O DIREITO À SAÚDE SOB A PROTEÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "O DIREITO À SAÚDE SOB A PROTEÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO"

Transcrição

1 O DIREITO À SAÚDE SOB A PROTEÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO Edvaldo Pereira dos Santos 1 RESUMO O direito constitucional de acesso à saúde é um direito social e fundamental. É previsto pela Constituição da República de 1988 que a saúde é direito de todos e dever do Estado. Atribui-se, portanto, ao Estado o dever de implementar políticas sociais e econômicas com o fim de concretizar tal direito fundamental. O que acontece é que há uma negligência por parte da Administração Pública na implantação de políticas sociais, violando assim mandamentos constitucionais e consequentemente ferindo direitos fundamentais. Diante do exposto, discute-se neste trabalho a possibilidade de aplicação da teoria da reserva do possível em face do mínimo existencial e a possibilidade de, em casos excepcionais, o Judiciário intervir na esfera administrativa a fim de possibilitar o cumprimento dos mandamentos constitucionais. Esta intervenção é analisada à luz da máxima eficácia dos direitos fundamentais, o que, por conseguinte, não caracterizaria uma violação do princípio da separação dos poderes. PALAVRAS-CHAVE: Direitos fundamentais; Direito à saúde; Princípio da reserva do possível; Princípio da Separação dos Poderes. 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objetivo analisar, à luz dos princípios e direitos fundamentais, a possibilidade de intervenção do Judiciário na implementação de políticas públicas, especialmente no que diz respeito ao direito constitucional de acesso à saúde. Será de fundamental importância, para compreensão deste trabalho, a análise do princípio da reserva do possível aplicado à realidade socioeconômica do Brasil, bem como a análise do denominado princípio do mínimo existencial. Por derradeiro, será analisado o possível desrespeito ao princípio constitucional da separação dos poderes, quando relacionado às causas e intervenções supracitadas. 1 Funcionário público; Técnico em Segurança do Trabalho; Graduando em Direito pela Faculdade de Ciências Jurídicas Professor Alberto Deodato.

2 2. DIREITO À SAÚDE A saúde é tratada dentro da Constituição da República de 1988 como sendo um direito social, direito este igualmente fundamental. Ao analisar a saúde sob a ótica dos direitos fundamentais, é preciso levar-se em consideração certas peculiaridades que estes apresentam. Os direitos fundamentais devem ser constantemente ampliados, não podendo seu exercício sofrer limitações arbitrárias por parte de quem quer que seja. Deve-se sempre ter em consideração, em qualquer conflito de interesse, a máxima observância dos direitos fundamentais envolvidos, conjugando-a com a sua mínima restrição (LENZA,2012,P.962). Em uma análise extensiva dos direitos supracitados é que a Organização Mundial de saúde (OMS) define o conceito de saúde como sendo um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades". Nesse sentido, pode-se entender que o direito à saúde constitui um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, pois não é possível existir dignidade da pessoa humana sem acesso à saúde. A Constituição da República de 1988, entendendo a importância do tema, é bastante clara ao estabelecer em seus artigos a devida proteção ao direito à saúde, atribuindo ao Estado uma função positiva no que diz respeito à implementação do referido direito: Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (...) Art A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. No mesmo sentido é a chamada Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080/90), que regula as ações gerais de saúde: Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.

3 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. De acordo com os mencionados artigos, percebe-se que a postura adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro, no que diz respeito à proteção do direito social à saúde, após o advento da Constituição da República de 1988, é uma postura garantidora deste direito aos cidadãos. Dessa forma, o Estado, além de abster-se de praticar ações que prejudiquem ou retardem de alguma forma a concretização dos direitos fundamentais, deve atuar positivamente para que os direitos fundamentais sejam concretizados e ampliados. Assim, pode-se dizer que o Estado deve se comportar ora de forma positiva, ora de forma negativa, para que tais direitos sejam verdadeiramente efetivados. No Brasil, como veiculado constantemente na mídia, quando o assunto é saúde o clima é de insatisfação geral; percebe-se, assim, que o Estado não vem conseguindo implementar de forma satisfatória os direitos mínimos de existência do ser humano, violando, assim, diversos princípios constitucionais. A não efetivação dos direitos fundamentais constitui uma afronta direta aos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, tais como, o de construir uma sociedade justa e solidária, bem como o de reduzir as desigualdades sociais e regionais, principalmente pelo fato de que os mais prejudicados com tais ofensas são os menos favorecidos economicamente. Ao analisar a situação dos direitos sociais no Brasil e em especial o direito à saúde, percebe-se que a sociedade brasileira ainda está longe de alcançar o conceito de saúde definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS): um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente ausência de afecções e enfermidades". Constante e crescente tem sido o número de ações judiciais em que o cidadão requer do Estado uma prestação positiva no sentido de concretizar seu direto de acesso à saúde. Os pedidos mais comuns se referem ao fornecimento de medicamentos e tratamentos de alto custo, o que é geralmente negado pela Administração, que alega a falta de recursos para prover tais direitos. A negligência da Administração Pública na formulação e execução de políticas econômicas que visam à implementação (concretização) do direito à saúde

4 constitui uma violação do direito à vida, garantido no caput do artigo 5 da Constituição da República de 1988, dispositivo este que deve ser interpretado em seu sentido mais amplo, ou seja, deve-se entender o direito à vida como sendo não apenas o direito de estar vivo, mas também o de viver com dignidade. Dispõe o mencionado artigo: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes. Diante do não cumprimento dos mandamentos constitucionais, e das constantes violações de direitos por parte da Administração Pública, pode-se considerar que a harmonia (presunção de que o Legislativo, Executivo e Judiciário estão cumprido corretamente os mandamentos constitucionais) da ordem jurídica acaba por ser quebrada, necessitando assim ser reestabelecida. Tal reestabelecimento se dará, muitas das vezes, com a intervenção do Poder Judiciário na esfera administrativa, com intuito de garantir o mínimo existencial e analisar, no caso concreto, a existência ou não de recursos por parte da Administração para a solução do conflito. Neste sentido, destaca-se o voto do Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Humberto Martins, proferido no julgamento do Recurso Especial n RS (2009/ ) ao mencionar que não podem os direitos sociais ficar condicionados à boa vontade do Administrador, sendo de fundamental importância que o Judiciário atue como órgão controlador da atividade administrativa (MARTINS,2010,P.7).

5 3. RESERVA DO POSSÍVEL X MÍNIMO EXISTENCIAL Quando um cidadão desprovido de recursos econômicos procura os órgãos de saúde, necessitando de tratamentos especializados ou de medicamentos de alto custo, na quase totalidade das vezes não consegue ter sua pretensão acolhida sob o argumento de que a Administração não possui recursos para custeio de tal solicitação. Nestes casos, o cidadão não possui alternativa a não ser tentar, através do Judiciário, ter sua pretensão reconhecida. Como a Constituição da República de 1988 prevê a descentralização das ações e serviços públicos de saúde, podem a União, o Estado e o município em questão serem responsabilizadas pela não efetivação do direito à saúde, nos termos do artigo 198 da Carta Constitucional: Art As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III - participação da comunidade. 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. No mesmo sentido tem sido o entendimento do Supremo Tribunal Federal, como alude o Ministro Joaquim Barbosa no Agravo de instrumento n PR: Se uma pessoa necessita, para garantir o seu direito à saúde, de tratamento médico adequado, é dever solidário da União, do estado e do município providenciá-lo. Nesse sentido, AI (rel. min. Celso de Mello, DJ ), RE (rel. min. Cezar Peluso, DJ ) e AI (rel. min. Celso de Mello, DJ ). Sendo assim, qualquer dos entes da Federação pode ser compelido a prestar o tratamento pleiteado por pessoa que dele necessite e não possua condições de arcar com os custos a ele inerentes. (BARBOSA,2012,P.7,8). O Judiciário, a partir do momento em que é provocado para dirimir um conflito, não pode abster-se de se pronunciar. O magistrado, na análise do caso

6 concreto, observando o devido processo legal, possibilitará que ambas as partes comprovem suas alegações. A parte autora da demanda deve provar sua real necessidade em face da Administração Pública. Por outro lado, incumbe à Administração comprovar sua alegação de que não possui recursos para assegurar a satisfação da pretensão do cidadão. Assim, surge para o Judiciário a importante tarefa de ponderar os interesses em questão, iniciando-se, então, a discussão entre a aplicação do princípio da reserva do possível ou a aplicação do princípio do mínimo existencial. 3.1 Princípio da Reserva do Possível A teoria da reserva do possível, pelo que se tem notícia, foi invocada pela primeira vez pelo Tribunal Constitucional alemão na decisão conhecida como Numerus Clausus (BverfGE n.º 33, S. 333). A ação foi proposta em face do Estado por estudantes que não haviam sido aceitos em instituições de cursos superiores, devido à política de limitação de vagas em cursos superiores imposta pela Alemanha em A pretensão foi fundamentada no artigo 12 da Lei Fundamental daquele Estado, segundo a qual todos os alemães têm direito a escolher livremente sua profissão, local de trabalho e seu centro de formação. 2 Na decisão ficou estabelecido que o direito à prestação positiva do Estado (no caso em questão seria o aumento do número de vagas no curso de medicina), estaria sujeito à reserva do possível. Desta forma, estabelece-se o entendimento de que o indivíduo somente pode exigir do Estado uma prestação que se encontre dentro do razoável, sendo que mesmo que o Estado possua condição de atendê-la, este não estará obrigado a satisfazê-la se a mesma estiver fora dos limites do razoável. Pode-se perceber, dentro de uma interpretação razoável, que originalmente o que se tenta proteger com a reserva do possível são aquelas prestações desprovidas de razoabilidade. Sendo assim, a teoria da reserva do possível, originária da Alemanha, ao ser utilizada no Brasil, deve-se pautar ao seu 2 BORGES,FER. TEORIA DA RESERVA DO POSSÍVEL: Direitos Fundamentais a Prestações e a Intervenção do Poder Judiciário na Implementação de Políticas Públicas. Advcom. Disponível em: < Acesso em: 04 Out. 2012

7 real significado e objetivo, sob pena de constituir-se em obstáculo para concretização dos direitos e garantias fundamentais. Com intuito de evitar abusos no uso da citada teoria é que adverte o Ministro do Superior Tribunal de Justiça Humberto Martins no Recurso Especial n RS (2009/ ): é preciso ter em mente que o princípio da reserva do possível não pode ser utilizado de forma indiscriminada (MARTINS,2010,P.8) Princípio do Mínimo Existencial É comum e certo que os desejos humanos tendem ao infinito, de tal modo que alcançar uma satisfação plena dos desejos e necessidades humanas seria uma tarefa impossível, devido sobremaneira ao fato de serem os recursos escassos. Entretanto, dentro destes infinitos desejos e necessidades é que vem à tona a preservação do mínimo existencial. O mínimo existencial pode ser definido como sendo o conjunto de condições e recursos indispensáveis para que o ser humano possa ter uma vida digna. Como mencionado anteriormente, percebe-se que os direitos fundamentais previstos na Constituição da República de 1988, não só garantem a aplicação imediata dos direitos relacionados ao mínimo existencial, como também preveem que o seu rol deve ser ampliado. 3.3 Ponderação na Aplicação dos Princípios O que se pode perceber no Brasil é que os entes federativos, que são solidariamente responsáveis pela implementação de condições que permitam o pleno acesso à saúde, quando acionados pelo Judiciário, comumente se valem, de forma indiscriminada, do princípio da reserva do possível. Surge a partir daí a importante função do Judiciário de, observando o caso concreto, realizar a ponderação dos bens jurídicos em causa, determinando, se for o caso, a implementação de políticas que garantam a efetivação dos direitos violados. Desta forma, evita-se que o princípio da reserva do possível seja utilizado como empecilho à efetivação dos direitos fundamentais.

8 Seria totalmente desproporcional que o principio da reserva do possível pudesse ser aplicado ao mínimo que se necessita a uma vida digna. Deve-se também ter em consideração, na aplicação do mencionado princípio, as condições socioeconômicas do Brasil e dos Países europeus, em especial a Alemanha, que é de onde surge a teoria da reserva do possível. Sabe-se que na Alemanha a efetivação dos direitos fundamentais anda em ritmo muito mais acelerado do que no Brasil, de forma que faz todo sentido restringir e impedir que o indivíduo busque em face do Estado prestações que sejam desprovidas de razoabilidade. No entanto, não se pode dizer que a pretensão de uma pessoa desprovida de recursos que busca um tratamento de saúde, que é fundamental para sua existência, seja desprovida de razoabilidade. No sentido de que se devem observar as condições socioeconômicas de cada País, e de que se deve preservar o mínimo existencial, é o posicionamento do ministro Humberto Martins do STJ no Recurso Especial n RS (2009/ ), quando alude que: (...) não se pode importar preceitos do direito comparado sem se atentar para as peculiaridades jurídicas e sociológicas de cada país. A Alemanha já conseguiu efetivar os direitos sociais de forma satisfatória, universalizou o acesso aos serviços públicos mais básicos, o que permitiu um elevado índice de desenvolvimento humano de sua população, realidade ainda não alcançada pelo Estado brasileiro. Na Alemanha, os cidadãos já dispõem de um mínimo de prestações materiais capazes de assegurar uma existência digna. Por esse motivo é que o indivíduo não pode exigir do estado prestações supérfluas, pois isto escaparia do limite do razoável, não sendo exigível que a sociedade arque com esse ônus. Eis a correta compreensão do princípio da reserva do possível, tal como foi formulado pela jurisprudência germânica. Situação completamente diferente é a que se observa nos países periféricos, como é o caso do Brasil. Aqui ainda não foram asseguradas, para a maioria dos cidadãos, condições mínimas para uma vida digna. Neste caso, qualquer pleito que vise a fomentar uma existência minimamente decente não pode ser encarado como sem razão, pois garantir a dignidade humana é um dos objetivos principais do Estado brasileiro. É por isso que o princípio da reserva do possível não pode ser oposto a um outro princípio, conhecido como princípio do mínimo existencial. Desse modo, somente depois de atingido esse mínimo existencial é que se poderá discutir, relativamente aos recursos remanescentes, em quais outros projetos se deve investir. Ou seja, não se nega que haja ausência de recursos suficientes para atender a todas as atribuições que a Constituição e a Lei impuseram ao estado. Todavia, se não se pode cumprir tudo, deve-se, ao menos, garantir aos cidadãos um mínimo de direitos que são essenciais a uma vida digna, entre os quais, sem a menor dúvida, podemos incluir o pleno acesso a um serviço de saúde de qualidade. Esse mínimo essencial não pode ser postergado e deve ser a prioridade

9 primeira do Poder Público. Somente depois de atendido o mínimo existencial é que se pode cogitar a efetivação de outros gastos(martins,2010,p.8,9). É função do Judiciário, na análise do caso concreto, verificar a razoabilidade da pretensão em face das condições econômicas do Estado, não permitindo que a Administração faça do princípio da reserva do possível uma constante estratégia de defesa e escudo que impossibilite a aplicação do mínimo existencial. Outro problema que se opera, quando da intervenção do Judiciário na determinação de implementação de politicas públicas que visem à garantia dos direitos fundamentais, no caso em questão do direito à saúde, é a legitimidade do Judiciário para tal. A dúvida que se coloca é que, seria legítimo, por parte do Judiciário, determinar a implantação de políticas públicas? Não estaria ele ferindo o princípio constitucional da separação dos poderes com tal atitude? As respostas a essas dúvidas serão analisadas a seguir, à luz da máxima eficácia dos direitos fundamentais. 4. PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES E A MAXIMA EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS De acordo com a doutrina, o primeiro a identificar a tripartição das funções do Estado foi Aristóteles. Identificou-o que o Estado possuía três funções distintas: uma de legislar, outra de executar e outra de julgar os litígios surgidos. No entanto, na teoria aristotélica, as três funções eram concentradas nas mãos de um único soberano. Mais tardiamente, Montesquieu desenvolveu a teoria da tripartição dos poderes, de forma que cada função seria correspondente a um órgão. Sendo assim, não era mais o soberano que legislava, administrava e julgava. A teoria de Montesquieu veio para confrontar o absolutismo, pois de acordo com tal teoria, era preciso criar um equilíbrio dentro do Estado, de forma que o poder não ficasse concentrado nas mãos de um único soberano. Na teoria criada inicialmente por Montesquieu, pode-se dizer que, devido ao grande receio do absolutismo que predominava na época, cada órgão deveria atuar estritamente dentro de sua função típica, criando-se assim um sistema de

10 equilíbrio denominado freios e contrapesos. Essa teoria de Montesquieu foi responsável por grandes lutas contra o absolutismo. Pode-se considerar que grande parte dos Estados hoje no mundo adota a teoria da separação dos poderes (funções); dentre estes, pode-se incluir o Brasil, como se percebe pela leitura do artigo 2 da Constituição da República de 1988, ao mencionar que são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. O princípio da separação dos poderes, como se percebe pela leitura e interpretação do artigo 2 da Carta Maior, presa a harmonia entre o Legislativo, Executivo e Judiciário. Essa harmonia tem por finalidade possibilitar o cumprimento dos demais mandamentos constitucionais, protegendo assim os direitos fundamentais dos cidadãos, direitos estes que eram, no período do absolutismo, constantemente violados por parte do Estado. Considerando que o princípio da separação dos poderes foi criado inicialmente com o objetivo de resguardar o cidadão dos abusos cometidos por parte do Estado, é que se pode afirmar que o mencionado princípio deve ser interpretado à luz dos direitos fundamentais consagrados na Constituição, sob pena de desvirtuar sua real finalidade. Dessa forma, não seria adequado utilizar o princípio da separação dos poderes com o objetivo de impedir que, em casos excepcionais, o Judiciário atue para implementar politicas públicas, objetivando a concretização dos direitos fundamentais diante da omissão administrativa. No mesmo sentido, foi a decisão do Supremo Tribunal Federal, citada pelo Ministro Humberto Martins (Superior Tribunal de Justiça), no Recurso Especial n RS: "É certo que não se inclui, ordinariamente, no âmbito das funções institucionais do Poder Judiciário e nas desta Suprema Corte em especial a atribuição de formular e implementar políticas públicas, pois nesse domínio, o encargo reside, primeiramente, nos Poderes Legislativo e Executivo. Tal incumbência no entanto, embora em bases excepcionas, poderá atribuir-se ao Poder Judiciário, se e quando os órgãos estatais competentes, por descumprirem os encargos político-jurídicos que sobre eles incidem, vierem a comprometer, com tal comportamento, a eficácia e integridade de direitos individuai e/ou coletivos impregnados de estatura constitucional, ainda que derivados de cláusulas revestidas de conteúdo programático." (STF. ADPF 45 MC/DF. Rel. Min. Celso de Mello, julgado em , DJ )

11 Pelo entendimento da Suprema Corte, percebe-se que o princípio da separação dos poderes deve ser ponderado, de forma a levar-se em consideração os demais princípios constitucionais. Dessa forma, pode-se considerar que não é cabível uma interpretação isolada de um determinado princípio, sem levar em consideração os demais princípios igualmente constitucionais. Relembrando o princípio da unidade da Constituição, Pedro Lenza cita Canotilho, que menciona que o princípio da unidade obriga o interprete a considerar a Constituição na sua globalidade e a procurar harmonizar os espaços de tesão(...) existentes entre as normas constitucionais a concretizar 3. É preciso observar, ainda, que não existe hierarquia entre os princípios constitucionais. Dessa forma, em um aparente conflito de princípios, deve o intérprete, observando o caso concreto e exercendo o juízo de ponderação, estabelecer qual dos princípios, aparentemente conflitantes, deve prevalecer no caso concreto, sem, contudo, excluir o outro. No caso proposto neste artigo, no qual é levantado o questionamento da interferência do Judiciário nas funções do executivo, objetivando a concretização de direitos fundamentais - direito à saúde, o aparente conflito que existe é entre o princípio da separação dos poderes e o princípio da máxima efetividade dos direitos fundamentais. No caso do aparente conflito supracitado, pelo que foi visto anteriormente, não há que se falar em violação do princípio da separação dos poderes, pois se o princípio da separação dos poderes foi criado para possibilitar que os direitos fundamentais não fossem violados, seria contraditório alegá-lo com intuito de impedir a concretização de tais direitos. Nesse sentido é o pensamento do Ministro do STJ Humberto Martins, quando afirma que: Seria uma distorção pensar que o princípio da separação dos poderes, originalmente concebido com o escopo de garantia dos direitos fundamentais, pudesse ser utilizado justamente como óbice à realização dos direitos sociais, igualmente fundamentais (MARTINS, 2010, P.7). Desta forma, dada a máxima efetividade que os direitos fundamentais constitucionais devem alcançar, a alegação da suposta violação ao princípio da 3 LENZA,Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 16.ed. São Paulo: Saraiva, p.

12 separação dos poderes não deverá prevalecer, quando da trata da garantia do mínimo existencial para uma vida digna. 5. CONCLUSÃO Com base nos valores consagrados na Constituição da República de 1988, pode-se assegurar que a saúde constitui um direito fundamental por excelência. E devido à impossibilidade de se pensar em dignidade da pessoa humana sem saúde, é correto dizer que esta constitui um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. Percebe-se que, no Brasil, não são raras as vezes em que o cidadão, devido à constante negligência por parte da Administração, tem seus direitos fundamentais violados pelo próprio Estado. Violação esta que muitas vezes não ocorre por ação, mas sim através do não cumprimento de prestações positivas impostas pela Carta Maior. Diante das omissões administrativas na implantação de políticas públicas que visem a assegurar o cumprimento dos mandamentos constitucionais, foi visto que o cidadão, muitas vezes, não possui outra alternativa que não seja recorrer ao Judiciário, para que seus direitos sejam reconhecidos em face do próprio Estado. Na análise de tais questões, verifica-se que é constante a alegação, por parte da Administração, da teoria da reserva do possível em face dos direitos fundamentais. No entanto, fica claro, como demonstrado pelos julgamentos dos Tribunais Superiores, que o princípio da reserva do possível não pode ser utilizado de forma indiscriminada, como forma de impedir a concretização dos direitos fundamentais. Fica evidenciado, desta forma, que o princípio da reserva do possível não é oponível ao mínimo existencial. Distorcida, também, seria a interpretação de que a intervenção extraordinária do Judiciário na esfera administrativa, com objetivo de assegurar o cumprimento de direitos fundamentais, caracterizaria violação do princípio da separação dos poderes. Isto porque tal princípio foi criado, originalmente, com o escopo de garantir a não violação de tais direitos, tão essenciais à existência humana.

13 Por derradeiro, pode-se concluir que, em um Estado Democrático de Direito, igualmente social, onde o Estado está obrigado a prestações positivas e negativas para com o cidadão, mais do que permitido, torna-se necessário que o Judiciário, em determinados casos, atue para assegurar que a negligência da Administração não torne inviável o exercício dos direitos fundamentais. REFERÊNCIAS BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n RS. 2ª Turma. Relator: Ministro Humberto Martins. Brasília, 08 de junho de Disponível em < Acesso em 02 out BRASIL, Supremo Tribunal Federal. Agravo de instrumento n PARANÁ. 2ª Turma. Relator: Ministro Joaquim Barbosa. Brasília, 26 de jun de Disponível em< pdf>. Acesso em 03 out LENZA,Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, p. MONTESQUIEU. O Espírito das Leis. 3ª. ed. São Paulo: Martins Fontes, p. PENNA, Saulo Versiani. Controle e Implementação Processual de Políticas Públicas no Brasil. 1. Ed. Belo Horizonte: Fórum, p. SANTOS, Flavio José. A atuação do Judiciário na efetivação do direito à saúde e a reserva do possível: colisão com direitos. Jus, revista Disponível em < Acesso em 05 out

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE 1ª INSTÂNCIA

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE 1ª INSTÂNCIA CONCLUSÃO Em / /09, faço conclusos estes autos ao MM. Juiz Federal - Dr. JOÃO BATISTA GONÇALVES. Técnico Judiciário - 2924 PROCESSO N 2009.61.00.021921-0 AÇÃO CIVIL PÚBLICA Vistos. Trata-se de ação civil

Leia mais

Solicitação de Consulta e Cirurgia de Catarata

Solicitação de Consulta e Cirurgia de Catarata AULA 23 Solicitação de Consulta e Cirurgia de Catarata Cliente necessita com urgência consulta e cirurgia de catarata e o respectivo tratamento. Como advogado(a), proponha a ação adequada. Competência

Leia mais

JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE: Interpretação do fenômeno e medidas para a garantia do direito social à saúde

JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE: Interpretação do fenômeno e medidas para a garantia do direito social à saúde JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE: Interpretação do fenômeno e medidas para a garantia do direito social à saúde César Augusto Trinta Weber, MD. MSc. PhD. Presidente da Câmara Técnica de Auditoria em Saúde/CREMERS

Leia mais

TRATAMENTO MÉDICO E REMÉDIOS (SUS) COMO OBTER JUDICIALMENTE

TRATAMENTO MÉDICO E REMÉDIOS (SUS) COMO OBTER JUDICIALMENTE MÓDULO II - SAÚDE PÚBLICA AULA 21 TRATAMENTO MÉDICO E REMÉDIOS (SUS) COMO OBTER JUDICIALMENTE A judicialização da saúde refere-se à busca do Judiciário como a última alternativa para obtenção do medicamento

Leia mais

MEDICAMENTO DE ALTO CUSTO - SUS

MEDICAMENTO DE ALTO CUSTO - SUS MEDICAMENTO DE ALTO CUSTO - SUS Prof. Joseval Martins Viana Curso de Pós-Graduação em Direito da Saúde Judicialização da Saúde A judicialização da saúde refere-se à busca do Judiciário como a última alternativa

Leia mais

A JUDICIALIZAÇÃO EM DETRIMENTO AOS PRINCÍPIOS DO SUS

A JUDICIALIZAÇÃO EM DETRIMENTO AOS PRINCÍPIOS DO SUS A JUDICIALIZAÇÃO EM DETRIMENTO AOS PRINCÍPIOS DO SUS III Seminário de Articulação Interfederativa - COAP Valéria Lacerda Maria Lacerda Rocha Juíza Auxiliar do 3º Juizado da Fazenda Pública Coordenadora

Leia mais

Como evitar ou racionalizar a judicialização. Desembargador Renato Dresch

Como evitar ou racionalizar a judicialização. Desembargador Renato Dresch Como evitar ou racionalizar a judicialização Desembargador Renato Dresch A AS CAUSAS DAS JUDICIALIZAÇÃO Princípio da inafastabilidade da jurisdição Constituição Federal de 1988 Art. 5º Todos são iguais

Leia mais

DIREITO À SAUDE (ART. 196 A 200 da CF) Direito Constitucional III Profª Marianne Rios Martins

DIREITO À SAUDE (ART. 196 A 200 da CF) Direito Constitucional III Profª Marianne Rios Martins DIREITO À SAUDE (ART. 196 A 200 da CF) Direito Constitucional III Profª Marianne Rios Martins DO DIREITO À SAUDE COMPETENCIA: Direito de todos e dever do Estado FORMA DE GARANTIA: Mediante políticas sociais

Leia mais

O PRINCÍPIO DA RESERVA DO POSSÍVEL E SUA RELAÇÃO COM A CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS 1. Renata Maciel 2.

O PRINCÍPIO DA RESERVA DO POSSÍVEL E SUA RELAÇÃO COM A CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS 1. Renata Maciel 2. O PRINCÍPIO DA RESERVA DO POSSÍVEL E SUA RELAÇÃO COM A CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS 1 Renata Maciel 2. 1 Pesquisa desenvolvida no curso de Mestrado de Direitos Humanos da Universidade Regional do

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos Sociais Direitos Sociais Parte 2 Profª. Liz Rodrigues - Direitos sociais: além de mencionados no art. 6º, são melhor detalhados no Titulo VIII (Da Ordem Social). Há, também,

Leia mais

Da constitucionalidade da internação hospitalar na modalidade diferença de classe

Da constitucionalidade da internação hospitalar na modalidade diferença de classe Da constitucionalidade da internação hospitalar na modalidade diferença de classe Julio Flavio Dornelles de Matos 1, Cristiane Paim 2 A internação hospitalar na modalidade diferença de classe consiste

Leia mais

Direitos fundamentais sociais. Prof. Murillo Sapia Gutier

Direitos fundamentais sociais. Prof. Murillo Sapia Gutier Direitos fundamentais sociais Prof. Murillo Sapia Gutier Necessidades Humanas Fisiológicas Alimento Repouso Abrigo Sexo Segurança: contra: Perigo Doença Incerteza Desemprego Roubo proteção Necessidades

Leia mais

Direitos da Pessoa com Deficiência

Direitos da Pessoa com Deficiência Direitos da Pessoa com Deficiência A constitucionalização dos direitos das pessoas com deficiência. A política nacional para a integração das pessoas com deficiência; diretrizes, objetivos e instrumentos

Leia mais

TRATAMENTO MÉDICO E REMÉDIOS (SUS) COMO OBTER JUDICIALMENTE

TRATAMENTO MÉDICO E REMÉDIOS (SUS) COMO OBTER JUDICIALMENTE MÓDULO II - SAÚDE PÚBLICA AULA 25 TRATAMENTO MÉDICO E REMÉDIOS (SUS) COMO OBTER JUDICIALMENTE 1 ENUNCIADO N.º 14 - CNJ Não comprovada a inefetividade ou impropriedade dos medicamentos e tratamentos fornecidos

Leia mais

Relação Jurídica de Consumo

Relação Jurídica de Consumo AULA INTRODUTÓRIA DA PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO DO CONSUMIDOR INTRODUÇÃO AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - LEI N. 8.078/90 Relação Jurídica de Consumo 1 1. Apresentação do curso de pós-graduação em Direito

Leia mais

AULA 1: ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

AULA 1: ORGANIZAÇÃO DOS PODERES AULA 1: ORGANIZAÇÃO DOS PODERES EMENTÁRIO DE TEMAS: São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário (Art. 2º, da CRFB/88) Organização dos Poderes: separação

Leia mais

O Principio da Publicidade tem seu campo de maior atuação no Administrativo, Assim, José Afonso da Silva 2, diz que:

O Principio da Publicidade tem seu campo de maior atuação no Administrativo, Assim, José Afonso da Silva 2, diz que: Principio da Publicidade. O Presente Trabalho vem elucidar dois princípios da suma importância para o Estado democrático de direito ao qual estamos inseridos, freqüentemente ouvimos falar sobre esses princípios,

Leia mais

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 1 A Constituição Federal de 1988 tornou-se o símbolo do projeto de uma nova sociedade brasileira, livre, justa e solidária, alicerçada no princípio da dignidade da pessoa humana. 2 Os princípios de dignidade

Leia mais

OS PROBLEMAS DE FINANCIAMENTO DA SAÚDE

OS PROBLEMAS DE FINANCIAMENTO DA SAÚDE OS PROBLEMAS DE FINANCIAMENTO DA SAÚDE Medidas cabíveis para a subsistência e melhoria do atendimento AMPASA Brasília agosto de 2016 ALGUNS DESSES PROBLEMAS Emenda Constitucional nº 29, de 2000 Lei Complementar

Leia mais

módulo 3 Organização do Estado brasileiro

módulo 3 Organização do Estado brasileiro módulo 3 Organização do Estado brasileiro unidade 1 introdução aos princípios constitucionais fundamentais princípios constitucionais fundamentais Carl Schmitt decisões políticas do Estado normas fundadoras

Leia mais

A EFETIVIDADE DOS DIREITO SOCIAIS

A EFETIVIDADE DOS DIREITO SOCIAIS A EFETIVIDADE DOS DIREITO SOCIAIS DIREITO CONSTITUCIONAL III Profª Marianne Rios Martins Base = O primado do trabalho ORDEM SOCIAL Objetivos = o bem estar e a justiça sociais, Alcance = não se restringe

Leia mais

: MIN. DIAS TOFFOLI SERGIPE

: MIN. DIAS TOFFOLI SERGIPE RECURSO EXTRAORDINÁRIO 726.149 SERGIPE RELATOR RECTE.(S) PROC.(A/S)(ES) RECDO.(A/S) PROC.(A/S)(ES) : MIN. DIAS TOFFOLI :MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SERGIPE :PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE

Leia mais

O presente artigo tem como objetivo oferecer algumas impressões acerca de ambas as questões supracitadas.

O presente artigo tem como objetivo oferecer algumas impressões acerca de ambas as questões supracitadas. DECRETO Nº 8.426/2015 PIS/COFINS SOBRE RECEITAS FINANCEIRAS VICTOR HUGO MARCÃO CRESPO advogado do Barbosa, Mussnich Aragão 1. INTRODUÇÃO LETÍCIA PELISSON SENNA pós-graduada em direito tributário pela PUC/SP

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL Parte 2 Prof. Alexandre Demidoff Restrições legais ao exercício de direitos fundamentais: Teoria dos limites: a limitação de direitos não pode afetar o seu núcleo essencial. Reserva

Leia mais

TEMA 1: ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO BRASILEIRO

TEMA 1: ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO BRASILEIRO TEMA 1: ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO BRASILEIRO A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado

Leia mais

A Vigilância em Saúde e sua Base. Legal

A Vigilância em Saúde e sua Base. Legal A Vigilância em Saúde e sua Base Legal Dra. Silvia Vignola Médica Veterinária Especialista em Saúde Pública e Vigilância Sanitária. Trabalha na Gerência de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas COVISA/SMS

Leia mais

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: A INCONGRUÊNCIA ENTRE AS ESTRUTURAS ADMINISTRATIVA E ORÇAMENTÁRIA E A INCAPACIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: A INCONGRUÊNCIA ENTRE AS ESTRUTURAS ADMINISTRATIVA E ORÇAMENTÁRIA E A INCAPACIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: A INCONGRUÊNCIA ENTRE AS ESTRUTURAS ADMINISTRATIVA E ORÇAMENTÁRIA E A INCAPACIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA Ana Paula Dupuy Patella 1 Márcia Leite Borges 2 1. INTRODUÇÃO

Leia mais

PEDIDO DE REMÉDIOS. Exigibilidade judicial de direitos subjetivos sociais. O direito à saúde. Autor: André Jorgetto de Almeida

PEDIDO DE REMÉDIOS. Exigibilidade judicial de direitos subjetivos sociais. O direito à saúde. Autor: André Jorgetto de Almeida PEDIDO DE REMÉDIOS Exigibilidade judicial de direitos subjetivos sociais O direito à saúde Autor: André Jorgetto de Almeida Narrativa: Leia o pedido formulado pela parte autora, bem como a contestação

Leia mais

TEMA 4: ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO BRASILEIRO

TEMA 4: ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO BRASILEIRO TEMA 4: ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO BRASILEIRO A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: (...) O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos

Leia mais

Teoria dos Direitos Fundamentais

Teoria dos Direitos Fundamentais 1 Teoria dos Direitos Fundamentais 1 Teoria Geral dos Direitos Fundamentais Imagine uma situação em que o Estado exerce seu poder sem limites. Quem estiver de fora desse Estado, estará sofrendo interferências

Leia mais

: MINISTRO PRESIDENTE

: MINISTRO PRESIDENTE SUSPENSÃO DE TUTELA ANTECIPADA 800 RIO GRANDE DO SUL REGISTRADO REQTE.(S) PROC.(A/S)(ES) REQDO.(A/S) ADV.(A/S) INTDO.(A/S) PROC.(A/S)(ES) : MINISTRO PRESIDENTE :DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO :DEFENSOR PÚBLICO-GERAL

Leia mais

PROJETO DE LEI N.º DE DE DE 2016

PROJETO DE LEI N.º DE DE DE 2016 PROJETO DE LEI N.º DE DE DE 2016 Dispõe sobre a obrigatoriedade na marcação de exames e consultas para pessoas com mais de 60 anos nas Unidades de Saúde Públicas pertencentes ao Governo do Estado de Goiás.

Leia mais

Direitos e Garantias Fundamentais. Disciplina: Direito Constitucional I Professora: Adeneele Garcia Carneiro

Direitos e Garantias Fundamentais. Disciplina: Direito Constitucional I Professora: Adeneele Garcia Carneiro Direitos e Garantias Fundamentais Disciplina: Direito Constitucional I Professora: Adeneele Garcia Carneiro Dúvida Direitos humanos e Direitos fundamentais são sinônimos? Direitos humanos X Direitos fundamentais:

Leia mais

DIREITO À SAÚDE COMO DIREITO FUNDAMENTAL NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO 1

DIREITO À SAÚDE COMO DIREITO FUNDAMENTAL NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO 1 DIREITO À SAÚDE COMO DIREITO FUNDAMENTAL NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO 1 Por Gilmar M. da Silva Junior. Defensor Público Federal. Especialista em Direito Público Palavras-chave: Direito à saúde. Direitos

Leia mais

Evolução da Disciplina. Direito Constitucional CONTEXTUALIZAÇÃO INSTRUMENTALIZAÇÃO

Evolução da Disciplina. Direito Constitucional CONTEXTUALIZAÇÃO INSTRUMENTALIZAÇÃO Evolução da Disciplina Direito Constitucional Aula 1: Evolução histórica das constituições brasileiras Aula 2: Princípios fundamentais Aula 3: Direitos e garantias fundamentais Prof. Silvano Alves Alcantara

Leia mais

ENFERMAGEM LEGISLAÇÃO EM SAÚDE

ENFERMAGEM LEGISLAÇÃO EM SAÚDE ENFERMAGEM LEGISLAÇÃO EM SAÚDE Sistema Único de Saúde - SUS: Constituição Federal, Lei Orgânica da Saúde - Lei nº 8.080 de 1990 e outras normas Parte 3 Profª. Tatiane da Silva Campos LEI Nº 8.080, DE 19

Leia mais

TEMA 4: PODER JUDICIÁRIO

TEMA 4: PODER JUDICIÁRIO TEMA 4: PODER JUDICIÁRIO EMENTÁRIO DE TEMAS: Poder Judiciário: controle externo; Conselho Nacional de Justiça; LEITURA OBRIGATÓRIA MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo. Atlas. LEITURA

Leia mais

CURSO DE QUESTÕES DISCURSIVAS 2016

CURSO DE QUESTÕES DISCURSIVAS 2016 CURSO DE QUESTÕES DISCURSIVAS 2016 Quais os principais impactos do novo CPC à luz do artigo 93, da CFRB, inciso IX? (Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas

Leia mais

DIREITOS SOCIAIS. PROF. ª Adeneele Garcia Carneiro

DIREITOS SOCIAIS. PROF. ª Adeneele Garcia Carneiro DIREITOS SOCIAIS. PROF. ª Adeneele Garcia Carneiro Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade

Leia mais

Décima Sexta Câmara Cível Gabinete do Desembargador Marco Aurélio Bezerra De Melo

Décima Sexta Câmara Cível Gabinete do Desembargador Marco Aurélio Bezerra De Melo AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO AGRAVADA QUE DEFERE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA PARA DETERMINAR AO MUNICÍPIO DE NOVA FRIBURGO A DISPONIBILIZAÇÃO DE CONSULTA MÉDICA DE NEUROLOGISTA. RECURSO DO RÉU. Direito à Saúde.

Leia mais

DIREITOS SOCIAIS, JUSTIÇA E DEMOCRACIA

DIREITOS SOCIAIS, JUSTIÇA E DEMOCRACIA DIREITOS SOCIAIS, JUSTIÇA E DEMOCRACIA Bruna dos Santos Silva Benaglia 1 Paola Flores Serpa 2 Resumo: O presente artigo tem como objetivo apresentar os direitos sociais como princípio basilar para a justiça

Leia mais

Prova de direitos humanos

Prova de direitos humanos Prova de direitos humanos No Brasil, é responsável por proteger os direitos fundamentais, prevenindo ou corrigindo as violações praticadas pelo administrador: a. O Poder Judiciário. b. O Ministério Público.

Leia mais

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO Desembargador Federal Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educacao FNDE BIANCA VENTURELLI D.E. Publicado em 13/12/2016 EMENTA AGRAVO DE INSTRUMENTO.

Leia mais

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA TRATAMENTO MÉDICO E REMÉDIOS (SUS) COMO OBTER JUDICIALMENTE

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA TRATAMENTO MÉDICO E REMÉDIOS (SUS) COMO OBTER JUDICIALMENTE TRATAMENTO MÉDICO E REMÉDIOS (SUS) COMO OBTER JUDICIALMENTE A judicialização da saúde refere-se à busca do Judiciário como a última alternativa para obtenção do medicamento ou tratamento ora negado pelo

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br Sobre o recurso extraordinário contra decisões proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça. Hipóteses de cabimento Marcelo Moura da Conceição * De uma interpretação conjunta dos

Leia mais

A CASA DO SIMULADO DESAFIO QUESTÕES MINISSIMULADO 113/360

A CASA DO SIMULADO DESAFIO QUESTÕES MINISSIMULADO 113/360 1 DEMAIS SIMULADOS NO LINK ABAIXO CLIQUE AQUI REDE SOCIAL SIMULADO 113/360 CONSTITUCIONAL INSTRUÇÕES TEMPO: 30 MINUTOS MODALIDADE: CERTO OU ERRADO 30 QUESTÕES CURTA NOSSA PÁGINA MATERIAL LIVRE Este material

Leia mais

EBSERH QUESTÕES COMENTADAS LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS CONCURSO EBSERH PARÁ AOCP/2016. Prof.ª Natale Souza

EBSERH QUESTÕES COMENTADAS LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS CONCURSO EBSERH PARÁ AOCP/2016. Prof.ª Natale Souza EBSERH QUESTÕES COMENTADAS LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS CONCURSO EBSERH PARÁ AOCP/2016 NÍVEL MÉDIO/TÉCNICO TARDE Prof.ª Natale Souza Olá queridos concurseiros EBSERH, vamos continuar os estudos? Vários editais

Leia mais

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO EMENTA

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO EMENTA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO : Conselho Regional de Medicina do Estado de Sao Paulo CREMESP D.E. Publicado em 13/01/2012 EMENTA CONTRIBUIÇÕES DESTINADAS AOS CONSELHOS PROFISSIONAIS

Leia mais

Legislação do SUS. Prof.ª Andrea Paula

Legislação do SUS. Prof.ª Andrea Paula Legislação do SUS LEI ORGÂNICA DA SAÚDE 8.080/90 Prof.ª Andrea Paula Art. 1º Esta lei, em todo o território nacional, as ações e serviços de saúde, executados ou, em caráter ou, por pessoas naturais ou

Leia mais

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DO PACIENTE: transfusão de sangue

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DO PACIENTE: transfusão de sangue PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DO PACIENTE: transfusão de sangue Artigo 5º, inciso VI, da Constituição Federal Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br BuscaLegis.ccj.ufsc.Br Direito à saúde & SUS Alessandra Priscila Moura Silva * e Jorge J. de Araújo Júnior ** A saúde está garantida na Constituição Federal como um direito de todos, como afirma o artigo

Leia mais

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 900.389 RIO GRANDE DO SUL RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA RECTE.(S) :DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂNSITO DO RIO GRANDE DO SUL - DETRAN/RS PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DO

Leia mais

A Seguridade Social e a Previdência: Concepção e Atribuições

A Seguridade Social e a Previdência: Concepção e Atribuições A Seguridade Social e a Previdência: Concepção e Atribuições SEMINÁRIO : Reforma da Previdência: Desafios e Ação Sindical São Paulo /SP, 07 de fevereiro de 2017 2 SUMÁRIO 1. Direitos Sociais 2. A Seguridade

Leia mais

A TRIBUTAÇÃO NO SETOR DE SAÚDE COMO ENTRAVE DE EFETIVIDADE DA POLÍTICA DE SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

A TRIBUTAÇÃO NO SETOR DE SAÚDE COMO ENTRAVE DE EFETIVIDADE DA POLÍTICA DE SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL A TRIBUTAÇÃO NO SETOR DE SAÚDE COMO ENTRAVE DE EFETIVIDADE DA POLÍTICA DE SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL Marcelo José Dassie NORONHA Rodrigo Henrique MONTEIRO Resumo: Neste trabalho, procuramos fazer um paralelo

Leia mais

III - AGRAVO DE INSTRUMENTO

III - AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº CNJ : 0004568-76.2014.4.02.0000 RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL RICARDO PERLINGEIRO AGRAVANTE : MINISTERIO PUBLICO FEDERAL AGRAVADO : UNIAO FEDERAL ORIGEM : DÉCIMA OITAVA VARA FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Leia mais

Direitos Sociais. 2ª Dimensão de Direitos Fundamentais

Direitos Sociais. 2ª Dimensão de Direitos Fundamentais Direitos Sociais 2ª Dimensão de Direitos Fundamentais 2ª Dimensão de Direitos Fundamentais A 2ª Geração/Dimensão de Direitos Fundamentais foi marcada pela característica positiva, ou seja, de prestações

Leia mais

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal MANDADO DE SEGURANÇA 33.121 SÃO PAULO RELATORA IMPTE.(S) ADV.(A/S) IMPDO.(A/S) ADV.(A/S) : MIN. ROSA WEBER :DONISETE GIMENES ANGELO :ELIANE MARTINS DE OLIVEIRA :PRESIDENTE DA 2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS

Leia mais

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO E SOCIAL COMPLEMENTAÇÃO À REPRESENTAÇÃO. Ref. Representação número

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO E SOCIAL COMPLEMENTAÇÃO À REPRESENTAÇÃO. Ref. Representação número PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO E SOCIAL Guarulhos, 23 de janeiro de 2019. COMPLEMENTAÇÃO À REPRESENTAÇÃO Ref. Representação número 29.000100017.32.2019-92 Senhor Procurador-Geral

Leia mais

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE As normas elaboradas pelo Poder Constituinte Originário são colocadas acima de todas as outras manifestações de direito. A própria Constituição Federal determina um procedimento

Leia mais

SEGUNDO AGRAVO REGIMENTAL NA PETIÇÃO DISTRITO FEDERAL

SEGUNDO AGRAVO REGIMENTAL NA PETIÇÃO DISTRITO FEDERAL 2 4 SEGUNDO AGRAVO REGIMENTAL NA PETIÇÃO 4.314. DISTRITO FEDERAL RELATORA: MIN. ROSA WEBER. Data do julgamento: 19.06.13. EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. PETIÇÃO. AÇÃO CIVIL ORIGINÁRIA. AUSÊNCIA DE CARÁTER

Leia mais

: MIN. DIAS TOFFOLI CONTAS DO ESTADO DE GOIÁS JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE GOIÁS

: MIN. DIAS TOFFOLI CONTAS DO ESTADO DE GOIÁS JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE GOIÁS RECLAMAÇÃO 24.163 DISTRITO FEDERAL RELATOR RECLTE.(S) PROC.(A/S)(ES) RECLDO.(A/S) PROC.(A/S)(ES) INTDO.(A/S) ADV.(A/S) : MIN. DIAS TOFFOLI :MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE GOIÁS

Leia mais

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO N o 2.379, DE 2006 (MENSAGEM N o 20, de 2006) Aprova o texto do Tratado sobre Extradição entre o Governo da República Federativa

Leia mais

Instituições de direito FEA

Instituições de direito FEA Instituições de direito FEA CAMILA VILLARD DURAN CAMILADURAN@USP.BR Apresentação: Módulo I! O que é o direito? O que é lei?! Qual é o papel institucional do Legislativo e do Executivo, notadamente no processo

Leia mais

COMISSÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA E COMBATE AO CRIME ORGANIZADO PROJETO DE LEI Nº 1.277, DE 2015

COMISSÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA E COMBATE AO CRIME ORGANIZADO PROJETO DE LEI Nº 1.277, DE 2015 COMISSÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA E COMBATE AO CRIME ORGANIZADO. PROJETO DE LEI Nº 1.277, DE 2015 (Apenso: PL 2117/2015) Altera o art. 11 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, para caracterizar como atos

Leia mais

Natureza Jurídica. Características. Gerações.

Natureza Jurídica. Características. Gerações. Natureza Jurídica. Características. Gerações. Direitos humanos estão relacionados com a importância da própria pessoa humana. A pessoa humana, que é o bem mais valioso da humanidade, estará acima de qualquer

Leia mais

POLÍTICAS PÚBLICAS Aula 11. Prof. a Dr. a Maria das Graças Rua

POLÍTICAS PÚBLICAS Aula 11. Prof. a Dr. a Maria das Graças Rua POLÍTICAS PÚBLICAS Aula 11 Prof. a Dr. a Maria das Graças Rua Ao final do regime militar, a política de saúde no Brasil tinha como características: a) um duplo comando, fragmentado entre o Ministério da

Leia mais

/001 <CABBCBBCACCCBBAABACDAADCBDAABCAAADDAADDADAAAD>

/001 <CABBCBBCACCCBBAABACDAADCBDAABCAAADDAADDADAAAD> Acórdãos na Íntegra 146000088314 Tribunal: Tribunal De Justiça Do Estado De Minas Gerais Órgão Julgador: 8ª C.Cív. Tipo do Recurso: RN Nº Processo: 1.0433.07.204187-7/001 Relator(a): Rel. Vieira de Brito

Leia mais

MANDADO DE INJUNÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO - PEÇA PRÁTICA

MANDADO DE INJUNÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO - PEÇA PRÁTICA MANDADO DE INJUNÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO - PEÇA PRÁTICA www.trilhante.com.br ÍNDICE 1. MANDADO DE INJUNÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO... 4 Apontamentos Iniciais...4 Legitimidade... 5 Competência... 5 Procedimento...6

Leia mais

O ESTADO E A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

O ESTADO E A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA O ESTADO E A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA ESTADO Conjunto de regras, pessoas e organizações que se separam da sociedade para organizá-la. - Só passa a existir quando o comando da comunidade

Leia mais

Sistema Único de Saúde SUS

Sistema Único de Saúde SUS Sistema Único de Saúde SUS João Werner Falk Professor e atual Chefe do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina da UFRGS Ex-Presidente (em cinco gestões) e ex-diretor de Titulação e Certificação

Leia mais

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal RECURSO EXTRAORDINÁRIO 769.059 SANTA CATARINA RELATORA RECTE.(S) ADV.(A/S) RECDO.(A/S) PROC.(A/S)(ES) : MIN. CÁRMEN LÚCIA :SUPERMERCADOS XANDE LTDA : JULIANO GOMES GARCIA E OUTRO(A/S) :UNIÃO :PROCURADOR-GERAL

Leia mais

A Ética em pesquisa nas Ciências Humanas e Sociais

A Ética em pesquisa nas Ciências Humanas e Sociais A Ética em pesquisa nas Ciências Humanas e Sociais Ruth Ribeiro Bittencourt Representante do FCHSSA/CFESS na Instância CHS/ CONEP/CNS Ribeirão Preto/SP - 17.08.2018 A Ética em pesquisa nas Ciências Humanas

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL 01. Considere as seguintes normas constitucionais: I. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando

Leia mais

DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES. Prof. Eduardo Casassanta

DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES. Prof. Eduardo Casassanta DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES Prof. Eduardo Casassanta Ementa Separação das funções Estatais Poder Legislativo Poder Executivo Poder Judiciário Funções Essenciais à Justiça Organização dos Poderes Separação

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria Geral dos Direitos Fundamentais Parte 2 Profª. Liz Rodrigues - Características: considerando a sua função de proteger a dignidade da pessoa humana, os direitos fundamentais

Leia mais

- Jornada de trabalho máxima de trinta horas semanais, seis horas diárias, em turno de revezamento, atendendo à comunidade às 24 horas do dia...

- Jornada de trabalho máxima de trinta horas semanais, seis horas diárias, em turno de revezamento, atendendo à comunidade às 24 horas do dia... Parecer Coletivo Lei 14.691/15. Agentes Municipais de Fiscalização de Trânsito. Servidores Locais. Competência Constitucional do Município. Cláusula Pétrea da CF/88. Lei Estadual Inconstitucional. Interposição

Leia mais

ATIVISMO JUDICIAL COMO CRIME DE RESPONSABILIDADE

ATIVISMO JUDICIAL COMO CRIME DE RESPONSABILIDADE UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES CAMPUS VILLA-LOBOS Curso de Direito ATIVISMO JUDICIAL COMO CRIME DE RESPONSABILIDADE PROFA. MARINA DE NEIVA BORBA marina.borba@umc.br São Paulo, 22 de agosto de 2016 APRESENTAÇÃO

Leia mais

Noções de Estado. Organização da Federação e Poderes do Estado

Noções de Estado. Organização da Federação e Poderes do Estado Noções de Estado Noções de Estado Organização da Federação e Poderes do Estado Estado É a sociedade política e juridicamente organizada, dotada de soberania, dentro de um território, sob um governo, para

Leia mais

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal Ementa e Acórdão Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 6 28/10/2016 PRIMEIRA TURMA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 806.607 PIAUÍ RELATOR AGTE.(S) AGDO.(A/S) : MIN. ROBERTO BARROSO :ESTADO

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria Geral dos Direitos Fundamentais Parte 3 Profª. Liz Rodrigues - Classificação dos direitos fundamentais (Novelino): - Classificação unitária: a semelhança entre os direitos

Leia mais

O STF e o direito à saúde: distribuição de medicamentos de alto custo

O STF e o direito à saúde: distribuição de medicamentos de alto custo O STF e o direito à saúde: distribuição de medicamentos de alto custo Quem deve morrer?. Essa pergunta pode parecer estranha, afinal, se há uma certeza na vida é a de que ela é passageira e seu término

Leia mais

DIREITOS HUMANOS E A CONSTITUIÇÃO

DIREITOS HUMANOS E A CONSTITUIÇÃO DIREITOS HUMANOS E A CONSTITUIÇÃO Aula 06 NOS CAPÍTULOS ANTERIORES... Identificamos a evolução histórica dos direitos humanos Direitos Humanos Direitos fundamentais Geração x Dimensões Documentos Históricos

Leia mais

XXI CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA

XXI CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA DIREITO À EDUCAÇÃO INCLUSIVA E DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS: A RELEVÂNCIA DA INTERPRETAÇÃO FRENTE À COLISÃO ENTRE DIREITOS FUNDAMENTAIS Fernanda Vivacqua Vieira (UEFN) fernandavivacqua@hotmail.com

Leia mais

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.286.253 - SP (2011/0211865-3) RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO AGRAVANTE : COMPANHIA DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO - SABESP INTERES. : ANTONIO GONÇALVES

Leia mais

II - AÇÃO RESCISÓRIA

II - AÇÃO RESCISÓRIA RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO BARATA AUTOR : UNIAO FEDERAL / FAZENDA NACIONAL REU : GAIA SILVA ROLIM E ASSOCIADOS S/C ADVOCACIA E CONSULTORIA TRIBUTARIA E SOCIETARIA ADVOGADO : SEM ADVOGADO ORIGEM

Leia mais

RECTE.(S): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS PROC.(A/S)(ES): PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

RECTE.(S): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS PROC.(A/S)(ES): PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO RECTE.(S): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS PROC.(A/S)(ES): PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS RECDO.(A/S): ESTADO DE MINAS GERAIS ADV.(A/S):

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais da República Forma,Sistemae Fundamentosda República- Parte2 Prof. AlexandreDemidoff Cidadania: Caracteriza o direito de participação política dos indivíduos.

Leia mais

Comentários às questões de Direito Constitucional Prova: Técnico do Seguro Social Professor: Jonathas de Oliveira

Comentários às questões de Direito Constitucional Prova: Técnico do Seguro Social Professor: Jonathas de Oliveira Comentários às questões de Direito Constitucional Prova: Professor: Jonathas de Oliveira 1 de 5 Comentário às questões de Direito Constitucional Técnico do INSS Caderno Beta 1 No cômputo do limite remuneratório

Leia mais

O MÍNIMO EXISTENCIAL VERSUS A RESERVA DO POSSÍVEL

O MÍNIMO EXISTENCIAL VERSUS A RESERVA DO POSSÍVEL RESUMO O MÍNIMO EXISTENCIAL VERSUS A RESERVA DO POSSÍVEL LEITE, Emerson Scuzziatto. 1 GUEDES, Rafael Felipe de Olveira. 2 MUNARO, Marcos Vinícius Tombini. 3 Diante da escassez de recursos que não permitem

Leia mais

Súmula Vinculante 33: breves considerações

Súmula Vinculante 33: breves considerações Súmula Vinculante 33: breves considerações Pequeno estudo da nova Súmula Vinculante publicada pelo Supremo Tribunal Federal em abril desse ano. Publicado por Mariana Hemprich Em abril de 2014 foi publicada

Leia mais

O ATUAL CENÁRIO DA SAÚDE INDÍGENA BRASILEIRA

O ATUAL CENÁRIO DA SAÚDE INDÍGENA BRASILEIRA O ATUAL CENÁRIO DA SAÚDE INDÍGENA BRASILEIRA TÓPICOS JURÍDICOS REFERENTES AO TEMA Dr. José Alejandro Bullón Silva Assessor Jurídico do CFM CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 196. A saúde é direito de todos e dever

Leia mais

O idoso dependente: de quem é a responsabilidade do cuidado? Lívia A. Callegari 15/06/2018 1

O idoso dependente: de quem é a responsabilidade do cuidado? Lívia A. Callegari 15/06/2018 1 O idoso dependente: de quem é a responsabilidade do cuidado? Lívia A. Callegari 15/06/2018 1 Lívia Callegari Advogada inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil e de Portugal militante, exclusivamente,

Leia mais

DIREITO FUNDAMENTAL À SAÚDE

DIREITO FUNDAMENTAL À SAÚDE DIREITO FUNDAMENTAL À SAÚDE Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constituise em Estado Democrático de Direito e tem

Leia mais

Esses, em síntese, os fatos de interesse.

Esses, em síntese, os fatos de interesse. Nº 600414/2016 ASJCIV/SAJ/PGR Relator: Ministro Marco Aurélio Autora: União Réu: Consulado Geral da França no Rio de Janeiro CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL. AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA. EXECUÇÃO FISCAL CONTRA

Leia mais

TEMA 10: PODER JUDICIÁRIO

TEMA 10: PODER JUDICIÁRIO TEMA 10: PODER JUDICIÁRIO EMENTÁRIO DE TEMAS: Poder Judiciário: órgãos; funções típicas e atípicas; garantias da magistratura; LEITURA OBRIGATÓRIA MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo.

Leia mais

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES EMENTA PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. SUPOSTA OFENSA AO ART. 535 DO CPC. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO ACÓRDÃO. MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO POR CÂMARA MUNICIPAL

Leia mais