QUALIFICAÇÃO NA SEGREGAÇÃO DE RESÍDUOS GERADOS EM AMBIENTES HOSPITALARES
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- Amanda Benevides Rodrigues
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1 QUALIFICAÇÃO NA SEGREGAÇÃO DE RESÍDUOS GERADOS EM AMBIENTES HOSPITALARES Apresentador: Fernando Arlei Cruseiro Biólogo formado pelo Centro Universitário Fundação Santo André, Agente Ambiental do Departamento de Resíduos Sólidos do SEMASA - Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André SP. Síntese do trabalho Desde o ano de 1997, o Município de Santo André implementa a Política de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, que envolve a redução, reaproveitamento e reciclagem de resíduos sólidos, bem como o tratamento e a disposição final de resíduos de forma qualificada, minimizando os impactos no ambiente aumentando as perspectivas de inclusão social e desenvolvimento econômico no mercado de resíduos sólidos. O manejo dos resíduos infectantes tem sido feito de forma diferenciada desde As regulamentações existentes e as que vieram posteriormente têm a finalidade de consolidar a responsabilidade do gerador de resíduos de serviços de saúde no manejo ambientalmente saudável dos mesmos. Em Santo André o serviço prestado pelo poder público local buscou o aperfeiçoamento, atendendo todas as exigências legais para a devida prestação dos serviços. Com isso criou-se condições para uma ação estratégica que garante a continuidade de atendimento aos geradores de resíduos infectantes instalados no município, possibilitando melhoria da qualidade ambiental no devido manejo destes e outros resíduos além da sustentabilidade econômica através da implementação da tarifa. Descrição do objetivo do trabalho Sistematizar a experiência do SEMASA na adequação da prestação dos serviços de coleta, transporte, tratamento e destinação final de resíduos infectantes, atendendo a legislação vigente e um maior número de geradores, pequenos ou grande, propiciando a sustentabilidade ambiental e econômica do sistema, além de contribuir para implantação de segregação adequada em ambientes hospitalares dos resíduos secos, úmidos e infectantes. Metodologia / Desenvolvimento No que se refere à Gestão de Resíduos Sólidos, o município conta com Aterro Sanitário desde meados da década de 1980 (hoje classificado pela CETESB como um dos melhores aterros públicos da Região Metropolitana de São Paulo - IQR 9,3/2002), coleta diferenciada de resíduos úmidos e secos ofertados à toda população e o certificado ISO 9001/2000 a todos os serviços de saneamento ambiental. Localizado na região metropolitana de São Paulo, Santo André é um dos sete municípios que compõem a Região do Grande ABC, sub-região sudeste da região metropolitana. Sua área territorial se estende por 174 km 2, sendo
2 que 55% é de proteção ambiental devido a ser parte integrante da Área de Proteção aos Mananciais na Bacia Hidrográfica da Represa Billings (96 km 2 ) e da vertente da Serra do Mar (12 km 2 ), área envoltória do tombamento do Parque Estadual da Serra do Mar. Os demais 66 km 2 pertencem à Bacia Hidrográfica do Rio Tamanduateí, área onde se concentram as principais atividades urbana e industriais do município. O município tem 163 mil domicílios, sendo 159 mil em área urbana e 20 mil habitações em núcleos de assentamento informal (favelas), a grande maioria deles em áreas de difícil acesso para a coleta regular de resíduos sólidos. Com aproximadamente mil habitantes (IBGE 2000), dos quais 2,6 % residem na área de proteção dos mananciais. Atualmente o poder público, por meio do Semasa coleta em média: toneladas diárias de resíduos sólidos urbanos toneladas diárias de resíduos inertes e inservíveis de responsabilidade pública toneladas mensais de resíduos infectantes toneladas mensais de resíduos sólidos recicláveis provenientes de coleta seletiva. Implementados em 1988, os serviços de coleta, transporte, tratamento e destinação final de resíduos infectantes eram executados pela Prefeitura. A princípio atendia, com uma estrutura precária, a rede pública de saúde e empreendimentos particulares considerados grandes geradores de resíduos infectantes. Com base nas determinações da resolução CONAMA Nº. 5/93 e de regulamentações da Secretaria da Saúde/Serviço de Vigilância Sanitária, verificou-se a necessidade de um trabalho específico voltado para a devida identificação, segregação e acondicionamento dos resíduos dos serviços de saúde (fig.01). Com a publicação da lei municipal Nº. 7733/98 "Política Municipal de Gestão e Saneamento Ambiental" o município de Santo André cria condições e confirma no poder local a necessidade do tratamento diferenciado dos resíduos e a responsabilidade do gerador sobre os mesmos. Em 1999 foi contratada empresa com tecnologia por microondas, que além da desinfecção promove a redução de 80% do volume inicial dos resíduos infectantes. Em maio de 1998, também foi dado início ao programa de coleta seletiva porta-a-porta no bairro Vila Pires. Projeto Piloto que permitiu aferir a adesão da população frente a proposta de separar os resíduos gerados. A sensibilização dos moradores foi feita de casa em casa por equipes de monitores, trabalho este que resultou na participação da população do bairro considerada até hoje a melhor dentre os diversos bairros da cidade. Pouco a pouco, outros bairros foram incorporados ao programa, atingindo cerca de 7% dos domicílios da cidade até junho de Este sistema foi apoiado por uma Coleta Especial feita por um caminhão baú em locais da cidade, não atendidos pelo projeto piloto, onde o cidadão já encontrava-se sensibilizado para a adesão ao programa. Os resultados positivos destes pilotos permitiram a ampliação do programa de coleta seletiva porta-a-porta para toda a cidade, desta vez, com um aumento da freqüência de coleta criando a Coleta Diferenciada.
3 A expansão da coleta foi proposta, então, para ser implementada em duas etapas: a primeira, atingindo cerca de 100 mil domicílios da cidade, ou seja, 60% do total dos domicílios e teve início no dia 6 de outubro de Fundamental para o sucesso do programa foi a campanha de divulgação e conscientização, realizada em grande escala, em veículos da mídia. Numa segunda etapa, a coleta seletiva (em abril de 2000) atingiu todo o município. Os dados apresentados pelo IBGE do Censo Demográfico 2000 mostram que Santo André atende 99,8% dos domicílios com a coleta de lixo - sendo a segunda melhor do Estado de São Paulo. Atualmente a coleta diferenciada de resíduos sólidos domiciliares encontra-se organizada a partir da classificação dos resíduos domiciliares em dois tipos: úmidos (resíduos orgânicos, embalagens sujas, restos de alimentos e lixo de banheiro) e secos (embalagens em geral, plásticos, metais, vidros e papéis) e a freqüência de coleta estabelecida é de 3x2, ou seja, três vezes por semana coleta-se os resíduos úmidos e duas vezes por semana coleta-se os resíduos secos, esta freqüência foi estabelecida a partir de testes realizados com toda a população (fig.02). A coleta diferenciada porta a porta atingiu também os assentamentos habitacionais informais, áreas tradicionalmente de difícil acesso para a coleta regular tendo em vista as ruas estreitas e por vezes íngremes destes núcleos. Para tanto, foi implantado o Programa de Coleta Comunitária, em que moradores dos núcleos, desempregados, foram selecionados para o serviço de coleta porta a porta e triagem do material reciclável para a venda, dando origem à Cooperativa de Coleta e Limpeza Urbana a COOP CIDADE LIMPA. O Semasa passa a partir de fevereiro de 2001, após todo o processo de instalação e licenciamento do sistema de tratamento de resíduos infectantes, a prestar um serviço qualificado de coleta externa, transporte, tratamento e disposição final de para os estabelecimentos de saúde cadastrados. Este trabalho possibilitou a diminuição do volume dos resíduos coletados, agora segregados corretamente, obtendo-se assim uma redução nos custos do sistema (fig.03). Regulamentando a lei municipal Nº de 28/12/2000, que institui a tarifa de coleta, tratamento e destinação final de resíduos sólidos não domiciliares, foi publicado em 08/11/2001 o decreto Nº que dispõe sobre a cobrança de tarifa de coleta, tratamento e disposição final dos resíduos de serviços de saúde, separando os estabelecimentos baseado em sua geração, da seguinte forma: I Até 50 litros diários: 30,28 FMPs; II de 51 à 100 litros diários: 60,56 FMPs; III Acima de 100 litros diários: 0,066 FMP/litro. Conhecendo-se a relação dos geradores com os resíduos gerados (quadro abaixo), foram realizadas reuniões com os grandes geradores organizadas pelos Departamentos de Resíduos Sólidos, de Gestão Ambiental e de Vigilância à Saúde com o intuito de esclarecer as dúvidas em relação à prestação do serviço, à medição e cobrança. Houve um treinamento aos coletores para orientá-los quanto ao tipo de material que pode ser coletado e de como deve ser feita a anotação dos volumes.
4 Faixa Estabelecimentos % clientes % resíduos até 50 litros a 100 litros acima de 100 litros Após a primeira cobrança, os geradores passaram a preocupar-se com a segregação. Deu-se início então à um programa de sensibilização ambiental direcionada especificamente aos hospitais. Foi feito contato inicialmente com o Centro Hospitalar do Município de Santo André, criou-se então uma comissão para organizar um evento propondo a correta segregação dos resíduos gerados neste ambiente. Primeiramente foi distribuído em todos os setores um questionário que visava elucidar o nível de conhecimento dos servidores a cerca da segregação e classificação dos resíduos (fig.04). Após a tabulação dos resultados, conhecendo o perfil do público alvo, seus maiores medos e dúvidas, passou-se a expor nos locais de maior circulação de pessoas (como refeitórios, relógios de ponto e salas de descanso) cartazes, figuras, textos sobre o que pode ser reciclado mesmo em ambientes que geram tantos resíduos infectantes, além de exemplos dos resíduos recicláveis e objetos confeccionados à partir desses resíduos. Por tratar-se de um hospital muito grande, seria impossível mobilizar todos os funcionários num mesmo momento. Sabendo-se que o número total de envolvidos girava em torno de 1000 funcionários elegeu-se funcionários multiplicadores, estes foram selecionados em cada setor para participar de dois dias de palestras ministradas pelo Semasa, Departamento de Vigilância à Saúde, Centro Hospitalar, Usina de Triagem e Reciclagem de Papel e Cooperativa de Triagem de Resíduos Secos Coop Cidade Limpa (fig.05). Em todos os locais do hospital foram implantadas três lixeiras, uma para resíduo infectante, outra para os úmidos e a terceira para secos, além das caixas coletoras para perfurocortantes, nos locais convenientes. Antes da implantação efetiva da coleta de resíduos secos, as lixeiras eram inspecionadas e identificadas pelos funcionários multiplicadores. Quando o nível de separação já estava bem adequado as condições de coleta, deu-se início ao serviço. De tamanha qualidade na segregação foi implantada ainda uma quarta coleta, onde diariamente um caminhão do tipo baú coleta apenas os papéis provenientes da área administrativa e os papelões de embalagens, contribuindo assim para o projeto Usina de Reciprocidade (fig.06). Este projeto vem sendo ampliado gradativamente, com sucesso já foi implantado no Hospital Estadual Mário Covas e em hospitais do setor privado. À partir de 2003 o Semasa iniciou uma nova estratégia de armazenamento dos resíduos secos, esta armazenagem ocorre em um Big Bag, um saco de ráfia com capacidade de 1m 3 e de dimensões 0,9 x 0,9 x 1,2 m, suspenso por uma estrutura de metal. Inicialmente os bags seriam implantados para a coleta em condomínios e escolas, pois fica na parte interna do estabelecimento, evitando assim a ação de carrinheiros. Devido à grande praticidade por ele proporcionada os hospitais também têm solicitado sua implantação nos estabelecimentos (fig.07).
5 Com a publicação da Resolução RDC Nº 33, iniciou-se uma grande discussão à respeito do destino final dos resíduos infectantes. O Semasa participou de vários seminários, congressos, palestras sobre o assunto, para interar-se da discussão e atualizar-se, além de constituir um grupo de discussões com a Vigilância Sanitária, os Hospitais Municipal, Estadual e representantes da esfera privada. Entende-se que a aplicação da Resolução seria um retrocesso para todo o trabalho desenvolvido anteriormente, além de saturar o aterro sanitário e acarretar riscos de acidentes de trabalho para os servidores que lidam diretamente com os resíduos receptados no aterro e aos coletores de resíduos úmidos. Os geradores foram orientados tanto pelo Semasa quanto pela Vigilância Sanitária a continuar seguindo as determinações da Resolução CONAMA 283/2001, enquanto as discussões não se concluíssem. Em 22/07/2003 o Estado de São Paulo publicou por meio da Secretária Estadual de Meio Ambiente a Resolução SMA 31 onde resolve que... ficam adotadas a definição e classificação de resíduos de serviços de saúde constantes da Resolução CONAMA Nº Portanto, foram retomados os trabalhos nos ambientes hospitalares, além das análises e acompanhamentos na elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, com base nas determinações da CONAMA. Resultados / Conclusões A adequação da prestação dos serviços de coleta, transporte, tratamento e destinação final de resíduos infectantes às normas ambientais e legislações vigentes, possibilitou a efetivação de uma cobrança específica que visa garantir o equilíbrio financeiro do sistema. O trabalho possibilitou a segregação adequada dos resíduos infectantes, reduzindo o volume gerado e dando encaminhamentos mais criteriosos aos resíduos. Criamos condições de atendermos de maneira qualificada os pontos de coleta instalados no município (fig.08). Esta iniciativa alavancou a quantidade de resíduos secos coletada mensalmente no município e vem ajudando a manter projetos sociais com ex-catadores, ex-desempregados e adolescentes em situação de risco social. Referências Bibliográficas - Política Municipal de Gestão e Saneamento Ambiental - lei 7733/98. Santo André: SEMASA, Resolução Nº. 05/93 - CONAMA, Resolução Nº. 283/2001 CONAMA, Resolução Nº. 31 Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo SMA, 2003
6 - Resolução Conjunta SES/SMA Nº. 31 Secretaria da Saúde e Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo - Associação Brasileira de Normas Técnicas Normas sobre RSSS. - Santo André Obras. Santo André: PMSA, Legislações do Município de Santo André Figura 1 - Veículos da coleta de resíudos infectantes Figura 2 - Caminhão compactador - coleta de resíduos secos
7 Figura 4 - Equipamento de microondas QUE TIPO DE RESÍDUOS O HOSPITAL CONTÉM? 80 79,6 60 % ,8 0 1,5 2,2 0,0 perfurocortante infectante alimentos todos os anteriores COMO VOCÊ CONSIDERA O LIXO HOSPITALAR? % muito perigoso 4 sem perigo 0,0 0,0 Figura 3 - Resultados da pesquisa realizada no CHMSA
8 Figura 5 - Palestras realizadas no CHMSA Figura 6 - Usina de triagem e reciclagem de papel
9 Figura 7 - Big Bag 150 Indicador de Resíduos Infectantes (IRI) Toneladas Coletadas Média Anual Meta Toneladas jan/01 mar/01 mai/01 jul/01 set/01 nov/01 jan/02 mar/02 mai/02 jul/02 set/02 nov/02 jan/03 mar/03 mai/03 jul/03 set/03 nov/03 jan/04 mar/04 Figura 8 - Gráfico de redução do volume de RSS coletados
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