Velhas Cidades e Nova Construção Urbana***

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1 Velhas Cidades e Nova Construção Urbana*** Gustavo Giovannoni Quando Sisto V se dispôs, energicamente, a executar o grandioso projeto de renovação e como diriam os nossos homens de negócio de valorização dos terrenos da Roma alta e, através das casas e dos vinhedos do Esquilino, do Viminale, do Quirinale, traçou as longas vias, retas como a sua vontade, deparou-se com um grande monumento, o Coliseu, que, com o seu enorme tamanho, bloqueava o eixo da nova Avenida de S. Giovanni. Rápido e intolerante aos obstáculos como ele era, a sua decisão foi logo tomada: que o Coliseu seja cortado e a * Título original: Vecchie Città ed Edilizia Nuova, Nuova Antologia, 1913, vol. CLXV, fasc. 995 (1 o de junho), pp (N. dos T.). ** Tradução: Renata Campello Cabral e Carlos Roberto M. de Andrade e Revisão: Tania Onorati. Gustavo Giovannoni_1a prova.indd 91 31/01/12 14:55

2 92 Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos estrada passe. E o fiel Fontana, que já havia destruído o Septizónio (a chamada Casa de Virgílio) e que tinha do Papa plena autorização para se valer de antigos materiais para as novas construções, foi encarregado de executar a ordem. Mas, contra isso, levantou-se, com bela audácia, o cardeal de Santa Severina, Giulio Antonio Santorio1, o qual, trazendo para o seu lado outros cardeais, tanto fez que induziu o papa a desistir da vândala empresa e o Anfiteatro Flávio foi poupado. Como observa Gnoli ao se referir a tal fato2, naquele tempo, certamente, não devem ter faltado, a esse benemérito defensor do grande monumento romano, os epítetos de pedante, de reacionário, de conservador de inúteis velharias. Mas, no nosso tempo, o propósito do papa Sisto de subordinar a existência de uma obra assim gloriosa a uma linha, mal idealizada, de uma nova via não seria mais concebível, nem mesmo por parte dos inovadores mais ardorosos, já que, quanto ao respeito para com os monumentos da antiguidade, foram feitos passos gigantescos. E, talvez, não esteja distante o tempo no qual o interesse e o estudo dos quais agora são objeto também os edifícios da Idade Média e do Renascimento serão traduzidos da mesma forma e com o mesmo atraso que houve para as obras 1. Ver Autobiografia del Cardinale Santorio (Mss. della Biblioteca Corsiniana, n. 808). Ver também alusões em Avvisi Urbinati (Arquivo Vaticano: Cod. Urb. Lat. 1053, c. 383, 385). 2. Ver Domenico Gnoli, Nuovo Accesso in Piazza S. Pietro, Archivio Storico dell Arte, 1889, p Gustavo Giovannoni_1a prova.indd 92 31/01/12 14:55

3 Velhas Cidades e Novas Construções Urbanas 93 antigas em uma análoga tendência conservadora em direção a esses, ou, mais propriamente, em direção àqueles que terão, nesse momento, sobrevivido aos imprevistos atuais. O delinear-se desse sentimento nós podemos colher em outro episódio romano, posterior àquele referido há pouco, mas não diferente desse. Em 1811, outro grande, muito potente e pretensioso, Napoleão I, tinha (com o mesmo decreto que estabelecia a ampliação da Praça São Pedro e a da Fonte de Trevi) ordenado a demolição do Palazzetto de Venezia para prolongar em mais um trecho o Corso em direção ao Capitólio. Mas, em defesa do edifício surgiu o enérgico cônsul do Reino Itálico, Giuseppe Tambroni, e a ele uniram-se os artistas, entre os quais o grande Canova. Um feroz protesto cheio de argumentações não apenas artísticas, mas também jurídicas e financeiras foi enviado a Paris para combater les projets destructeurs des employés français * e para opor-se à inútil destruição do edifício quatrocentista, precioso anel que liga o gosto bárbaro ao moderno 3 : e teve pleno sucesso, já que Napoleão sem dúvida sabiamente aconselhado por De Tournon retirou o decreto e o Jardim de S. Marco foi salvo. Ou, para melhor dizer, teve a vida prolongada por um século precisamente, até o dia em que as condições visuais e de espaço requeridas * Os projetos destruidores dos empregados franceses (N. dos T.). 3. Ver Philipp Dengel, Geschichte des Palazzo di S. Marco, na obra de Philipp Dengel, Max Dvořák e Hermann Egger, Der Palazzo di Venezia, Wien, 1909, p Gustavo Giovannoni_1a prova.indd 93 31/01/12 14:55

4 94 Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos pelo novo monumento ao rei Vittorio Emanuele tornaram necessária a sua demolição. Esses dois episódios representam os primeiros sintomas daquilo que, no nosso tempo, no rápido e tumultuoso ampliar-se das cidades e, por outro lado, com a difusão da cultura e do sentido de arte reflexo, tornou-se caloroso debate do dia a dia: debate no qual a sorte que coroou os nobres esforços do cardeal Santorio ou do revolucionário Tramboni certamente nem sempre favorece a conservação do caráter monumental e artístico. Existem, naquele momento como agora, duas tendências e dois procedimentos que se batem de frente quando se trata de renovar um velho centro e de determinar as relações entre o ambiente antigo e o desenvolvimento novo: para um, quando se excluem as obras de importância singular e os monumentos altamente venerados, todos os restos do passado não representam mais que obstáculos na nova sistematização edilícia; para o outro são, ao contrário, pontos de referência imutáveis. Essa divergência de critérios tem toda a aparência de um contraste irredutível entre duas concepções opostas, entre a Vida e a História. Parece que de um lado estão as exigências positivas do desenvolvimento moderno e do moderno modo de viver, do outro, o respeito pelas memórias históricas e artísticas, pelas condições de ambiente* nas quais a velha cidade se desenvolveu. E a luta inflama * Como a noção de ambiente tem um lugar importante na obra de Giovannoni e como ainda não há consenso sobre a tradução do termo para Gustavo Giovannoni_1a prova.indd 94 31/01/12 14:55

5 Velhas Cidades e Novas Construções Urbanas 95 precisamente sobre tais questões de princípio. Os inovadores dizem: as cidades não são museus ou arquivos, mas são feitas para serem vividas da melhor forma possível e nós não podemos comprometer o desenvolvimento delas e parar o caminho da civilização, fechando a vida nova dentro de ruas estreitas e tristes, apenas por um equivocado respeito fetichista em relação ao passado. As nossas exigências são complemente diversas daquelas dos nossos antepassados; e, a essas, nós não podemos mais nos adaptar da mesma forma que não saberíamos mais usar os seus vestidos, pitorescos, mas incômodos. Ar, luz, comodidade, higiene, isso nós queremos! As habitações, sejam cômodas e abertas, as ruas, sejam amplas, úteis, de rápido percurso; e se, em seu traçado, encontram-se edifícios importantes e obras de arte que não possam ser removidas (a não ser que não se trate de monumentos excepcionais), não há outra coisa a fazer além de demoli- -los, e, no máximo, se houver tempo, conservar a lembrança deles por meio de documentos gráficos. Respondem os conservadores: a vida não pode ser movida somente por um conceito material utilitário, sem um ideal, sem uma busca de beleza; menos ainda do que a vida de um indivíduo, pode ser tal a vida coletiva das cidades, que deve conter em si os elementos de educação moral e estética e que não pode prescindir da o português (consta inapropriadamente como proximidade na versão brasileira da Carta de Atenas do Restauro), optou-se pela manutenção dessa palavra traduzida literalmente do italiano (N. dos T.). Gustavo Giovannoni_1a prova.indd 95 31/01/12 14:55

6 96 Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos tradição na qual se encontra boa parte da glória nacional. E a tradição é ofendida no dia em que se demole ou se deturpa um monumento e se tira um testemunho de arte e de história ou que se transforma violentamente a fisionomia do ambiente que os séculos paulatinamente imprimiram a todo um bairro. A razão de ser, a importância, frequentemente também a prosperidade presente de muitas cidades (como Roma, Florença, Veneza, e Nuremberg, e Bruges, e Siena, e Verona) está, bem mais do que no seu valor atual, na luz que o passado irradia sobre elas: não a obscureçamos destruindo seus restos monumentais e ofuscando seu caráter. E se esse respeito, que pode dizer-se um dever nobiliário, levará a percorrer uma via com algum maior incômodo, não nos lamentemos disso se assim se salvam os direitos da Beleza e da História. Como acontece frequentemente em questões complexas (e poucos fatos humanos são mais complexos do que o desenvolvimento de uma cidade), todos esses princípios extremos, todos esses aforismos, são respeitáveis e justos, mas são teoria, contemplam o grave problema apenas de um lado e frequentemente se demoram em termos formais e combatem no vazio. Na prática, ao contrário, especialmente tendo prevalecido agora recentíssimas tendências edilícias e tendo sido aperfeiçoados numerosos mecanismos a serviço das cidades, a questão frequentemente se desloca e acontece nesse campo aquilo que em tantos outros campos a cultura moderna e os modernos meios produziram, mudando inesperada- Gustavo Giovannoni_1a prova.indd 96 31/01/12 14:55

7 Velhas Cidades e Novas Construções Urbanas 97 mente perante problemas que pareciam insolúveis. Tanto que eu não acredito exagerar em otimismo afirmando que, de um estudo feito com amplitude de visão, com exata cognição das reais exigências da construção urbana e dos meios à sua disposição, com afeto sincero para com a arte e as memórias citadinas, não apenas é quase sempre possível encontrar um acordo entre as duas ordens de critério dando a cada uma racionalmente o seu campo de ação, mas não raramente também se chega a fazer de forma tal que, das próprias dificuldades, surja a solução lógica e viva, pensada e genial, distante da vulgar e fácil aplicação de disposições geométricas boas (ou mais facilmente ruins) para todos os casos e para todos os lugares, expressões du rythme commode, Comme un soulier trop grand*. A grande dificuldade é, antes, dada pela necessidade de uma preparação profunda no enfrentamento com tais critérios abrangentes das questões gravíssimas da inserção da nova construção nos velhos troncos. Quem de tais assuntos se ocupa deveria ser, como diz Haussmann 4, un administrateur doublé d artiste, épris de toutes les grandes choses, passionné par le Beau, mais sachant pour expérience que les choses secondaires ne * do ritmo cômodo, como um sapato muito grande (N. dos T.). 4. Ver Mémoires du Baron Haussmann, tomo I, Paris, 1890, p. 12. Gustavo Giovannoni_1a prova.indd 97 31/01/12 14:55

8 98 Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos sont pas à négliger **. Ao contrário, muito frequentemente, é vigente nesse campo uma improvisação fácil e imprevidente, um desleixo; e quase não há prefeito ou chefe de escritório técnico municipal que não se veja capaz de resolver, como se fosse uma tarefa de administração habitual, tudo aquilo que é relativo à viabilidade de um bairro, quase como se a construção não viesse a dar caráter permanente aos erros traçados com poucos traços de caneta e de tiralinhas. Um dos inimigos piores é dado por aquela que poderia chamar-se a retórica edilícia. Muito frequentemente, não se trata de verdadeiras exigências e as soluções que são propostas e é o caso dos dois exemplos relativos ao Coliseu e ao Palazzetto di Venezia citados no início não se ligam a um programa pensado, não são as únicas possíveis e nem também as mais úteis. Ao contrário, respondem, muitas vezes, a uma frase sem nenhum conteúdo (assim, por exemplo, foi dito recentemente em Roma: unamos a Reggia com o Pantheon; formemos na zona monumental uma avenida tão larga quanto o Tibre; sigamos o traçado da antiga Via Recta etc.); ou, mais frequentemente, seguem combinações geométricas indicadas em projeções sobre o plano, não imaginadas na prática, e formam retas e se agrupam em tabuleiros de xadrez, em polígonos, em estrelas, que, sobre o papel, poderão configurar-se regulares e até elegantes, e que ** um administrador dublê de artista, enamorado por todas as grandes coisas, apaixonado pelo Belo, mas sabendo por experiência que as coisas secundárias não devem ser negligenciadas (N. dos T.). Gustavo Giovannoni_1a prova.indd 98 31/01/12 14:55

9 Velhas Cidades e Novas Construções Urbanas 99 talvez assim pareçam do alto quando a navegação aérea estiver mais desenvolvida 5, mas que, na realidade, não têm nenhuma razão orgânica nem de função nem de estética. Às vezes parece até que a geometria queira se justificar por ela mesma e que o desenho planimétrico não seja o meio, mas o fim; grande expressão daquela que Galassi, em um recente estudo 6, chama arquitetura acadêmica, a qual, no fundo exige muito menos estudo e esforço e também menor engenho, diferente da outra, positiva, a qual requer uma trabalhosa e minuciosa obra de orquestração de todos os elementos. * * * Da arquitetura acadêmica aplicada à construção urbana, mas, ainda mais, da vulgaridade e do despreparo, o século passado representou o triunfo. Nesse, o grandioso fenômeno do Urbanismo e o consequente enorme desenvolvimento edilício tomou de surpresa os estudiosos, os artistas, os administradores das cidades. A arte hesitava entre classicismo e romantismo e quase desdenhava os novos grandes problemas da vida pública; a cultura histórica e artística era ainda bem pouco difusa; e, por outro lado, os meios de transporte, não ainda 5. Dizia sabiamente Napoleão I aos seus arquitetos Percier e Fontaine, que defendiam um velho projeto de Perrault para esconder a dissimetria entre o Louvre e as Tuileries: les oiseaux seuls s aperçoivent de l irrégularité des grands espaces [ apenas os pássaros percebem a irregularidade dos grandes espaços ]. 6. Ver F. Galassi, Considerazioni sull Architettura e sui Piani d Ampliamento delle Città, Annuario dell Accademia di S. Luca, Roma, Gustavo Giovannoni_1a prova.indd 99 31/01/12 14:55

10 100 Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos rápidos e aperfeiçoados, faziam com que o movimento citadino representasse um obstáculo, não um meio eficaz de descentralização; prevalecia, sobretudo, o elemento econômico, a busca de valorizar as áreas naquelas que pareciam as melhores condições, o desejo de fazer logo. Fig. I. Planta de Nova York. Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

11 Velhas Cidades e Novas Construções Urbanas 101 Assim, aconteceu que, quando com vertiginosa rapidez progressiva pequenos burgos tornaram-se grandes cidades e, modestas cidades, imensas metrópoles; quando o tráfego nas ruas citadinas começou a ter uma intensidade até aquele momento nunca sonhada e as fibras das velhas casas tranquilas vibraram com a passagem contínua de carroças e bondes; quando as tendências da higiene moderna e do moderno modo de viver fizeram com que se quisesse ar e luz e comodidade e os novos regimes niveladores eliminaram o caráter individual da vida, os novos bairros germinaram como grãos de trigo, ao redor e dentro dos velhos centros, sem uma orgânica coordenação e uma justa previsão do incremento futuro, sem um aspecto de arte, sem uma verdadeira correspondência com as condições locais: tanto que, visto um bairro, todos os outros são iguais; vista uma cidade, são vistas todas as outras 7. No predomínio dos traçados geométricos para as redes viárias dessa nova expansão, dois conceitos prevaleceram: ou a regular distribuição das quadras de forma que fosse fácil a subdivisão dos lotes e simples a construção das casas, e daí o traçado em tabuleiro de xadrez, intersecções de duas séries normais de retas, esquema que havia feito suas provas não belas antigamente em 7. Diz muito bem a tal propósito Buls: Se lançamos um olhar sobre a planta de uma das nossas cidades, distinguiremos imediatamente a parte antiga da moderna: a primeira é formada por uma rede de ruas que se ramificam ou se reunem como as artérias e as veias de um organismo vivo; a segunda, com as suas vias paralelas e perpendiculares, tem o caráter de uma cristalização artificial, árida e matemática. Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

12 102 Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos muitas cidades romanas e no século XVIII em Turim, em Mannheim etc., ou se quis a convergência de artérias em alguns nós para fim de tráfego ou para fim artístico, já que o conceito da reunião das visuais em alguns pontos permaneceu o único critério artístico sobrevivente, mas também ele cristalizado e geometrizado, tanto que a rótula da praça de l Etoile em Paris ou o leque de Karlsruhe representaram o ideal. Mas, de qualquer forma, essas manifestações do sistema radial foram exceções em comparação ao grande desenvolvimento do primeiro, o sistema retangular. Esse, especialmente, não teve freio algum e é instrutivo observar isso nas cidades norte-americanas, onde nenhum obstáculo à edificação era colocado pelas construções e pelas obras de arte de séculos anteriores. E Nova York e Chicago e São Francisco surgiram como imensos, monótonos reticulados de estradas todas iguais e de quadras todas iguais. As ruas tiveram que ser individualizadas mediante números, e a mania da retificação (como foi também para alguns dos traçados do papa Sisto V em Roma) chegou ao ponto de fazê-las desenvolver-se com inclinações enormes sobre colinas e vales, ou, mesmo, induziu a trabalhos colossais de aterramento para adaptá-las artificiosamente à forma do terreno exemplo característico de concepção sobre a planta, isto é, em duas dimensões apenas. Certamente seria injusto dizer que nada tenha sido feito de bom e genial nessas ampliações e nessas adaptações edilícias. Viena com o seu Ring grandioso que Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

13 Velhas Cidades e Novas Construções Urbanas 103 substitui o centro por um anel, Paris e Munique, com os amplos traçados correspondentes ao conceito das visuais convergentes, Londres, que mantém a tradição da descentralização nos bairros de habitação, na Itália, Florença, com seu belo desenvolvimento de avenidas externas (até o triste período do plano regulador de 1884), representam tantos pontos salientes e respondem a verdadeiras e pensadas manifestações de estilo edilício ; nessas e em poucas outras expressões que emergem do pântano da vulgaridade, pode agora a jovem escola basear seus conceitos e suas propostas. Mas, considerado no seu conjunto, e também considerado independentemente dos problemas postos pelo passado, pode-se bem afirmar que o período edilício, que agora gostaríamos de dizer ultrapassado, tenha falhado na sua tarefa. A essa altura, de toda parte se dirigem, a esse, críticas e acusações. Não são apenas os estetas a protestar contra a monotonia e o tédio da geometria edilícia, a perceber como as longas vias retilíneas não dão nenhum sentido de grandiosidade e quase não permitem que os edifícios sejam vistos; não são apenas os amantes do natio loco* a condenar a perda do caráter individual da localidade; mas também os higienistas começaram a observar que esse grande desenvolvimento de vias retas não é privado de inconvenientes, seja pela infeliz orientação que constantemente resulta dele para toda uma série de moradias, seja pela predo- * Do lugar onde nasceram (N. dos T.). Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

14 104 Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos minância dos ventos que levantam a poeira, a qual (diz um aforismo do Chantemesse) pode ser em um dia de vento bem mais danosa à saúde pública que o ar dos esgotos. Mais ainda pareceu-lhes um perigo grave a densa construção de edificações enormes que seguiu a formação das quadras regulares, nas quais se adensa a população de subúrbios inteiros. Se, enquanto isso, as estruturas e os serviços higiênicos das cidades modernas não tivessem imensamente progredido, poder-se-ia duvidar se estas desvantagens não neutralizariam ou, ainda mais, superariam as vantagens trazidas pela ampliação das vias, pela invasão do ar e da luz em torno das construções. Fig. 2. Planimetria de um bairro de Fig. 3. O mesmo bairro segundo o casas segundo o velho sistema. traçado proposto pela Association for Garden-City. (Do periódico The Garden-City 1909) Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

15 Velhas Cidades e Novas Construções Urbanas 105 Nem muito melhores resultaram as condições em relação aos dois principais elementos que também tinham exercido influência predominante: o tráfego e a economia. As secções viárias, que pareciam enormes, tornaram-se insuficientes quando o movimento foi outra vez intensificado, especialmente quando chegaram os bondes elétricos; ainda mais insuficientes se tornaram justamente onde não havia sido dividido o movimento de intensidade variada na previsão do percurso. O tipo geralmente difuso de encontro de várias ruas em um único ponto mostrou-se, com o aumento da velocidade dos veículos, perigoso e obstrutivo e, mesmo que possa parecer um paradoxo, também o tipo de cruzamento normal, intersecção em ângulo reto de duas vias contínuas, mostrou-se, pela possibilidade dos encontros dos automóveis, ainda pior do que quando a circulação é dividida e as vias secundárias não se encontram no mesmo ponto da principal 8. Finalmente, no que se refere ao custo da sistematização viária, ele resulta altíssimo, seja pela grande área exigida pelas ruas, frequentes e todas relativamente amplas (nas cidades americanas mais de 2/5 da superfície da cidade é ocupada pelo sistema viário), seja pelos trabalhos de nivelamento artificial inerentes à artificial configuração altimétrica, que trazem custo para a reforma e custo para a fundação de cada edifício: portanto, ônus enormes para as administrações municipais e aumento do valor das áreas passíveis de construção, 8. Ver Camillo Sitte, Der Städtebau nach seinen Kunstlerischen Grundsätzen, Wien, Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

16 106 Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos mesmo quando a esse valor a agiotagem não acrescentava seu coeficiente. * * * Por sorte, neste campo, estão avançando, a grandes passos, uma nova ciência e uma nova arte; de forma que os critérios acerca do modo de se considerar os problemas das cidades progridem rapidamente e aqueles que eram, ontem, inovadores são, hoje, retrógados. A Construção Urbana* já vem vigorosamente se delineando como um novo ramo do conhecimento ao qual diversas disciplinas trazem a sua contribuição e no qual a cidade é considerada como uma vasta e complexa obra de arte; e eleva-se sobre a base dos novos meios com os quais finalmente a mecânica moderna alcançou o desenvolvimento das cidades e graças ao grandioso patrimônio de experiência que vantagem não pequena no âmbito do grande dano nos trouxe o não feliz período que, no momento, aponta na direção do ocaso. Um novo elemento já começa a ter importância essencial nas cidades, causando uma revolução nos sistemas edilícios: o elemento cinemático. Os rápidos meios de comunicação modernos, ferrovias, bondes, automóveis, já permitem, à vida citadina, estender-se bem longe das velhas muralhas; permitem, à nova construção, descentralizar-se em espaços vastíssimos e desenvolver-se em superfícies mais do que em altura. E eis que se difunde o * Ver considerações sobre a opção de traduzir Edilizia por Construção Urbana na introdução a essa tradução. Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

17 Velhas Cidades e Novas Construções Urbanas 107 tipo das cidades-jardins da Inglaterra, onde os primeiros exemplos geniais de Portsunlight, de Letchworth, de Bournville se uniram à tradicional tendência das habitações familiares em direção ao espaço aberto 9 ; e eis que se constituem, na Alemanhã, os bairros de diversas classes, de variada função e de tipo construtivo variado, associados entre si, em várias gradações, do geschlossene* ao offene Bauweise**, bem coordenados por regulamentos edilícios precisos 10 ; e jardins e parques são deixados também nas partes centrais para constituir destaque entre as diversas zonas, benéficas reservas de ar e luz 11. Outro campo de renovação é aquele dos traçados viários: a adaptação altimétrica e planimétrica ao relevo natural do terreno, a subdivisão em ruas de tráfego, amplíssimas, e em ruas habitacionais de largura modesta, com as quais se substituiu a uniformidade pelo ritmo nesses elementos de comunicação, são tendências que têm principalmente alcance econômico, por diminuir, ao torná-lo mais racionalmente distribuído, o custo da reforma, que se torna sempre mais pesado, para os prefeitos, pela 9. Ver Alessandro Schiavi, Villaggi e Città-giardino in Inghilterra, Nuova Antologia, 1909, IV. Ver também os periódicos: The Garden-City, Municipal Journal, Der Städtebau etc. * Conjunto (N. dos T.). ** Estilo ao ar livre (N. dos T.). 10. Ver Joseph Stübben, Der Städtebau, Handbuch der Architektur, IV Th. 9 Bd. 11. Ver o estudo de Hénard no VII Congresso Internacional de Arquitetos, Londres, 1906 (Transactions etc., p. 382), na qual são também interessantes as propostas para a adoção de boulevards à redans, nos quais muitos jardins deveriam ser criados nas reentrâncias dos limites frontais de cada edifício. Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

18 108 Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos nova descentralização edilícia 12 ; mas essas tendências paralelamente terminaram em vantagens muito grandes pelo aspecto vivo e simpaticamente variado dos novos bairros e constituem o substrato positivo das novas teorias estéticas. Essas tiveram início há uns vinte anos atrás por obra de dois heróis, Sitte e Buls: o primeiro, autor da obra fundamental sobre a Arte di costruire le città***, o segundo 13, ativo executor das novas ideias como prefeito de Bruxelas. O pequeno núcleo logo se torna legião e a ele se aproximaram não só artistas como Fierens-Gevaert e Henrici, mas também técnicos e administradores, como Stübben, Goecke, Adickes, também higienistas como Nussbaum; e em Bruxelas, em Marienberg, em Darmstadt, em Königsberg, em Brünn, em Warrington, em Colônia etc., nos planos de ampliação das cidades, as aplicações do sistema se multiplicaram. Introduzir um sentido pitoresco nas novas cidades, seja valendo- -se das visuais naturais e monumentais, seja estudando as linhas de circulação e os espaços abertos não como linhas e figuras geométricas, mas como agrupamentos variados e vivos; limitar a adoção da reta para as ruas aos casos necessários, mas possivelmente desviando-a e 12. Ver Theodor Goecke, Allgemeine Grundsätze für Bebauungspläne, Der Städtebau, 1906, p. 2. *** Ver op.cit. Ver também a bela edição francesa de Camille Martin, Genève, [O livro de C. Sitte, Der Städtebau nach seine Künstlerrischen Grundsätzen, Viena, 1889, foi traduzido para o italiano, numa versão reduzida, por U. Monneret, em 1907, ganhando o título Note sull Arte di Costruire le Città (N. dos T.)]. 13. Ver Charles Buls, L Esthétique des Villes, Bruxelas, 1894; La Construction des Villes, Bruxelas, Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

19 Velhas Cidades e Novas Construções Urbanas 109 associando-a a curvas, amplas e breves, ou valendo-se de monumentos e de jardins para interromper a continuidade uniforme; devolver às praças principais o caráter fechado daquelas dos nossos antepassados; e, sobretudo, conservar, na concepção geral e especial, o caráter individual da cidade ou do bairro: estão aí os cânones fundamentais da nova tendência, a qual, de resto, enquanto busca uma verdadeira e alta forma de arte, não poderia chegar a fórmulas precisas e determinadas para a materialização dos princípios gerais, sem recair na retórica e sem abandonar o seu critério de aplicação caso a caso, segundo a inspiração subjetiva do artista e segundo as condições objetivas dos elementos concretos da arte local, que constituem o ambiente. Fig. 4. Moderno bairro de casas (arquiteto Puetzer) (De Sitte, op. cit., tav. I) Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

20 110 Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos Grande forjadora desses estudos e dessas tentativas foi a Alemanha, onde exposições e congressos sobre vários argumentos relativos à cidade já ocorrem todo ano e uma completa literatura de importantes obras e de periódicos férteis faz dela sujeito exclusivo. Oito universidades têm lá cursos completos sobre questões edilícias e os Ministérios dos Trabalhos Públicos fazem um grande número de seus técnicos seguir tais cursos. Toda hora são anunciados concursos públicos (entre os quais o mais importante foi aquele para a Gross Berlin* para planos de expansão ou de organização dos bairros, nobremente seguindo a tradição italiana dos concursos artísticos, por nós quase esquecida 14. E, justamente, pôde, portanto, o ilustre Stübben, em uma conferência no Congresso dos Arquitetos em Roma, em , afirmar que toda essa nova atividade, que aponta para um novo tipo citadino, racional e belo, é especialmente atividade alemã. Com certeza nós não poderíamos dizer, infelizmente, que é atividade italiana. Não será inoportuno, para tornar as ideias menos abstratas, seja ilustrar esses sinais fugazes com alguns exemplos, trazidos de planos de novíssimos bairros ou de * Grande Berlim (N. dos T.). 14. Nas outras nações os concursos de Antuérpia, de Marselha, de Barcelona, representam nesses últimos anos as disputas mais notáveis. Único exemplo, na Itália, de recente aplicação nesse campo teria sido o concurso de 1911, em Turim, para a organização da antiga Piazza d Armi, se ele não tivesse terminado em um concurso de fachada, depois do qual o Escritório técnico municipal retomou os seus direitos. 15. Ver Atti del IX Congresso Internazionale degli Architetti in Roma, Roma, Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

21 Velhas Cidades e Novas Construções Urbanas 111 propostas teóricas ou práticas exemplos (veja figs. 2 a 5) que não necessitam de esclarecimentos especiais seja, finalmente, resumir brevemente algumas resoluções de recentes congressos que, examinando os diversos lados da múltipla questão, constituíram, da mesma maneira, fontes de referência no caminho que indicamos agora. Já desde 1874 a Deutscher Ing. u. Architekten Verein* aprovava uma ordem do dia que estabelecia, como procedimento essencial para o estudo dos planos de expansão, a classificação entre rede principal de artérias, a qual deve ser estudada sistematicamente, com vastos critérios, e a rede menor dos bairros intermediários, na qual, fixadas algumas linhas, possivelmente coordenadas com linhas existentes, o fracionamento deveria ser estudado exclusivamente para atender as necessidades do futuro imediato. E, nessa mesma ordem de conceitos, o Congresso de Liverpool, de 1909, sobre planos reguladores, ocupa- -se principalmente da secção das vias, a qual deve ser bastante grande nas linhas de tráfego máximo, mas não nas demais. A Town Planning Conference ** de Londres, de 1910, conclui pela variedade a ser dada às vias, que devem adaptar-se à configuração do terreno, pela adoção de parques e jardins, especialmente entre a parte antiga e a nova de uma cidade, por um estudo da zona subterrânea relativa às grandes artérias, de forma a as- * Associação Alemã de Engenharia e Arquitetura (N. dos T.). ** Conferência de Planejamento Urbano (N. dos T.). Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

22 112 Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos segurar, da melhor maneira possível, uma contribuição às comunicações e aos múltiplos serviços da cidade; e, afirmado o respeito pelos monumentos, estabelece a resolução de que cada transformação e cada ampliação não deverão nunca acontecer sem a aprovação com base em um estudo sério e profundo de uma comissão de artistas e de estudiosos. Os Congressos de Art Public * ocorridos em 1905, em Liège e, em 1911, em Bruxelas, afirmam ambos (nos relatos de Stübben) a necessidade da conservação das particularidades locais, tanto do ponto de vista da paisagem, como da arquitetura e da história. No Congresso artístico ocorrido em Veneza, em 1905, no Congresso Internacional dos Arquitetos de 1906, em Londres, naquele, finalmente, de 1911, em Roma, o aplauso e a adesão dos participantes voltaram- -se às conclusões de Ojetti, de Buls, de Stübben, que afirmavam, de maneira diversa e de diversos pontos de vista, os postulados da nova estética edilícia. * * * Tudo isso vale para os novos bairros considerados como organismos à parte, como pequenas cidades em si 16. Mas há também aplicações diretas no problema, frequentemente gravíssimo, da renovação e da adaptação * Arte Pública (N. dos T.). 16. O caso de cidades inteiramente novas, fundadas longe de antigos centros habitados, como o foram, por exemplo, na Antiguidade, Alexandria do Egito e, na Idade Média, Alexandria da Paglia, já é muito raro. De exemplos ou, Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

23 Velhas Cidades e Novas Construções Urbanas 113 dos velhos centros às funções de uma vida nova, para os quais o afirmar-se das recentes tendências, o início da novíssima era edilícia, abre inesperadamente a possibilidade de um desenvolvimento racional, não congestionado e tumultuado. Até agora, quase sempre aconteceu que a velha cidade, ampliada sem medida pelos novos bairros acrescidos, tenha permanecido o núcleo central da cidade moderna, tornando-se o coração da localidade, para o qual converge o movimento, e transformando-se mal no bairro dos negócios, das lojas, das habitações de luxo. Esse desenvolvimento centrípeto fez aumentar enormemente o valor das áreas e das construções e, portanto, produziu acréscimos e elevações de velhos edifícios, um adensamento sempre maior, que tornou ainda piores as condições. Naquele momento, não se viu outro remédio além das operações cirúrgicas, e a picareta atuou, quase sempre de forma ineficaz, frequentemente sacrificando obras de arte e perturbando a harmonia e o caráter, mas sem chegar a resultados correspondentes ao objetivo. O problema não deveria ter sido colocado assim, já que, querer introduzir, à força, a máxima intensidade para melhor dizer, de projetos recentes na Europa, pode-se citar aquele de Zeebrügge, a cidade que deveria ser construída no mar do Norte, na desembocadura do canal de Bruges, e para a qual os planos foram estudados com grande cuidado (ver Stübben, op. cit., fig. 624), mas que, provavelmente, não nascerá nunca para não atrapalhar os interesses da Antuérpia. Mais frequentes são os exemplos americanos, dentre os quais são grandiosos, mas não tão recentes, aqueles de Washington e La Plata. Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

24 114 Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos de vida moderna em um organismo edilício feito com critérios antigos é querer aguçar de maneira insanável o dissídio entre duas ordens essencialmente diferentes e não resolvê-lo. A via a seguir deve ser, quando possível, outra: desadensar o velho núcleo citadino, impedindo que o novo desenvolvimento edilício, agindo sobre esse, venha a atribuir-lhe uma função à qual é totalmente inadaptado; colocá-lo fora das grandes linhas de tráfego; reduzi-lo a um modesto bairro misto de casas de negócio e de simples habitações. Só então, uma organização local, sabiamente idealizada e pacientemente colocada em ação, poderá, nessa antiga localidade, levar, caso a caso, a oportunas transações entre os novos propósitos e as condições relativas ao passado. Duas ordens de questão, portanto, delineiam-se: coordenação dos novos bairros em relação ao antigo centro e sua sistematização local. No que diz respeito à primeira ordem, eu não saberia encontrar paralelo mais apropriado do que aquele dos sistemas de drenagem. Quando as águas invadem e encharcam um vale ou uma planície e os meios de defluxo comuns não conseguem deixá-la evadir, é necessário, primeiramente, reter as águas altas, ou seja, desviar todas as correntes externas que afluíam para o pântano, dirigindo-as, por outra via, ao mar ou a um curso d água que as coletem, de forma a poder desenvolver os trabalhos de drenagem, seja dando escoamento natural aos terrenos, seja exigindo providências artificiais de elevação e de aterro apenas às águas internas da bacia. Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

25 Velhas Cidades e Novas Construções Urbanas 115 Abandonar essa norma e levar os cursos d água superiores a atravessar a bacia que se gostaria de secar, como em parte aconteceu nos pântanos Pontinos, na incompleta drenagem de Pio VI, conduziria, inevitavelmente, a uma perturbação de todo o regime das águas internas, produzindo estagnações e refluxos nos canais transversais feitos para o seu escoamento. Também assim para o movimento citadino: distinguir o tráfego local daquele externo que vai em direção aos nós principais, e daquele de passagem que, simplesmente, atravessa pelo meio da cidade ou por um bairro seu, canalizar esses dois últimos em vias oportunamente sinalizadas (ordinariamente radiais umas e periféricas outras) é a primeira norma para o desenrolar regular da vida da cidade. Valer-se desses traçados para isolar alguns bairros em vez de atribuir-lhes importância artificiosamente é o meio mais eficaz nas mãos de quem deve prover, mediante os planos reguladores, um rumo, com cuidado previdente, para o desenvolvimento futuro e estabelecer, para cada uma das zonas, a função mais apropriada naquele complexo organismo que é uma cidade 17. Os dois sistemas planimétricos mais racionais que foram adotados para esses tipos de soluções podem ser considerados, pelas suas maiores aplicações, o sistema de Viena e aquele de Berlim. 17. A comparação hidráulica poderia continuar por tantos outros elementos, especialmente pelas leis de confluência e defluência de cada um dos ramos, pelo regime e pelas anomalias das correntes etc.; e talvez fosse interessante prosseguir com ele, se não fosse demorar tanto. Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

26 116 Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos Fig. 5. Bairro da ampliação de Dessau. Projeto do arquiteto Henrici. (De HENRICI, Beiträge zur Aestetik im Städtebau, fig. 19) Viena tem o Ring: e nessa grandiosa artéria circular encontra expressão regular e lógica aquela que é a natural tendência de estratificação periférica das cidades, na qual, geralmente, o antigo circuito, as muralhas, as fortificações demolidas, sinalizam, com a sua linha, uma etapa do desenvolvimento. Mas o Ring vienense, talvez a mais monumental concepção edilícia dos tempos modernos, é algo maior: é um vasto espaço que separa os bairros externos do interno e impede que o aprisionem e o sufoquem; é a linha máxima do movimento e dos negócios, que circula em torno da velha cidade sem penetrá-la. Em seguida, as mais amplas artérias peri- Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

27 Velhas Cidades e Novas Construções Urbanas 117 féricas externas, ou seja, a linha dos Gürtel* e a outra ainda maior que agora está sendo feita, e as vias radiais e a ferrovia metropolitana que oportunamente segue em parte o curso do rio Wien, completam o sistema e atendem racionalmente aos vários tipos, bem divididos, de tráfego viário, coordenando os vários centros. O sistema foi possível de maneira assim perfeita em Viena pela relativa pequenez do núcleo, em comparação com a grande metrópole ou, melhor dizendo, pela previsão de quem soube, em tempo, antes do desenvolvimento colossal, idealizar, para esse, o traçado e a extensão. Da mesma forma foi possível, em período mais recente, em Nuremberg que, ajudada pela sua conformação altimétrica, pôde, com a avenida que circunda as antigas muralhas, permanecidas intactas, salvar o seu admirável caráter medieval. Foi, ainda, assim, em Leipzig e em algumas das cidades renanas, como Colônia e Düsseldorf, nas quais o grande desenvolvimento é recente, mas muito rápido 18. Em outros lugares chegou muito tarde ou a cidade já era muito vasta e irregular, como em Paris e em Milão, onde as linhas dos boulevards** e das avenidas são, ao contrário, muito úteis para constituir circuitos externos e intermediários (agora quase em todo * Cinturões (N. dos T.). 18. Talvez em nenhum lugar como na Prússia renana foi assim grandioso o desenvolvimento das cidades. Basta pontuar a formação de centros como Dortmund, Gelsenkirchen, Oberhausen, Duisburg, Ruhrort, Meiderich etc., que apenas vinte anos atrás eram vilarejos. Exemplos os quais nós, na Itália, podemos apenas superficialmente traçar um paralelo com aquele de Spezia. ** Bulevares (N. dos T.). Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

28 118 Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos lugar se vai acrescentando, nas cidades, a grande linha de cincunvalação externa), mas não para desembaraçar realmente a zona central. Em Berlim, ao contrário, a solução foi dada pelo deslocamento do centro de gravidade da metrópole, que aconteceu naturalmente com o desenvolvimento dos novos bairros (Charlottemburg, Wilhelmsdorf, Berlin-W), não igualitariamente para todos os lados, mas, prevalentemente, em direção ao sul e ao oeste, de tal forma que o atual centro não se encontra mais como até uns anos atrás no encontro Friedrichstrasse-Unter den Linden, mas já se encontra em direção à Postdamerplatz; ali em torno, agrupam-se, agora, os bairros de casas senhoriais, os bancos, os edifícios públicos principais; ali chegam, até as estações da Nollendorf-Platz e da Wittemberg- -Platz, as novas vias subterrâneas e os cruzamentos com as vias preexistentes. Berlim é exemplo grandioso dessa solução. Menor, contudo muito mais completo e típico, é o exemplo de Estrasburgo, no qual toda a Neustadt* foi desenvolvida em torno aos novos nós principais, como os edifícios dos Ministérios, a Universidade etc., completamente a leste e a norte da antiga cidade, que permaneceu intacta no aspecto característico do seu povoado, que se agrupa em torno da grande catedral. Esse sistema de deslocamento do centro parece, como é fácil entender, de aplicação não ágil, mas possí- * Cidade nova (N. dos T.). Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

29 Velhas Cidades e Novas Construções Urbanas 119 vel em cada cidade em desenvolvimento progressivo 19, mais do que o sistema do Ring, que se liga a condições especiais; e não faltam os casos, na variadíssima e múltipla conformação das cidades, em que ambos os sistemas podem cooperar e ter, pelo menos, uma aplicação parcial. Mas idealizar um previdente plano de ampliação não basta se, a esse, não se faz seguir uma pensada e constante Política edilícia por parte das administrações municipais e, principalmente, se essa não se baseia na diretriz racional daquele que foi chamado de elemento cinemático das cidades. Escavar canais de drenagem é inútil se a eles não se amarram, cuidadosamente, as fontes, se, conjuntamente, não forem canalizados os cursos dos riachos das montanhas, que para eles afluem. Não adianta traçar uma rede de estradas se, em tempo, as artérias de comunicação não forem coordenadas a ela, e não se contribua para direcionar a construção dos bairros com numerosas medidas (regulamentos edilícios, isenções fiscais, construção de edifícios públicos etc.) das quais as administrações podem dispor. Seria pueril insistir sobre a importância prática dos meios de comunicação nas cidades modernas e sobre sua influência sobre aquilo que é o elemento econômico intermediário do desenvolvimento edilício, ou seja, o valor das áreas. Diz, assim, justamente Maggiorino 19. Nos centros de crescimento lento, como são quase todas as menores cidades italianas, o desenvolvimento edilício de um único lado acontece naturalmente na medida em que os edifícios se aproximam da estação ferroviária. Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

30 120 Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos Ferraris 20 : Sobretudo nas cidades não muito vastas, a eletricidade, aplicada às ferrovias, às linhas de bonde, aos ônibus, revolucionou inteiramente o regime das áreas e das habitações econômicas, acabou com a agiotagem das áreas O motor elétrico supera de uma vez o monopólio e se lança em poucos minutos no campo aberto, onde valoriza extensões ilimitadas de área passíveis de construção por pouco dinheiro o metro quadrado. As cidades-jardins inglesas surgiram desse modo, precedidas pelo desenvolvimento da rede ferroviária e de bondes suburbana. Na região renana, assim, o restrito vale entre Barmen e Elberfeld logo se tornou toda uma cidade linear, depois que foi instituída a Schwebe-bahn*, que, com audaciosa solução, passa (para não ocupar espaço) equilibrando-se na parte de cima do rio. E, finalmente caso, dentre todos, exemplar, em Düsseldorf todo um bairro, agora muito próspero, foi criado pela Rheinische Bahngesellschaft do outro lado da ponte sobre o Reno, em terrenos, até poucos anos atrás, rurais, que a Sociedade comprou e que lavrou ao irradiar neles uma completa rede de bondes, a qual, por algum tempo, funcionou com perdas, e, depois, rendeu a altos juros o capital empregado. Dever-se-ia, portanto, afirmar-se um princípio, que mesmo entre nós, em grande atraso de ideias e de atividade no que diz respeito à organização edilícia, é 20. Ver Maggiorino Ferraris, Il Rincaro delle Pigioni e le Case degli Impiegati in Roma, Nuova Antologia, 16 luglio, * Via suspensa (N. dos T.). Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

31 Velhas Cidades e Novas Construções Urbanas 121 bem distante de ser colocado em prática: os municípios nunca deveriam abrir mão da arma muito potente na atual Política habitacional que é dada pelos meios de comunicação. O traçado das ruas dos bairros novos, as providências para sua completa sistematização, a construção das ferrovias e dos bondes que os ligam não deveria nunca, como geralmente acontece, seguir cansativamente e tardiamente o desenvolvimento da obra, mas corajosamente precede-la. Apenas assim as Prefeituras poderiam direcionar de forma racional tal desenvolvimento e providenciar, a tempo, as múltiplas exigências das novas e antigas zonas: e somente assim poderiam, além de exercer sua função direta, voltar-se a um campo de especulação útil, justa e oportuna em suas mãos, tanto quanto é geralmente malsã naquelas dos particulares e das Sociedades, ou seja, a especulação das áreas edilícias. * * * Vejamos um momento e não é um exame muito alegre aquilo que foi feito em Roma nessa ordem de questões, relativas à coordenação do desenvolvimento novo com o centro antigo. Roma, desde 1870, assim como iniciou uma nova era para a sua história, iniciou uma para a sua construção urbana, acrescentando outro capítulo àquele dos seus acontecimentos construtivos, longos e complexos como em nenhuma outra cidade do mundo. Precisamente por essa complexidade e essa continuidade é possível dizer que Roma velha não corres- Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

32 122 Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos pondesse a um único e orgânico sistema edilício, mas sim a vários, integrados e sobrepostos entre si. Já no período antigo, a cidade vinha se compondo como uma aglomeração densa e informe de bairros, reunidos em torno ao Fórum, em direção ao qual as principais artérias convergiam radialmente: também o incremento edilício dado por Augusto que, ultrapassando o antigo pomério*, tinha povoado de monumentos o Campo de Marte, e, especialmente, por obra de Mecenas, tinha transformado os bairros altos de casarões (que logo passaram ao patrimônio imperial e constituíram parques colossais), se aumentou a beleza e o fausto da capital, não mudou substancialmente o centro de gravidade do grupo imenso de vici e de insulae**, entre os quais 21 fervilhavam as mais de centenas de milhares de habitantes que com- * Na antiga Roma, a faixa de terreno ao longo das muralhas, livre das construções (N. dos T.). ** Vici refere-se a bairros, quarteirões. Insulae refere-se a condomínios, a moradias de aluguel, em oposição a habitações de uma só família (ver Gustavo Giovannoni, Vecchie Città e Edilizia Nuova, Torino, Unione Tipografico-Editrice Torinese, 1931, p.18) (N. dos T.). 21. Devia ser enorme o adensamento da população nas insulae; e é sabido como Augusto, para frear o grande desenvolvimento das construções em altura, além de em superfície, às vezes alcançando dez pisos, decretasse que não poderiam ser elevadas acima de setenta pés. É natural que tal adensamento fosse bem maior nos bairros populares do que naqueles senhoris, onde prevalecia o tipo da domus: os primeiros agrupamentos em direção a Suburra (que Augusto quis separada da zona dos Fóruns por meio de um grande muro), os segundos, especialmente no Quirinal, na região Alta Semita. [Pé: unidade de medida que corresponde a aproximadamente 30,48 cm (N. dos T.)]. [Domus: refere-se à casa de uma só família. Ver Giovannoni, op. cit., 1931, p. 18 (N. dos T.)]. Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

33 Velhas Cidades e Novas Construções Urbanas 123 punham a população romana 22. E podem ser considerados simples episódios, geniais ou trágicos, o grandioso projeto de Júlio César, que tinha idealizado o desvio do Tibre e a inclusão, na cidade, da zona de vale, o atual bairro de Prati; ou o incêndio neroniano, movido, como agora parece demonstrado, pelo desejo de desapropriar de forma rápida a grande zona de terreno necessária para a domus aurea 23. Chegada a Idade Média e, com essa, a pobreza e o abandono, interrompidos os aquedutos, reduzida a população àquela de um vilarejo, a cidade restringe-se aos bairros pobres, em torno ao Tibre, em direção ao Regola e sob o Capitólio, e eis que, de fato, vê-se o mercado mudar de lugar e, ultrapassando o monte Capitolino, do Fórum romano transportar-se aos pés da Igreja de Aracoeli 24. Novamente se desloca no início do Renascimento e chega à Praça Navona seguindo o vigoroso incremento edilício, que sob Sisto IV (como um século depois sob Sisto V) decididamente e conscientemente se adequa ao 22. O número de habitantes no período de César e de Augusto e depois novamente sob Aureliano pode ser, pelos dados dos censos, avaliado em torno de ou (ver Piero Castiglioni, Della Popolazione di Roma, dalle Origini ai Nostri Tempi, Roma, 1878). As cifras de vários milhões (dois milhões e meio segundo Höck, além de oito segundo Vossio etc.) devem ser, então, relegadas a lendas. 23. Ver Attilio Profumo, Le Fonti e i Tempi dell Incendio Neroniano, Roma, Com certeza o desejo de Nero foi ultrapassado, já que das quatorze regiões de Roma talvez sete se incendiaram. Mas a cidade foi logo reconstruída com ruas muito mais largas, mas com população tão densa como antes e com um método de construção, parece, mais insalubre do que antes (Tácito, Ann. XV, 38, 43). 24. Ver Ferdinando Gregorovius, Storia di Roma nel Medio Evo. Ver também Pasquale Adinolfi, Roma nell Età di Mezzo, Roma, 1881, vol. I. Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

34 124 Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos sistema da mudança do centro de construção. Em direção ao Vaticano, no Borgo, nos bairros de Parione e de Ponte inicia-se a nova atividade edificadora, e a Via Papal, o bairro de Banchi, mais tarde a Via Giulia, tornam-se a zona mais nobre e rica da cidade. Depois, pouco a pouco, a cidade expande-se em direção ao Campo de Marte e aos Montes; para além desses dois bairros, eis que rapidamente se desenvolve o grande plano de Sisto V 26, o qual traça as suas vias convergentes em direção a nós principais, que são a Praça do Popolo, de Spagna, Santa Maria Maggiore, S. Giovanni em Laterano: vasta rede, da qual os séculos sucessivos preencheram alguns espaços, especialmente em direção ao Popolo e à Via Urbana, mas que somente o período recente definitivamente transformou em cidade. Quase se pode dizer que o programa de Sisto V é oposto àquele que, nesse período moderníssimo, de 1870 até hoje, foi desenvolvido. Naquele momento, uma grande rede viária sem casas; agora, um desenvolvimento enorme de construções tanto que em pouco tempo a cidade mais que duplicou sem o uso de um conceito orgânico na coordenação de vias e de bairros. Naquele momento, uma concepção megalomaníaca de uma grande cidade futura que devia ser canalizada nas novas ruas; agora, um viver dia após dia perseguindo tardiamente o desenvolvimento das construções, sem um amplo critério edilício, sem um meditado pensamento de arte, sem uma 25. Ver Ludwig von Pastor, Geschichte de Päpste, IV, IV. 26. Ver Johannes A. F. Orbaan, Sixtine Rome, London, Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

35 Velhas Cidades e Novas Construções Urbanas 125 previdente diretriz do desenvolvimento econômico e do movimento citadino. Na verdade, infelizmente em quase todas as manifestações novas faltou na Roma moderna um sentimento verdadeiramente elevado: nem a compreensão do significado que tem a tradição ininterrupta da cidade eterna, nem a fé certa nos futuros destinos da capital da Itália 27. Assim, da mesma forma que os edifícios públicos, os Ministérios, os tribunais e as escolas se adaptaram da melhor forma possível, com frequência indecorosamente, em velhos conventos, os bairros surgiram aqui e ali por obra da especulação privada sem uma linha diretora por parte da administração municipal, a qual chegou até mesmo a fingir ignorar a existência de alguns desses, como aquele de S. Lorenzo, que surgiu contrariamente à sua vontade. Para dizer a verdade, uma nova organização foi pensada logo e, desde 30 de setembro de 1870, foi nomeada, pela Junta Provisória de Roma, uma primeira Comissão de 14 engenheiros e arquitetos para os estudos, e já em novembro de 1871, o Escritório de Arte Municipal tinha redigido um primeiro esquema de plano regulador 28. Mas doze anos foram empregados em discussões entre as quais muitas se referiam à habitabilidade do 27. Para se ter uma prova dessa mesquinhez de critérios, releiam nas atas parlamentares e naquelas do Conselho municipal de Roma as discussões de diversos tipos relativas ao desenvolvimento da capital que, especialmente entre 1870 e 1880, aconteceram no Parlamento e no Município. 28. Ver Relazione Intorno al Piano Regolatore di Roma, Ver também Raccolta degli Atti del R. Governo del Parlamento, del Comune Relativi al Piano Regolatore, Roma, Bencini, Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

36 126 Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos futuro bairro de Prati di Castello e, apenas em 1883, foi possível ter um plano regulador bastante completo, apesar de pobre e infeliz; apenas em 1888, depois que grande parte das construções tinha sido levantada desordenadamente, chegou um Regulamento edilício! Não faltou, para falar a verdade, quem tivesse um conceito menos míope. Quintino Sella, um dos poucos que tinham amado profundamente Roma, pareceu aproximar-se da ideia, para alguns expressa por Haussmann, o renovador de Paris 29, segundo a qual a nova cidade deveria desenvolver-se não contendo a antiga, mas ao lado dessa, em direção ao Monte Mario e a Prati di Castello. Outros propuseram a zona fora da Porta S. Giovanni. Mas o ceticismo e a falta de consciência prevaleceram. Por que enfrentar as febres do campo e ir longe, quando não se sabia se e como a cidade se desenvolveria e quando não faltavam, no centro, locais para colocar os ministérios? E o futuro ficou comprometido e o transtorno se iniciou e se acentuou. Vieram as novas ruas, algumas externas, outras internas, algumas traçadas felizmente em alguns trechos (como a Via Nazionale, o Corso Vittorio Emanuele, a Via Veneto), mas quase todas unidas na característica de partir de um ponto sem que se soubesse aonde deveriam terminar. E assim a Via Nazionale (que De Merode parecia querer dirigir para o Fórum Romano!) oscilou por um longo tempo entre a saída da Praça de Veneza 29. Na verdade, nenhuma menção disso se encontra nas Mémories publicadas pelo barão Haussmann (op. cit.). Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

37 Velhas Cidades e Novas Construções Urbanas 127 e aquela em direção à Praça Colonna. A Via Cavour, a Via Arenula, o belíssimo Passeio Gianicolense, o Corso Vittorio Emanuele, o prolongamento da Via dei Serpenti foram executados, e talvez também idealizados, como vias unipolares, sem saída ou com saídas estreitas e indecorosas, de qualquer forma, quase nunca de maneira correspondente a uma verdadeira função edilícia. Nem função edilícia tiveram, como foi acenado, os novos bairros que, por todo lado, levantaram-se, apertando e sufocando a velha cidade: não a tiveram em termos de ligação à rede existente, nem como organismos de bairros em si, apressadamente traçados seguindo o sistema retangular, sem uma relação com o relevo do terreno (o qual foi cheio em alguns pontos com montanhas de entulho resultantes das demolições), sem uma pesquisa de arte, a qual poderia ser obtida facilmente, se não por meio de agrupamentos pitorescos, o que talvez seja muito árduo de imaginar, pelo efeito das grandiosas visuais na direção de elementos naturais e artísticos já existentes. No bairro de Prati, nenhuma rua tem o eixo em direção à cúpula de S. Pietro ou ao Castelo S. Angelo, nenhuma praça se abre em direção ao admirável quadro do Monte Mario. No centro congestionado da cidade alguns cortes pareceram necessários: alguns foram consequência da obra dos Lungotevere, outros, como aqueles do Corso Vittorio Emanuele, da Via Arenula, da Via Tomacelli etc. representaram artérias de travessia; e, dado o modo como a questão tinha sido comprometida, eram, na verdade, Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

38 128 Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos quase todos necessários e também, em grande parte, pode-se dizer que foram bem idealizados, e, talvez, até de forma genial. Mas não é pouco o balanço passivo dessa atividade demolidora: economicamente, um gasto improdutivo de cerca de 170 milhões 30, um agravo nada leve na crise dos alugueis; artisticamente (enquanto a ampliação sacrificava mansões magníficas como a Ludovisi, a Rospigliosi, a Patrizi), aconteceu a destruição de edifícios consideráveis e característicos da Idade Média e do Renascimento 31 e a alteração do seu ambiente. E se a destruição já se havia tornado em grande parte inevitável, é deplorável que não se tenha pensado em conservar os fragmentos que ainda podiam ser recolhidos e utilizados 32 e, nem mesmo, em fixar os documentos gráficos mediante fotografias e levantamentos metodicamente executados. Em geral, portanto, foi um período triste aquele do último desenvolvimento edilício romano. Certamente, o problema era grave, e, além daquele de índole geral, dificuldades de todo gênero o agudizavam: a irregular conformação altimétrica, a pobreza financeira, a existência, no centro, da zona arqueológica dos Fóruns e do Palatino, cidade fechada na cidade, a índole da população relutante a novidades (é conhecido como nem mesmo de 30. Ver Maggiorino Ferraris, op. cit., p Ver G. B. Giovenale, Prefazione dell Inventario dei Monumenti di Roma, publicada pela Associazione artistica fra i cultori d Architettura, Roma, Ver o meu artigo Reliquie d Arte Disperse della Vecchia Roma, Nuova Antologia, Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

39 Velhas Cidades e Novas Construções Urbanas 129 graça se conseguiu dar terrenos com a obrigação de construir quando a via Nazionale foi começada) 33 ; e, por outro lado, seria injusto dizer que tudo aquilo que foi feito seja feio e vulgar. Mas, certamente, é doloroso constatar como foi perdida a ocasião de fazer da Roma moderna, retomando as suas tradições de arte e as suas condições de beleza, uma das mais esplêndidas cidades do mundo. Ao contrário, é de se considerar quase providencial a repentina crise de 1888 (causada, precisamente, mais do que pelo rebuliço financeiro, pelo modo indisciplinado com o qual a cidade cresceu) que parou de um só golpe a construção e permitiu chegar tempos mais maduros; já que agora também aqui se abrem caminhos a novas noções e se determinam novos meios, e uma consciência edilícia começa a formar-se nas Administrações e no público. Data de 1906 o plano regulador apresentado por Benucci, que eu aqui defini como uma simpática girândola de vias e de jardins; e a ele seguiu-se, em 1908, o plano de Sanjust di Teulada, que é, por hora, o definitivo. Quando tantos anos eram transcorridos sem que um plano completo e concreto fosse preparado, dessa vez se quis tê-lo pronto em apenas três meses: três meses para analisar em profundidade o passado e o futuro de Roma. A cultura, o engenho, a faculdade assimilativa do Sanjust, o método liberal adotado de ouvir as sugestões 33. Ver F. Galassi, Sugli Odierni Criterii Edilizi, Annali della Società Ingegneri ed Architetti Italiani, 1905, p Ver também Pacifico Di Tucci, Dopo la Speculazione Edilizia, Roma, Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

40 130 Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos das Associações competentes e de conciliar as propostas dos particulares com o interesse público não podiam, portanto, evitar, então, as diferenças e a inorganicidade próprias de todas as improvisações em problemas complexos. Aquelas relativas ao traçado viário dos novos bairros foram assinaladas, com crítica severa, pelo ilustre Stübben na sua conferência sobre planos reguladores das cidades, ocorrida no Congresso internacional de Arquitetos de e em recentes estudos seus, que apareceram em vários periódicos alemães 35. Ali, ele destacou a adaptação frequentemente infeliz às condições altimétricas, os encontros e as articulações de ruas mal combinadas, as quadras exageradamente vastas, o abuso das ronds points* que representam um dos lugares comuns das soluções edilícias, já antiquado, depois que a prática mostrou (especialmente em Paris que é talvez a pátria deles) os inconvenientes graves para a circulação que essas unem à vulgaridade da disposição. Todo o progresso, diz Stübben, que em todas as nações se manifesta em direção a uma nova era edilícia, permaneceu sem influência sobre o novo plano diretor de Roma, no qual em vão se procuraria a ideia arquitetônica do espaço, em vão uma nota artística que recorde as grandes criações do barroco romano. 34. Ver Atti del IX Congresso Internazionale degli Architetti, op. cit. 35. Ver Deutsche Bauzeitung, 1909, n. 29 e Centralblatt der Bauverwaltung, 1913, n. 27. * Rotatórias (N. dos T.). Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

41 Velhas Cidades e Novas Construções Urbanas 131 Fig.6. Roma. O bairro de S. Pedro segundo o plano municipal (projeto Sanjust). Fig.7. O bairro de S. Pedro segundo as propostas de Stübben. Fig.8. O bairro de Porta S. Pancrazio segundo o plano municipal. Fig.9. O bairro de Porta S. Pancrazio. E, a essa crítica negativa, o notável estudioso de questões edilícias quis, no último dos trabalhos agora citados, publicado no Centralblatt der Bauverwaltung de abril de 1913, unir a obra positiva de propostas concretas, contrapondo, às soluções do plano oficial para os vários novos bairros, alguns esboços de soluções estudadas por ele sobre o lugar: mesmo advertindo que não pretende, com isso, propor nada de definitivo (o Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

42 132 Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos que exigiria outro tipo de estudo analítico), mas apenas exemplificar e assinalar a via que poderia ser percorrida. O escopo poderia, ele assim conclui, ser obtido a partir de um concurso internacional, único meio adequado para obter o melhor ; por que só o melhor é digno de Roma!. Algumas dessas geniais propostas de Stübben estão reproduzidas (cedidas em cortesia) nas figs. 7, 9, 11, ao lado dos correspondentes traçados do plano municipal (figs. 6, 8, 10); e são, precisamente, aquelas relativas aos bairros de S. Pedro, S. Pancrazio e Praça de Armi. E o confronto, parece-me, não precisa de comentário. Mas, retornando dessas observações especiais ao exame integral do plano adotado pelo Município de Roma, em relação ao agrupamento dos bairros em si e à sua ligação com o centro, pode ser diverso o juízo sobre as propostas de tipo variado: se se mostra providencial e racional a repartição do sistema de ocupação nas diversas zonas, se é considerável (mas incompleta) a tentativa de colocar um plano de organização das redes de bonde e ferroviária paralelo àquele da organização viária, ao contrário, não parecem resolvidas as questões que se referem à posição topográfica dos novos centros de construção, cada um dos quais é ampliação de um bairro já existente. Novamente, portanto, o desenvolvimento edilício circunda, por todos os lados, a cidade, cujas condições de viabilidade interna não poderão certamente resultar melhoradas, apesar de um insuficiente e incompleto anel que se ligou entre o Lungotevere e os Viali delle Mura e apesar da imensa linha exterior. Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

43 Velhas Cidades e Novas Construções Urbanas 133 Fig. 10. O bairro de Piazza di Armi segundo o plano municipal. Fig. 11. O bairro de Piazza di Armi segundo as propostas de Stübben. Gustavo Giovannoni_1a prova.indd /01/12 14:55

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