacionais (SP) em formato shapefile Delimitação das áreas de mangue no litoral paulista em formato shapefile Delimitação dos polígonos de terras indígenas no litoral paulista Delimitação dos polígonos de RPPN no litoral paulista Polígono delimitando o cálculo efetuado para todo o litoral paulista e complementação de Instituto Polis, TOPODATA BD Geomorfométricos SRTM, INPE, 2008 Faixa de APP de Buffer de 300 metros Linha delimitada visualmente sobre o mapa base (satélite), sobre a

115 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Preamar Faixas de APP hídrica Limites municipais Mancha Urbana existente ao longo das faixas de preamar Buffers de 10, 30, 50 e 200 metros a partir da linha de margem dos cursos hídricos, de acordo com a largura do curso definida em legislação específica Poligono delimitando o município de Bertioga Poligono delimitando a mancha urbana existente em 2011 qual foi gerado o buffer correspondente Prefeitura Municipal de Bertioga; Dados complementados por Instituto Polis, 2012; Medição e inserção dos valores de largura de rio coletados em imagem de satélite e inseridos no banco de dados das linhas dos cursos hídricos. IBGE, Imagem Landsat 2011 Elaborado por Instituto Polis, 2012 Software (sig) UTILIZADO Para preparação, cruzamento e análise dos dados foi utilizado o software ArcGIS 10. Tal software possui atualmente uma grande inserção no mercado de geotecnologias e é um SIG no estado da arte, possuindo todas as funções a algoritmos necessários para o exercício proposto. Sua escolha se deu em função do atendimento aos requisitos do trabalho e do domínio já estabelecido sobre seu uso. OPERAÇÕES COM MAPAS VETORIAIS A lógica para indicação das áreas de monitoramento é relativamente simples, e seus resultados dependem dos dados de origem utilizados. O principio básico do procedimento metodológico proposto é o de que excluindo-se as áreas restritivas e a mancha urbana, dentro do nível de informações coletadas e adotadas, identificamos, nos espaços do território não preenchidos ou inseridos nestas restrições, áreas de monitoramento territorial. Isto significa que é preciso um olhar atento sobre estas áreas, identificando suas características e potencialidades, seja para ocupação urbana futura, seja para preservação e proteção do meio ambiente.. Para tal, o geoprocessamento é ferramenta eficiente. Inicialmente o que procedeu foi a coleta, ajuste e inserção dos dados em ambiente SIG, conforme ilustra a figura 1: 115

116 Figura 1: dados inseridos no SIG Como primeiro procedimento, foram gerados os buffers sobre os cursos hídricos e a faixa de Preamar. O buffer ou banda, cria polígonos ao redor de feições, sejam elas pontos, linhas ou polígonos, numa ou várias distâncias especificadas pelo usuário, gerados conforme a figura 2:

117 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Figura 2: Faixas de APP ao longo dos cursos hídricos com tamanho variável e faixa de preamar de 300 m (restinga), conforme resolução Conama 303 de Com estes buffers gerados, todos os polígonos restritivos considerados neste exercício já estão consolidados e prontos para os próximos procedimentos. Na sequência efetuamos o recorte dos polígonos em função dos limites municipais, visando obter resultados apenas na área específica de estudo e minimizando o tempo de processamento necessário. Tal processo se deu através do comando CLIP no ArcGIS, o qual recorta as feições de entrada em função da feição de CLIP, conforme ilustra a figura 3: 117

118 Figura 3: Exemplo do comando CLIP aplicado sobre as declividades superiores a 45º, onde se ver o resultado em vermelho comparado com o anterior em rosa. Como Imput feature foi utilizado o limite municipal. Para todos os outros polígonos de restrição foi utilizado o mesmo procedimento, utilizando como dado de CLIP o limite municipal. Com todos os polígonos restritivos já ajustados ao limite municipal procedemos a união de todos estes polígonos numa única feição, visando a construção de uma máscara única de restrição para todo o município e região. No ArcGIS este processo se dá através do comando UNION, cujo resultado pode ser visto na figura 4: Figura 4: União de todas as áreas com restrição a ocupação consideradas, recortadas por seu polígono de origem e sobreposição O comando UNION possibilita que os dados originais do banco de dados do polígono sejam preservados, e nas áreas onde houve sobreposição de polígonos os dados de ambos os polígonos em situação de overlay são carregados. Contudo, para o interesse deste exercício, optamos por criar um único polígono se divisões internas e dados associados advindos dos polígonos de origem, visando a criação de uma máscara uniforme para análise visual das áreas não restritas e continuidade das análises. O comando que possibilitou tal processo no ArcGIS foi o

119 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 chamado MERGE. Este comando faz com que os polígonos selecionados para tal tornem-se uma única linha no banco de dados associado, ou seja, ainda que descontínuos, eles serão uma única feição para o SIG, além disso, polígonos adjacentes unem-se espacialmente, cirando uma única feição com a eliminação dos lados adjacentes. O Resultado é um polígono continuo em suas áreas adjacentes, conforme podemos ver na figura 5: Figura 5: máscara formada por todas as áreas restritivas em Bertioga, através do comando MERGE Tendo a máscara de restrições pronta e o limite municipal, o próximo passo foi o cálculo do inverso da máscara gerada, através da diferença simétrica entre as áreas restritivas e o limite municipal. No ArcGIS este procedimento é possível através do comando Symmetrical Difference (semelhante ao comando diferença no gvsig). Este procedimento computa em um novo polígono a diferença entre os polígonos de entrada, gerando uma máscara oposta. Feito isso com a mascara de restrições e o limite municipal, o resultado é mostrado a seguir na figura 6: 119

120 Figura 6: Resultado do Symmetrical Difference entre as áreas restritivas e o limite municipal O polígono resultante, no exemplo acima, corresponde ás áreas dentro do município de Bertioga que, replicado para todos os municípios da área de estudo, possibilita uma leitura regional. Com os dados de restrição à ocupação espacializados, chegou-se ao mapa Áreas Protegidas e de ocupação urbana, conforme exemplo abaixo. Mapa. Áreas Protegidas e de ocupação urbana As áreas deixadas em branco, ou seja, onde não incidem as restrições identificadas, são as chamadas áreas de monitoramento territorial.

121 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Buscando contribuir para uma destinação adequada destas áreas de monitoramento, agregamos informações do perfil geológico do terreno. A carta de risco geotécnico utilizada no projeto Litoral Sustentável é uma carta do tipo carta de suscetibilidade, indicada para uso regional (escalas menores que 1: ) e foi produzida pelo IPT seguindo sua própria metodologia. De acordo com Zuquette & Nakazawa (1998), a metodologia do IPT tenta buscar uma otimização entre processos de investigação e utilidade da informação obtida, e para tanto é baseada em alguns fundamentos básicos: Identificar no território os problemas mais significativos do ambiente físico inicialmente e buscar as condicionantes passíveis de mapeamento, as quais são: Geologia do terreno; Declividade do terreno e Tipos de solo presentes, em função da associação aos processos físicos relacionados. (escorregamento de encostas e matacões, deslocamentos de massa, processos erosivos, declividades acentuadas, enchentes, assoreamentos, etc); Fazer a integração dos problemas do ambiente físico levantados aos processos de uso e ocupação; Coleta direcionada de dados para estabelecer para estabelecimento das unidades geológico-geotécnicas de igual comportamento; Buscar a superação de conceitos de "aptidão", visando maximizar as opções plausíveis de uso do solo; Confeccionar cartas geotécnicas dinâmicas, as quais permitam a incorporação de novas análises e conhecimentos sobre uso e ocupação do solo. Nesse sentido, podem ser definidos 4 tipos distintos de Cartas Geológico-Geotécnicas (Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999): - CARTAS GEOTÉCNICAS (PROPRIAMENTE DITAS): expõem as limitações e potencialidades dos terrenos, estabelecendo as diretrizes de ocupação, frente às formas de uso do solo. - CARTAS DE ATRIBUTOS ou PARÂMETROS: apresentam a distribuição geográfica de características de interesse (atributos, parâmetros geotécnicos) a uma ou mais formas de uso e ocupação do solo. - CARTAS DE RISCOS GEOLÓGICOS: prepondera a avaliação de dano potencial à ocupação, frente a uma ou mais características ou fenômenos naturais ou induzidos pelo uso do solo. - CARTAS DE SUSCETIBILIDADE26: informam sobre a possibilidade de ocorrência de um ou mais fenômenos geológicos e de comportamentos indesejáveis, pressupondo uma dada forma de uso do solo. Em função da disponibilidade de dados e da possibilidade de análise regional, a carta utilizada no projeto foi a carta de suscetibilidade. A suscetibilidade é entendida como decorrente de um fenômeno natural relacionada a características intrínsecas ao meio físico, sendo assim determinante em sua capacidade de sofrer alterações e de resistência (resiliência). Geralmente, em cartas de suscetibilidade é graduada em baixa, média e alta, sendo associada ao potencial probabilístico de ocorrência de fenômenos naturais em função da composição estrutural e funcional do meio, portanto, uma medida probabilística, e não impeditiva de ocupação, que devem estar associadas também a outros conceitos como o risco e a vulnerabilidade, incorporando dimensões humanas mais explícitas. 121

122 Mapa. Áreas de Monitoramento Territorial e risco geológico

123 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa. São Vicente Áreas com Potencial para Ocupação Urbana e Características Geotécnicas 6.5. Dinâmica Imobiliária Empreendimentos Imobiliários Verticais A crescente presença de empreendimentos verticais nos municípios da Baixada Santista e do Litoral Norte é reflexo do crescimento dos setores imobiliários e da indústria da construção civil. Esse crescimento é percebido em todo o Brasil, e está relacionado ao aumento da economia brasileira, ampliação do crédito e das linhas de financiamento do Governo Federal. Segundo uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) realizada em 2011, toda a indústria brasileira cresceu 10,1% entre o ano de 2009 e 2010, sendo o setor da construção civil o que apresentou o segundo maior crescimento, com 11,6%. A presença desses setores estimula o fenômeno da valorização do solo urbano e trazem aos municípios uma nova paisagem urbana, alterando a dinâmica das cidades e interferindo diretamente nas condições de infraestrutura, mobilidade, oferta habitacional, meio ambiente urbano, entre outros, resultando muitas vezes, em problemas urbanos que passam a ser estruturais. Esse fenômeno causa também muitas vezes a descaracterização urbanística de grandes áreas da cidade. 123

124 A cidade de São Vicente passa por momento de valorização do solo urbano pela crescente da atuação do mercado imobiliário e da construção civil. Cada vez mais, empreendedores buscam áreas na cidade, tendo em vista o esgotamento de possibilidades e os altos preços do m² que estão sendo praticados na vizinha Santos. São Vicente possui histórico de verticalização que acompanha o processo de verticalização ocorrido em Santos. Na década de 50, foi construído o primeiro edifício vertical, voltado para veraneio de famílias que moravam na capital, e que acessavam o litoral pela recém construída Rodovia Anchieta, o edifício Gaudio. Figura. São Vicente Edifício Gaudio na década de 1950, primeiro edifício vertical destinado à turistas. Fonte: PLHIS SÃO VICENTE, Ao contrário de Santos, que possui uma grande planície em sua área insular, São Vicente possui uma área ocupável restrita, diferenciando os processos de verticalização entre as duas cidades. Assim, o processo de verticalização ao longo da orla, que ocorreu concomitantemente ao de Santos, a partir da década de 1950, não produziu um número comparável de imóveis de veraneio, nem posteriormente houve processo de ocupação dos mesmos pela burguesia vicentina, na mesma medida em que se deu em Santos CARRIÇO, 2002

125 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Figura. São Vicente Áreas com concentração de empreendimentos imobiliários verticais na área insular, Elaboração: Instituto Polis, A partir de 1956, com a aprovação do Código de Obras, São Vicente passa a ter uma série de legislações relacionadas à regulação urbanística que se sucederam. Antes disso, a regulação urbanística era esparsa, composta de varias leis que abordavam aspectos isolados como arruamento e normas edilícias 28. O Código de Obras de 1956 possuía normas para construção de edificações, para implantação de loteamentos. Tratava do abastecimento de água, águas pluviais, sistemas de esgoto e resíduos sólidos, do saneamento na Zona Rural, e ao Zoneamento de Uso e Ocupação do Solo. Neste último item, o Código definia os parâmetros construtivos e índices urbanísticos das Zonas, sendo que na 1ª Zona Residencial, formada pelos bairros Gonzaguinha, Boa Vista e Itararé, bairros da orla marítima e onde ocorreu processo de adensamento e verticalização similar a Santos: Na 1ª Zona Residencial era admitida a altura máxima de uma vez e meia a largura da via em que a construção estivesse localizada, exceto para os imóveis situados na av. Manoel da Nóbrega, na orla marítima, onde os edifícios poderiam atingir quinze pavimentos, ou 50 m de altura. Na orla e na av. Presidente Wilson, principal via de ligação entre a praia de Itararé e o Centro, o recuo frontal mínimo era de 7 m. A taxa de ocupação máxima nessa zona era de 65% da área do lote; e os recuos mínimos admitidos eram de 5 m, à frente, de 1,5 m nas laterais e de 3 m ao fundo. (CARRIÇO, 2002) 28 idem 125

126 Figura. São Vicente Imagem da Praia do Itararé na década de 1970 e imagem atual com a muralha de edifícios erguida na orla. Fonte: / 29 Em 1985, foi aprovada a Lei n que estabelecia novas normas de ordenamento e disciplina da ocupação do território e uso do solo da área insular sendo que no mesmo ano foi a provada a Lei n que dispunha sobre o uso do solo na área rural de Samaritá. Em relação aos empreendimentos verticais é importante registrar que a nova lei restringiu a possibilidade de edificar até a altura de 35m na Z2, reduzindo o limite admissível para a avenida da orla da Praia do Itararé e da Av. Presidente Wilson em relação ao Código de Obras de 1956, que permitia a edifícios com até 15 pavimentos ou 50m de altura. Aprovada em 1999, e vigente até os dias de hoje a Lei de Uso e Ocupação do Solo de São Vicente coloca como uma de suas diretrizes o controle das densidades a serem atingidas na ocupação do solo urbano, com a finalidade de otimizar a utilização de serviços básicos e permitir o adequado assentamento populacional, através das normas de disciplinamento do solo referentes a zona em que o imóvel se situa, a categoria do uso do imóvel, os índices urbanísticos que definem a ocupação e o aproveitamento do solo e a categoria de logradouro público que dá acesso ao imóvel. Os índices urbanísticos a serem considerados para cálculo da metragem de construção permitida são: taxa e ocupação, coeficiente de aproveitamento e os recuos mínimos. Esses índices urbanísticos possibilitam a verticalização de construções nas áreas mais valorizadas da cidade, ou seja, os bairros próximos à orla. Conforme pode ser observado no mapa de distribuição dos empreendimentos verticais, a concentração das construções verticais está presente nos bairros do Centro, Itararé, Parque São Vicente, Biquinha, Gonzaguinha, Boa Vista, nas faixas de terra próximas à orla e próximas às avenidas Presidente Wilson e Quintino Bocaiuvas (Linha Amarela), que se constituem dos principais eixos viários da cidade. Essas áreas são valorizadas não só pela proximidade à orla, mas também pela disponibilidade de infraestrutura e equipamentos públicos no entorno. Em outros bairros, como Parque Bitarú e Vila Valença os empreendimentos verticais aparecem pontualmente próximos às avenidas Frei Gaspar e Antônio Emerick, que são também importantes vias da malha urbana do município. Encontramos ainda empreendimentos verticais na Ilha Porchat, que ao longo dos anos foi atraindo moradores devido a sua localização e vista privilegiadas. Observa-se dois principais padrões de construções verticais que se consolidaram no município de São Vicente, que são os empreendimentos residenciais de 03 a 04 pavimentos e os empreendimentos de maiores gabaritos que estão geralmente concentrados próximos à orla. O Centro, Parque Bitarú e Vila Valença são os bairros em que mais predominam os empreendimentos de menores gabaritos. As construções do Centro são mais antigas, com valores mais acessíveis que variam de 29 Acesso em Julho/2012.

127 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 R$ ,00 a R$ ,00, possuem de 01 a 02 dormitórios e metragens de unidades de 43,0m² a 46,0m² 30. Muitas delas estão erguidas sobre estabelecimentos de comércio e serviço, por estarem localizadas em locais em que predominam este seguimento econômico. Figura. São Vicente Edificações de menor gabarito localizadas no Centro, Fonte: Google Earth, Os bairros Parque Bitarú e a Vila Valença concentram esse padrão de empreendimento de menor gabarito nas avenidas Capitão Mor Aguiar e Quintino Bocaiuvas (Linha Amarela). São empreendimentos comercializados por valores mais altos que os do centro, por estarem localizados em áreas mais valorizadas, possuírem metragens de unidades maiores e apresentarem maior número de vagas de automóveis. Os imóveis comercializados variam de R$ ,00 a R$ ,00, possuem de 01 a 02 dormitórios e metragens de unidades de 65,0m² a 80,0m², possuindo de 03 a 04 pavimentos Pesquisa realizada em Rodrigues Imobiliária ( Acesso em Julho/ Pesquisa realizada em Rodrigues Imobiliária ( Acesso em Julho/

128 Figura. São Vicente Edificações de menor gabarito localizadas no Centro, Fonte: Google Earth, O outro padrão de empreendimentos que se consolidou na cidade são as construções de maiores gabaritos, que seguiram a lógica do mercado imobiliário de ocuparem as áreas próximas à orla, áreas valorizadas e servidas de toda infraestrutura e que tiveram seu crescimento incentivado nos últimos anos pelo processo de crescimento do setor imobiliário presente na Baixada Santista. São nos bairros do Gonzaguinha, Boa Vista e Itararé até a divisa com Santos que está localizada a grande massa de verticalização do município, com empreendimentos que variam de 12 a 20 pavimentos, mesclando construções recentes e antigas formando um verdadeiro paredão em frente à orla. Figura. São Vicente Concentração das edificações de maior gabarito, Fonte: Google Earth, 2012.

129 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Figura. São Vicente Paredão de Edifício em frente à orla, Fonte: Destino Praia, A característica dos empreendimentos que está presente em cada um desses bairros se mantém a mesma, apresentando unidades que variam de 54,0m² a 370,0m² e número de dormitórios que variam de 01 a 04. Os valores mais altos se concentram na praia do Itararé e o número de vagas de automóveis não ultrapassa 02 por unidade. É importante destacar que a principal diferença entre os edifícios novos e antigos é a presença da varanda e a metragem quadrada das unidades. Os edifícios mais antigos que se distribuem entre os bairros do Gonzaguinha, Boa Vista e Itararé geralmente não possuem varandas e apresentam metragens de unidades um pouco maiores se comparados com os novos empreendimentos erguidos. No bairro Gonzaguinha, encontramos empreendimentos mais antigos com valores mais acessíveis e empreendimentos mais recentes localizados em frente à orla com valores que chegam a R$ ,00 e metragens de unidades que chegam a 369,0m² de área útil. O gabarito desses empreendimentos varia de 09 a 12 pavimentos, e se mantém padronizado no restante do bairro. Bairro Nº Pavimentos Nº Dormitórios Vagas por UH Área útil (m²) Valor (R$) Gonzaguinha , ,00 Gonzaguinha , ,00 Gonzaguinha ,00 Gonzaguinha , ,00 Gonzaguinha , , Acesso em Julho/

130 Gonzaguinha , ,00 Gonzaguinha , ,00 Fonte: Brisamar Imóveis, Praiamar Imóveis, São Vicente Imóveis e Rodrigues Imóveis. Figura. São Vicente Empreendimentos verticais comercializados às classes de média e alta renda no bairro Gonzaguinha, Fonte: Google Earth, No bairro Boa Vista e Itararé são comercializados empreendimentos de R$ ,00 a R$ ,00, com unidades de 43,0m² a 361,0m² e número de dormitórios que varia de 01 a 04. O gabarito desses empreendimentos varia de 09 a 12 pavimentos, e assim como no bairro Gonzaguinha, se mantém padronizado no restante dos bairros. Bairro Nº Pavimentos Nº Dormitórios Vagas por UH Área útil (m²) Valor (R$) Boa Vista , ,00 Itararé , ,00 Boa Vista , ,00 Itararé ,00 Boa Vista ,00 Boa Vista ,00 Boa Vista , ,00 Itararé , ,00 Itararé , ,00 Fonte: Brisamar Imóveis, Praiamar Imóveis, São Vicente Imóveis e Rodrigues Imóveis.

131 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Figura. São Vicente Empreendimentos verticais no bairro Boa Vista e Itararé, Fonte: Google Earth, Além dos bairros citados, foram identificadas 08 construções verticais localizados na Ilha Porchat, que se constitui de um dos principais pontos de atração turística de São Vicente. Pela sua geografia que proporciona vista privilegiada para o mar, o mercado imobiliário investiu nessa área da cidade atraindo moradores de média e alta renda. As construções variam de 09 a 15 pavimentos e se mesclam com residências horizontais assobradas que também se consolidaram nessa área. Figura. São Vicente Edificações Verticais na lha Porchat, Fonte: Google Earth, 2012/Novo Milênio 33 São essas áreas, portanto, que concentram a massa de empreendimentos verticais da cidade, e que também representam a concentração das classes de maior poder aquisitivo. Podemos visualizar essa clara divisão Acesso em Julho/

132 socioespacial se analisarmos a espacialização dos rendimentos nominais médios dos responsáveis pelos domicílios por setor censitário segundo IBGE É possível verificar que a população de média e baixa renda é predominante em vários pontos do território que se inserem em setores censitários com faixas de renda de 0 a 1 e de 1 a 3 salários mínimos. Já os responsáveis domiciliares com maiores rendimentos se concentram claramente nas faixas de terra próximas à orla, em bairros como Gonzaguinha, Vila Melo, Boa Vista, Jd. Independência e praia do Itararé, confirmando a sobreposição dos setores de maiores rendimentos com os setores da cidade que incidem os empreendimentos imobiliários verticais. Mapa. São Vicente Empreendimentos Verticais e Rendimentos Nominais Médios dos Responsáveis pelos Domicílios Segundo Setores Censitários IBGE Elaboração: Instituto Polis, Verifica-se, portanto, a clara divisão da cidade por faixas de renda, com a população de baixa renda habitando áreas periféricas, impróprias à ocupação em mangues e áreas de risco e as classes de maior renda usufruindo de áreas valorizadas, servidas de infraestrutura e próximas à orla. Observa-se no mapa a seguir a relação entre os assentamentos precários e as áreas de empreendimentos imobiliários verticais.

133 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa. São Vicente Empreendimentos Verticais e Assentamentos Precários. Elaboração: Instituto Polis, Podemos verificar ainda que a maior parte dos imóveis de veraneio da cidade se concentra nesses empreendimentos verticais próximos à orla, com setores que variam de 25-50%, conforme pode ser observado no Mapa a seguir. Porém, apesar da presença dos imóveis de veraneio, estes não representam maioria sobre os imóveis com população fixa. Se observarmos a espacialização dos percentuais de domicílios particulares permanentes com população fixa do tipo apartamento segundo setores censitários do IBGE 2010, podemos verificar a predominância dos setores com % de apartamentos com residentes fixos, sendo estes maioria sobre a população flutuante, conforme pode ser observado no Mapa a seguir. 133

134 Mapa. São Vicente Empreendimentos Verticais e Domicílios de Uso Ocasional Segundo Setores Censitários IBGE Elaboração: Instituto Polis, 2012.

135 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa. São Vicente Empreendimentos Verticais e Domicílios de Particulares Permanentes com Residentes Fixos do Tipo Apartamento Segundo Setores Censitários IBGE Elaboração: Instituto Polis, Segundo dados da Prefeitura, divulgados pelo jornal ATRIBUNA em novembro de 2011, no ano de 2010 foram aprovados 223 projetos de novos empreendimentos, e no ano de 2011, mais 242 projetos haviam sido aprovados até o mês de outubro. O ritmo de solicitações de alvarás para novas construções e ampliações também é um indicador no crescimento do setor. Ainda segundo a prefeitura, em 2010 foram expedidos 373 alvarás e em 2011, 381 até o mês de outubro. Percebe-se, portanto, que apesar de ainda tímido, o ritmo de crescimento de novos lançamentos vem aumentando, e que apesar de ser um índice menor do que os municípios de Santos, Praia Grande e Guarujá, a cidade de São Vicente também se inclui entre os municípios estratégicos de crescimento do setor imobiliário. Segundo um estudo elaborado pelo Secovi-SP e a Robert Zarif Assessoria Econômico Ltda, entre março de 2009 e março de 2012, foram lançadas em quatro municípios da Baixada Santista (Santos, São Vicente, Guarujá e Praia Grande) unidades verticais, sendo que o maior número de lançamentos foi no município de Santos, com unidades, representando 54% do total de unidades lançadas. Observa-se na tabela abaixo que logo atrás de Santos, aparece o município de Praia Grande com unidades verticais lançadas, em seguida o município de Guarujá com 858 unidades e por último São Vicente com 345 unidades verticais lançadas. O estudo aponta ainda que somente entre o ano de 2011 e 2012 foram lançadas unidades verticais nos quatro municípios. 135

136 Tabela. Unidades verticais lançadas de 2009 a Fonte: Estudo do Mercado Imobiliário da Baixada Santista, Gráfico. São Vicente Porcentagem de unidades lançadas entre 2009 e 2012 segundo número de dormitórios. Fonte: Estudo do Mercado Imobiliário da Baixada Santista, Ainda segundo a Secovi, as unidades de 02 dormitórios lideram os lançamentos em São Vicente, seguida das de 03 dormitórios, representando 61% e 29%, respectivamente. Segundo o estudo, as características das unidades lançadas se diferenciam de acordo com o número de dormitórios, a saber: 2 Dormitórios: Estes empreendimentos se caracterizaram por possuir, em média, dois blocos, 17 pavimentos, uma vaga de garagem e seis unidades por andar. Na área de lazer, 98% dos empreendimentos desta categoria possuem salão de festa. Na sequência estão a piscina (89% dos empreendimentos), a churrasqueira (88% dos empreendimentos), o salão de jogos (78% dos empreendimentos) e a sala de fitness (76% dos empreendimentos). A área privativa média dos imóveis de 2 dormitórios é de 78 m² e a área total, de 127m². 3 Dormitórios: Os imóveis de 3 dormitórios apresentam, na média, dois blocos, 19 pavimentos, duas vagas de garagem e cinco unidades por andar. Na área de lazer, todos os empreendimentos foram lançados com salão de festas. Aproximadamente 97% dos empreendimentos têm piscina, 88% contam com espaço para fitness, 86% possuem churrasqueira e 82% dos empreendimentos dispõem de salão de jogos. A área privativa média dos imóveis é de 118 m² e a área total média é de 197 m². São Vicente apresenta, portanto, áreas da cidade bem demarcadas com construções verticais que são em sua maioria direcionados a um público de média e alta renda que desfrutam o privilégio de residirem em áreas

137 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 próximas à orla. No restante do território, principalmente na área continental ainda predominam as residências horizontais e conjuntos de residências geminadas, sendo esta uma tipologia que muito se proliferou nos últimos anos em áreas mais afastadas da orla. O processo de verticalização de São Vicente ocorreu concomitantemente com sua cidade vizinha Santos, porém sempre com menor intensidade. Um dos motivos está relacionado ao fato de São Vicente ter exercido historicamente um papel de coadjuvante frente ao desenvolvimento de Santos. Esse quadro, no entanto, tende a se alterar uma vez que o território de Santos está cada vez mais saturado com constante valorização de seu solo urbano. Sendo assim, a cidade pode se tornar um dos destaques no processo do crescimento do mercado imobiliário na região Empreendimentos Imobiliários Verticais A crescente presença de empreendimentos verticais nos municípios da Baixada Santista e do Litoral Norte é reflexo do crescimento dos setores imobiliários e da indústria da construção civil. Esse crescimento é percebido em todo o Brasil, e está relacionado ao aumento da economia brasileira, ampliação do crédito e das linhas de financiamento do Governo Federal. Segundo uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) realizada em 2011, toda a indústria brasileira cresceu 10,1% entre o ano de 2009 e 2010, sendo o setor da construção civil o que apresentou o segundo maior crescimento, com 11,6%. A presença desses setores estimula o fenômeno da valorização do solo urbano e trazem aos municípios uma nova paisagem urbana, alterando a dinâmica das cidades e interferindo diretamente nas condições de infraestrutura, mobilidade, oferta habitacional, meio ambiente urbano, entre outros, resultando muitas vezes, em problemas urbanos que passam a ser estruturais. Esse fenômeno causa também muitas vezes a descaracterização urbanística de grandes áreas da cidade. A cidade de São Vicente passa por momento de valorização do solo urbano pela crescente da atuação do mercado imobiliário e da construção civil. Cada vez mais, empreendedores buscam áreas na cidade, tendo em vista o esgotamento de possibilidades e os altos preços do m² que estão sendo praticados na vizinha Santos. São Vicente possui histórico de verticalização que acompanha o processo de verticalização ocorrido em Santos. Na década de 50, foi construído o primeiro edifício vertical, voltado para veraneio de famílias que moravam na capital, e que acessavam o litoral pela recém construída Rodovia Anchieta, o edifício Gaudio. 137

138 Figura. São Vicente Edifício Gaudio na década de 1950, primeiro edifício vertical destinado à turistas. Fonte: PLHIS SÃO VICENTE, Ao contrário de Santos, que possui uma grande planície em sua área insular, São Vicente possui uma área ocupável restrita, diferenciando os processos de verticalização entre as duas cidades. Assim, o processo de verticalização ao longo da orla, que ocorreu concomitantemente ao de Santos, a partir da década de 1950, não produziu um número comparável de imóveis de veraneio, nem posteriormente houve processo de ocupação dos mesmos pela burguesia vicentina, na mesma medida em que se deu em Santos CARRIÇO, 2002

139 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Figura. São Vicente Áreas com concentração de empreendimentos imobiliários verticais na área insular, Elaboração: Instituto Polis, A partir de 1956, com a aprovação do Código de Obras, São Vicente passa a ter uma série de legislações relacionadas à regulação urbanística que se sucederam. Antes disso, a regulação urbanística era esparsa, composta de varias leis que abordavam aspectos isolados como arruamento e normas edilícias 35. O Código de Obras de 1956 possuía normas para construção de edificações, para implantação de loteamentos. Tratava do abastecimento de água, águas pluviais, sistemas de esgoto e resíduos sólidos, do saneamento na Zona Rural, e ao Zoneamento de Uso e Ocupação do Solo. Neste último item, o Código definia os parâmetros construtivos e índices urbanísticos das Zonas, sendo que na 1ª Zona Residencial, formada pelos bairros Gonzaguinha, Boa Vista e Itararé, bairros da orla marítima e onde ocorreu processo de adensamento e verticalização similar a Santos: Na 1ª Zona Residencial era admitida a altura máxima de uma vez e meia a largura da via em que a construção estivesse localizada, exceto para os imóveis situados na av. Manoel da Nóbrega, na orla marítima, onde os edifícios poderiam atingir quinze pavimentos, ou 50 m de altura. Na orla e na av. Presidente Wilson, principal via de ligação entre a praia de Itararé e o Centro, o recuo frontal mínimo era de 7 m. A taxa de ocupação máxima 35 idem 139

140 nessa zona era de 65% da área do lote; e os recuos mínimos admitidos eram de 5 m, à frente, de 1,5 m nas laterais e de 3 m ao fundo. (CARRIÇO, 2002) Figura. São Vicente Imagem da Praia do Itararé na década de 1970 e imagem atual com a muralha de edifícios erguida na orla. Fonte: / 36 Em 1985, foi aprovada a Lei n que estabelecia novas normas de ordenamento e disciplina da ocupação do território e uso do solo da área insular sendo que no mesmo ano foi a provada a Lei n que dispunha sobre o uso do solo na área rural de Samaritá. Em relação aos empreendimentos verticais é importante registrar que a nova lei restringiu a possibilidade de edificar até a altura de 35m na Z2, reduzindo o limite admissível para a avenida da orla da Praia do Itararé e da Av. Presidente Wilson em relação ao Código de Obras de 1956, que permitia a edifícios com até 15 pavimentos ou 50m de altura. Aprovada em 1999, e vigente até os dias de hoje a Lei de Uso e Ocupação do Solo de São Vicente coloca como uma de suas diretrizes o controle das densidades a serem atingidas na ocupação do solo urbano, com a finalidade de otimizar a utilização de serviços básicos e permitir o adequado assentamento populacional, através das normas de disciplinamento do solo referentes a zona em que o imóvel se situa, a categoria do uso do imóvel, os índices urbanísticos que definem a ocupação e o aproveitamento do solo e a categoria de logradouro público que dá acesso ao imóvel. Os índices urbanísticos a serem considerados para cálculo da metragem de construção permitida são: taxa e ocupação, coeficiente de aproveitamento e os recuos mínimos. Esses índices urbanísticos possibilitam a verticalização de construções nas áreas mais valorizadas da cidade, ou seja, os bairros próximos à orla. Conforme pode ser observado no mapa de distribuição dos empreendimentos verticais, a concentração das construções verticais está presente nos bairros do Centro, Itararé, Parque São Vicente, Biquinha, Gonzaguinha, Boa Vista, nas faixas de terra próximas à orla e próximas às avenidas Presidente Wilson e Quintino Bocaiuvas (Linha Amarela), que se constituem dos principais eixos viários da cidade. Essas áreas são valorizadas não só pela proximidade à orla, mas também pela disponibilidade de infraestrutura e equipamentos públicos no entorno. Em outros bairros, como Parque Bitarú e Vila Valença os empreendimentos verticais aparecem pontualmente próximos às avenidas Frei Gaspar e Antônio Emerick, que são também importantes vias da malha urbana do município. Encontramos ainda empreendimentos verticais na Ilha Porchat, que ao longo dos anos foi atraindo moradores devido a sua localização e vista privilegiadas. 36 Acesso em Julho/2012.

141 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Observa-se dois principais padrões de construções verticais que se consolidaram no município de São Vicente, que são os empreendimentos residenciais de 03 a 04 pavimentos e os empreendimentos de maiores gabaritos que estão geralmente concentrados próximos à orla. O Centro, Parque Bitarú e Vila Valença são os bairros em que mais predominam os empreendimentos de menores gabaritos. As construções do Centro são mais antigas, com valores mais acessíveis que variam de R$ ,00 a R$ ,00, possuem de 01 a 02 dormitórios e metragens de unidades de 43,0m² a 46,0m² 37. Muitas delas estão erguidas sobre estabelecimentos de comércio e serviço, por estarem localizadas em locais em que predominam este seguimento econômico. Figura. São Vicente Edificações de menor gabarito localizadas no Centro, Fonte: Google Earth, Os bairros Parque Bitarú e a Vila Valença concentram esse padrão de empreendimento de menor gabarito nas avenidas Capitão Mor Aguiar e Quintino Bocaiuvas (Linha Amarela). São empreendimentos comercializados por valores mais altos que os do centro, por estarem localizados em áreas mais valorizadas, possuírem metragens de unidades maiores e apresentarem maior número de vagas de automóveis. Os imóveis comercializados variam de R$ ,00 a R$ ,00, possuem de 01 a 02 dormitórios e metragens de unidades de 65,0m² a 80,0m², possuindo de 03 a 04 pavimentos Pesquisa realizada em Rodrigues Imobiliária ( Acesso em Julho/ Pesquisa realizada em Rodrigues Imobiliária ( Acesso em Julho/

142 Figura. São Vicente Edificações de menor gabarito localizadas no Centro, Fonte: Google Earth, O outro padrão de empreendimentos que se consolidou na cidade são as construções de maiores gabaritos, que seguiram a lógica do mercado imobiliário de ocuparem as áreas próximas à orla, áreas valorizadas e servidas de toda infraestrutura e que tiveram seu crescimento incentivado nos últimos anos pelo processo de crescimento do setor imobiliário presente na Baixada Santista. São nos bairros do Gonzaguinha, Boa Vista e Itararé até a divisa com Santos que está localizada a grande massa de verticalização do município, com empreendimentos que variam de 12 a 20 pavimentos, mesclando construções recentes e antigas formando um verdadeiro paredão em frente à orla. Figura. São Vicente Concentração das edificações de maior gabarito, Fonte: Google Earth, 2012.

143 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Figura. São Vicente Paredão de Edifício em frente à orla, Fonte: Destino Praia, A característica dos empreendimentos que está presente em cada um desses bairros se mantém a mesma, apresentando unidades que variam de 54,0m² a 370,0m² e número de dormitórios que variam de 01 a 04. Os valores mais altos se concentram na praia do Itararé e o número de vagas de automóveis não ultrapassa 02 por unidade. É importante destacar que a principal diferença entre os edifícios novos e antigos é a presença da varanda e a metragem quadrada das unidades. Os edifícios mais antigos que se distribuem entre os bairros do Gonzaguinha, Boa Vista e Itararé geralmente não possuem varandas e apresentam metragens de unidades um pouco maiores se comparados com os novos empreendimentos erguidos. No bairro Gonzaguinha, encontramos empreendimentos mais antigos com valores mais acessíveis e empreendimentos mais recentes localizados em frente à orla com valores que chegam a R$ ,00 e metragens de unidades que chegam a 369,0m² de área útil. O gabarito desses empreendimentos varia de 09 a 12 pavimentos, e se mantém padronizado no restante do bairro. Bairro Nº Pavimentos Nº Dormitórios Vagas por UH Área útil (m²) Valor (R$) Gonzaguinha , ,00 Gonzaguinha , ,00 Gonzaguinha ,00 Gonzaguinha , ,00 Gonzaguinha , ,00 Gonzaguinha , , Acesso em Julho/

144 Gonzaguinha , ,00 Fonte: Brisamar Imóveis, Praiamar Imóveis, São Vicente Imóveis e Rodrigues Imóveis. Figura. São Vicente Empreendimentos verticais comercializados às classes de média e alta renda no bairro Gonzaguinha, Fonte: Google Earth, No bairro Boa Vista e Itararé são comercializados empreendimentos de R$ ,00 a R$ ,00, com unidades de 43,0m² a 361,0m² e número de dormitórios que varia de 01 a 04. O gabarito desses empreendimentos varia de 09 a 12 pavimentos, e assim como no bairro Gonzaguinha, se mantém padronizado no restante dos bairros.

145 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Bairro Nº Pavimentos Nº Dormitórios Vagas por UH Área útil (m²) Valor (R$) Boa Vista , ,00 Itararé , ,00 Boa Vista , ,00 Itararé ,00 Boa Vista ,00 Boa Vista ,00 Boa Vista , ,00 Itararé , ,00 Itararé , ,00 Fonte: Brisamar Imóveis, Praiamar Imóveis, São Vicente Imóveis e Rodrigues Imóveis. Figura. São Vicente Empreendimentos verticais no bairro Boa Vista e Itararé, Fonte: Google Earth, Além dos bairros citados, foram identificadas 08 construções verticais localizados na Ilha Porchat, que se constitui de um dos principais pontos de atração turística de São Vicente. Pela sua geografia que proporciona vista privilegiada para o mar, o mercado imobiliário investiu nessa área da cidade atraindo moradores de média e alta renda. As construções variam de 09 a 15 pavimentos e se mesclam com residências horizontais assobradas que também se consolidaram nessa área. 145

146 Figura. São Vicente Edificações Verticais na Ilha Porchat, Fonte: Google Earth, 2012/Novo Milênio 40 São essas áreas, portanto, que concentram a massa de empreendimentos verticais da cidade, e que também representam a concentração das classes de maior poder aquisitivo. Podemos visualizar essa clara divisão socioespacial se analisarmos a espacialização dos rendimentos nominais médios dos responsáveis pelos domicílios por setor censitário segundo IBGE É possível verificar que a população de média e baixa renda é predominante em vários pontos do território que se inserem em setores censitários com faixas de renda de 0 a 1 e de 1 a 3 salários mínimos. Já os responsáveis domiciliares com maiores rendimentos se concentram claramente nas faixas de terra próximas à orla, em bairros como Gonzaguinha, Vila Melo, Boa Vista, Jd. Independência e praia do Itararé, confirmando a sobreposição dos setores de maiores rendimentos com os setores da cidade que incidem os empreendimentos imobiliários verticais Acesso em Julho/2012.

147 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa. São Vicente Empreendimentos Verticais e Rendimentos Nominais Médios dos Responsáveis pelos Domicílios Segundo Setores Censitários IBGE Elaboração: Instituto Polis, Verifica-se, portanto, a clara divisão da cidade por faixas de renda, com a população de baixa renda habitando áreas periféricas, impróprias à ocupação em mangues e áreas de risco e as classes de maior renda usufruindo de áreas valorizadas, servidas de infraestrutura e próximas à orla. Observa-se no mapa a seguir a relação entre os assentamentos precários e as áreas de empreendimentos imobiliários verticais. 147

148 Mapa. São Vicente Empreendimentos Verticais e Assentamentos Precários. Elaboração: Instituto Polis, Podemos verificar ainda que a maior parte dos imóveis de veraneio da cidade se concentra nesses empreendimentos verticais próximos à orla, com setores que variam de 25-50%, conforme pode ser observado no mapa a seguir. Porém, apesar da presença dos imóveis de veraneio, estes não representam maioria sobre os imóveis com população fixa. Se observarmos a espacialização dos percentuais de domicílios particulares permanentes com população fixa do tipo apartamento segundo setores censitários do IBGE 2010, podemos verificar a predominância dos setores com % de apartamentos com residentes fixos, sendo estes maioria sobre a população flutuante, conforme pode ser observado no mapa a seguir.

149 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa. São Vicente Empreendimentos Verticais e Domicílios de Uso Ocasional Segundo Setores Censitários IBGE Elaboração: Instituto Polis,

150 Mapa. São Vicente Empreendimentos Verticais e Domicílios de Particulares Permanentes com Residentes Fixos do Tipo Apartamento Segundo Setores Censitários IBGE Elaboração: Instituto Polis, Segundo dados da Prefeitura, divulgados pelo jornal ATRIBUNA em novembro de 2011, no ano de 2010 foram aprovados 223 projetos de novos empreendimentos, e no ano de 2011, mais 242 projetos haviam sido aprovados até o mês de outubro. O ritmo de solicitações de alvarás para novas construções e ampliações também é um indicador no crescimento do setor. Ainda segundo a prefeitura, em 2010 foram expedidos 373 alvarás e em 2011, 381 até o mês de outubro. Percebe-se, portanto, que apesar de ainda tímido, o ritmo de crescimento de novos lançamentos vem aumentando, e que apesar de ser um índice menor do que os municípios de Santos, Praia Grande e Guarujá, a cidade de São Vicente também se inclui entre os municípios estratégicos de crescimento do setor imobiliário. Segundo um estudo elaborado pelo Secovi-SP e a Robert Zarif Assessoria Econômico Ltda, entre março de 2009 e março de 2012, foram lançadas em quatro municípios da Baixada Santista (Santos, São Vicente, Guarujá e Praia Grande) unidades verticais, sendo que o maior número de lançamentos foi no município de Santos, com unidades, representando 54% do total de unidades lançadas. Observa-se na tabela abaixo que logo atrás de Santos, aparece o município de Praia Grande com unidades verticais lançadas, em seguida o município de Guarujá com 858 unidades e por último São Vicente com 345 unidades verticais lançadas. O estudo aponta ainda que somente entre o ano de 2011 e 2012 foram lançadas unidades verticais nos quatro municípios.

151 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Tabela. Unidades verticais lançadas de 2009 a Fonte: Estudo do Mercado Imobiliário da Baixada Santista, Gráfico. São Vicente Porcentagem de unidades lançadas entre 2009 e 2012 segundo número de dormitórios. Fonte: Estudo do Mercado Imobiliário da Baixada Santista, Ainda segundo a Secovi, as unidades de 02 dormitórios lideram os lançamentos em São Vicente, seguida das de 03 dormitórios, representando 61% e 29%, respectivamente. Segundo o estudo, as características das unidades lançadas se diferenciam de acordo com o número de dormitórios, a saber: 2 Dormitórios: Estes empreendimentos se caracterizaram por possuir, em média, dois blocos, 17 pavimentos, uma vaga de garagem e seis unidades por andar. Na área de lazer, 98% dos empreendimentos desta categoria possuem salão de festa. Na sequência estão a piscina (89% dos empreendimentos), a churrasqueira (88% dos empreendimentos), o salão de jogos (78% dos empreendimentos) e a sala de fitness (76% dos empreendimentos). A área privativa média dos imóveis de 2 dormitórios é de 78 m² e a área total, de 127m². 151

152 3 Dormitórios: Os imóveis de 3 dormitórios apresentam, na média, dois blocos, 19 pavimentos, duas vagas de garagem e cinco unidades por andar. Na área de lazer, todos os empreendimentos foram lançados com salão de festas. Aproximadamente 97% dos empreendimentos têm piscina, 88% contam com espaço para fitness, 86% possuem churrasqueira e 82% dos empreendimentos dispõem de salão de jogos. A área privativa média dos imóveis é de 118 m² e a área total média é de 197 m². São Vicente apresenta, portanto, áreas da cidade bem demarcadas com construções verticais que são em sua maioria direcionados a um público de média e alta renda que desfrutam o privilégio de residirem em áreas próximas à orla. No restante do território, principalmente na área continental ainda predominam as residências horizontais e conjuntos de residências geminadas, sendo esta uma tipologia que muito se proliferou nos últimos anos em áreas mais afastadas da orla. O processo de verticalização de São Vicente ocorreu concomitantemente com sua cidade vizinha Santos, porém sempre com menor intensidade. Um dos motivos está relacionado ao fato de São Vicente ter exercido historicamente um papel de coadjuvante frente ao desenvolvimento de Santos. Esse quadro, no entanto, tende a se alterar uma vez que o território de Santos está cada vez mais saturado com constante valorização de seu solo urbano. Sendo assim, a cidade pode se tornar um dos destaques no processo do crescimento do mercado imobiliário na região Regulação dos empreendimentos imobiliários verticais O Município de São Vicente, ao dispor sobre as diretrizes de seu desenvolvimento urbano, apresentadas no art. 220 de sua Lei Orgânica destaca-se por uma particularidade. Além de diretrizes comuns a outros municípios como o ordenamento da expansão urbana e preservação de usos rurais, preservação do meio, infere-se da leitura da LOM a preocupação do Município em corrigir distorções de seu processo de urbanização (inciso IX) e, ao que parece, não somente as distorções manifestadas por assentamentos irregulares, mas também aquelas de adensamento excessivo de seu território por meio da verticalização. É o que se depreende da leitura do inciso XII, do art. 220, alínea c, que visa o controle do uso do solo para evitar o parcelamento do solo e a edificação vertical excessivos com relação aos equipamentos urbanos e comunitários. Ademais, a LOM é assertiva ao dissociar o direito de propriedade do direito de construir, sendo este último exercido quando autorizado pelo Poder Público, segundo os critérios que a lei estabelecer, conforme art Não obstante, a diretriz de ordenamento físico-territorial estatuído pelo Plano Diretor do Município, Lei nº 270/1999, art. 4º que determina seu zoneamento (inciso V), estabelece uma orientação de adensamento de áreas dotadas de infraestrutura e serviços (alínea a ). Nessa linha, conforme já tratado anteriormente nessa análise, o parcelamento, edificação e utilização compulsórios prescritos pelo Estatuto da Cidade (Lei federal nº /2001) é adotado pelo Município no art. 11 da Lei complementar nº 270/1999 (Plano Diretor), mas sua utilização se condiciona à sua oportuna regulamentação, nos termos do art. 12. Outro instrumento urbanístico previsto pela norma federal posteriormente à edição das normas municipais de ordenamento territorial é a outorga onerosa do direito de construir (Lei federal nº /2001, art. 4º, inciso V, alínea n ). O Município, assim como na hipótese descrita no parágrafo anterior já previa em seu ordenamento referido instrumento. Também o disposto na legislação de uso e ocupação do solo, Lei complementar nº 271/1999, Anexo III, não permitiria a implementação do instrumento. Passando-se à análise dessa norma, vislumbra-se que a única limitação clara de gabaritos máximos no território municipal é destinada à Zona de Urbanização Preferencial 4 (UP 4), correspondente à maior parte da orla marítima da porção insular do Município. Trata-se do disposto no art. 74, que fixa o máximo de dois pavimentos com uso, sendo permitido acima destes apenas o terraço descoberto, limitando-se a 8m de altura a edificação. Para as demais zonas, a mesma norma de uso e ocupação, em seu art. 42, determina apenas o cumprimento dos parâmetros apresentados no Anexo III da lei, o qual, remete às possibilidades de ocupação dos lotes de acordo com os coeficientes de aproveitamento (excetuada a UP4).

153 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Enquanto o Plano Diretor silencia sobre tal instrumento, é a legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo (LC nº 271/1999) que discrimina a aplicação da outorga onerosa do direito de construir, caracterizando-a como adicional oneroso do coeficiente de aproveitamento, disciplinado pelos arts. 93 a 104 da lei. O adensamento construtivo, sobretudo aquele manifestado de maneira verticalizada é profundamente impactado pela aplicação desse instrumento jurídico. Isso porque, em que pesem as disposições contidas no Plano Diretor municipal de dissociação do direito de construir da propriedade imobiliária e da necessidade compatibilização da verticalização excessiva com a existência de equipamentos urbanos e comunitários, a legislação referente à ocupação do solo demonstra-se absolutamente permissiva à ocorrência do adensamento excessivo, com sobrecarga da infraestrutura urbana instalada. É o caso das Zonas de Urbanização Preferencial 1, 2, 3A, 3A1 e algumas localizações da 4 (UPs 1, 2, 3A, 3A1 e 4), onde os coeficientes de aproveitamento (gratuitos) conferidos ao empreendedor oscilam entre 5 e 8 vezes a área do lote de implantação, aí desconsideradas para o cálculo as hipóteses previstas no art. 43 e 97, parágrafo único (entre as quais, pisos de garagens, mesmo que não subterrâneas). Além dessas zonas, a Zona Habitacional de Interesse Social (ZHIS) apresenta coeficiente de aproveitamento gratuito igual a 5, à qual também se aplica o potencial construtivo adicional, não lhe sendo expressamente isentado o pagamento por eventual uso de majoração do aproveitamento. A majoração do aproveitamento construtivo em função da área dos lotes encontra-se prevista na forma do art. 97, admitindo, no limite, a duplicação dos coeficientes de aproveitamento permitidos por zona. O valor da contrapartida, no entanto, não parece adequadamente discriminado, vez que o art. 99 apenas dispõe sobre sua correspondência a valores não inferiores a 60% do benefício econômico decorrente da alteração urbanística. A destinação dos recursos auferidos a partir do adicional de área construída encontram-se trazidos nos arts. 93 e 94, com priorização de atendimento à população sujeita a suscetibilidades nos terreno de suas moradias. O disposto nesses artigos atende à previsão contida no Estatuto da Cidade, arts. 26 e 31, acerca da outorga onerosa. Apesar de correta a destinação legal, a hipotética implantação de edifício com área construída equivalente a 16 vezes (dobro do coeficiente de aproveitamento 8, na UP 3A1), 12 vezes (UPs 1, 3A e 4), ou mesmo, 10 vezes a área do lote (UPs 2, ZHIS e alguns trechos das UPs 1 e 4) afigura-se desnecessária. Tais hipóteses, diga-se, não parecem sequer reais. Somente a confirmação de dados da aprovação pelo Município poderia confirmar a presente afirmação, mas a generosidade da legislação com os coeficientes de aproveitamento dos lotes, combinados às hipóteses de taxas de ocupação e a ausência de limites ao gabarito máximo das edificações conduzem à desnecessidade de empreendimentos adotarem qualquer onerosidade para aquisição de potenciais construtivos adicionais. Confirmada essa situação, entende-se que o Município, por sua atual legislação, permite sobrecarga excessiva de sua infraestrutura instalada, sem exigência de suficientes contrapartidas para necessários investimentos. A mesma situação (permissividade excessiva do direito de construir de maneira generalizada pelo território) pode justificar eventual desinteresse de empreendedores em fazer uso do instrumento da transferência de direito de construir, regulamentados pelos arts. 105 a 112. Ainda sobre esse tema, destaca-se o previsto no art. 7º, inciso III, parágrafo 1º, que os Corredores Industriais, Comerciais e de Serviços, possuem seus parâmetros urbanísticos e edilícios equiparados à UP3A, a eles aplicando-se também a presente análise. Com relação às tipologias construtivas adotadas conforme o uso, a legislação apenas diferencia a verticalização para o uso residencial, classificando como multifamiliar as hipóteses de definidas como R2-02 os edifícios até 4 153

154 pavimentos; R2-03, edifícios acima de 4 pavimentos; e R3, o conjunto residencial formado por um conjunto de edificações, que podem ser verticalizadas; tudo de acordo com a LC nº 271/1999, art. 10º, alínea b Loteamentos e condomínios horizontais Assim como a cidade de Santos, o processo de ocupação do território anterior às demais cidades do litoral norte e da baixada santista. As atividades portuárias relacionadas à exportação do café impulsionaram a expansão urbana em Santos, induzindo também o crescimento da ocupação de São Vicente, que viu sua população mais que duplicar passando de para habitantes no último quarto do séc. XIX 41. Nesse período até a metade do século XX as áreas mais adensadas eram a orla da baía de São Vicente, os bairros situados entre a orla e o centro, já havendo ocupação na periferia por uns poucos bairros operários 42. Porém já na década de 1940, outras áreas do território já estavam sendo ocupadas: A segregação socioespacial demarcou territórios desde, pelo menos, a década de 1940, quando a população mais pobre passou a ocupar o morro do Itararé, na praia do mesmo nome, instalando-se em terrenos pertencentes À Irmandade da Santa Casa de Santos, sob regime de aluguel de chão. Foi a maneira que esses moradores encontraram para permanecer junto às áreas mais centrais e também próximos à via por onde passava o bode que ligava o centro de São Vicente a Santos, pela orla da praia. Nesse período iniciou-se um movimento que perdura até os dias de hoje: o avanço da emergente classe média de Santos sobre os bairros de baixa renda do município, e a migração das famílias aí reisdentes para a periferia, não sp de Santos como também para bairros de São Vicente, limítrofes ao municíio de Santos Vila São Jorge, Vila J quei Clube Vila Paraíso, entre outros). (PLHIS, 2009) Os processos de ocupação da cidade de São Vicente citados acima, mostram que já no meio do sec. XX a cidade já possuía ocupação definida em seu território. Nessa mesma época, Santos se consolidava, a partir da construção da Via Anchieta, como opção para compra de segundo imóvel, em edifícios verticais voltados para o veraneio, concentrando esse mercado na cidade. Apenas nas orlas das praias do Itararé, Gonzaguinha e Milionários, já valorizadas como local de residência de população de alta renda desde as primeiras décadas do séc. XX passam a ser disputadas por turistas e começam a receber construções verticais. Por isso, podemos caracterizar São Vicente, do ponto de vista turístico e de veraneio, como segunda opção logo atrás de Santos, e com um modelo de apropriação das orlas pelas classes de alta renda, idêntico à sua cidade vizinha, ou seja, através da construção de edifícios verticais e portanto, de maneira diferente de como o mercado imobiliário que atua nas cidades com áreas de expansão urbana junto às orlas não ocupadas, como percebemos em cidades como Bertioga e São Sebastião, através da construção de loteamentos e condomínios horizontais de alta renda e voltada para segunda residência Regulação dos Loteamentos e Condomínios horizontais Fazendo uso da mesmalegislação referencial para ordenamento do território, são mantidas as orientações de expansão urbana ordenada e otimização da infraestrutura existente, consubstanciadas, especialmente, nos incisos I e V do art. 4º, da Lei complementar nº 270/1999 (Plano Diretor). Acerca do inciso I, cumpre ressaltar a diretriz de integração territorial das porções insular e continental do Município, o que parece ser possível somente pelo expediente do parcelamento do solo e constituição de condomínios. A regulação de ambos fica a cargo da Lei complementar nº 271/1999, à exceção da regularização fundiária de assentamentos precários (portanto, não inclui novos empreendimentos, mesmo que destinados à moradia popular), cujo parcelamento do solo é objeto de legislação específica nos termos do art. 16 da LC nº 271/ PLHIS São Vicente LECOQC-MULLER: 1965, v.2: PLHIS São Vicente

155 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 O art. 12 classifica como parcelamento do solo somente as modalidades de loteamento e desmembramento previstas na legislação federal (Lei nº 6.766/1979), enquanto art. 18 subdivide a modalidade de loteamento em três categorias: residenciais, residenciais de interesse social e industriais. O art. 19 fixa as exigências de doação de áreas para uso público nos loteamentos, da seguinte forma: 20% para o sistema de circulação ou a porcentagem proporcional à densidade de ocupação prevista no projeto, garantindo a integração com a malha viária implantada no Município; 10% para áreas verdes; 5% para áreas institucionais. O parágrafo 1º desse dispositivo estabelece a possibilidade de redução desses percentuais em loteamentos industriais e residenciais de interesse social. Além disso, o art. 21 permite que áreas com restrições edilícias decorrentes da legislação ambiental sejam usadas para observância dos percentuais exigidos em lei. A articulação dos novos loteamentos com o sistema viário existente parece facilitada com a dimensão máxima das quadras correspondendo a 250m, conforme art. 24. O desmembramento é disciplinado pelo art. 36, seguindo orientações gerais aplicáveis ao loteamento, à exceção (por definição legal da disciplina federal) do art. 19. Outra regra urbanística pertinente é o lote mínimo definido no art. 45, qual seja, de 250m2 para a integralidade do território vicentino. Mesmo assim, os parágrafos 1º, 2º e 3º desse artigo prescrevem seguintes situações excepcionais: desdobros que origem lotes de até 125m2, desde que não implantados em bairros mais resguardados urbanisticamente (Centro, Gonzaguinha, Itararé, BoaVista e Vila Valença; lotes implantados em loteamentos de interesse social, onde são permitidos lotes mínimos de 60m2; e lotes decorrentes da aprovação da regularização fundiária de assentamentos precários. A mesma Lei complementar nº 271/1999 é bastante detalhada quanto aos procedimentos para apresentação de projetos, de sua aprovação e recebimento do parcelamento pelo Município. Já as edificações em condomínio, respeitam especificidades no tocante às tipologias construtivas para o uso residencial R2-01 e R3. A primeira é definida como unidades residenciais agrupadas horizontal ou verticalmente, até dois pavimentos, sobrepostas, geminadas ou em série, correspondendo a mais de uma habitação por lote, contemplando área para estacionamento de veículos. Não é apresentado limite ao número de unidades habitacionais, desde que configurem um só agrupamento. Já a tipologia R3 compreende conjuntos de edificações, destinadas à habitação permanente, isoladas ou agrupadas horizontal ou verticalmente, ocupando um ou mais lotes ou glebas, dispondo obrigatoriamente de espaços e instalações de utilização de uso comum, caracterizados como bens de condomínio do conjunto. Enquanto a R2-01 obedece aos parâmetros de ocupação estabelecidos no Anexo III da lei, somados às prescrições sobre recuos, vagas de estacionamento etc.; a tipologia R3 possui disciplina detalhada por capítulo próprio na lei (arts. 62 a 69). Dele se destacam disposições sobre áreas comuns de lazer (art. 62), afastamentos mínimos entre edificações (art. 64) e áreas internas de circulação (art. 65). A todos os condomínios é ressaltado que as áreas de uso comum pertencem aos próprios condôminos, não se constituindo reserva fundiária de propriedade do Município (art. 69). 155

156 Conforme visto, tais condomínios podem ser implantados inclusive em glebas (jamais sujeitadas ao parcelamento do solo), sem qualquer exigência de doação de áreas ao Poder Público para provisão de infraestrutura, áreas públicas de lazer e serviços. Também não foram identificados limites às dimensões de empreendimentos condominiais, significando potencial prejuízo à integração do território pelas redes de infraestrutura urbana Bens da união no município O conhecimento da estrutura fundiária urbana identificando os imóveis de propriedade pública, especialmente imóveis vazios e ociosos, são uma importante variável de análise e proposição de ocupação do território. O reconhecimento e disponibilização dos imóveis sem uso no cumprimento da função social, sejam eles públicos ou privados, contribuem para a execução de projetos propostos nos municípios, de forma a constituir um banco de terras para a implantação de equipamentos, infraestrutura ou outros usos de seu interesse, como a moradia de interesse social ou uso institucional. No caso dos imóveis públicos, ocupados por entidades ou empresas através de concessão ou outro instrumento (municipal, estadual ou federal) é fundamental identificar aqueles que muitas vezes não atendem ao interesse público. Nestes casos, a revisão das concessões pode contribuir para que o poder público destine estes imóveis para finalidades articuladas aos objetivos de planos e projetos existentes. No caso do litoral paulista, as praias e seus acrescidos estão entre os bens públicos de uso comum do povo sob o domínio da União (art. 20, IV e VII, da CF/88). Além da questão da titularidade, estas áreas são recursos naturais integrantes da Zona Costeira. Nesse sentido, qualquer intervenção em área de praia deve ser precedida de autorização da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), órgão da União responsável pela gestão dos bens públicos nacionais. A Secretaria do Patrimônio da União (SPU) estabeleceu procedimentos específicos de acordo com o tipo de imóvel e destinação. O município de São Vicente possui 12 imóveis da União de Uso Especial, ou seja, destinados a uso de interesse público sendo a maior parte sob responsabilidade da GERENCIA REGIONAL DE PATRIMONIO DA UNIAO, ver tabela e gráfico seguintes Tabela. Imóveis da União de Uso Especial No Logradouro - SPIUnet Número do Endereço - SPIUnet RESPONSÁVEL PELO IMÓVEL Data da Validade da Avaliação da Utilização Área do Terreno Utilizado 1 ANTONIO EMMERICK 975 COMANDO DA 2 REGIAO MILITAR 06/10/ ,00 2 ANTONIO EMMERICK 975 COMANDO DA 2 REGIAO MILITAR 06/10/ ,00 3 DE PARANAPUA S/N GERENCIA REGIONAL DE PATRIMONIO DA UNIAO/SP 11/07/ ,00 4 ANTONIO EMMERICK 975 COMANDO DA 2 REGIAO MILITAR 06/10/ ,00 5 VINTE E TRES DE MAIO S/N GERENCIA REGIONAL DE PATRIMONIO DA UNIAO/SP 12/05/ ,92 6 CARIJOS 314 CAPITANIA DOS PORTOS DE SAO PAULO 28/12/ ,13 7 LOURIVAL MOREIRA DO AMARAL 635 GERENCIA REGIONAL DE PATRIMONIO DA UNIAO/SP 23/06/ ,50

157 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE FREI GASPAR 280 GERENCIA REGIONAL DE PATRIMONIO DA UNIAO/SP 16/03/ ,00 9 TERRA INDIGENA RIO BRANCO S/N FUNAI-COORDENACAO REGIONAL DO LITORAL SUDOESTE/SP 20/10/ ,00 10 TERRA INDIGENA RIO BRANCO S/N FUNAI-COORDENACAO REGIONAL DO LITORAL SUDOESTE/SP 30/11/ , PADRE MANOEL DA NOBREGA KM 66 NUCLEO CAMPO BEIJA FLOR - MEXICO 70 KM 66 S/N DELEGACIA FEDERAL DE AGRICULTURA - SP GERENCIA REGIONAL DE PATRIMONIO DA UNIAO/SP 23/11/ ,00 08/03/ ,29 TOTAL ,84 Fonte: SPU/SP ofício GP-SPU/SP 462/12 Elaboração Instituto Polis Gráfico. Responsável pelos Imóveis da União de Uso Especial 42% 17% 8% FUNAI-COORDENACAO REGIONAL DO LITORAL SUDOESTE/SP CAPITANIA DOS PORTOS DE SAO PAULO COMANDO DA 2 REGIAO MILITAR 8% 25% DELEGACIA FEDERAL DE AGRICULTURA - SP GERENCIA REGIONAL DE PATRIMONIO DA UNIAO/SP Fonte: SPU/SP ofício GP-SPU/SP 462/12Elaboração Instituto Polis Além disso, a SPU vem realizando procedimento de atualização de seu cadastro e regularização das concessões das áreas de marinha. As áreas de marinha consistem na faixa de terra existente entre a preamar-média de e uma extensão de 33 metros medidos a partir desse alinhamento inicial, nas áreas sujeitas a maré. 157

158 O cadastro e controle destas áreas é um importante instrumento de gestão do território. O Governo Federal vem incentivando um processo de construção de gestão articuladas das áreas costeiras através da construção de um plano para a orla marítima, o Projeto Orla. O projeto visa também estabelecer critérios para destinação de usos de bens da União, visando o uso adequado de áreas públicas e de recursos naturais protegidos compatibilizando as políticas ambiental e patrimonial. Embora a competência legal para o gerenciamento destas áreas encontre-se majoritariamente na órbita do Governo Federal, o Projeto Orla concebe o nível municipal, apoiado pelo estado, como agente executivo da gestão compartilhada da orla. Embora seja uma iniciativa interessante de gestão articulada destas áreas o projeto orla não é lei e nem condiciona o recebimento de recursos. Desta forma o projeto ainda foi pouco desenvolvido no litoral de São Paulo. No caso do município de São Vicente, o plano para a orla marítima ainda não foi desenvolvido. Além disso, o processo de cadastro e regularização das áreas de marinha ainda está em andamento. De acordo com cadastro da SPU/SP, já foram identificados imóveis em São Vicente, somando m². Tabela. Imóveis de domínio da união terrenos de marinha MUNICÍPIOS Imóveis da União BERTIOGA CARAGUATATUBA CUBATAO GUARUJA ILHABELA ITANHAEM MONGAGUA PERUIBE PRAIA GRANDE SANTOS SAO SEBASTIAO SAO VICENTE UBATUBA Total Geral Soma de Área do Terreno da União (m²) Fonte: SPU/SP ofício GP-SPU/SP 462/12Elaboração Instituto Polis 6.7. Regulação dos Bens da União nas Legislações Municipais e Federais Regime Jurídico dos Bens Públicos Municipais Os bens públicos do Município de São Vicente são regulamentados pela Lei Orgânica do Município (LOM),no Capítulo V, intitulado Dos Bens Municipais.Nestecapítulo estão dispostos os principais instrumentos legais de gestão e uso dos bens públicos sob o seu domínio, os principais dispositivos relativos à regulamentação do uso e gestão de bens públicos, seus desdobramentos de competências e hipóteses de exceções às regras dispostas. A Lei Complementar n 271 de 1999 de 2007, que instituiu a Lei de Uso e Ocupação do Solo, e a Lei Complementar n 270 de 1999 que instituiu o Plano Diretor, também tratam dos próprios municipais de forma esparsa ao definiremquestões relativas à instrumentos de concessão de uso, gestão compartilhada de bens que

159 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 não integram o seu patrimônio mas que estão localizados em seu território, como as praias, terrenos de marinha e acrescidos e o mar territorial, todos bens da União. A competência privativa do município para a gestão de seus bens é estabelecida no artigo 5 da LOM, inciso VII. Dispõe o artigo que com relação aos bens de sua propriedade cabe dispor sobre a administração, utilização e alienação. Já o de terceiros poderá adquiri-los, inclusive através de desapropriação, instituir servidão administrativa ou efetuar ocupação temporária (alíneas a e b ). Define a LOM que cabe ao Prefeito a administração dos bens municipais, com exceção para competência da Câmara naqueles que forem utilizados em seus serviços (artigo 134). Os bens patrimoniais de São Vicente deverão ser classificados pela sua natureza e em relação a cada serviço como de uso comum, especiais ou dominicais (artigo 136, incisos I e II). A conferência anual da escrituração patrimonial dos bens existentes e a inclusão do inventário de bens nas contas do Município, deverão ser feitas anualmente (parágrafo único do artigo 136). À Câmara Municipal cabe autorizar o uso de bens imóveis, mediante concessão administrativa ou de direito real, sua alienação e aquisição, salvo quando se tratar de doação sem encargos (artigo 9, incisos VII, alínea a e b e VIII c/c artigo 51, incisos XII, XIV e XV da LOM) Uso Privativo dos bens Municipais No caso do São Vicente, as regras para outorga de uso privativo dos seus bens por meio dos instrumentos da concessão, permissão e autorização de uso estão previstos nos artigos 86, 138 e 141 e da LOM. Determina a LOM de São Vicente que o uso de bens municipais por terceiros só poderá ser feito a permissão ou autorização a título precário 43 e por tempo determinado, sempre observando o interesse público (artigo 141). A concessão administrativa de bens de tipo especial e dominicais deverá ser objeto de lei, contrato administrativo e licitação prévia ( 1º do artigo 141), dispensada a exigência de licitação prévia quando o uso se destinar à concessionária de serviço público, a entidade assistencial ou quando houver interesse público relevante devidamente justificado. Já a concessão de bens de uso comum dependerá de prévia autorização legislativa ( 2º do artigo 141), sendo proibida a concessão de uso de qualquer fração de parques, praças, jardins, largos públicos ou áreas aforadas, sem aprovação do legislativo (artigo 140). Há também na LOM a previsão do condicionamento da desafetação de bens de uso comum à prévia aprovação da população local, mediante mecanismos disciplinados em lei específica (artigo 220, inciso XX), quando do estabelecimento de diretrizes e normas relativas ao desenvolvimento urbano. A Concessão de Direito Real de Uso - CDRU deverá ser utilizado preferencialmente à venda ou doação de seus bens imóveis, mediante prévia autorização legislativa e procedimento licitatório, que será dispensada quando o uso se destinar à concessionária de serviço público, entidade assistencial ou quando houver relevante interesse público (artigo 138, 1º). Verifica-se, portanto, que a legislação municipal observa os princípios dispostos na legislação federal atinente ao tema (Lei n /95 44 ), que buscam conferir ao instrumento da concessão maior estabilidade do que os demais 43 Na verdade a redação do artigo faz menção à permissão a título precatório, contudo, a figura do precatório não faz nenhum sentido no contexto no qual foi utilizado. Logo, supusemos que a intenção do legislador foi indicar o caráter precário da permissão. Havendo aí um erro de digitação, que deverá ser corrigido para evitar quaisquer problemas. 159

160 instrumentos de outorga de uso privativo de bem público (permissão, autorização e cessão) sem chegar a alienálos ao particular. É notório que as concessões deverão ser, em regra, precedidas de licitação em razão da regra geral constitucional do art. 37, XXI. Há que se ponderar, contudo, que podem haver situações em que a concessão ocorra sem prévia licitação, desde que caibam nas hipóteses de dispensa expressamente prevista em lei ou quando se verifique situação de inexigibilidade. Uma dessas hipóteses, a qual LOM não faz referência específica, é a dispensa de licitação quando da outorga de Concessão de Direito Real de Uso - CDRU para fins específicos de regularização fundiária prevista na legislação federal (artigo 7 do Decreto-Lei n 271/67 e artigo 17, inciso I, alínea f da Lei de 1993, ambas com redação dada pela Lei n /07). Contudo, a utilização da CDRU para fins de regularização fundiária foi constatada na Lei Complementar n 654 de 2011, que outorgou a concessão de direito real de uso dos ocupantes dos imóveis públicos indicados na lei, integrantes do patrimônio municipal, para fins residenciais tendo em vista o interesse social e a função social da propriedade (artigos 1 e 2 ). Com relação à competência, como já foi observado, a LOM determina a necessidade de autorização da Câmara Municipal, via lei específica, para a outorga da concessão de uso. Tal exigência é corroborada pela maior parte da doutrina pátria. Não é de se estranhar, portanto, ser alta a incidência de tal dispositivo em Constituições Estaduais e Leis Orgânicas de Municípios. No entanto, cumpre indicar que parte da doutrina tem entendimento distinto deste. A tese se apoia no fato da Constituição somente indicar a necessidade de prévia autorização legislativa para a outorga de concessão de uso de bem público na hipótese de concessão ou alienação de terras públicas em área superior a dois mil e quinhentos hectares (cf. Artigo 188 1º e artigo 49, XVII, CF). Por ser taxativo, o constituinte teria limitado a ingerência do Legislativo na gestão dos bens públicos somente a esta hipótese, não se estendendo a qualquer outro tipo de bens (MARQUES NETO, 2009, p. 357). Por fim, no tange à concessão, cabe apontar que não há previsão na legislação municipal da concessão especial de uso para fins de moradia (CUEM), modalidade outorga de uso gratuita de bem público, prevista no Estatuto da Cidade (Lei /2001) e disciplinada pela Medida Provisória n 2.220/01, que dispensa a realização de procedimento licitatório, tendo em vista o interesse social na realização de regularização urbanística e fundiária. Outros dois instrumentos que conferem uso privativo aos bens públicos são a autorização e a permissão de uso de bem público. Tais instrumentos têm natureza de ato administrativo unilateral, diferentemente da concessão que tem natureza de contrato. Isto significa que ainda que sejam outorgadas mediante provocação do interessado, se perfazem com a exclusiva manifestação de vontade do poder público. A permissão e a autorização de uso de bem público de São Vicente é regulamentada no artigo 141 da LOM. Nele é ressaltado o caráter precário do instituto, a necessidade da presença de interesse público e a autorização legislativa para a sua concessão, cuja outorga é de competência do Prefeito, por meio de decreto, conforme dispõe o artigo 85, inciso IV do c/c artigo 130, inciso I, alínea g da LOM. Para além do exposto, não há mais nenhum dispositivo na LOM que trate da permissão e da autorização, logo, supõem-se que desdobramentos como prazo, condições de uso, fatos que ensejem penalidades, dentre outros, estarão presentes no decreto específico que autorizará o ato administrativo. Com relação à autorização, cumpre indicar que não há previsão da espécie de autorização de uso gratuita de bem público àquele que, até 30 de junho de 2001, possui como seu, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinquenta metros quadrados de imóvel público situado em área urbana, utilizando-o para fins comerciais (art. 9 ) regulamentada pela Medida Provisória n 2.220/01. Por fim, ainda com relação ao uso privativo de bens públicos por terceiros, a LOM determina que a utilização e 44 Apesar de esta norma ser voltada a reger a concessão de serviço público, nas palavras de Floriano de Azevedo Marques Neto, ela contem linhas gerais relativas ao instituto da concessão, aplicando-se subsidiariamente aos contratos de concessão de uso (2009, p. 351).

161 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 administração dos bens públicos de uso especial, como mercados, matadouros, estações, recintos de espetáculos e praças esportivas, serão feitos na forma da lei e sob regulamento específico (artigo 143) Alienação ou Aquisição de Bens Públicos A Lei de Licitações estabelece que os imóveis públicos somente podem ser alienados com autorização legislativa e, como regra geral, por meio de licitação, na modalidade concorrência, que poderá ser dispensada no caso de incorrer nas hipóteses especificadas na referida norma (art. 17, I, Lei nº 8.666/93). A alienação e aquisição dos bens públicos do Município de São Vicente estão subordinados à existência de interesse público devidamente justificado e a regras específicas de acordo com o tipo de bem (móvel e imóveis) e modalidade de alienação (alienação simples, doação, permuta), em consonância com a legislação federal (art. 23, 3, da Lei 8.666/93). Quando imóveis, prevê a LOM a necessidade de autorização legislativa e concorrência pública, conforme determina a Lei de Licitações (Lei 8.666/93). A licitação é dispensada casos de doação e permuta (art. 137, inciso I e II). Quando móveis também dependerá de licitação prévia, que será dispensada quando se tratar de doação, que será permitida exclusivamente para fins assistenciais ou quanto houver interesse público relevante devidamente justificado(artigo 137, inciso II da LOM). A hipótese da dispensa de licitação trazida pela LOM deverá se pautar na previsão da Lei de Licitações, que indica a dispensa de licitação para alienação de imóveis públicos quantos estes estiverem ocupados por pessoas carentes, desde que vinculada a políticas públicas consistentes, sob autorização legislativa, avaliação prévia e indiscutível demonstração de interesse social (art. 17, I, f, da Lei Federal n /93, com redação dada pela Lei n de 2007), Já a aquisição de bem imóvel, por compra ou permuta, está sujeita à existência de interesse público e prévia avaliação, além de autorização legislativa, conforme previsão do artigo 139 da LOM. Cumpre indicar que a Lei de Licitações (Lei 8.666/93) estabelece que as permutas de bens móveis públicos só serão permitidos quando se derem a favor de outro órgão ou entidade da administração pública de qualquer grau federativo (inciso II, alínea b do artigo 17) e a de bens imóveis somente quando este for destinado ao atendimento das finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia (artigo 17, inciso I, alínea c ). A LOM também proíbe a alienação e doação de qualquer fração dos parques, praças, jardins ou largos públicos ou áreas públicas aforadas (artigo 140). Sendo assim, de maneira geral, no que diz respeito à alienação e concessões de uso privativo de bens públicos que integram seu patrimônio,verifica-se o cumprimento da legislação municipal de São Vicente com o disposto na legislação federal. Restando apenas as ressalvas apontadas sobre a inexistência da previsão dos instrumentos de outorga para fins de regularização fundiária, como a CUEM, a autorização de uso para fins urbanísticos de imóveis públicos para fins comerciais e a dispensa de licitação para alienação de bens imóveis destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de regularização fundiária de interesse social (art. 17, I, f e h da Lei 8.666/93, com redação dada pela Lei /2007). 161

162 Tais exceções constituem importantes instrumentos de consecução da função social do bem público, princípio constitucional ao qual devem estar submetidas tanto as propriedades privadas quanto as públicas (art. 5, XXII), e para o cumprimento e respeito às diretrizes gerais da política urbana estabelecidas pelo Estatuto da Cidade (Lei /2001). Além disso, existe a previsão legal na própria LOM de dar prioridade à destinação de terras públicas não utilizadas ou subutilizadas para assentamentos de população de baixa renda, com exceção das áreas de preservação ambiental ou de risco (artigo 224) Bens Públicos Municipais e os Loteamentos e Condomínios O tema dos loteamentos e condomínios de São Vicente é tratado no item Regulação dos Loteamentos e Condomínios horizontais deste relatório. Aqui serão abordadas tão somente as diretrizes de áreas a serem doadas ao poder público quando da realização destes empreendimentos. A regulamentação dos loteamentos e condomínios estão presentes na Lei de Uso e Ocupação do Solo LUOS (Lei Complementar n 271 de 1999), no Capítulo II Do Loteamento. Neste capítulo é determinada a reserva mínima de 35% da área total das áreas destinadas à implantação dos loteamentos a título de doação de áreas públicas para o Município (artigo 19, incisos I, II e II). A LOM também define como competência da Prefeitura Municipal a definição dos locais onde serão implantadas as áreas verdes e as institucionais, que correspondem a 15% do total da gleba (artigo 19, 2 ). A percentagem de áreas públicas não poderá ser inferior a 35% da gleba, com exceção dos loteamentos destinados ao uso industrial, cujos lotes forem maiores que m2, e nos destinados à habitação de interesse social, caso em que a porcentagem poderá ser reduzida (artigo 19, 1 da LUOS). A aprovação do loteamento também está vinculada a transferência, mediante escritura pública de doação, sem qualquer ônus para o município, das áreas públicas representadas pelo sistema viário, praças, áreas de lazer e institucionais (artigo 34, alínea a da LUOS) A definição da porcentagem mínima de 35% de áreas públicas, tem origensna lei federal de parcelamento do solo urbano (Lei Federal de 1979). Contudo, tal exigência deixou de existir em Atualmente, a lei federal dispõe que a definição de tais índices urbanísticos de parcelamento e ocupação do solo nas diferentes zonas em que se divida o território do município, são de sua responsabilidade e deverão obrigatoriamente estar prevista em sua lei de zoneamento (art.4, 1, da Lei 6766/79 com redação dada pela Lei 9.785/99) Bens federais e estaduais no Município Do ponto de vista jurídico, a localização do município em área de Zona Costeira eleva seu território ao status de patrimônio nacional, previsto 4 do artigo 225 da Constituição Federal. Na prática determina um território com significativa concentração de bens públicos sob domínio da União (praias, mar territorial, terrenos de marinha e acrescidos, etc.), e que possuem um regime jurídico diverso das espécies de bens públicos sob domínio exclusivo do município (praças, sistema viário, edifícios públicos, etc.). Ainda em seu território, São Vicente possui extensas áreas de Mata Atlântica e da Serra do Mar. Sendo assim, não é de se surpreender a existência de conflitos na regulação, gestão e uso destes bens entre os entes federados. Daí decorre a necessidade de cooperação entre os entes federados a fim de realizar a gestão compartilhada destes bens. Evitando assim a invasão de competência, o uso ou o não uso com consequências danosas, ou mesmo ações judiciais, que acabam por dificultar ou mesmo impedir a gestão e o uso desses bens que ocupam extenso território dos municípios litorâneos e por isso tem papel fundamental no seu desenvolvimento. Sob esta perspectiva é que devemos analisar a legislação de São Vicente que disciplina o uso e ocupação de bens de domínio de outros entes federados: a fim de ponderar sobre sua legalidade e consonância diante da esparsa legislação federal e estadual que trata do tema. As praias, terrenos de marinha e seus acrescidos estão entre os bens públicos de uso comum do povo sob o domínio da União (artigo 20, IV e VII da CF). Além da questão da titularidade, tais biomas são recursos naturais

163 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 integrantes da Zona Costeira (artigo 225, 4º da CF) tratado acima. Nesse sentido, qualquer intervenção em área de praia deve ser precedida de autorização da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), órgão da União responsável pela gestão dos bens públicos nacionais.logo, não cabe exclusivamente ao município dispor sobre a gestão e o uso deste bem. A LOM de São Vicente, no Capítulo II, que trata Do Meio Ambiente, reafirma o caráter público das faixas de praia ao considerá-las de domínio público e autoriza a execução de projetos de urbanização por intermédio da iniciativa privada, vinculada apenas à autorização legislativa (artigo 276, caput, e parágrafo único c/c artigo 354, parágrafo único). Apesar do dispositivo acima não fazer qualquer menção à gestão compartilhada das faixas de praia, tendo em vista o exposto, qualquer ação da Prefeitura no sentido de destinar o uso ou ocupação deste território, deve necessariamente ser objeto de apreciação por parte da SPU, especialmente quando se tratar de urbanização da orla, sob pena de incorrer em grave ilegalidade. Na Lei de Uso e Ocupação do Solo foi encontrado dispositivo que claramente demonstra a necessidade de autorização da União para qualquer intervenção nas áreas sobre o seu domínio. Trata-se do artigo 70, que autoriza o poder público municipal a outorgar, por meio de licitação, concessão de direito real de uso, por 30 anos, das áreas públicas sob seu domínio, correspondentes a terrenos acrescidos de marinha, conforme descrição constante no Decreto-Lei Federal n 6575 de Após pesquisa, foi constado que tal Decreto-Lei autoriza a Prefeitura Municipal de São Vicente a utilizar, para fins urbanísticos, os terrenos de acrescidos de marinha descritos na norma e que o mesmo encontra-se ainda em vigor, conferindo legalidade ao dispositivo da LUOS 45. O Plano Diretor de São Vicente (Lei Complementar n 270 de 1999), não faz nenhuma menção à gestão de bens públicos do município ou presentes em seu território. A única menção a instrumentos de gestão ocorre no artigo 5, que trata da diretrizes do meio ambiente, quando em seu inciso IV, estabelece o acompanhamento de políticas metropolitanas de preservação dos recursos e das reservas naturais da região, dentre elas, o gerenciamento costeiro (alínea a ). O acesso universal às praias do município, bem como às demais zonas de interesse turístico que se constituem em bens públicos, também é elencado entre as diretrizes de mobilidade do Novo Plano Diretor (artigo 25, inciso XIX). Cumpre, assim, sua função de garantir a todos os cidadãos o usufruto deste bem comum (artigo 10 da Lei Federal 7.661/98). Como já indicado no item 4.9. Bens da União no Município de São Vicente, a SPU vem realizando a atualização dos cadastros de imóveis pertencentes à União em todo o território nacional e a regularização das concessões das área de marinha. No caso de São Vicente, encontra-se cadastrado perante a Superintendência do Patrimônio da União em São Paulo 46 número significativo de imóveis de propriedade da União, especialmente aqueles correspondentes a terrenos de marinha e acrescidos. Daí advém a importância do Projeto Orla. Este instrumento materializado Plano de Ação, Plano de Gestão Integrada e, por meio de um Comitê Gestor, estabelece os critérios para o uso e ocupação dos bens da União em 45 Consulta ao site do Planalto em 31/07/2012: 46 Conforme informação prestada pelo Ofício GP SPU/SP nº 462, de 05 de abril de

164 território Municipal. Mesmo não tendo força de lei, constitui-se num importante instrumento para a consecução da gestão compartilhada dos bens que integram o território da orla. No entanto, segundo informações da Prefeitura, o Projeto Orla não foi realizado em São Vicente. 7 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO 7.1. Unidades de conservação instituídas O Município de São Vicente apresenta remanescentes bastante reduzidos de Mata Atlântica e de ecossistemas associados em seu setor insular devido à alta densidade demográfica da Ilha de São Vicente. Entretanto, vale mencionar a existência, no setor norte da Ilha, de remanescentes de manguezais e, nos morros Santa Terezinha e Voturuá, de remanescentes de floresta ombrófila densa. Em contraste com o setor insular, na área continental deste mesmo Município, podem ser encontrados importantes remanescentes de florestas ombrófilas Montana, Submontana e de Terras Baixas, além de ecossistemas de restinga e vastas extensões de manguezais. A tabela 7.1 apresenta as categorias de vegetação de Mata Atlântica existentes no Município de São Vicente e suas respectivas áreas para o biênio Tabela Categorias de vegetação no período Categorias de Vegetação Floresta Ombrófila Densa Montana (locais entre 500 e metros de altitude) Floresta Ombrófila Densa Submontana (em encostas das serras entre 50 e 500 metros de altitude) Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas (altitudes inferiores a 50 metros) Formação Arbórea/Arbustiva-herbácea de Terrenos Marinhos Lodosos (mangue) Hectares 1.787, ,6 36, ,2 Formação Arbórea/Arbustiva-herbácea sobre Sedimentos Marinhos Recentes (restinga) 1.008,1 Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa Montana (floresta de altitude) 643,5 Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa Submontana 1.623,2 Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas 158,0 TOTAL (correspondente a 67,01% da área total do Município de São Vicente) 9.985,0 Fonte: Instituto Florestal (Inventário florestal da vegetação natural do Estado de São Paulo), 2007.

165 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Os atributos anteriormente descritos somados a existência de importantes ambientes para a reprodução e preservação da biota marinha acabaram por justificar a criação de três unidades de conservação no Município de São Vicente que são expostas na tabela 7.2 e figura Tabela Unidades de conservação existentes no Município de São Vicente UNIDADE DE CONSERVAÇÃO ANO ATO DE CRIAÇÃO RESPONSÁVEL ÁREA (ha) Parque Estadual da Serra do Mar 1977 Decreto Estadual nº de 31/08/1977 Fundação Florestal 8.407,68 (em São Vicente) Setor Itaguaçu ,546 APA Marinha Litoral Centro 2008 Decreto Estadual de 08/10/2008 Fundação Florestal Setor Carijó ,546 Parque Estadual Xixová-Japuí 1993 Decreto Estadual , de 27/09/1993 Fundação Florestal 347,00 (em São Vicente) Fonte: Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, 2011 A seguir, são descritas as principais condições, demandas e pontos críticos que afetam direta e indiretamente os atributos das Unidades de Conservação existentes no Município de São Vicente. 47 Importante observar que o Parque Estadual da Serra do Mar e Parque Estadual compreendem 68,75% do Município de São Vicente. 165

166 Figura 7.1 Unidades de conservação existentes no Município de São Vicente Fonte: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), 2011; Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Parque Estadual da Serra do Mar O Parque Estadual da Serra do Mar (PESM) foi criado pelo Decreto nº , de 31 de agosto de 1977, e é administrado pela Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo (Fundação Florestal). Ele é o maior parque do Estado de São Paulo e, também, a maior unidade de conservação de proteção integral de toda a Mata Atlântica. A área total do PESM abrange hectares e engloba 23 municípios, desde Ubatuba, na divisa com o estado do Rio de Janeiro, até Pedro de Toledo no litoral sul, incluindo Caraguatatuba, São Sebastião, Bertioga, Cubatão, Santos, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Cunha, São Luiz do Paraitinga, Natividade da Serra, Paraibuna, Salesópolis, Biritiba Mirim, Mogi das Cruzes, Santo André, São Bernardo do Campo, São Paulo e Juquitiba (IF, 2011). Esta Unidade de Conservação é demasiadamente importante porque se configura como um corredor ecológico que possibilita conectar os mais importantes remanescentes de Mata Atlântica do Brasil. O PESM contribui para a conservação de 19% do total de espécies de vertebrados do Brasil e 46% da Mata Atlântica. Garante também a proteção de 53% das espécies de aves, 39% dos anfíbios, 40% dos mamíferos e 23% dos répteis registrados em todo o bioma (SMA, 2007) (Tabela 7.3). Com relação às espécies vegetais, foram catalogadas 1265 espécies de plantas vasculares, sendo 61 ameaçadas de extinção (EKOSBRASIL, 2011). Das espécies vegetais, a palmeira juçara (Euterpe Edulis Martius) é a mais ameaçada em razão de seu alto valor de mercado. Esta vem sendo suprimida de forma clandestina e criminosa pela ação dos chamados palmiteiros. O problema é demasiadamente sério em virtude das sementes do palmito juçara servirem de alimento para diversas espécies de aves, roedores e primatas ameaçados de extinção (SMA, 2007).

167 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Tabela 7.3 Números de espécies da fauna catalogadas no PESM FAUNA Espécies Risco de extinção Principais espécies ameaçadas de extinção MAMÍFEROS AVES Sagüi-da-serra-escuro, sauá, bugio e muriqui ou mono-carvoeiro. Onça pintada, anta, cateto e queixada. Paca, cotia, tatu-galinha e tamanduá-mirim Macuco, jacutinga, papagaio-da-cara-roxa, papagaio-chauá, sabiá-cica, pararu, pichochó, cigarra-verdadeira, gavião-pombogrande e gavião-pomba ANFÍBIOS RÉPTEIS TOTAL Fonte: Pacheco & Bauer, 2000; Miretzki, 2005; Haddad & Prado, 2005; Zaher et al., 2007; SMA, O PESM possui um Plano de Manejo aprovado pela Deliberação 34/2006 do CONSEMA. Os resultados dos levantamentos realizados no Plano de Manejo foram apresentados como Temas de Concentração Estratégica, onde foram definidas as linhas de ação para a pesquisa, conservação do patrimônio natural e cultural, a proteção, o uso público e a interação socioambiental. Foram definidas 11 áreas prioritárias de manejo (principalmente para regularização fundiária e ecoturismo) (SMA/FF, 2006). Tal documento também definiu e regulamentou o seu zoneamento, com destaque para a Zona de Ocupação Temporária (áreas ocupada por terceiros), Zona Histórico-Cultural Antropológica (comunidades caiçaras e quilombolas), Zona de Uso Conflitante / Infra Estrutura de Base (rodovias, ferrovias, dutos, linhas de transmissão, estações de captação e tratamento de água, barragens, antenas de radio, TV e celulares). Além disso, foram delimitadas a zona de amortecimento, as áreas sobrepostas com terras indígenas demarcadas e as áreas intangíveis ou primitivas (áreas onde qualquer atividade humana é proibida). Em face de sua grande extensão, o PESM é gerenciado por meio de uma divisão regional em núcleos administrativos no sentido de facilitar o seu processo de gestão. São três sedes no planalto (Cunha, Santa Virgínia e Curucutu) e cinco na região litorânea (Picinguaba, Caraguatatuba, São Sebastião, Itutinga Pilões e Pedro de Toledo), sendo que para cada núcleo há um conselho gestor consultivo. 167

168 O Núcleo Itutinga Pilões do PESM O Núcleo Itutinga Pilões (NIP) (também conhecido como Núcleo Cubatão) é um dos oito núcleos do Parque Estadual da Serra do Mar. Ele possui ha e abrange os municípios de Bertioga, Mogi das Cruzes, Santos, Santo André, São Bernardo do Campo, Rio Grande da Serra e Cubatão, onde se localiza o núcleo operacional e administrativo. A vegetação deste Núcleo é composta pela Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas (também conhecida como Floresta Alta do Litoral, Floresta de Planície ou Restinga Alta) e pela Floresta Ombrófila Densa Submontana e Montana, também denominadas de Floresta da Encosta da Serra do Mar (SMA/FF, anexo 1, p. 09, 2006) (foto 01). Foto 01 Aspecto da vegetação do PESM em São Vicente (Vale do Rio Cubatão) Fonte: Ronnie Peterson, n.d. Quanto ao seu relevo, este é formado por escarpas festonadas e morros paralelos, conglomerando Floresta Ombrófila Densa Montana e de terras baixas. Solos superficiais com textura argilo-arenosa, solo de alteração na textura variada predominando os solos nilto, arenosos. Os solos de alteração em geral apresentam xistosidade bem preservada, abundância de minerais micáceos e veias de quartzo (SMA/FF, anexo 1, p. 09, 2006). Neste núcleo foram registradas 17 espécies de mamíferos, 54 espécies de anfíbios e 7 de répteis. Existem poucos registros de espécies ameaçadas de extinção ou vulneráveis no interior deste núcleo, como é o caso dos mamíferos gato do mato e cutia e dos anfíbios Hyla cymbalum, Phrynomedusa fimbriata e Paratelmatobius gaigeae (SMA/FF, anexo 1, p. 09, 2006) (foto 02).

169 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Foto 02 Preguiça registrada próxima à sede do Núcleo Itutiga-Pilões Fonte: Adriana Tempest, n.d. Outra característica importante do Itutinga - Pilões é o seu riquíssimo patrimônio cultural que inclui a Calçada do Lorena, as Usinas Hidrelétricas do Vale do Quilombo e Itatinga, a Vila da Barragem, a Usina Henry Borden, a Vila de Paranapiacaba, a Vila de Itatinga, a Vila de Itutinga, o Polo Ecoturístico Caminhos do Mar e as artes rupestres (gravura em baixo relevo) (SMA/FF, anexo 1, p. 09, 2006). O Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Mar considera que o Núcleo Itutinga - Pilões é o setor mais problemático do PESM em virtude dos vetores de pressão sobre a biodiversidade ali existentes. É neste Núcleo que estão localizadas as principais rodovias que ligam o litoral paulista ao planalto (Sistema Anchieta Imigrantes) e, também, uma complexa rede de ferrovias, torres, linhas de alta tensão, dutos, antenas e hidrelétricas. Outro problema importante é a forte concentração demográfica existente em seu entorno, uma vez que ele está situado entre as regiões metropolitanas de São Paulo e da Baixada Santista. Como consequência, as invasões, as ocupações irregulares, a caça, o corte seletivo de vegetação (principalmente a palmeira Jussara) e a poluição dos recursos hídricos ocorrem com maior intensidade (SMA/FF, 2006). Especificamente no que tange ao Município de São Vicente, o PESM abrange 56,42% de sua área total, englobando as áreas escarpadas do setor continental desta municipalidade, bem como o vale do Rio Cubatão. 48 Tal dimensão e localização fazem com que o PESM cumpra um papel capital para a proteção dos mananciais locais, uma vez que o mesmo abarca as principais sub-bacias hidrográficas desta municipalidade (incluindo a 48 Convém mencionar que parte da cabeceira do Rio Cubatão, no Município de São Vicente, é abrangida pelo Núcleo Curucutu do Parque Estadual da Serra do Mar. A problemática inerente a este Núcleo do PESM é discutida nos relatórios municipais de Mongaguá e Itanhaém. 169

170 bacia do Rio Cubatão e as bacias dos córregos Acaraú de Cima e de Baixo), quanto na proteção de estações de captação de água para o atendimento das demandas locais, em virtude destas infraestruturas estarem localizadas em áreas lindeiras ou mesmo dentro de seus limites. Um aspecto importante inerente ao Núcleo Itutinga - Pilões no Município de São Vicente é que ele engloba áreas de alta importância para a conservação da biodiversidade, incluindo vegetação, mamíferos, répteis e anfíbios (SMA/FF, 2006). a. Conselho gestor Conforme Resolução SMA 20/2008, o Conselho Gestor do Núcleo Itutinga-Pilões é formado por 24 membros titulares e 24 membros suplentes. Sendo 24 membros representantes da sociedade civil (incluindo comunidade científica, organizações não governamentais, população residente e do entorno, proprietários de imóveis no interior da unidade e setor privado atuantes na região) e 24 representantes de órgãos governamentais (quadros 7.1 e 7.2). A gestão deste Núcleo está sob a responsabilidade do biólogo Lafaiete Alarcon da Silva. Importante observar que existe uma grande demanda para se promover a capacitação e qualificação dos gestores e dos conselhos gestores dos núcleos do PESM em vários aspectos, incluindo questões administrativas, licenciamento, gestão de conflitos, instrumentos de cogestão, concessão e gestão do uso público que não vem sendo atendida (existem 250 demandas técnico-jurídicas anuais relacionadas com licenciamento ambiental, Ministério Público e delegacia de polícia no Núcleo Itutinga Pilões). Outra demanda é a capacitação para programas de proteção (DRUMOND, 2009). A última oficina de capacitação para conselheiros ocorreu no ano de O curso foi ministrado pela Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Lideranças (ABDL), dentro do Programa de Apoio à Gestão Colegiada do PESM. Quadro Relação dos representantes governamentais do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Serra do Mar PESM Entidades Gabinete do Governador Coord. Ed. Amb.SMA AGEM CBH/BS Prefeitura Municipal de Sto André Prefeitura Municipal de SBC Prefeitura Municipal de Cubatão Prefeitura Municipal de Santos CPAI6 CPAI6 Defesa Civil CETESB SABESP SABESP Reserva da Biosfera Policia Ambiental Tipo Titular Suplente Titular Suplente Titular Suplente Titular Suplente Titular Suplente Titular Suplente Titular Suplente Titular Suplente TitularSuplente Titular

171 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Policia Ambiental UNESP SV PESM - Núcleo Itutinga Pilões PGE/Santos Suplente TitularSuplente TitularSuplente Fonte: Secretaria do meio ambiente do Estado de São Paulo, Quadro Relação dos representantes da sociedade civil do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Serra do Mar PESM Entidades Cota 200 Cota 200 Água Fria Água Fria AMA Paranapiacaba ECOVERDE ECOVIAS CPFL OAB OAB Caá-Oby (folha verde) Holos 21 Kerigma A.P. Corridas Aventura ECOFUTURO PEABIRU CIESP CIESP RPBC Transpetro Unisantos Tipo Titular suplente Titular Suplente Titular Suplente Titular Suplente Titular Suplente Titular Suplente Titular Suplente Titular Suplente Titular Suplente Titular Suplente Titular 171

172 Unimonte Ass. Sitiantes do PESM/It. Pilões Ass. Sitiantes do PESM/It. Pilões Suplente Titular Suplente Fonte: Secretaria do meio ambiente do Estado de São Paulo, b. Infraestrutura O Núcleo Itutinga Pilões possui duas bases instaladas nos municípios de Cubatão e São Bernardo do Campo. A base de Cubatão possui centro de visitantes (275 m 2 ), área de plantão (89 m 2 ), além de áreas para atividades de educação ambiental (250 m 2 ), administração (98 m 2 ), fiscalização e refeitório (112 m 2 ), garagem e almoxarifado (160 m 2 ) e alojamento (80 m 2 ) (SMA/FF, 2006) (fotos 03 e 04). A base São Bernardo do Campo possui três casas funcionários de 64 m 2, uma casa de funcionário de 81 m 2, escritório: (81 m 2 ) e Galpão (90 m 2 ) (SMA/FF, 2006). A infraestrutura deste Núcleo é uma das mais adequada de todo o PESM. Entretanto, há necessidade de melhorias para o atendimento adequado à fiscalização e uso público em áreas extremas (DRUMOND, 2009). No Município de São Vicente, devido à proximidade com sede do Núcleo, não há nenhuma infraestrutura de controle do uso público e fiscalização instalada, o que prejudica sobremaneira os trabalhos voltados para educação ambiental, turismo ecológico, fiscalização e vigilância. c. Recursos humanos Existem 15 funcionários dedicados as diversas atividades inerentes ao Núcleo Itutinga-Pilões, sendo 11 profissionais da Fundação Florestal e 4 do Instituto Florestal. Destes, 3 funcionários estão voltados para a gestão e suporte técnico, 7 para a fiscalização, 1 para o uso público, 2 para o apoio administrativo e 2 para a manutenção. Somam-se aos servidores públicos 4 estagiários, 9 funcionários de Empresa de Proteção Patrimonial e 45 pessoas contratadas para frentes de trabalho (SMA/FF, 2006). A demanda para capacitação dos recursos humanos do PESM também é relevante. Em 2008 ocorreu um curso de capacitação em Arcgis. Também têm sido realizadas capacitações periódicas para vigilantes ministradas nos Núcleos Picinguaba, Santa Virgínia e Cunha e estão previstas capacitações em manutenção de trilhas para todos os núcleos. Entretanto, é importante observar que a demanda é muito maior do que os eventos de capacitação já desenvolvidos, especialmente a capacitação para a implementação do Programa de Proteção da Serra do Mar (DRUMOND, 2009).

173 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Foto 03 Centro de visitantes do Núcleo Itutinga Pilões Fonte: Lygia Ravanelli, n.d. Foto 04 Base de fiscalização do Núcleo Itutinga Pilões Fonte: André Pimentel, n.d. 173

174 d. Zoneamento e uso e ocupação do solo O Parque Estadual da Serra do Mar, no Município de São Vicente, possui um bom nível de preservação da vegetação natural e, também, não apresenta ocupações irregulares significativas. Colabora de forma significativa para este fato a existência de barreiras físicas naturais que dificultam o acesso ao Parque. Destaque para o Rio Boturoca ou Branco e para a fisionomia topográfica de vale encaixado do Vale do Rio Cubatão. Outro fator contribuinte é a ausência de acessos viários para a maior parte do PESM neste Município (foto 7.5). Foto 7.5 Parque Estadual da Serra do Mar no Município de São Vicente Núcleo Itutinga Pilões do PESM São Vicente Fonte: Google Earth / Digital Globe, A vegetação deste setor do Núcleo Itutinga - Pilões é formada, em grande parte, por floresta ombrófila densa (Montana, submontana e de terras baixas). 49 Devido ao bom nível de preservação desta vegetação, a maior parte da área do PESM no Município de São Vicente é classificada pelo zoneamento do Plano de Manejo como Zona Primitiva ZP (vegetação em estágios sucessionais médio ou avançado que circunda e protege a Zona Intangível). Já, a região da cabeceira do Rio Cubatão possui vegetação essencialmente primitiva ou em estágio bastante avançado de regeneração sendo, portanto, classificada como Zona Intangível ZI. Tanto a ZI quanto a ZP representam um importante banco genético para viabilização de projetos de recuperação dos processos ecológicos em outras zonas (SMA/FF, 2006) (figura 7.2). Apesar do bom nível de preservação deste setor do Núcleo Itutinga Pilões, parte do Vale do Rio Cubatão e as escarpas que acompanham este mesmo vale apresentam áreas compostas por ecossistemas parcialmente degradados e que, portanto, são classificadas como Zona de Recuperação - ZR pelo zoneamento do PESM (figura 7.2). 49 A Floresta Ombrófila Densa (FOD) é uma mata perenifólia (sempre verde) com dossel (estrato superior das florestas) de até 50 m. Ela possui também densa vegetação arbustiva, composta por samambaias, arborescentes, bromélias, orquídeas, samambaias e palmeiras. A FOD Montana ocorre em locais entre 500 e metros de altitude e apresenta dossel uniforme de cerca de 20 metros. A FOD submontana ocorre em locais entre 50 e 500 metros de altitude, em solo mais seco e apresenta dossel de até 30 metros. A FOD de terras baixas ocorre em locais entre 5 e 50 metros de altitude, em sedimentos de origem quaternária e apresenta dossel de até 25 metros. Nela podem ser encontradas espécies vegetais tanto de floresta ombrófila densa montana como de restinga (IBGE, 1992).

175 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 A ZR é constituída por áreas onde devem ser recuperados os ecossistemas de forma a atingir um melhor estado de conservação e, portanto, áreas onde há uma grande demanda para o desenvolvimento de projetos voltados para o plantio de espécies nativas e para o enriquecimento de biodiversidade (SMA/FF, 2006). Dentre os principais responsáveis pela degradação dos ecossistemas nestes locais estão as obras empreendidas para constituição das infraestruturas rodoviária e ferroviária, bem como as atividades agropecuárias desenvolvidas por sitiantes ao longo da trilha da usina. No que tange as obras empreendidas para a constituição das infraestruturas ferroviária e rodoviária, a maior parte destas foram realizadas entre as as décadas de 1930 (construção da linha Mairinque Santos da Ferrovia Sorocabana) e 1970 (construção da Pista Norte da SP Rodovia dos Imigrantes e de sua estrada de manutenção). Deste modo, estas infraestruturas foram construídas em períodos de pouco ou nenhum controle sobre o impacto ambiental, o que resultou em grandes áreas desmatadas que, até o presente momento, se apresentam sem vegetação ou com vegetação degradada (fotos 7.6 a 7.9.1). Como exemplo, cumpre mencionar que a construção da pista norte da Rodovia dos Imigrantes (SP 160), na década de 1970, exigiu o desmatamento de m², já, a construção da pista sul, inaugurada em 2002, e, portanto, construída com melhor tecnologia e em um período de maior rigor no que tange a legislação de controle de impactos ambientais, provocou o desmatamento de apenas m² (ECOVIAS, 2012). Foto 7.6 Desmatamento provocado pela construção da pista norte da SP 160 Fonte: Tasso T. Slongo,

176 Foto 7.7 Estrada de manutenção da SP 160 Fonte: Sérgio Trindade, n.d. Foto 7.8 Desmatamento para a construção do túnel 01 da linha Mairinque Santos da Ferrovia Sorocabana Fonte: Jose Carlos Quiletti, 1934.

177 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Foto 7.9 Área escarpada desmatada acompanhando a linha Mairinque Santos da Ferrovia Sorocabana Fonte: Valdo Santos, n.d. Ademais, compete aludir que estas infraestruturas ferroviária e rodoviária são classificadas como Zona de Uso Conflitante pelo zoneamento do PESM (figura 7.2). A Zona de Uso Conflitante é composta por áreas com usos e finalidades de utilidade pública que conflitam com os objetivos de conservação do PESM e influem diretamente nos seus processos ecológicos (SMA/FF, 2006). Apesar de estas intervenções estarem quase sempre associadas a impactos negativos relacionados aos processos ecológicos ou serem caracterizadas, invariavelmente, como vias facilitadoras da urbanização irregular, no caso do Município de São Vicente, as áreas ocupadas pela infraestrutura de base de utilidade pública não oferecem grandes problemas ao PESM. No caso da Rodovia dos Imigrantes, por exemplo, a ligação direta entre o planalto e o litoral, em grande parte por pontes e túneis, praticamente inviabiliza as ocupações irregulares em seu entorno. Já, no caso da Ferrovia Mairinque Santos, o seu traçado, na área do PESM, não está localizado em áreas de grande pressão urbana. Entretanto, vale fazer as seguintes ponderações: No sistema Anchieta - Imigrantes existe um intenso tráfego de cargas perigosas (entre 1 mil e 1,2 mil caminhões / dia) que podem afetar negativamente a área do Parque Estadual da Serra do Mar devido a acidentes. Desta forma, sugere-se a melhoria dos trabalhos de fiscalização por parte da ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre), Polícia Rodoviária e CETESB; adequação das empresas responsáveis pelo transporte à legislação e adoção de medidas preventivas para redução ou para evitar os impactos decorrentes de acidentes com produtos perigosos nas rodovias de acesso à Baixada Santista (CBH-BS, 2007). Quanto a Estrada de Manutenção da Rodovia dos Imigrantes, ocorre neste local o turismo descontrolado, principalmente o cicloviário, e rituais religiosos que geram descarte inadequado de resíduos (incluindo 177

178 embalagens, alimentos e parte de animais). Além disso, também há o risco de incêndio. Neste caso, deve-se empreender um melhor controle e monitoramento diuturno do acesso a esta área a ser efetuado pela Ecovias, empresa concessionária responsável pela infraestrutura instalada, bem como realizar campanhas educativas para conscientizar os usuários sobre a importância do PESM e sobre os problemas de se deixar resíduos no entorno da via. Ademais, deve-se capacitar os profissionais envolvidos no controle dos acessos e, também, articular ações integradas com a Polícia Ambiental; Já, no que tange à Ferrovia Mairinque Santos, esta é uma via facilitadora de ações ilegais de exploradores de recursos naturais e precisa ser mais bem fiscalizada, incluindo o controle e o monitoramento diuturno a ser efetuado pela América Latina Logística, empresa concessionária responsável pela infraestrutura instalada. Além disso, também ocorre a circulação irregular e descontrolada de trilheiros pela linha férrea, o que pode ocasionar sérios acidentes. Ainda, compõe o Zoneamento do PESM, em São Vicente, as zonas de ocupação temporária ZOT que englobam sítios localizados ao longo da trilha da Usina, nas margens do Rio Cubatão, próxima à sede do NIP, e um grupo de 28 moradias localizadas próximas à captação Santa Rita da SABESP, junto à estação ferroviária Acaraú da linha Mairinque - Santos (SMA/FF, 2006; FUNDAÇÃO FLORESTAL et al., 2010) (foto 7.10 e figura 7.2). Foto 7.10 Sítio marginal ao Rio Cubatão localizado nos domínios do PESM Fonte: Roney Marques, n.d. As ZOT são as áreas ocupadas por posseiros ou titulares de registro imobiliário que ainda não foram indenizados e que se encontram, portanto, em processo de regularização fundiária. O objetivo principal da ZOT é minimizar o impacto das atividades humanas pré-existentes a criação do PESM de forma a compatibiliza-las com a preservação dos atributos naturais que ensejaram a criação desta unidade de conservação (SMA/FF, 2006). Dentre estas atividades estão incluídas a pecuária com controle sanitário; a criação de animais domésticos e a agricultura, desde que orientadas pela Secretaria da Agricultura e da Coordenadoria de Defesa Agropecuária e adotadas técnicas de preservação do solo; a manutenção de estradas para viabilizar o acesso às moradias; além do ecoturismo, camping e hospedagem em áreas pré-ocupadas. Ademais, permite-se também o plantio de

179 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Palmeira Juçara, mediante autorização, cadastro e plano de manejo com o objetivo de produção de sementes, mudas e polpa de sementes (SMA/FF, 2006). Importante observar que, no âmbito do Programa Serra do Mar do Governo do Estado de São Paulo, existe a previsão de remoção de 88 moradias localizadas na região de água fria pilões, as margens do Rio Cubatão (São Vicente e Cubatão), bem como a remoção das 28 moradias localizadas próximas a Estação Acaraú (Rua Cururu) (FUNDAÇÃO FLORESTAL et al., 2010). Finalizando, cumpre mencionar a existência de uma Zona de Superposição Indígena (ZSI) localizada na cabeceira do Rio Cubatão. Esta ZSI, no Município de São Vicente, compreende parte da Terra Indígena (TI) Rio Branco de Itanhaém (figura 7.2). A TI Rio Branco é uma TI Registrada e conta com uma área de 2856 hectares. Ela compreende os municípios de Itanhaém, São Vicente e São Paulo. Nela vivem aproximadamente 65 indígenas da etnia Guarani Mbya (ISA, 2012). Figura 7.2 Zoneamento do PESM no Município de São Vicente N Fonte: Adaptado de Instituto Florestal e Instituto Ekosbrasil, e. Situação fundiária A questão da regularização fundiária é um problema crítico em todo o Parque Estadual da Serra do Mar. Dos ha do Parque, ha (67%) são áreas pendentes de regularização fundiária (HONORA et al., 2009). 179

180 Para a solução desta e de outras demandas de regularização fundiária nas unidades de conservação do Estado de São Paulo foi criado, dentro estrutura da Fundação Florestal, em setembro de 2007, um Núcleo de Regularização Fundiária - NRF. O NRF se dedica a três linhas gerais de ação objetivando estabelecer Programas de Regularização Fundiária: Apoio Jurídico e Fundiário à gestão; Apoio Jurídico e Fundiário à elaboração dos Planos de Manejo e Compensação Ambiental. Para dar maior otimização aos procedimentos previstos nestas três linhas de ação e conjugar esforços e cooperação técnica, foi assinado, em dezembro de 2008, um convênio entre a Fundação Florestal e a Procuradoria Geral do Estado (HONORA et al., 2009) (quadro 7.3). Um resultado concreto da ação do Núcleo de Regularização Fundiária NRF, especificamente para o Parque Estadual da Serra do Mar, foi a elaboração de um Cadastro de Ocupantes e de Ações de Desapropriação Indireta existentes nesta unidade de conservação. Quanto aos recursos financeiros para regularização fundiária, estes são oriundos principalmente de compensação ambiental e são utilizados para: levantamento fundiário (elaboração de cadastros de ocupantes, levantamentos de ações de desapropriação e atualização dos andamentos, dentre outros); análise dominial de propriedades; avaliação de propriedades e benfeitorias; aquisição de propriedades e benfeitorias; assistência técnica em ações judiciais; demarcação, sinalização e georreferenciamento; projetos de reassentamento da população residente no interior de unidade de conservação (HONORA et al., 2009). 50 No que tange a área do PESM inserida no Município de São Vicente, esta apresenta uma situação privilegiada, uma vez que cerca de 65% de suas terras estão regularizadas do ponto de vista fundiário. Os 35% restantes são áreas em processo de aquisição ou em processo de apuração de eventuais remanescentes devolutos ou, ainda, áreas de empresas públicas. Fundamentalmente, esta situação se dá pelo fato de terem sido incorporadas ao PESM, quando da sua criação em 1977, áreas protegidas preexistentes que já eram de domínio público, sendo estas (SMA, 1998): Reserva Estadual de São Vicente, com área de 3.118,40 hectares, abrangendo o Município de São Vicente, criada pelo Decreto Estadual n , de 28 de janeiro de 1958; Reserva Estadual da Serra do Mar, com uma área total de ,97 hectares, abrangendo os Municípios de São Bernardo do Campo, Cubatão e São Vicente (criada pelo Decreto 6933, de 02 de fevereiro de 1935, e ampliada por uma série de decretos até 1968); Reserva Estadual do Rio Branco Cubatão, com área de 5.692,86 hectares, no Município de São Vicente, criada pelo Decreto Estadual n , de 02/02/1935; Horto de Mongaguá (área de ,40 hectares abrangendo áreas de Parelheiros, São Vicente, Itanhaém e Mongaguá Decreto , de 06 de abril de 1954). Quadro 7.3 Linhas de ação no âmbito do Núcleo de Regularização Fundiária - NRF LINHA DE AÇÃO 1 Apoio Jurídico e Fundiário à gestão Esta linha de ação está vinculada às atividades de rotina do NRF e da gestão das UC s, que podem ser exemplificadas pelas seguintes demandas: Instrução e manifestação em processos administrativos; Elaboração de respostas de demandas do Ministério Público, Poder Judiciário e Procuradoria Geral do Estado; Recebimento de demandas da PGE e encaminhamentos junto aos gestores das UC s (cumprimento de decisões judiciais de desocupação, congelamento, demolição, imissões na posse, dentre outros); Apoio às Diretorias Adjuntas, respectivas Gerências e gestores na solução de conflitos fundiários (ocupações, sobreposições com Terras Indígenas e Territórios Quilombolas) e nos processos de 50 Lei Federal 9985/2000 (Sistema Nacional de Unidades de Conservação). Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no regulamento desta Lei.

181 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 redefinição de limites de UC s. LINHA DE AÇÃO 2 Apoio Jurídico e Fundiário à elaboração dos Planos de Manejo LINHA DE AÇÃO 3 Compensação Ambiental Esta linha de ação está vinculada às atividades de elaboração do capítulo de Caracterização Fundiária (síntese do levantamento fundiário) e do respectivo Programa de Regularização Fundiária que compõem os Planos de Manejo das UC s estaduais, consistindo, basicamente, em: Sistematizar e consolidar as informações existentes sobre a situação fundiária da UC; Providenciar levantamentos complementares, quando necessário, bem como sistematizar os resultados destes; Definir, em conjunto com os demais Programas de Gestão (proteção, uso público, dentre outros), as prioridades para regularização fundiária; De acordo com as prioridades, estabelecer as diretrizes e linhas de ação para elaboração do respectivo Programa de Regularização Fundiária. Esta linha de ação está vinculada à solicitação de recursos a Câmara de Compensação Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente e atividades necessárias para a execução dos mesmos, a saber: Elaborar Planos de Trabalho para solicitar recursos à Câmara de Compensação Ambiental; Elaborar Termos de Referência para contratação de serviços; Solicitação de orçamentos e acompanhamento dos processos de contratação; Acompanhar a execução dos recursos; Prestar contas dos recursos utilizados. Uma definição institucional importante refere-se ao fato de priorizar a destinação de recursos de compensação ambiental (artigo 36 do SNUC) para a elaboração dos Planos de Manejo das UC s. Desta forma, foi definido que o Plano de Manejo de cada UC será composto por um capítulo de Caracterização Fundiária (síntese do levantamento fundiário) e pelo respectivo Programa de Regularização Fundiária. Esta definição é muito importante para delinear um Programa de Regularização Fundiária discutido em conjunto com os demais Programas de Gestão. Fonte: Fonte: Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, 2011 f. Exploração predatória da biota (caça, pesca e corte seletivo de vegetação), monitoramento e fiscalização As ações de caçadores e palmiteiros no Núcleo Itutinga Pilões são bastante intensas. Anualmente, nas dependências deste Núcleo, são destruídos diversos ranchos de caça e apreendidos diversos petrechos, incluindo facões, dispositivos de disparo de cartuchos, enxadas e cavadeiras, etc. O Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Mar definiu como prioridade para combater este tipo de problema a implementação de ações de fiscalização integrada com órgãos do SISNAMA (planejamento integrado e operações conjuntas); a ampliação do nível de participação da comunidade por meio de denúncias contra agressões; a criação de uma equipe técnica de capacitação, integrada por técnicos da instituição para treinamento e aprimoramento contínuo dos agentes de fiscalização; o estabelecimento de uma rotina de 181

182 fiscalização em áreas críticas; a fiscalização das fontes de consumo de recursos naturais com periodicidade para inibir a aquisição dos produtos clandestinos pelo comerciante e o monitoramento contínuo dos vetores de pressão e das ações de fiscalização (SMA/FF, 2006). Para implementar, com maior eficiência, estas e outras ações, o Governo do Estado de São Paulo criou o Plano de Policiamento Ambiental para Proteção das Unidades de Conservação (PROPARQUE). O PROPARQUE estabelece as bases doutrinárias, administrativas e operacionais para se buscar um esforço conjunto de conservação ambiental da Serra do Mar. Para tanto, traz como prioridades o planejamento conjunto de ações (gerência operacional e coordenação regional); o patrulhamento integrado; a intensificação da presença nas UCs; a identificação de áreas críticas e vulneráveis; a educação ambiental e o monitoramento do entorno (CESAR, 2010). Especificamente no caso da área do NIP localizada no Município de São Vicente, vale salientar que a baixa densidade populacional em seu entorno é um importante limitador ao desenvolvimento de ações clandestinas. Entretanto, a linha ferroviária Mairinque Santos e a estrada de manutenção da Rodovia dos Imigrantes fornecem acesso a maior parte da área do NIP neste Município e, portanto, carecem de melhor fiscalização não só pela Polícia Ambiental e agentes de fiscalização do PESM como, também, pelas concessionárias que gerenciam estas infraestruturas. Importante observar que a proximidade deste setor do PESM com a sede do NIP em Cubatão favorece as ações de fiscalização. Ademais, também cumpre mencionar que desde 2009 a prefeitura de São Vicente possui um batalhão de 28 guardas civis ambientais municipais que foram treinados em um Curso de Formação ministrado pela 1º Companhia da Polícia Ambiental do Estado de São Paulo. Esse batalhão, conhecido como Pelotão Verde, é o interlocutor do município com a Polícia Ambiental e ajuda a reforçar a fiscalização das áreas ambientalmente protegidas, além de combater os maus tratos praticados contra os animais e coibir as ocupações irregulares nas áreas de Paratinga e Acaraú. Plano de Monitoramento da Qualidade Ambiental (PMQA) do PESM A proposta de elaboração do Plano de Monitoramento da Qualidade Ambiental do Parque Estadual da Serra do Mar está inserida no contexto do Programa da Recuperação Sociambental da Serra do Mar e do Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica do Governo do Estado de São Paulo e conta, portanto, com financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) (PMQA, 2011). O PMQA vem sendo elaborado pela empresa Tamoios Inteligência Geográfica e tem o objetivo de fornecer dados e informações para adoção de medidas preventivas e corretivas em relação à proteção ambiental do PESM. Este também permitirá mensurar o trabalho que está sendo realizado, indicando pontos a serem melhorados. A partir desses dados, será desenvolvido um sistema de monitoramento que terá como base as informações geográficas, sistemas de mapas, GPS e tecnologia da informação (REZENDE, 2011). Com sua construção iniciada em maio de 2011, o PMQA objetiva estruturar o conceito e a arquitetura de um sistema de monitoramento da qualidade ambiental do parque baseado em um SIG (sistema de informações geográficas), incluindo uma aplicação teste em um dos núcleos do parque de modo a verificar melhorias e possíveis ajustes a serem realizados quando da contratação futura da implantação do sistema (PMQA, 2011). O termo de referência do PMQA define que este se faz necessário para efetivar ações de manejo, identificando metodologias, indicadores e fontes de verificação mais precisas para o acompanhamento e o monitoramento das unidades de conservação e, também, para a estruturação de uma base de dados e informações. As delimitações inerentes ao desenvolvimento deste plano foram demarcadas em uma série de reuniões realizadas no ano de 2011 e que envolveram os gestores dos núcleos do PESM, a Polícia Ambiental e as equipes técnicas da FF e do IF (PMQA, 2011).

183 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 A partir das discussões realizadas com os gestores dos núcleos do PESM definiu-se que o PMQA deve ser um instrumento capaz de (PMQA, 2011): Subsidiar estratégias de ação para o cumprimento dos objetivos do Plano de Manejo; Unificar as informações sobre o PESM, padronizando o registro das ações empreendidas pela FF e outras instituições, tornando-as comuns para o acompanhamento da evolução das ações por todo o colegiado PESM, assim como o registro histórico destas; Possibilitar uma melhor comunicação institucional, facilitando a interação entre dirigentes da Fundação Florestal/SMA e gestores dos núcleos para orientar a tomada de decisão; Possibilitar a valorização do patrimônio natural e histórico-cultural perante a sociedade; Possibilitar a avaliação e a valorização das ações empreendidas para a conservação; Estimular a participação social na gestão da UC; Possibilitar a projeção de cenários para o planejamento preventivo das ações; Possibilitar a mensuração e divulgação dos serviços ambientais proporcionados pela UC; Identificar pontos críticos de pressão e monitorar os processos de licenciamento de empreendimentos e o cumprimento das respectivas condicionantes ambientais. Ademais, também definiu-se que os principais benefícios esperados com a implementação do PMQA são os seguintes (PMQA, 2011): Compilação de dados que já são gerados por diversos atores no parque (fortalecendo o sistema jurídico, inclusive). Valorizar a UC perante a sociedade. Melhor conhecimento da riqueza da biodiversidade. Tornar as respostas mais ágeis. Melhoria na gestão do território com a integração com prefeituras. Melhor qualidade de informação. Possibilidade de alimentar informações para pesquisa. Possibilidade de participação da comunidade a partir da validação dos gestores. Subsídio da possibilidade de planejamento e ordenamento territorial. Maior controle da recuperação ambiental. Padronização das informações que são geradas. Possibilidade de criação da inteligência de gestão para proteção e fiscalização. Gestão de riscos e catástrofes. Integração de gestão entre os núcleos. Valorizar a atividade do Gestor. 183

184 Colocar no mesmo espaço virtual todas as qualidades / ameaças / pressões / condicionantes. Trazer uma melhor dimensão sobre o potencial de gestão ao Dirigente de alto escalão. Pode ajudar na gestão em função das mudanças climáticas. Possibilidade de gerar dados espacializados para definição de parâmetros de gastos por ha. Já os fatores críticos, ou seja, as questões cruciais a serem consideradas no desenvolvimento do PMQA são (PMQA, 2011): Dificuldade do convencimento das instituições para interação no sistema. Duplicação de bancos / Atores demais gerando dados. Sobrecarga de trabalho / Aumento da responsabilidade dos gestores. Dificuldade de captação de dados no licenciamento. Dificuldade para convencimento do alto escalão da SMA para integração dos dados. Inexistência de técnicos capacitados para produzir dados internamente. O SIGAM já é uma plataforma de integração de dados que não são aproveitados. Dificuldade de validação dos dados. Problemas de capacitação/carência de recursos humanos. Inexistência de equipamentos adequados. Processo que precisa ser contínuo. É algo que demanda o sentimento de pertencimento do gestor para uso cotidiano. Inexistência de cultura de compartilhamento. Os acordos entre os parceiros precisam ser garantidos e redondos. Inexistência de um SISBIO em nível estadual. As etapas para a realização dos trabalhos inerentes à construção do PMQA estão detalhadas no quadro 7.4.

185 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Quadro 7.4 Etapas para a realização dos trabalhos inerentes à construção do PMQA Fonte: Fundação Florestal,

186 g. Uso público 51,52 A questão do uso público do PESM no Município de São Vicente não destoa muito da realidade da maioria das unidades de conservação brasileiras. Fundamentalmente, não há uma infraestrutura local para atender o visitante, tão pouco trilhas sinalizadas neste Município. Além disso, a maior parte da visitação pública é realizada sem qualquer monitoramento e manejo que objetivem minimizar os impactos ambientais causados por esta atividade. Ademais, vale mencionar que este setor do Núcleo Itutinga Pilões não é considerado, pelo Plano de Manejo, uma área prioritária para o uso público, apesar dos inúmeros atrativos naturais ali existentes. Segundo Marchesini (2012), não só o Parque Estadual da Serra do Mar, mas toda a área continental do Município de São Vicente possui enorme potencial para atividades de ecoturismo. Entretanto, pondera que há falta de envolvimento dos setores públicos, privado e comunidade para o desenvolvimento de projetos. Dentre os principais atrativos da área continental de São Vicente estão cachoeiras e as ruínas da Capela e Engenho Sant anna (sec. XVI) e a Estação Ferroviária (foto 7.11). Desta forma, avalia ainda que nestes locais podem ser desenvolvidas atividades no campo do turismo de base comunitária, incluindo caminhadas ecológicas, estudo do meio, montain bike, passeios de cavalo e charrete entre outros. Para tanto, considera ser necessária: A elaboração de um diagnóstico turístico, ambiental, social e econômico da região para se apontar as potencialidades e a viabilidade ambiental e econômica destas atividades; O estabelecimento de metas para implantação de infraestrutura, a assinatura de termos de ajustamento de conduta e a criação de roteiros turísticos; A celebração de convênios e parcerias entre o Município de São Vicente, por meio de suas secretarias de Turismo e de Meio Ambiente, e instituições públicas e privadas, incluindo a Fundação Florestal, pois estes atrativos estão localizados no entorno do Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo Itutinga-Pilões. Entre os principais problemas que podem inviabilizar a operacionalização dos roteiros turísticos na região, Marchesini (2012) destaca: a dificuldade de acesso, a falta de segurança, a inexistência de sanitários e lixo e entulhos abandonados (foto 7.11). 51 Vide Resolução SMA nº 61/2008 que cria o Conselho Consultivo de Ecoturismo, com o objetivo de auxiliar a implantação das ações para o desenvolvimento do ecoturismo no Est. de São Paulo. 52 Vide Resolução SMA nº 59/2008 que estabelece a normatização de procedimentos administrativos de gestão e fiscalização do uso público nas unidades de conservação de proteção integral do Estado de São Paulo.

187 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Foto 7.11 Entulho abandonado em área lindeira ao PESM Março de 2013 Fonte: Uilians Uilson Santos, Ademais, vale salientar que nas cercanias do PESM, entre os túneis 1 e 6 da linha ferroviária Mairinque Santos, existem ocupações irregulares, poluição das águas por esgoto, desmatamento e captação irregular e descontrolada de água. Na cachoeira três, por exemplo, que esta localizada nas proximidades de um dos terminais da ALL (América Latina Logística), moradores locais construíram quiosques com churrasqueiras, bares e piscinas feitas com o desvio das águas que descem da serra. Texto e fotos: Uilians Uilson Santos/ACNews) (SANTOS, 2011). h. Pesquisa científica O Planejo de Manejo do PESM considera ser de importância estratégica incentivar a produção do conhecimento científico sobre os aspectos biofísicos e sociais do Parque no sentido de utilizar as pesquisas desenvolvidas como suporte a melhoria da gestão e a tomada de decisão (SMA/FF, 2006). Apesar do NIP estar entre os núcleos mais pesquisados do PESM por instituições de ensino e pesquisa, estas pesquisas são desenvolvidas, em sua grande maioria, em áreas próximas a sede do Núcleo, em Cubatão. Importante observar que mesmo nas áreas mais pesquisadas, o conhecimento científico para mamíferos, vegetação e aves ainda é baixo e precisa ser ampliado. Quanto aos anfíbios e répteis, o conhecimento científico pode ser considerado nulo. Além disso, é imprescindível incentivar o desenvolvimento de pesquisas relacionadas à viabilização dos processos de regeneração dos ecossistemas (SMA/FF, 2006). No que tange ao meio biótico, pode-se elencar as seguintes diretrizes para pesquisa (SMA, 1998, pp ): 187

188 Realizar o levantamento da fauna e flora nos diversos setores do NIP com o objetivo de espacializar de forma representativa as suas diferentes condições ecológicas e antrópicas; Avaliar o impacto da extração do palmito sobre a fauna (especialmente primatas, aves, roedores e marsupiais) e demais espécies dependentes de dispersores especializados; Pesquisar a dinâmica de regeneração natural ou induzida dos diferentes biomas após distúrbio natural e/ou antrópico; Devido ao grande endemismo e a necessidade de controle da qualidade das águas através de espécies indicadoras devem-se levantar as espécies de peixes para os riachos de cabeceira bem como caracterizar a ictiofauna da região; Realizar uma análise das comunidades de anfíbios da região no sentido de detectar alterações na densidade de várias espécies e comparar os resultados com registros obtidos anteriormente; Realizar o levantamento das espécies de cobras e lagartos da região para quantificar a biodiversidade e viabilizar o posterior estudo de comunidades; Levantar as espécies de aves, principalmente nas regiões florestadas das encostas. Este procedimento visa o estudo da biodiversidade da avifauna, o registro de possíveis extinções locais e o estudo da densidade dos grupos, principalmente aqueles mais susceptíveis (espécies indicadoras); Levantamento das espécies de mamíferos e posteriores estudos de comunidade entre as espécies com o objetivo de detectar alterações na densidade das espécies em qualquer nível; Levantamento e estudo de comunidade dos outros grupos animais não mencionados anteriormente e que não possuem registro amplo para a região, principalmente aquelas susceptíveis às alterações de hábitat a médio e curto prazo; Comparar os estudos de comunidade e inventários faunísticos com dados de literatura para outras áreas de mata atlântica do Estado de São Paulo, considerando aspectos como grau de perturbação antrópica, zoogeografia e endemismo. I. Uso e ocupação do solo na zona de amortecimento A Zona de Amortecimento (ZA) do PESM é delimitada por um raio de 10 km que envolve o entorno desta Unidade de Conservação e abrange, especificamente, a área continental do Município de São Vicente. Foram excluídas da ZA as áreas urbanas consolidadas (SMA/FF, 2006) (vide figura 7.2). O objetivo geral da Zona de Amortecimento é proteger e recuperar os mananciais, os remanescentes florestais e a integridade da paisagem na região de entorno do PE Serra do Mar, para garantir a manutenção e recuperação da biodiversidade e dos seus recursos hídricos (SMA/FF, 2006, p. 296). Urbanização Presentemente, a zona de amortecimento do PESM concentra os estoques de terra disponíveis para a expansão urbana em São Vicente e é, portanto, o setor que apresenta o maior índice de crescimento demográfico deste Município. Ademais, a área continental de São Vicente, em função da infraestrutura precária e da distância com relação ao centro da cidade, apresenta preço para locação e aquisição de imóveis muito inferiores aos imóveis da área continental e, portanto, tem sido a principal e, na maioria das vezes, a única alternativa de moradia para a população pobre trabalhadora. Entre 2000 e 2010, de acordo com os dados censitários do IBGE, a população de São Vicente cresceu 9,52%, passando de para habitantes. No mesmo período, a sua área continental, que abrange a zona de amortecimento do PESM, passou de para habitantes, um crescimento de 26,1% (IBGE, 2012).

189 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 Dentre os bairros existentes na área continental do Município de São Vicente, todos eles formados, em grande parte, por população de baixa renda, vale mencionar Samaritá, Jardim Rio Branco, Vila Ema, Parque das Bandeiras, Nova São Vicente, Parque Continental, Humaitá, Vila Nova Mariana e Jardim Irmã Dolores (Quaternário e Ponte Nova) (fotos 7.12 e 7.13). Apesar desta expansão demográfica acelerada, a inexistência de pontes de travessia sobre o Rio Branco que interliguem diretamente os bairros da área continental de São Vicente às áreas contíguas ao PESM faz com que esta Unidade de Conservação esteja, momentaneamente, resguardada no que tange ao avanço da urbanização. Exceção faz-se ao condomínio Vale Verde, localizado entre Cubatão e São Vicente, na base da Serra do Mar e que foi consolidado nos anos Este loteamento, apesar de ser um perigoso precedente de pressão no que tange a ocupação de áreas adjacentes ao PESM, presentemente, não apresenta maiores riscos de parcelamento e expansão desordenada por se tratar de um condomínio horizontal fechado sem previsão de expansão de seus limites (foto 7.14). Foto 7.12 Bairros da área continental do Município de São Vicente Parque Estadual da Serra do Mar CUBATÃO Humaitá / Pq. Continental Pq. Bandeiras Jd. Rio Branco SÃO VICENTE Samaritá Quaternário Ponte Nova PRAIA GRANDE PRAIA GRANDE Fonte: Google Earth / Digital Globe,

190 Foto 7.13 Rua Augusto de Oliveira, Jd. Rio Branco, São Vicente, SP Fonte: Stgarbulha, n.d. Foto 7.14 Condomínio Vale Verde Fonte: Claudio Alves Andrade, n.d. Mineração A mineração de minerais não metálicos é uma atividade que ocorre com bastante intensidade em toda a zona de amortecimento do PESM no Município de São Vicente e inclui a extração de areia (fundição e construção civil), brita e material de empréstimo (tabela 7.4 e foto 7.15).

191 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 Dentre os impactos ambientais causados por estas atividades minerarias pode-se citar a deterioração da paisagem, o desmatamento, a poluição do ar (emissões de partículas e / ou de gases na atmosfera) e, também, ruídos e vibrações decorrentes do funcionamento dos equipamentos e detonações no caso de pedreiras, o que acaba por afugentar espécimes da fauna silvestre. No que tange a mineração de brita, esta ocorre em uma área adjacente ao PESM, nas encostas da Serra do Mar, em um maciço de rochas gnáissicas. A operação deste empreendimento está sob a responsabilidade da Pedreira Maria Teresa (foto 7.16). Já, quanto à mineração de areia, existem 3 operações ativas na planície sedimentar costeira da área continental dedicadas à extração de areia para fins industriais. Estas operações estão localizadas nas cercanias das áreas urbanas e são operadas pela Empresa de mineração Sartori e Aguiar Ltda e pela Sociedade Técnica de Areias para Fundição Ltda (STAF) (foto 7.17). Entretanto, vale mencionar a existência de inúmeros passivos ambientais derivados de minerações abandonadas onde não foram efetuados os devidos trabalhos de recuperação de áreas degradadas conforme exigência constitucional, incluindo a extração de argila, material de empréstimo e areia (foto 7.18). 53 A existência destes passivos ambientais demonstra, de forma cristalina, a necessidade de se desenvolver ações de fiscalização mais efetivas em face das atividades de mineração no Município de São Vicente, bem como a urgência em se empreender um programa de recuperação de áreas mineradas abandonadas de forma a reduzir o passivo ambiental existente. Tabela 7.4 Áreas oneradas por títulos minerários PROCESSO ÁREA HA FASE NOME SUBSTÂNCIA 4072/ ,57 CONCESSÃO DE LAVRA Mineração Jundu Ltda. AREIA DE FUNDIÇÃO 1487/ ,74 CONCESSÃO DE LAVRA SERRA DO MAR MINERAÇÃO LTDA AREIA DE FUNDIÇÃO 4757/ ,31 CONCESSÃO DE LAVRA PERFECTO DE CASTRO CONDE ESPOLIO AREIA DE FUNDIÇÃO 7318/ ,67 CONCESSÃO DE LAVRA Mineração Jundu Ltda. AREIA DE FUNDIÇÃO 998/ ,71 CONCESSÃO DE LAVRA STAF Sociedade Técnica de Areias para Fundiτπo Ltda. AREIA DE FUNDIÇÃO / ,48 CONCESSÃO DE LAVRA EMPRESA DE MINERAÇÃO AGUIAR E SARTORI LTDA AREIA P/ VIDRO / ,91 CONCESSÃO DE LAVRA Pedreira Maria Teresa Ltda. SAIBRO / ,96 AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA O. RIBEIRO S/A MINERAÇÃO, IND. E COMÉRCIO GNAISSE 53 Constituição Federal: art º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei (Vide Decreto n , de 10 de abril de 1989). 191

192 820768/1990 9, / , / , / , / , / , / , /2007 6, /2007 5, / , / , / ,03 REQUERIMENTO DE LAVRA REQUERIMENTO DE PESQUISA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA REQUERIMENTO DE PESQUISA REQUERIMENTO DE PESQUISA REQUERIMENTO DE PESQUISA REQUERIMENTO DE PESQUISA REQUERIMENTO DE PESQUISA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA Fonte: Departamento Nacional de Produção Mineral, O. RIBEIRO S/A MINERAÇÃO, IND. E COMÉRCIO O. RIBEIRO S/A MINERAÇÃO, IND. E COMÉRCIO Maria Cecília Marcondes Vasconcelos Maria Cecilia Marcondes Vasconcelos EMPRESA DE MINERAÇÃO AGUIAR E SARTORI LTDA O. RIBEIRO S/A MINERAÇÃO, IND. E COMÉRCIO. Brasterra Empreendimentos Imobiliários Ltda TERESA MORISHIGUE STRIOLI TERESA MORISHIGUE STRIOLI Paulo Flávio de Macedo Gouvêa EMPRESA DE MINERAÇÃO AGUIAR E SARTORI LTDA EMPRESA DE MINERAÇÃO AGUIAR E SARTORI LTDA CONSTRUÇÃO CIVIL GNAISSE P/ BRITA AREIA / CONST. CIVIL AREIA / CONST. CIVIL AREIA / INDUSTRIAL GRANITO / BRITA AREIA / CONST. CIVIL GNAISSE / BRITA GNAISSE / BRITA AREIA / CONST. CIVIL AREIA / INDUSTRIAL AREIA / INDUSTRIAL Foto 7.15 Áreas oneradas por títulos minerários Parque Estadual da Serra do Mar Granito e Gnaisse p/ brita CUBATÃO Areia SÃO VICENTE Areia Areia para vidro Areia de Fundição Areia de Fundição Areia de Fundição Areia Areia de Fundição PRAIA GRANDE PRAIA GRANDE Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2009; Departamento Nacional de Produção Mineral, 2012.

193 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Foto 7.16 Pedreira Maria Teresa Março de 2013 Parque Estadual da Serra do Mar Fonte: Google Earth / Digital Globe, Foto 7.17 Mineração de areia de para fundição da empresa STAF Fonte: Google Earth / Digital Globe,

194 Foto 7.18 Cava de mineração de areia abandonada Fonte: M. Sérgio, n.d. Vegetação Em São Vicente, a vegetação da zona de amortecimento do PESM é formada por floresta ombrófila densa das terras baixas localizada na base das encostas da Serra do Mar. Já, nas áreas de terraços marinhos ocorre 54,55, 56 vegetação de restinga e, na planície flúvio - marinha, ocorrem grandes extensões de manguezais. As áreas de floresta ombrófila densa das terras baixas localizadas nas encostas da Serra do Mar são, em grande parte, secundárias, uma vez que apresentam alterações na organização funcional dos ecossistemas. 54 Manguezal é a vegetação com influência flúvio-marinha, típica de solos limosos de regiões estuarinas e dispersão descontínua ao longo da costa brasileira, entre os Estados do Amapá e Santa Catarina. Nesse ambiente halófito, desenvolve-se uma flora especializada, ora dominada por gramíneas (Spartina) e amarilidáceas (Crinun), que lhe conferem uma fisionomia herbácea, ora dominada por espécies arbóreas dos gêneros Rhizophora, Laguncularia e Avincennia. De acordo com a dominância de cada gênero, o manguezal pode ser classificado em mangue vermelho (Rhizophora), mangue branco (Laguncularia) e mangue siriúba (Avicennia), os dois primeiros colonizando os locais mais baixos e o terceiro os locais mais altos e mais afastados da influência das marés. Quando o mangue penetra em locais arenosos denomina-se mangue seco (Resolução CONAMA nº. 10/1993). 55 Vegetação de restinga é o conjunto das comunidades vegetais, fisionomicamente distintas, sob influência marinha e fluvio-marinha. Essas comunidades, distribuídas em mosaico, ocorrem em áreas de grande diversidade ecológica, sendo consideradas comunidades edáficas por dependerem mais da natureza do solo que do clima (Resolução CONAMA 07/1996). Formações de Restinga existentes na Ecorregião da Serra do Mar: Vegetação de praias e dunas - localizada próxima ao mar, sobre areia seca, onde se encontram ervas pioneiras reptantes escandentes e alguns arbustos. Jundú ou Escrube - seguindo em direção ao continente, nas partes mais altas das ondulações dos cordões arenosos, encontram-se arbustos com ramos retorcidos, bromélias terrícolas e cactáceas. Em áreas mais úmidas, entre cordões arenosos, o solo é sempre encharcado e a vegetação é herbáceo-arbustiva, composta por espécies paludais. Floresta baixa de restinga - localiza-se mais para o interior, após os cordões arenosos. A vegetação é mais alta, com arbustos e arvoretas, presença de bromélias, trepadeiras e orquídeas. Brejo de restinga - permanentemente inundado, com vegetação herbácea (RBMA, 2006). 56 As florestas ombrófilas densas de terras baixas ocorrem associadas à planície costeira e aos depósitos de talos na base das encostas, em altitudes inferiores a 50 metros. Ocupam os terrenos quarternários formados por sedimentos arenosos sobre solos podzólicos de drenagem moderada resultantes da erosão das serras costeiras. Trata-se de uma floresta bem desenvolvida com elementos dominantes formando um dossel denso e homogêneo em torno de 20 a 25 metros de altura. Nos talos próximos às encostas, onde o solo é profundo e rico em matéria orgânica proveniente de deslizamentos, a floresta é ainda mais desenvolvida, com ocorrência de árvores enormes de até 40 metros de altura e 3 m de DAP (RBMA, 2006).

195 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 Estas áreas são de fundamental importância para a manutenção do equilíbrio ecológico da zona núcleo do PESM e, presentemente, apresentam ocupações esparsas, constituídas de moradias precárias e sítios rurais, que não representam grandes pressões a esta Unidade de Conservação. Entretanto, é importante observar que uma futura expansão de moradias precárias e sítios rurais nesta localidade da zona de amortecimento podem prejudicar sobremaneira os atributos ambientais do PESM. Tal fato exige maior rigor do Poder Público no controle do uso e ocupação do solo, bem como maiores investimentos em programas habitacionais de interesse social no sentido de atender a demanda reprimida por moradia. No que tange a vegetação de restinga, esta se encontra bastante fragmentada e muito alterada do ponto de vista de suas características originais em virtude da extração mineral e, também, em face da expansão urbana, uma vez que os terraços marinhos, onde ocorre esta vegetação, são mais favoráveis à urbanização. Quanto aos manguezais, estes compõe o ecossistema de maior representação na zona de amortecimento do PESM em São Vicente, com 16 km 2, o que representa 13,3% dos manguezais da Baixada Santista (LAMPARELLI, 1998). 57 Na área continental do Município de São Vicente, este ecossistema encontra-se bem conservado e apresenta baixa taxa de ocupação urbana. Entretanto, cumpre mencionar que indústrias e o próprio Governo do Estado de São Paulo, com a construção de um presídio, têm avançado edificações sobre os manguezais. Além disso, a expansão de moradias precárias, principalmente nos bairros Humaitá, Pq. Continental, Quaternário e Ponte Nova, tem colocado em risco a preservação deste ecossistema. Foram propostas duas soluções para conter a expansão urbana sobre estes ecossistemas que se consubstanciam na criação de áreas protegidas que, até o presente momento não foram implementadas: Criação do Parque Estadual dos Manguezais da Baixada Santista, com uma área de 6000 ha, englobando os Municípios de Bertioga, Cubatão, Praia Grande, Santos e São Vicente (processo SMA de 10/05/1994). Criação de um parque intermunicipal que abrangeria os manguezais localizados as margens direita e esquerda do Rio Piaçabuçu em São Vicente e Praia Grande. Outro grave problema incidente sobre os manguezais em São Vicente é grande quantidade de resíduos sólidos neles depositados e que são carreados pelo movimento das marés, uma vez que o acúmulo de resíduos pode causar problemas estéticos e trazer riscos à saúde de humanos e à biota local (CORDEIRO, 2006). Assim, Cordeiro (2006, p. 30) entende que são necessárias várias ações que considerem o problema dos resíduos despejados irregularmente em manguezais, incluindo: Estabelecimento de políticas educacionais e de conscientização com atividades direcionadas à diminuição do consumo; Estabelecimento de programas locais de monitoramente e limpeza das áreas atingidas, auxiliando a mobilização da sociedade organizada; Aumento da cooperação entre pesquisadores, sociedade organizada e governo, para a instalação de tais ações; Regularização das áreas ocupadas às margens dos canais e implementação de serviços de saneamento básico nestas regiões. 57 Os manguezais apresentam grande importância ecológica uma vez que são berçários de peixes e crustáceos e, também, área de alimentação e descanso de aves (CORDEIRO, 2006). 195

196 j. A inserção do PESM e de sua zona de amortecimento na Lei de Uso e Ocupação do Solo do Município de São Vicente Conforme observado anteriormente, existe uma grande competição pelo uso e ocupação do solo no Município de São Vicente que envolve a expansão de atividades minerarias e urbanas de um lado e a proteção do meio ambiente natural de outro. O principal instrumento adotado pela Prefeitura Municipal de São Vicente no sentido de compatibilizar estes interesses divergentes é a Lei Complementar n.º 271/1999 que disciplina o uso e a ocupação do solo do Município de São Vicente. Para a área continental do Município de São Vicente, esta Lei Complementar definiu zonas destinadas ao desenvolvimento urbano e ao desenvolvimento ambiental (figura 7.3). No que tange as zonas destinadas ao desenvolvimento urbano (Zonas Urbanas ou Urbanizáveis), estas englobam os terraços marinhos e são as áreas já ocupadas e de ocupação futura para atender às demandas geradas pelo crescimento populacional e pelo desenvolvimento das atividades econômicas, sociais, culturais, de turismo, lazer e recreação que são divididas da seguinte forma (art. 7, I): Zonas de urbanização preferencial 1 a 4 (UP) zonas destinadas à ordenação e melhoria das condições de urbanização, através da implantação prioritária de equipamentos urbanos e comunitários, do adensamento de áreas já edificadas, e da indução à ocupação dos terrenos edificáveis. São destinadas a urbanização imediata ou futura, incluindo habitação, indústria, comércio, serviços e desenvolvimento turístico (art. 7, I, a). Zona de Urbanização Restrita(UR) - São áreas que devem ter seu processo de urbanização desestimulado, contido ou proibido temporariamente, em função de alterações significativas nos seus elementos naturais, e aquelas de vulnerabilidade a intempéries, calamidades e outras condições adversas ou, ainda, em função da necessidade de preservação do patrimônio histórico, artístico, arqueológico e/ou paisagístico (art. 7, I, b). Zona Habitacional de Interesse Social(ZHIS) - São áreas ocupadas irregularmente com habitações de população de baixa renda, em condições precárias e/ou insalubres, ou que serão destinadas para assentamentos de novas habitações, também para a população de baixa renda, que devem ser objeto de legalização da ocupação do solo e regularização específica da urbanização existente, bem como para implantação prioritária de infraestrutura, equipamentos urbanos e comunitários, visando à melhoria das condições de vida (art. 7, I, c). Zonade Transição Mista (TM) - são áreas de transição de uso do solo, apresentando predominantemente ocupação rural em processo de transformação, com a instalação de atividades industriais não poluentes, compatíveis com suas características ambientais (art. 7, I, e). Com relação às zonas destinadas ao desenvolvimento ambiental (Áreas Não Urbanizáveis), estas englobam ecossistemas significativos, em diferentes estágios de conservação, e necessárias ao equilíbrio ecológico e ambiental, demandando ações de preservação, conservação ou recuperação do patrimônio ambiental, dividindo-se em (art. 7, II): Zona de Preservação Permanente para Desenvolvimento Sustentado (PPDS) - Áreas preservadas pela legislação federal e estadual, nas quais se mantêm predominantes os ecossistemas primitivos em pleno equilíbrio ambiental, ocorrendo composição diversificada de espécies e organização funcional capazes de manter, de forma sustentada, uma comunidade de organismos balanceada, integrada e adaptada, podendo ocorrer atividades humanas de baixos efeitos impactantes, onde será permitida a ocupação de até 5% da área total, dentro da qual caberá a estrutura viária de transposição, sendo que para todas as atividades compatíveis será exigida a avaliação dos impactos ambientais e controle permanente, subdividindo-se em: 1) Parque Estadual da Serra do Mar; 2) Parque Estadual Xixová-Japuí; 3) Parque Municipal do Voturuá; 4) Cursos d água, áreas de mangues e restingas (art. 7, II, a).

197 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 Conservação Ambiental (CA) - são áreas que apresentam alterações nos ecossistemas originais, possuem ocupação rural e potencialidade para o cultivo de espécies nativas, ou que demandam proteção específica devido à sua localização, classificando-se em (art. 7, II, b): 58 Rural (CA 1) - São áreas que apresentam alterações na organização funcional dos ecossistemas primitivos, mas são capacitadas para manter em equilíbrio uma comunidade de organismos em graus variados e diversificados, mesmo com a ocorrência de atividades humanas intermitentes ou de baixo impacto ambiental, apresentando, ainda, potencialidade para o cultivo de espécies nativas, aqüicultura, piscicultura ou atividades correlatas, e atividades de recreação. Proteção Ambiental (CA 2) - São áreas que apresentam os ecossistemas parcialmente modificados, com dificuldades de regeneração natural pela exploração, supressão ou substituição de algum de seus componentes, em razão de ações antrópicas, localizando-se em extensões territoriais contíguas a cursos d água ou áreas significativas de mangue ou restinga, servindo como anteparo entre os assentamentos humanos e as encostas de morros. Recuperação Ambiental (RA) - São áreas que apresentam os ecossistemas primitivos profundamente modificados pela supressão de componentes, descaracterização de substratos terrestres e marinhos, alteração da drenagem ou da hidrodinâmica e pela ocorrência de assentamentos em locais inadequados, necessitando de intervenções diferenciadas para sua regeneração parcial; são áreas contaminadas por resíduos tóxicos, degradadas por mineração e áreas de mangues alteradas por assentamentos urbanos, cujas condições de implantação das atividades e categorias de uso serão definidas após avaliação do estágio de recuperação de cada área, levando-se em consideração o grau de degradação e o uso pretendido. 58 Importante o observar que a minuta do Decreto que cria o Zoneamento Ecológico Econômico da Baixada Santista (aguardando sanção do Governador do Estado de São Paulo) abriu a possibilidade de futuras alterações na Lei de Uso e Ocupação do Solo do Município de São Vicente de forma a possibilitar a instalação em as áreas de mangue de atividades industriais de baixo impacto, incluindo comércio e prestação de serviços; armazenamento, embalagem, transporte e distribuição de produtos e mercadorias; parques tecnológicos e a assentamentos urbanos. 197

198 Figura 7.3 Zoneamento municipal incidente sobre a área continental do Município de São Vicente PPDS CA1 CA2 RA TM UP RA UP UR ZHIS CA1 PPDS UR PPDS Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2009; Lei Complementar Municipal n.º 271/1999. A seguir apresenta-se um quadro síntese da situação atual, demandas, pontos críticos e oportunidades existentes no PESM em São Vicente conforme as diretrizes estabelecidas pela PNB e pelo PNAP (quadro 7.5).

199 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 k. Quadro 7.5 Quadro síntese: situação atual, demandas e pontos críticos em conformidade com as diretrizes estabelecidas pela PNB e pelo PNAP EIXOS SITUAÇÃO ATUAL E PONTOS CRÍTICOS DEMANDAS E OPORTUNIDADES Ampliar o processo de regularização fundiária; Planejamento, fortalecimento e gestão Eixo governança, participação, equidade e repartição de custos e benefícios Capacidade institucional Conselho gestor paritário, criado e em funcionamento; As ações visando o fortalecimento do papel do PESM como vetor de desenvolvimento regional e local são bastante reduzidas; 35% das terras do PESM em São Vicente não estão regularizadas do ponto de vista fundiário; Ausência de infraestrutura básica para o atendimento do uso público. Não há políticas públicas específicas para o Município de São Vicente que visem empreender e apoiar alternativas econômicas de uso sustentável da zona de entorno do PESM; Os trabalhos de inclusão social com o objetivo de contribuir com a redução da pobreza das comunidades locais são de pequena magnitude. Existem lacunas a serem preenchidas no que tange a capacitação dos gestores, técnicos e comunidades locais. Estas lacunas incluem questões administrativas, licenciamento, gestão de conflitos, programas de proteção, instrumentos de cogestão, concessão e gestão do uso público; Melhorar instrumentos de gestão e infraestrutura básica de funcionamento e vigilância, principalmente no que tange a Zona de Uso Conflitante; Melhorar a infraestrutura disponível para atividades de uso público (instalação de equipamentos e adequação das trilhas existentes); Produção de materiais educativos e informativos sobre o Parque; Articulação de ações de gestão das áreas protegidas com as políticas públicas das três esferas de governo e com os segmentos da sociedade; Criar e implementar o Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica (Lei da Mata Atlântica) com o objetivo de angariar recursos do Fundo de Restauração da Mata Atlântica para financiar pesquisa científica e projetos de conservação e restauração do meio ambiente. Implementar práticas de manejo sustentável dos recursos naturais e de ecoturismo na zona de amortecimento do PESM que contribuam com a inclusão social das comunidades locais e com a redução da pobreza. Inclui-se nesta diretiva: Criar um programa de turismo de base comunitária como alternativa para inclusão social; Capacitar moradores locais em situação de vulnerabilidade a atuar como monitores em ecoturismo; Criar programas de manejo de espécies nativas com o intuito de auxiliar na diminuição da demanda pela extração destas espécies no interior do PESM. Promoção de cursos de capacitação de gestores, técnicos e comunidades locais voltados para questões administrativas, licenciamento, gestão de conflitos, programas de proteção, gestão do uso público e instrumentos de cogestão e concessão com fundamento no Decreto Estadual nº /2011 que Institui o Programa de Parcerias para as Unidades de Conservação instituídas pelo Estado 199

200 Avaliação e monitoramento Ações de fiscalização baseadas em patrulhamento integrado com uma base de fiscalização localizada nas proximidades do Município de São Vicente; Nível de conhecimento científico do ecossistema local bastante incipiente, sendo este um fator que dificulta a tomada de decisão. Não há um instrumento de avaliação da eficácia e eficiência das ações voltadas para o cumprimento dos objetivos estabelecidos pelo Plano de Manejo. de São Paulo; Intensificar a estruturação e atuação integrada dos órgãos fiscalizadores; Estimular o desenvolvimento e utilização de tecnologias para a gestão, monitoramento e fiscalização do PESM e de sua zona de amortecimento; Estimular pesquisas voltadas para o desenvolvimento de tecnologias relacionadas à proteção, reabilitação e restauração de habitats; Estimular estudos científicos e desenvolvimento de tecnologias, visando a interação de estratégias de conservação in situ e ex situ, para a proteção e reabilitação de espécies ameaçadas de extinção; Estimular o uso de novas tecnologias nos estudos de taxonomia, sistemática, genética, paisagens e relações ecossistêmicas em unidades de conservação. Implementar avaliações da efetividade, eficácia e eficiência da gestão do PESM; Estabelecer e implementar procedimentos de avaliação contínua das tendências para o PESM; Identificar indicadores e estabelecer os protocolos para monitoramento do cumprimento dos objetivos do PESM.

201 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº Parque Estadual Xixová - Japuí (PEXJ) Março de 2013 O PEXJ foi criado pelo Decreto Estadual nº , de 27 de setembro de 1993 e é administrado pela Fundação para Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo (Fundação Florestal). Este Parque abrange um dos mais conservados fragmentos de Mata Atlântica da Baixada Santista que se destaca da Serra do Mar e que possui importância ímpar por sua localização à beira-mar. Sua área compreende 826 hectares divididos entre os Município de São Vicente (347 ha) e Praia Grande (554 ha), sendo 600 ha em terra e o restante em faixa marítima (foto 7.19) (SMA/FF, 2010). 59 Foto 7.19 Parque Estadual Xixová - Japuí São Vicente Praia Grande PEXJ Fonte: Fonte: Google Earth / Digital Globe, Esta Unidade de Conservação possui grande importância uma vez que engloba características únicas do ponto de vista natural, paisagístico e histórico-cultural, além de ser responsável pela proteção de um remanescente florestal localizado em uma região bastante atingida pelos impactos ambientais resultantes da ocupação urbana, industrialização e atividades portuárias (OLIVA, 2003). A área abrangida pelo PEXJ é constituída por um maciço rochoso datado do pré-cambriano e cercado por uma planície litorânea formada por sedimentos quaternários. Quanto ao maciço rochoso, são registradas para o local, rochas do período Arqueano ( milhões de anos) da Faixa de Dobramentos Apiaí, compreendendo o Complexo Costeiro formado por migmatitos metatexíticos de estruturas variadas, predominantemente estromáticas e oftálmicas; com diatexitos, incluindo termos facoidais, oftalmíticos e homofânicos de 59 O nome Xixová-Japuí é originário da língua indígena tupi-guarani e está relacionado aos dois maiores morros que integram o Parque Estadual. Existem dúvidas quanto ao significado real das palavras e do por que terem sido atribuídas aos morros. Segundo o Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente, o significado de xixová é morro pontudo, enquanto japuí é morro grande que mostra a entrada do rio ou porto (CELLULA MATER, 2000 apud. SMA/FF, 2010, p. 15). O Parque Estadual Xixová-Japuí remete-nos a chegada dos primeiros colonizadores ao Brasil. Foi diante dos maciços do Xixová e do Japuí Gaspar Lemos batizou o local como São Vicente, em homenagem a São Vicente Mártir, quando da chegada de três navios enviados pelo rei D. Manuel para explorar a costa brasileira (SMA/FF, 2010, p. 10). 201

202 paleossomas variados e migmátitos policíclicos complexos de paleossoma xistoso ou gnáissico (IPT, 1981b apud.sma/ff, 2010b, p. 29). Quanto ao seu relevo, este compreende morros isolados com topos arredondados que ocorrem na planície costeira. Nestes morros predominam declives médios a altos (> 15%) e amplitudes locais de 100 a 300m. Ademais, os mesmos apresentam vertentes ravinadas de perfis convexos a retilíneos, com drenagem de média a alta densidade, padrão dendrítico e vales encaixados (IPT, 1981a apud. SMA/FF, 2010b, p. 29). O gradiente altitudinal desta Unidade de Conservação varia da cota altimétrica 0 m (nível do mar) até 293 m (Morro do Xixová). Já, os Morros do Japuí e do Itaipu apresentam, respectivamente, 226 m e 172 m de altitude (OLIVA, 2003). No que tange a hidrografia, os principais cursos d água existentes no Parque localizam-se no setor denominado Paranapuã e guardam características originais por estarem confinados numa pequena bacia de drenagem, inteiramente protegida no interior do Parque, que deságua diretamente na Praia de Paranapuã, na Baía de São Vicente. As demais áreas de drenagem estão distribuídas entre as vertentes voltadas para o mar e as vertentes voltadas para o Canal do Mar Pequeno, ocorrendo diversas nascentes nas encostas dos morros do Parque (OLIVA, 2003, p. 73). Já, os principais ecossistemas representados são costão rochoso, praia arenosa, mata de restinga, mata de encosta e ecossistema marinho (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2012). Na área do PEXJ foram identificadas 457 espécies vegetais, compreendendo 294 gêneros e 106 famílias botânicas. Deste total, 13 espécies estão ameaçadas de extinção, incluindo a Palmeira Juçara, Caxeta, Cocão, Pau Brasil e Canela. Também compõe a flora desta Unidade de Conservação jundu, guapuruvu, ingá, embaúba, bromélias, brejaúva e figueiras. As formações vegetacionais incluem Floresta Ombrófila Densa Submontana (343,70 ha) e Floresta Ombrófila de Terras Baixas (190,39 ha), em estado inicial, médio e avançado de regeneração e Formação Arbórea/arbustiva-herbácea sobre sedimentos marinhos recentes (restinga) (SMA/FF, 2010b) (foto 7.20). Foto 7.20 Floresta Ombrófila Densa no interior do PEXJ Fonte: Giuliano Novais, n.d.

203 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 Quanto à fauna, foram identificadas 319 espécies de vertebrados, dos quais 13 são mamíferos terrestres, 21 mamíferos marinhos, 87 aves, 21 anfíbios, 35 répteis terrestres, 5 répteis marinhos e 137 peixes. Há registros de 68 taxons de zooplancton, além dos fitoplânctos, bentos consolidados e não consolidados (SMA/FF, 2010b). Dentre as espécies da mastofauna terrestre cumpre destacar a presença de gambás, preguiças, tatu-galinha, rato do mato, cutia, quati e diversas espécies de morcego. Já, no que tange à herpetofauna, o grupo mais diversificado entre os anuros da região é o da família Hylidae (pererecas) que são associadas a áreas abertas, ou corpos d água adjacentes a florestas. Quanto às espécies de répteis, cumpre mencionar espécies de serpentes (Dipsas petersi e Bothrops jararaca) e o lagarto verde (Enyalius iheringii) (SMA/FF, 2010b). Com relação às aves, destacam-se as espécies migratórias, incluindo trinta-réis-real, trinta-réis-de-bicovermelho, trintaréis-de-bico-amarelo, trinta-réis-de-coroa-branca, trinta-réis-sanduíche, gaivotão, batuíradebando e batuíra-de-coleira (OLIVA, 2003). A ictiofauna nas adjacências do PEXJ também possui grande importância, uma vez que as porções marinha e estuarina servem de abrigo e criadouro para fases jovens de pelo menos 40 espécies de peixes com importância comercial como corvina, merluza, espada, pescadas, goetes, bagres, tainhas, entre outros (SMA/FF, 2010b, p. 40). Quanto à herpetofauna estuarino-marinha, quatro das cinco espécies de tartarugas marinhas estão presentes na região do PEXJ. A espécie mais comum na região é a tartaruga-verde (C. mydas), mas também ocorrem a tartaruga-de-pente (E. imbricata), tartaruga-de-couro (D. coriácea) e tartaruga-cabeçuda (C.caretta), todas consideradas ameaçadas segundo as listas oficiais de animais em extinção (SMA/FF, 2010b, p. 46). 60 Com relação aos mamíferos marinhos, na área do PEXJ e entorno existem 5 espécies que encontram-se em alguma categoria de ameaça. A baleia azul e a baleia fin - criticamente ameaçadas; a baleia franca austral e a toninha - vulneráveis e o boto cinza - quase ameaçado (SMA/FF, 2010b, p. 46). Ademais, cumpre ressaltar que o PEXJ abriga ainda um importante patrimônio histórico-cultural que inclui o Curtume Cardamone (conhecido como Curtume São Vicente, marco importante do processo de industrialização da Baixada Santista, inaugurado no final do século XIX, por volta de 1897, devido à proximidade com extensas porções de manguezal, de onde era extraído o tanino). Outro patrimônio importante é a Fortaleza de Itaipu, cuja construção iniciou-se em 1902, tendo sido inaugurada em 1903, com o objetivo de proteger o Porto de Santos (OLIVA, 2003, p. 76). Dentre as atividades conflitantes existentes na área do PEXJ cumpre mencionar a visitação descontrolada, a existência de população residente no interior do Parque, a caça, a extração de produtos florestais, a pesca por moradores e não moradores, a presença descontrolada de embarcações de passeio, a presença de animais domésticos, a soltura de animais exóticos, as atividades militares em porção do Parque sobreposta a Fortaleza Itaipu (Exército) e a ocupação indígena na praia de Paranapuã desde 2004 (SMA/FF, 2010a). a. Conselho gestor O Conselho Gestor Consultivo do PEXJ foi constituído no ano de 2009 (Portaria Normativa FF/DE n 103/2009 de 06/11/2009) e é presido pelo engenheiro florestal Joaquim do Marco Neto, gestor desta Unidade de 60 De todas as espécies de anfíbios e répteis que ocorrem na região do PEXJ, apenas a tartaruga marinha Chelonia mydas encontra-se listada como ameaçada de extinção, na categoria "vulnerável" (VU) da Lista de Répteis Ameaçados do estado de São Paulo (Marques et al., no prelo) e na do Ibama, 2003, e como "em perigo" (EN) na lista vermelha mundial de espécies ameaçadas da IUCN, 2008 (SMA/FF, 2010b, p. 40). 203

204 Conservação. Ele é constituído atualmente por 11 entidades da sociedade civil e 11 representantes de órgãos governamentais de diversas esferas (quadro 7.6). Quadro 7.6 Composição do Conselho Gestor Consultivo do PEXJ Poder Público Fundação Florestal Instituto Florestal Secretaria de Meio Ambiente de Praia Grande Prefeitura de Praia Grande Secretaria de Turismo de São Vicente Secretaria de Meio Ambiente de São Vicente Polícia Militar Ambiental Ibama Corpo de Bombeiros Agem Unesp Sociedade Civil SOS Itaquitanduva (ONG) Tuim Ambiental Instituto Maracajá Caa-oby / Instituto Maramar Colônia de Pescadores Z-4 André Rebouças Caiçara Expedições Unimonte Senac Associação Amigos do Parque Prainha Bairro Japuí Bairro Canto do Forte Fonte: Secretaria de Estado do Meio Ambiente; Fundação Florestal, b. Infraestrutura A infraestrutura do PEXJ ainda é bastante precária, este possui apenas um escritório administrativo localizado no Parque Prainha / Praia do Paranapuã, dentro da área do Parque, e um posto de fiscalização no mesmo local. Ademais, existe uma forte demanda para: Implantação de um centro de visitantes com banheiros, centro de interpretação ambiental, salões de vídeo e de conferências; 61 Infraestrutura de apoio ao turismo que inclui duchas de água doce, banheiros, telefone público, quiosque ou lanchonete; Alojamentos e laboratório para apoio as atividades de pesquisa e educação ambiental; Instalação, de pontos de fiscalização e de sinalização, além de escadas, parapeitos e corrimãos nos pontos críticos. c. Recursos humanos 61 Importante observar que existe uma proposição, dentro da primeira eta plano de Manejo, de se aproveitar as antigas instalações do Curtume de São Vicente, a partir de sua restauração, de forma a transformá-las em um Centro de Visitantes (OLIVA, 2003).

205 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 Segundo o Plano de Manejo do PEXJ, existem 22 profissionais atuando diretamente junto a esta UC, sendo 16 destes terceirizados (SMA/FF, 2010) (tabela 7.5). Os estudos realizados pelo Plano de Manejo do PEXJ constataram que o quadro de funcionários dedicados a esta Unidade de Conservação melhorou sensivelmente. Entretanto, o mesmo documento constatou também que o atual quadro de funcionários ainda é insuficiente para atendimento das demandas existentes e não preenche todas as funções necessárias ao desenvolvimento de uma unidade de conservação de proteção integral, o que acaba por sobrecarregar todo o quadro de funcionários. Faltam técnicos para laudos e pareceres, coordenadores para os programas de Pesquisa e Manejo, Interação Socioambiental e Uso Público e ainda a necessidade de pessoal para serviços de manutenção das edificações (pintura, elétrica, hidráulica etc), equipamentos, mobiliário e limpeza de áreas com roçadas, como pátios, trilhas, aceiros e divisas, serviços esses que demandam considerável parte do tempo de alguns funcionários. Tal fato leva ao distanciamento de atendimento das demandas de uso público e fiscalização e, ainda, dificulta a interação da UC com as comunidades do entorno (SMA/FF, 2010a, p. 308). Convém mencionar que a diminuta disponibilidade de recursos humanos para o PEXJ, principalmente para as atividades de monitoria, proteção e fiscalização, se torna bastante crítica nos períodos de temporada, onde ocorre um afluxo significativo de turistas na área do Parque, o que acarreta maior risco de acidentes, bem como degradação ambiental e acumulo de resíduos sólidos. Outro problema são as demandas para cursos de capacitação, reciclagem e atualização profissional que não ocorrem regularmente. Há demandas para cursos de aprimoramento em informática, administração pública, geoprocessamento e gestão de Pessoas que não vêm sendo atendidas. Quanto aos funcionários que exercem atividades em campo, como guardas-parques e monitores ambientais, há demandas de capacitação em questões relacionadas à visitação pública e proteção, como salvatagem, manejo de animais peçonhentos, primeiros socorros e defesa pessoal. Além de cursos de atualização em legislação ambiental, computação básica para elaboração de relatórios, cartografia, manuseio de GPS, entre outros, para melhor desempenho das atividades em campo (SMA/FF, 2010a). No que tange a vigilância patrimonial terceirizada, que compõem a maior parte da mão de obra do PEXJ, esta conta com um quadro de doze homens que se revezam 24 horas na segurança em três pontos fixos e sem mobilidade para atuar em outras áreas do PEXJ. Porém, esses profissionais podem usar armas nas suas atividades, o que atualmente não é permitido aos guardas-parque (SMA/FF, 2010b, p. 79). Neste caso, a situação é bastante preocupante, uma vez que as empresas de proteção patrimonial, a qual estes vigilantes estão vinculados, não tem tradição no desenvolvimento de trabalhos em unidades de conservação. Neste caso, constatou-se a urgência na realização de cursos sobre a importância e funcionamento de áreas protegidas, legislações específicas e atendimento ao público em unidades de conservação. Ademais, atentou-se que para a eficiência deste processo deve-se diminuir a rotatividade dos funcionários terceirizados, tanto da vigilância patrimonial quanto da monitoria e limpeza (SMA/FF, 2010a). Para suprir parte destas deficiências, a Fundação Florestal promoveu, no mês de maio de 2010, um curso de capacitação para os 12 agentes de fiscalização terceirizados do Parque Estadual Xixová-Japuí. Foram abordados temas como legislação ambiental, primeiros socorros, noções de cartografia, atendimento ao público e sobre as características biofísicas e histórico-culturais desta Unidade de Conservação. Os participantes também realizaram atividades de reconhecimento de área no PEXJ (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2012). Segundo o Plano de Manejo, há uma tendência de terceirização de serviços como vigilância patrimonial, portaria, limpeza e manutenção geral e de áreas verdes nas unidades de conservação do Estado de São Paulo. 205

206 Apesar de a terceirização desses serviços ter garantido certa dinâmica de trabalho nas áreas protegidas ao melhorar o quadro de pessoas e equipamentos, a rotatividade das pessoas e as dificuldades de capacitação dos funcionários ou de gestão dos contratos têm dificultado a gestão (SMA/FF, 2010a). Outro ponto a ser ressaltado é a necessidade de adequação dos contratos com as empresas fornecedoras desta mão de obra de forma a se considerar as especificidades existentes para o desenvolvimento de trabalhos de vigilância em unidades de conservação. Como exemplo, os vigilantes patrimoniais, atualmente, são contratados sem passar por nenhum treinamento específico sobre a temática ambiental das unidades de conservações que envolve situações bastante peculiares como, por exemplo, o contato direto com a comunidade de entorno, o entendimento da dinâmica da atuação de infratores ambientais (caçadores e extratores de recursos naturais) e o suporte as atividades de educação ambiental (SMA/FF, 2010a). Importante observar que as atividades de vigilância patrimonial terceirizada estão restritas a proteção do patrimônio construído e ao controle de trânsito de veículos e pessoas na área do Parque através de guaritas. Já, as atividades de fiscalização extensiva, que exigem conhecimentos específicos, além de treinamento e atualização constantes, são realizadas por 3 agentes de fiscalização concursados, com vínculos mais efetivos com esta área protegida (dois pertencentes ao quadro do Instituto Florestal e um da Fundação Florestal). Estes agentes, além das atividades de fiscalização, dão apoio na orientação e educação ambiental junto ao público, e fazem acompanhamento de estudantes e pesquisadores, devido à criminalidade existente nos bairros do entorno; fazem ainda parte dos serviços de manutenção. O regime de trabalho dos guardas-parque é de oito horas/dia, com revezamento de plantões nos finais de semana. Portanto, a quantidade de funcionários existentes não permite que trabalhem simultaneamente durante toda semana (SMA/FF, 2010b, p. 79). Desta forma, pode-se concluir que a contratação de mais profissionais concursados, com melhor qualificação profissional, de forma a reduzir o número de terceirizados e a rotatividade de funcionários é uma ação desejável no sentido de se compatibilizar o uso público com a segurança dos visitantes e a proteção do patrimônio natural e cultural desta Unidade de Conservação, bem como, também, para ampliar os trabalhos de vigilância extensiva. Tabela 7.5 Caracterização do quadro de funcionários do PEXJ EQUIPE DO PEXJ Gestão: 01 Administração: 01 Apoio à gestão: 01 Função Principal Vinculo Empregatício Nível de Escolaridade (funcionários da FF e IF) Manutenção, proteção e fiscalização: 03 Proteção e fiscalização em bases fixas: 12 (empresa terceirizada) Limpeza e manutenção patrimonial: 01 (empresa terceirizada) Monitor Ambiental: 03 (empresa terceirizada BK Consultoria) Instituto Florestal: 02 Instituto de Botânica: 01 Empresas terceirizadas: 16 Fundação Florestal: 03 Superior completo: 02 Médio completo: 02 Fundamental completo: 02

207 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 Total (março 2010) 22 funcionários Fonte: Secretaria de Estado do Meio Ambiente; Fundação Florestal, d. Zoneamento O Plano de Manejo do PEXJ, publicado em 2010, foi elaborado a partir do levantamento e a análise de dados primários e secundários dos temas biodiversidade, meio físico, pressões e ameaças causadas pela ocupação humana, uso público, patrimônio histórico-cultural, gestão administrativa e proteção do Parque. Esses levantamentos resultaram em diagnósticos e avaliações sobre os diversos temas estudados e, também, em propostas, sugestões e recomendações sobre os temas. Além disso, estes levantamentos foram utilizados para definir o zoneamento do Parque e de sua zona de amortecimento (SMA/FF, 2010a). Zoneamento do PEXJ Para efeitos de administração o PEIA foi dividido em nove zonas de uso pelo Plano de Manejo, sendo estas: Histórico-Cultural; Primitiva; Recuperação Intensiva; Recuperação Extensiva; Recuperação Marinha; Uso Extensivo, Uso Extensivo Marinha; Uso Intensivo e Uso Especial. Convém mencionar que 50,18% (442,77 ha) do PEXJ estão englobados em área de recuperação extensiva, demandando, portanto, pequenas intervenções de manejo, e 2,89 do% (25,48 ha) englobados em área de recuperação intensiva, exigindo, deste modo, grandes intervenções de manejo (SMA/FF, 2010a). A seguir, a figura 7.4 traz o Zoneamento do Parque Estadual Xixová Japuí e o quadro 7.7 as características e objetivos gerais de suas zonas, bem como as suas áreas totais. 207

208 Figura 7.4 Zoneamento do Parque Estadual Xixová Japuí Fonte: Secretaria de Estado do Meio Ambiente; Fundação Florestal, 2010.

209 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 Quadro 7.7 Características e objetivo geral do zoneamento do Parque Estadual Xixová Japuí ZONAS CARACTERÍSTICAS OBJETIVO GERAL Área (ha) Zona Primitiva Zona de Recuperação Extensiva Zona de Recuperação Intensiva Contempla remanescentes de FODSM, em melhor estado de conservação, contendo espécies da flora e da fauna ou fenômenos naturais de grande valor científico. Por ser a única área no interior do PEXJ em melhor estado de conservação, estabeleceu-se o não desenvolvimento de atividades de educação e visitação pública nesta zona. É aquela que contém áreas já recuperadas em estágio avançado de conservação que necessitam ainda de alguma recuperação que se dará de forma natural ou com pequenas intervenções de manejo. Estas áreas consistem em trilhas e estradas e apresentam vegetação resultante de processos naturais de sucessão, cuja supressão parcial da vegetação primária ocorreu devido às ações antrópicas, e posteriormente por ações naturais (invasões de espécies e ações do efeito de borda), contendo espécies vegetais arbóreas remanescentes da vegetação primária. Os estágios de regeneração secundária são variados para os setores da UC, sendo evidente a pressão antrópica sobre a vegetação em diversos trechos do PEXJ, interferindo na dinâmica natural das espécies vegetais. Constituem-se de áreas consideravelmente alteradas pelo homem, nas quais a recuperação somente ocorrerá com a intervenção. A formação vegetal é representada, na maioria desses casos, por áreas abertas com predomínio de gramíneas e presença de espécies arbóreas isoladas. Essas áreas estão distribuídas em formação original de FODSM e FODTB e localizamse adjacentes às Zonas de Uso Intensivo, como, por exemplo, o início e o final das trilhas do Curtume e de Itaquitanduva, áreas próximas ao Chapéu-de-Sol, ou na área do Curtume Cardamone. Devido à fragilidade da área, não é permitido o desenvolvimento de atividades de educação ambiental (foto 7.21). Preservação do ambiente natural e ao mesmo tempo facilitar as atividades de pesquisa científica e assegurar a qualidade dos cursos d água. Deter a degradação do patrimônio natural ou restauração, por meio da recuperação natural ou com pequena intervenção. Para tanto, os objetivos específicos são: Conter processos erosivos e de assoreamento, promovendo a recuperação natural ou com pequena intervenção; Monitorar e manejar as espécies exóticas de flora e fauna visando excluí-las do contexto da UC por meio de metodologias de mínimo impacto; Proporcionar objeto de pesquisa e de monitoramento ambiental; Reintegrar as áreas recuperadas ao ecossistema existente no PEXJ. Restaurar a área a fim de deter a degradação dos recursos naturais. Para tanto, seus objetivos específicos são: Conter processos erosivos e de assoreamento, promovendo a restauração, inclusive com execução de obras de engenharia, se necessário; Monitorar e manejar as espécies exóticas de flora e fauna visando excluí-las do contexto da UC por meio de metodologias de mínimo impacto; Eliminar áreas de campo antrópico e promover a recuperação induzida da vegetação original; 74,99 8,50 442,77 50,18 25,48 2,89 Porcentagem (%) 209

210 Proporcionar objeto de pesquisa e de monitoramento ambiental; Reintegrar as áreas recuperadas ao ecossistema existente no PEXJ. Zona de Recuperação Marinha É aquela que abrange a parte marinha alterada pelo homem principalmente em decorrência da poluição. Localiza-se entre a saída do estuário e a ponta do costão do Paranapuã (dentro da Baía de Santos). Deter a degradação dos recursos naturais marinhos. Para tanto, seus objetivos específicos são: Minimizar os impactos das atividades antrópicas sobre a área marinha; e Proporcionar objeto de pesquisa e de monitoramento ambiental. 16,42 1,86 Zona de Uso Extensivo São as praias de Paranapuã e Canto do Forte, onde ocorrem espécies de aves migratórias ameaçadas de extinção, podendo apresentar alguma alteração humana (foto 7.21). Manutenção de um ambiente natural com mínimo impacto humano, possibilitando oferecer acesso e facilidade para pequenos grupos para fins educativos. Para tanto, deve-se propiciar atividades de educação ambiental voltadas à interpretação da natureza. 8,06 0,91 Zona de Uso Extensivo Marinho Abrange a área marinha constituída por alguma alteração humana. Esta zona corresponde a 250m a partir da linha da costa do PEXJ, incluindo o Parcel dos Moleques, da ponta do costão do Paranapuã até o limite da Praia Grande. Manutenção de um ambiente natural com mínimo impacto humano, embora haja acesso ao público com facilidade, para fins educativos e recreativos. Para tanto, os objetivos específicos são: Propiciar atividades de uso público voltadas à interpretação e ao contato com a paisagem e o patrimônio natural do PEXJ, sob estratégias de educação, interpretação, arte e lazer contemplativo; 295,50 33,49 Estimular o desenvolvimento de atividades de lazer e recreacional que explorem a composição da paisagem costeira marinha. Facilitar a recreação de baixo impacto, e educação ambiental em harmonia com o meio. Seus objetivos específicos são: Zona de Uso Intensivo É aquela constituída, por áreas naturais com alteração antrópica que concentram as atividades ligadas ao uso público de maior intensidade. Compreende as áreas onde serão implantados os equipamentos e a infraestrutura de apoio à visitação: (1) localizada 210róximo à av. dos Tupiniquins; (2) trilha do Curtume (3) trilha dos Surfistas (ou Itaquitanduva), (4) praia de Itaquitanduva e (5) os Fortes, onde já são realizadas as visitas conduzidas pelo Exército (fotos 7.22 e 7.23). Instalar, operar e manter as edificações necessárias para o uso público do Parque, mais especificamente: centros de visitantes, bases de apoio à visitação, quiosques, lanchonetes, trilhas, postos de informação e acessos para veículos motorizados; Possibilitar o acesso a informações de todos os níveis e de diferentes formas, como audiovisual, exposições, folders, mapas temáticos ilustrativos, maquetes etc; Terceirizar a operação de equipamentos, instalações e serviços nas áreas de domínio do Estado mediante o estabelecimento de convênios, termos de cessão de uso, contratos de terceirização e de co-gestão. 11,44 1,30

211 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 Zona de Uso Especial É aquela que contêm as áreas destinadas à administração, manutenção e serviços da UC, abrangendo habitações, oficinas, garagens para veículos, barcos, geradores entre outros. São áreas controladas de forma a não conflitarem com seu caráter natural e, sempre que possível, estão localizadas na periferia da unidade de conservação. A Zona de Uso Especial, em Paranapuã, considerou os critérios e recomendação do Roteiro Metodológico, como disposição nos limites da UC e áreas relativamente alteradas, embora frágeis, agregando, contudo, o importante fator de ser a única área de posse e domínio do estado, onde efetivamente é possível se implantar a área administrativa e de serviços do Parque Estadual Xixová-Japuí. As vias de acesso (incluindo as de servidão) consideradas estratégicas para a proteção e controle da UC também estão inseridas nesta Zona. Minimizar o impacto da implantação de estruturas ou os efeitos das obras no ambiente natural ou cultural da UC. Os objetivos específicos são: Garantir o controle dos principais acessos ao Parque. Abrigar e ampliar, a sede administrativa do PEXJ; Instalar bases de fiscalização compostas por equipamentos, guaritas e/ou alojamento/residências de funcionários em locais estratégicos; Operar determinados acessos cuja função principal é a proteção e monitoramento do Parque; Instalar portais e postos de fiscalização junto à entrada e saída das principais trilhas. 6,24 0,71 Zona Histórico-Cultural É aquela onde são encontrados patrimônios históricos e culturais materiais, que serão preservados, estudados, restaurados (quando necessário) e interpretados para o público, servindo à pesquisa e educação (foto 7.24). Proteger sítios históricos em harmonia com o meio ambiente. Seus objetivos específicos são: Propiciar o desenvolvimento de atividades de pesquisa, restauração, valorização e conservação dos bens culturais existentes no PEXJ; 1,41 0,16 Oferecer atrativos turísticos e educacionais. Fonte: Secretaria de Estado do Meio Ambiente; Fundação Florestal,

212 Foto 7.21 Zona de Recuperação Intensiva (entorno da trilha da Praia de Itaquitanduva) Fonte: Rafael Moreira Lima, n.d. Foto 7.22 Zona de Uso Extensivo (Canto do Forte) Fonte: Marco Vetter, n.d.

213 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Foto 7.23 Zona de Uso Intensivo (Praia de Itaquitanduva) Março de 2013 Fonte: Alexandre Neves, n.d. Foto 7.24 Zona Histórico-Cultural (Fortaleza de Itaipu) Fonte: Cleuviston, n.d. 213

214 Zona de Amortecimento do PEXJ A zona de amortecimento do PEXJ foi delimitada considerando um raio de 10 km desta Unidade de Conservação e seu objetivo geral é definir as diretrizes para o ordenamento territorial minimizando e disciplinando os vetores de pressão negativos no entorno do Parque Estadual de forma a proteger e recuperar os mananciais, os remanescentes florestais, a biota marinha e a paisagem na Zona de Amortecimento do Parque Estadual Xixová Japuí, além de estimular atividades econômicas compatíveis com a manutenção dos processos ecológicos naturais. Dentre os seus objetivos específicos são (SMA/FF, 2010a, p ): 62 Integrar ações com as demais instituições do SEAQUA - Sistema Estadual de Administração da Qualidade Ambiental; Articular com os municípios, a sociedade e instituições responsáveis pelo planejamento territorial, gestão do uso da terra e da área costeira-marinha, o apoio à elaboração e ou revisão dos planos diretores municipais e regionais de forma integrada, maximizando ganho ambiental em toda ZA; Articular e apoiar a elaboração e implantação de ações e projetos visando o desenvolvimento sustentável da região e, em particular comunidades vizinhas ao PEXJ; Contribuir para elevar a sua qualidade ambiental, a melhoria de vida da população e a proteção do patrimônio natural, histórico, étnico e cultural; Contribuir para a integração da dimensão ambiental nas políticas setoriais de forma a conciliá-las com os objetivos da unidade de conservação; Colaborar no controle dos agentes causadores de poluição ou degradação ambiental; Elaborar pareceres técnicos nos processos de licenciamento de empreendimentos ou atividades que causem impactos diretos ou indiretos mensuráveis nos corredores ecológicos existentes na ZA; Articular e apoiar projetos que contribuam para incorporar as comunidades vizinhas às atividades de conservação e uso indireto do PEXJ; Restringir a implantação de empreendimentos e execução de atividades com impacto negativo sobre a UC. Adicionalmente, tem como objetivo a manutenção de corredor entre costa, mangues e restingas, especialmente para aves, ao. Possibilitar a conectividade biológica entre o PEXJ e o PESM; Aumentar a conectividade e porosidade da matriz entre as duas UC; Aumentar o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas. A zona de amortecimento foi setorizada em três áreas definidas como ZA Setor 1, ZA-Setor 2 e ZA - Setor 3. Para a definição destas zonas foram considerados os Planos Diretores dos municípios de São Vicente e Praia Grande, bem como os vetores de pressão mediatos e imediatos e os remanescentes florestais (Figura 7.5, Quadro 7.8). 62 A Resolução SMA 11/2010 estabelece em seu Art. 2º que deverão ser submetidos para análise e expedição de anuência do órgão gestor das unidades de conservação os processos de licenciamento dos seguintes empreendimentos ou atividades: I - aqueles enquadrados nas seguintes tipologias: a) refinarias de petróleo; b) siderúrgicas; c) indústrias em que haja processos de redução de minério; d) indústrias de celulose; e) indústrias de vidro plano; f) usinas de açúcar e álcool; g) indústrias de cimento ; h) incineradores industriais; i) indústrias de automóvel; j) indústrias de fertilizantes que processem rocha fosfática; k) complexos químicos ou petroquímicos; l) transbordo, tratamento e disposição final de resíduos sólidos; m) estradas; II - quaisquer tipologias que venham a acarretar: a) supressão de vegetação nativa em área superior a 5,0 (cinco) hectares; b) supressão de vegetação nativa em área superior a 1,0 (um) hectare em área com cobertura florestal contígua à unidade de conservação; c) impactos na qualidade e/ou quantidade de água em bacia de drenagem a montante da unidade de conservação.

215 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Figura 7.5 Zona de Amortecimento do Parque Estadual Xixová Japuí Março de 2013 Fonte: Secretaria de Estado do Meio Ambiente; Fundação Florestal,

216 Quadro 7.8 Características e objetivo geral da zona de amortecimento do Parque Estadual Xixová Japuí ZONAS ABRANGÊNCIA NORMAS Área (ha) ZA Setor 1 ZA Setor 2 ZA Setor 3 Na parte terrestre com ocupação consolidada: 100m do limite da UC e áreas contíguas de vegetação natural. Na parte marinha: bordeia o canal até isóbata de 20m ao sul, até altura da Cidade Ocean/PG, segue a orla da isóbata 5m até o PEXJ incluindo o emissário submarino da PG. A ZA Setor 2 consiste na área dos 10 Km do PEXJ, com ajustes que utilizem referências facilmente identificáveis no campo (estradas, ruas, rios e divisores dentre outros) O Setor 3 tem como objetivo a manutenção de corredor entre costa, mangues e restingas, especialmente para aves. Este Setor foi estabelecido após as reuniões com a Comissão de Biodiversidade, Florestas, Parques e Áreas Protegidas, sendo subdivido em Setor 3A e Setor 3B. Constituem duas áreas, predominante florestadas entre São Vicente, Praia Grande e Santos, desde morros costeiros até planície interior, incluindo também parte das áreas urbanas que possibilitem a conexão com outras áreas naturais. A conservação da biodiversidade não depende apenas de uma melhor distribuição de unidades de conservação nas diferentes regiões biogeográficas, mas também do manejo da matriz e dos corredores da paisagem, de forma a otimizar as possibilidades de troca entre as áreas naturais (Franklin, 1993; Metzger, 1999). A efetiva proteção de espécies ao longo de áreas estratégicas, localizadas entre as UC, constitui um mecanismo mais eficiente e menos oneroso do que se Não são permitidos a pesca industrial e arrasto de parelha; Atividades que deverão ter parecer do PEXJ no licenciamento: emissários submarinos, na área marinha; na área urbana o PEXJ deverá se manifestar sobre construções/ e ampliação, que exigem EIA/ RIMA, em áreas naturais ou contíguas a estas junto ao órgão licenciador; lançamento de efluentes; A UC deverá se manifestar sobre as atividades estabelecidas em Resolução especifica SMA, bem como: - expansão portuária, que exijam EIA/RIMA; - dragagem de manutenção e aprofundamento de canal; - implantação de infraestrutura de transporte, rede de água e esgoto e duto de combustíveis e gás, que exijam EIA/RIMA; - Mineração que exijam EIA/RIMA; - construção, e ampliação de marinas e garagens náuticas, em SV; - outras atividades com supressão de vegetação que exijam EIA-RIMA ou RAP cuja área de influência direta atinja o PEXJ Apoiar nos municípios a difusão e aplicação da legislação ambiental incidente, principalmente o Código Florestal, a Lei da Mata Atlântica, a Lei de Proteção e Recuperação dos Mananciais e a Lei de Crimes Ambientais; Incentivar a criação de UC de proteção integral municipais; Incentivar a criação de RPPN; Identificar e realizar estudos prévios nas áreas de remanescentes florestais contínuos ao PEXJ para melhorar sua proteção legal, em articulação com prefeituras e proprietários; Realizar o monitoramento anual do uso do solo para avaliar qualidade ambiental, os processos de gestão, dinâmica e os impactos das atividades sócio-econômicas; ,42 28, ,71 56, ,65 14,9 Porcentagem (%)

217 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 buscar conectar fisicamente os remanescentes vegetais. Um conjunto de pequenos fragmentos isolados, porém próximos, pode efetivamente proporcionar vias de acesso, funcionando como stepping stones ou caminho das pedras (Fonseca et..al, 2004). Assim, os corredores devem proporcionar a manutenção ou incremento do grau de conectividade por meio de ações que permitam a maximização do fluxo de indivíduosde diferentes espécies que compõem a biodiversidade de uma área. Essas ações incluem o combate a caça ilegal, a criação de novas UC, incentivo à RPPN por meio do Programa de Apoio às RPPNs (Decreto Estadual n , de 03/10/06), o estímulo à conservação das áreas florestais estrategicamente situadas (tais como as Áreas de Preservação Permanente) e o incentivo à regeneração natural ou induzida das florestas (Fonseca et.al, 2004), com averbação de Reservas Legais. O mapa apresentado foi elaborado com base nos remanescentes vegetais existentes. Para tanto foram feitas além da análise das fotografias aéreas, recomendações dos diagnósticos e discutidas em reuniões técnicas de zoneamento e oficinas. Constituem duas áreas, predominante florestadas entre São Vicente, Praia Grande e Santos, desde morros costeiros até planície interior, incluindo também parte das áreas urbanas que possibilitem a conexão com outras áreas naturais. Fonte: Secretaria de Estado do Meio Ambiente; Fundação Florestal, Incentivar atividades de ecoturismo; Incentivar a vacinação de animais domésticos e de criação; Articular com indústrias e grandes empresas do entorno do PEXJ para investirem em projetos de responsabilidade social e desenvolvimento sustentável; Não é recomendado o descarte de efluentes sem tratamento primário nem o lançamento de material dragado; Apoiar e incentivar a rearborização das praças e avenidas, preferencialmente, com espécies nativas do bioma Mata Atlântica; Estimular o estabelecimento de viveiros (programa de interação ambiental); Manutenção dos mangues, restingas e florestas ombrófilas existentes; Estabelecer programa de monitoramento espacial (INPE, SMA, prefeituras, AGEM); Estimular recuperação de áreas degradadas ou ocupadas irregularmente nos trechos deste setor. 217

218 e. Situação fundiária Dos 600 ha de área terrestre do PEXJ, foram verificados 504,25 ha de terras, faltando 95,94 ha a verificar. Dos 504,25ha discriminados, 412,15 ha são áreas de domínio público, e 92,09 ha de domínio privado. Dos 412,15 ha de áreas de domínio público, foram verificados 396,63 ha pertencentes à União (incluindo Marinha e Exército) e 15,51 ha pertencentes ao Estado de São Paulo. Completam a problemática que envolve o PEXJ a existência de posseiros e de uma comunidade indígena Tupi Guarani (SMA/FF, 2010). Desapropriação indireta Um entrave importante no que tange a regularização fundiária são os diversos processos de desapropriação indireta, em curso na Justiça Estadual de São Vicente, incluindo (OLIVA, 2003, p. 77): 63 Processo n.º 1.453/93 da 3a Vara Civil de São Vicente (Praia das Pedras Brancas Urbanismo e Construção S.A.); Processo n.º 1.710/95 da 2ª Vara Civil de São Vicente (Elza Barbosa), Processo n.º 57/96 da 3a Vara Civil de São Vicente (Renato Ferrari e s/m Michelina D Andretta Ferrari); Processo n.º 1.486/94 da 3a Vara Civil de São Vicente (Eduardo Ferreira Lafraia e outros), Processo n.º 1.289/96 da 2a Vara Civil de São Vicente (ENGETERPA Engenharia, Terraplenagem e Pavimentação); Processo n.º 1.033/93 da 2a Vara Civil de São Vicente (Empreendimentos de Livre Empresa Nacional S/A). Além disso, nas áreas limítrofes ao PEXJ existem terrenos que são constituídos, ao menos em parte, por terrenos de marinha e acrescidos, incluídas aí as áreas denominadas Sítio Girau e Sítio Campina do Padre, entre outras. Como grande parte dessas áreas foi englobada por particulares, detentores do domínio útil de tais terrenos, a União vem manifestando interesse concreto em alguns processos judiciais que têm sido deslocados para a Justiça Federal de forma a se verificar a higidez dos títulos de domínio incidentes sobre tais áreas, incluídos aí o caso da Ação de Desapropriação Indireta movida pelo Curtume São Vicente Ltda contra a Fazenda Pública do Estado de São Paulo e a Ação de Usucapião movida pela empresa Brasterra Empreendimentos Imobiliários Ltda, que envolve área do Sítio Campina das Almas. Ocupação indígena Em 23 de janeiro de 2004, indígenas da etnia Tupi Guarani, oriundos de outras aldeias do litoral sul paulista (Aguapeú / Mongaguá, Itaóca / Itanhaém e Piaçaguera/Peruíbe) ocuparam áreas localizadas no interior do PEXJ (grupo de 36 pessoas, distribuídas em 3 áreas distintas, sendo que duas destas áreas estão localizadas em próprio do Estado Gleba C e outra está localizada em próprio da União - Gleba A). Tal situação levou o Instituto Florestal a ingressar com pedido de reintegração de posse dessa área junto a Justiça Federal (Ação Civil Pública Processo ª Vara Federal em Santos) que aguarda elaboração de laudo antropológico. Assim, a atual posse dos locais ocupados pela população indígena na área do PEXJ é precária e garantida por força de uma liminar concedida nos autos da Ação Civil Pública supracitada. Esta é uma questão bastante complexa e preocupante, uma vez que a cultura indígena envolve o uso de recursos naturais como solo, água, caça, retirada e introdução de espécies. Além disso, esta ocupação vem impedindo a implementação de ações voltadas para a recuperação da biodiversidade previstas no plano de manejo, uma vez que a gestão do PEXJ encontra-se impedida de manejar as áreas em litígio (SMA/FF, 2010a). Posseiros Levantamentos realizados em 2008 para a elaboração do Plano de Manejo do PEXJ constataram 11 ocupações, sendo duas delas em próprios da União e nove em áreas de domínio particular (SMA/FF, 2010) (tabela 7.6). Entende-se que o Programa de Regularização Fundiária do PEXJ deve objetivar a efetiva consolidação do domínio e posse do Poder Público sobre a áreatotal desta UC, equacionando os conflitos fundiários com 63 Importante observar que 53,97% do total das áreas consideradas de domínio privado (92,09 ha) que estão sub judice tiveram decisão de improcedência (quanto ao pleito do pagamento pelo governo estadual) junto ao Poder Judiciário. Já, 17,48 ha tiveram ações consideradas procedentes e 20,55 há estão em situação considerada indefinida.

219 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 medidasadequadas. Dentre as diretrizes estabelecidas para a regularização fundiária do PEXJ estão (SMA/FF, 2010): 64 A necessidade de se iniciar tratativas junto à União a fim de solicitar a cessão das áreas passíveis de serem cedidas ao Estado; O acompanhamento do andamento dos processos judiciais de forma a fornecer subsídios para a Procuradoria Geral do Estado; A elaboração do decreto de declaração de utilidade pública das áreas particulares para fins de desapropriação pelo Estado; A regularização das áreas que se encontram ocupadas por posseiros e a elaboração de plano de desocupação das áreas ocupadas por posseiros. No que tange especificamente ao Plano de Desocupação, entende-se que este deve ser elaborado emconjunto com os ocupantes que serão realocados, devendo ser desenvolvidos projetos com as secretarias da Justiça, daassistência Social e da Agricultura, bem como com as Prefeituras e demais atores que sejam importantes para que a desocupação não acarrete problemas sociais. Tabela Ocupações Cadastradas No PEXJ N de ocupantes Ano da ocupação Nome da área Dominialidade Gleba B União 10 Década de 1970 Sítio Japuhy Particular Sítio Itaquitanduva Particular Sítio Itaquitanduva Particular 2 Desconhecido Gleba A União Curtume São Vicente Particular Curtume São Vicente Particular Curtume São Vicente Particular 1 Desconhecido Curtume São Vicente Particular 7 Década de 1960 Área C Particular Fonte: Secretaria de Estado do Meio Ambiente; Fundação Florestal, Loteamento Pq. Prainha (objeto de reintegração de posse) Particular 64 Além das ocupações descritas na tabela 7.6, tem ocorrido avanços para dentro da floresta em diversas casas construídas no entorno imediato do PEXJ, causando desmatamentos localizados (SMA/FF, 2010). 219

220 f. Danos ambientais corriqueiros, monitoramento e fiscalização Os relatórios do diagnóstico do meio antrópico, fauna e flora realizados pelo Plano de Manejo do Parque Estadual Xixová - Japuí evidenciaram a existência da caça, pesca e extração de produtos florestais nesta unidade de conservação, além de outras atividades que resultam em impactos ambientais negativos, incluindo desmatamentos, queimadas, descarte de entulho, prática de cultos religiosos, entre outras. 65 Caça e extração de produtos florestais A maior parte das atividades ilegais de caça e extração de produtos florestais do PEXJ é realizada por moradores dos bairros do entorno. No que tange a caça, já foram encontradas armadilhas abandonadas, cevas e puleiros nos setores Paranapuã e Xixová. Além disso, moradores do entorno afirmam ouvir tiros vindos da Unidade de Conservação com certa frequência e há denúncias do consumo de carne de caça (tatu e jacu) em bares do entorno. As informações levantadas indicam que a caça está associada a diferentes setores do PEXJ, sendo facilitada por trilhas vicinais que necessitam de controle de acesso. A retirada de espécimes vegetais como o bambu, fruto da brejaúva, bromélia, madeira, cipó, samambaia, orquídea, urtiga e pariparoba também são intensas e o palmito encontrase praticamente extinto devido à intensa exploração (OLIVA, 2003, p. 175). Ademais, o diagnóstico da avifauna, elaborado para o Plano de Manejo, identificou, nas casas dos moradores do entorno do PEXJ, gaiolas com espécies nativas de aves, o que denota os aspectos culturais da atividade Itaipu e, na área da ocupação dos Índios Guarani, foram observadas armadilhas tipo mundéu para capturar tatus e outros mamíferos de pequeno e médio porte, como cutias e gambás (SMA/FF, 2010a). Quanto às práticas de extração vegetal, estas são mais intensas no Parque Prainha, diminuindo no Japuí e de menor intensidade no Canto do Forte.... a maioria dos elementos vegetais utilizados pelos moradores do entorno são para consumo próprio, sendo que estes foram divididos em cinco categorias, sendo elas: alimentar, medicinal, mística (relacionada também a cultos religiosos), ornamental e com fins de manufatura, especialmente para confecção de cabo de enxada e lenha. Por outro lado, devido uma influência histórica, destaca-se o comércio em pequena escala de banana realizado por alguns moradores para complementação da renda. Uma porção da área pertencente ao PEXJ já constituiu um bananal e, devido principalmente à suas características de propagação, muitos exemplares deste vegetal podem ser facilmente avistados no território florestal do PEXJ (SMA/FF, 2010a, p. 334). Pesca e coleta de mexilhões Com relação à pesca e a coleta de mexilhões no setor marinho do PEXJ, os atores envolvidos nestas ações são bastante diversificados, incluindo (OLIVA, 2003, p. 176; SMA/FF, 2010b): Pescadores amadores e de subsistência que pescam nos costões rochosos nas imediações das praias de Itaquitanduva e Paranapuã, como no Canto do Forte, e a partir de embarcações locadas em marinas próximas à UC. Sua frequência é maior durante os finais de semana, feriados e temporada, envolvendo a população local, principalmente do bairro Japuí, Parque Prainha e Canto do Forte, visitantes da região e turistas de outras localidades; Pescadores esportivos, incluindo pesca com arpão; Comunidades de pescadores artesanais (Colônia de Pesca Z-04); Coletores de mexilhões dos costões rochosos. A ação dos marisqueiros é intensa, chegando até a formarem abrigos nos costões para processar o cozimento e descascamento do produto, aliviando o peso para o posterior transporte. 65 Os guardas-parques identificam os seguintes setores como os mais vulneráveis do PEXJ: Av. Saturnino de Brito Prainha (Invasão, construções irregulares, caça, desmatamentos); Av. Tupiniquins-Japuí (Invasão, caça, pesca, cultos religiosos coleta de mariscos, desmatamentos, acampamento, uso desordenado das trilhas, gado, usuários de drogas); Av. Airton Senna e Rua Giuffrida (Invasão, desmatamento, queimada); Fortaleza Itaipú (desmatamentos, pesca, caça.); Mar (Pesca, coleta de mariscos, caça submarina, turismo desordenado) (SMA/FF, 2010a).

221 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 O principal argumento de todos os atores envolvidos quando abordados em ações ilegais de pesca e coleta de mexilhões na área do PEXJ é a falta de informação, incluindo o desconhecimento sobre a existência do Parque, o desconhecimento sobre a proibição da pesca e, também, o desconhecimento sobre os limites marinhos desta unidade de conservação. Uso do fogo e pastagem de animais As áreas cobertas por vegetação ruderal são esporadicamente incendiadas, quer por incêndios criminosos, quer pela prática descuidada de atos religiosos e queima de pastagens; além disso, gado e cavalos, frequentemente invadem a UC para pastar. Tais práticas impedem a regeneração natural, facilitam a invasão de espécies vegetais exóticas e a introdução de vetores de doenças que podem afetar os animais silvestres (maior incidência no Sítio Girau, na saída da Trilha do Girau, vizinho ao Bairro Japuí e sopé do Morro do Xixová) (OLIVA, 2003, p. 177). Descarte de resíduos sólidos Outro grave problema incidente sobre o PEXJ é a deposição de lixo e entulho dentro de seus limites e nas suas proximidades por moradores dos bairros do entorno e por turistas, com destaque para a da trilha de Itaquitanduva (SMA/FF, 2010a). Estes resíduos facilitam a atração de vetores como ratos, escorpiões e baratas para a área do Parque, podendo trazer desequilíbrio ambiental e doenças para os animais nativos. Ademais, restos de alimentos deixados na área do Parque podem causar danos à saúde dos animais silvestres que o consomem. Esgoto doméstico Quanto ao esgoto doméstico, este tem como principal fonte as moradias irregulares distribuídas ao longo dos canais do estuário, os loteamentos sem coleta de esgoto e o emissário próximo de Itaipu. Este tipo de contaminação é um empecilho aos objetivos de preservação do PEXJ e oferece riscos aos banhistas e surfistas que utilizam as praias desta área protegida. Entretanto, convém mencionar que a solução desta problemática é complexa, sendo necessária uma intervenção transformadora na matriz urbana e no tratamento do esgoto e resíduos dos municípios da Baixada Santista (SMA/FF, 2010a). Atividades do exército As atividades regulares do exército na Fortaleza de Itaipu (manobras, exercícios militares com disparo de armas de fogo) podem ter um efeito negativo na fauna de mamíferos, afugentando as espécies mais sensíveis. Ações de monitoramento e fiscalização Apesar de serem realizados trabalhos de monitoramento e fiscalização no interior do PEXJ e em seu entorno imediato, através de rondas sistemáticas, vistorias, atendimento de denúncias em operações integradas de guardas parque com a Polícia Ambiental, o Plano de Manejo desta área protegida, devido a problemática supracitada, destaca que estas atividades parecem não estar surtindo o efeito dissuasório desejado e, portanto, destacou uma série de ações necessárias a serem implementadas, incluindo (SMA/FF, 2010a; SMA/FF, 2010b): 66,67 66 As rondas sistemáticas são realizadas diariamente na área terrestre pelos guardas parque, com o objetivo de prevenir e coibir atividades ilegais ou irregulares e orientação ao público sobre as normas vigentes. No entorno imediato a UC, a fiscalização motorizada percorre as divisas e trechos do entorno com objetivo principal de coibir eventuais invasões e/ou construções ilegais, uma vez que o PEXJ faz divisa com diversos loteamentos. Internamente a equipe percorre a pé as trilhas consolidadas ou não que dão acesso a praia de Itaquitanduva e costões rochosos, além de outras abertas irregularmente, averiguando possíveis desmatamentos e montagem de cevas, canhões e armadilhas para a caça de animais silvestres. As fiscalizações noturnas acontecem esporadicamente e visam coibir a caça que ocorre na 221

222 Aumentar o número de agentes e de operações de fiscalização; Integrar as ações de fiscalização e vigilância entre os guardas parque, a Polícia Ambiental e as guardas civis ambientais dos municípios de Praia Grande e São Vicente; Atuação da Polícia Ambiental mais próxima da rotina, participando das rondas diárias pelas trilhas, praia do Itaquitanduva e costões, bem como da presença mais constante no entorno; Estabelecer rotinas de fiscalização entre os terceirizados e guardas-parque a fim de garantir o fechamento das trilhas não constantes no zoneamento para uso público e coibir as atividades ilegais; Criar postos de fiscalização e vigilância nos pontos críticos de acesso ao PEXJ; 68 UC. Eventualmente são feitas apreensões, devidamente registradas... A fiscalização na área marinha, até abril de 2009, era realizada com apoio do PE Marinho da Laje de Santos, desenvolvendo atividades de orientação e autuações no PEXJ. Atualmente este apoio é esporádico, dado que a aquisição da embarcação confere maior autonomia ao PEXJ na fiscalização marinha. Assim, os trabalhos de proteção da área marinha são recentes e voltados á orientação dos usuários sobre limites e normas do PEXJ. Como somente o encarregado da fiscalização possui autorização e treinamento para pilotar embarcações, foi estabelecida uma rotina de saída ao mar duas vezes por semana, sujeita a alterações dado as condições marinhas, imprevistos e atendimento a outras demandas (SMA/FF, 2010a, p. 360). 67 Convém mencionar que a Polícia Ambiental realizou, entre 1999 a 2008, 125 ações de fiscalização no PEXJ que resultaram em 124 boletins de ocorrência e 3 autos de infração ambiental (AIA). Das 125 fiscalizações, 60 (48%) foram destinadas à área costeira, 62 terrestres (49,6%) e apenas três na área marinha (2,4%). Durante as vistorias da Polícia Ambiental na UC nas quais não houve autuação. 68 Os pontos de acesso mais vulneráveis e suscetíveis a atividades irregulares são: o início das trilhas do Curtume e dos Surfistas que dão acesso à praia de Itaquitanduva; a trilha localizada nas proximidades da base militar, junto ao bairro Canto do Forte, que permite fácil acesso ao costão da praia de Itaquitanduva; e o acesso às proximidades da área militar, através da praia de Itaquitanduva, que resultou em solicitação do Exército em maior empenho da administração do PEXJ para contornar a presença de estranhos no local (SMA/FF, 2010a, p. 356).

223 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Figura 7.6 Estruturas de apoio propostas e principais trilhas do PEXJ Março de 2013 Fonte: Secretaria de Estado do Meio Ambiente; Fundação Florestal, Ampliação de dois postos de fiscalização e transformação do posto do Parque Prainha em móvel, para funcionamento mínimo diário de uma equipe com três guardas-parque (24 horas/dia); Apesar de o PEXJ contar com dois veículos tipo passeio e 3 motocicletas Honda XR 200 e 250, ainda faz-se necessária a aquisição de um veículo (4x4) e um utilitário de apoio operacional para melhoria das rondas sistemáticas; Incrementar as rotinas de fiscalização no âmbito do PROMAR; Importante observar que o PEXJ conta, para a fiscalização marítima, com uma Embarcação Flex Boat 5,5m (motor de popa Yamaha 90HP/ 4 tempos) e uma embarcação de alumínio Parati de 6 m (SMA/FF, 2010a). 223

224 Ampliar e integrar as ações e rotinas de fiscalização marítima do PEXJ com as ações da Guarda Civil Ambiental de São Vicente, da Guarda Costeira Municipal de Praia Grande, da Polícia Ambiental e da Marinha do Brasil; Incentivar o apoio de ONGs nos trabalhos de fiscalização, como já acontece com as ONGs Laje Viva e SOS Itaquitanduva; Implantar um sistema de demarcação e sinalização por meio de boias para melhor informar às embarcações sobre os limites do PEXJ e sobre as atividades que não são permitidas nesta área protegida, tais como a pesca, a coleta de mariscos nos costões e a prática de esportes náuticos que utilizem embarcações motorizadas; Implantar sistema de radiocomunicação entre bases, veículos, embarcações e equipes móveis (ex: rádios HT, NEXTEL) para fornecer maior rapidez nas ações de proteção e segurança aos funcionários em campo; Desenvolver projeto e instalar um sistema de monitoramento com câmeras de longo alcance tipo DOMO nas bases e nos principais acessos do parque, que alcancem também a área marinha do PEXJ; Incluir os pescadores artesanais e os moradores do entorno em ações de educação ambiental e, também, nas diversas oportunidades de emprego e renda que o PEXJ pode vir a oferecer com a implementação de um programa de uso público de base comunitária. g. Pressão para ocupação interna do PEXJ Ocorre com maior intensidade nos bairros Parque Prainha (encostas do morro), Japuí, Boqueirão e Canto do Forte, bem como na planície sedimentar. Estas pressões têm ocasionado supressão de vegetação, agravamento dos escorregamentos da encosta, alteração da paisagem e da insolação recebida na face sudoeste da encosta, disposição de lixo e de efluentes domésticos (OLIVA, 2003, p. 177). Ademais, segundo Pozo (2009), os principais conflitos registrados pela Polícia Ambiental (cerca de 80%) na área do PEXJ estão relacionados à ocupação dos Índios Guarani e suas atividades de caça, pesca e extração de recursos vegetais na aérea do Parque. Tal situação é de difícil solução, uma vez que há um impasse processual que envolve a Secretaria do Meio Ambiente (SMA) e a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) sobre a permanência ou não desta comunidade na área desta unidade de conservação. h. Pressão para ocupação da planície sedimentar imediatamente adjacente ao PEXJ Todo o setor imediatamente adjacente ao PEXJ é densamente urbanizado, criando um forte efeito de borda promovido pela interferência antrópica em seu sistema natural em função do efeito de borda. Consequentemente, grande parte das áreas mais exteriores do PEXJ são recobertas por espécies vegetais ruderais e por vegetação em estágios iniciais de sucessão (fotos 7.25 a 7.27) (OLIVA, 2003).

225 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Foto 7.25 Ocupações imediatamente adjacentes ao PEXJ Março de 2013 PRAIA GRANDE Boqueirão Litoral Plaza Shopping Portinho SÃOVICENTE Fortaleza de Itaipu Vila Militar Canto do Forte Makro Bairro Japuí Marinas Praia de Itaquitanduva Parque Prainha Praia de Paranapuã Fonte: Google Earth / Digital Globe, Foto 7.26 Litoral Plaza Shopping com PEXJ ao fundo Fonte: Bibi Bonato,

226 Foto 7.27 Bairro Canto do Forte com PEXJ ao fundo Fonte: Raphael Pardini Garcia, n.d. Entretanto, cumpre mencionar que ainda existem importantes remanescentes florestais de restinga (estágios inicial e médio de sucessão) contíguos ao PEXJ. Estes remanescentes, que são de interesse para conservação e que estão localizados entre o Bairro Japuí e o Litoral Plaza Shopping, possuem uma largura variando de 350 m a 400 m e comprimento equivalente à cerca de 700 m. Além disso, existem nesta localidade dois galpões de comércio varejista e campos antrópicos cuja manutenção e recuperação são desejáveis (OLIVA, 2003). A preservação destes remanescentes vegetais é considerada uma ação de suma importância pelo Plano de Manejo desta unidade de conservação. Nesse sentido, esta área foi englobada no Setor 3 da zona de amortecimento do PEXJ de forma a compor um corredor ecológico entre esta área protegida e o PESM (foto 7.27). Além disso, estas áreas, ao formarem um contínuo vegetacional com o PEXJ, se configuram em uma zona tampão efetiva, evitando que a ocupação urbana chegue até a divisa desta unidade de conservação, de forma a impedir o efeito de borda que vem ocorrendo em grande parte de seus limites (OLIVA, 2003).

227 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 Foto 7.27 Corredor ecológico entre o Parque Estadual da Serra do Mar e o PEXJ Parque Estadual da Serra do Mar Manguezais SÃO VICENTE PRAIA GRANDE Planície sedimentar com remanescentes de restinga Parque Estadual Xixová - Japuí Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2003 / Contudo, a proposta do Zoneamento Ecológico Econômico da Baixada Santista (ZEE-BS) desconsiderou em parte estas recomendações, classificando grande parte da área recoberta por restinga nesta planície sedimentar como zona 5, abrindo assim a possibilidade de ocupação destas áreas pela urbanização e por atividades comerciais e industriais de baixo impacto ambiental. Apenas a vegetação de restinga adjacente a Rodovia dos Imigrantes foi classificada como Zona 1, zona esta voltada para a proteção ambiental e que apresenta alta restrição à ocupação. Ademais, as diretrizes de ordenamento territorial do Plano Diretor de Praia Grande, apesar de criarem uma estreita faixa non aedificandi que circunda todo o setor terrestre do PEXJ no Município (entre as cotas altimétricas 5 m e 25 m), também classificaram grande parte desta planície sedimentar como uma zona destinada a empreendimentos comerciais de âmbito regional. Entretanto, cumpre mencionar que a vegetação de restinga adjacente a Rodovia dos Imigrantes foi incluída na área do Parque Municipal do Piaçabuçu, Parque este voltado para a preservação ambiental e que engloba, também, o manguezal adjacente ao Rio Piaçabuçu (figura 7.7). 227

228 Figura 7.7 Diretrizes de Ordenamento Territorial (Lei Complementar n. 473 de 27 de dezembro de Plano Diretor da Estância Balneária de Praia Grande) Fonte: Prefeitura da Estância Balneária de Praia Grande, i. Uso público A inexistência de um programa de uso público e a falta de controle de acesso e fiscalização tem resultado em uma visitação desordenada do PEJX que é uma grave ameaça à preservação de seus atributos ambientais. Outro item bastante preocupante é a segurança dos visitantes devido a crescente criminalidade encontrada em alguns pontos no entorno do Parque, como a presença de traficantes, de usuários de drogas nas trilhas e práticas de violência nos arredores da UC afeta diretamente a implantação de qualquer programa, sendo uma questão crucial a ser resolvida. Toda e qualquer atividade de uso público só deverá ser iniciada no PEXJ mediante a garantia de algumas medidas de segurança. A dimensão dessa ameaça é um dos exemplos no qual a governabilidade das soluções vai além da administração do PEXJ e da Fundação Florestal, demandando ações conjuntas e integradas com os diferentes atores sociais (SMA/FF, 2010a, p. 356). A questão da balneabilidade das praias e a presença de resíduos sólidos são outros itens determinantes que interferem negativamente na apreciação e valorização do PEXJ. Além disso, os próprios visitantes contribuem com a deposição de lixo, principalmente nas praias e costões rochosos. Quanto à prática do surf, a poluição marinha compromete não o bem-estar e a saúde de quem desenvolve esta atividade na área do Parque

229 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 atividade como também a segurança, já que alguns resíduos podem provocar acidentes, como no caso de pedaços de madeira e redes (SMA/FF, 2010a). Ademais, a falta de recursos humanos e infraestrutura de visitação são outras questões fundamentais para a melhora das condições de visitação. Quanto aos recursos humanos, o número reduzido de guardas-parque e monitores ambientais possibilita apenas alguns poucos acompanhamentos e iniciativas pontuais de visitação e educação ambiental, inviabilizando, portanto, a estruturação de programas contínuos de uso público (SMA/FF, 2010a). Quanto à infraestrutura de visitação, faltam placas de informação e orientação em locais estratégicos, lixeiras, duchas de água doce, banheiros, telefone público, quiosque ou lanchonete, centro de visitantes, além de escadas, corrimãos e parapeitos nos pontos críticos das trilhas. Ademais, os trabalhos de manejo das trilhas são inexistentes, existem pontos com erosão e a falta de roçada dificulta a visualização de cobras, sendo comum relato de pessoas que foram picadas por serpentes (SMA/FF, 2010a) (foto 7.28). Foto 7.28 Trilha de Itaquitanduva Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2003 / Dois outros problemas são a ausência de material de informação, como folders com mapas e informações sobre patrimônio histórico e ambiental disponível para visitação, além da falta de estudos sobre a capacidade máxima de usuários / dia para os diferentes tipos de zonas previstas no zoneamento do Plano de Manejo. Atrativos para visitação Na área do PEXJ existe uma infinidade de atrativos para visitação, incluindo trilhas e um rico patrimônio histórico e ambiental que são descritos no quadro

230 Quadro 7.9 Atrativos para visitação do Parque Estadual Xixová Japuí A Praia de Itaquitanduva se destaca diante das demais por não ser urbanizada e receber um número reduzido de visitantes (quando comparada as demais praias da Baixada Santista, que recebem milhares de turistas durante a temporada). O acesso é realizado pelo mar ou pelas trilhas dos Surfistas e do Curtume. Constituída por duas faixas de areia, uma com 50 m de extensão e outra com 200m, separadas por uma área de costão rochoso, esta praia apresenta largura média de 50 m (São Paulo, 1997). Praia de Itaquitanduva Trilha dos Surfistas ou Itaquitanduva Curtume Nas duas extremidades das faixas de areia observa-se uma significativa extensão de costão rochoso, o que possibilita a prática de atividades de educação e lazer associadas a caminhadas por espaços naturais de alta beleza cênica. Segundo estudos biológicos, elaborados para este plano de manejo, este ambiente apresenta características interessantes do ponto de vista da Educação Ambiental, como zonação de espécies e presença de tartarugas marinhas. Devido às características da ondulação é extremamente procurada para prática do surfe, tendo como principal usuário os surfistas. Os maiores problemas são o lixo, a presença de jet-ski e embarcações sem regulamentação na área marinha representando ameaça à vida dos banhistas, assim como às tartarugas. Não existe qualquer sinalização no local para interpretação ambiental, bem como infraestrutura de apoio aos visitantes. Apesar das ocorrências e riscos de afogamento, não há monitoramento da praia pelo Corpo de Bombeiros. Por ser de uso intensivo pelos moradores do bairro e redondeza é um dos principais atrativos da UC, e sua implantação tem prioridade e potencialidade altas. Esta trilha possui outras denominações como Japuí e Girau. Tem início na porção mais ao sul da rua 10 do bairro do Japuí e possibilita o acesso à praia de Itaquitanduva. De acordo com a SOS Itaquitanduva, a trilha foi aberta na década de 70 por surfistas e moradores, em virtude da proibição de acesso à praia do Itaquitanduva pela trilha do Curtume por uma empresa que pretendia construir um condomínio de luxo na área. É a trilha mais utilizada pelos moradores do próprio Japuí e dos bairros próximos que freqüentam a praia do Itaquitanduva para prática principalmente de surfe. A trilha possui extensão aproximada de 600m e largura variando de 0,5 a 1,5 m. O percurso tem duração aproximada de 50 minutos, sendo caracterizado por vegetação de Mata Atlântica, com alguns trechos em estágio inicial de recuperação. Seu grau de dificuldade é médio, podendo restringir a presença de crianças e idosos. Durante o percurso, inexistem estruturas de apoio aos visitantes, o que agrava a possibilidade de acidentes e de problemas ambientais. Em estudo realizado na área, Rocha et al (2007) mapearam as condições de segurança, estado de conservação, facilidade de circulação e sinalização da trilha, propondo medidas corretivas. Em investigação de campo notou-se que a ponte mencionada nesse trabalho já não existe mais, sendo necessária sua reconstrução, uma vez que os visitantes necessitam passar pelo corpo de água ali existente. Durante a estação chuvosa a situação se agrava, apresentando trechos com risco de acidentes e superfícies instáveis e escorregadias. Foram identificados diversos pontos com erosão acentuada, potencializados devido ao uso intenso e concentrado no período de final de ano e carnaval, agravados pelo período de chuvas e pela falta de manutenção. Há possibilidade de desenvolvimento de atividades de educação ambiental voltadas à observação dos processos de recuperação da vegetação em Floresta Tropical e da diversidade biológica. Não há ainda material informativo disponível e a sinalização das trilhas não foi implantada. As trilhas vicinais favorecem o acesso a essa trilha principal, contribuindo para a degradação ambiental e dificultando ainda mais o controle de acesso. Apesar dos esforços da fiscalização, a garantia da segurança dos visitantes deve envolver todos os atores do PEXJ, conforme já relatado nos demais programas. Em virtude dos trechos com supressão rasa da vegetação, existe a possibilidade de implantação de pontos de apoio à visitação e observação do panorama da orla da praia de Itaquitanduva e das condições do mar para prática do surfe (no setor oceânico), bem como do contexto urbano e ambiental do entorno (setor estuarino). O Curtume da família Cardamone está localizado próximo ao início da trilha de mesmo nome e foi instalado nas encostas do morro Japuí no final do século XIX, sendo um importante atrativo histórico-cultural do PEXJ. O breve histórico e a importância desse atrativo estão detalhados no capítulo Avaliação do Meio

231 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Cardamone Trilha do Curtume Praia do Paranapuã / atrativo natural Antrópico. Apesar de estar inserido na paisagem do PEXJ, inexistem sinalizações e suas instalações estão em condições avançadas de deterioração. Inicia-se na Av. Tupiniquins e seu trajeto também leva o visitante à praia de Itaquitanduva. Apresenta grau médio de dificuldade, com cerca de 1,5km de extensão e percurso estimado em uma hora e quarenta minutos de caminhada. Durante seu percurso observam-se características ecológicas de um fragmento de Mata Atlântica inserido em uma matriz urbana, com trechos em estágio inicial de recuperação. Em relação aos aspectos histórico-culturais, observa-se o Curtume e a pedreira, além de proporcionar uma paisagem do contexto urbano em que o PEXJ está inserido. Nas porções mais elevadas pode-se observar o estuário, a Baía de Santos e a praia de Itaquitanduva. Um potencial atrativo histórico-cultural a ser investigado é a estrada construída em 1887, com 950 m de extensão, cujos relatos indicam que sua localização acompanha esta trilha. Essas características evidenciam sua potencialidade para o desenvolvimento de atividades de educação histórico-cultural e ambiental durante seu percurso da trilha (trilha para a sensibilização), sendo o setor de maior interesse para implantação de um projeto de uso público controlado e de baixo impacto à UC. Os trechos com supressão de vegetação permitem ainda que sejam estabelecidos, durante o percurso, locais de pontos de apoio aos visitantes. A visitação ocorre de forma desordenada, com maior intensidade na temporada. Não há placas informativas sobre trajeto, características e condições da trilha, carecendo também de informações para a auto-intrepretação e estruturas de apoio à visitação. Os trechos com processos erosivos acentuados e obstáculos físicos restringem o acesso de determinados grupos de visitantes, como o infantil, idosos e pessoas com limitações físicas. Portanto, são necessárias melhorias como recuperação e manejo da trilha, implantação de infraestrutura de apoio à visitação e controle dos acessos. Diante das condições de visitação e da importância da trilha para implantação do uso público, o potencial e prioridade para concretização da proposta são altos. Localizada próxima à sede administrativa do PEXJ, esta praia esta voltada para a baía de São Vicente, e tem acesso facilitado a partir da avenida Saturnino de Brito, no Parque Prainha, próximo à Ponte Pênsil. É delimitada por duas porções de costão rochoso e pela última porção de restinga da Baixada Santista sobre cordão arenoso (vide Diagnóstico da Vegetação), conferindo altíssima importância à área. Além disso, foram levantadas na praia duas espécies de aves marinhas ameaçadas de extinção, o trinta-réis-real e trinta-réis-de bando, que justificam a importância da manutenção desta praia limpa e com circulação muito restrita de pessoas, animais e veículos. Por essa razão, o zoneamento do PEXJ classificou-a como ZUE, destinada ao desenvolvimento de atividades de educação ambiental bastante restritivas. Como não há ainda monitoramento e apesar da presença das aves caracterizarem um potencial atrativo, qualquer construção de um deck está condicionada à avaliação de impactos da presença de humanos e animais domésticos na avifauna. Os registros das ações de educação ambiental realizadas na área pelo antigo Cepel da Unesp ainda não estão devidamente compilados e sistematizados (apesar de haver documentação em posse do atual Campus do Litoral Paulista). Quanto à sinalização inexistem placas indicativas da praia bem como material impresso sobre o setor e sua importância ecológica. Atualmente o acesso à praia por visitantes é proibido principalmente em virtude da determinação judicial. No entanto, a demanda para atividades de educação ambiental desse local é alta, bem como a prioridade de sua aplicação. 231

232 Praia do Canto do Forte Esta praia localiza-se na Praia Grande, sendo apenas um trecho protegido. O acesso é restrito e controlado pelo Exército. Essa área, assim como a praia de Paranapuã, é também local de pouso de aves migratórias ameaçadas de extinção. Isso ocorre a apenas algumas centenas de metros da faixa de areia onde milhares de turistas que visitam PG se alocam durante o verão. Por essa razão é uma área particularmente propícia ao desenvolvimento de atividades de educação ambiental, sendo necessário o trabalho em conjunto com o Exército. Não há sinalização e informações sobre a praia e sua importância na conservação da avifauna. Fortaleza de Itaipu Área Marinha Bicas d'água no Entorno Imediato do PEXJ Pedreira Situada na entrada da Baía de Santos no município de PG, a Fortaleza de Itaipu foi construída com o intuito de proteger o Porto de Santos, tornando-se um importante atrativo histórico-cultural da região. A fortaleza abriga os Fortes Duque de Caxias, Jurubatuba e General Rego Barros, cujas descrições encontramse na Avaliação do Meio Antrópico. Estes fortes são abertos à visitação em determinados períodos do ano, com seu controle realizado pelo Exército, que disponibiliza militares capacitados para o atendimento ao público. Segundo o responsável pelas relações públicas da Fortaleza, no período de alta temporada de 2009 o roteiro de visitação ficaria aberto aos finais de semana e envolveria o traslado de ônibus pelas edificações históricas do local. As potencialidades ecológicas são altas, assim como a prioridade para implementação. A porção marinha do PEXJ apresenta grande beleza cênica e espécies interessantes da ictiofauna, com espécies importantes e ameaçadas como tartarugas marinhas e o mero. No entanto, essas espécies sofrem ameaças constantes devido à presença de jet-ski e outras embarcações motorizadas e à pesca. Em relação à parte aquática em frente à praia de Paranapuã, o diagnóstico dos recursos hídricos evidenciou tratar-se de um dos pontos mais críticos, apresentando condição imprópria para banho. A presença de lixo não é rara e a balneabilidade das águas é bastante comprometida. A visitação formal ainda não ocorre e não há material de orientação ou divulgação das espécies existentes e cuidados necessários. A potencialidade de implantação de trilhas aquáticas que priorizem o uso de embarcações sem motor, como velas e remo, possuem potencialidade alta, porém com prioridade média em relação às demais demandas da UC. As bicas d'água localizadas no interior e no entorno do PEXJ estão relacionadas ao dia-a-dia da população local, uma vez que a água é usada por muitos moradores do entorno, da região e visitantes diversos. Esse uso, segundo relatos, ocorre há mais de 50 anos, mesmo com o abastecimento proporcionado pelo sistema público (Sabesp). Dessa forma, pode-se inferir que o uso dessas águas possui um caráter cultural e expressam uma relação de territorialidade com o PEXJ, caracterizando-as como atrativos potenciais. No entanto, a população desconhece a situação e a qualidade das fontes de água e a importância da floresta para manutenção dos corpos de água saudáveis. Segundo o diagnóstico dos recursos hídricos essas bicas sofrem com contaminação por coliformes fecais, possivelmente oriunda da presença de animais e da visitação desordenada. Além disso, nas proximidades de diversas bicas é possível encontrar lixo e as estruturas físicas de captação e armazenagem encontramse deterioradas. Também não foram identificadas sinalizações e informativos nas bicas tanto internas quanto externas, sendo necessária a implantação de controle de acesso às mesmas. A área da antiga Pedreira, localizada no início da trilha do Curtume se caracteriza pela presença marcante na paisagem da UC. Segundo os moradores a exploração do morro ocorreu até meados de 1981 e a paralisação das atividades representou o fim do barulho e dos riscos que as explosões representavam ao entorno. Na trilha do Curtume, próximo à área de extração das rochas, é possível encontrar as estruturas que eram utilizadas para a trituração destas, porém as

233 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 instalações estão em avançado estado de deterioração. Não há sinalização e informações sistematizadas sobre o histórico de funcionamento da Pedreira. A região da Pedreira possui uma trilha que dá acesso ao topo do morro e possibilita um panorama da Baixada Santista e da Serra do Mar, porém a vegetação está em estado de recuperação o que impossibilita a utilização para uso público no momento. Além disso, a parede exposta tem um grande potencial para o desenvolvimento de atividades esportivas como escalada e rapel. Durante as oficinas de Zoneamento do PEXJ, ficou estabelecido que as ações determinantes para o uso da Pedreira deverão ser baseadas em estudos técnicos e reavaliadas na revisão do Plano de Manejo. Decorrente desse contexto, o potencial e a prioridade de realização deste estudo foi considerado média. Ademais à essa perspectiva, o contexto histórico da atividade da Pedreira, sua interferência na paisagem da UC e a relação com os bairros do entorno mostram-se como potencial para inserção em projeto de educação ambiental aos visitantes do PEXJ. Fonte: Secretaria de Estado do Meio Ambiente; Fundação Florestal,

234 j. Pesquisa científica Segundo o Plano de Manejo do PEXJ, esta unidade de conservação apresenta grande potencial para desenvolvimento de projetos de pesquisa científica sobre os processos físicos naturais, biodiversidade, aspectos históricos e culturais e pode e deve fornecer subsídios que orientem o ordenamento territorial e políticas públicas para toda a ZA. Mas apesar da importância das UC como área de pesquisa, há ainda grande carência na sistematização e gestão do conhecimento. É necessário aprimorar a tarefa de utilizar o conhecimento gerado, como subsídio ao manejo de suas próprias áreas e às tomadas de decisão nas diversas situações que ocorrem (SMA/FF, 2010b, p. 88). A seguir o quadro traz uma representação situacional do conhecimento científico relativo ao PEXJ, bem como os objetivos e indicadores do programa de pesquisa científica para esta área protegida.

235 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Quadro Quadro situacional do conhecimento científico relativo ao PEXJ, objetivos e indicadores do programa de pesquisa científica Situação da Pesquisa no PEXJ em Relação às Demais UC Caracterização das Atividades de Pesquisa Desenvolvidas no PEXJ Produção de Conhecimento no PEXJ Lacunas de Conhecimento Meio Físico O IF é o órgão gestor de pesquisas nas UC do Sieflor, portanto, os projetos a serem realizadas no parque são submetidas à autorização do seu Conselho Técnico, composto pelo conjunto de seus diretores. Primeiramente o projeto é cadastrado na Cotec - Comissão Técnica e Científica do IF, que recebe, analisa e submete o projeto à apreciação do gestor da UC. É ela que estabelece o contato com o pesquisador durante todo o trâmite administrativo e emite o parecer prévio ao Conselho Técnico para autorização. Posteriormente, emite a autorização e registra a pesquisa. De acordo com dados da Cotec, há apenas 15 pesquisas cadastradas sobre o PEXJ (atualizados até 02/06/2009), mas baseados em registros a partir de O cadastramento fornece informações que subsidiam as tomadas de decisão, no que se refere ao estabelecimento de ações de manejo, desenvolvimento de atividades de uso público e interação com as comunidades do entorno. Os pontos críticos do cadastramento recaem sobre o desconhecimento dos procedimentos necessários para pedir autorização à Cotec, por falta de divulgação junto aos pesquisadores, e à necessidade de articulação junto ao IF para agilizar as respostas. As atividades relacionadas à pesquisa atualmente desenvolvidas no PE Xixová-Japuí referem-se às manifestações quanto à pertinência e exigências específicas de cada solicitação de pesquisa enviadas pela Cotec e, ao acompanhamento de pesquisadores em campo, a fim de garantir-lhes a segurança. Esse quadro indica a necessidade de aprimoramento da gestão da pesquisa no tocante à infraestrutura; planejamento, avaliação e controle de um programa; aumento do número de estudos e, avaliação da aplicabilidade do conhecimento produzido para a administração da unidade. Tal aprimoramento é de fundamental importância tendo em vista a complexidade inerente à gestão da biodiversidade e à forte dinâmica das pressões urbanas sobre a UC, característica marcante do PEXJ, o que demanda alto grau de informações científicas, constantemente atualizadas, para fundamentar as decisões de manejo. Apesar de apresentar poucos estudos em número absoluto, quando considerada a área das UC, o PEXJ apresenta quantidade razoável de pesquisas cadastradas, em comparação às demais. No entanto, estes números são baixos e indicam que o potencial de pesquisa do PEXJ não está sendo adequadamente explorado. Dentre os 15 projetos de pesquisa no PEXJ cadastrados entre 2000 e 2009, dez abordam temas ligados à sua área terrestre e apenas quatro a área marinha, tendo sido observado que as pesquisas não são direcionadas às demandas de manejo. Dentre as instituições de pesquisa que realizam pesquisas na UC destaca-se a Unesp, principal instituição que tem proposto projetos na UC. As universidades particulares, embora abundantes na região, não têm projetos de pesquisa cadastrados no PEXJ. Estudos sobre eventos extremos (tempestades, chuvas, ventos) são inexistentes na região do PEXJ e medições de longo período de parâmetros meteorológicos e oceanográficos são fundamentais. Pesquisas sobre a localização das nascentes são essenciais para a manutenção da qualidade das águas do PEXJ, bem como medidas contínuas da vazão desses corpos de água. Há uma grande lacuna referente a informações da porção marinha do PEXJ, especialmente 235

236 no monitoramento da qualidade das águas e balneabilidade das praias. Quanto à geologia, geomorfologia e sedimentologia do ambiente marinho, existem algumas pesquisas, especialmente sobre a qualidade dos sedimentos (composição, contaminação e toxicidade) e sobre o processo de erosão das praias de São Vicente. Em relação às massas d água e correntes oceânicas, alguns projetos recentes têm obtido dados mais regulares, geralmente visando a elaboração de modelagens numéricas. A elaboração de uma malha amostral detalhada poderia resultar em coleta de fósseis, tanto no interior, como no entorno do parque, incrementando a compreensão da paleontologia da área e das pretéritas variações do nível do mar. Para manter a viabilidade das populações existentes no PEXJ tornam-se prementes estudos sobre a dinâmica populacional, especialmente das espécies mais vulneráveis. Os estudos devem também sugerir medidas para aumentar a porosidade do fragmento da UC, proporcionado maior fluxo gênico com outras áreas naturais. Relativo à flora, apesar do levantamento realizado no plano de manejo ter identificado 13 espécies ameaçadas de extinção e nove espécies com algum grau de ameaça, além de outras inéditas no estado de São Paulo, é necessário elaborar um levantamento completo das espécies existentes, contemplando o reconhecimento das exóticas e das áreas que necessitam de reflorestamento, incluindo estudos mais aprofundados para a caracterização dos estágios de regeneração da vegetação. Também deve ser analisada a similaridade florística, por meio da comparação entre a vegetação da UC e demais áreas de Mata Atlântica do Estado. As pesquisas devem ainda incluir etnobotânica, com levantamento das prováveis extinções locais já ocorridas e das espécies com potencialidade de uso medicinal. Lacunas de Conhecimento Biodiversidade Lacunas de Conhecimento Em relação à fauna, os grupos estuarinos e marinhos são um pouco mais conhecidos que os terrestres, dentre os quais praticamente todos os filos necessitam de estudos detalhados quanto a sua composição, abundância e distribuição. A diversidade biológica e aspectos ecológicos dos insetos necessitam de avaliação e estudos. Quanto aos vertebrados é necessário um estudo específico sobre o impacto da presença humana e animais domésticos na avifauna, contudo a prioridade deve ser dada aos mamíferos terrestres - grupo pouco estudado e localmente vulnerável pela limitação de território, existência de espécies exóticas e contexto urbano do entorno. Em relação à composição do fitoplâncton, as florações não podem ser bem analisadas, devido à falta de informações sobre sua freqüência e intensidade. Quanto à clorofila-a, os dados levantados com maior freqüência tratam apenas da plataforma continental, região do entorno do parque. Os inventários de espécies de zooplâncton de toda a área do parque e entorno são escassos. A dinâmica estuarino-marinha deve ser estudada através de pesquisas integradas do meio físico com o biótico. Análises da composição planctônica em longo prazo, paralelamente ao monitoramento das condições climáticas, são muito importantes. É importante ainda estudos voltados a biodiversidade de organismos que vivem em costões, considerando a importância das espécies raras. Indica-se a realização de diagnóstico qualiquantitativo, com monitoramento da biomassa e a produção primária do microfitobentos, além de avaliações sobre os efeitos da poluição sobre as espécies. Outra linha de pesquisa que deve ser implementada, tanto para organismos bentônicos como demersais, diz respeito à bioacumulação e à biomagnificação, visando tanto a avaliação ecológica da contaminação, quanto os riscos do consumo humano de pescado capturado na região. Também deve ser avaliada a presença de espécies aquáticas com importância econômica, seus estoques e as pressões externas representadas não só pela poluição, mas também pela pesca realizada na região. As análises microbiológicas das águas costeiras são fundamentais para caracterizar os riscos à saúde pública e devem ser feitas

237 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Meio Antrópico Objetivos do Programa Indicadores do Programa constantemente. As marinas existentes no entorno do parque podem causar impactos ambientais significativos ainda não estudados, como alterações na circulação de água e sedimentos e por isso devem também ser estudadas. O extrativismo é outro tema de interesse. Caça, pesca e coleta são atividades realizadas anteriormente à criação da UC, porém sua intensificação, somada a outros vetores negativos como a poluição, pode impactar severamente as comunidades. É necessário um levantamento e identificação desses extrativistas, obtendo uma tipificação (tradicionais, artesanais não-tradicionais, etc). Produzir conhecimento sobre a biodiversidade, meio físico e antrópico do PEXJ; Gerar informações para subsidiar ações de gestão e manejo da UC; Disponibilizar condições, mecanismos e instrumentos que assegurem a conservação do patrimônio natural e histórico-cultural da UC. Dados disponibilizados ao público geral e específico; Aumento do nº de pesquisas realizadas na UC; Ações de manejo subsidiados por estudos realizados na UC; Nº de avistamento de espécies bioindicadoras. Fonte: Secretaria de Estado do Meio Ambiente; Fundação Florestal,

238 k. Espécies exóticas Na área do PEXJ podem ser encontradas uma série de espécies vegetais exóticas que, de alguma forma, ameaçam a integridade dos atributos ecológicos desta unidade de conservação. Para este problema, o Plano de Manejo do PEXJ recomenda o monitoramento e o manejo destas espécies exóticas da flora e fauna visando excluí-las do contexto do PEXJ por meio de metodologias de mínimo impacto. Para tanto, recomenda o estabelecimento de contatos com centros de triagem de fauna (parcerias com Orquidário, Parque Chico Mendes, Horto Florestal, ONG protetoras de animais e centro municipal de zoonoses) para o recebimento dos animais alóctones capturados (SMA/FF, 2010a). A seguir, o quadro apresenta as principais espécies exóticas identificadas na área do PEXJ durante a execução dos trabalhos voltados para a elaboração do Plano de Manejo desta unidade de conservação, bem como informações sobre medidas de controle e impactos ambientais provocados pelas mesmas.

239 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Quadro Principais espécies da flora e fauna exóticas incidentes na área do PEXJ ESPÉCIES Rattus albino Cães e gatos IMPACTOS AMBIENTAIS E RECOMENDAÇÕES Na aldeia indígena foi registrada a presença de Rattus rattus albino, que é uma espécie de roedor comumente utilizada em laboratórios e biotérios como cobaias e também na alimentação de espécies como cobras, jacarés entre outras. O exemplar em questão era um animal de estimação de uma das crianças indígenas. No interior da UC existe uma grande abundância de animais domésticos como cachorros e gatos; ao longo do período amostral foram avistados inúmeros indivíduos, inclusive nas trilhas no interior da mata. O impacto causado por cães e gatos na fauna silvestre é considerável. Esses animais estão associados aos silvícolas e sobrevivem de restos de alimentos, mas na ausência destes vão em busca de presas silvestres (Bonnaud, et al., 2007; Lepczyk et al., 2003) podendo, em áreas suburbanas, predar uma biomassa de mamíferos de 19 a 28 kg/indivíduo/ano (Campos et al., 2007). Além disso, atuam como vetores de zoonoses, podendo transmitir doenças que também podem causar danos à fauna local. Estas espécies devem ser removidas e encaminhadas à entidades de adoção. Ademais, devem ser empreendidos esforços para evitar que cães e gatos acessem a área do Parque. Sagüi C. jacchus e C. penicillata Caranguejo Charybdis helleri Temora turbinata Espécies exóticas de aves Jaqueira A introdução destas espécies tem preocupado os biólogos da conservação devido o seu potencial de ocupação do habitat, hibridização com congêneres nativos, predação de representantes da fauna local e transmissão de doenças (Reis et al., 2006). C. jacchus é uma espécie que explora o ambiente e os recursos de forma agressiva e pode causar impacto em outras espécies da fauna nativa, através da predação de ovos de aves, por exemplo como principal impacto o desaparecimento de muitas espécies de aves, cujos ovos são intensivamente predados. Outro caso de introdução de espécie exótica diz respeito ao caranguejo Charybdis helleri, introduzido na década de 90 no nordeste do Brasil (Calado, 1996) e atualmente já registrado nos costões do litoral sul de São Paulo (Negreiros-Fransozo, 1996), e da Baixada Santista, incluindo-se o entorno direto do PEXJ (Prof. Dr. Fernando José Zara, Unesp-CLP, com. pessoal). Esses caranguejos são carnívoros, podendo impactar as populações de ostras, além de serem portadores do vírus wssv, conhecido como mancha branca, que pode causar grandes prejuízos para o cultivo de camarões. Temora turbinata é uma espécie exótica que foi detectada na costa brasileira pela primeira vez em Introduzida possivelmente por água de lastro, adaptou-se ao nosso litoral e, em alguns locais, parece substituir a espécie nativa, T. stylifera. Na área marinha do PE Xixová-Japuí, durante as coletas para o presente trabalho, T. turbinata foi mais abundante que T. stylifera. Algumas espécies exóticas de aves também foram observadas, incluindo o pardal (Passer domesticus), no entorno de moradias e áreas bem alteradas do Parque e o bico-de-lacre (Estrild astrilde), observado em áreas de vegetação aberta e pastagens nas bordas do Parque. Exemplares de jaqueira podem ser encontradas ao longo das trilhas do Parque. Seus frutos são apreciados pela fauna e suas sementes são facilmente dispersadas pelos mesmos. 239

240 Fonte: Secretaria de Estado do Meio Ambiente; Fundação Florestal, Devem ser erradicas uma vez que competem com as espécies vegetais nativas.

241 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 l. Projeto Petrechos de Pesca Perdidos no Mar (PP-APD) Março de 2013 Os PP-APD (Petrechos de Pesca Perdidos, Abandonados ou Descartados) são objetos de pesca perdidos, abandonados ou descartados pelas embarcações e que são responsáveis por graves impactos ambientais negativos para a fauna marinha (SMA, 2012). São exemplos de PP-APD fragmentos de redes, cabos, anzóis, chumbadas e armadilhas que capturam espécies da fauna marinha causando a morte das mesas (CASARINI, 2011). Em função dos malefícios causados por estes objetos foi desenvolvido o Projeto Petrechos de Pesca Perdidos no Mar, que é uma parceria do Instituto de Pesca com a Fundação Florestal. Este Projeto envolve a adoção do método Blue Line System, que inclui campanhas denominadas Dive Clean, que ocorrem principalmente nas áreas do Parque Estadual Marinho Laje de Santos e do Parque Estadual Xixová Japuí e, também, tem por objetivo avaliar, através de pesquisa científica, a magnitude dos impactos gerados pelo PP- APD ao ambiente marinho e as prováveis origens destes objetos. Segundo Casarini (2011, p. 12), o método Blue Line possui uma fase preventiva e outra mitigadora. A primeira fase incentiva a responsabilidade socioambiental, desde os setores de fabricação e comercialização até os pescadores (consumidores), para se evitar a perda de petrechos de pesca no mar. A segunda fase é mitigadora e percorre o caminho inverso da anterior, ou seja, com o PP-APD no oceano, através do recolhimento, pesquisa científica (para se conhecer as modalidades de pesca empreendidas ilegalmente, os petrechos utilizados pelos pescadores e, também, para ajudar a planejar medidas de mitigação e prevenção) e destinação adequada. Quanto às campanhas denominadas Dive Clean, estas são eventos pontuais onde parceiros e colaboradores se mobilizam com as embarcações em algumas datas do ano para recolher os PP-APD em determinadas áreas submersas das Unidades de Conservação. Esses materiais também são mapeados e coletados durante as atividades de rotina pelos monitores ambientais que acompanham as operadoras de mergulho no PEMLS. Todo material recolhido recebe um lacre e fica depositado temporariamente no local denominado Ecoponto para análise, descaracterização e a seguir destinado à reciclagem, isso garante que os PP-APD recolhidos do ambiente marinho não retornem novamente ao mar (CASARINI, 2011, p. 12). Dentre os participantes e colaboradores da campanha Dive Clean estão: 70 Fundação Florestal; Instituto de Pesca; 7º Grupamento de Bombeiros do Guarujá; AOM (Associação das Operadores de Mergulho); Instituto Laje Viva ILV; Diver s University; Operadoras de Mergulho: Pé de Pato, Orion Dive, Cachalote, Nautilus e Anekim; Nutecmar; Monitores Ambientais do PEMLS; Oceano Brasil; 70 O III Dive Clean foi realizado no Parque Estadual Marinho da Laje de Santos em 26 de janeiro de

242 Revista Mergulho; Estaleiro Arthmarine; Estaleiro Force One; GREMAR; Iate Clube de Santos. Segundo Casarini (2011, p. 12), em pouco mais de um ano de atuação do projeto já foram removidos aproximadamente uma tonelada de PP-APD em 4 campanhas Dive Clean dentro das Unidades de Conservação (UC) de proteção integral, onde a pesca é proibida, sendo duas no Parque Estadual Marinho Laje de Santos (PEMLS), uma no Parque Estadual Xixová-Japuí (PEXJ) e uma na Estação Ecológica Tupinambás (ESEC Tupinambás). A primeira campanha no PEMLS retirou cerca de 350 kg de petrechos de pesca em área que corresponde apenas 0,36% da área do Parque (5.000 ha). Em operações de rotina no PEMLS, onde os monitores ambientais recolhem PP-APD durante as operações de mergulho aos finais de semanas, foram retirados até agora cerca de 200 kg de materiais. A seguir apresenta-se um quadro síntese da situação atual, demandas, pontos críticos e oportunidades existentes no PEXJ conforme as diretrizes estabelecidas pela PNB e pelo PNAP (quadro 7.14).

243 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 m. Quadro 7.10 Quadro síntese: situação atual, demandas e pontos críticos em conformidade com as diretrizes estabelecidas pela PNB e pelo PNAP EIXOS SITUAÇÃO ATUAL E PONTOS CRÍTICOS DEMANDAS E OPORTUNIDADES Intensificação do processo de regularização fundiária; Planejamento, fortalecimento e gestão Eixo governança, participação, equidade e repartição de custos e benefícios Conselho gestor paritário, criado e em funcionamento; Faz-se necessário incrementar a proteção do entorno do PEXJ de forma a contribuir com o esforço de conectividade de áreas protegidas; Não há ações visando o fortalecimento do papel do PEXJ como vetor de desenvolvimento regional e local; A questão da regularização fundiária das terras do Parque é uma questão a ser solucionada; Ausência de infraestrutura básica de funcionamento. Não há políticas públicas específicas para o PEXJ que visem empreender e apoiar alternativas econômicas de uso sustentável da zona de amortecimento, como, por exemplo, a criação de RPPNs. Existem lacunas a serem preenchidas no que tange a capacitação dos gestores, técnicos e comunidades locais. Estas lacunas incluem questões administrativas, licenciamento, gestão de conflitos, Dotar o PEXJ de instrumentos de gestão e infraestrutura básica de funcionamento (Implantação de um centro de visitantes, incluindo auditório, equipamentos para exibição de audiovisuais, biblioteca, sanitários, postos de vigilância); Melhorar a infraestrutura disponível para atividades de uso público (instalação de equipamentos e adequação das trilhas existentes); Produção de materiais educativos e informativos sobre o Parque; Articulação de ações de gestão das áreas protegidas com as políticas públicas das três esferas de governo e com os segmentos da sociedade; Criar e implementar o Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica (Lei da Mata Atlântica) com o objetivo de angariar recursos do Fundo de Restauração da Mata Atlântica para financiar pesquisa científica e projetos de conservação e restauração do meio ambiente; Criar um programa específico para o monitoramento e controle de espécies exóticas; Apoio à implementação de um sistema de fiscalização e controle efetivo. Implementar práticas de manejo sustentável dos recursos naturais e de ecoturismo na zona de amortecimento do PEXJ que contribuam com a inclusão social das comunidades locais e com a redução da pobreza. Inclui-se nesta diretiva: Criar um programa de turismo de base comunitária como alternativa para inclusão social (apoio técnico e financeiro); Capacitar moradores locais em situação de vulnerabilidade a atuar como monitores em ecoturismo; Implantar e fortalecer sistema de indicadores para monitoramento permanente da biodiversidade, especialmente de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção; Promoção de cursos de capacitação de gestores, técnicos e comunidades locais voltados para questões administrativas, licenciamento, gestão de conflitos, programas de proteção, gestão do uso público e instrumentos de cogestão e concessão com 243

244 Capacidade institucional Avaliação e monitoramento programas de proteção, instrumentos de cogestão, concessão e gestão do uso público; Ações de fiscalização baseadas em patrulhamento integrado deficitário; O baixo nível de conhecimento científico sobre o PEXJ é um fator que dificulta a tomada de decisão. Não há um instrumento de avaliação da eficácia e eficiência das ações voltadas para o cumprimento dos objetivos estabelecidos pelo Plano de Manejo. fundamento no Decreto Estadual nº /2011 que Institui o Programa de Parcerias para as Unidades de Conservação instituídas pelo Estado de São Paulo; Intensificar a estruturação e atuação integrada dos órgãos fiscalizadores; Dotar o PEXJ de estrutura técnica e administrativa compatível com as suas necessidades; Estimular o desenvolvimento e utilização de tecnologias para a gestão, monitoramento e fiscalização do PEXJ e de sua zona de amortecimento; Documentar conhecimentos e experiências existentes sobre a gestão de áreas protegidas no Município; Estimular pesquisas voltadas para o desenvolvimento de tecnologias relacionadas à proteção, reabilitação e restauração de habitats; Empreender trabalhos voltados para de eliminação de espécies exóticas; Estimular estudos científicos e desenvolvimento de tecnologias, visando a interação de estratégias de conservação in situ e ex situ, para a proteção e reabilitação de espécies ameaçadas de extinção; Estimular o uso de novas tecnologias nos estudos de taxonomia, sistemática, genética, paisagens e relações ecossistêmicas em unidades de conservação; Implementar avaliações da efetividade, eficácia e eficiência da gestão do PEXJ; Estabelecer e implementar procedimentos de avaliação contínua das tendências para o PEXJ; Identificar indicadores e estabelecer os protocolos para monitoramento do cumprimento dos objetivos do PEXJ.

245 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº Parque Ecológico Voturuá Março de 2013 O então Horto Municipal de São Vicente foi inaugurado em 21 de setembro de 1954 com o intuito de cultivar plantas ornamentais e vegetação para arborizar a Cidade. Denominado, nos dias atuais, de Parque Ecológico Voturuá, o local possui metros quadrados de área verde da Mata Atlântica (uma das últimas reservas dentro da zona urbana da Cidade). A principal atração é o Zoológico Municipal, onde os visitantes podem conhecer 150 animais divididos em 24 espécies, como a família de leões, o casal de onças pintadas e o hipopótamo. O Parque também abriga o Pesque-Pague, Posto de Informações Turísticas (PIT), playground para as crianças, entre outros atrativos e serviços. O local oferece ainda aulas de dança, pintura, ginástica, artesanato e Tai Chi Chuan às pessoas com mais de 50 anos, por meio do Centro de Convivência da Melhor Idade (Fotos 7.29 e 7.30) (PMSV, 2012). Fotos 7.29 e 30 Entrada do Parque Municipal do Voturuá e aspecto do zoológico existente no local Fonte: Prefeitura Municipal de São Vicente, 2012; Cristina/87, n.d. Presentemente, a área do Parque Ecológico Voturuá atua como um trampolim ecológico, uma vez que este, em meio a uma área densamente urbanizada, se comporta como um ambiente facilitador do fluxo gênico, principalmente de aves, entre áreas prioritárias para a conservação, como é o caso do PEXJ e o PESM (foto 7.31) Os trampolins ecológicos são áreas localizadas a menos de 50 km de áreas prioritárias para a conservação e que servem como ilhas que podem tanto facilitar o fluxo gênico de espécies que transitam por uma matriz não florestal quanto ajudar 245

246 Foto 7.31 Interação entre o Parque Ecológico Voturuá eo PEXJ Parque Ecológico Voturuá 3 km SÃO VICENTE PEXJ PRAIA GRANDE Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2003 / Neste sentido, o Parque Ecológico Voturuá foi incluído no Setor 3 da zona de amortecimento do PEXJ. Este setor tem o objetivo de proporcionar a manutenção ou incremento do grau de conectividade do PEXJ através da manutenção de um corredor entre costa, mangues e restingas, incluindo áreas verdes urbanas (SMA/FF, 2010a) APA Marinha Litoral Centro (APAMLC) A APA Marinha do Litoral Centro (APAMLC) foi criada pelo Decreto Estadual nº , de 8 de outubro de 2008, e é administrada pela Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo (Fundação Florestal). Ela possui ,70 hectares e é a maior unidade de conservação marinha do País. Em sua área de abrangência estão os municípios de Bertioga, Guarujá, Santos, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2012). 72 Para efeito de gestão, a APAMLC é subdividida em três setores: Setor Guaíbe - Municípios de Bertioga e Guarujá, englobando as ilhas do Arvoredo, das Cabras e da Moela (Área: ,170 ha); Setor Itaguaçu - Parque Estadual Marinho da Laje de Santos e entorno (Área: ,546 ha); Setor Carijó - planície sedimentar de Praia Grande até Peruíbe, englobando ilhas próximas à costa, como a Laje da Conceição, ou distantes como a Ilha da Queimada Grande (Área: ,988 ha). 73,74 no planejamento e implementação de corredores biológicos. Em alguns casos, ajudam a aumentar a representatividade de algumas unidades de paisagem (RBMA, 2012). 72 A APAMLC faz parte do Mosaico das Ilhas e Áreas Marinhas Protegidas do Litoral Paulista que engloba as APAS estaduais marinhas dos litorais: Norte, Centro e Sul, a APA Estadual da Ilha Comprida e a APA Municipal de Alcatrazes (São Sebastião); os parques estaduais da Ilha Anchieta, Ilhabela, Laje de Santos, Xixová-Japuí e Ilha do Cardoso; as áreas de relevante interesse ecológico estaduais de São Sebastião e do Guará; as Unidades de Conservação costeiras integrantes do Mosaico Estadual de Unidades de Conservação da Juréia-Itatins e Jacupiranga; as Unidades de Conservação costeiras do Estado São Paulo integrantes do Mosaico Federal da Bocaina e as Unidades de Conservação costeiras do Estado de São Paulo integrantes do Mosaico Federal do Litoral Sul do Estado de São Paulo e Litoral Norte do Estado do Paraná (Artigo 1 e incisos do Decreto Estadual nº , de 8 de outubro de 2008). 73 Artigo 2º e incisos do Decreto Estadual nº /2008.

247 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 Adicionalmente, devido à importância dos manguezais como berçário de espécies e para cadeia alimentar marinha, foram incorporados aos limites da APA Marinha do Litoral Centro os manguezais adjacentes aos rios Itaguaré, Guaratuba, Itapanhaú e Canal de Bertioga, no Município de Bertioga, bem como os manguezais localizados junto ao rio Itanhaém (Município de Itanhaém) e aos rios Preto e Branco (Município de Peruíbe). 75 A criação da APAMLC se produziu pela necessidade de se proteger, ordenar, garantir e disciplinar o uso racional dos recursos ambientais em um setor do litoral paulista composto por ecossistemas litorâneos de altíssima relevância relacionada tanto à sua rica biodiversidade quanto à sua importância socioeconômica (potencial pesqueiro, turístico, esportivo, científico, mineral e energético). Nas últimas décadas, uma série de práticas têm ameaçado estes ecossistemas marinhos, reduzindo os estoques comerciais e colocando muitas espécies da fauna e flora marinha em risco de extinção. Dentre estas práticas, cumpre destacar (SMA, 2008): A perda e comprometimento de habitats devido a aterros, poluição, contaminação e construção de portos, marinas, indústrias e residências em manguezais, praias lodosas, planícies de marés, marismas e restingas; A pesca ilegal com explosivos ou aparelhos de ar comprimido, a sobrepesca, a pesca de cardumes sem o tamanho adequado e o corte indiscriminado de aletas de cações e tubarões; A contaminação do mar e a desertificação do fundo marinho devido ao uso de parelhas de arrasto; A destruição de bancos de algas calcárias e a degradação de ambientes estuarinos e costeiros; A caça submarina e a captura irregular para aquariofilia. Na sequencia, a figura 7.8 traz o Mapa da APA Marinha Litoral Centro e a tabela 7.7 apresenta informações sobre espécies da biota marinha existentes no litoral paulista, incluindo o número de espécies em risco de extinção e observações sobre questões inerentes a estas. 74 Foram excluídas dos perímetros da APA Marinha Litoral Centro as áreas de fundeadouro e de fundeio de carga e descarga; as áreas de inspeção sanitária e de policiamento marítimo; as áreas de despejo, tais como emissários de efluentes sanitários; os canais de acesso e bacias de manobra dos portos e travessias de balsas; as áreas destinadas a plataformas e a navios especiais, a navios de guerra e submarinos, a navios de reparo, a navios em aguardo de atracação e a navios com cargas inflamáveis ou explosivas; as áreas destinadas ao serviço portuário, seus terminais e instalações de apoio e as áreas destinadas à passagem de dutos e outras obras de infraestrutura de interesse nacional (art. 4 e incisos do Decreto Estadual nº /2008). 75 2º do artigo 2º do Decreto Estadual nº /

248 Figura 7.8 Mapa da APA Marinha Litoral Centro Fonte: Secretaria do Meio Ambiente, Tabela 7.7 Espécies da biota marinha do litoral paulista BIOTA Espécies Identificadas Risco de extinção Observações PEIXES MARINHOS ALGAS BENTÔNICAS INVERTEBRADOS - - CETÁCEOS 24 3 Existem 150 espécies de peixes recifais que são pertencentes à 44 famílias. Cerca de 20% das espécies são endêmicas ao Brasil. São muito importantes porque fornecem alimento e refúgio a diversos organismos marinhos e compõem, juntamente com protistas e invertebrados marinhos formadores do plâncton, a base da cadeia alimentar, desde os corais até as baleias. Dentre os invertebrados marinhos ameaçados de extinção estão: Caranguejo-uçá e espécies de anêmona-do-mar, ceriantos, gorgônia, coral-de-fogo, estrelas-do-mar, ouriços-do-mar, pepino-do-mar, esponja, molusco e poliquetas, entre eles o verme-de-fogo. Destes, os com avistagens ou encalhes mais frequentes são baleia-de-bryde, baleia-franca, boto-cinza, bototoninha, golfinho-pintado, golfinho nariz-de-garrafa e golfinho-de-dentes-rugosos, todos muitas vezes observados acompanhados de filhotes e jovens, portanto, espécies residentes que utilizam áreas interiores fluviais e

249 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 lacunares, ou marinhas e o Mar Territorial. A orca é visitante sazonal e muito regular, que se aproxima da costa para se alimentar (fotos 7.16e 7.17). TARTARUGAS 5 5 Tartaruga-verde, a tartaruga-de-pente, a tartarugacabeçuda, a tartaruga-de-couro e a tartaruga oliva, sendo que todas estão criticamente ameaçadas. AVES COSTEIRAS E MARINHAS > Há uma enorme gama de aves migrantes de longo percurso e visitantes sazonais que dependem dos ambientes litorâneos para a alimentação e forrageamento. Nas áreas úmidas costeiras, como manguezais e brejos, podem-se encontrar aves aquáticas costeiras que são extremamente adaptadas e que utilizam estes ambientes para se reproduzir e alimentar. Dentre as aves existentes na APAMLC estão diversas espécies de albatroz e gaivotinha, a fragata, o atobá e o gaivotão (fotos 7.18 e 7.19). Dentre as espécies de aves ameaçadas de extinção podese citar algumas espécies de albatroz, a gaivotinha trintaréis-real, o papagaio da cara roxa e o guará-vermelho. Fonte: SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2008; C AMPOS, F. P.; PALUDO, D.; FARIA, P. J.; MARTUSCELLI, P. 2004; Instrução Normativa MMA nº 03, de 27 de maio de Lista Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção; Espécies de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes de água doce ameaçados de extinção no Estado de São Paulo, Foto 7.16 Baleia Orca avistada nas proximidades da costa de Bertioga Fonte: Simone RH, n.d. 249

250 Foto 7.17 Golfinhos nas proximidades da costa de Bertioga Fonte: Simone RH, n.d. Foto 7.18 Atobás no Município de Bertioga Fonte: Nilson Kabuki, 2009

251 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Foto 7.19 Atobá em voo na costa de Bertioga Março de 2013 Fonte: Simone RH, n.d. a. Conselho Gestor Conforme Resolução SMA 90/2008, o Conselho Gestor da APA Marinha Litoral Centro é formado por 24 membros titulares e 24 membros suplentes. Sendo 24 membros representantes da sociedade civil (incluindo organizações ambientalistas e organizações dos setores de turismo, esporte náutico, pesca e educação) e 24 representantes de órgãos governamentais (quadros 7.11 e 7.12). A gestão deste Núcleo está sob a responsabilidade do oceanógrafo com especialização em Pesca e Aquicultura Marcos Buher Campolim (foto 7.20). 251

252 Foto 7.20 Reunião do Conselho Gestor da APAMLCem 14/04/2009 Fonte: Guilherme Kodja, 2009 Quadro Relação dos representantes governamentais do Conselho Consultivo da APA Marinha Litoral Centro Entidades Prefeitura Municipal de Santos Prefeitura da Estância Balneária de Mongaguá Prefeitura Municipal de São Vicente Prefeitura Municipal da Praia Grande Prefeitura Municipal de Guarujá Prefeitura do Município de Bertioga Prefeitura Municipal de Itanhaém Prefeitura da Estância Balneária de Peruíbe Fundação Florestal Instituto de Pesca da Secretaria da Agricultura e Abastecimento / Agência Ambiental Secretaria do Meio Ambiente / Coordenadoria de Planejamento Ambiental - CPLA Polícia Militar Ambiental / 17º GP Bombeiros Sabesp / Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais CBRN Tipo Titular Suplente Titular Suplente Titular Suplente Titular Suplente Titular / Suplente Titular / Suplente Titular / Suplente Titular / Suplente Titular / Suplente

253 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 IBAMA ICMBio - Instituto Chico Mendes de Biodiversidade MARINHA DO BRASIL Ministério da Pesca e Aquicultura MPA Titular Suplente Titular / Suplente Suplente Fonte: RESOLUÇÃO SMA nº 090, DE 19 DE DEZEMBRO DE Quadro Relação dos representantes da sociedade civil do Conselho Consultivo da APA Marinha Litoral Centro Entidades - Setor Pesca (6 cadeiras) Sociedade Amigos do Perequê SAPE Guarujá Sociedade Amigos da Prainha Branca SAPB Guarujá Colônia de Pescadores André Rebouças Z- 4, São Vicente Colônia de Pescadores José de Anchieta Z-13, Itanhaém Colônia de Pescadores Floriano Peixoto Z-3, Guarujá Colônia de Pescadores Z-5 Júlio Conceição, Peruíbe Colônia de Pescadores José Bonifácio Z-1, Santos Sindicato dos Pescadores e Trabalhadores Assemelhados do Estado de São Paulo Sindicato da Indústria da Pesca no Estado de São Paulo SPESP Central de Orientação, Desenvolvimento e Apoio da Pesca Responsável COPERE Sindicato dos Armadores de Pesca do Estado de São Paulo SAPESP ALPESC - Associação Litorânea da Pesca Extrativista Classista do Estado de S. Paulo Entidades - Setor Turismo e Esporte Náutico (2 cadeiras) Associação Vivamar Iate Clube de Santos Associação Oceano Brasil AOM Setor Ambientalista (2 cadeiras) Instituto Laje Viva Tipo Titular Suplente Titular Suplente Titular Suplente Titular Suplente Titular Suplente Titular Suplente Tipo Titular Suplente Titular Suplente Tipo Titular Suplente Instituto Maramar Associação Tuim Proteção e Educação Ambiental Titular Suplente 253

254 Setor Educação (2 cadeiras) Tipo Universidade Católica de Santos UNISANTOS Titular --- Suplente Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENAC Titular --- Suplente Fonte: Secretaria do meio ambiente do Estado de São Paulo, Com o início das atividades do Conselho Gestor da APAMLC, foram levantadas as prioridades para elaboração do termo de referência do Plano de Manejo e para gestão desta UC através de Grupos de Trabalho (GTs). Posteriormente, alguns destes GTs foram transformados em Câmaras Técnicas (CT): CT de Pesca assuntos prioritários para o ordenamento pesqueiro (Composição: Entidades Governamentais - Prefeitura Municipal do Guarujá, IBAMA, Polícia Ambiental, Marinha do Brasil, Instituto de Pesca, Fundação Florestal, CPLA; Entidades da Sociedade Civil SAPESP, Copere, colônias de pecadores Z1, zz e Z13, SIPESP, SAPE, UNISANTA, Associação Vivamar); CT de Educação e Comunicação (Composição: Entidades Governamentais - IBAMA, SABESP, Prefeitura Municipal de São Vicente, Polícia Ambiental, Prefeitura Municipal de Guarujá, Fundação Florestal, SMA / CPLA; Entidades da Sociedade Civil Associação Vivama, Colônia de Pescadores Z-5 Júlio Conceição de Peruíbe, SAPESP, UNISANTOS, Tuim Ambiental, Instituto Albatroz, ALPESC); CT de Planejamento e Pesquisa (Composição: Entidades Governamentais - Instituto de Pesca, Prefeitura Municipal de Santos, Marinha, Prefeitura Municipal de São Vicente, Prefeitura Municipal de Guarujá, SMA / CPLA, Fundação Florestal; Entidades da Sociedade Civil UNISANTA, SAPESP, UNISANTOS, Colônia de Pescadores Z-4 André Rebouças de São Vicente, Instituto Albatroz, Instituto Maramar, SEAP, SIPESP, Associação Vivamar). Além disso, foram criadas as comissões de Proteção e do Canal de Bertioga (vinculada ao CT de Planejamento e Pesquisa). Atualmente, apesar de já ter sido elaborado o termo de referência (TdR) para contratação da elaboração do Plano de Manejo com a participação dos conselheiros, os trabalhos referentes à elaboração do mesmo ainda não foram contratados e estão, portanto, atrasados, conforme o art. 10 do Decreto nº /2008 que criou a APAMLC. 76 b. Infraestrutura A APA Marinha Litoral Centro possui uma única sede física localizada no Museu da Pesca em Santos. c. Recursos humanos Apesar de contar com o apoio do quadro de funcionários do Instituto de Pesca do Estado de São Paulo e da Fundação Florestal, bem como com o suporte técnico das CTs, pode-se afirmar que a equipe de trabalho da APAMLC é bastante reduzida em face da ampla extensão desta Unidade de Conservação e de sua grande complexidade socioambiental, que exige um conhecimento multidisciplinar bastante diversificado. d. Pesca 76 Decreto nº /2008: Artigo 10 - O Plano de Manejo da APA Marinha do Litoral Centro deverá ser elaborado e aprovado no prazo de 2 (dois) anos.

255 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 A questão da pesca é um tema primordial a ser regulamentado na área da APAMLC em face da alta produção pesqueira e da grande densidade de barcos de pesca artesanais e industriais existentes nos municípios da baixada santista. Entre Bertioga e Peruíbe existem 43 pontos de desembarque de pescado, sendo que a sardinha, a corvina e o camarão-sete-barbas são os recursos mais pescados (BASTOS, 2011) (tabela 7.8 e foto 7.21). Tabela 7.8 Estatística pesqueira dos municípios abrangidos pela APAMLC GRUPOS (kg) MUNICÍPIO Crustáceos Equinodermas Moluscos Peixe cartilaginoso Peixe ósseo Total SANTOS / GUARUJÁ BERTIOGA PERUÍBE SÃO VICENTE CUBATÃO PRAIA GRANDE MONGAGUÁ ITANHAÉM TOTAL Fonte: Estatística Pesqueira - Instituto de Pesca do Estado de São Paulo. 255

256 Foto Barcos de pesca e turismo no Bairro Santa Cruz dos Navegantes Município do Guarujá Fonte: Pablto, Pesca artesanal Pode-se afirmar que um problema bastante evidente na área da APAMLC é a deterioração das condições de vida dos pescadores artesanais e de suas famílias nas últimas décadas devido tanto à poluição das águas estuarinas e marinhas como à forte concorrência da pesca industrial. Este problema deve ser tratado com questão prioritária no que tange ao planejamento e a implementação de planos de desenvolvimento sustentável para área da APAMLC, uma vez que se estima que há um universo de pessoas que vivem direta ou indiretamente da pesca artesanal na região da baixada santista. 77 Em pesquisa desenvolvida por Gefe et. al (2004), onde foram cadastrados 2731 pescadores distribuídos em 17 comunidades (76% situados nos trechos de São Vicente, Bertioga e Rio do Meio / Santa Cruz dos Navegantes e aproximadamente 22% distribuídos na área interna do estuário de Santos/Cubatão/São Vicente / Guarujá), concluiu-se que a situação dos pescadores artesanais na região da baixada santista é de altíssima miserabilidade em face das seguintes condições: Renda insubsistente (69,7% receberam mensalmente menos de R$ 100,00); Baixa instrução no ensino (87,2% tem somente o curso fundamental - incompleto ou completo e 3,3% são analfabetos); Estrutura econômica familiar, tradicional, de subsistência, e informal, voltada para a atividade primária da pesca, com instrumentos e embarcações rudimentares, pescando peixes, crustáceos e moluscos; 77 Estimativa feita por Gefe et al. (2004) em pesquisa sobre aspectos socioeconômicos da pesca artesanal na região da Baixada Santista

257 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Escassez de pescado devido à poluição das águas estuarinas e marinhas; Somente 58% possuem o Registro Geral de Pesca (RGP); Março de ,8% não recebem ou receberam o salário desemprego na parada do defeso devido à desinformação e ausência de cadastro; 52,2% são obrigados a ter outra profissão para sobreviver; 95% deles nunca haviam realizado nenhum curso na área de pesca; 56,3% vendem direto ao consumidor e 43,7% para intermediários; As moradias verificadas, em sua grande maioria, não recebem água tratada, e, portanto, os moradores são obrigados a consumir a água disponível no entorno; A pesca de subsistência se dá através do consumo de pescado contaminado; Falta de investimento e situação de abandono pelas instituições públicas; Em pior situação estão os pescadores que vivem no interior do estuário. Estes estão sem pescado, totalmente desarticulados e em situação de miséria absoluta. Outra questão bastante relevante e que deve ser considerada quando do planejamento e implementação de políticas públicas é o número não desprezível de mulheres que se dedicam às atividades correlacionadas à pesca artesanal, principalmente ao descasque do camarão. Estas representam 14% da força de trabalho e vivem, em sua grande maioria, no Rio do Meio e em Santa Cruz dos Navegantes - Guarujá (GEFE, et. al, 2004). Pesca de arrasto e pesca com compressor de ar ou outro equipamento de sustentação artificial O artigo 6º do Decreto nº /2008 determinou a proibição da pesca de arrasto com a utilização de sistema de parelha de barcos de grande porte e a pesca com compressor de ar ou outro equipamento de sustentação artificial, em qualquer modalidade, devido a pressão que estas atividades exercem sobre o estoque pesqueiro. 78 Os parâmetros técnicos que estabelecem estas proibições supracitadas, segundo o parágrafo único do art. 6 do mesmo Decreto, são de competência da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SMA), devendo ser ouvido o Conselho Gestor da APAMLC. Assim, tal questão foi levada ao GT Pesca da APAMLC que realizou uma série análises e discussões. Como resultado, após deliberação do Conselho Gestor, foram encaminhadas as seguintes recomendações à SMA: 79 Definição de embarcação de grande porte em sistema de parelhas como acima de 100 AB; Proibição da pesca de arrasto com a utilização de parelhas em profundidades inferiores a isóbata de 23,6 m; 78 O arrasto de parelha consiste no emprego de uma grande rede de formato cônico arrastada por duas embarcações geralmente idênticas. A boca da rede é mantida aberta pela distância entre as duas embarcações, com o recolhimento e lançamento da rede sendo realizados por uma embarcação. Esta modalidade de arrasto se caracteriza pela maior eficiência em profundidades de até 60 m, além da grande dimensão das redes empregadas. No Sudeste e Sul do Brasil, as redes de parelha chegam atingir 80 metros de tralha superior, resultando em uma abertura horizontal da boca da rede da ordem de 55 metros, enquanto que a abertura vertical chega a 6 metros (UNIVALI, 2012). 79 ATA da 5ª reunião do Conselho Gestor da APAMLC. 257

258 Todas as parelhas para atuarem no interior da APAMLC obrigatoriamente devem integrar o programa PREPS (Programa Nacional de Rastreamento de Embarcações por Satélites). O equipamento deve ser instalado no prazo de 60 dias a partir da publicação da resolução de regulamentação; Orienta-se à FF/SMA que efetive o controle das áreas de operação das parelhas via rastreamento por satélite (PREPS); Orienta-se o embarque de observadores científicos a bordo para o acompanhamento da atividade, ficando a cargo do Instituto de Pesca especificar a metodologia e as embarcações que serão monitoradas e consolidar os relatórios para apresentação e acompanhamento junto do Conselho Gestor da APAMLC; Orienta-se a realização de um estudo conjunto do Instituto de Pesca com o setor produtivo para determinação de dimensões de redes apropriadas ao objetivo de sustentabilidade ambiental e econômica; Orienta-se que a FF encaminhe para conhecimento do Ministério da Pesca e Ministério do Meio Ambiente o processo de regulamentação da pesca com parelhas nas APAs Marinhas do Estado de São Paulo; Orienta-se que as propostas de recomendações da APAMLC sejam consideradas para análise junto aos Conselhos Gestores das APAMLS e APAMLN. Munida destas recomendações e de recomendações formuladas pelos conselhos gestores das APAS marinhas dos litorais norte e sul, a SMA editou a Resolução SMA - 69, de 28 de setembro de Tal Resolução estabeleceu em seu art. 1 que nas Áreas de Proteção Ambiental Marinhas dos litorais Norte, Centro e Sul, a atividade de pesca com compressor de ar ou outro equipamento de sustentação, em qualquer modalidade, independentemente da Arqueação Bruta (AB), está proibida. Já, a atividade de pesca de arrasto com a utilização de sistema de parelhas de embarcações na APAMLC ficou proibida em profundidades inferiores à isóbata de 23,6 m, independentemente das suas Arqueações Brutas (art. 1, 2º da Resolução SMA -69/2009) (vide figura 7.6). Além disso, a mesma Resolução obrigou todas as embarcações que praticam o sistema de pesca de arrasto por parelhas no interior da APAMLC, independentemente de sua Arqueação Bruta (AB), a integrar o Programa Nacional de Rastreamento de Embarcações por Satélite PREPS. No caso das embarcações que não dispunham do equipamento necessário para integrar o PREPS, deu-se aos seus proprietários o prazo de 60 (sessenta) dias, a partir da publicação da Resolução SMA 69/2009, para que a instalação do equipamento fosse realizada (art. 1, 3º e 3º da Resolução SMA -69/2009). Regulamentação da pesca do camarão A questão da regulamentação da pesca do camarão é outro tema que vem sendo discutido arduamente pelo Conselho Gestor da APAMLC. Essencialmente, entende-se que há a necessidade de se realizar um ordenamento desta atividade na área da APAMLC com o objetivo de se evitar a sobrepesca (que vem diminuindo sensivelmente os estoques nos últimas décadas) e regulamentar, de forma clara, as modalidades de pesca que serão permitidas com o intuito de se evitar impactos ambientais significativos. Uma preocupação, por exemplo, é a pesca de camarão pela modalidade de arrasto (sistema de porta) que funciona como arado, fazendo sulcos que degradam o fundo marinho. Estima-se que um bote de pesca de camarão-sete-barbas arrastando durante uma hora varre aproximadamente a área correspondente a três campos de futebol, ou seja, 30 mil m2, obtendo em média menos de 10 kg de produção (CASARINI, 2010). Assim, entre os anos de 2010 e 2011, foram realizadas várias reuniões (envolvendo análise e discussão das informações coletadas) no âmbito da Câmara Temática de Pesca da APA Marinha Litoral Centro (APAMLC). Pesquisadores com expertise na pesca do camarão-sete-barbas apresentaram trabalhos sobre a caracterização da frota pesqueira dirigida a esta modalidade existente na região e as modalidades de pesca adotadas.

259 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 Adicionalmente, foram realizadas reuniões com pescadores de camarão-sete-barbas em todos os Municípios integrantes da APAMLC. Estas reuniões tiveram o apoio das prefeituras e das colônias dos municípios e foram coordenadas pelo gestor da APAMLC. Regulamentação da pesca de redes de praia e rede de espera (emalhe) A regulamentação destes dois tipos de pesca começou a ser discutida 24ª reunião da Câmara Temática de Pesca do Conselho Gestor da APA Marinha Litoral Centro (APAMLC), realizada no dia 12 de setembro de 2011, a partir de um parecer apresentado pelo Instituto Oceanográfico sobre a regulamentação desta atividade, em especial sobre rede estaqueada. Esta é uma discussão de suma importância em virtude da pesca de redes ser o principal fator de sobrepesca que resultou na diminuição dos estoques de peixes do litoral paulista. Por esta razão, a organização não governamental ambientalista VIVAMAR, que faz parte do Conselho Gestor, defendia, dentro das discussões sobre esta regulamentação, a proibição total, ou a criação de zona de exclusão de pesca de qualquer tipo de redes no limite mínimo de distância de 1,5 milhas da costa e da desembocaduras de rios e canais, 1 milha no entorno de ilhas e parcéis e dentro de baías e estuários. Sendo que a partir do limite mínimo de 1,5 milhas ocorreria a liberação da prática dessa modalidade de pesca de forma gradativa em função da distância da costa porte de embarcação e tamanho de rede e malha (VIVAMAR, 2011). A proposta supracitada se justifica em função da prática dessas modalidades de pesca, quando efetuadas abaixo do limite inferior a 1,5 milhas de distância da costa, barra de rios/canais estuários e no entorno de ilhas e parceis (áreas com maior incidência de acúmulo de cardumes de várias espécies), resultar na captura de milhares de peixes na desova e na grande mortandade de peixes ainda jovens (VIVAMAR, 2011). Entretanto, a proposta defendida por pescadores se contrapunha a proposta dos ambientalistas ao prever a liberação de redes de lance de praia e a liberação total de colocação de redes de espera (emalhe) sem limite de distância da praia para pescadores artesanais com embarcações de pequeno porte (pesca de micro-escala). Como resultado destas discussões e no intuito de compatibilizar os interesses divergentes supracitados, foi editada a Resolução da Secretaria do Meio Ambiente (SMA) nº 51, de 28 de junho de 2012, que, presentemente, regula o exercício de atividades pesqueiras profissionais realizadas com o uso de redes nas praias inseridas nos limites da Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Centro. São abrangidas por esta resolução as praias voltadas para o mar, desde o município de Peruíbe até Bertioga, com exceção da Baía de Santos/São Vicente, uma vez que esta não é abarcada pela APAMLC. A seguir a tabela 7.9 traz uma síntese da regulamentação estabelecida pela Resolução SMA nº 51/2012. Tabela Síntese da Resolução SMA nº 51/2012 Especificações dos petrechos de pesca Arrasto de praia (lanço de praia ou arrastão de praia) Picaré para caceio de praia Comprimento máximo: 500 m; Tamanho mínimo de malha: 70 mm (nós opostos); Utilização de tração humana exclusivamente. Comprimento máximo: 50 m; Altura máxima: 3,5 m; 259

260 Tamanho mínimo de malha: 70 mm (nós opostos); Panagem simples; Rede Singela (pano simples) para caceio de praia Rede feiticeira ou tresmalho para caceio de praia Tarrafa Observações gerais Pescadores profissionais Locais e horários de utilização dos petrechos de pesca Comprimento máximo: 50 m; Altura máxima: 3,0 m; Tamanho mínimo de malha: 70 mm (nós opostos); Panagem simples; Comprimento máximo: 60 m; Altura máxima: 5,0 m; Tamanho mínimo de malha interna: 70 mm (nós opostos); Tamanho mínimo de malha externa: 140 mm (nós opostos); Utilização de tração humana exclusivamente. Tamanho mínimo de malha para peixes: 70 mm (nós opostos); Tamanho mínimo de malha para camarões: 26 mm (nós opostos). Todas as pessoas envolvidas na atividade de pesca e que utilizam os petrechos previstos na Resolução SMA nº 51/2012 devem ser, obrigatoriamente, pescadores profissionais. Não poderão ser utilizados nas desembocaduras de rios com áreas distantes até 500 m em direção ao mar e nas áreas adjacentes; Não deverão ser utilizados entre 9h00 e 19h00 em praias urbanizadas ou com frequência de banhistas, em qualquer período do ano. De março a novembro, com exceção dos finais de semana e feriados, a pesca com esses petrechos é permitida em qualquer horário, somente nas seguintes praias: Ruínas (Peruíbe); Gaivota, Jamaica, Bopiranga, Jardim Suarão, Campos Elíseos e Marrocos (Itanhaém); Flórida Mirim, Jussara, Itaóca, Jardim Praia Grande, Vila Atlântica e Vera Cruz (Mongaguá); Perequê e Praia Branca (Guarujá); Indaiá, Itaguaré, Guaratuba e Boracéia (Bertioga). e. Educação e comunicação O principal programa de educação e comunicação incidente nas APAS marinhas do litoral do Estado de São Paulo é o programa Pesca Sustentável em Áreas Marinhas Protegidas. Este programa foi elaborado pela Coordenadoria de Educação Ambiental da SMA e contou com a contribuição do Instituto Chico Mendes, IBAMA, Instituto de Pesca, Fundação Florestal, Polícia Ambiental e colônias de pescadores. Os trabalhos de implementação deste projeto ocorreram no ano de 2009 e envolveram: Oficinas de informação para pescadores; Trabalhos de educação ambiental (atividades culturais para crianças); Edição do livro Pesca Sustentável em Áreas Marinhas Protegidas.

261 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Oficina de informação para pescadores Março de 2013 Evento realizado em conjunto com as prefeituras municipais abrangidas pelas APAS marinhas dos litorais norte, centro e sul e direcionado à comunidade pesqueira. Foram realizados seis cursos para pescadores que abrangeram os municípios de Cananéia, Iguape, Peruíbe, Guarujá, São Sebastião e Caraguatatuba. No total, as oficinas envolveram 212 participantes entre palestrantes, convidados e pescadores (CEA/SMA, 2012). Nestas oficinas de informação foram abordados os seguintes temas: Pesca sustentável, legislação, fiscalização e unidades de conservação; Discussões práticas para os pescadores, enfatizando aspectos ambientais marinhos importantes. Trabalhos de educação ambiental (atividades culturais para crianças) Projeto realizado com a colaboração de diretorias de ensino de escolas dos municípios de Iguape, Cananéia, Iguape, São Sebastião, Ilhabela, Peruíbe e Guarujá. Foram realizadas atividades culturais abordando temas referentes ao meio ambiente marinho e seus problemas ambientais com um total de 348 alunos (CEA/SMA, 2012). Cartilha sobre Pesca Sustentável em Áreas Marinhas Protegidas É uma publicação de 58 páginas editada em 2009 pela Coordenadoria de Educação Ambiental da Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo. Esta publicação visa disseminar boas práticas pesqueiras em áreas marinhas protegidas do litoral paulista, tendo como objetivo a divulgação de informações sobre (CEA/SMA, 2012): Ecologia marinha; Pesca sustentável e legislação ambiental; A importância das APAS (Áreas de Proteção Ambiental) para a proteção do meio ambiente marinho e a melhoria da qualidade de vida local. Foram impressas e distribuídas 500 cartilhas aos pescadores. Além disso, o material está disponível para download em formato PDF no site da SMA. f. Planejamento e pesquisa Os trabalhos da Câmara Técnica de planejamento e pesquisa têm priorizado as pesquisas em áreas de manguezais em virtude de uma demanda do Ministério Público (GT Canal de Bertioga Análise do processo erosivo que está afetando os manguezais) e da necessidade de se caracterizar os manguezais inseridos na APAMLC (tal questão é explicitada no item i desta seção). A Secretaria de Estado do Meio Ambiente tem um Programa de Pesquisa Ambiental que conta com a participação de várias instituições do Estado de São Paulo e que possui vários resultados já obtidos no que tange ao ambiente marinho. Neste caso, faz-se necessário sistematizar os resultados já produzidos de forma a gerar subsídios para a gestão das APAS marinhas, bem como direcionar os novos trabalhos científicos e projetos no sentido de atender as demandas voltadas para um bom manejo destas unidades de conservação. 261

262 Além disso, é cogente integrar as ações, os projetos e as pesquisas já realizadas por instituições federais e por organizações não governamentais que atuam na região, como é o caso dos institutos Laje Viva e Albatroz, assim como o Projeto Tamar. Priorizar pesquisas voltadas para o conhecimento da fauna de invertebrados marinhos é outra ação importante. Segundo Migotto & Tiago (1999, p. 303) em termos percentuais, a fauna de invertebrados marinhos do estado de São Paulo ainda é pouco conhecida, pois os números de espécies citadas oscilam, no geral, entre 1 e 2% do total de espécies conhecidas para o grupo, sendo comum na literatura a menção ao parco conhecimento acumulado sobre a fauna marinha do Atlântico Sul-Ocidental. Ainda, devem-se aprofundar as pesquisas de espécies da ictiofauna marinha que vivem em fundos consolidados irregulares, como costões rochosos continentais ou insulares. Segundo Castro & Menezes (1998, p. 8) a ictiofauna marinha do estado tem sido estudada principalmente através de amostragens obtidas por meio de redes de arrasto de fundo rebocadas por embarcações motorizadas. Este tipo de amostragem só é aplicável eficientemente em fundos planos de substratos não consolidados, o que privilegia a coleta de espécies demersais de plataforma, em detrimento de espécies vivendo em ambientes de fundos consolidados irregulares, como costões rochosos continentais ou insulares (v. Vazzoler, 1993; para sinopse do estudo da ecologia de peixes marinhos no Brasil). Assim, visando a desfazer este desequilíbrio na forma de amostragem, é prioritária a aplicação em maior escala de métodos mais variados, seletivos e capazes de amostrar eficientemente os microambientes de costões e fundos rochosos e praias em geral, tais como, espinhéis com iscas variadas, ictiotóxicos, coletas durante mergulho livre ou autônomo etc. Uma outra questão relevante para o planejamento da atividade pesqueira refere-se à falta de informações estatístico-pesqueiras fidedignas relativas à frota de pesca artesanal de pequena escala. Para Alves et. al (2009), tal fato contribui negativamente para a elaboração de um adequado ordenamento pesqueiro que é de importância capital face ao elevado contingente de embarcações e de pessoal envolvido nesta atividade e dada à importância ecológica das áreas de atuação dessa frota no Estado de São Paulo. Assim, o desenvolvimento de metodologias para o levantamento de dados estatístico-pesqueiros mais fidedignos deve ser incentivado. Adicionalmente, desenvolver pesquisas sobre a viabilidade e delimitação de locais adequados para a instalação de estruturas de anti-arrasto e atratores (recifes artificiais), como foi proposto pelo Dr. Frederico Brandini da UNESP durante a 4 a reunião do Conselho Gestor, são possibilidades interessantes para auxiliar tanto na fiscalização quanto na recuperação da biota marinha. Finalizando, devem-se definir as diretrizes gerais de pesquisa para a APAMLC através do apontamento de temas prioritários no sentido de preencher lacunas cientificas necessárias à elaboração do Plano de Manejo e a boa gestão desta Unidade de Conservação. Para tanto, seria interessante reunir um grupo de pesquisadores de diversas universidades que pudessem colaborar com sugestões para programas, prioridades e estruturas de pesquisa. g. Proteção e fiscalização A fiscalização da APAMLC, que está sob a responsabilidade da Polícia Ambiental e da Fundação Florestal, é realizada de forma integrada com os parques estaduais Xixová-Japuí e Laje de Santos através do Plano de Policiamento Ambiental Marítimo PROMAR. No âmbito do PROMAR existe uma unidade especial de policiamento ambiental marítimo que é formada por 90 policiais treinados e por seis lanchas destinadas ao patrulhamento das três APAS marinhas do Estado de São Paulo, sendo que esta frota é reforçada por uma embarcação da Secretaria do Meio Ambiente.

263 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 As ações de fiscalização e monitoramento das APAS marinhas paulistas se concentram no combate à pesca irregular através de uma rotina semanal de fiscalização que conta com o apoio esporádico da Polícia Federal, da Marinha e do Ibama. Entretanto, o Tenente Elton Paz da Polícia Ambiental, na quinta reunião do Conselho Gestor da APA Marinha Litoral Centro, informou que, mesmo com a estrutura atual, não tem sido possível atender a todas as demandas apresentadas na APAMLC devido à falta de efetivo e condições de trabalho. Diante desta informação, os conselheiros debateram, primeiramente, a necessidade de uma melhor integração entre as diversas instituições estaduais e federais de forma a aperfeiçoar as suas ações de fiscalização através de um planejamento integrado. Indicou-se, ainda, a necessidade de se criar uma base de dados georreferenciada compartilhada a partir da base de dados do PROMAR, indicando os setores mais ameaçados, número de infrações, etc. Sugeriu-se também que os municípios criassem guardas ambientais marinhas municipais de forma a ajudar na fiscalização. Especificamente no caso do Município de São Vicente, vale mencionar que existe um batalhão de 28 homens da guarda civil municipal ambiental dedicado as atividades de proteção e fiscalização ambiental. Este batalhão, conhecido como Pelotão Verde, tem realizado, dentre as suas ações de fiscalização, patrulhamentos marítimos rotineiros (foto ). Foto Patrulhamento marítimo da Guarda Civil Municipal de São Vicente Fonte: Guarda Civil Municipal de São Vicente, h. Ecoturismo, mergulho e demais formas de turismo marítimo A temática do turismo marítimo não vem sendo abordada de forma compatível com a sua amplitude no Conselho Gestor da APAMLC. 263

264 As atividades de turismo marítimo são muito intensas em toda área da APAMLC, fazendo-se necessária uma regulamentação para este de forma a compatibilizá-las com os objetivos de manejo desta Unidade de Conservação. Outra questão fundamental é a geração de emprego e renda neste setor que deve ser mais bem trabalhada de modo a se tornar um instrumento de inclusão social e de melhoria da renda de pescadores e moradores locais em situação de vulnerabilidade Para tanto, seria interessante criar programas de turismo de base comunitária e cursos de capacitação para moradores locais com o intuito de que estes possam trabalhar com o turismo marítimo. A criação de uma câmara técnica de ecoturismo, mergulho e demais formas de turismo marítimo seria uma alternativa interessante no sentido de auxiliar na definição de diretrizes gerais e temas prioritários para uma boa gestão do setor. i. Melhoria das condições de disposição e tratamento de efluentes 80 Um dos principais fatores que vem prejudicando o desenvolvimento da fauna e flora marinha na Baixada Santista e, por conseguinte, a atividade de pesca, é piora sensível da qualidade das águas estuarinas e marinhas nas últimas décadas. Este problema tem diminuído sensivelmente a quantidade de peixes, sendo que os poucos cardumes que permanecem estão se tornando impróprios para o consumo (GEFE et al., 2004). No que tange a temática da melhoria das condições de disposição e tratamento de efluentes, o principal programa desenvolvido na região é o Projeto Onda Limpa para a Baixada Santista do Governo do Estado de São Paulo. Projeto Onda Limpa Essencialmente, o projeto Onda Limpa tem como meta elevar o índice de coleta de esgoto nos nove municípios da Baixada Santista de 53% para 95% até o ano de Dentro deste programa já foram construídas sete estações de tratamento de esgoto (a oitava será construída no Município de São Vicente), duas estações de précondicionamento e dois emissários submarinos. Ainda, 80% das obras lineares (redes coletoras) já estão concluídas. Entretanto, um problema que vem sendo enfrentado é a baixa adesão dos moradores em se articular com a rede instalada de esgoto devido aos custos de instalação e de pagamento pelo esgoto gerado. Além disso, cumpre ressaltar que ainda não há estações de tratamento de esgoto operando na Baixada Santista e sim estações de pré-condicionamento, com gradeamento, peneiramento e decantação, sendo que o tratamento secundário para os emissários deve ocorrer ainda em O projeto Onda Limpa e as demais questões inerentes ao tratamento de efluentes domésticos estão detalhadas no capítulo sobre saneamento ambiental do presente relatório. Projeto Marinas na Baixada Santista Recentemente, em janeiro de 2012, após solicitação do Conselho Gestor da APAMLC, foi implantado o Projeto Marinas na Baixada Santista. 80 O artigo 7º do Decreto nº /2008 que criou a Apa Marinha Litoral Centro determina que serão adotadas pelo Estado de São Paulo as medidas competentes para recuperação de áreas degradadas e para a melhoria das condições de disposição e tratamento de efluentes. 81 Vide ATA da 21 a reunião do conselho gestor da APA Marinha Litoral Centro (Informações prestadas pelo engenheiro Luiz Alberto Neves Alário da Sabesp).

265 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 Este projeto foi iniciado no ano de 2005 nos municípios do litoral norte e tem o objetivo principal de controlar as fontes potenciais de poluição causadas pelo segmento náutico através da gestão integrada e participativa entre Estado, municípios e atores envolvidos na atividade náutica (GESP, 2012). 82 São componentes deste projeto (GESP, 2012): Oficinas de educação ambiental e conscientização dos setores de turismo e pesca; Adoção de medidas ecologicamente adequadas de controle as fontes potenciais de poluição causadas pelo segmento náutico (marinas, garagens náuticas, iate clubes e outras instalações de apoio náutico); Sistema de certificação ambiental das empresas que atenderem aos padrões oferecidos pela Secretaria do Meio Ambiente. Como o projeto é recente na Baixada Santista, ainda não foram divulgados o cronograma de ação e resultados preliminares. j. Comissão de Proteção do Canal de Bertioga 83 Esta comissão foi criada pelo Conselho Gestor da APAMLC no sentido de contribuir com o Grupo de Trabalho Marolas no Mangue Canal de Bertioga, criado pelo Ministério Público de Santos e que envolveu as prefeituras de Santos, Guarujá e Bertioga, Marinha do Brasil, Iate Clube de Santos, Marinas Nacionais, Instituo Maramar, Instituto Vivamar e APAMLC (foto 7.22). São objetivos deste grupo: Analisar os processos erosivos que estão ocorrendo no Canal de Bertioga em decorrência das marolas provocadas pelo trânsito de embarcações; Avaliar como esta questão está afetando negativamente os manguezais que, devido à baixa declividade, estão sendo inundados pelas marolas (alteração da composição físico-química); Estabelecimento de normas ambientais visando regular o trânsito de embarcações no Canal de Bertioga; Monitoramento e fiscalização de embarcações que circulam no Canal de Bertioga. Os resultados dos trabalhos demonstraram que: A velocidade, características de peso e forma dos cascos das embarcações associadas ao calado do canal e ao trânsito de embarcações próximas as margens são um dos fatores que influenciam nos processo erosivos e nas marolas que invadem os manguezais; Não é possível afirmar que apenas as embarcações estejam impactando os manguezais, uma vez que existem outros fatores que devem ser considerados como a ocupação urbana e a ausência de saneamento básico; Causam marolas menores e, portanto, menor impacto ambiental, os deslocamentos nas velocidades entre 6 a 10 nós em média, levando em consideração diferentes embarcações, além da navegação em distâncias afastadas das margens dos rios. 82 O Projeto Marinas capacitou mais de 600 pessoas no litoral norte, com diversos cursos sobre biologia e ecologia marinha, poluição marinha, para pescadores, segmentos náuticos, ONGs e sociedade organizada (GESP, 2012). 83 Vide ATA da 3 a reunião (05/06/2009) do conselho gestor da APA Marinha Litoral Centro (Informações prestadas pelo biólogo Mário Wolff Bandeira da Associação Viva Mar). 265

266 Foto 7.22 Canal de Bertioga Santos Bertioga Guarujá Fonte: Google Earth / Digital Globe, k. Zona de exclusão de pesca no Setor Itaguaçu A proibição da pesca no Setor Itaguaçu começou a ser discutida no ano de 2009, na Câmara Temática de Pesca. Posteriormente, esta proposta foi encaminhada ao Conselho Gestor da APAMLC, onde foi aprovada por unanimidade. Após o crivo do CONSEMA, no ano de 2012, esta proibição foi convertida na Resolução SMA nº 21, de 16 de abril de 2012, que estabeleceu uma zona de restrição máxima à atividade pesqueira, onde não é permitida nenhuma modalidade de pesca, no Setor Itaguaçu da Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Centro. Assim, a área de exclusão total de pesca na região passou dos hectares que integram o Parque Estadual Marinho da Laje de Santos para ,546. Segundo Kodja (2012), com a edição da Resolução SMA nº 21/2012 o Setor Itaguaçu da APAMLC passou a ter uma função prática, uma vez que este se transformou em uma zona de amortecimento para o Parque Estadual Marinho da Laje de Santos. Tal disposição encontra grande relevância ao se considerar dois importantes aspectos: A drástica redução dos estoques pesqueiros locais devido à intensa pesca esportiva, artesanal e industrial; A grande relevância do Setor Itaguaçu para a preservação da biota marinha, uma vez que esta localidade se configura como uma área de procriação e desova de animais marinhos, além de ser um local de passagem para espécies em rota migratória. A seguir apresenta-se um quadro síntese da situação atual, demandas, pontos críticos e oportunidades existentes na APALC conforme as diretrizes estabelecidas pela PNB e pelo PNAP (quadro 7.13).

267 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 l. Quadro 7.13 Quadro síntese: situação atual, demandas e pontos críticos em conformidade com as diretrizes estabelecidas pela PNB e pelo PNAP Eixo Planejamento, fortalecimento e gestão Eixo Governança, participação, equidade e repartição de custos e benefícios SITUAÇÃO ATUAL Conselho gestor paritário, criado e em funcionamento; O planejamento de ações visando o fortalecimento do papel da APAMLC como vetor de desenvolvimento regional e local é de pequena amplitude; Não há projetos relevantes que visem contribuir com a redução da pobreza das comunidades e pescadores artesanais locais, bem como um apoio substancial ao desenvolvimento de práticas de manejo sustentável para comunidades que, de alguma forma, utilizam a APAMLC para o seu sustento; Não há políticas públicas substanciais que visem empreender e apoiar alternativas econômicas de uso sustentável da APAMLC de modo a torná-la polo de desenvolvimento sustentável. Capacitação dos técnicos e comunidades locais (questões administrativas, licenciamento, gestão de conflitos e programas de proteção); As atividades de turismo marítimo são muito intensas em toda área da APAMLC e há problemas ambientais derivados do trânsito de embarcações no Canal de Bertioga; A sobrepesca, a pesca ilegal e a poluição estão diminuindo os estoques pesqueiros; Número considerável de mulheres ligadas às atividades de pesca artesanal; População de pescadores tradicionais vivendo em situação de miserabilidade e vulnerabilidade socioambiental. DEMANDAS E PONTOS CRÍTICOS Elaboração do plano de manejo; Definir as áreas onde devem ser desenvolvidos trabalhos voltados para a recuperação de área degradada, incluídos aí a instalação de recifes artificiais e o enriquecimento de biodiversidade local; Realizar gestões junto à Marinha do Brasil para inserção, na Carta Náutica 1711, do devido alerta sobre a proibição de pesca e de desembarque no setor Itaguaçu da APAMLC. Articulação das ações das três esferas de governo e segmentos da sociedade; Apoiar à implementação de um sistema de fiscalização e controle efetivo. Implementar práticas de manejo sustentável dos recursos naturais e de ecoturismo que contribuam com a inclusão social das comunidades locais e com a redução da pobreza; Inclusão dos coletores de ostras, mariscos e caranguejos em programas de desenvolvimento sustentável; Criar um programa de turismo de base comunitária como alternativa para inclusão social (apoio técnico e financeiro); Investir na melhoria das condições de trabalho e na educação formal dos pescadores artesanais; Capacitar pescadores artesanais e moradores locais em situação de vulnerabilidade a atuar como monitores em ecoturismo; Capacitação dos membros da comunidade de pescadores artesanais para o exercício de tarefas profissionais assemelhadas e que garantam a subsistência (GEFE, et al., 2004); Trabalhos de educação e capacitação específicos para mulheres ligadas às atividades de pesca artesanal e que visem o seu empoderamento; Implantar e fortalecer sistema de indicadores para monitoramento permanente da biodiversidade, especialmente de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção; 267

268 Capacidade institucional Ações de fiscalização baseadas em patrulhamento integrado e em uma rotina semanal de fiscalização; Melhorar o nível de conhecimento científico sobre o ecossistema da APAMLC como suporte a tomada de decisão; Criar cursos permanentes de formação e discussão de práticas e atualidades para os pescadores; Incluir a temática da APAMLC nos trabalhos de educação ambiental das escolas; Ampliar o número de materiais didáticos sobre a problemática que envolve a APAMLC; Regulamentar o turismo náutico de forma a compatibilizá-lo com os objetivos de manejo desta Unidade de Conservação; Criação de uma câmara técnica de ecoturismo, mergulho e demais formas de turismo marítimo; Regular o trânsito de embarcações no Canal de Bertioga; Regulamentar os diversos tipos de pesca de modo que barra de rios/canais, estuários e o entorno de ilhas e parceis sejam preservados (evitar a captura de peixes na desova e ainda jovens). Ampliar o efetivo da Polícia Ambiental e o apoio da Polícia Federal, da Marinha e do Ibama (articular ações); Apoiar a estruturação e atuação integrada dos órgãos fiscalizadores; Criar uma base de dados georreferenciada compartilhada a partir da base de dados do PROMAR e demais base de dados de instituições de fiscalização, indicando os setores mais ameaçados, número de infrações, etc. Promover cursos de capacitação de gestores, técnicos e comunidades locais voltados para questões administrativas, licenciamento, gestão de conflitos, programas de proteção e gestão do uso; Dotar a APAMLC de estrutura técnica e administrativa compatível com as suas necessidades; Adotar a APAMLC como instrumento nas políticas de gestão dos recursos pesqueiros; Estimular o desenvolvimento e utilização de tecnologias para a gestão, monitoramento e fiscalização, garantindo a capacitação para seu uso; Definir as diretrizes gerais de pesquisa para a APAMLC através do apontamento de temas prioritários no sentido de preencher lacunas cientificas necessárias à elaboração do Plano de Manejo e a boa gestão desta Unidade de Conservação; Estimular pesquisas voltadas para o desenvolvimento de tecnologias relacionadas à proteção, reabilitação e restauração de habitats; Estimular pesquisas e desenvolvimento de tecnologias voltadas para o mapeamento de recursos naturais e o levantamento de possibilidades para o seu uso sustentável; Estimular estudos científicos e desenvolvimento de tecnologias, visando à interação de estratégias de conservação in situ e ex situ, para a proteção e reabilitação de espécies ameaçadas de extinção; Sistematizar as pesquisas já produzidas de forma a gerar subsídios para a gestão das APAS marinhas, bem como direcionar os novos trabalhos científicos e projetos no sentido de atender as demandas

269 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 voltadas para um bom manejo desta unidade de conservação; Priorizar pesquisas voltadas para o conhecimento da fauna de invertebrados marinhos e de espécies da ictiofauna marinha que vivem em fundos consolidados irregulares, como costões rochosos continentais ou insulares; Produzir informações estatístico-pesqueiras fidedignas relativas à frota de pesca artesanal de pequena escala; Desenvolver pesquisas sobre a viabilidade e delimitação de locais adequados para a instalação de estruturas de anti-arrasto e atratores (recifes artificiais); Monitoramento e fiscalização de embarcações que circulam no Canal de Bertioga; Recrutar uma equipe multidisciplinar permanente que se dedique de forma exclusiva a realizar estudos relativos ao ambiente e a administração do espaço, no tocante ao planejamento, ao desenvolvimento socioeconômico e turístico, atividade cultural e valorização do patrimônio natural. Avaliação e monitoramento Criar instrumento de avaliação da eficácia e eficiência das ações voltadas para o cumprimento dos objetivos a serem estabelecidos no Plano de Manejo. Implementar avaliações da efetividade, eficácia e eficiência da gestão da APAMLC; Estabelecer e implementar procedimentos de avaliação contínua das tendências para a APAMLC; Identificar indicadores e estabelecer os protocolos para monitoramento do cumprimento dos objetivos da APAMLC. 269

270 7.2. Ocupação urbana em Áreas de Preservação Permanente 84 Esta seção tem por finalidade apresentar uma estimativa da ocupação urbana das áreas de preservação permanente definidas nos incisos I, V e VI do artigo 4 do Novo Código Florestal para o Município de São Vicente. Esta avaliação foi realizada tendo como plataforma de trabalho o software de geoprocessamento Arcgis 10. Foram importados para esta plataforma de trabalho: 85 Mosaico de imagens TOPODATA / SRTM para delimitação das áreas de preservação permanente com declividade superior a 45 ; 86 Hidrografia digitalizada a partir de imagens de alta resolução do satélite GEOYE reamostradas para resolução espacial de 15 metros, as quais se aplicaram polígonoscom a delimitação das áreas de preservação permanente de margem de rio; Polígonos derivados da delimitação manual de APP de Restinga (faixa de 300 metros contada a partir da linha da areia da praia, definida, para efeitos estimativos de análise, como linha de preamar máxima); Mancha urbana do Município de Caraguatatuba para o ano de 2011 (delimitada a partir de imagens TM do satélite Landsat 5). Após, através de técnicas de geoprocessamento, promoveu-se o cruzamento destes polígonos definidos como áreas de preservação permanente pelo art. 4 do Novo Código Florestal (Lei Federal de /2012) com o polígono da mancha urbana. O cruzamento destas informações espaciais forneceu um mapeamento estimativo da ocupação urbana das áreas de preservação permanente e uma posterior quantificação dos resultados obtidos por tipo de APP, fornecendo subsídios para uma avaliação desta problemática no Município de São Vicente Aspectos conceituais As Áreas de Preservação Permanente (APP) são conceituadas pelo Novo Código Florestal (Lei Federal /2012) como área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas (Art. 3º, inc. II). Para Milaré (2000), a Área de Preservação Permanente consiste em uma faixa de vegetação estabelecida em razão da topografia ou do relevo, geralmente ao longo dos cursos d água, nascentes, reservatórios e em topos e encostas de morros, destinadas à manutenção da qualidade do solo, das águas e também para funcionar como corredores de fauna. Existem duas espécies de APP definidas pelo Código Florestal: as pré-constituídas (art. 4 ) e as declaradas por ato do Chefe do Poder Executivo (art. 6 ). São consideradas Áreas de Preservação Permanente do art. 4º do Novo Código Florestal as florestas e demais formas de vegetação delimitadas dentro dos seguintes aspectos geomorfológicos: I - as faixas marginais de qualquer curso d água natural, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: a) 30 (trinta) metros, para os cursos d água de menos de 10 (dez) metros de largura; 84 A metodologia utilizada para estimar a ocupação urbana de áreas de preservação permanente em São Vicente é descrita de forma detalhada no anexo metodológico deste relatório. 85 Excetuou-se desta análise as áreas de preservação permanente referentes aos topos de morro e nascentes devido a ausência de ocupações urbanas significativas para esta feições topográficas no Município de São Vicente. 86

271 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; c) 100 (cem) metros, para os cursos d água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de: a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d água com até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros; b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas; III - as áreas no entorno dos reservatórios d água artificiais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento, observado o disposto nos 1 e 2 ; IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d água, qualquer que seja a sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; IV as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; (Redação dada pela Medida Provisória nº 571, de 2012). V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45, equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive; VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; VII - os manguezais, em toda a sua extensão; VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25, as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação; X - as áreas em altitude superior a (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação; XI em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do limite do espaço brejoso e encharcado. 1o Não se aplica o previsto no inciso III nos casos em que os reservatórios artificiais de água não decorram de barramento ou represamento de cursos d água. 2o No entorno dos reservatórios artificiais situados em áreas rurais com até 20 (vinte) hectares de superfície, a área de preservação permanente terá, no mínimo, 15 (quinze) metros. É importante salientar que o Chefe do Poder Executivo pode, através de um ato declaratório de interesse social, qualificar uma área não prevista no rol do art. 4º do Novo Código Florestal como de preservação permanente quando esta área for importante para (art. 6 do Novo Código Florestal): 271

272 I - Proteger as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha; II - Proteger as restingas ou veredas; III - Proteger várzeas; IV - Abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção; V - Proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico; VI - Formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; VII - Assegurar condições de bem-estar público; VIII - Auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares; IX - Proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional. 87 Contudo, para os casos previstos no art. 6, o Poder Público deve indenizar o proprietário que esteja desenvolvendo atividades econômicas na área objeto do ato de criação da APP (indenização sobre o investimento realizado e o lucro cessante). Em regra, não é permitido qualquer tipo de supressão de vegetação ou utilização econômica direta das Áreas de Preservação Permanente. Todavia, o art. 8º do Novo Código Florestal permite a supressão de vegetação ou a intervenção em Áreas de Preservação Permanente nos casos de utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto ambiental. O quadro 7.14 traz as atividades consideradas de utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto ambiental segundo o Novo Código Florestal. 87 A Constituição do Estado de São Paulo considera de proteção permanente os manguezais; as nascentes, os mananciais e matas ciliares; as áreas que abriguem exemplares raros da fauna e da flora, bem como aquelas que sirvam como local de pouso ou reprodução de migratórios; as áreas estuarinas; as paisagens notáveis; as cavidades naturais subterrâneas (art. 197 e incisos).

273 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 Quadro 7.14 Possibilidades de intervenção em Áreas de Preservação Permanente nos casos de utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto ambiental ATIVIDADES Atividades de segurança nacional e proteção sanitária; UTILIDADE PÚBLICA Art. 3º, inciso VIII INTERESSE SOCIAL Art. 3º, inciso IX Atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental Art. 3º, inciso X Obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de transporte, sistema viário, inclusive aquele necessário aos parcelamentos de solo urbano aprovados pelos Municípios, saneamento, gestão de resíduos, energia, telecomunicações, radiodifusão, instalações necessárias à realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais, bem como mineração, exceto, neste último caso, a extração de areia, argila, saibro e cascalho; Atividades e obras de defesa civil; Atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na proteção das funções ambientais das áreas de preservação permanente. Atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais como prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas; A exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena propriedade ou posse rural familiar ou por povos e comunidades tradicionais, desde que não descaracterize a cobertura vegetal existente e não prejudique a função ambiental da área; Implantação de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer e atividades educacionais e culturais ao ar livre em áreas urbanas e rurais consolidadas, observadas as condições estabelecidas nesta Lei; a regularização fundiária de assentamentos humanos ocupados predominantemente por população de baixa renda em áreas urbanas consolidadas, observadas as condições estabelecidas na Lei no , de 7 de julho de 2009; Implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e de efluentes tratados para projetos cujos recursos hídricos são partes integrantes e essenciais da atividade; Atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas pela autoridade competente; Outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional à atividade proposta, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal. Abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e pontilhões, quando necessárias à travessia de um curso d água, ao acesso de pessoas e animais para a obtenção de água ou à retirada de produtos oriundos das atividades de manejo agroflorestal sustentável; Implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da água, quando couber; Implantação de trilhas para o desenvolvimento do ecoturismo; Construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno ancoradouro; Construção de moradia de agricultores familiares, remanescentes de comunidades quilombolas e outras populações extrativistas e tradicionais em áreas rurais, onde o abastecimento de água se dê pelo esforço próprio dos moradores; Construção e manutenção de cercas na propriedade; 273

274 Pesquisa científica relativa a recursos ambientais, respeitados outros requisitos previstos na legislação aplicável; Coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e produção de mudas, como sementes, castanhas e frutos, respeitada a legislação específica de acesso a recursos genéticos; Plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros produtos vegetais, desde que não implique supressão da vegetação existente nem prejudique a função ambiental da área; Exploração agroflorestal e manejo florestal sustentável, comunitário e familiar, incluindo a extração de produtos florestais não madeireiros, desde que não descaracterizem a cobertura vegetal nativa existente nem prejudiquem a função ambiental da área; Outras ações ou atividades similares, reconhecidas como eventuais e de baixo impacto ambiental em ato do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA ou dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente. A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, dunas e restingas somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública (art. 8, 1 ). RESSALVAS A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente de que tratam os incisos VI (restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues) e VII (os manguezais, em toda a sua extensão) do caput do art. 4 poderá ser autorizada, excepcionalmente, em locais onde a função ecológica do manguezal esteja comprometida, para execução de obras habitacionais e de urbanização, inseridas em projetos de regularização fundiária de interesse social, em áreas urbanas consolidadas ocupadas por população de baixa renda (art. 8, 2º); É dispensada a autorização do órgão ambiental competente para a execução, em caráter de urgência, de atividades de segurança nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas (art. 8, 3º).

275 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de Características, condições e pontos críticos nas áreas de preservação permanente Os resultados da análise demonstraram que existem 75,62 km 2 de áreas de preservação permanente referentes às tipologias avaliadas em São Vicente (o equivalente a 50,75 % da área total do Município). As áreas com declividade superior a 45 correspondem a 47,35% do total das áreas de preservação permanente avaliadas e apresentam uma taxa extremamente baixa de ocupação urbana, 0,81% do total geral (0,04 km 2 urbanizados). Quanto às ocupações de margem de rio, estas representam 32,20% do total das tipologias de APP analisadas e possuem 4,78 km 2 ocupados pela urbanização. Isto representa 96,96% do total geral das áreas urbanizadas em APP. Este tipo de ocupação ocorre, de forma mais intensiva, na Ilha de São Vicente, em virtude do intenso processo de urbanização que induziu o aproveitamento máximo das margens de córregos, canais e rios por avenidas e moradias. Ademais, é importante observar que uma parcela significativa desta tipologia de ocupação se dá por assentamentos precários localizados ao longo do Canal dos Barreiros e dos rios Cacheta e Bagres (foto 0.0). Foto 0.0 Síntese das áreas de preservação analisadas Fonte: Marcos Rogério Teles, n.d.

276 Foto 0.0 Síntese das áreas de preservação analisadas Fonte: Sérgio Furtado, Tal situação é bastante preocupante uma vez que, neste tipo de ocupação, há um entrelaçamento de problemas sociais e ambientais que cria uma dinâmica pontilhada de negatividades, incluindo a supressão de vegetação, a contaminação dos recursos hídricos por esgotamento sanitário e resíduos sólidos e a grande incidência de doenças de veiculação hídrica na população local. Já, no que tange aos manguezais, estes representam 19,62% do total das tipologias analisadas e possuem 0,08 km 2 ocupados pela urbanização, o que representa 0,84% do total geral das áreas urbanizadas em APP. A taxa de ocupação urbana bastante reduzida sobre manguezais pode ser explicada por terem sido utilizados, para esta tipologia de APP, os dados georreferenciados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica para o ano de Sendo assim, só foi possível detectar as ocupações mais recentes implantadas sobre este ecossistema costeiro. Entretanto, convém mencionar que as ocupações urbanas dos manguezais na área insular do Município de São Vicente foram bastante intensas ao longo de todo o século XX, levando a eliminação quase que completa deste ecossistema neste setor do Município. No que a ocupação urbana de manguezais na área continental deste mesmo Município, esta temática já foi retratada na seção 7.3 item i. A seguir, a tabela 7.10 e as figuras 7.9 e 7.10 trazem, respectivamente, uma síntese da urbanização das APP analisadas, a espacialização das mesmas e um mapa indicador da densidade da ocupação urbana em APP no Município de São Vicente. Tabela 7.10 Síntese das áreas de preservação analisadas TIPO DE APP ÁREA TOTAL DA TIPOLOGIA Km 2 % URBANIZAÇÃO DE APP APP URBANIZADA (Km 2 ) TIPOLOGIA (%) GERAL (%) Margem de rio 24,35 32,20 4,78 19,63 96,96 Declividade 45 35,80 47,35 0,04 0,11 0,81 Mangue 15,47 20,45 0,11 0,71 2,23 276

277 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 TOTAL 75, , Figura 7.9 Espacialização das áreas de preservação permanente no Município de São Vicente Fonte: Declividade TOPODATA/SRTM; Mancha Urbana I POLIS; APP margem de rio I POLIS; Manguezais FUNDAÇÃO SOS Mata Atlântica.

278 Figura 7.10 Ocupação urbana em áreas de preservação permanente no Município de São Vicente 7.3. Meio Ambiente e Território na legislação municipal A proteção ao meio ambiente encontra-se presente na Lei Orgânica do Município tanto disciplina do desenvolvimento econômico como urbano, mas destaca-se a diretriz prevista para a elaboração do Plano Diretor municipal contida no art. 240, inciso I, alínea d, 2, que prescreve a conservação e recuperação do meio ambiente, eliminando as fontes agressoras com especial atenção às áreas de risco geológico, de mangue, das praias, da Mata Atlântica e da mata ciliar. O art. 273, por sua vez, estabelece o direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Entre as ações previstas em seu parágrafo 1º, encontra-se a regulação pelo Município da exploração dos recursos naturais (inciso I), que pôde ser melhor discriminada por uma legislação própria de licenciamento ambiental no âmbito municipal. O licenciamento municipal encontra-se disciplinado na Lei complementar nº 582/2009, que faz o enquadramento de atividades passíveis de licenciamento nos arts. 5º, 6º e 13. Além disso, o Município participa ao Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (CONDEMA) sua atuação nas ações de preservação, conservação, defesa, recuperação e melhoria do meio ambiente (art. 274). Registre-se que o CONDEMA, criado pela Lei municipal nº 1.997/1984, com composição revista pela Lei nº A/2010. Foi regulamentado pelo Decreto municipal nº 3.334/1985. Após sua criação, não se identificou a criação de qualquer fundo municipal destinado à política ambiental local, apesar de previsto pelo art. 284 da LOM. De toda a sorte, entende-se configurada a estrutura municipal como integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), nos termos do art. 6º, inciso VI, da Lei federal nº 6.831/1981. Do ponto de vista de seu território, destacam-se os seguintes dispositivos: o art. 275 da LOM transforma o Horto Municipal em Parque Ecológico; é reforçado o domínio público das faixas das praias pelo art. 276; é definido um sistemas de áreas verdes públicas pelo art. 291; 278

279 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 ficam resguardados remanescentes de Mata Atlântica no Município, em especial nos costões e nos morros Itararé, Voturuá, Japuí e Barbosas, conforme art. 294; são configuradas áreas de preservação ecológica as praias e Itaquitanduva, Paranapuã e as ilhas do Sapomim e Ermida, conforme art. 297; assim como manguezais, também definidos como de preservação ecológica pelo art Áreas naturais tombadas Aspectos conceituais Para Meirelles (1997, p. 492), o tombamento é a declaração pelo Poder Público do valor histórico, artístico, paisagístico, turístico, cultural ou científico de coisas ou locais que, por essa razão, devam ser preservados, de acordo com a inscrição em livro próprio". Já Di Pietro (2001, p. 131) conceitua tombamento como uma modalidade de intervenção do Estado na propriedade privada, que tem por objetivo a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional, assim considerado, pela legislação ordinária", neste caso o Decreto-Lei nº 25/1937. O tombamento é um instituto que busca, através de uma intervenção restritiva do uso de uma propriedade, garantir a proteção do patrimônio histórico, artístico e cultural. Por meio do tombamento o Poder Público vislumbra a possibilidade de fazer com que um bem privado, sob determinadas limitações de uso, se submeta ao interesse público. A Constituição Federal de 1988 incorporou os sítios de valor paisagístico e ecológico no rol do patrimônio cultural brasileiro, e, assim, abriu a possibilidade de acautelamento destes bens através do instituto jurídico do tombamento, conforme segue in verbis: Art Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:... V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.... 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. Desta forma, por atribuição constitucional, o tombamento também é uma importante ferramenta de proteção do meio ambiente, pois possibilita impor limitações ao uso da propriedade em áreas de grande importância ecológica e/ou paisagística (áreas naturais tombadas). A partir da publicação do tombamento, a implementação de qualquer obra ou atividade na área natural tombada está sujeita a uma autorização específica do órgão de tutela e administração do patrimônio cultural competente que irá avaliar, em procedimento administrativo próprio, se tal obra ou atividade não irá degradar os atributos ambientais que ensejaram a proteção desta área ANT das Serras do Mar e Paranapiacaba

280 A Área Natural Tombada (ANT) das Serras do Mar e Paranapiacaba foi efetivada pela Resolução da Secretaria da Cultura n 40, de 06 de junho de 1985, e está sob a tutela e a administração do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT) (figura 7.11). O Tombamento das Serras do Mar e Paranapiacaba foi criado de forma a funcionar como uma zona de amortecimento do Parque Estadual da Serra do Mar e compreende cerca de 1,3 milhão de hectares, abrangendo 44 municípios paulistas até os limites com os estados do Rio de Janeiro e Paraná (WWF/IEB, 2008). A sua área é delimitada, em vários trechos, pela cota 40 metros, estabelecendo assim uma zona de proteção para o Parque Estadual da Serra do Mar, que tem seu início, grosso modo, a partir da cota 100 metros. Entretanto, é importante ressaltar que este tombamento também abrange, além das encostas da Serra, trechos de planície litorânea, esporões, ilhas e morros isolados (SCIFONI, 2006). Para Scifoni (2006), o Tombamento da Serra do Mar abrange o maior e o mais complexo patrimônio natural do Estado de São Paulo. Ele foi concebido para proteger um meio físico-biótico de altíssima fragilidade ambiental e, também, para auxiliar no controle do crescimento urbano desordenado devido à expansão do turismo de segunda residência. Para tanto, as normas e diretrizes de tombamento colocaram novas exigências para a aprovação de novos projetos de loteamento, tais como a restrição de gabarito na planície e nas encostas, a necessidade de reserva de vegetação conforme a declividade dos terrenos, o estabelecimento de áreas de preservação permanente, além das definidas pelo Código Florestal e até mesmo o próprio cumprimento desta legislação pouco respeitada até então, que impediu, por exemplo, a continuidade da retificação dos rios existentes. Dentre o conjunto de diretrizes estabelecidas pela Resolução SC n 40/1985 que são consideradas indispensáveis para garantir um caráter flexível para a preservação múltipla do tombado da Serra do Mar e Paranapiacaba, pode-se citar (Art. 9 ): 1 As instalações e propriedades particulares preexistentes na área, consentidas por comodato ou legalizadas de qualquer forma, serão mantidas na íntegra com suas funções originais, desde que não ampliem seus espaços usuais atuais e nem comprometam a cobertura vegetal remanescente. Os projetos de reforma, demolição, construção e mudança de usos, bem como futuras cessões de áreas em comodato, deverão ser previamente submetidos à aprovação do Condephaat. 2 As instalações públicas preexistentes na área, como torres de alta tensão, atalhos, estradas, reservatórios, equipamentos, edificações, etc, serão mantidas na íntegra com suas funções originais, sendo que as futuras instalações ou ampliação das existentes na área serão motivo de considerações e apreciações entre o Condephaat e os demais órgãos envolvidos, com o parecer terminal deste Conselho, tendo em vista a necessidade de garantir a preservação dos patrimônios ambientais, bióticos e paisagísticos. 3 Por este instrumento fica proibida a retirada não autorizada previamente de terra ou rocha, assim como a predação da fauna e flora e a introdução de espécies exóticas, a fim de não modificar o status natural do conjunto de seres vivos que se inter-relacionam. 4 Os projetos especiais de lazer e pesquisa, elaborados com todas as precauções inerentes ao equilíbrio ecológico, compatíveis com padrões corretos de preservação no que diz respeito às propostas de edificações, acessos não lesionantes, reimplantação de massas florestais, etc, poderão ser estudados no interior da área tombada após exame e anuência do Condephaat. As áreas preexistentes destinadas ao sistema de lazer, educação ambiental e pesquisas, estabelecidas no plano de manejo do Instituto Florestal da Coordenadoria de Pesquisas de Recursos Naturais, terão continuidade assegurada em suas funções originais, assim como os programados pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente Consema e Secretaria Especial do Meio Ambiente Sema. 5 O Condephaat celebrará convênios e protocolos de intenções com as entidades competentes e as Prefeituras Municipais objetivando aperfeiçoar os critérios de utilização de uso de espaço, que servirão de base para o acompanhamento da área tombada, e manterá um arquivo atualizado contendo todos os Projetos, Programas, Planos de Manejo, Planos Diretores Municipais, Leis de Zoneamento, elaborados 280

281 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de 2013 pelos órgãos envolvidos, tais como Instituto Florestal da CPRN da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, Consema, Sema, Dersa, Fumest, Sudelpa, Cetesb, SPU, Cirm, Prefeituras Municipais, etc. 6 As áreas em disputa judicial ou objeto de processos de usucapião, porventura existentes na área, ficarão sob a responsabilidade da Procuradoria do Patrimônio Imobiliário da Procuradoria Geral do Estado, reservando-se ao Condephaat o direito de orientar o processo eventual de reciclagem de tais espaços. 7 As áreas devolutas, porventura existentes no interior do espaço de tombamento, serão motivo de considerações especiais entre o Condephaat, a Procuradoria do Patrimônio Imobiliário da Procuradoria Geral do Estado e Prefeituras envolvidas. 8 Não serão toleradas novas instalações de indústrias, mineração ou outras atividades potencialmente poluidoras sem a prévia consulta ao Condephaat, nesta área. 9 O Condephaat organizará junto ao Serviço Técnico de Conservação e Restauro uma equipe técnica habilitada e em número adequado para atuar na proteção da Serra do Mar e demais trechos incorporados ao seu tombamento. 10 As áreas e trilhos de perambulação indígenas abrangidas por este tombamento serão oportunamente demarcadas e receberão uma regulamentação especial visando garantir a sua permanência, em consonância com os demais órgãos envolvidos. 11 As áreas hoje ocupadas por atividades de agricultura de subsistência deverão ser objeto de cuidados especiais no sentido de garantir o exercício dessas atividades dentro dos padrões culturais estabelecidos historicamente. 12 Os sítios arqueológicos existentes na serra serão cadastrados e deverão ser protegidos por medidas específicas. A pesquisa arqueológica somente poderá ser executada com projeto aprovado pelo CONDEPHAAT Características, condições e pontos críticos das áreas naturais tombadas em São Vicente No caso do Município de São Vicente, a ANT da Serra do Mar compreende exatamente a área do Parque Estadual da Serra do Mar. Assim, as condições e pontos críticos desta área são essencialmente os mesmos já explicitados nos capítulos anteriores sobre espaços territoriais especialmente protegidos (figura 7.11).

282 Figura 7.11 Área Natural Tombada da Serra do Mar no Município de São Vicente Fonte: Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico, ; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 2011; Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, GRANDES EQUIPAMENTOS DE INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA 8.1. Introdução A região da baixada santista concentra grandes equipamento e sistemas de infraestrutura como o Porto de Santos, as Rodovias Anchieta e Imigrantes, o complexo industrial em Cubatão, e diversos outros grandes projetos que impactaram e contribuíram para atual conformação do seu território. Com as descobertas de grandes reservas na camada do Pré-Sal, estão previstos novos grandes projetos públicos e privados que afetarão direta ou indiretamente a região. Essas propostas implicam em grandes intervenções nos espaços locais e regionais e juntamente com os equipamentos já existentes, formam um conjunto de grandes infraestruturas e equipamentos logísticos que deverão funcionar de modo interligado. Embora diversos grandes projetos previstos estejam localizados integralmente em somente um município, esse conjunto de intervenções exercerá impactos positivos e negativos no meio ambiente, nos espaços urbanos e nas dinâmicas socioeconômicas municipais e regionais. Essas grandes obras exercem impacto sobre toda a região. Certamente, a grande dimensão das obras influencia as dinâmicas populacionais, reforçando algumas tendências e propiciando novos cenários de desenvolvimento. Neste trabalho identificamos grandes projetos que estão previstos ou em andamento na região, cuja implementação deve ser considerada nas leituras municipais e regionais. São eles: 1 Ampliação da Rodovia dos Imigrantes vários municípios 2 Ampliação das Ferrovias Santos-Campinas vários municípios 3 Avenidas Perimetrais - Santos e Guarujá 282

283 Convênio Petrobras Instituto Pólis Relatório nº6 Março de Estrada de Ferro transporte de passageiros Santos - São Paulo vários municípios 5 Aeroporto Civil Metropolitano - Guarujá 6 Ampliação do Porto de Santos Guarujá 7 Ampliação do Aeroporto- Itanhaém 8 Ligação seca entre Santos e Guarujá (Túnel) - Santos e Guarujá 9 Centro Empresarial Andaraguá - Praia Grande 10 Reforma no estádio municipal do Guarujá - Guarujá 11 Ampliação do Porto de Santos - Santos 12 Mergulhão -Santos 13 Veículo Leve sobre Trilhos VLT Santos, Praia Grande e São Vicente Mapa localização dos grandes projetos na baixada Santista O município de São Vicente tem sua dinâmica diretamente ligada ao município de Santos, em uma relação de pendularidade e complementaridade. O município vem ampliando sua participação regionalmente, especialmente como um pólo comercial. Há expectativa de que com a ampliação da cadeia de petróleo e gás na região, a vocação comercial de São Vicente poderia se beneficiar e se expandir, bem como uma maior diversificação de seu parque industrial.

284 O município de São Vicente ainda não conta com grandes projetos localizados integralmente em seu município, no entanto, há dois grandes projetos que cortam o município e que podem gerar impactos, são eles: A. AMPLIAÇÃO DA RODOVIA DOS IMIGRANTES Está prevista a construção de uma quinta faixa na Rodovia dos Imigrantes no sentido de subida à São Paulo, ocupando o canteiro central no trecho do Km 40 ao 33 e do Km 32 ao 26. Entre o km 33 e o 32, a faixa extra ocupará a lateral direita. Além disso, o DER-SP informa em seu site que lançou licitação pública para a ampliação da pista sul da rodovia, na altura do município de Cubatão. "A rodovia receberá obras de ampliação do km 62, ao km 65,5, incluindo a construção de uma nova ponte sobre o Canal dos Barreiros, com calçada para pedestre, ao lado da ponte já existente. As obras serão realizadas pelo Governo do Estado com investimento de R$ 55,45 milhões. O prazo de execução dos serviços é de 18 meses, após assinatura do contrato." De acordo com o Plano Diretor de Desenvolvimento dos Transportes (PDDT Vivo 2000/2020) da Dersa/Secretaria dos Transportes do Governo do Estado, está confirmada a execução das seguintes obras na complementação da Rodovia dos Imigrantes: 1. Pista Descendente da Imigrantes - Trecho Baixada 2. Trevo da Interligação Anchieta-Imigrantes na Baixada 3. Iluminação na Pista Ascendente 4. Viaduto no km m 5. Viaduto sobre Ramal Ferroviário 6. Construção de Marginais Fonte: relatório executivo, PDDT. 284

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