DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÉCNICAS DE AQUISIÇÃO DE DADOS GEOLÓGICOS COM A TECNOLOGIA LIDAR

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÉCNICAS DE AQUISIÇÃO DE DADOS GEOLÓGICOS COM A TECNOLOGIA LIDAR"

Transcrição

1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA E GEOFÍSICA PPGG DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÉCNICAS DE AQUISIÇÃO DE DADOS GEOLÓGICOS COM A TECNOLOGIA LIDAR Dissertação N 54 / PPGG Autor: RONALDO CAVALCANTE FREIRE Orientador: PROF. DR. FRANCISCO PINHEIRO LIMA FILHO Natal - RN, Junho de 2006

2 Livros Grátis Milhares de livros grátis para download.

3 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA E GEOFÍSICA PPGG DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÉCNICAS DE AQUISIÇÃO DE DADOS GEOLÓGICOS COM A TECNOLOGIA LIDAR Dissertação de Mestrado apresentada em 16 de Junho de 2006, para obtenção do título de Mestre em Geodinâmica pelo Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Autor: RONALDO CAVALCANTE FREIRE Comissão Examinadora: PROF. DR. FRANCISCO PINHEIRO LIMA FILHO (DG/PPGG/UFRN ORIENTADOR) DR. CLÁUDIO PIRES FLORÊNCIO (UN/RNCE PETROBRAS) PROF. DR. RICARDO FARIAS DO AMARAL (DG/PPGG/UFRN) Natal - RN, Junho de 2006

4 A meus queridos pais Helvécio e Deuzalina, minhas duas irmãs Deborah e Rafaela, meu irmão Rodrigo e meu amor Camilla.

5 AGRADECIMENTOS Ao final de um trabalho científico sempre paro para pensar e refletir sobre o que escrever nos agradecimentos, talvez por receio de esquecer de mencionar alguém ou porque é um momento simplesmente especial que marca o fechamento de um ciclo importante profissional e pessoal, onde se guardam desde lembranças, dificuldades e vitórias conquistadas. Enfim quero agradecer a todos que direta e/ou indiretamente contribuíram para a realização desta dissertação de mestrado, mesmo que eu cometa a falha de esquecer de alguém, muito obrigado por tudo. Primeiramente tenho que agradecer a minha família. A meu pai Helvécio, minha mãe Deuzalina, meus irmãos Deborah, Rafaela e Rodrigo, Raimunda e todos os meus parentes, pois sem eles não seria nada nessa vida, e é com o apoio deles que consegui superar mais esta etapa da minha vida e, por isso, sou eternamente grato a todos vocês. Agradeço a Camilla por tudo, por ter me emprestado um pouco da sua felicidade, do seu amor e da sua família, que posso chamar de minha recém e futura família em Natal. Obrigado a todos, especialmente a minha sogra Silvia Maia. Tenho um agradecimento especial a fazer para o meu orientador Prof. Dr. Francisco Pinheiro Lima Filho que acreditou no meu potencial e me trouxe aqui para Natal, me oferecendo toda a infra-estrutura disponível de seu laboratório e também seu conhecimento pessoal sobre geologia e sobre a vida. Agradeço por ter se tornado mais que um professor e sim um amigo. Nesse tempo de mestrado na UFRN fiz muitas amizades e muitas delas aconteceram dentro do GEA, por isso me sinto muito feliz em lembrar e agradecer a todos vocês, pois sabemos que ao final de um trabalho como este todos somos vitoriosos! Agradeço em especial ao M.Sc. Leonardo Menezes pela grande ajuda nas modelagens geológicas com GoCAD, e por todo apoio concedido, tanto geologicamente, como pessoalmente, e também ao M.Sc. Yoe Alain por me ajudar em tantas horas de dúvidas e dificuldades que ocorreram neste período. Agradeço também aos geólogos: Daniel Siqueira, Anderson Medeiros, Marcus Vinícius, Daniel Alexsander, e as geólogas Verônica, M.Sc. Paola, Dra. Ana Paula Pelosi, e as futuras geólogas Daniele e Rosileide. Não tinha como esquecer de agradecer ao grande botafoguense Feitosa e do experiente Ricardo Rabelo pelo apoio, convivência e brincadeiras nas etapas de campo. Um agradecimento especial a Empresa Santiago & Cintra por todo o seu empenho para viabilizar a viagem de campo com o Laser Scanner na Bacia do Parnaíba, em nome de Lincon e Anderson Schwab. Agradeço encarecidamente ao amigo Anderson Schwab pela imensurável

6 ajuda no campo, no processamento dos dados e na descrição das técnicas de aquisição com o Laser Scanner. Agradeço também a toda a turma contemporânea de Pós-Graduação da UFRN, pela convivência, discussões, diversões etc, e em especial, a minha turma de , Antônio Sanzio, Pauletti, Adelbaldo, Ana Paula Justo, Miriam, Clenúbio, Mickaelon, Leão. A CAPES, pelo financiamento da bolsa de pesquisa de mestrado e a FINEP e a PETROBRAS pelo financiamento dos projetos do GEA. A todos os professores e funcionários do Departamento de Geologia e do Programa de Pós- Graduação em Geodinâmica e Geofísica da UFRN pela tranqüila convivência e pelas discussões geológicas.

7 ÍNDICE DEDICATÓRIA AGRADECIMENTOS SUMÁRIO ÍNDICE ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES RESUMO ABSTRACT 1 - INTRODUÇÃO Apresentação Objetivos Localização da Área Metodologia de Trabalho BACIA DO PARNAÍBA TECNOLOGIA LIDAR Apresentação Conceitos Básicos e Definições Técnicas de Aquisição e Registro de dados Aplicações diversas do Laser Scanner ESTUDO DE CASO Geologia da área Aquisição dos dados MODELAGEM 3D NO GOCAD Integração de dados (LIDAR x GPR) Modelo Determinístico 3D CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 83

8 ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES FIGURAS Figura 1.1 Mapa de Localização da área selecionada (Elaborado com auxílio do Mapa das Unidades de Conservação Federais do Brasil IBAMA) 4 Figura 2.1 Localização geográfica da Bacia do Parnaíba 8 Figura 2.2 Localização e limites tectônicos da Bacia do Parnaíba. Zalán (2004) 10 Figura 2.3 Inundações ocorridas no eodevoniano no Brasil. (A) 400 Ma; (B) 395 Ma. Baseado em Melo (1989) in Almeida & Carneiro (2004). 12 Figura 2.4 Inundação ocorrida no Mesodevoniano no Brasil há 390 Ma. Baseado em Melo (1989) in Almeida & Carneiro (2004) 13 Figura 2.5 Carta Estratigráfica da Bacia do Parnaíba (modificado de Góes et al. 1993). 20 Figura 3.1 Nuvem de pontos tridimensional adquirida com o Laser Scanner. 22 Figura 3.2 Laser Scanner modelo HDS 3000 da Leica Geosystems 23 Figura 3.3 Giro horizontal e vertical do HDS 3000 e janelas de varredura. 24 Figura 3.4 Janelas de navegação e de visualização do software Cyclone 25 Figura Hierarquia de objetos no Cyclone. 26 Figura 3.6 Fotos tiradas com a câmera digital integrada do Laser Scanner 27 Figura 3.7 Execução do registro de duas cenas no software Cyclone. 28 Figura 3.8 a) Target magnético ou path e b) Target de giro. 30 Figura 3.9 Registro de cenas através de nuvens de pontos, enfatizando o recobrimento necessário entre as cenas para a realização dessa operação. 31 Figura 3.10 Exemplo de um registro de cenas utilizando vertex virtuais. No lado direito inferior tem-se um zoom de um vertex virtual. 34 Figura 3.11 Desmonte da frente de lavra no campo de dunas da empresa Millennium. 36 Figura 3.12 Instalações industriais utilizadas nas atividades da empresa Millennium. 36 Figura 3.13 Aquisição com o Laser Scanner nas dependências da empresa Millennium. 37 Figura 3.14 Georreferenciamento do modelo a partir do uso do GPS Diferencial. 38 Figura Modelo 3D da frente de lavra da empresa Millennium Lyondell. 39 Figura Detalhe da frente de lavra e de alguns equipamentos de desmonte da mina. 39 Figura 3.17 Mais detalhes da frente de lavra e de alguns equipamentos. 40 Figura 3.18 Vista 3D da planta de pré-beneficiamento da mina. 40 Figura 4.1 Área principal de estudo localizada no Parque Nacional da Serra das Confusões, borda sudeste da Bacia do Parnaíba. 43 Figura 4.2 Delimitação da planície de inundação e dos depósitos de canais fluviais a partir da imagem de satélite Quickbird. 44 Figura 4.3 Modelo Digital de Terreno Regional obtido a partir de dados altimétricos SRTM / NASA. 45 Figura 4.4 Barras arenosas 3D preservadas. Parque Nacional da Serra das Confusões. 46 Figura 4.5 Afloramentos com cortes tridimensionais em toda a área, sendo possível à observação de várias estruturas sedimentares, como migração das formas de leito e as estratificações cruzadas tabulares. 47 Figura 4.6 Afloramento selecionado para a aquisição dos dados de superfície e subsuperficie. 48 Figura 4.7 Posicionamento das estações de coleta de dados do Laser Scanner. 49 Figura 4.8 Criação do sistema arbitrário de coordenadas e posicionamento das estações de coleta de dados com a Estação Total. 50 Figura 4.9 Aquisição de cenas com Laser Scanner a partir das estações de coletas de dados pré-definidas 51 Figura 4.10 Resolução da aquisição dos dados de no máximo 0,035 m entre os pontos. 53 Figura 4.11 Nuvem de pontos representando todas as 12 cenas adquiridas, totalizando 53

9 pontos. Figura 4.12 Erro no registro de dados porque as cenas ficaram deslocadas nos três eixos de coordenadas. 54 Figura 4.13 Visualização do processo de registro de cenas pela técnica de vertex virtuais no software Cyclone, onde tem-se a comparação de duas cenas adjacentes já com alguns vertex virtuais criados. 55 Figura 4.14 Representação da nuvem de pontos tridimensional do afloramento com todos os vertex virtuais criados para o registro de cenas. 56 Figura 4.15 Modelo Final 3D adquirido com Laser Scanner. (A) Nuvem de pontos 3D representando o afloramento e (B) nuvem de pontos sobreposta à imagem digital obtida pelo próprio equipamento 57 Figura 4.16 Visualização do produto final da aquisição no software Cyclone 5.2. Em (A), (B), (C) e (D) tem-se somente as nuvens de pontos, já em (A ), (B ), (C ) e (D ) tem-se as imagens digitais sobrepostas as nuvens de pontos. 58 Figura 4.17 Representação esquemática do método GPR mostrando a aquisição e resposta de 4 traços em um perfil de reflexão (Robinson & Michaud (1999) in Menezes 2004). 59 Figura 4.18 Representação esquemática de um típico sistema de GPR. Davis & Annan (1989) 60 Figura 4.19 Levantamento dos perfis de GPR. 61 Figura 4.20 Localização dos perfis de GPR adquiridos no afloramento. 62 Figura 4.21 Levantamento dos perfis de GPR concomitantemente com o levantamento topográfico com a Estação Total para a correção altimétrica dos perfis. 62 Figura 4.22 Apresentação dos perfis de GPR adquiridos na Bacia do Parnaíba com as antenas de 100 e 200 MHz. 64 Figura 4.23 Interpretações dos perfis de GPR adquiridos na Bacia do Parnaíba com as antenas de 100 e 200 MHz. 65 Figura 5.1 Dados do LIDAR no GoCAD representando a geometria externa do afloramento. 69 Figura 5.2 Perfis de GPR inseridos no GoCAD. 70 Figura 5.3 (a) Dados do Laser Scanner inseridos como PointSets no GoCAD. (b) Perfis de GPR inseridos como Voxets. Integração dos dois tipos de dados. 71 Figura 5.4 Visualização inicial de todos os dados no GoCAD 72 Figura 5.5 Perfil 01 original, refletores do perfil 02 interpretado e refletores digitalizados do perfil 03 (Antena de 100 MHZ). 73 Figura 5.6 Interpretação e digitalização dos dois limites mais representativos de ciclos fluviais do afloramento. 74 Figura 5.7 Superfícies geradas integrando os dados de Laser Scanner e de GPR. 75 Figura 5.8 Perfis de GPR com as superfícies interpretadas. 76 Figura 5.9 Correlação dos refletores interpretados somente nos perfis de GPR, em conjunto com as duas superfícies geradas com dados de LIDAR e GPR. 77 TABELAS Tabela 4.1 Resumo da aquisição com o Laser Scanner, mostrando as estações de coleta, as cenas e a quantidade de pontos adquiridos. 52 Tabela 4.2 Valores de constante dielétrica, velocidade, condutividade e atenuação, para materiais geológicos comuns. Davis & Annan (1989). 60

10 RESUMO Esta dissertação apresenta os resultados obtidos de aquisições de campo com modernas técnicas de mapeamento digital de afloramentos e de modelagem tridimensional, como a emergente tecnologia LIDAR (Light Detection and Ranging) e o GPR (Ground Penetrating Radar). O afloramento escolhido situa-se na borda sudeste da Bacia do Parnaíba, situado no Parque Nacional da Serra das Confusões, Estado do Piauí. O objetivo principal deste trabalho é apresentar e avaliar as técnicas de aquisição de dados geológicos com a tecnologia LIDAR, além da construção de um modelo determinístico 3D no software GoCAD, integrando os dados de superfície do Laser Scanner e os dados de subsuperficie do GPR. Foram descritas cinco técnicas de aquisição de dados geológicos com o Laser Scanner: a) Sistema de Targets, b) Sistema de Nuvens de Pontos, c) Sistema de Pontos Topográficos, d) Única Cena ou Cena Isolada e e) Sistemas Alternativos. A metodologia foi compartimentada em quatro etapas: seleção do afloramento, aquisição de superfície com a tecnologia LIDAR, aquisição de subsuperfície com o GPR, integração dos dados e modelagem 3D. Além da aquisição na Bacia do Parnaíba foi realizada outra aquisição com a tecnologia LIDAR nas instalações da empresa Millennium Lyondell, no Estado da Paraíba, com objetivo de exemplificar para o meio geocientífico outras aplicações dessa tecnologia. As aquisições dos dados de superfície (LIDAR) foram realizadas com o equipamento modelo HDS 3000 da Leica Geosystem, com auxilio de uma Estação Total modelo 3305 DR da marca Trimble para posicionar as estações de trabalho do Laser Scanner. O GPS Geodésico (RTK Topcon) foi utilizado em conjunto com o Laser Scanner para georreferenciamento dos dados. O GPR foi realizado com o equipamento RAMAC da Mala Geoscience. Foram levantados perfis com as antenas de 100 MHz e de 200 MHz, com aquisição no modo passo-a-passo, empilhamento de 256 vezes, espaçamento de 20 cm e número de amostragem de 512. A modelagem tridimensional dos dados foi realizada utilizando-se dois softwares específicos para ambientes 3D: Cyclone 5.2 e GoCAD 2.1. No GoCAD foram integrados os dados do Laser Scanner, Estação Total e do GPR, e construído o modelo determinístico 3D do afloramento.

11 ABSTRACT This work presents the results of field surveys realized with modern techniques of digital outcrop mapping and three-dimensional modeling, like emergent technology LIDAR (Light Detection and Ranging) and GPR (Ground Penetrating Radar). The selected outcrop is located in the Parnaiba Basin, in Parque Nacional da Serra das Confusões, Piauí State, Brazil. The main purpose of this work is to present and to evaluate the acquisition techniques of geologic data with LIDAR technology, and to construct a deterministic model with GoCAD software, integrating surface (LIDAR) and subsurface (GPR) data. It is described five of these techniques to work in the field with Laser Scanner: a) Targets System, b) Cloud of points system, c) Topographic points System, d) Unique Scene and e) Alternative Systems. The methodology was segmented in four stages: outcrop selection, surface acquisition (LIDAR), subsurface acquisition with GPR, data integration and 3D modeling. Another survey was done with LIDAR in the Millennium Lyondell company installations in State of Paraíba, with the objective to show other geologic applications of the technology. The LIDAR surveys were done with a HDS 3000 equipment of Leica Geosystem, with support of a Total Station, model Trimble 3305, to locate the bases of Laser Scanner. A Geodesic GPS (RTK Topcon) was used to data georreferencing. The GPR used in surveys was a RAMAC equipment of Mala Geoscience and were acquired profiles with antennas of 100 MHz and 200 MHz. The 3D modeling was realized with two specific softwares: Cyclone 5.2 and GoCAD 2.1. GoCAD integrated the data of Laser Scanner, Total Station and GPR, and constructed the outcrop deterministic model.

12 Capítulo 1 Introdução

13 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 2 Esta dissertação faz parte dos requisitos obrigatórios para a conclusão do curso de Mestrado desenvolvido no âmbito do Programa de Pós-graduação em Geodinâmica e Geofísica (PPGG) do Centro de Ciências Exatas e da Terra da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O presente trabalho consiste na avaliação das técnicas de aquisição de dados geológicos com o Laser Scanner e na modelagem 3D dos dados nos softwares GoCAD e Cyclone. A dissertação teve apoio dos seguintes projetos locados e desenvolvidos pelo GEA/UFRN (Grupo de Estudos de Análogos a Reservatórios Petrolíferos): Parametrização e Modelagem de Depósitos Fluviais na Bacia do Parnaíba, Fomento: CNPq e Parametrização e Modelagem de Sistemas Fluviais e Eólicos na Bacia do Parnaíba, Fomento: FINEP/PETROBRAS. 1.1 Apresentação Com o avanço tecnológico alcançado nos últimos anos, surgiram novas ferramentas que permitem a aquisição de dados de afloramentos (superfícies externas e interna) com mais rapidez e maior resolução como, por exemplo, a tecnologia LIDAR (Ligth Detection and Ranging), GPS geodésico (RTK Topcon e Mapping Trimble), GPR (Ground Penetration Radar) e a sísmica de alta resolução. Com estas novas ferramentas torna-se possível à elaboração de modelos de sistemas deposicionais realísticos (modelos determinísticos) com custos e qualidade não imagináveis há poucos anos atrás. Essas novas técnicas de mapeamento digital, envolvendo tecnologias de modelagem e visualização 3D, viabilizam a realização de viagens de campo virtuais aos afloramentos, a partir de ambientes de imersão virtual 3D (Brown 2001). Dentre estas novas tecnologias de alta resolução, a tecnologia LIDAR, terrestre e aerotransportada, se destaca por se aplicar em diversas áreas da engenharia e, mais recentemente, nas geociências, apresentando uma rápida expansão nos mais variados tipos de projetos como: plantas industriais, plataformas offshore, preservação de patrimônio e meio ambiente. Na área de caracterização, parametrização e modelagem 3D de afloramentos ainda é uma ferramenta nova e com desenvolvimento progressivo em todo o mundo.

14 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 3 Os modelos digitais de afloramentos integram informações topográficas, geológicas e dados de sensores remotos de superfície e de subsuperfície, posicionados com alta precisão no espaço tridimensional, permitindo que sejam reconstruídas imagens virtuais do afloramento de interesse (Xu et al. 2002). Estes modelos 3D podem ser usados para estudos de simulação de fluxo de fluido e para parametrização dos elementos deposicionais (Olariu et al. 2002). O Laser Scanner é parte de uma tecnologia emergente que vem sendo incorporada gradativamente ao processo de mapeamento digital de afloramentos. Esta tecnologia ainda está em estágio inicial no Brasil na área de Geologia, portanto, esse trabalho busca abordar alguns conceitos básicos e definições sobre esse sistema, bem como, exemplificar algumas aplicações importantes para Geologia. Além disso, propõe pioneiramente discutir a validade, limitações e vantagens sobre as várias técnicas de aquisição de dados geológicos com o Laser Scanner. 1.2 Objetivos Os objetivos principais deste trabalho são: a) Avaliar as diversas técnicas de aquisição e registro de dados com a tecnologia LIDAR e adaptá-las para aplicação na Geologia, introduzindo para o meio geológico conceitos básicos e definições sobre o sistema, contribuindo assim para uma melhor divulgação do potencial desta ferramenta; b) Elaborar modelos determinísticos de afloramentos utilizando o software GoCAD, integrando dados de superfície e de subsuperficie. 1.3 Localização das Áreas de Estudo Para o desenvolvimento deste trabalho foram selecionadas duas áreas de estudo, sendo uma área principal localizada na Bacia do Parnaíba para utilização do Laser Scanner e do GPR, gerando modelos determinísticos, e outra área em um campo de dunas no Estado da Paraíba, para exemplificar aplicações da tecnologia LIDAR. A área principal de trabalho localiza-se na borda sudeste da Bacia do Parnaíba, no sul do estado do Piauí, estando compreendida dentro dos limites do Parque Nacional da Serra das Confusões, gerenciado pelo IBAMA/PI.

15 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 4 Figura 1.1 Mapa de localização da área selecionada (elaborado com auxílio do Mapa das Unidades de Conservação Federais do Brasil IBAMA) A cidade de São Raimundo Nonato é a maior da região e situa-se a leste da área de estudo, distando cerca de 100 km. A sudeste da área, a cidade de Caracol é a mais próxima dos limites do Parque Nacional da Serra das Confusões (Figura 1.1). O Parque Nacional que possui uma área superficial de ha foi criado pelo Decreto Presidencial do dia 02 de outubro de 1998, abrangendo os Municípios de Caracol, Guaribas, Santa Luz e Cristino Castro, no Estado do Piauí, com o objetivo de proteger e preservar amostra dos ecossistemas ali existentes, e possibilitar o desenvolvimento de pesquisa científica e programas de educação ambiental. A outra área selecionada para utilização do Laser Scanner compreende um campo de dunas onde a empresa Millennium Lyondell desenvolve atividades de lavra de minerais pesados no Estado da Paraíba, com o objetivo de demonstrar as diversas aplicações na Geologia desta moderna e emergente técnica.

16 Freire R.C. Dissertação de Mestrado Metodologia de trabalho A metodologia adotada neste trabalho constou na utilização de técnicas de mapeamento digital de afloramentos e de modelagem tridimensional, desenvolvida com ferramentas de aquisição de dados de superfície (LIDAR) e de subsuperfície (GPR), além de softwares específicos de modelagem 3D, como Cyclone 5.2 e GoCAD 2.1, que integram a infra-estrutura do Laboratório de Análises Estratigráficas (LAE) do Departamento de Geologia da UFRN. Para o melhor desenvolvimento do trabalho, a metodologia foi compartimentada em etapas, sendo elas: seleção do afloramento, aquisição de superfície com a tecnologia LIDAR, aquisição de subsuperfície com o GPR e, por fim, integração dos dados e modelagem 3D. a) Seleção do Afloramento Nesta etapa inicial do trabalho se buscou afloramentos com características que permitissem a aplicação das técnicas de mapeamento digital acima citadas. Nas duas áreas de estudo foram escolhidos afloramentos em regiões sem cobertura vegetal, de fácil acesso para minimizar dificuldades operacionais e que apresentassem cortes tridimensionais e exposições de estruturas sedimentares. b) Aquisição de Superfície Tecnologia LIDAR A aquisição de superfície foi realizada com o equipamento Laser Scanner, modelo HDS 3000 da Leica Geosystem. Para auxiliar o levantamento de superfície foi utilizado também uma Estação Total modelo 3305 DR da marca Trimble com o objetivo de posicionar as estações de trabalho do Laser Scanner. Outro equipamento utilizado em conjunto com o Laser Scanner foi o GPS Geodésico (RTK Topcon) com a finalidade de georreferenciar, ao final, as aquisições realizadas. O enfoque principal da aquisição de superfície é o de transportar para o ambiente 3D as geometrias externas dos afloramentos imageados. Vale ressaltar que o equipamento Laser Scanner tem como produto final nuvens de pontos tridimensionais posicionadas com alta precisão no espaço 3D, e que possibilitam a representação virtual dos afloramentos.

17 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 6 c) Aquisição de subsuperfície GPR Para a aquisição da superfície interna do afloramentos foi escolhido o método eletromagnético conhecido como GPR, com o objetivo de identificar estruturas e geometrias internas do afloramento estudado. O GPR foi realizado no afloramento selecionado na Bacia do Parnaíba e o equipamento utilizado para a aquisição dos perfis foi o RAMAC da Mala Geoscience. Foram levantados perfis com as antenas de 100 MHz e de 200 MHz, com aquisição no modo passo-a-passo e as seguintes configurações: empilhamento de 256 vezes, espaçamento de 20 cm e número de amostragem de 512. O processamento dos dados foi realizado nos softwares Gradix e Radan. Para se obter a velocidade de propagação das ondas eletromagnéticas no meio foi realizada uma CMP (common mid point), para posterior conversão tempo-profundidade. d) Modelagem 3D A modelagem dos dados foi realizada utilizando-se dois softwares específicos para ambientes 3D: Cyclone 5.2 e GoCAD 2.1. Para tratamento dos dados de campo do Laser Scanner, no espaço 3D, foi utilizado o Cyclone 5.2, com o objetivo de visualizar as nuvens de pontos adquiridas, de registrar essas nuvens em um espaço 3D comum e de eliminar pontos desnecessários ao modelo final do afloramento. No GoCAD foi realizada a modelagem tridimensional do afloramento da Bacia do Parnaíba com o objetivo de integrar os dados do Laser Scanner, Estação Total e do GPR e, também, de construir um modelo determinístico do afloramento. A integração do modelo 3D do afloramento com dados de perfis de GPR permite a construção de modelos tridimensionais da arquitetura sedimentar do afloramento (Bhattacharya et al. 2002; Olariu et al. 2002). O software GoCAD é uma poderosa ferramenta para a integração, modelagem e visualização de dados geológicos no espaço tridimensional, podendo ser construídos modelos determinísticos, usados freqüentemente na indústria petrolífera. O modelo determinístico foi utilizado para caracterização geológica 3D e para auxiliar nas interpretações sobre o modelo, além de permitir a realização de viagens virtuais ao afloramento.

18 Capítulo 2 Bacia do Parnaíba

19 Freire R.C. Dissertação de Mestrado Introdução A Bacia do Parnaíba corresponde a uma sinéclise que abrange os estados do Maranhão, Piauí e parte dos estados do Ceará, Pará e Tocantins, com uma área superficial de aproximadamente km 2. A espessura total dos sedimentos da bacia chega a 3 km, dos quais 2,5 km são compostos por rochas sedimentares paleozóicas e 0,5 km por rochas sedimentares mesozóicas (Mesner & Wooldridge 1964). A Bacia do Parnaíba (Figura 2.1) é uma bacia do tipo intracratônica, com forma elipsoidal, com o diâmetro maior orientado no sentido NE-SW, medindo cerca de km, e o diâmetro menor, ortogonal ao primeiro, atingindo cerca de 800 km (Cunha 1986). Figura 2.1 Localização geográfica da Bacia do Parnaíba.

20 Freire R.C. Dissertação de Mestrado Evolução do Conhecimento Os estudos iniciais da Bacia do Parnaíba datam do início do século passado, com os trabalhos pioneiros de Small (1914) sobre águas subterrâneas do estado do Piauí e de parte do Ceará; de Plummer e seus colaboradores (1948) em trabalho sobre o reconhecimento preliminar da bacia para a pesquisa de petróleo; e o trabalho de Campbell (1949) que modificou a coluna geológica proposta por Plummer em vários aspectos. Mas coube a Kegel (1953), em trabalho sobre o Devoniano, montar o arcabouço litoestratigráfico que ainda serve como referência e que ao longo do tempo foi sendo modificado e atualizado por diversos autores. Os trabalhos de Mesner & Wooldridge (1964), Aguiar (1971), Caputo & Lima (1984), Góes & Feijó (1994) e Lima Filho (1991 e 1998) delinearam o estágio atual de conhecimento estratigráfico da bacia. Com o advento de investimentos para a prospecção petrolífera dado pela PETROBRAS, o conhecimento geológico evoluiu significativamente na Bacia do Parnaíba. A partir disso, a bacia foi sendo alvo de estudos de vários pesquisadores de todo o país, surgindo diversos trabalhos importantes como os de Carozzi et al. (1975), Cruz et al. (1973), Andrade & Daemon (1974), Daemon (1974 e 1976), Soares et al. (1974), Suguio & Fulfaro (1977), Mabesoone (1977), Campanha & Rocha-Campos (1979), Della Fávera (1980, 1982, 1984 e 1990), Faria Jr. & Truckenbrodt (1980), Assis (1980), Coimbra (1983), Cordani et al. (1984), Caputo (1984), Cunha (1986), Góes et al. (1990), Lima Filho & Rocha-Campos (1992 e 1993), Anelli et al. (1992 e 1993), Anelli (1994), Ianuzzi (1994), Góes (1995), Lima Filho et al. (1995) e Lima Filho & Anelli (1997) e Lima Filho (1991, 1998). Apesar da diversidade de trabalhos dedicados a essa bacia intracratônica, esta ainda permanece como uma das grandes áreas paleozóicas brasileiras menos conhecida até o presente. Isto se deve, provavelmente, pelas perspectivas pouco promissoras nas pesquisas exploratórias para óleo e gás desenvolvidas pela PETROBRAS (Lima Filho 1998).

21 Freire R.C. Dissertação de Mestrado Arcabouço Tectônico A Bacia do Parnaíba encontra-se instalada no nordeste da Plataforma Sul-americana, cuja origem remonta do arqueano e que teve sua consolidação completada entre o Proterozóico Superior e o inicio do Fanerozóico, com o fim do Ciclo Brasiliano (Almeida & Hasui 1984 apud Cunha 1986). Segundo Cunha (1986), o arcabouço tectônico da bacia está relacionado à trama tectono-estrutural herdada do Pré-Cambriano, particularmente a estruturação das faixas de dobramentos e lineamentos estruturais formados e/ou reativados durante o Ciclo Brasiliano. Esta bacia é também conhecida como Bacia do Meio-Norte ou do Maranhão, e limita-se ao norte com as bacias de São Luis e de Barreirinhas, separadas pelo Arco Ferrer-Urbano Santos, originado no Neocomiano (Resende & Pamplona 1970). A noroeste limita-se com a Fossa de Marajó, separada pelo Arco de Tocantins. Ao sul e a sudeste, confronta-se com as bacias de São Francisco e Lençóis, separadas da Bacia do Parnaíba pelo Arco do Médio São Francisco (Figura 2.2) (Cunha 1986). Figura 2.2 Localização e limites tectônicos da Bacia do Parnaíba. Zalán (2004).

22 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 11 O contraste entre a pequena espessura sedimentar da Bacia do Parnaíba e suas amplas dimensões, denuncia uma subsidência muito lenta durante sua evolução no Paleozóico (Cunha 1986). 2.4 Inundações Marinhas da Bacia do Parnaíba As inundações marinhas ocorridas no território brasileiro no decorrer do Fanerozóico constituem tema de grande interesse por se tratar de eventos significativos na história do País, que se relacionam à origem e evolução estrutural do continente, às oscilações eustáticas e movimentação tectônica, à paleogeografia, paleoceanografia e à geração de variados recursos minerais (Almeida & Carneiro 2004). As sinéclises existentes na Plataforma Sul-Americana, como a do Parnaíba, apresentam três seqüências de sedimentos neríticos que atestam inundações causadas em grande parte pelos altos níveis eustáticos, com regressões e discordâncias erosivas. Na Bacia do Parnaíba podem ser reconhecidas inundações marinhas ocorridas tanto no paleozóico como no mesozóico. No Cambriano e no Ordoviciano ocorreu um estágio de estabilização cratônico seguido pelo aparecimento de grandes sinéclises, com centenas de milhares a mais de um milhão de quilômetros quadrados de sedimentos ainda em partes preservadas, separados por áreas mais elevadas do embasamento pré-cambriano. Podem ser exemplificadas as bacias do Acre, Solimões, Amazonas, Alto Tapajós, Parecis, Paraná, Parnaíba e outras que ocorrem fora do território brasileiro (Almeida & Carneiro 2004). O primeiro ciclo marinho transgressivo-regressivo nas grandes sinéclises realizou-se a partir de fins do Ordoviciano a inícios do Siluriano, por volta de 450 a 430 Ma. Os elevados níveis eustáticos do mar durante o Paleozóico, com suas flutuações, foram importante causa das grandes transgressões nas bacias sedimentares de então (Almeida & Carneiro 2004). Na bacia do Parnaíba essa inundação de procedência africana depositou os sedimentos neríticos da Formação Tianguá do Grupo Serra Grande (Góes & Feijó 1994). O início de novo ciclo transgressivo-regressivo nas bacias paleozóicas do norte do País teve lugar em fins do Eodevoniano a princípios do Mesodevoniano ( Ma) (Emsiano a Eifeliano) tendo o mar, de modo geral, coberto as mesmas áreas que o mar siluriano (Figura 2.3) (Almeida & Carneiro 2004).

23 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 12 Figura 2.3 Inundações ocorridas no eodevoniano no Brasil. (A) 400 Ma; (B) 395 Ma. Baseado em Melo (1989) in Almeida & Carneiro (2004). Em inícios do Mesodevoniano (Eifeliano) (Góes & Feijó 1994), pela mesma via que inundou a Bacia do Parnaíba, foram depositados os sedimentos que hoje constituem-se no Grupo Canindé, denotando ambientes marinho, transicional (deltaico e planícies de maré) e continental (fluvial), para retirar-se no começo do Carbonífero. O máximo da inundação devoniana realizou-se no Neodevoniano antigo (Frasniano), como referido por Melo (1989) (Figura 2.4). Na evolução desta bacia, como era de se esperar, houve uma sucessão paleogeográfica com diversos ambientes e sistemas deposicionais cujo registro foi controlado em função do assoreamento sedimentar, movimentos epirogênicos e flutuações eustáticas. Em suas partes internas permaneceram condições neríticas, com deposição de sedimentos de granulação fina a média, estabelecendo-se nas zonas vizinhas à costa sistemas deposicionais plataformais e deltaicos, estes particularmente desenvolvidos na Bacia do Parnaíba (Almeida & Carneiro 2004).

24 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 13 Figura 2.4 Inundação ocorrida no Mesodevoniano no Brasil há 390 Ma. Baseado em Melo (1989) in Almeida & Carneiro (2004). Ainda no Paleozóico, após a regressão do mar devoniano teve início novo ciclo transgressivo-regressivo no Neocarbonífero. Na Bacia do Parnaíba (Góes & Feijó 1994) o ciclo transgressivo-regressivo permo-carbonífero acha-se representado pelo Grupo Balsas. Iniciou-se em meados do Neocarbonífero, representado por depósitos de ambiente desértico (Formação Piauí) e litorâneo (Formação Pedra de Fogo), com registro das ultimas inclusões marinhas representados por calcários plataformais e evaporitos.. No Eopermiano já se processava a regressão, os depósitos fossilíferos de águas marinhas pouco profundas alternando-se com depósitos de planícies de maré, deltaicos e lacustres. No Mesozóico, já no cretáceo, a ingressão do mar no interior do Brasil deu-se entre o Aptiano e o Albiano, tendo-se limitado à parte da Bacia do Parnaíba e área vizinha do Nordeste Oriental (Almeida & Carneiro 2004). A partir do Atlântico Equatorial, possivelmente através da Bacia de Barreirinhas, situada na costa do Maranhão, o mar, originalmente com caráter restrito, ingressou na Bacia do Parnaíba onde se espalhou, tendo depositado os sedimentos neo-aptianos a eoalbianos detríticos, calcários e evaporitos presentes na Formação Codó (Almeida & Carneiro 2004).

25 Freire R.C. Dissertação de Mestrado Estratigrafia A Estratigrafia da Bacia Paleozóica do Parnaíba foi sempre questionada por diversos autores e por isso várias colunas estratigráficas têm sido propostas. A carta estratigráfica (Figura 2.5) mostrada a seguir de Góes et al. (1993), representa uma síntese da estratigrafia da bacia. A litoestratigrafia do Paleozóico dessa bacia é subdividida em três grupos: Serra Grande, Canindé e Balsas Grupo Serra Grande Foi Small (1914) que criou o termo Série da Serra Grande e que ao longo do tempo evoluiu para o termo Serra Grande. A utilização deste termo leva a descrição de uma seção com espessura máxima de 900m englobando arenitos, conglomerados e calcários da Bacia do Parnaíba e da Bacia de Ubajara. Kegel (1956) considerou como formação o pacote inferior da bacia, excluindo os calcários, devido à presença de uma discordância angular entre os calcários e os arenitos. Com o trabalho de Carozzi et al. (1975), a Formação Serra Grande foi elevada à categoria de grupo, devido constituir uma seqüência de quatro unidades litológicas distintas e reconhecíveis por toda a bacia. Caputo & Lima (1984) propuseram a idade e a posição estratigráfica para este grupo, sendo a idéia mais aceita até o presente. Dessa forma, o Grupo Serra Grande foi subdivido em três formações, sendo elas da base para o topo: Ipú, Tianguá e Jaicós. - Formação Ipú Campbell (1949) propôs o termo Ipú para a seção basal da escarpa da Serra Grande. Caputo & Lima (1984) utilizaram o termo na categoria de formação, para designar a seção basal do Grupo Serra Grande, com espessura de até 300m, composta por arenitos, conglomerados, arenitos conglomeráticos e diamictitos. A idade de deposição do Grupo Serra Grande, bem como de sua formação basal foi muito discutida havendo várias interpretações: cretácea (Small 1914); carbonífera (Plummer 1946); eodevoniana (Kegel 1957; Quadros 1982); siluro-devoniana (Aguiar 1971; Mabesoone 1977); neo-siluriana (Muller 1962; Mesner & Wooldridge 1964) e ordoviciana ou eo-siluriana (Brito 1969; Bigarella 1973; Caputo 1984; Caputo & Lima 1984). Essas idades foram sugeridas a partir de correlações com unidades litoestratigráficas supostamente crono-equivalentes, em outras bacias, ou por extrapolação, com base nas idades obtidas para as formações fossilíferas sobrejacentes

26 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 15 (Lima Filho 1998). Os ambientes deposicionais reconhecidos na Formação Ipú e seus equivalentes, desde a costa nordeste do Brasil até o interior da Bacia do Parnaíba, são sugeridos como associados a leques aluviais de origem glacial (depósitos de sandur e out-wash) nas áreas de afloramentos e deposição em leques deltaicos no interior da bacia, e marinho raso nas partes distais (Caputo & Lima 1984). Entretanto, as melhores exposições ocorrem na região centro-leste da Bacia do Parnaíba e na Bacia do Araripe (Formação Cariri), que no caso correspondem a depósitos de rios entrelaçados (Lima Filho 1998). - Formação Tianguá O termo Tianguá foi proposto por Rodrigues (1967) para referenciar o Membro Tianguá, da antiga Formação Serra Grande, representado uma seção composta de folhelhos e arenitos finos sobrepostos a Formação Ipú, encontrados na região nordeste da bacia, próximo à cidade de Tianguá (Caputo & Lima 1984). Carozzi et al. (1975) elevaram o membro à categoria de formação. Segundo Caputo & Lima (1984) a Formação Tianguá atinge em subsuperfície 270m, situa-se concordantemente sobre a Formação Ipú e sob a Formação Jaicós, e pode ser dividida em três membros denominados 1, 2 e 3, constituídos por folhelhos preto a cinza escuro e arenitos com intercalações de folhelhos. A idade dessa formação foi também muito discutida e atualmente a idéia mais aceita é a de Caputo & Lima (1984) que atribui a idade siluriana. Considera-se que as rochas da Formação Tianguá foram depositadas em ambiente marinho raso, durante a fase de máxima extensão da transgressão glacioeustática mundial, de idade siluriana, que se seguiu à fusão das massas de gelo do norte da África (Caputo & Lima 1984). - Formação Jaicós Plummer (1946) propôs o termo Jaicós para designar, como formação, os arenitos e conglomerados da escarpa da Serra Grande, próximos da cidade de Jaicós - PI, mas devido ao termo Serra Grande proposto por Small (1914) ter maior prioridade de uso, este caiu em desuso. Apenas no trabalho de Rodrigues (1967) este termo foi novamente utilizado com a mesma concepção de Plummer (1946). Carozzi et al. (1975) também utilizaram novamente o termo, agora como formação, para referenciar a seção sobreposta à Formação Tianguá. O limite superior desta formação é discutível, uma vez que suas

27 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 16 litologias se assemelham aos arenitos da Formação Itaim, dificultando a identificação de uma provável discordância entre estas formações (Caputo & Lima 1984; Lima Filho 1998). Esta unidade está no topo do Grupo Serra Grande e é constituída por arenitos médios, grossos a conglomeráticos, com estratificações cruzadas. A espessura máxima da Formação Jaicós é estimada em mais de 400m, na borda nordeste da Bacia do Parnaíba (Caputo & Lima 1984). Esses mesmos autores sugerem uma idade venlockiana para a formação, mas outras idades são sugeridas também por Carozzi et al. (1975), idade eomesoemsiano e por Quadros (1982), idade eodevoniana. Em estudos de afloramentos, as rochas da Formação Jaicós foram interpretadas como envolvendo depósitos fluviais (Kegel 1953; Beurlen 1965), plataforma rasa (Bigarella 1973; Mabesoone 1978), frente deltaica (Carozzi et al. (1975); leques aluviais e frentes de leques deltaicos (Caputo & Lima 1984) Grupo Canindé De acordo com Góes et al. (1990), o Grupo Canindé é representado pelas seguintes formações, da base para o topo, Itaim, Pimenteiras, Cabeças, Longá e Poti. Sua deposição ocorreu do Devoniano ao Mississipiano e é constituído por arenitos e folhelhos de origem transicional ou marinha (Lima Filho 1998). - Formação Itaim Kegel (1953) utilizou o termo Itaim para designá-lo como um membro da Formação Pimenteiras. Caputo (1984) e Caputo & Lima (1984) consideram, como Formação Itaim, a base do Grupo Canindé. Com relação à litoestratigrafia é constituída por arenitos com folhelhos e siltitos intercalados. Possui uma espessura superior a 250m (Caputo 1984). Através de estudos fósseis feitos por Kegel (1953) é atribuída a idade eodevoniana para a formação. Caputo (1984) interpreta a unidade como depositada sobre forte influência deltaica.

28 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 17 - Formação Pimenteiras Small (1914) utilizou este termo para referenciar uma pacote de folhelho aflorante próximo a cidade de Pimenteiras. Sobreposta a Formação Itaim, constitui-se de uma seqüência granodescrescente para cima, organizada verticalmente em ciclos, predominantemente argilosa, de 10 a 30m de espessura (Della Favera 1984). No topo dos ciclos ocorrem corpos de arenitos de 3 a 5 m de espessura, com geometria de barras ou lobos, com comprimentos de até 100m, marcados por extensos hardgrounds com icnofósseis. Apresentam estrarificações cruzadas do tipo hummocky. A origem dessas barras de plataforma ou lobos podem estar ligadas a ondas de tempestade (Della Favera 1984). Kegel (1953) sugere idade devoniana para a formação através de estudos de alguns fósseis encontrados. - Formação Cabeças O termo é originário de Plummer et al. (1948). É constituída por arenitos médios, quartzosos, por vezes, arenitos grossos a conglomeráticos, sobrepostos a Formação Pimenteiras. Os arenitos apresentam-se frequentemente com geometria sigmóide, formando corpos alongados que sofreram acresção lateral (Della Favera 1984). Ocorrem Estruturas sedimentares como estratificação cruzada tangencial ou sigmoidal, linsen, wavy e flaser. A Formação Cabeças é interpretada por Della Favera (1984) como um sistema de campo de crista de areia (sand ridges fields). Devido a abundancia de trilobites e braquiópodes sugere-se também uma origem marinha para os sedimentos desta formação (Kegel 1953; Caldas et al. 1987). Fortes (1996) discorre sobre a contribuição fluvial associada à planície de maré, na região de Sete Cidades PI para a formação. - Formação Longá A Formação Longá possui espessura média de 100m e pode ser subdividida em três membros. O contato com a Formação Cabeças, sobreposta, é feito ora com fácies arenosa ora com paraconglomerados, enquanto o contato superior com a Formação Poti é gradacional (Aguiar 1971). De acordo com Mesner & Wooldridge (1964) esta formação foi depositada em ambiente marinho raso, caracterizada por camadas deformadas e abundantes perfurações por vermes. Já Caputo (1984) considera que os sedimentos desta formação foram depositadas em ambiente marinho, onde a porção média é caracterizada

29 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 18 por frentes deltaicas e depósitos arenosos marinhos rasos. Kegel (1953) sugeriu para esta formação uma idade de deposição neodevoniana, a partir de estudos de espécies marinhas encontradas. - Formação Poti Esta formação está no topo do Grupo Canindé e litoestratigraficamente é representado por arenitos e siltitos com gradação normal, carbonáceos com intercalações de conglomerados e finas laminas de carvão (Mesner & Wooldridge 1964). Estes mesmos autores consideram sua porção inferior como depositada em ambiente marinho, seguida de condições continentais e deltaicas. Cruz et al. (1973) reconheceram depósitos fluviais meandrantes na porção superior da formação. Della Favera (1980) detalhando a interpretação de Mesner & Wooldridge (1964), ressalta a presença de barras de marés e de barras de desembocaduras em sistemas deltaicos e mostra também a ação de tempestade nestes depósitos Grupo Balsas O Grupo Balsas foi proposto por Góes et al. (1990) e encerra a porção paleozóica da Bacia do Parnaíba e inclui os primeiros depósitos de idade triássica (Lima Filho 1998). Compreende as formações Piauí, Pedra de Fogo, Motuca e Sambaíba. - Formação Piauí Representa a base do Grupo Balsas. Mesner & Wooldridge (1964) dividiram a Formação Piauí em dois membros. O membro inferior é caracterizados por arenitos róseos, maciços com raras intercalações de folhelhos, de origem continental e o membro superior por arenitos vermelhos e leitos de sílex, de origem marinha. Lima Filho (1991a) descreveu e interpretou as rochas sedimentares da formação Piauí na borda leste da bacia e caracterizou a presença de ação eólica durante sua deposição. Foram descritas também rochas carbonáticas e evaporíticas. Com relação à idade, Campanha & Rocha Campos (1979) através de estudos no Calcário Mocambo sugerem idade do Pensilvaniano. - Formação Pedra de Fogo A Formação Pedra de Fogo foi proposta por Plummer et al. (1948) referenciando camadas ricas em cherts, sílex e fósseis vegetais que ocorrem no leito do Riacho de mesmo nome ao longo da estrada Pastos Bons Nova Iorque, no estado do Maranhão. A

30 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 19 formação é mais arenosa nas regiões sudeste e lesta da bacia (Lima Filho 1998). Coimbra (1983) afirmou que a Formação Pedra de Fogo é constituída de arenitos silticos argilosos, de origem continental, flúvio-lacustre, que ocorrem nas porções sudeste, sul e leste da bacia, de siltitos, dolomitos, margas, sílex e arenitos depositados em planície de maré, sob condições de alta salinidade, e arenitos de origem eólica. O contato com a Formação Piauí sobreposta é concordante (Lima Filho 1998). - Formação Motuca A Formação Motuca foi descrita por Plummer et al. (1948) para denominar um pacote exposto de folhelhos com intercalações de calcário e anidrita, sobrepostos a Formação Pedra de Fogo. Segundo Coimbra (1983) é constituída por arenitos silticos argilosos e siltitos também argilosos (red beds), além de calcários, dolomitos e gipsitas, mais freqüentes nas porções basais no setor oeste da bacia. Com relação ao ambiente deposicional das rochas siliciclasticas, é considerado continental, flúvio-lacustre. - Formação Sambaíba Esta formação encerra o Grupo Balsas e é representada por depósitos areníticos, de origem predominantemente eólica, assentados discordantemente sobre a Formação Motuca (Lima Filho 1998).

31 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 20 Figura Carta Estratigráfica da Bacia do Parnaíba (modificado de Góes et al. 1993).

32 Capítulo 3 Tecnologia Light Detection and Ranging (LIDAR)

33 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 22 Este capítulo que tem como enfoque a tecnologia LIDAR abordando os conceitos e definições básicas sobre o seu uso, funcionamento e aplicação na área de Geologia. Além disso, este capítulo tem como finalidade definir as distintas técnicas de aquisição e registro de dados de campo com o Laser Scanner, apresentando objetivamente a metodologia de aquisição de dados, os tipos de ferramentas necessárias para a aquisição e algumas vantagens e desvantagens de cada uma das técnicas. 3.1 Apresentação O Laser Scanner funciona como um sensor remoto que a partir de um sistema óticomecânico emite pulsos de lasers em direção a um alvo (Dalmolin & Santos 2004). Com isso, ele mede o tempo que cada pulso de laser leva para refletir na superfície imageada e retornar ao scanner, permitindo o cálculo da distância entre o equipamento e o alvo. O sistema informa, então, a posição precisa de cada ponto no espaço gerando uma nuvem de pontos tridimensional (Figura 3.1) (Harris & Paterson 2002). Figura 3.1 Nuvem de pontos tridimensional adquirida com o Laser Scanner. O uso desse equipamento na Geologia ainda está em estágio inicial, especialmente para imagear afloramentos. Com relação às ferramentas de mapeamento digital empregadas até o momento para a caracterização 3D de afloramentos, a tecnologia LIDAR é muito eficaz, com custos relativamente baixos e tempo reduzido de levantamento e processamento dos dados. Evidentemente, outras ferramentas têm sua eficiência comprovada e não deixam de ser obsoletas com a chegada do Laser Scanner,

34 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 23 pelo contrário, o uso integrado de várias ferramentas (Estação Total e GPS) está sendo cada vez mais utilizado pelos geocentistas. Outra vantagem desta técnica é a possibilidade de execução de levantamentos independentemente das condições de luminosidade existente, já que o sistema não utiliza a luz visível. Equipamento: HDS 3000 da Leica Geosystems O Laser Scanner utilizado no trabalho foi o modelo HDS 3000, desenvolvido pela Leica Geosystems. Esse equipamento é o sucessor do Laser Scanner Cyrax 2500 utilizado originalmente pelo GEA (Menezes 2004). Este novo modelo apresenta algumas inovações tecnológicas, mas permanece com as mesmas funções operacionais (Figura 3.2). Figura 3.2 Laser Scanner modelo HDS 3000 da Leica Geosystems Com relação a alguns parâmetros de aquisição, o equipamento adquire centenas de milhares de pontos com uma precisão de até 6mm, a uma distancia de 50m do alvo. A distancia máxima de aquisição é de aproximadamente 180m do alvo. Ele possui dois espelhos de varredura a laser que operam de forma sistemática permitindo aquisições com giros de 360 na horizontal e de 270 na vertical (Figura 3.3). Uma câmera digital integrada ao sistema é responsável pela obtenção de fotos dos alvos que serão imageados, permitindo observar o mesmo campo de visão do equipamento, facilitando posteriormente a sobreposição da nuvem de pontos com as fotos adquiridas.

35 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 24 HDS 3000 Leica Geosystems Figura 3.3 Giro horizontal e vertical do HDS 3000 e janelas de varredura. O sistema HDS 3000 funciona acoplado a um laptop IBM/PC alimentado por uma (ou duas) bateria externa. 3.2 Conceitos Básicos e Definições Com o intuito de familiarizar e disponibilizar informações desta tecnologia para a comunidade geológica, além de facilitar o entendimento do texto desta dissertação, este tópico trata, de forma sucinta, dos termos usados mais freqüentemente nas aquisições de dados com o Laser Scanner. Vale ressaltar que vários desses termos empregados nesta tecnologia estão relacionados com o software Cyclone que é utilizado em toda a operação de aquisição e de processamento dos dados com o Laser Scanner, por isso faz-se necessário esse breve tópico de conceitos e definições. O termo escaneamento é bastante utilizado e significa o processo usado pelo sistema HDS 3000 para representar virtualmente o alvo escolhido, onde cada medida individual adquirida no alvo resulta em um ponto com coordenadas x, y, z e que ao final do escaneamento com a reunião de todos esses pontos, resulta em uma nuvem de pontos, que proporcionam a base para a modelagem 3D de superfícies. Portanto, uma cena é o resultado de um único escaneamento, a partir de uma estação de coleta de dados préestabelecida pelo operador, onde fica posicionado o Laser Scanner, representado por uma nuvem de pontos 3D.

36 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 25 O software Cyclone é o responsável pelo gerenciamento das aquisições, em conjunto com o HDS 3000, e possui um ambiente de alta performance de renderização para manipulação das nuvens de pontos tridimensionais adquiridas pelo Laser Scanner. Com ele é possível a visualização e a navegação das cenas adquiridas, a medição entre os pontos das nuvens, e a modelagem 3D de objetos e das nuvens de pontos (Figura 3.4) Figura 3.4 Janelas de navegação e de visualização do software Cyclone O Cyclone cria e armazena todas as informações de um levantamento em um banco de dados (database) próprio. Esse banco de dados possui uma extensão de arquivo *.imp. O banco de dados ou IMP ou databases, como é comumente chamado, possui alguns níveis de hierarquia de objetos no armazenamento de dados (Figura 3.5). Serão definidos a seguir os objetos que fazem parte dessa hierarquia interna do Cyclone e para facilitar o entendimento, os objetos serão descritos do menor para o maior nível hierárquico.

37 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 26 Banco de Dados Projeto Figura Hierarquia de objetos no Cyclone Objetos do Banco de Dados Os objetos existentes em um banco de dados do Cyclone são: Projetos, ScanWorlds, ControlSpace, ModelSpace, Scans e Images. - Images: é uma subpasta que tem como função armazenar todas as fotos obtidas pela câmera digital integrada ao Laser Scanner no levantamento das cenas. É uma subpasta de ScanWorld (Figura 3.6) - Scans: é uma subpasta que armazena todos os escaneamentos individuais, ou seja, todas as cenas adquiridas de forma isolada. É também uma subpasta da ScanWorld. - ModelSpace: é o objeto que reúne todas as informações sobre a organização espacial da geometria das nuvens de pontos. É neste objeto onde se pode visualizar, analisar e

38 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 27 interpretar as nuvens de pontos adquiridas em ambiente 3D. É também uma subpasta da ScanWorld (Figura 3.4). Figura 3.6 Fotos tiradas com a câmera digital integrada do Laser Scanner - ControlSpace: é um objeto com características semelhante ao ModelSpace. É usado para revisar, organizar e remover dados do levantamento, mas estes não podem ser movidos nem reamostrados para assegurar a integridade dos dados levantados. Por isso armazena os objetos de controle ou de restrição (constraint objects) que são usados no processo de união ou de registro de cenas que será comentado em tópicos que se seguem. O ControlSpace é uma subpasta da ScanWorld. - ScanWorlds: É a pasta que contém os quatro objetos descritos anteriormente e que reúne todas as informações de um escaneamento. Portanto, dentro de uma ScanWorld estão as cenas obtidas com suas respectivas fotos, ModelSpaces e ControlSpaces. Para se realizar o registro das cenas utiliza-se as ScanWorlds. - Projetos: é uma subpasta e o único subordinado hierarquicamente do banco de dados, sendo responsável por alocar todas as ScanWorlds.

39 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 28 Sumarizando todos esses conceitos sobre hierarquia interna de objetos do software Cyclone tem-se que os databases contém os projetos. Os projetos contém ScanWorlds que por definição contém um ControlSpace e três subpastas que são os ModelSpaces, Scans e Images Registro de Cenas As diversas cenas são adquiridas individualmente pelo Laser Scanner e depois são transportadas e integradas em um único arquivo. Esse processo é chamado de registro de cenas que integra todas as cenas adquiridas em um único sistema de coordenadas no espaço 3D, unindo de forma precisa, todas as nuvens de pontos 3D do levantamento. O registro de cenas é realizado no software Cyclone (Figura 3.7) e como resultado desse registro é gerado uma nova ScanWorld que engloba todas as cenas integradas em um único sistema de coordenadas. Vale ressaltar que para realizar esse registro o software utiliza como parâmetro de entrada apenas os ControlSpaces selecionados, porque eles são objetos que garantem a integridade do dados adquiridos em campo. Figura 3.7 Execução do registro de duas cenas no software Cyclone.

40 Freire R.C. Dissertação de Mestrado Técnicas de aquisição e registro de dados Para se iniciar uma aquisição de dados de campo com o Laser Scanner é necessário um planejamento inicial, onde são definidos vários parâmetros da aquisição de acordo com o objetivo e com a situação encontrada em campo, como por exemplo: a localização e a quantidade das estações de coleta de dados, a quantidade de cenas, a resolução das nuvens de pontos, o recobrimento de cenas, etc. A quantidade e a localização das estações de coleta devem ser definidas de tal forma a imagear por completo o afloramento ou alvo, visando sempre à otimização do tempo em campo. Depois de concluída essa análise inicial da área a ser escaneada, define-se a técnica de aquisição a ser utilizada. A escolha da técnica está intrinsecamente ligada com o tipo de registro das cenas, porque cada técnica possui uma metodologia de aquisição distinta e um diferente método de registro das cenas e, também, porque influencia diretamente na escolha de acessórios de campo a ser utilizado no levantamento. A importância da escolha e da possibilidade de se poder trabalhar com várias técnicas de aquisição é salutar, porque no campo podem ocorrer situações que favoreçam o uso de uma determinada técnica, enquanto que em outras situações essa mesma técnica pode não ser adequada e/ou recomendável, evitando assim desperdícios de tempo, pessoal e recursos financeiros. A seguir estão descritas as técnicas de aquisição de dados utilizadas com o Laser Scanner, resumindo-se em 5 (cinco) tipos principais e nomeadas de: a) Sistema de Targets, b) Sistema de Nuvens de Pontos, c) Sistema de Pontos Topográficos, d) Única Cena ou Cena Isolada e e) Sistemas Alternativos. a) Sistema de Targets Esse sistema utiliza targets (pequenos alvos) (Figura 3.8) como acessórios de campo na aquisição das nuvens de pontos para o registro dos dados. Estes targets devem ser distribuídos na área de trabalho de forma em que cada cena (varredura do scanner) seja possível captar targets em comum das próximas cenas a adquirir. Desta forma, é necessário à utilização de pelo menos 3 targets dispostos não linearmente e obrigatoriamente comuns a duas cenas, para que seja possível unir (registrar), em um único sistema de coordenadas, duas cenas com precisão. O ideal é a utilização de 5 targets comuns entre as cenas para evitar futuros problemas de união de cenas na

41 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 30 possibilidade de perda de algum deles. Esse sistema é muito eficaz e rápido, pois a partir do posicionamento bem distribuído, de alguns targets no local de trabalho, o operador do equipamento consegue criar e fixar um sistema arbitrário de coordenadas com rapidez e precisão que pode ser utilizado até o final do levantamento. a) b) Figura 3.8 a) Target magnético ou path e b) Target de giro. Existem dois tipos de targets, os magnéticos (paths) e os de giro. Os targets magnéticos são fixos, e são melhores utilizados em superfícies planas e rígidas, pois são facilmente prendidos com fitas adesivas e tem a vantagem de permanecerem até o final da aquisição. É esse tipo de target que é usado para criar e fixar o sistema arbitrário de coordenadas, conforme citado acima. Com relação às desvantagens, este tipo de target não pode ser imageado pelo Laser Scanner com uma angulação tangencial de menos de 30º, o ideal é que seja a 90º, e também, porque ele não permite nenhum tipo de giro na horizontal e na vertical. Os targets de giro podem ser apoiados em bastões, bipés ou tripés e por isso sua maior vantagem é a de permitir a aquisição de duas cenas em sentidos opostos (180º), pois para isso basta girar o bastão de modo que o target fique, aproximadamente, perpendicular ao equipamento, mantendo sua posição em X, Y e Z. Eles também podem funcionar com bases magnéticas, em locais onde não podem ser colocados bastões, bipés ou tripés como em algumas instalações industriais, trabalhando de forma semelhante aos paths, mas com a vantagem de possuir um sistema móvel na horizontal e vertical. A desvantagem é que são bem mais caros do que os targets magnéticos.

42 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 31 b) Sistema de Nuvens de Pontos Esse sistema talvez seja o mais rápido em campo porque não utiliza nenhum acessório ou ferramenta adicional na aquisição das cenas. Ele utiliza somente as próprias nuvens de pontos adquiridas para registrá-las, interpolando milhares de pontos comuns entre elas. O sistema utiliza pontos em comum nas nuvens selecionadas para o registro e reúne esses dados em um único espaço tridimensional e no mesmo sistema de coordenadas. Para tornar isso possível é necessário que as cenas tenham um recobrimento comum mínimo de 30 a 50% (Figura 3.9). Recobrimento Figura 3.9 Registro de cenas através de nuvens de pontos, enfatizando o recobrimento necessário entre as cenas para a realização dessa operação. c) Sistema de Pontos Topográficos Esse sistema tem como ponto principal à geração de um sistema de coordenadas para o local antes do início da aquisição com o Laser Scanner, certificando que todas as cenas sejam adquiridas em um sistema de coordenadas único. Para isso, é apoiado por

43 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 32 pontos topográficos já conhecidos na área de trabalho como RN (Referências de Nível) ou por pontos topográficos gerados no próprio local com suporte de outros equipamentos (GPS, Estação Total etc.). Pode ser realizado por três métodos: a) Poligonal, b) Irradiação e c) Rastreio com GPS. No método por poligonal, para gerar um sistema de coordenadas é necessário à criação de um polígono, onde os vértices representam as estações de coleta de dados do Laser Scanner. Os polígonos podem ter quantos vértices forem necessários para que o alvo seja imageado de forma correta pelo scanner nas estações escolhidas. Se houver um ponto topográfico na área, utiliza-se dele para georreferenciar o modelo, e se não houver, o modelo fica referenciado em um sistema arbitrário (eixos cartesianos com origem em 0, 0, 0) de coordenadas. O método por irradiação tem muita semelhança com o da poligonal, e cria o sistema de coordenadas a partir de uma base fixa escolhida de forma que possa posicionar deste local todas as estações de coleta de dados. Uma Estação Total pode auxiliar e executar esses dois métodos descritos acima. No último método deste sistema, o DGPS (GPS Diferencial) tem a função de georreferenciar às estações de coleta de dados definidas pela estação total e, conseqüentemente, georreferenciando todas as nuvens de pontos adquiridas e o modelo 3D final. Neste sistema de aquisição por pontos topográficos o registro dos dados é mais simples, pois como todas as cenas foram adquiridas em um sistema de coordenadas comum, basta utilizar um único comando no software para que todas elas se unam em um ambiente 3D único automaticamente. d) Única Cena ou Cena Isolada Esse tipo de levantamento se resume à aquisição de uma única cena para escanear por completo o alvo escolhido. O ideal para esse tipo de levantamento seria utilizar um campo de visão horizontal de no máximo 180º na horizontal (Figura 3.3), devido à qualidade da resolução da aquisição, pois se for utilizado ângulos de visões horizontais de 270º a 360º a resolução diminui substancialmente devido à precisão angular do Laser Scanner. Nessas situações é recomendável a utilização das outras técnicas de aquisição descritas neste capitulo porque tem a essência básica de adquirir várias cenas para obtenção de um imageamento preciso e completo do alvo.

44 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 33 O modelo 3D final gerado com essa única cena é facilmente georreferenciado com o auxilio de um GPS Geodésico. Outra característica importante deste tipo de aquisição é que não é necessário o registro dos dados, já que só foi adquirida uma cena em todo o levantamento. Vale ressaltar que o tempo do levantamento em campo é reduzido devido à aquisição de apenas uma cena. e) Sistemas Alternativos Essas outras opções de registro de cenas podem ser utilizadas no caso de o registro normal se mostrar incapaz de unir as cenas por algum motivo particular. - Vertex Virtuais É utilizado quando no registro dos dados a precisão da união é muito baixa e o software não consegue alinhar as cenas, mesmo quando conseguimos identificar vários pontos em comum nas cenas. Então a opção é criar vertex virtuais em diversos locais da cena para que funcionem como targets de campo. Vertex virtuais são simplesmente targets criados pelo operador, virtualmente, para essa operação. O registro das cenas então é feito da mesma forma que no sistema de targets, obtendo no final cenas registradas em um mesmo sistema de coordenadas (Figura 3.10).

45 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 34 Vertex Virtual Figura 3.10 Exemplo de um registro de cenas utilizando vertex virtuais. No lado direito inferior tem-se um zoom de um vertex virtual. - Importar outros arquivos de nuvens de pontos Existem situações que são realizadas aquisições em períodos distintos, e em uma dessas aquisições não foi utilizado targets, nem foi possível o registro por nuvens de pontos e não foi utilizado nenhum ponto topográfico como referência. Neste caso, a única alternativa se resume a importar arquivos de levantamentos anteriores, e, então, comparar e analisar as nuvens de pontos, com objetivo de identificar pontos em comum necessários para o registro dessas cenas. Esse é o sistema menos indicado e só deve ser utilizado como ultima das possibilidades.

46 Freire R.C. Dissertação de Mestrado Aplicações diversas do Laser Scanner O avanço da tecnologia vem permitindo o desenvolvimento de ferramentas para mapeamento direto da superfície do terreno e de afloramentos, e o Laser Scanner é uma técnica emergente que vem sendo incorporada gradativamente ao processo de mapeamento digital com progressivo aumento de suas aplicações, principalmente nas geociências e nas áreas industriais. Dentre as várias aplicações do Laser Scanner, terrestre e aerotransportado, podem ser citados: - Mapeamentos topográficos tridimensionais com acurácia; - Classificação do uso da terra a partir da informação de altura, densidade e sombras como critério de reflectancia; - Planejamento e Desenvolvimento Urbano: Atualização de áreas urbanas para base de dados de SIG; - Mapeamento de áreas com concentração de águas estagnadas por enxurradas e detecção ou simulação de áreas susceptíveis às inundações; - Engenharia: detecção e atualização de pequenas mudanças na superfície e estrutura de materiais usados em projetos de engenharia, como plataformas e plantas inudustriais; - Outras aplicações na ecologia, artes, militares e médicas. Com o objetivo de exemplificar mais uma aplicação do Laser Scanner no âmbito da Geologia foi realizado um levantamento nas dependências da empresa Millennium Lyondell, no Estado da Paraíba, visando avaliar o potencial de utilização para monitoramento continuo 3D da frente de lavra em campos de dunas e para o imageamento das instalações industriais (Figura 3.11 e 3.12).

47 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 36 Figura 3.11 Desmonte da frente de lavra no campo de dunas da empresa Millennium. Figura 3.12 Instalações industriais utilizadas nas atividades da empresa Millennium.

48 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 37 O levantamento constou da aquisição de geometrias externas da frente de lavra de minerais pesados e também dos equipamentos utilizados no desmonte e centrifugação das areias das dunas. Foi adquirida uma única cena, com várias sub-cenas, com o Laser Scanner, que foi posicionado na margem oeste do lago (Figura 3.13), em frente da lavra. Neste local obteve-se um ângulo satisfatório de visada tanto para a frente de lavra quanto para os equipamentos. Figura 3.13 Aquisição com o Laser Scanner nas dependências da empresa Millennium. Depois da aquisição da única cena do levantamento, com o auxilio de um GPS diferencial e de cinco targets magnéticos, o modelo 3D final foi georreferenciado. Vale salientar que esse tipo de aquisição é muito eficiente e rápida, porque além de ser adquirida somente uma cena, o modelo não precisa ser registrado ao termino da aquisição (Figura 3.14).

49 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 38 Figura 3.14 Georreferenciamento do modelo a partir do uso do GPS Diferencial. Essa aquisição também foi importante para teste de alcance máximo dos raios emitidos pelo Laser Scanner, com isso o levantamento se realizou sem qualquer tipo de filtro de distancia para o retorno dos feixes de lasers. As imagens do modelo 3D do levantamento estão a seguir e representam a frente de lavra do campo de dunas em três dimensões (Figura 3.15 e 3.16), os equipamentos de desmonte (Figura 3.17), a planta de pré-beneficiamento em 3D (Figura 3.18).

50 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 39 Figura Modelo 3D da frente de lavra da empresa Millennium Lyondell. Figura Detalhe da frente de lavra e de alguns equipamentos de desmonte da mina.

51 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 40 Figura 3.17 Mais detalhes da frente de lavra e de alguns equipamentos. Figura 3.18 Vista 3D da planta de pré-beneficiamento da mina.

52 Capítulo 4 Estudo de Caso Bacia do Parnaíba

53 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 42 Com o avanço dos estudos de afloramentos análogos para auxiliar a caracterização dos reservatórios de petróleo, várias ferramentas para este fim estão surgindo no mercado e, conseqüentemente, a evolução da tecnologia é inerente a esse processo. No Brasil, a utilização da tecnologia LIDAR para estudos de afloramentos análogos e de geologia é muito recente. O GEA (Grupo de Estudos de Análogos a Reservatórios Petrolíferos) é pioneiro no país na utilização desta tecnologia aplicada ao estudo de afloramentos análogos, tendo o primeiro resultado com a dissertação de Menezes (2004). Aliado a esse processo evolutivo, as salas de realidade virtual ganharam espaço e importância, funcionando como uma peça chave no fechamento dos estudos de afloramentos análogos, auxiliando na visualização 3D dos modelos geológicos em questão e nas interpretações desses modelos. A área principal de estudo escolhida para o emprego das técnicas de mapeamento digital localiza-se na borda sudeste da Bacia do Parnaíba, no Parque Nacional da Serra das Confusões, e possui excelentes exposições de rochas sedimentares com cortes em três dimensões, tendo como objetivo modelar um afloramento em ambiente 3D utilizando-se o Laser Scanner e o GPR. 4.1 Geologia da Área O registro Paleozóico da Bacia do Parnaíba pode ser subdividido em três grupos: Serra Grande, Canindé e Balsas. A unidade em destaque neste trabalho, ainda é fruto de muitas discussões no que diz respeito a sua posição estratigráfica, principalmente devido à ausência de estudos de reconhecimento regional na região, incluindo trabalhos de mapeamento e de descrições litofaciológicas, bem como a presença de elementos de correlação crono-estratigráfica (conteúdo fossilífero e datuns estratigráficos), dificultando sua correlação com as demais unidades da bacia. Apesar de o Mapa Geológico do Brasil editado pela CPRM em 2001 considere esta unidade como a Formação Cabeças (Devoniano), por outro lado, devido a proximidade desta unidade com a borda da bacia e com unidades correlatas ao Grupo Serra Grande (sensu Góes & Feijó 1994), sugere-se que estes depósitos fluviais sejam correlacionáveis às unidades deste grupo, de idade siluro-ordoviciana, possivelmente à Formação Jaicós (Figura 4.1).

54 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 43 Figura 4.1 Área principal de estudo localizada no Parque Nacional da Serra das Confusões, borda sudeste da Bacia do Parnaíba. Os depósitos fluviais pertencentes à área de estudo foram analisados, em um nível de maior escala, a partir de uma imagem de satélite Quickbird com pixel de 60cm, monocromática. Com esta análise, auxiliada com os dados de campo, foi possível a delimitação regional da planície de inundação e dos depósitos de canais fluviais existentes na área, como pode ser visto na figura abaixo (Figura 4.2). A partir de dados altimétricos obtidos por outro sensor remoto, foi possível a geração do modelo digital regional de toda a Bacia do Parnaíba com o objetivo de auxiliar também na análise geológica regional da área de estudo. Os dados em questão foram obtidos pela NASA através de um projeto chamado SRTM (Shuttle Radar Topography Mission). Esse projeto foi realizado com o objetivo de adquirir dados topográficos digitais precisos e completos da superfície da terra (entre as latitudes 60º norte e 56 sul) a partir do imageamento com um sistema de radar, baseado na técnica chamada de interferometria de radar, onde dois sensores, em posições distintas, adquirem

55 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 44 imagens simultaneamente, e estas são combinadas para criar padrões de interferências. A missão espacial da NASA teve duração de 11 dias em fevereiro de 2000, obtendo como produto final grids altimétricos com 90m de resolução espacial, com erro absoluto na vertical de 16 m (Menezes 2004). O modelo digital da bacia foi gerado no software GoCAD (Figura 4.3). Figura 4.2 Delimitação da planície de inundação e dos depósitos de canais fluviais a partir da imagem de satélite Quickbird.

56 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 45 Figura 4.3 Modelo Digital de Terreno Regional obtido a partir de dados altimétricos SRTM / NASA. Existem diversos afloramentos na área com grande extensão areal e sem nenhuma cobertura vegetal, apresentando cortes tridimensionais que possibilitam a identificação de diversas estruturas sedimentares em seus diversos planos de orientação. Estes afloramentos são caracterizados por arenitos com granulometria variando de fina a grossa, por vezes conglomeráticas com níveis de grânulos e seixos de até 3cm. Observase também barras arenosas 3D totalmente preservadas (Figura 4.4). São rochas típicas de sistemas fluviais, com barras longitudinais preservadas, com presença de festuns das estratificações cruzadas acanaladas e tabulares. As estratificações cruzadas podem ocorrer truncadas na base em função da erosão decorrente de uma outra barra. Estes arenitos apresentam-se estratificados incluindo a presença sets de estratificações cruzadas acanaladas de médio porte e estratificações cruzadas tabulares de pequeno a médio porte.

57 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 46 Os foresets possuem mergulhos de direções e inclinações variáveis, sugerindo uma complexidade nos processos de migração das formas de leito, possivelmente associados a variações nos padrões de sinuosidade e paleocorrentes dos canais. Estas litofácies encontram-se dispostas em camadas de geometria variada, incluindo formas lenticulares, acanaladas e em forma de canais. As dimensões variam de decimétricas a métricas. Pode ser observada a presença de ciclos estrato-granodecrescentes, com variação de espessura dos sets que tendem a diminuir para o topo (Figura 4.5). Figura Barras arenosas 3D preservadas. Parque Nacional da Serra das Confusões.

58 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 47 Figura 4.5 Afloramentos com cortes tridimensionais em toda a área, sendo possível à observação de várias estruturas sedimentares, como migração das formas de leito e as estratificações cruzadas tabulares. 4.2 Aquisição dos dados A aquisição dos dados foi compartimentada em duas etapas, como foi afirmado no inicio do trabalho na metodologia, sendo uma de superfície com o Laser Scanner e outra de subsuperficie com o GPR. Antes de se iniciar a aquisição na área foi selecionado o afloramento a ser imageado com as ferramentas de mapeamento digital disponíveis (Figura 4.6)

59 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 48 Figura 4.6 Afloramento selecionado para a aquisição dos dados de superfície e subsuperficie Laser Scanner A aquisição de dados de superfície com o Laser Scanner se iniciou com um planejamento de campo, definindo a técnica a ser utilizada no levantamento e, depois, alguns parâmetros essenciais da aquisição. A escolha da técnica de aquisição depende de alguns fatores como a quantidade de cenas do levantamento, quantidade de estações de coletas de dados, o tipo de registro das cenas, os acessórios disponíveis no campo, resolução dos dados entre outros. Portanto, é sempre recomendável esse planejamento inicial de aquisição para se tentar mensurar e quantificar todos esses parâmetros, buscando sempre uma predição dos futuros problemas que podem ser encontrados durante o levantamento, objetivando sempre a permanência mínima necessária em campo, devido aos custos associados. A técnica de aquisição escolhida foi o sistema por pontos topográficos pelo método por irradiação que tem como principio básico a criação inicial de um sistema de coordenadas a partir de uma base fixa escolhida, auxiliada por uma Estação Total

60 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 49 responsável pela criação desse sistema, onde a partir desta serão locadas todas as estações de coleta de dados. Este sistema foi escolhido primeiramente porque se tinha a Estação Total disponível no campo e, também, porque era o sistema que proporcionava mais eficácia e rapidez tanto na aquisição quanto no registro dos dados. Mesmo assim, a possibilidade de se utilizar os outros sistemas de aquisição também foi analisada. O sistema de targets não foi aprovado para utilização porque, além dos targets serem em quantidade insuficiente para a aquisição, eles não tinham aderência na rocha e não foi possível sua fixação, impossibilitando o seu uso como ponto de amarração do sistema de coordenadas. Já o sistema de nuvens de pontos não foi recomendado porque as cenas foram adquiridas com alta precisão, acarretando um registro de cenas minucioso e muito trabalhoso na união de pontos equivalentes entre as cenas, ou seja, utilizando muito mais tempo de trabalho no registro dos dados. As estações de coletas de dados do Laser Scanner foram definidas de tal forma que pudessem imagear toda a extensão do afloramento, tentando não deixar zonas de sombra, e de acordo com esta análise foram selecionadas 6 (seis) estações de coleta de dados (Figura 4.7). Figura 4.7 Posicionamento das estações de coleta de dados do Laser Scanner.

61 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 50 Depois de definido o sistema de aquisição e a quantidade de estações de coleta de dados, foi escolhido o ponto base do sistema arbitrário de coordenadas. Com isso a Estação Total foi deslocada para esse ponto com coordenadas 0, 0, 0 em X, Y, Z, com a finalidade de posicionar no sistema de coordenadas já criado as 6 (seis) estações de coleta de dados pré-definidas (Figura 4.8). Figura 4.8 Criação do sistema arbitrário de coordenadas e posicionamento das estações de coleta de dados com a Estação Total. Outra análise que deve ser feita está relacionada com a quantidade de cenas a serem adquiridas. Nesse levantamento para o recobrimento de todo o afloramento foram necessárias a partir das 6 (seis) estações de coleta a aquisição de 12 cenas (Figura 4.9).

62 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 51 Figura 4.9 Aquisição de cenas com Laser Scanner a partir das estações de coletas de dados prédefinidas.

63 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 52 Essas cenas foram imageadas utilizando uma resolução de 0,035 m (35 mm) entre os pontos (Figura 4.10) e, ao final da aquisição de todas as cenas foram, coletados pontos em um período de dois dias de trabalho de campo (Tabela 4.1 e Figura 4.11). RESUMO DA AQUISIÇÃO ESTAÇÃO CENA NUVEM DE PONTOS ET ET ET ET 03 ET 04 BASE GPS Total de Pontos: Tabela 4.1 Resumo da aquisição com o Laser Scanner, mostrando as estações de coleta, as cenas e a quantidade de pontos adquiridos.

64 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 53 Figura 4.10 Resolução da aquisição dos dados de no máximo 0,035 m entre os pontos. Figura 4.11 Nuvem de pontos representando todas as 12 cenas adquiridas, totalizando pontos.

65 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 54 Depois de adquiridas todas as cenas a etapa seguinte é a de registro das cenas, onde elas são unidas e transportadas para um ambiente de trabalho tridimensional comum. Devido à escolha do sistema por pontos topográficos, pelo método por irradiação, as cenas foram adquiridas em um mesmo sistema de coordenadas, portanto, ao final da aquisição todas as cenas deveriam estar automaticamente registradas e integradas nesse ambiente 3D comum, mas ocorreram problemas no posicionamento espacial delas no software Cyclone, onde no arquivo final de nuvens de pontos, algumas cenas ficaram deslocadas nos eixos X, Y e Z (Figura 4.12). Posicionamento incorreto das cenas Figura 4.12 Erro no registro de dados porque as cenas ficaram deslocadas nos três eixos de coordenadas. De certa forma, esse problema ocorrido no registro das cenas não foi encarado pela equipe de aquisição como um fato totalmente negativo, pois serviu para exemplificar a utilização de distintas técnicas conjuntamente em um mesmo levantamento para solução de problemas. Portanto, para solucionar esse problema foi escolhida uma opção alternativa de registro de cenas chamada de Vertex Virtuais. Baseia-se na criação de vertex virtuais, que são simplesmente targets criados pelo operador virtualmente para o registro, em diversos locais e em pontos conhecidos entre as cenas para que funcionem como targets de campo.

66 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 55 Os pontos escolhidos para se transformarem em vertex virtuais devem ser pontos de fácil identificação e que se distribuam de forma não linear nas cenas escolhidas, para que seja possível o registro das mesmas em um único sistema de coordenadas e com uma precisão adequada para o levantamento (Figura 4.13). Vale ressaltar que esse sistema de registro por vertex virtuais funciona da mesma forma que o registro por sistema de targets. Figura 4.13 Visualização do processo de registro de cenas pela técnica de vertex virtuais no software Cyclone, onde se tem a comparação de duas cenas adjacentes já com alguns vertex virtuais criados. O registro das cenas foi concluído com sucesso totalizando a criação de 36 vertex virtuais, unindo, então, todas as 12 cenas adquiridas pelo Laser Scanner em um ambiente 3D único, com uma precisão de registro de 6mm (Figura 4.14).

67 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 56 Vertex Virtual Figura 4.14 Representação da nuvem de pontos tridimensional do afloramento com todos os vertex virtuais criados para o registro de cenas. No final de todo esse processo de aquisição de superfície com todas as cenas registradas e importadas para um mesmo espaço tridimensional comum, tem-se como produto gerado uma nuvem de pontos representativa da morfologia do afloramento, convergente com o enfoque principal desta técnica que é o de transportar para o ambiente da realidade virtual possibilitando a visualização 3D das geometrias externas dos afloramentos ou alvos imageados. A seguir são mostradas diversas imagens de vários ângulos do modelo final 3D gerado no software Cyclone 5.0 (Figuras 4.15 e 4.16).

68 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 57 (A) (B) Figura 4.15 Modelo Final 3D adquirido com Laser Scanner. (A) Nuvem de pontos 3D representando o afloramento e (B) nuvem de pontos sobreposta à imagem digital obtida pelo próprio equipamento

69 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 58 Figura 4.16 Visualização do produto final da aquisição no software Cyclone 5.2. Em (A), (B), (C) e (D) tem-se somente as nuvens de pontos, já em (A ), (B ), (C ) e (D ) tem-se as imagens digitais sobrepostas as nuvens de pontos.

70 Freire R.C. Dissertação de Mestrado GPR (Ground Penetrating Radar) O GPR ou Radar de Penetração no Solo fornece imagens de alta resolução com base no registro do tempo de viagem das ondas eletromagnéticas no solo. Este método investiga a subsuperfície utilizando ondas de radio com freqüências que podem variar entre 1 Mhz a 1 Ghz. Estas ondas são originadas através da transmissão de um curto pulso de altas freqüências pela antena transmissora, as quais são refletidas e difratadas em subsuperfície e recebidas pela antena receptora. A penetração do sinal de radar está condicionada pelas propriedades elétricas dos terrenos, condutividade e permissividade elétrica (constante dielétrica) (Davis & Annan 1989; Annan 1992) (Figura 4.17). Figura Representação esquemática do método GPR mostrando a aquisição e resposta de 4 traços em um perfil de reflexão (Robinson & Michaud (1999) in Menezes 2004). Davis & Annan (1989) afirmam que a propagação e reflexão das ondas dependem das propriedades elétricas do solo. Segundo estes autores o contraste nas propriedades elétricas, que ocorre nas descontinuidades, causa reflexão de parte da onda transmitida. Em condições de baixa perda da onda eletromagnética, a velocidade de propagação está relacionada como a parte real da constante dielétrica do meio de propagação, pela seguinte expressão: Onde: V = velocidade de propagação K = constante dielétrica C = velocidade da luz

71 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 60 A tabela 4.2 apresenta alguns valores da constante dielétrica (K), velocidade (V), condutividade (σ) e atenuação (α) para vários tipos de materiais. Tabela 4.2 Valores de constante dielétrica, velocidade, condutividade e atenuação, para materiais geológicos comuns. Davis & Annan (1989). O sistema GPR trabalha com diferentes tipos de antenas, cada qual correspondendo a certa freqüência central. A escolha da antena é função do objetivo do levantamento. No GPR quanto maior a freqüência da antena, menor a profundidade de penetração, porém melhor a resolução. As antenas de menor freqüência, não possuem boa resolução, entretanto a profundidade de penetração aumenta, podendo assim, investigar corpos mais profundos (Schenk et al. 1993) (Figura 4.18). Figura 4.18 Representação esquemática de um típico sistema de GPR. Davis & Annan (1989)

72 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 61 O objetivo principal do uso deste método eletromagnético na área de trabalho foi o de identificar estruturas e geometrias internas do afloramento estudado, além disso, foi utilizado também para testar a sua viabilidade em aquisições em rocha consolidada (arenitos) visto que aquisições anteriores apresentaram resultados não satisfatórios. O equipamento utilizado para aquisição dos perfis foi o RAMAC da Mala Geoscience. Foram levantados ao todo 6 perfis de GPR com 24 m de extensão cada, sendo 3 perfis com a antena de 100 MHz e 3 perfis, no mesmo local, com a antena de 200 MHz. As linhas foram adquiridas no modo passo-a-passo com as seguintes configurações: empilhamento de 256 vezes, espaçamento de 20 cm e número de amostragem de 512 (Figura 4.19). Figura 4.19 Levantamento dos perfis de GPR. A localização dos três perfis de GPR foi adquirida por levantamento topográfico com uma Estação Total da marca Trimble, modelo 3305 DR, de forma a permitir a correção altimétrica dos dados de GPR (Figura 4.20).

73 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 62 Figura 4.20 Localização dos perfis de GPR adquiridos no afloramento. Figura 4.21 Levantamento dos perfis de GPR concomitantemente com o levantamento topográfico com a Estação Total para a correção altimétrica dos perfis.

74 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 63 O processamento dos dados foi realizado nos softwares Gradix e Radan. Para se obter a velocidade de propagação das ondas eletromagnéticas no meio foi realizada uma CMP (common mid point), para posterior conversão tempo-profundidade e após o processamento da CMP foi obtida uma velocidade de propagação da onda no meio de 123 m/μs. Nos perfis de reflexão adquiridos no afloramento foi possível a identificação de refletores bem marcados que representam os maiores limites das seqüências deposicionais observadas no afloramento. Esses refletores foram usados como base para a correlação lateral entre os perfis de GPR e também para a correlação com os dados de superfície (Laser Scanner). Esses perfis de reflexão e as interpretações geológicas foram importadas no software GoCAD para a realização da integração de todos os dados adquiridos no afloramento. A seguir são apresentados os perfis de GPR e as suas interpretações geológicas (Figura 4.22 e 4.23).

75

76 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 65 Figura Apresentação dos perfis de GPR adquiridos na Bacia do Parnaíba com as antenas de 100 e 200 MHz.

77 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 66 Figura Interpretações dos perfis de GPR adquiridos na Bacia do Parnaíba com as antenas de 100 e 200 MHz.

78 Capítulo 5 Modelagem 3D no GoCAD

79 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 67 Este capítulo reúne as informações referentes aos resultados obtidos na modelagem 3D dos dados adquiridos nesta dissertação. Para a realização dessa modelagem foi utilizado o software GoCAD. O software GoCAD (Geological Object Computer Aided Draw) foi criado em 1989, por pesquisadores do Grupo de Ciência da Computação da Escola Nacional de Geologia, em Nancy na França. Atualmente, é um consórcio internacional, com a participação das principais empresas da indústria petrolífera mundial, universidades, fornecedores de equipamentos e de aplicativos para o segmento Exploração e Pesquisa (E&P). O GoCAD é um dos principais programas de modelagem geológica 3D disponível no mercado e nele podem ser criados modelos complexos para aplicações em geologia, geofísica e engenharia de reservatórios. O grande número de usuários, nas mais diversas atividades, fez com que o GoCAD trabalhasse com variados tipos de arquivos e extensões (ArcView, AutoCad, Landmark, Norsar, Oilfield Systems, Paradigm Geophysical, Roxar, arquivos ASCII, etc.). Este modelador incorpora dados que podem ser visualizados como objetos, denominados de pointsets, curves, surfaces, voxets, sgrids, wells entre outros que representam entidades vetoriais e rasters caracterizados por pontos, linhas, polígonos, imagens etc. Além de visualizar, os dados podem ser manipulados dentro de um domínio tridimensional. Alguns grupos de pesquisa estão utilizando esta ferramenta para geração de modelos tridimensionais de afloramentos. Dentre estes o grupo de estudo de análogos da Universidade do Texas-Dallas, comandado pelo pesquisador Janok Bhattacharya é uma referência obrigatória.

80 Freire R.C. Dissertação de Mestrado Integração de dados (LIDAR x GPR) O software GoCAD é uma poderosa ferramenta para a integração, modelagem e visualização de dados geológicos no espaço tridimensional, podendo ser construídos modelos determinísticos, usados freqüentemente na indústria petrolífera. Dados planialtimétricos (adquiridos com GPS geodésico, estação total, tecnologia LIDAR (Light Detection and Ranging), etc.), dados geofísicos (sísmica e GPR - Ground Penetration Radar, etc.) e produtos de sensoriamento remoto, podem ser utilizados para a construção desses modelos. Os softwares de integração de diferentes tipos de dados em ambiente 3D, como o GoCAD, vieram se aperfeiçoando e superando barreiras tecnológicas, e atualmente a renderização e a visualização 3D podem ser feita em computadores portáteis de ultima geração. Estas técnicas modernas de realidade virtual são muito importantes no auxilio do entendimento de modelos gerados, facilitando a retirada de interpretações conclusivas sobre esses modelos, além de permitir a realização de viagens virtuais aos modelos tridimensionais nas mais modernas salas de visualização. Várias empresas do ramo petrolífero investem recursos financeiros na criação de salas de realidade virtual. Dentre suas aplicações cita-se na área de estudo de reservatório a visualização dos modelos de afloramentos análogos a reservatórios petrolíferos e para a obtenção do máximo de informações sobre o modelo 3D, minimizando incertezas, para as futuras tomadas de decisões de suas equipes multidisciplinares. Nesse trabalho foram integrados dois tipos de dados: LIDAR e GPR. Os dados do LIDAR têm como função primordial representar com acurácia a geometria externa do afloramento escolhido (Figura 5.1) e o GPR tem o objetivo de adquirir precisamente em profundidade as geometrias internas do afloramento (Figura 5.2).

81 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 69 Figura 5.1 Dados do LIDAR no GoCAD representando a geometria externa do afloramento.

82 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 70 Figura 5.2 Perfis de GPR inseridos no GoCAD. 5.2 Modelo Determinístico 3D No GoCAD foi realizada a modelagem tridimensional do afloramento da Bacia do Parnaíba com o objetivo de integrar no espaço 3D os dados do Laser Scanner e do GPR e, também, de construir um modelo determinístico do afloramento. A integração do modelo 3D do afloramento com dados de perfis de GPR permite a construção de modelos tridimensionais da arquitetura sedimentar do afloramento (Bhattacharya et al. 2002; Olariu et al. 2002). O modelo determinístico foi utilizado para caracterização geológica 3D e para auxiliar nas interpretações sobre o modelo, além de permitir a realização de viagens virtuais ao afloramento.

83 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 71 A metodologia utilizada para a construção do modelo determinístico no GoCAD será descrita a seguir. Inicialmente realizou-se a inserção dos dados no GoCAD em duas etapas. Primeiro foram importadas todas as nuvens de pontos adquiridas com o Laser Scanner em formato ASCII. Estas nuvens de pontos são visualizadas como objetos do tipo PointSets (pontos) (Figura 5.3a). Já os perfis de GPR foram importados como figuras em formato jpg, e representam objetos do tipo Voxets (Figura 5.3b). (a) (b) Figura 5.3 (a) Dados do Laser Scanner inseridos como PointSets no GoCAD. (b) Perfis de GPR inseridos como Voxets. Integração dos dois tipos de dados. Com a inserção finalizada, cada tipo de dado (LIDAR e GPR) é manuseado separadamente antes de serem integrados. No total foram importados 8 (oito) arquivos do tipo ASCII, georreferenciados, oriundos da aquisição do Laser Scanner. Estes arquivos, 8 (oito) PointSets no GoCAD, foram unidos em um único, totalizando pontos. Devido à dificuldade de renderização desse arquivo no ambiente 3D, esse PointSet foi otimizado em número de pontos, tal qual fosse necessário para que tornasse viável a manipulação da nuvem de pontos, não esquecendo, obviamente, de manter a alta resolução do levantamento de campo. Ao término, a resolução da nuvem de pontos foi reduzida de 35mm para aproximadamente 70mm. Seis perfis de GPR foram importados para o GoCAD. Três deles adquiridos com antena de 100 MHz e três com a antena de 200MHz, totalizando 6 perfis. Depois, esses arquivos, Voxets no GoCAD, precisam ser georreferenciados de acordo com a nuvem de pontos do LIDAR.

84 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 72 Finalizada esta etapa de inserção e preparação dos dados para integração, uma visualização inicial dos dados no espaço 3D se faz necessária para uma análise crítica do posicionamento no espaço de todos os dados inseridos (Figura 5.4). Figura 5.4 Visualização inicial de todos os dados no GoCAD. As interpretações dos refletores dos perfis de GPR, que representam a geometria interna do afloramento, também são importados para o GoCAD como imagens e são posicionadas no mesmo local de seus respectivos perfis. A partir disso, todos os refletores interpretados nos perfis são digitalizados gerando objetos do tipo Curves (curvas) (Figura 5.5).

85 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 73 Perfil 01 Original Perfil 02 Interpretação Perfil 03 Refletores Digitalizados Figura 5.5 Perfil 01 original, refletores do perfil 02 interpretado e refletores digitalizados do perfil 03 (Antena de 100 MHZ). Na nuvem de pontos do Laser Scanner foram interpretados e digitalizados dois dos limites mais representativos de ciclos fluviais, com auxilio tanto do modelo 3D quanto de informações obtidas no próprio afloramento (Figura 5.6).

86 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 74 Figura 5.6 Interpretação e digitalização dos dois limites mais representativos de ciclos fluviais do afloramento. A integração final dos dados, realizada após a digitalização de todos os refletores (LIDAR e GPR), tem como ponto principal à geração de Surfaces (superfícies 3D) a partir da correlação lateral entre os perfis de GPR e os dados de superfície (Laser Scanner). As superfícies geradas representam em ambiente tridimensional as interpretações geológicas feitas acerca da geometria externa e da geometria interna do afloramento (Figura 5.7 e 5.8).

87 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 75 Figura 5.7 Superfícies geradas integrando os dados de Laser Scanner e de GPR.

88 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 76 Figura 5.8 Perfis de GPR com as superfícies interpretadas. Foram correlacionados lateralmente, além das duas superfícies mencionadas anteriormente, os demais refletores interpretados nos perfis de GPR, mas vale ressaltar que essas geometrias internas não foram extrapoladas até a geometria externa do afloramento (Figura 5.9).

89 Freire R.C. Dissertação de Mestrado 77 Figura 5.9 Correlação dos refletores interpretados somente nos perfis de GPR, em conjunto com as duas superfícies geradas com dados de LIDAR e GPR.

BACIA DO PARNAÍBA: EVOLUÇÃO PALEOZÓICA

BACIA DO PARNAÍBA: EVOLUÇÃO PALEOZÓICA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS FACULDADE DE GEOLOGIA PRÁTICA DE CAMPO EM GEOLOGIA GERAL DOCENTE DR. FRANCISCO DE ASSIS MATOS DE ABREU DISCENTE RAFAELA MARITHA ARAÚJO PARAENSE - 201608540013

Leia mais

Reyes-Pérez, Y.A. Tese de Doutorado 51

Reyes-Pérez, Y.A. Tese de Doutorado 51 Reyes-Pérez, Y.A. Tese de Doutorado 51 4.3.1- MODELO ESTÁTICO 3D Nesta etapa foi empregado o software Gocad em sua versão 2.1 para integrar, modelar e visualizar tridimensionalmente os dados geológicos

Leia mais

Reyes-Pérez, Y.A. Tese de Doutorado 58

Reyes-Pérez, Y.A. Tese de Doutorado 58 Reyes-Pérez, Y.A. Tese de Doutorado 58 4.4.1- MODELOS ESTÁTICOS 3D Os dados obtidos nos dois levantamentos foram processados e inseridos no software Gocad usando-se os procedimentos descritos anteriormente

Leia mais

PALEOAMBIENTE DEPOSICIONAL DA FORMAÇÃO BARREIRAS NA PORÇÃO CENTRO-SUL DA ÁREA EMERSA DA BACIA DE CAMPOS (RIO DE JANEIRO)

PALEOAMBIENTE DEPOSICIONAL DA FORMAÇÃO BARREIRAS NA PORÇÃO CENTRO-SUL DA ÁREA EMERSA DA BACIA DE CAMPOS (RIO DE JANEIRO) PALEOAMBIENTE DEPOSICIONAL DA FORMAÇÃO BARREIRAS NA PORÇÃO CENTRO-SUL DA ÁREA EMERSA DA BACIA DE CAMPOS (RIO DE JANEIRO) Thaís Coelho BRÊDA 1 ; Claudio Limeira MELLO 1 ; Bruno Lopes GOMES 1 thaisbreda@geologia.ufrj.br

Leia mais

CARACTERÍSTICAS DOS RESERVATÓRIOS

CARACTERÍSTICAS DOS RESERVATÓRIOS Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo CARACTERÍSTICAS DOS RESERVATÓRIOS PMI 1673 - Mecânica de Fluidos Aplicada a Reservatórios Prof. Eduardo

Leia mais

1 Na figura abaixo há uma medida estrutural tirada em um afloramento com contato geológico.

1 Na figura abaixo há uma medida estrutural tirada em um afloramento com contato geológico. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA GEOMORFOLOGIA II FLG - 1252 EXERCÍCIO 1 Noturno- Quartas Feiras das 19:30 às 23:20 hs Prof. Dr. FERNANDO

Leia mais

A Granito; B Gnaisse (embasamento); R Dique de Diabásio; S Derrame; P Falha

A Granito; B Gnaisse (embasamento); R Dique de Diabásio; S Derrame; P Falha UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA GEOMORFOLOGIA II FLG - 1252 EXERCÍCIO 1 Diurno e Noturno- Quintas Feiras das 14 às 18 hs e 19:30 às

Leia mais

FÁCIES SEDIMENTARES DA SUPERSEQUÊNCIA GONDWANA I NA BORDA LESTE DA BACIA DO PARANÁ, REGIÃO DE ALFREDO WAGNER/SC

FÁCIES SEDIMENTARES DA SUPERSEQUÊNCIA GONDWANA I NA BORDA LESTE DA BACIA DO PARANÁ, REGIÃO DE ALFREDO WAGNER/SC Grupo de Análise de Bacias - UFSC FÁCIES SEDIMENTARES DA SUPERSEQUÊNCIA GONDWANA I NA BORDA LESTE DA BACIA DO PARANÁ, REGIÃO DE ALFREDO WAGNER/SC Zielinski, J. P. T.1; Nascimento, M. S.1 1Universidade

Leia mais

MODELAGEM DE RESERVATÓRIOS

MODELAGEM DE RESERVATÓRIOS Reyes-Pérez, Y.A. Tese de Doutorado 72 MODELAGEM DE RESERVATÓRIOS 5.1- INTRODUÇÃO De ciência eminentemente descritiva em suas origens, a Geologia transita por novos caminhos que demandam do profissional

Leia mais

Estruturas geológicas e formas do relevo Brasileiro. Professora: Jordana Costa

Estruturas geológicas e formas do relevo Brasileiro. Professora: Jordana Costa Estruturas geológicas e formas do relevo Brasileiro Professora: Jordana Costa As marcas do tempo geológico A litosfera não é contínua, ela é formada por imensos blocos rochosos: - Placas tectônicas. -

Leia mais

PROPOSTA DE REVISÃO ESTRATIGRÁFICA E ASPECTOS HIDROGEOLÓGICOS DO GRUPO URUCUIA NA BACIA SANFRANCISCANA.

PROPOSTA DE REVISÃO ESTRATIGRÁFICA E ASPECTOS HIDROGEOLÓGICOS DO GRUPO URUCUIA NA BACIA SANFRANCISCANA. PROPOSTA DE REVISÃO ESTRATIGRÁFICA E ASPECTOS HIDROGEOLÓGICOS DO GRUPO URUCUIA NA BACIA SANFRANCISCANA. Paulo Henrique Prates Maia & Zoltan Romero Cavalcante Rodrigues 1- Introdução Ø Durante a evolução

Leia mais

Introdução. Objetivo Principal. Objetivos adicionais

Introdução. Objetivo Principal. Objetivos adicionais Introdução Visando criar uma tradição de trabalho geológico de cunho prático nas bacias brasileiras de nova fronteira exploratória apresenta se adiante, a proposta de treinamento que abrange um trabalho

Leia mais

CAPÍTULO 2 ÁREA DE ESTUDOS A proposta do Sítio Controlado de Geofísica Rasa - SCGR

CAPÍTULO 2 ÁREA DE ESTUDOS A proposta do Sítio Controlado de Geofísica Rasa - SCGR 16 CAPÍTULO 2 ÁREA DE ESTUDOS O SCGR 2.1. A proposta do Sítio Controlado de Geofísica Rasa - SCGR Comumente, os levantamentos geofísicos são realizados em áreas onde pouca ou quase nenhuma informação sobre

Leia mais

Bacia de Sergipe-Alagoas. Geólogos Marcos André Rodrigues Alves e Gustavo Santana Barbosa

Bacia de Sergipe-Alagoas. Geólogos Marcos André Rodrigues Alves e Gustavo Santana Barbosa Bacia de Sergipe-Alagoas Geólogos Marcos André Rodrigues Alves e Gustavo Santana Barbosa Roteiro Localização e Caracterização Infraestrutura e Condições de Operacionalidade Histórico Exploratório Evolução

Leia mais

2 Geologia 2.1. Carvão

2 Geologia 2.1. Carvão 2 Geologia 2.1. Carvão O carvão é uma rocha sedimentar combustível contendo mais que 50% em peso e mais que 70% em volume de material orgânico, tendo sofrido soterramento e compactação de uma massa vegetal

Leia mais

ESTRATIGRAFIA DO QUATERNÁRIO DA PLANÍCIE DELTAICA AO SUL DO RIO PARAÍBA DO SUL, RJ

ESTRATIGRAFIA DO QUATERNÁRIO DA PLANÍCIE DELTAICA AO SUL DO RIO PARAÍBA DO SUL, RJ ESTRATIGRAFIA DO QUATERNÁRIO DA PLANÍCIE DELTAICA AO SUL DO RIO PARAÍBA DO SUL, RJ Anderson Gomes de Almeida 1 ; Alberto Garcia de Figueiredo Jr. 2 ; Gilberto Pessanha Ribeiro 3 ; 4 Cleverson Guizan Silva;

Leia mais

20/04/2011 USO ESTRATIGRÁFICO DOS FÓSSEIS E O TEMPO GEOLÓGICO

20/04/2011 USO ESTRATIGRÁFICO DOS FÓSSEIS E O TEMPO GEOLÓGICO USO ESTRATIGRÁFICO DOS FÓSSEIS E O TEMPO GEOLÓGICO 1 A GEOLOGIA HISTÓRICA Definição: Ramo da Geologia dedicado a reconstrução da história evolutiva da Terra, com foco nas mudanças continuas do planeta

Leia mais

Prática da Estratigrafia de Sequências: Interpretação Sísmica, Afloramentos e Testemunhos

Prática da Estratigrafia de Sequências: Interpretação Sísmica, Afloramentos e Testemunhos Prática da Estratigrafia de Sequências: Interpretação Sísmica, Afloramentos e Testemunhos Sismoestratigrafia: conceitos básicos Definição - Sismoestratigrafia, ou estratigrafia sísmica, é o estudo de sucessões

Leia mais

Ambientes tectônicos e sedimentação

Ambientes tectônicos e sedimentação Rochas Sedimentares Ambientes tectônicos e sedimentação Intemperismo físico e químico de rochas sedimentares, ígneas e metamórficas Erosão Transporte Deposição Diagênese e litificação (compactação ) =

Leia mais

3. ARCABOUÇO TECTÔNICO

3. ARCABOUÇO TECTÔNICO 3. ARCABOUÇO TECTÔNICO 3.1 Localização e Embasamento Tectônico A região auscultada pela linha L3 compreende o Triângulo Mineiro e a porção central do Estado de Minas Gerais. Essa linha possui direção aproximada

Leia mais

Uso Estratigráfico dos Fósseis e Tempo Geológico - Paleontologia 2016/1

Uso Estratigráfico dos Fósseis e Tempo Geológico - Paleontologia 2016/1 Alana Guaragni Cristiane L. L. Garbinato Fabricia Zem Giovane Z. Arus 2016/1 Fósseis Representam um estágio de evolução dos seres vivos Discriminar rochas antigas das mais novas: Escala de Tempo Geológico

Leia mais

3 Caracterização do Sítio Experimental

3 Caracterização do Sítio Experimental Caracterização do Sítio Experimental 3 Caracterização do Sítio Experimental 3.1 Localização Os trabalhos de campo foram realizados no município de São Sebastião do Passé, a nordeste do estado da Bahia,

Leia mais

ESTUDO DAS GEOPRESSÕES APLICADAS AO ASSENTAMENTO DAS SAPATAS DE REVESTIMENTO NA BACIA DO SOLIMÕES

ESTUDO DAS GEOPRESSÕES APLICADAS AO ASSENTAMENTO DAS SAPATAS DE REVESTIMENTO NA BACIA DO SOLIMÕES ESTUDO DAS GEOPRESSÕES APLICADAS AO ASSENTAMENTO DAS SAPATAS DE REVESTIMENTO NA BACIA DO SOLIMÕES R.P.CONTE¹, C.A.S PINTO² e S.R.M SARKIS³ 1 Universidade Federal do Amazonas, Faculdade de Tecnologia, Departamento

Leia mais

5 Exemplos. 5.1 Exemplo 1

5 Exemplos. 5.1 Exemplo 1 96 5 Exemplos Neste capítulo serão mostrados alguns exemplos que foram simulados com o STENO. Primeiramente será mostrada a simulação da formação das parasseqüências. Depois, será mostra uma simulação

Leia mais

GEOLOGIA COSTEIRA DA ILHA DE SÃO FRANCISCO DO SUL/SC COASTAL GEOLOGY OF THE SÃO FRANCISCO DO SUL/SC ISLAND.

GEOLOGIA COSTEIRA DA ILHA DE SÃO FRANCISCO DO SUL/SC COASTAL GEOLOGY OF THE SÃO FRANCISCO DO SUL/SC ISLAND. GEOLOGIA COSTEIRA DA ILHA DE SÃO FRANCISCO DO SUL/SC COASTAL GEOLOGY OF THE SÃO FRANCISCO DO SUL/SC ISLAND. Celso Voos Vieira 1 ; Tarcísio Possamai 2 ; Norberto Olmiro Horn Filho 3 celso.v@univille.net

Leia mais

ANÁLISE ESTRÁTIGRÁFICA DA SEQUÊNCIA SILURIANA DA BACIA DO PARNAÍBA, NORDESTE DO BRASIL

ANÁLISE ESTRÁTIGRÁFICA DA SEQUÊNCIA SILURIANA DA BACIA DO PARNAÍBA, NORDESTE DO BRASIL Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ANÁLISE ESTRÁTIGRÁFICA DA SEQUÊNCIA SILURIANA

Leia mais

DESCRIÇÃO DE AMOSTRAS DE CALHA DO POÇO 7-CLB-1-RN PERFURADO PELA EMPRESA PARTEX BRASIL NO CAMPO COLIBRI, BACIA POTIGUAR/RN

DESCRIÇÃO DE AMOSTRAS DE CALHA DO POÇO 7-CLB-1-RN PERFURADO PELA EMPRESA PARTEX BRASIL NO CAMPO COLIBRI, BACIA POTIGUAR/RN DESCRIÇÃO DE AMOSTRAS DE CALHA DO POÇO 7-CLB-1-RN PERFURADO PELA EMPRESA PARTEX BRASIL NO CAMPO COLIBRI, BACIA POTIGUAR/RN Ailton Pereira da Costa júnior 1 ; Jairo Rodrigues de Souza 2; Marcos Henrique

Leia mais

Figura 1 Localização do pré-sal no Brasil Fonte: Petrobras (c2012).

Figura 1 Localização do pré-sal no Brasil Fonte: Petrobras (c2012). 1 Introdução As reservas mundiais de petróleo e gás em grande parte estão situadas em reservatórios constituídos por rochas carbonáticas. Essas rochas formadas principalmente de calcários e dolomitas (carbonatos

Leia mais

Compreendendo a Terra

Compreendendo a Terra Frank Press Raymond Siever John Grotzinger Thomas H. Jordan Compreendendo a Terra 4a Edição Cap 10 Tempo Geológico Lecture Slides prepared by Peter Copeland Bill Dupré Copyright 2004 by W. H. Freeman &

Leia mais

RECONSTRUÇÃO DO PALEOAMBIENTE DEPOSICIONAL DE POÇOS SITUADOS NA BACIA POTIGUAR COM BASE EM AMOSTRAS DE CALHA

RECONSTRUÇÃO DO PALEOAMBIENTE DEPOSICIONAL DE POÇOS SITUADOS NA BACIA POTIGUAR COM BASE EM AMOSTRAS DE CALHA RECONSTRUÇÃO DO PALEOAMBIENTE DEPOSICIONAL DE POÇOS SITUADOS NA BACIA POTIGUAR COM BASE EM AMOSTRAS DE CALHA Beatriz Dionizio Gomes¹; Jairo Rodrigues de Souza²; Rosiney Araújo Martins³ ¹ Instituto Federal

Leia mais

Geografia. Estrutura Geológica do Brasil. Professor Luciano Teixeira.

Geografia. Estrutura Geológica do Brasil. Professor Luciano Teixeira. Geografia Estrutura Geológica do Brasil Professor Luciano Teixeira Geografia ESTRUTURA GEOLÓGICA DO BRASIL Formas de Relevo Montanhas Montanhas constituem grandes elevações da superfície, cujas altitudes

Leia mais

Bacia do Paraná. Rodrigo Fernandez

Bacia do Paraná. Rodrigo Fernandez Bacia do Paraná Rodrigo Fernandez Roteiro Localização Infraestrutura e Condições Operacionais Histórico Exploratório Evolução Tectonoestratigráfica Sistemas Petrolíferos Plays Área em Oferta Considerações

Leia mais

Seqüências Devoniana e Eocarbonífera da Bacia do Parnaíba, Brasil, como análogoas...

Seqüências Devoniana e Eocarbonífera da Bacia do Parnaíba, Brasil, como análogoas... Seqüências Devoniana e Eocarbonífera da Bacia do Parnaíba, Brasil, como análogoas... 107 4.3.3. Afloramento Cabeças 1 O painel fotográfico elaborado sobre o afloramento Cabeças 1 (CAB-1), próximo à cidade

Leia mais

CAPÍTULO 4 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS 4.1 DADOS GPR

CAPÍTULO 4 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS 4.1 DADOS GPR CAPÍTULO 4 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS 4.1 DADOS GPR Apresenta-se, a seguir, a análise dos dados dos levantamentos GPR realizados na área em frente ao IAG (Figura 3.3) e na área próxima do IPEN

Leia mais

Fósseis e estratigrafia: conceitos e princípios da estratigrafia, litoestratigrafia, bioestratigrafia e cronoestratigrafia

Fósseis e estratigrafia: conceitos e princípios da estratigrafia, litoestratigrafia, bioestratigrafia e cronoestratigrafia Universidade Regional do Cariri URCA Centro de Ciências Biológicas Fósseis e estratigrafia: conceitos e princípios da estratigrafia, litoestratigrafia, bioestratigrafia e cronoestratigrafia Flaviana Lima

Leia mais

Caracterização da Ecorregião do Planalto Central

Caracterização da Ecorregião do Planalto Central do Planalto Central A Ecorregião do Planalto Central abrange uma área de 157.160,8 km² (7,84% do bioma Cerrado). É uma região de grande complexidade morfológica com superfícies aplainadas e diferentes

Leia mais

Evolução geológica da Amazônia Central e Ocidental desde o Cretáceo até o Recente

Evolução geológica da Amazônia Central e Ocidental desde o Cretáceo até o Recente Evolução geológica da Amazônia Central e Ocidental desde o Cretáceo até o Recente Dr. Emílio Soares Departamento de Geociências, Universidade Federal do Amazonas (UFAM) Grupo de Geologia Sedimentar da

Leia mais

ELEMENTOS DA GEOLOGIA (II)

ELEMENTOS DA GEOLOGIA (II) ELEMENTOS DA GEOLOGIA (II) AS ROCHAS São agregados minerais ou de um mineral apenas, formados naturalmente na crosta terrestre. As rochas podem ser classificadas em ígneas, sedimentares e metamórficas.

Leia mais

Estrutura Geológica e o Relevo Brasileiro

Estrutura Geológica e o Relevo Brasileiro Estrutura Geológica e o Relevo Brasileiro Estrutura Geológica e o Relevo Brasileiro 1. Sobre a estrutura geológica e relevo brasileiro é correto afirmar que: a) a formação recente das estruturas geológicas

Leia mais

O relevo e suas formas MÓDULO 12

O relevo e suas formas MÓDULO 12 O relevo e suas formas MÓDULO 12 RELEVO São as formas que a crosta terrestre foi adquirindo durante o seu período de formação. O movimento de separação dos continentes, a partir da movimentação das placas

Leia mais

Atividade 14 Exercícios Complementares de Revisão sobre Geologia Brasileira

Atividade 14 Exercícios Complementares de Revisão sobre Geologia Brasileira Atividade 14 Exercícios Complementares de Revisão sobre Geologia Brasileira Atenção: Pesquise PREFERENCIALMENTE em seu Livro e complemente a pesquisa em sites. 1. Comparação entre as Classificações do

Leia mais

Estrutura Geológica do Planeta

Estrutura Geológica do Planeta Estrutura Geológica do Planeta O é também conhecido como tempo da natureza, visto que ele data as transformações naturais que acontecem sobre o nosso planeta, que são extremamente lentas. A escala de tempo

Leia mais

Análise da Susceptibilidade a Processos Erosivos, de Inundação e Assoreamento em Itajobi-SP a Partir do Mapeamento Geológico- Geotécnico

Análise da Susceptibilidade a Processos Erosivos, de Inundação e Assoreamento em Itajobi-SP a Partir do Mapeamento Geológico- Geotécnico Análise da a Processos Erosivos, de Inundação e em Itajobi-SP a Partir do Mapeamento Geológico- Geotécnico Lucas Duarte Beggiato Departamento de Geotecnia, Universidade de São Paulo, São Carlos, São Paulo

Leia mais

APRESENTAÇÃO E OBJETIVOS

APRESENTAÇÃO E OBJETIVOS 1. Introdução 1.1. Apresentação e objetivos O principal objetivo deste trabalho, a utilização de ferramentas usuais de técnicas de processamento, e interpretação e integração de dados aeromagnéticos e

Leia mais

ANÁLISE FACIOLÓGICA DE DEPÓSITOS DA FORMAÇÃO BARREIRAS(?) NA REGIÃO DOS LAGOS, ENTRE MARICÁ E SAQUAREMA (RIO DE JANEIRO)

ANÁLISE FACIOLÓGICA DE DEPÓSITOS DA FORMAÇÃO BARREIRAS(?) NA REGIÃO DOS LAGOS, ENTRE MARICÁ E SAQUAREMA (RIO DE JANEIRO) ANÁLISE FACIOLÓGICA DE DEPÓSITOS DA FORMAÇÃO BARREIRAS(?) NA REGIÃO DOS LAGOS, ENTRE MARICÁ E SAQUAREMA (RIO DE JANEIRO) Pedro Henrique Walter 1, Claudio Limeira Mello 1, João Victor Veiga Chrismann 1,

Leia mais

ASSINATURAS GEOFÍSICAS DE ÁREAS

ASSINATURAS GEOFÍSICAS DE ÁREAS ASSINATURAS GEOFÍSICAS DE ÁREAS CONTAMINADAS: GPR Geofísica para a terceira idade Universidade de São Paulo IAG Departamento de Geofísica Objetivos Aplicação do radar de penetração no solo (GPR) em estudos

Leia mais

CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS E HIDRÁULICAS DOS POÇOS TUBULARES DA APA CARSTE LAGOA SANTA E ENTORNO, MG

CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS E HIDRÁULICAS DOS POÇOS TUBULARES DA APA CARSTE LAGOA SANTA E ENTORNO, MG CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS E HIDRÁULICAS DOS POÇOS TUBULARES DA APA CARSTE LAGOA SANTA E ENTORNO, MG Amanda Maria Santos Andrade Ferreira 1 ; Leila Nunes Menegasse Velásquez 2 ; Aurélio Fernando Paiva

Leia mais

Figura 07: Arenito Fluvial na baixa vertente formando lajeado Fonte: Corrêa, L. da S. L. trabalho de campo dia

Figura 07: Arenito Fluvial na baixa vertente formando lajeado Fonte: Corrêa, L. da S. L. trabalho de campo dia 40 Figura 07: Arenito Fluvial na baixa vertente formando lajeado Fonte: Corrêa, L. da S. L. trabalho de campo dia 11-10-2005. O arenito friável forma um pacote de maior espessura, com baixa cimentação

Leia mais

ANAIS do XXIX Congresso Brasileiro de Espeleologia Ouro Preto MG, de junho de Sociedade Brasileira de Espeleologia

ANAIS do XXIX Congresso Brasileiro de Espeleologia Ouro Preto MG, de junho de Sociedade Brasileira de Espeleologia CONTROLE ESTRUTURAL DE CAVERNAS DA FM JANDAIRA EM FELIPE GUERRA/RN: DADOS PRELIMINARES T. J. CASTRO 1 ; J. C. CRUZ 2 ; F. H. R. BEZERRA 3 ; M. E. P. BEZERRA 4 1-14º Ds. DNPM/RN e-mail: tiago.castro@dnpm.gov.br

Leia mais

Água subterrânea... ou... Água no subsolo

Água subterrânea... ou... Água no subsolo ÁGUA SUBTERRÂNEA Água subterrânea... ou... Água no subsolo Celso Dal Ré Carneiro Miguel D. de Oliveira Martins Depto. Geociências Aplicadas ao Ensino Instituto de Geociências, Unicamp 2002 Aqüíferos São

Leia mais

OS AQUÍFEROS BOTUCATU E PIRAMBÓIA NO ESTADO DE SÃO PAULO: NOVOS MAPAS DE ISÓBATAS DO TOPO, ESPESSURA E NÍVEL D'ÁGUA.

OS AQUÍFEROS BOTUCATU E PIRAMBÓIA NO ESTADO DE SÃO PAULO: NOVOS MAPAS DE ISÓBATAS DO TOPO, ESPESSURA E NÍVEL D'ÁGUA. OS AQUÍFEROS BOTUCATU E PIRAMBÓIA NO ESTADO DE SÃO PAULO: NOVOS MAPAS DE ISÓBATAS DO TOPO, ESPESSURA E NÍVEL D'ÁGUA. José Luiz Galvão de Mendonça 1 e Thereza Mitsuno Cochar Gutierre 1 Resumo - Os aquíferos

Leia mais

Dissertação de Mestrado ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA DA SEQUÊNCIA MESODEVONIANA- EOCARBONÍFERA DA BACIA DO PARNAÍBA, NORDESTE DO BRASIL

Dissertação de Mestrado ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA DA SEQUÊNCIA MESODEVONIANA- EOCARBONÍFERA DA BACIA DO PARNAÍBA, NORDESTE DO BRASIL UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA E GEOFÍSICA Dissertação de Mestrado ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA DA SEQUÊNCIA MESODEVONIANA-

Leia mais

45 mm. Av. Colombo, 5.790, Bloco J-12, Zona 7, Maringá, Paraná, Brasil. Fone: (44)

45 mm. Av. Colombo, 5.790, Bloco J-12, Zona 7, Maringá, Paraná, Brasil. Fone: (44) CONTROLE MORFOESTRUTURAL E TECTÔNICO DA EVOLUÇÃO DOS DEPÓSITOS DE FLUXOS GRAVITACIONAIS DA BACIA DO RIBEIRÃO LAÇADOR - PARANÁ, BRASIL: UMA ABORDAGEM PRELIMINAR Edison Fortes 1 ; Michael Vinícius de Sordi

Leia mais

GEOLOGIA GERAL GEOGRAFIA

GEOLOGIA GERAL GEOGRAFIA GEOLOGIA GERAL GEOGRAFIA Segunda 18 às 20h Quarta 20 às 22h museu IC II Aula 6 Rochas Sedimentares Turma: 2016/01 Profª. Larissa Bertoldi larabertoldi@gmail.com Ciclo das Rochas Rochas Sedimentares Rochas

Leia mais

GEOLOGIA DO QUATERNÁRIO

GEOLOGIA DO QUATERNÁRIO GEOLOGIA DO QUATERNÁRIO Terça 14 às 18h IC3 sala 16 Variação do nível do mar e suas evidências Turma: 2015/2 Prof as. Jacqueline Albino e Larissa Bertoldi larabertoldi@gmail.com GLACIAÇÕES QUATERNÁRIAS

Leia mais

APLICAÇÃO DO RADAR DE PENETRAÇÃO SUBTERRÂNEA NA CARACTERIZAÇÃO EM SUBSUPERFÍCIE DE DEPÓSITOS DA FORMAÇÃO BARREIRAS PETROBRAS/E&P-EXP/IABS/PS

APLICAÇÃO DO RADAR DE PENETRAÇÃO SUBTERRÂNEA NA CARACTERIZAÇÃO EM SUBSUPERFÍCIE DE DEPÓSITOS DA FORMAÇÃO BARREIRAS PETROBRAS/E&P-EXP/IABS/PS APLICAÇÃO DO RADAR DE PENETRAÇÃO SUBTERRÂNEA NA CARACTERIZAÇÃO EM SUBSUPERFÍCIE DE DEPÓSITOS DA FORMAÇÃO BARREIRAS Paula de Freitas Santos 1 ; Claudio Limeira Mello 1 ; Rute Maria Oliveira de Morais 1,2

Leia mais

MENEZES,L. CAPÍTULO 3 ARQUITETURA DEPOSICIONAL

MENEZES,L. CAPÍTULO 3 ARQUITETURA DEPOSICIONAL CAPÍTULO 3 ARQUITETURA DEPOSICIONAL 51 CAPÍTULO 3 ARQUITETURA DEPOSICIONAL 52 A revolução tecnológica alcançada nas duas últimas décadas, principalmente nas áreas da informática e da eletrônica, foi responsável

Leia mais

MORFOLOGIA E ESTRUTURAS DOS DERRAMES DA FORMAÇÃO ARAPEY

MORFOLOGIA E ESTRUTURAS DOS DERRAMES DA FORMAÇÃO ARAPEY MORFOLOGIA E ESTRUTURAS DOS DERRAMES DA FORMAÇÃO ARAPEY Waichel B. L. 1 ; Lima E. F. de 2, Muzio R. 3 ; Dutra G. 2 1 Universidade Estadual do Oeste do Paraná, 2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul,

Leia mais

de lençóis subterrâneos, bacias brasileiras

de lençóis subterrâneos, bacias brasileiras Aula 03 Ciclo hidrológico, tipos de lençóis subterrâneos, bacias brasileiras A água é uma substância predominante na Terra, sendo encontrada na atmosfera, na forma de vapor; na superfície, sob a forma

Leia mais

Revisões análise de cartas geológicas

Revisões análise de cartas geológicas Revisões análise de cartas geológicas As cartas geológicas são, regra geral, desenhadas sobre uma base topográfica que fornece alguma informação sobre o relevo da região, a rede hidrográfica, as povoações,

Leia mais

Complexo deltaico do rio Paraíba do Sul: caracterização geomorfológica do ambiente e sua dinâmica recente

Complexo deltaico do rio Paraíba do Sul: caracterização geomorfológica do ambiente e sua dinâmica recente Complexo deltaico do rio Paraíba do Sul: caracterização geomorfológica do ambiente e sua dinâmica recente Gilberto Pessanha Ribeiro 1,2 1 Universidade do Estado do Rio de Janeiro Faculdade de Engenharia

Leia mais

Cada par Granularidade + Estrutura constitui uma Litofácies própria, traduzindo condições de fluxo com determinadas característcias.

Cada par Granularidade + Estrutura constitui uma Litofácies própria, traduzindo condições de fluxo com determinadas característcias. LITOFÁCIES E ELEMENTOS ARQUITECTURAIS Os fluxos unidireccionais dos ambientes aluviais, geram depósitos sedimentares com grãos detríticos depositados e organizados por esse fluxo, com estruturação interna

Leia mais

Difratometria por raios X

Difratometria por raios X 57 A amostra 06 foi coletada no fundo de um anfiteatro (Figura 23), em uma feição residual de um degrau no interior da voçoroca, este material, aparentemente mais coeso, também consiste em areia muito

Leia mais

ESTUDO DAS ANOMALIAS DE DRENAGEM COMO INDICADOR DE NEOTECTÔNICA NA BACIA DO RIO DOURADINHO, MUNICÍPIO DE LAGOA DA CONFUSÃO TO.

ESTUDO DAS ANOMALIAS DE DRENAGEM COMO INDICADOR DE NEOTECTÔNICA NA BACIA DO RIO DOURADINHO, MUNICÍPIO DE LAGOA DA CONFUSÃO TO. ESTUDO DAS ANOMALIAS DE DRENAGEM COMO INDICADOR DE NEOTECTÔNICA NA BACIA DO RIO DOURADINHO, MUNICÍPIO DE LAGOA DA CONFUSÃO TO. Diana Fernandes Neres 1 Fernando Morais 2 1 Aluno do Curso de Geografia Bacharelado

Leia mais

Geologia e relevo. Bases geológicas e Classificação do relevo

Geologia e relevo. Bases geológicas e Classificação do relevo Geologia e relevo Bases geológicas e Classificação do relevo Bases Geológicas Placas tectônicas Formação geológica brasileira é antiga e estável, pois são escudos cristalinos e bacias sedimentares Essa

Leia mais

PROPOSTA DE PADRONIZAÇÃO DAS DENOMINAÇÕES DOS AQUÍFEROS NO ESTADO DE SÃO PAULO. José Luiz Galvão de Mendonça 1

PROPOSTA DE PADRONIZAÇÃO DAS DENOMINAÇÕES DOS AQUÍFEROS NO ESTADO DE SÃO PAULO. José Luiz Galvão de Mendonça 1 PROPOSTA DE PADRONIZAÇÃO DAS DENOMINAÇÕES DOS AQUÍFEROS NO ESTADO DE SÃO PAULO José Luiz Galvão de Mendonça 1 Resumo - A falta de padronização das denominações dos aquíferos que ocorrem no Estado de São

Leia mais

Orogênese (formação de montanhas): o choque entre placas tectônicas forma as cordilheiras.

Orogênese (formação de montanhas): o choque entre placas tectônicas forma as cordilheiras. O RELEVO TERRESTRE A superfície terrestre não é uniforme, mas sim composta por irregularidades, apresentando formas altas ou baixas, planas ou onduladas. O relevo pode ser definido como o conjunto das

Leia mais

CARACTERIZAÇÃO DE ZONAS PRODUTIVAS E CORRELAÇÃO DE POÇOS A PARTIR DA INTERPRETAÇÃO DE PERFIS ELÉTRICOS

CARACTERIZAÇÃO DE ZONAS PRODUTIVAS E CORRELAÇÃO DE POÇOS A PARTIR DA INTERPRETAÇÃO DE PERFIS ELÉTRICOS CARACTERIZAÇÃO DE ZONAS PRODUTIVAS E CORRELAÇÃO DE POÇOS A PARTIR DA INTERPRETAÇÃO DE PERFIS ELÉTRICOS Marcus Vinícius Nunes Lima Rocha; Larissa Rafaella Barbosa de Araújo; Fabrícia Medeiros Santandrea;

Leia mais

Aula de Campo II - Seção geológica ao longo da Rodovia Castelo Branco (SP.280) Guia de Observação e Reflexão

Aula de Campo II - Seção geológica ao longo da Rodovia Castelo Branco (SP.280) Guia de Observação e Reflexão Sedimentologia GSA.252 Aula de Campo II - Seção geológica ao longo da Rodovia Castelo Branco (SP.280) Guia de Observação e Reflexão Ponto -1 ou contagem regressiva. Trajeto de São Paulo ao ponto de visada

Leia mais

Capítulo 4 Caracterização da Área de Estudos. Capítulo 4

Capítulo 4 Caracterização da Área de Estudos. Capítulo 4 Capítulo 4 4.1 Aspectos gerais Visto que nossa pesquisa visava ao mapeamento do N.A. e à obtenção do teor de umidade do solo através do emprego integrado dos métodos geofísicos GPR e de sísmica de refração

Leia mais

APLICAÇÃO DO ÍNDICE MORFOMÉTRICO (RELAÇÃO PROFUNDIDADE/DIAMETRO) PARA ESTUDO DE DOLINA NO BAIRRO DE CRUZ DAS ARMAS, JOÃO PESSOA, PARAÍBA, BRASIL

APLICAÇÃO DO ÍNDICE MORFOMÉTRICO (RELAÇÃO PROFUNDIDADE/DIAMETRO) PARA ESTUDO DE DOLINA NO BAIRRO DE CRUZ DAS ARMAS, JOÃO PESSOA, PARAÍBA, BRASIL APLICAÇÃO DO ÍNDICE MORFOMÉTRICO (RELAÇÃO PROFUNDIDADE/DIAMETRO) PARA ESTUDO DE DOLINA NO BAIRRO DE CRUZ DAS ARMAS, JOÃO PESSOA, PARAÍBA, BRASIL Saulo Roberto de Oliveira Vital 1 ; Max Furrier 2 srovital@gmail.com

Leia mais

7ºs anos Professor Daniel Fonseca

7ºs anos Professor Daniel Fonseca Salesiano Dom Bosco Capítulo 3 Geologia, Solo e Relevo 7ºs anos Professor Daniel Fonseca ROCHAS: Aglomerado de um ou mais minerais ÍGNEAS OU MAGMÁTICAS (cristalinas) - intrusivas ou plutônicas - extrusivas

Leia mais

André Pereira de Assis OS SISTEMAS SILURIANO E DEVONIANO EM AFLORAMENTOS DA BORDA LESTE DA BACIA DO PARNAÍBA E CORRELAÇÕES NO GONDWANA OCIDENTAL

André Pereira de Assis OS SISTEMAS SILURIANO E DEVONIANO EM AFLORAMENTOS DA BORDA LESTE DA BACIA DO PARNAÍBA E CORRELAÇÕES NO GONDWANA OCIDENTAL André Pereira de Assis OS SISTEMAS SILURIANO E DEVONIANO EM AFLORAMENTOS DA BORDA LESTE DA BACIA DO PARNAÍBA E CORRELAÇÕES NO GONDWANA OCIDENTAL Trabalho Final de Curso (Bacharelado em Geologia) UFRJ RIO

Leia mais

Petróleo Prof. Philipe Laboissière

Petróleo Prof. Philipe Laboissière Petróleo Prof. Philipe Laboissière Cap. 2-Prospecção de Petróleo Finalidade e métodos de prospecção Finalidade da prospecção de petróleo Visa fundamentalmente a dois objetivos: Localizar dentro de uma

Leia mais

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA E GEOFÍSICA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA E GEOFÍSICA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA E GEOFÍSICA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EVOLUÇÃO ESTRATIGRÁFICA DA SEQUÊNCIA NEOCARBONÍFERA-

Leia mais

Relevo da Bacia do Rio das Antas (GO): Revisão Bibliográfica

Relevo da Bacia do Rio das Antas (GO): Revisão Bibliográfica Relevo da Bacia do Rio das Antas (GO): Revisão Bibliográfica Lorena Tereza Morais de Oliveira¹; Homero Lacerda² ¹ Bolsista PBIC/UEG, Licenciatura em Geografia, UnUCSEH, lorena_tmo@hotmail.com ² Orientador,

Leia mais

CARACTERIZAÇÃO, ANÁLISE E MODELAGEM TRIDIMENSIONAL DE RESERVATÓRIOS EM AMBIENTES PARÁLICOS NO INTERVALO EOPERMIANO, REGIÃO DE SÃO GABRIEL - RS

CARACTERIZAÇÃO, ANÁLISE E MODELAGEM TRIDIMENSIONAL DE RESERVATÓRIOS EM AMBIENTES PARÁLICOS NO INTERVALO EOPERMIANO, REGIÃO DE SÃO GABRIEL - RS 4 o PDPETRO, Campinas, SP 1.1.0077 1 CARACTERIZAÇÃO, ANÁLISE E MODELAGEM TRIDIMENSIONAL DE RESERVATÓRIOS EM AMBIENTES PARÁLICOS NO INTERVALO EOPERMIANO, REGIÃO DE SÃO GABRIEL - RS Paula Dariva dos Reis

Leia mais

Geologia do Brasil. Página 1 com Prof. Giba

Geologia do Brasil. Página 1 com Prof. Giba Geologia do Brasil O território brasileiro é formado, basicamente, por dois tipos de estrutura geológica: os escudos cristalinos (blocos cratônicos) e as bacias sedimentares. As formações serranas originaram-se

Leia mais

Powered by TCPDF (

Powered by TCPDF ( Powered by TCPDF (www.tcpdf.org) Relatório de Atividades Iniciação Científica (ON/PIBIC) Aluna: Thábata Bragutti Lima David (UFF) Orientador: Dr. Emanuele F. La Terra (ON) Período Compreendido Pelo Relatório:

Leia mais

As Licitações da ANP: Oportunidade Histórica para a Indústria Petrolífera Mundial Eliane Petersohn Superintendente de Definição de Blocos

As Licitações da ANP: Oportunidade Histórica para a Indústria Petrolífera Mundial Eliane Petersohn Superintendente de Definição de Blocos As Licitações da ANP: Oportunidade Histórica para a Indústria Petrolífera Mundial Eliane Petersohn Superintendente de Definição de Blocos Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Roteiro

Leia mais

Perceber o significado de escalas de tempo geológico, reconhecendo que estas representam uma sequência de divisões da história da Terra, em M.a.

Perceber o significado de escalas de tempo geológico, reconhecendo que estas representam uma sequência de divisões da história da Terra, em M.a. Perceber o significado de escalas de tempo geológico, reconhecendo que estas representam uma sequência de divisões da história da Terra, em M.a. Compreender que a datação relativa depende de informações

Leia mais

COLÉGIO 7 DE SETEMBRO DISICIPLINA DE GEOGRAFIA PROF. RONALDO LOURENÇO 1º ANO CAPÍTULO 05 ESTRUTURA GEOLÓGICA

COLÉGIO 7 DE SETEMBRO DISICIPLINA DE GEOGRAFIA PROF. RONALDO LOURENÇO 1º ANO CAPÍTULO 05 ESTRUTURA GEOLÓGICA COLÉGIO 7 DE SETEMBRO DISICIPLINA DE GEOGRAFIA PROF. RONALDO LOURENÇO 1º ANO CAPÍTULO 05 ESTRUTURA GEOLÓGICA Equilíbrio isostático Rochas magmáticas ou ígneas Rochas Sedimentares: rochas resultantes

Leia mais

BRASIL: RELEVO, HIDROGRAFIA E LITORAL

BRASIL: RELEVO, HIDROGRAFIA E LITORAL BRASIL: RELEVO, HIDROGRAFIA E LITORAL Estrutura geológica Geomorfologia: ciência que estuda as formas de relevo. Relevo condiciona o processo de produção e organização do espaço geográfico. (...) a maior

Leia mais

A área de estudo está localizada no campus da Universidade de São Paulo, na região

A área de estudo está localizada no campus da Universidade de São Paulo, na região 64 3.2 TESTES SOBRE DADOS REAIS 3.2.1 Área de estudo A área de estudo está localizada no campus da Universidade de São Paulo, na região centro-oeste da cidade de São Paulo-SP, na borda da Bacia Sedimentar

Leia mais

Quarta Rodada de Licitações Workshop Técnico

Quarta Rodada de Licitações Workshop Técnico Quarta Rodada de Licitações Workshop Técnico Bemvindos Quarta Rodada de Licitações Bacia do São Francisco João Clark Superintendência de Definição de Blocos Mapa de Localização Área Total: 354.800 km2

Leia mais

PORTARIA Nº 75, DE 3 DE MAIO DE 2000

PORTARIA Nº 75, DE 3 DE MAIO DE 2000 AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO-ANP PORTARIA Nº 75, DE 3 DE MAIO DE 2000 Aprova o Regulamento que trata do procedimento para Codificação de Poços perfurados com vistas à exploração ou produção de petróleo

Leia mais

USO DA TECNOLOGIA LASER SCANNER NA MENSURAÇÃO DE DISTÂNCIAS

USO DA TECNOLOGIA LASER SCANNER NA MENSURAÇÃO DE DISTÂNCIAS USO DA TECNOLOGIA LASER SCANNER NA MENSURAÇÃO DE DISTÂNCIAS Allan W. F. N. da SILVEIRA 1 ; Fabio L. ALBARICI 2 ; Paulo A. F. BORGES 3 RESUMO A tecnologia Laser Scanner facilita a aquisição de dados espaciais,

Leia mais

BRASIL: RELEVO, HIDROGRAFIA E LITORAL

BRASIL: RELEVO, HIDROGRAFIA E LITORAL BRASIL: RELEVO, HIDROGRAFIA E LITORAL Estrutura geológica Geomorfologia: ciência que estuda as formas de relevo. Relevo condiciona o processo de produção e organização do espaço geográfico. (...) a maior

Leia mais

ANÁLISE DE PETRÓLEO NO MEIO AMBIENTE Prof. Marcelo da Rosa Alexandre

ANÁLISE DE PETRÓLEO NO MEIO AMBIENTE Prof. Marcelo da Rosa Alexandre ANÁLISE DE PETRÓLEO NO MEIO AMBIENTE Prof. Marcelo da Rosa Alexandre Histórico a) O petróleo no mundo a. Embora conhecido a milhares de anos, a pesquisa sistemática do petróleo foi iniciada na metade do

Leia mais

ANEXO 1 GLOSSÁRIO. Vegetação de Restinga

ANEXO 1 GLOSSÁRIO. Vegetação de Restinga ANEXO 1 GLOSSÁRIO Vegetação de Restinga Entende-se por restinga um conjunto de ecossistemas que compreende comunidades vegetais florísticas e fisionomicamente distintas, situadas em terrenos predominantemente

Leia mais

A CADEIA PRODUTIVA DO PETRÓLEO

A CADEIA PRODUTIVA DO PETRÓLEO Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo A CADEIA PRODUTIVA DO PETRÓLEO PMI 3101 -Introdução à Engenharia para a Indústria Mineral Prof. Eduardo

Leia mais

EDITAL DE SELEÇÃO 003/2018 GABARITO DA PROVA DE CONHECIMENTOS Data: 21/11/2018 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ESTRATIGRAFIA

EDITAL DE SELEÇÃO 003/2018 GABARITO DA PROVA DE CONHECIMENTOS Data: 21/11/2018 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ESTRATIGRAFIA EDITAL DE SELEÇÃO 003/2018 GABARITO DA PROVA DE CONHECIMENTOS Data: 21/11/2018 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ESTRATIGRAFIA 1. De acordo com Miall (1999), a magnetoestratigrafia consiste em um dos métodos de cronoestratigrafia

Leia mais

GEOGRAFIA - 1 o ANO MÓDULO 06 GEOLOGIA E RECURSOS MINERAIS

GEOGRAFIA - 1 o ANO MÓDULO 06 GEOLOGIA E RECURSOS MINERAIS GEOGRAFIA - 1 o ANO MÓDULO 06 GEOLOGIA E RECURSOS MINERAIS Como pode cair no enem? (UNIFESP) A estrutura geológica do perfil AB do mapa pode ser caracterizada como: (REBOUÇAS, in: Patrimônio Ambiental

Leia mais

ESTRUTURAS E FORMAS DE RELEVO

ESTRUTURAS E FORMAS DE RELEVO O relevo terrestre pode ser definido como as formas da superfície do planeta. O relevo se origina e se transforma sob a interferência de dois tipos de agentes: os agentes internos e externos. endógenos:

Leia mais

A CADEIA PRODUTIVA DO PETRÓLEO

A CADEIA PRODUTIVA DO PETRÓLEO Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo A CADEIA PRODUTIVA DO PETRÓLEO PMI 3101 - Introdução à Engenharia para a Indústria Mineral Prof. Eduardo

Leia mais

9º Encontro Técnico DER-PR

9º Encontro Técnico DER-PR Técnicas de Sensoriamento Remoto aplicadas a rodovias. 9º Encontro Técnico DER-PR Sensoriamento Remoto É definido como, o conjunto de técnicas e equipamentos, utilizados para obter informações sobre um

Leia mais

Samara Moleta Alessi & Antonio Liccardo

Samara Moleta Alessi & Antonio Liccardo LEVANTAMENTO E MAPEAMENTO DA GEODIVERSIDADE DO MUNICÍPIO DE IMBITUVA/PR PARA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA Samara Moleta Alessi & Antonio Liccardo Universidade Estadual de Ponta Grossa - PR Com histórico de ocupação

Leia mais

SENSORES ORBITAIS ALTIMÉTRICOS E MONITORAMENTO HIDROLÓGICO NO RESERVATÓRIO DA UHE BALBINA-AM

SENSORES ORBITAIS ALTIMÉTRICOS E MONITORAMENTO HIDROLÓGICO NO RESERVATÓRIO DA UHE BALBINA-AM SENSORES ORBITAIS ALTIMÉTRICOS E MONITORAMENTO HIDROLÓGICO NO RESERVATÓRIO DA UHE BALBINA-AM Marcelo Parise (SIPAM), Naziano Filzola (UEA), Frederique Seyler (LMTG), Gilson Mota (ELETRONORTE), Elizabeth

Leia mais