ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE NO ENVELHECIMENTO
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- Marcela Fraga Rios
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1 1 ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE NO ENVELHECIMENTO No Brasil, o ritmo de crescimento da população idosa tem sido sistemático e consistente representado pelo reflexo de uma taxa de fecundidade abaixo do nível de reposição populacional e do aumento da expectativa de vida, fazendo com que o grupo de idosos ocupe espaço significativo na sociedade brasileira. Dados quantitativos estabelecem um aumento médio de três meses de vida nos dias de hoje para ambos os gêneros. No Brasil se aproxima dos 26,1 milhões de pessoas o que equivale a 13,8% da população A previsão é de que em 2030 esse grupo representará 18,6% da população brasileira. (1) De fato, esse aumento na expectativa de vida, tem sido uma conquista significativa da sociedade moderna contudo Oliveira-Campos (2) afirmam que estes anos adicionais, têm exposto está população, a um maior risco de desenvolver doenças crônicas não transmissíveis, têm acentuado os declínios nas funcionalidades físicas (3) e cognitivas (4), provenientes dessa fase da vida. A diminuição das capacidades físicas e motoras decorrentes do processo de envelhecimento, associada ao sedentarismo, pode levar o idoso a uma condição de fragilidade extrema, deixando a sua independência física ameaçada, caso enfrente intercorrências como quedas, doenças, entre outras, além de acelerar o processo normal do envelhecimento, tornando o organismo mais propenso a contrair doenças e a encontrar dificuldades na realização das atividades básicas e instrumentais da vida diária Com esse aumento na expectativa de vida dos idosos e a constatação da interferência do sedentarismo de forma negativa nos efeitos deletérios do envelhecimento, há a necessidade de novas políticas públicas voltadas para o atendimento à saúde e o bem-estar dessa população. A atividade física é definida entre os profissionais da área da saúde como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resulta em gasto energético maior do que os níveis de repouso, (5) tendo um papel determinante no sucesso do processo do envelhecimento. Evidências científicas indicam claramente que a participação em programas de atividades físicas regulares é uma forma independente para reduzir e/ou prevenir uma série de declínios funcionais associados ao envelhecimento(2)(6), uma vez que esta realizada
2 2 constantemente traz benefícios incontestáveis para a longevidade com uma melhor qualidade de vida. Fato que pode ser exemplificado por Hoefelmann (7) que ao acompanharem por 12 anos dois grupos de mulheres idosas (participantes de um programa de atividade física e não participantes) com média de 65,6 anos encontraram resultados melhores para todas as capacidades (coordenação, flexibilidade, agilidade e equilíbrio dinâmico, resistência de força, resistência aeróbia geral) no grupo de idosas participantes de um programa de atividade física. Além de combater o sedentarismo, a prática regular de exercício físico contribui para a manutenção da aptidão física do idoso, seja no foco voltado à saúde como nas capacidades funcionais. Porém, devido às alterações fisiológicas decorrentes do processo de envelhecimento, os exercícios físicos podem apresentar algumas limitações para os idosos, sendo necessário adequá-los à capacidade dos executantes. Durante a execução de um programa de atividade física destinado a idosos, existem os riscos impostos à saúde que devem ser respeitados de acordo com as limitações de cada um juntamente com os sintomas existentes, como dores, falta de ar e cansaço. Esses cuidados podem ser tomados de acordo com a adequação apropriada da intensidade, volume, frequência, tempo de recuperação e escolha dos exercícios, bem como na escolha de locais seguros e do vestuário (8). Um dos aspectos mais fascinantes é a relação entre o exercício, atividade física e a longevidade (9)(10) sendo que os estudos mostram de forma geral que os indivíduos que eram fisicamente ativos apresentam um menor risco de mortalidade por todas as causas do que os fisicamente inativos. Da mesma forma, foi encontrado que o nível de condicionamento físico em idosos é um fator preditor de mortalidade independente da adiposidade abdominal ou total (7). Alguns estudos têm procurado verificar a relação entre o nível de atividade física e a capacidade funcional e outros parâmetros de saúde (2)(11)(8). As conclusões mostram que a atividade física no tempo livre realizada em pouca quantidade, em intensidade leve duas vezes ou mais na semana e de atividades de condicionamento realizadas menos de três vezes por semana foram associados com maior risco futuro de dificuldades na mobilidade de adultos e idosos.
3 3 Quando se considera a prescrição de exercícios para indivíduos idosos, deve-se contemplar a exemplo de outras faixas etárias os diferentes componentes da aptidão física: condicionamento cardiorrespiratório, resistência e força musculares, composição corporal e flexibilidade. A diretriz sobre a prescrição de exercícios físicos para a população idosa faz parte de um conjunto de esforços de diferentes institutos e pesquisadores do Brasil e do mundo que objetivam criar métodos direcionados a suas reais necessidades, aumentando a efetividade dos programas e reduzindo os riscos associados. De acordo com o American College of Sports Medicine (ACSM), a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME) e a Sociedade Brasileira de Geriatria e a SBGG a participação em um programa de exercício regular é uma modalidade de intervenção efetiva para reduzir/prevenir o número de declínios funcionais associados ao envelhecimento, contribuindo para a redução dos fatores de riscos associados (doenças cardíacas, diabetes, disfunções ortopédicas, distúrbios psicológicos, etc.), melhorando o estado de saúde, prolongando a independência e a expectativa de vida. (12) A escolha da modalidade de exercício deve valorizar acima de tudo as preferências pessoais e possibilidades do idoso. Após a avaliação pré-participação, uma ou mais modalidades podem ser contraindicadas em decorrência de doenças encontradas no indivíduo. O lazer e socialização devem integrar um programa bem-sucedido. Para que tal ocorra, as atividades devem ser, sempre que possível, em grupo e variadas. (13) Dessa forma, sair da inatividade já traz consideráveis benefícios à saúde; entretanto, para aqueles que já praticam atividade física regularmente, incrementos de intensidade são capazes de gerar benefícios ainda maiores. Entretanto, em alguns indivíduos idosos, sua baixa capacidade funcional não permite a prescrição de exercícios da forma ideal. É, portanto, necessária uma fase inicial de adaptação, na qual a intensidade e a duração serão determinadas em níveis abaixo dos ideais. A atividade física deve ser iniciada por uma fase de aquecimento, exercícios de alongamento e de mobilidade articular, além da atividade principal em menor intensidade. O aquecimento é uma fase importante, pois diminui os riscos de lesões e aumenta o fluxo sanguíneo para a musculatura esquelética. A redução progressiva da intensidade do exercício é
4 4 igualmente importante, por prevenir a hipotensão pós-esforço. Esses efeitos podem ser exacerbados nos idosos, pois estes apresentam mecanismos de ajustes hemodinâmicos mais lentos e frequentemente utilizam medicamentos de ação cardiovascular (14)(15). Assim, mediante a importância da atividade física para o bem-estar do idoso o governo vem cada vez mais investindo na saúde pública com investimentos na pratica regular de atividade física. Diante das habituais descobertas científicas a respeito das contribuições da atividade física para a saúde das pessoas e seguindo as tendências da Organização Mundial de Saúde (OMS) que considera o envelhecimento ativo e outros cuidados com a saúde primordiais para a qualidade do processo de envelhecimento populacional, o Ministério da Saúde vem tomando um conjunto de medidas que culminam, no ano de 2006, em diferentes políticas públicas que elaboraram diretrizes importantes para o contexto das ações em promoção de saúde da população em geral e dos idosos no Brasil, a saber: Visto a repercussão da atividade física no processo do envelhecimento como ferramenta de promoção e atendimento a atenção básica da saúde, torna-se relevante a continuidade de pesquisas sobre o assunto e maiores incentivos as políticas públicas para melhor atender essa população em franca expansão. REFERÊNCIAS 1. IBGE. IBGE [Internet]. POPULAÇÃO Available from: 2. Oliveira-Campos. Impacto dos fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis na qualidade de vida. [cited 2017 Apr 25]; 3. Nunes MES, Santos S. Avaliação funcional de idosos em três programas de atividade física: caminhada, hidroginástica e Lian Gong. Rev Port Cien Desp [Internet]. [cited 2017 Apr 28];9(3): Gomes Neto M, Castro MF de. Estudo comparativo da independência funcional e qualidade de vida entre idosos ativos e sedentários. Rev Bras Med do Esporte [Internet] Matsudo SM, Matsudo VKR, Barros Neto TL. Atividade física e envelhecimento: aspectos epidemiológicos. Rev Bras Med do Esporte [Internet] [cited 2017 Apr 28];7(1): Idosos LDE, Considerações A. Flávio Alves Oliveira 1 Washington Castro Pirajá 2 Adson Pereira Silva 3 César Pimentel Figueirêdo Primo ; Hoefelmann CP, Rosane T, Benedetti B, Antes DL, Lopes MA, Mazo GZ, et al. Introdução Aptidão funcional de mulheres idosas ativas com 80 anos ou mais. 2011
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