to mechanical and infectious complications.
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- Maria Laura Gorjão Ribas
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1 DOI: /S O processo do cateterismo venoso central em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica * CENTRAL VENOUS CATHETERIZATION IN PEDIATRIC AND NEONATAL INTENSIVE CARE UNITS ARTIGO ORIGINAL EL PROCESO DEL CATETERISMO VENOSO CENTRAL EN UNIDAD DE CUIDADOS INTENSIVOS NEONATAL Y PEDIÁTRICA Aline Verônica de Oliveira Gomes 1, Maria Aparecida de Luca Nascimento 2 RESUMO Estudo descri vo, longitudinal e abordagem quan ta va, que obje vou analisar e discu- r o processo do cateterismo venoso central nas Unidades de Terapia Intensiva neonatal e pediátrica; descrever as variáveis relacionadas à caracterização da população do estudo (unidade de internação, faixa etária e sexo) e descrever as variáveis relacionadas ao processo do cateterismo venoso central ( po de cateter, mo vo de indicação, número de lumens, sí o de inserção, profissional que realizou o procedimento, terapêu ca medicamentosa infundida via cateter, mo- vo de re rada, tempo de permanência e as complicações mecânicas e infecciosas). A coleta de dados foi realizada em unidade de terapia intensiva neonatal e pediátrica, em 82 prontuários. As indicações dos cateteres foram, em sua maioria, para infusão medicamentosa prolongada e Nutrição Parenteral Total. A remoção foi indicada predominantemente por complicações mecânicas e infecciosas. Esse estudo viabilizou rever a prá ca assistencial para estabelecer o aprimoramento da assistência prestada à clientela neonatal e pediátrica. DESCRITORES Cateterismo venoso central Unidades de Terapia Intensiva Recém-nascido Criança Enfermagem neonatal Enfermagem pediátrica ABSTRACT This descriptive, prospective cohort study aimed to analyze the process of central venous catheterization in neonatal intensive care and pediatric units; describe the variables related to study characterization, including admission unit, age, and sex; and to investigate related variables, such as catheter type, reason for insertion, number of lumens, insertion site, type of professional who performed the procedure, medication therapy infused, reason for withdrawal, length of time catheter was in situ, and mechanical and infectious complications. Data collection was performed with 82 charts in the intensive care units (ICUs) of the Instituto Fernandes Figueira. In the majority of cases, the indications for catheter insertion were prolonged drug infusion and total parenteral nutrition. Removal was predominantly required due to mechanical and infectious complications. This study assessed the process of central venous catheterization with the aim of improving care provided to the neonatal and pediatric patients. DESCRIPTORS Catheteriza on, central venous Intensive Care Units Infant, newborn Child Neonatal nursing Pediatric nursing RESUMEN Estudio descrip vo, longitudinal y con enfoque cuantitativo, que tuvo por objetivo analizar y discu r el proceso del cateterismo venoso central en las Unidades de Cuidados Intensivos neonatal y pediátrica; describir las variables relacionadas a la caracterización de la población del estudio (unidad de hospitalización, grupo etáreo y sexo) y describir las variables relacionadas al proceso del cateterismo venoso central ( po de catéter, mo vo de indicación, número de lúmenes, si o de inserción, profesional que realizó el procedimiento, terapéu ca medicamentosa infundida vía catéter, mo vo de re rada, empo de permanencia y las complicaciones mecánicas e infecciosas). La recolección de los datos se realizó en la unidad de cuidados intensivos neonatal y pediátrica, en 82 historias clínicas. Las indicaciones de los catéteres fueron, en su mayoría, para infusión medicamentosa prolongada y Nutrición Parenteral Total. Se indicó la re rada, principalmente, por complicaciones mecánicas e infecciosas. Este estudio permi ó revisar la prác ca asistencial para establecer la mejora de la atención prestada a la clientela neonatal y pediátrica. DESCRIPTORES Cateterismo venoso central Unidades de Cuidados Intensivos Recién nacido Niño Enfermería nenonatal Enfermería pediátrica * Extraído da dissertação UTI Neonatal e Pediátrica: a tecnologia no cotidiano do cuidado de enfermagem, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mestre em Enfermagem. Especialista em Enfermagem Neonatal e Pediátrica. Coordenadora do Curso de Especialização em Prevenção e Controle de Infecção em Serviços de Saúde do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira da FIOCRUZ. Rio de Janeiro, RJ, Brasil. alinevog@yahoo.com.br 2 Doutora em Enfermagem. Orientadora Acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ, Brasil. gemeas@centroin.com.br 794 Recebido: 20/10/2012 Aprovado: 26/03/2013 Português / Inglês
2 INTRODUÇÃO Com o avanço tecnológico e o constante desenvolvimento técnico-cien fico, houve uma modificação do perfil das crianças internadas, demandando dos profissionais de enfermagem nas áreas neonatal e pediátrica, cuidados mais complexos e procedimentos invasivos para a garan a da sobrevivência desta clientela. Dentre os grandes avanços tecnológicos observados no campo da saúde, destaca-se o cateter venoso central que exige dos enfermeiros conhecimentos técnicos em relação a sua manipulação e manutenção, a fim de evitar as complicações e proporcionar uma assistência de qualidade, contribuindo para a diminuição do tempo de internação e dos custos hospitalares. O cateterismo venoso central é a inserção de um cateter no sistema vascular com acesso ao sistema circulatório central. Os cateteres venosos centrais (CVC) são indicados para a infusão de líquidos, reposição hídrica e de eletrólitos, transfusões e coleta de sangue, com localização de sua extremidade na veia cava superior ou inferior. Podem ser classificados como de curta permanência, que são os cateteres venosos umbilicais, os cateteres venosos centrais inseridos por punção de veia femoral, jugular interna e subclávia, e os inseridos por dissecção venosa; ou de longa permanência, como o cateter venoso central de inserção periférica (PICC), os cateteres semi-implantados (Broviac e Hickman) e os totalmente implantados (1). Em unidades de terapia intensiva neonatal, recomenda-se o uso do cateter venoso umbilical (CVU) em neonatos nos primeiros dias de vida, sendo a sua inserção rela vamente simples e associada a um baixo risco de complicações relacionado ao processo (2). O cateter venoso central de inserção periférica (PICC) é comumente u lizado em recém-nascidos e crianças cri- camente enfermas que necessitam de um acesso venoso seguro e prolongado, por mais de seis dias (3). A inserção do cateter venoso central, por punção direta (CVCP), permite acesso venoso por longo tempo e tem várias indicações em crianças, como monitoramento da pressão venosa central, quimioterapia, nutrição parenteral, an bio coterapia prolongada, exanguíneotranfusão, plasmaférese, hemodiálise e coleta de sangue para exames laboratoriais. Os sí os de punção mais u lizados para a inserção desses cateteres são as veias subclávia, jugular interna e femoral (4). Alguns cateteres venosos centrais são inseridos por procedimento cirúrgico como a dissecção venosa (DV), que Dentre os grandes avanços tecnológicos observados no campo da saúde, destacase o cateter venoso central que exige dos enfermeiros conhecimentos técnicos em relação a sua manipulação e manutenção, a fi m de evitar as complicações e proporcionar uma assistência de qualidade... apresenta maior risco de infecção quando comparados aos outros pos de cateteres (5). Os cateteres semi-implantados e totalmente implantados a ngem vasos centrais (subclávia, jugular, femoral) e são instalados cirurgicamente. Esses disposi vos apresentam algum mecanismo para evitar a colonização bacteriana pela via extraluminal (6). O cateterismo venoso central é considerado, nesse estudo, como um processo, e não como um procedimento centrado apenas no momento da inserção do referido disposi vo. A visão é muito mais ampla, pois os profissionais que lidam com as etapas do processo precisam realizar uma avaliação clínica no momento da admissão da criança na unidade de terapia intensiva (UTI), para a indicação correta do disposi vo, considerando as caracterís cas clínicas individuais, além da observação sistema zada ao longo da permanência dos cateteres, a fim de evitar ou minimizar as complicações decorrentes da prática inadequada da equipe assistencial. Com o avanço cien fico e tecnológico na área da saúde, surge a necessidade dos profissionais dessa área buscarem constante atualização, sendo cada vez mais importante, o alerta para o bom uso da tecnologia (7). Além disso, quando os profi ssionais que lidam com o processo do cateterismo venoso central detêm os conhecimentos necessários a sua inserção, manutenção e possíveis complicações relacionadas ao uso dos disposi vos intravasculares, tornam-se responsáveis pelo sucesso desse processo, ao se conscien zarem das consequências previsíveis e imputáveis a sua própria ação ou omissão diante do cuidado às crianças, que são seres frágeis e vulneráveis. Garan r a segurança dos pacientes é fundamental para oferecer uma assistência de saúde e de enfermagem de qualidade. No entanto, se por um lado as intervenções de cuidados de saúde buscam melhorar a assistência prestada, por outro, a combinação de processos, tecnologias e recursos humanos relacionados com o cuidado à saúde pode se tornar um fator de risco para o surgimento de erros e eventos adversos (8). Sabendo que nas UTI neonatal e pediátrica são admi- das crianças em estado clínico grave, que necessitam de cuidados intensivos e de terapia intravenosa prolongada, surgiu o interesse em evidenciar, por meio da pesquisa cien fica, os cateteres venosos centrais que são u lizados na clientela neonatal e pediátrica, assim como detalhar os fatores relacionados que interferem na manutenção desses cateteres, visto que esses disposi vos estão frequentemente presentes em nossa prá ca profissional, contribuindo, por um lado, para a sobrevivência dessas crianças, mas, por outro, para o surgimento de complicações associadas 795
3 aos cuidados de saúde, prejudicando a qualidade da assistência prestada. O presente estudo teve como obje vos analisar e discu- r o processo do cateterismo venoso central nas unidades de terapia intensiva neonatal e pediátrica, descrever as variáveis relacionadas à caracterização da população do estudo (unidade de internação, faixa etária e sexo) e descrever as variáveis relacionadas ao processo do cateterismo venoso central, tais como: po de cateter, mo vo de indicação, número de lumens, sí o de inserção, profissional que realizou o procedimento, terapêu ca medicamentosa infundida via cateter, mo vo de re rada, tempo de permanência e as complicações mecânicas e infecciosas. MÉTODO A metodologia u lizada para esse estudo foi a pesquisa descri va, com delineamento longitudinal e abordagem quan ta va. O presente estudo foi desenvolvido no Ins tuto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF) da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), uma Unidade Técnico-Cien fica que tem como missão a realização da pesquisa, ensino, assistência, desenvolvimento tecnológico e extensão de qualidade na área materno-infan l, além de atuar como um pólo de capacitação cien fico-tecnológica. A coleta de dados foi realizada de forma prospec va em 82 prontuários dos recém-nascidos e crianças em uso do cateter venoso central, internados nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal Cirúrgica (UTINC), de Terapia Intensiva Neonatal não cirúrgica (UTIN) e de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) da referida ins tuição, no período de 01 de fevereiro a 31 de julho de A opção pela unidade de terapia intensiva jus fica-se por ser um setor de alta complexidade, com necessidade de recursos tecnológicos e de profissionais especializados para garan r a sobrevivência das crianças em estado crí co, que necessitam de terapia intravenosa prolongada, sendo o cateter venoso central u lizado ro neiramente nessas unidades. Foram incluídos os prontuários das crianças que foram subme das ao processo do cateterismo venoso central na UTIN, UTINC ou UTIP, em que a inserção do cateter tenha ocorrido no período de 01 de fevereiro a 30 de abril de 2009 e o acompanhamento desses processos até 31 de julho do mesmo ano, para a obtenção das variáveis de desfecho. Foram excluídos do estudo os prontuários das crianças com cateter venoso central que foram transferidas para outra ins tuição hospitalar, devido à impossibilidade da obtenção das variáveis correspondentes ao desfecho do processo. Nesse período, foram iden ficados e acompanhados 130 processos de cateterismo venoso central, através de 82 prontuários. As informações foram coletadas u lizando instrumento de coleta de dados para o registro das variáveis do estudo. 796 As informações ob das nos prontuários e registradas no instrumento de coleta de dados foram digitadas pela própria pesquisadora e processadas no programa Epi Info A análise descri va dos dados foi realizada e apresentada sob a forma de tabelas, sendo as variáveis categóricas descritas por frequências absoluta e rela va e as variáveis con nuas, descritas pelas médias, medianas, modas, valores máximos e mínimos. Os dados do estudo foram categorizados e analisados esta s camente, confrontando a prá ca local com a literatura específica. Considerando os aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos com a utilização de dados de prontuários, foi utilizado um Termo de Compromisso de Utilização de Dados, garantindo à instituição a divulgação dos dados coletados e preservando a privacidade dos pacientes (9-10). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/Fiocruz), sob protocolo nº 0046/08. RESULTADOS O estudo foi realizado no Ins tuto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/FIOCRUZ), mediante a análise de 82 prontuários das crianças que foram subme das ao processo do cateterismo venoso central, no período do estudo, totalizando 85 internações, pois três crianças foram internadas mais de uma vez. Quanto à caracterização dos sujeitos (Tabela 1), verifica- -se que houve predominância na realização do cateterismo venoso central em unidade de terapia intensiva neonatal (40%), em recém-nascidos (61%), e em crianças do sexo masculino (58,5%). Tabela 1 - Caracterização das crianças submetidas ao processo do cateterismo venoso central nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica, IFF/FIOCRUZ Rio de Janeiro, RJ, 2009 Caracterização dos sujeitos N=85 (%) Unidade de internação UTIN 34 (40,0) UTIP 29 (34,1) UTINC 22 (25,9) Faixa etária RN 50 (61,0) Lactente 24 (29,2) Pré-escolar 4 (4,9) Escolar 4 (4,9) Sexo Masculino 48 (58,5) Feminino 34 (41,5)
4 Os pos de CVCs u lizados foram o cateter venoso central de inserção periférica (PICC), o cateter venoso central por punção direta (CVCP), a dissecção venosa (DV) e o cateter venoso umbilical (CVU). Os dados da Tabela 2 mostram que na UTIN houve predominância da u lização do PICC (54,2%), sendo o disposi vo de primeira escolha ou u lizado após o CVU. Tabela 2 Distribuição dos tipos de cateteres venosos centrais inseridos nas crianças segundo a unidade de internação, IFF/ FIOCRUZ Rio de Janeiro, RJ, 2009 Unidades de internação CVU Tipos de Cateteres Venosos Centrais PICC CVCP DV Total UTIN 14 (29,2) 26 (54,2) 8 (16,8) 48 (100,0) UTIP 1 (2,3) 38 (88,4) 4 (9,3) 43 (100,0) UTINC 32 (82,1) 7 (17,9) 39 (100,0) Total 14 (10,8) 59 (45,4) 38 (29,2) 19 (14,6) 130 (100,0) Na UTINC não foi inserido cateter venoso umbilical devido à impossibilidade desse procedimento em recém- -nascidos com malformações abdominais como a gastrosquise e a onfalocele. O cateter mais u lizado nessa unidade de internação cirúrgica foi o PICC (82,1%). Em contrapar da, observa-se que na UTIP o PICC foi pouco u lizado (2,3%), em relação aos outros pos de cateter venoso, havendo a predominância do cateter venoso central por punção direta (88,4%). Já o cateter implantado cirurgicamente por dissecção venosa foi u lizado em todos os setores. Em relação ao profissional que realizou o procedimento, houve o predomínio da par cipação do enfermeiro (22,3%) na obtenção do acesso vascular na clientela do estudo. Em relação ao cateter venoso central por punção direta (CVCP), houve predomínio de inserção realizado por residentes de medicina, durante o treinamento em serviço. Apenas 13,2% foram inseridos por médicos intensivistas e 5,3% pelo cirurgião e residente de cirurgia. As dissecções venosas foram realizadas predominantemente por cirurgiões e residentes de cirurgia (47,9%). Os cateteres venosos centrais que foram inseridos nas crianças do estudo veram um ou mais mo vos de indicação, havendo uma predominância de infusão medicamentosa prolongada (IMP), concomitantemente com infusão de nutrição parenteral total (NPT) em 40,8% dos casos. Os dados da Tabela 3 mostram que os cateteres venosos centrais de único lúmen foram os mais u lizados (63,8%), seguido de 35,4% de duplo lúmen e 0,8% de triplo lúmen. O sí o de inserção mais u lizado para o PICC foi a veia basílica (39,0%), seguido da cefálica (20,3%). Em relação aos CVCP, houve uma predominância pelas veias femoral (52,6%) e jugular interna (44,7%). Tabela 3 Distribuição dos números de lúmens segundo os tipos de cateteres venosos centrais, IFF/FIOCRUZ Rio de Janeiro, RJ, 2009 Nº lúmens CVU Tipos de Cateteres Venosos Centrais PICC CVCP DV Total Único 14 (100,0) 58 (98,3) 11 (57,9) 83 (63,8) Duplo 1 (1,7) 37 (97,4) 8 (42,1) 46 (35,4) Triplo 1 (2,6) 1 (0,8) Total 14 (100,0) 59 (100,0) 38 (100,0) 19 (100,0) 130 (100,0) Houve ainda predominância de infusão de hidratação venosa, concomitantemente com antibióticos (37,2%), sendo o PICC o cateter mais u lizado para essa terapêu- ca (66,1%). Em relação ao CVU, observou-se sua grande u lização para infusão de hidratação venosa e an bió cos (42,9%). No entanto, notam-se também outras infusões como aminas e sedação. O tempo médio de permanência do CVU foi de 5 dias, enquanto que o PICC e o CVCP foram u lizados, em média, por 12 dias e a DV, por 10 dias, como mostram os dados da Tabela 4. Tabela 4 Distribuição do tempo de permanência (dias) segundo os tipos de cateteres venosos centrais, IFF/ FIOCRUZ Rio de Janeiro, RJ, 2009 Tipos de cateteres venosos centrais Tempo de permanência dos CVC (dias) Mínimo Média Mediana Moda Máximo PICC DV CVCP CVU Os dados da Tabela 5 apontam que a remoção dos cateteres venosos centrais foi indicada predominantemente nos casos de complicações mecânicas e infecciosas (47,7%). Dentre os pos de CVC, o CVU foi o disposi vo que pouco foi removido devido ao fim de indicação (14,3%), pois geralmente é subs tuído pelo PICC para a con nuidade da terapêu ca intravenosa. Em relação aos óbitos, podemos observar a maior incidência nas crianças com a dissecção venosa (21,1%), o que reflete a maior gravidade dessa clientela. Dentre as complicações mecânicas ocorridas nos cateteres do estudo, houve o predomínio de obstrução (36,0%). Em relação ao CVU, 66,7% foram removidos porque o sangue não refluía, caracterís ca necessária para a realização da exsanguineotransfusão. O segundo mo vo foi o extravasamento de soluções que podem ter ocorrido por fratura do cateter ou por falha nas conexões dos equipos, o que prejudica a terapêu ca e a resposta clínica posi va da criança por falta da medicação. 797
5 No entanto, observa-se na Tabela 5 que o PICC (35,6%) e o CVCP (34,2%), foram removidos pelo término da terapêu ca com uma taxa mais elevada que a dissecção venosa. Tabela 5 Distribuição dos motivos de retirada segundo os tipos de cateteres venosos centrais, IFF/FIOCRUZ Rio de Janeiro, RJ, 2009 Motivos de retirada 798 CVU Tipos de Cateteres Venosos Centrais PICC CVCP DV Total Complicações mecânicas e 3 (21,4) 30 (50,8) 19 (50,0) 10 (52,7) 62 (47,7) infecciosa Término da terapêutica 2 (14,3) 21 (35,6) 13 (34,2) 5 (26,3) 41 (31,5) Óbito * 1 (7,1) + 7 (11,9) + 3 (7,9) + 4 (21,1) + 15 (11,5) + Outro 8 (57,1) 1 (1,7) 3 (7,9) 12 (9,2) Total 14 (100,0) 59 (100,0) 38 (100,0) 19 (100,0) 130 (100,0) *Os óbitos não foram considerados complicações relacionadas ao cateter + As freqüências absoluta e relativa representam os óbitos das crianças que estavam com o cateter venoso central em uso e não foram computados como complicação. As complicações infecciosas mais frequentes evidenciadas por esse estudo foram a sepse clínica (40,0%) e a sepse fúngica (33,3%) associada ao CVC. Os cateteres venosos centrais desse estudo também foram removidos por outros mo vos como troca de cateter (n=9) e devido à presença de outro cateter (n=3). Em relação ao CVU, a predominância da remoção ocorreu para a inserção de outro po de cateter venoso central (88,9%), sendo o PICC a segunda opção nos oito casos. DISCUSSÃO Na UTIN houve uma predominância de inserção de cateteres venosos centrais em recém-nascidos prematuros. Essa clientela precisa de terapia intravenosa prolongada, com a infusão de soluções hipertônicas e nutrição parenteral total, sendo o cateter venoso central o recurso tecnológico indicado para a garan a da terapêu ca, com a finalidade de salvar e prolongar a vida, garan ndo o crescimento e o desenvolvimento dessa clientela vulnerável, uma vez que seus órgãos e sistemas encontram-se imaturos (11). Tanto na UTIN, quanto na UTINC, houve preferência pela dissecção venosa, em detrimento do cateter venoso central por punção direta. Um estudo realizado com neonatos crí cos mostrou que a inserção por dissecção venosa foi responsável pela maior taxa de infecção de corrente sanguínea associada ao cateter venoso central (5). A punção profunda pode apresentar algumas complicações graves, sendo necessária a u lização desse recurso tecnológico por profissionais experientes. Em um estudo realizado com crianças internadas em UTIP, os resultados apontaram que as complicações de inserção mais frequentes foram: mau posicionamento do cateter, punção arterial e pneumotórax (12). Um dos fatores que influenciam na incidência de complicações é a experiência do profissional de saúde que realiza o procedimento, sendo inversamente relacionada à frequência de complicações secundárias à inserção do CVC (13). Os cateteres PICC são u lizados em larga escala nas unidades de terapia intensiva sob a responsabilidade do enfermeiro. Assim, cada vez mais os enfermeiros buscam capacitar-se para o exercício desta prá ca (14). Nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica, as crianças são admi das em condições clínicas graves, necessitando de intervenções imediatas e por longo período, como a infusão de NPT, reposição hídrica e de eletrólitos e an bio coterapia (15). A escolha do po de cateter em relação ao número de lúmens deve considerar a necessidade e a gravidade da criança, a quan dade de medicações prescritas e a indicação de NPT (16). Vários estudos afirmam que, quanto maior o número de lúmens, maior o risco de complicações infecciosas associadas ao CVC, devido às frequentes manipulações das conexões e da vias de infusão (1). Esse fator de risco para a complicação infecciosa também pôde ser observado neste estudo, pois o único cateter de triplo lúmen foi re rado devido à ocorrência de sepse clínica associada ao CVC. Para selecionar o sí o de inserção, os profi ssionais envolvidos na prá ca da terapia intravenosa devem avaliar a idade, o diagnós co, as condições da rede venosa, os acessos venosos prévios, o po e o tempo de terapia (3). Nesse estudo, os sí os de inserção mais u lizados para o PICC foram as veias basílica e cefálica, corroborando a literatura específica (3). Em relação aos CVCP, houve predominância das veias femoral e jugular interna. A eleição do sí o de inserção do cateter depende de alguns fatores como a acessibilidade e o calibre do acesso. Os profissionais de saúde devem considerar o conforto, a segurança e os fatores específicos de cada criança, tais como cateteres pré-existentes, deformidades anatômicas e sangramento, além do risco de complicações (1). Eventos adversos relacionados ao uso de disposi vos intravasculares centrais mostram-se frequentes na população neonatal e pediátrica, sendo fundamental a avaliação desses eventos para indicar os aspectos do cuidado que podem ser melhorados, a fim de tornar a assistência mais segura (17). Esse estudo evidenciou a ocorrência de obstrução como a principal complicação mecânica. Algumas medidas que os profissionais da equipe devem adotar para prevenir tal complicação incluem não infundir sangue e hemoderivados nos cateteres com calibre menor que 3,8 fr, não administrar drogas incompa veis simultaneamente, realizar flush com solução salina após a infusão de hemoderivados e de medicações e manter fluxo con nuo de infusão intravenosa (3).
6 Apesar do desenvolvimento tecnológico nas áreas neonatal e pediátrica, as infecções relacionadas à assistência à saúde são consideradas um desafio mundial, devido à variabilidade de procedimentos diagnós cos e terapêu cos, e são responsáveis pelo aumento significa vo da morbidade, da mortalidade e dos custos hospitalares, sendo mo vos de grande preocupação dos gestores de serviços (18-19). As complicações infecciosas podem ocorrer devido aos fatores intrínsecos e extrínsecos. Esse estudo mostra que os fatores extrínsecos podem contribuir para a redução das taxas de infecção, pois os cateteres venosos umbilicais não apresentaram complicações infecciosas, fato que pode estar associado ao curto tempo de permanência dessa tecnologia (média de 5 dias). De acordo com os dados ob dos nesse estudo, os cateteres inseridos por punção venosa profunda apresentaram a maior taxa de complicações infecciosas. É importante ressaltar que as complicações decorrentes da u lização do CVC aumentam o tempo de permanência das crianças na unidade hospitalar e, consequentemente, o custo da internação. Analisando os dados ob dos, encontramos uma média do tempo de uso do PICC igual ao do CVCP (12 dias) e maior que da DV (10 dias). No entanto, a proporção entre o número de cateteres inseridos no período do estudo e o número de complicações infecciosas evidencia uma taxa de infecção maior nos cateteres inseridos por punção venosa profunda (34,2%), seguida da dissecção venosa (26,3%), em comparação com o PICC, que apresentou uma taxa de 18,6%. Embora a manipulação dos cateteres venosos centrais seja uma a vidade ro neira da equipe assistencial nas UTI neonatais e pediátricas, exige cuidados específicos e vigilância rigorosa das medidas preven vas, com o obje vo de evitar iatrogenias e garan r a qualidade da assistência e a segurança dos pacientes. A par r das discussões das informações relacionadas aos mo vos de re rada do cateter venoso central, podemos concluir que são necessárias várias intervenções, modificações e padronização das prá cas assistenciais de saúde com a finalidade de reduzir as taxas de complicações mecânicas e infecciosas nas unidades de terapia intensiva neonatal e pediátrica, sendo este o grande desafio para todos os profissionais de saúde envolvidos em cuidados hospitalares. CONCLUSÃO A análise crí ca do processo do cateterismo venoso central possibilitou rever a prá ca assistencial para estabelecer o aprimoramento da assistência prestada à clientela neonatal e pediátrica internadas nas Unidades de Terapia Intensiva do Ins tuto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF) em relação à terapia intravenosa, indicação dos dispositivos intravasculares centrais, relação custo-bene cio na realização dos cuidados e eleição de recursos tecnológicos e desenvolvimento de novas pesquisas na área, a fim de assegurar a qualidade do cuidado, garan ndo a segurança dessa clientela. Os resultados do estudo apontaram para o predomínio de re rada de cateter venoso central devido às complicações mecânicas e infecciosas. Os avanços tecnológicos que hoje permitem a sobrevivência das crianças cri camente enfermas, paradoxalmente, criaram condições predisponentes à ocorrência de infecção hospitalar, que, por sua vez, cons tui um importante fator de morbimortalidade. As elevadas taxas de infecção da corrente sanguínea associadas ao uso do CVC apontam para a necessidade de implementação cada vez mais eficaz de polí cas ins tucionais direcionadas à prevenção e controle das infecções hospitalares, na busca constante da qualidade da assistência e da segurança das crianças hospitalizadas. O cateter venoso central é uma tecnologia indispensável à sobrevivência dos recém-nascidos e das crianças internadas em estado crí co nas unidades de terapia intensiva. No entanto, ele é um disposi vo que causa complicações ao longo de sua u lização, demandando não só vigilância constante, como também um cuidado específico por parte dos profissionais envolvidos, de forma a reduzir as elevadas taxas de morbimortalidade causadas pela interrupção do tratamento e pelas frequentes infecções associadas ao uso do CVC. O cateterismo venoso central é um processo de alta complexidade, o que exige conhecimentos específicos e treinamento constante das equipes em relação a sua inserção, manipulação e remoção, assim como medidas de prevenção das complicações provenientes da prá ca inadequada. Ademais, esse estudo possibilitará à equipe assistencial refle r cri camente sobre a prá ca da terapia intravenosa, em busca da racionalização de recursos, redução de custos hospitalares, incorporação de novas tecnologias, considerando a relação risco-bene cio, de forma a garan r a segurança do paciente e alcançar a excelência do cuidado. REFERÊNCIAS 1. 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