Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde ISSN: Universidade Anhanguera Brasil
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1 Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde ISSN: editora@uniderp.br Universidade Anhanguera Brasil Ambrozin, Alexandre Ricardo Pepe; Tonon Vicente, Milena Maia ASSOCIAÇÃO ENTRE O TEMPO DE VENTILAÇÃO MECÂNICA NO PÓS-OPERATÓRIO DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO E AS VARIÁVEIS DE RISCO PRÉ-OPERATÓRIO Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, vol. XII, núm. 1, 2008, pp Universidade Anhanguera Campo Grande, Brasil Disponível em: Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto
2 Ensaios e Ciência: C. Biológicas, Agrárias e da Saúde Vol. XII, Nº. 1, Ano 2008 ASSOCIAÇÃO ENTRE O TEMPO DE VENTILAÇÃO MECÂNICA NO PÓS-OPERATÓRIO DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO E AS VARIÁVEIS DE RISCO PRÉ-OPERATÓRIO Alexandre Ricardo Pepe Ambrozin Faculdade Anhanguera de Bauru alexandre.ambrozin@unianhanguera.edu.br ASSOCIATION BETWEEN VENTILATION MECHANICAL TIME IN THE POS-OPERATIVE BYPASS SURGERY AND THE VARIABLES RISK PREOPERATIVE Milena Maia Tonon Vicente Faculdade Anhanguera de Bauru mitonon@terra.com.br RESUMO O aumento no Tempo de Ventilação Mecânica (TVM) é uma complicação da revascularização do miocárdio. O objetivo deste estudo foi correlacionar o TVM no pós-operatório com os fatores de risco pré-operatório. Os doentes foram avaliados no préoperatório para detectar os fatores de risco para complicação pulmonar. Após cirurgia de RM foram encaminhados para UTI em ventilação mecânica, e o TVM considerado desde a entrada na u- nidade até o momento da extubação. A estatística foi feita usando Teste não-paramétrico de Mann-Whitney e correlação de Pearson (p<0,05). Foram avaliados 70 doentes, idade entre 26 e 77 anos. O TVM foi significativamente maior em doentes com mais de 70 anos e nos não-fumantes. O TVM teve correlação com a idade (0,32 p<0,01). É possível concluir que pacientes submetidos a RM com mais de 70 anos e não-fumantes apresentam maior TVM apresentam maior TVM, sendo necessário mais estudos na área. Palavras-Chave: Tempo de ventilação mecânica, revascularização do miocárdio, fatores de risco. ABSTRACT Anhanguera Educacional S.A. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo CEP rc.ipade@unianhanguera.edu.br Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Artigo Original The increase in the ventilation mechanical time (VMT) is a cardiac pulmonary bypass surgery complication. The aim this study was correlation the VMT in the postoperative with variables risk preoperative. The patients were available in the preoperative for to detect the risk factors for pulmonary complication. After surgery cardiopulmonary bypass was to therapy intensive care in the mechanical ventilation, and the VMT prudent since the input in the unit until the moment extubation. The statistic was done with test non-parametric of Mann-Whitney and correlation of Pearson (p<0,05). It was availed 70 patients, age between 26 and 77 years. The VMT was signification higher in patients with more 70 years and in the non-smoking. The VMT had correlation with the age (0,32 p<0,01). It is possible to conclude that patients submitted the cardiac pulmonary bypass with more 70 years old and patients non-smoking presented more VMT, and it is necessary others studies. Keywords: Mechanical ventilation time, cardiac pulmonary bypass sur-
3 114 Associação entre o tempo de ventilação mecânica no pós-operatório de revascularização do miocárdio e as variáveis de risco pré-operatório 1. INTRODUÇÃO Nos Estados Unidos estima-se que 40% das hospitalizações são para realização de algum procedimento cirúrgico, totalizando 14 milhões por ano (FARESIN et al., 2000). Os procedimentos cirúrgicos que envolvem o sistema respiratório, direta ou indiretamente, podem levar a alteração na função respiratória. Estas alterações são responsáveis pelo aparecimento de Complicações Pulmonar no Pós-operatório (CPP). A ocorrência de CPP varia em torno de 7 até 80% dos casos, depende da presença de fatores de riscos pré-operatório e intra-operatório (SILVA; CAMARGO, 1991; CHUMILLAS et al., 1998; MARTINS, 1999; PEREIRA et al., 1999, SAAD; ZAMBON, 2001). Dentre os fatores de risco, os que são pesquisados no pré-operatório são idade, as doenças pulmonares prévias (crônicas ou agudas), o tabagismo, o estado nutricional, a função pulmonar e a presença de comorbidades. Já os fatores intraoperatórios são tempo de cirurgia, incisão cirúrgica, decúbito durante a cirurgia, anestesia e no caso da cirurgia cardíaca a utiliza;ao da circulação extra-corpórea. A associação destes fatores podem levar as alterações na integridade do sistema respiratório e a consequentemente a CPP (PEREIRA et al., 1999, RATTO, 2000; FILARDO et al., 2002). A fim de identificar os fatores de riscos para CPP, traçar terapêutica quando na presença de fatores reversíveis e estabelecer os cuidados necessários para o período pós-operatório há necessidade de realização da avaliação pulmonar pré-operatória (SILVA; CAMARGO, 1991, MARTINS, 1999; FARESIN et al., 2000; RATTO, 2000; SA- AD; ZAMBON, 2001). Dos óbitos em pacientes com idade superior a 70 anos, 40% é decorrente de CPP. Pacientes idosos apresentam alterações anatomo-fisiológicas, decorrentes da idade, que levam a dificuldade na recuperação das lesões intra-operatórias (GONÇALVES e NOVAES, 2001; FERNANDES; RUIZ NETO, 2002). Cada vez mais os pacientes idosos são submetidos a procedimentos cirúrgicos, graças ao aumento da expectativa de vida, sendo a idade um fator de risco comum no paciente cirúrgico. Grande parte das doenças obstrutivas coronarianas ocorre em pacientes com idade superior a 70 anos e que são candidatos à cirurgia cardíaca onde as complicações chegaram em 9,3% (LOURES et al., 2000). Considerando que a mortalidade é grande em pacientes idosos submetidos a procedimentos cirúrgicos, o processo de avaliação e indicação cirúrgica deve ser cauteloso, buscando considerar principalmente as disfunções respiratórias causadas pelo
4 Alexandre Ricardo Pepe Ambrozin, Milena Maia Tonon Vicente 115 envelhecimento. O envelhecimento leva a alterações respiratórias responsáveis pela dificuldade no desmame no pós-operatório. A saída da ventilação mecânica depende de integridade músculo esquelética no pós-operatório e pacientes idosos algumas vezes apresentam dificuldade na extubação (FERGUSON; DURKIN, 2002; LOURES et al., 2000). A presença de doença respiratória aguda, como pneumonia, diminui as respostas imunológicas do organismo, podendo aumentar as complicações respiratórias, por isso é rotina aguardar a resolução do quadro nas cirurgias eletivas (WEST, 1996; GONÇALVES; NOVAES, 2001; SAAD; ZAMBON, 2001). Já as doenças crônicas do sistema respiratório, como doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), também elevam as CPPs. O DPOC cresce na população em geral e também no paciente cirúrgico decorrente do habito tabágico. Nestes pacientes ocorrem alterações no formato do tórax, presença de dispnéia e a cianose, utilização da musculatura acessória, tornando-os vulneráveis à CPPs (WEST, 1996; GONÇALVES; NOVAES, 2001; SAAD; ZAMBON, 2001). Em pacientes com DPOC submetidos a ventilação mecânica no pós-operatório de cirurgia cardíaca, o desmame pode se tornar difícil pois estes apresentam alteração na mecânica respiratória. O paciente DPOC devem ser ventilados por meio de estratégias ventilatorias especificas, como tempos expiratórios prolongados, relações inspiração: expiração menores e volumes correntes menores. Na condução da ventilação mecânica no pós-operatório deve-se buscar a manutenção dos gases sanguíneos, ou seja, manter a hipercapnia pré-operatória e manter a oxigenação dentro dos limites do préoperatório (WEST, 1996; GONÇALVES; NOVAES, 2001; SAAD; ZAMBON, 2001). Alguns paciente não relatam ou não foram diagnosticados como portadores de alterações respiratórias, por isso, a espirometria deve ser realizada no préoperatório de cirurgia torácica e abdominal. A espirometria é um exame que avalia as capacidades e fluxos pulmonares. Em pacientes pneumopatas crônicos sintomáticos candidatos à cirurgia cardíaca, é um exame que deve ser realizada para detecção das repercussões funcionais da doença e o padrão ventilatório. A espirometria ajuda a otimizar a terapêutica medicamentosa e realizar fisioterapia respiratória adequada com objetivo de reduzir os riscos e facilitar o processo de desmame ventilatório (SCHÜL- LER; MORROW, 2000; RAMOS et al., 2003). O tabagismo também é um fator de risco para CPP independente da presença
5 116 Associação entre o tempo de ventilação mecânica no pós-operatório de revascularização do miocárdio e as variáveis de risco pré-operatório pelo tabagismo, e esta, do tempo de exposição ao cigarro e da carga-tabágica. Agudamente o cigarro traz efeitos nocivos ao sistema respiratório, portanto a abstinência, de no mínimo 8 semanas, é fundamental para diminuir as complicações. Este tempo é necessário para melhorar a atividade ciliar, diminuir os sintomas respiratórios, diminuir os níveis de carboxihemoglobina e nicotina no sangue. Este processo de recuperação das alterações agudas são importantes pois auxiliam na eliminação de secreções, melhorando a ventilação e as trocas gasosas, diminuindo a necessidade de ventilação mecânica no pós-operatório (BLUMAN et al., 1998; NAKAGAWA et al., 2001). Sabe-se que fumante-atuais complicam significativamente mais que exfumantes e não-fumantes (BLUMAN et al., 1998), e que pacientes abstênicos por menos de 4 semanas apresentam mais complicações, de 5 a 8 semanas diminuem gradativamente as complicações, e de 9 e 12 semanas é igual à não-fumantes (NAKAGAWA et al., 2001). Pacientes que não param de fumar antes do ato cirúrgico podem apresentar diminuição dos níveis de oxigenação, pela presença de níveis altos de carboxihemoglobina ligada a hemácia (DOYLE, 1999) e dobrar o risco do desenvolvimento de infecções pulmonares (SCHÜLLER; MORROW, 2000) devido à paralisia ciliar e conseqüente acúmulo de secreção. Também é alvo da avaliação pré-operatória o estado nutricional do paciente, são considerados de risco tanto a desnutrição quanto a obesidade. O índice de massa corpórea é utilizado para avaliação do estado nutricional, a normalidade esta entre 20 e 25 Kg/m 2 (DOYLE, 1999; SAAD; ZAMBON, 2001). A desnutrição leva à diminuição da resposta à hipóxia, à diminuição da massa muscular e à diminuição da defesa pulmonar por deficiência protéico-calórica. A ineficiência do mecanismo de resposta à hipóxia leva à diminuição das trocas por hipoventilação. A perda de massa muscular ocasiona diminuição das pressões inspiratórias e expiratórias que geram volumes pulmonares inadequados, os quais não conseguem expandir possíveis atelectasias decorrentes do ato cirúrgico que, associadas à ineficiência dos mecanismos de defesa, podem levar a infecção (DOYLE, 1999; SAAD; ZAMBON, 2001). A obesidade pode estar presente no pré-operatório de revascularização do miocárdio e torna mais comum a ocorrência de atelectasias no terço inferior dos pulmões por compressão destas áreas. Além disso a obesidade altera a mecânica respiratória levando a diminuição das complacências pulmonares (dinâmica e estática) e aumento da resistência do sistema respiratório, decorrentes do aumento de tecido no tó-
6 Alexandre Ricardo Pepe Ambrozin, Milena Maia Tonon Vicente 117 rax. A hipóxia progressiva comum nestes pacientes podendo facilitar o aparecimento de infecções (DOYLE, 1999; SAAD; ZAMBON, 2001). As comorbidades comumente investigadas no pré-operatório são a hipertensão arterial e o diabetes mellitus, pois estão relacionadas com maior risco de CPP, sendo fundamental que estas doenças estejam sob controle no paciente cirúrgico. A hipertensão pode levar à diminuição da complacência pulmonar estática devido ao edema pulmonar dificultando as trocas gasosas e aumentando o trabalho respiratório, e consequentemente dificultando o desmame ventilatório. Nestes casos a utilização de pressão expiratória positiva final na ventilação mecânica e a intervenção medicamentosa são necessárias (PEREIRA et al., 1999). A diabetes mellitus pode levar a acidose metabólica, quando não controlada, e assim alterações das respostas do centro respiratório, podendo ocasionar alterações nas concentrações dos gases sanguíneos (PEREIRA et al., 1999). Além destas comorbidades, outras doenças, não menos comum, podem elevar o risco de complicações tais como, o acidente vascular cerebral relacionada com maior tempo de ventilação mecânica e infecções pulmonares. Portadores de distúrbio neurológicos apresentam dificuldade no desmame da ventilação e ineficiência no mecanismo de tosse (PEREIRA et al., 1999). A ocorrência de CPP pode também estar ligada a fatores anestésicos e cirúrgicos. O primeiro refere-se ao tipo de anestesia, à droga utilizada e ao tempo de anestesia. Pacientes submetidos à anestesia geral podem apresentar atelectasias que estão associadas à diminuição do diâmetro crânio-caudal da caixa torácica por compressão do conteúdo abdominal sobre o diafragma, alterando a mecânica respiratória. Drogas utilizadas no pré-operatório podem agravar ou causar acidose respiratória e hipoxemia por deprimir o centro respiratório. A presença de secreção pulmonar pode dificultar o ato cirúrgico; por isso, é larga a utilização de drogas que diminuem as secreções pulmonares. A dificuldade de tossir no pós-operatório mantém as secreções secas e viscosas na árvore brônquica, aumentando o risco de atelectasias e de infecções (CAMARGO, 1997; CHUMILLAS et al., 1998; PEREIRA et al., 1999; RATTO, 2000). Os fatores responsáveis por prolongar a ventilação mecânica, especificamente nas cirurgias cardíacas, são as condições pré-operatórias, a incisão cirúrgica e a necessidade de circulação extra-corpórea (CEC). Sendo assim, pacientes que apresentam fatores de riscos pré-operatórios quando associados com as agressões cirúrgicas poderão
7 118 Associação entre o tempo de ventilação mecânica no pós-operatório de revascularização do miocárdio e as variáveis de risco pré-operatório maior suporte ventilatório (DOYLE, 1999; SAAD; ZAMBON, 2001). Nas cirurgias cardíacas em especial, pode haver necessidade de utilização de CEC que é responsável pelo desenvolvimento de respostas inflamatórias sistêmicas e pulmonares. Esta última levando a disfunções na mecânica respiratória. Estas disfunções são atribuídas a colapsos pulmonares persistentes após a tentativa de reexpansão das atelectasias provocadas pela compressão dos lobos pulmonares durante a cirurgia (CARMONA; AULER JR., 1995; BIANCO, 2001; MASSOUDY et al., 2001). Nos portadores de doenças pulmonares crônicas, deve-se escolher drogas a- dequadas nos períodos intra e pré-operatórios, evitando o aparecimento de broncoespasmos, o que dificulta a ventilação mecânica pós-operatória e aumenta a Raw. Anestesias com duração maior que 210 minutos são consideradas de risco, pois o posicionamento na mesa cirúrgica favorece a ocorrência de hipoventilação e conseqüentemente diminuição nas complacências (CAMARGO, 1997; CHUMILLAS et al., 1998; PEREIRA et al., 1999; RATTO, 2000). As complicações decorrentes do ato cirúrgico estão relacionadas ao local da incisão, ao tipo de cirurgia e à ventilação mecânica intra-operatória. Quanto à incisão cirúrgica, sabe-se que a proximidade desta ao diafragma aumenta o risco de complicação; sendo assim, cirurgias abdominais altas e torácicas complicam de 20 a 70% dos casos contra 4% em cirurgias periféricas (CAMARGO, 1997; RATTO, 2000). O grande risco de complicações é devido à ocorrência de hipotonia diafragmática, tornando o ciclo respiratório inadequado. A diminuição na contração muscular diafragmática dificulta a reexpansão das regiões pulmonares atelectasiadas no intraoperatório e isso, associado à diminuição da expansibilidade do tórax, comum em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca por esternotomia, aumenta ainda mais o risco. Nas toracotomias, a diminuição da capacidade ventilatória pode persistir até 6 semanas (CHUMILLAS et al., 1998; PEREIRA et al., 1999; RAGNARSDÓTTIR et al., 2004). Também existem diferenças no risco de complicações entre as cirurgias de emergência e eletiva. Nas cirurgias de emergência é comum o aparecimento de infecções pulmonares e ventilação mecânica mais prolongadas no pós-operatório, o que aumenta o tempo de internação hospitalar e a necessidade de cuidados intensivos. Já nas cirurgias eletivas, a ocorrência de complicação diminuiu, o que se atribui à preparação pré-operatório (DOYLE, 1999). Na ventilação mecânica é indicada a utilização de protocolos ventilatórios de
8 Alexandre Ricardo Pepe Ambrozin, Milena Maia Tonon Vicente 119 nir o aparecimento de microatelectasias provenientes da imobilização e do acúmulo de secreção (AZEREDO, 1994); porém estudos mostram que baixos volumes e baixos níveis de PEEP são comumente utilizados (VIEIRA et al., 2002). Este tipo de ventilação mecânica pode levar à diminuição das complacências, ao aumento da resistência das vias aéreas e à ineficiência nas trocas por colabamento alveolar. Todos estes fatores colaboram para a elevação do risco de complicações pulmonares (CAMARGO, 1997; CHUMILLAS et al., 1998; PEREIRA et al., 1999; RATTO, 2000). As alterações na mecânica respiratória no pós-operatório podem levar a complicações pulmonares que seriam mais intensas na presença de fatores de risco prévios. Dentre as complicações mais comuns estão as atelectasias, as infecções traqueobrônquicas, as pneumonias, os broncoespasmos e as insuficiências respiratórias agudas, geralmente com necessidade de ventilação mecânica prolongada. Todas estas complicações podem afetar ainda mais as complacências e a resistência pulmonar (SILVA; CAMARGO, 1991; FILARDO et al., 2002). A hipóxia também é uma complicação, que pode ocorrer secundária à hipoventilação, principalmente em pacientes com atelectasias persistentes, levando a aumento do shunt pulmonar e do gradiente alvéoloarterial (CARMONA; AULER JR., 1995; RATTO, 2000; CASTELLANA et al., 2003). Pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio podem a- presentar complicações respiratórias no pós-operatório decorrentes das condições préoperatórias e agressões intra-operatórias, devendo estas ser consideradas na escolha terapêutica pós-operatória, seja medicamentosa ou fisioterapêutica (CARMONA; AULER JR., 1995; SCHÜLLER; MORROW, 2000). Na cirurgia cardíaca de revascularização do miocárdio o período pósoperatório tem inicio na unidade de terapia intensiva e o paciente tem necessidade de ventilação mecânica. Este período deve durar no máximo 8 horas, ou seja, os paciente são extubados após 8 horas do procedimento cirúrgico. Quando o tempo de ventilação mecânica excede este tempo é considerado uma CPP. A ventilação mecânica prolongada esta relacionada aos parâmetros de extubação, as condições cardíacas ou ao nível de consciência do paciente (DOYLE, 1999; SAAD; ZAMBON, 2001). A extubação é uma conduta terapêutica que, em pacientes cirúrgicos, pode ocorrer logo cesse o efeito anestésico Os parâmetros de mecânica respiratória e de oxigenação são comumente utilizados como critério de extubação de pacientes em ventilação mecânica e, nos pacientes cirúrgicos podem sofrer influência dos fatores pré e intra-operatórios (CARMONA; AULER JR., 1995; FERGUSON, 1999; BIANCO, 2001;
9 120 Associação entre o tempo de ventilação mecânica no pós-operatório de revascularização do miocárdio e as variáveis de risco pré-operatório NOZAWA et al., 2003). Após RM a Cest apresenta-se abaixo do limite inferior da normalidade (ZIN, 1990; AZEREDO, 1994; RUIZ et al., 1998) e a resistência de vias aéreas maior que o limite superior de normalidade (AZEREDO, 1994; II Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica, 2000). Isto ocorre pelo tipo de incisão (esternotomia), pela CEC, pela manipulação cirúrgica, pela presença de secreção na luz brônquica e pelos fluidos no interstício pulmonar (NOZAWA et al., 2003). Também a hipoxemia, caracterizada por índice PaO 2/FiO 2 menor que 200 mmhg, ocorre no pós-operatório desta cirurgia por decorrência das alterações na distribuição dos gases e alterações na mecânica respiratória, elevando as morbidades (CARMONA; AULER JR., 1995; CASTELLANA et al., 2003). No pós-operatório, os pacientes submetidos à cirurgia cardíaca necessitam de ventilação mecânica onde as propriedades mecânicas e o índice de troca podem ser a- valiados e utilizados como critérios de extubação. Sabe-se que pacientes que apresentam fatores de risco no pré-operatório apresentam maiores complicações no pósoperatório, e que as complicações no pós-operatório são conseqüentes às alterações da mecânica e das trocas gasosas. É nossa hipótese que pacientes portadores de fatores de risco no pré-operatório apresentem maior disfunção mecânica e de troca do que pacientes não-portadores destes fatores. O objetivo desta pesquisa foi correlacionar o tempo de ventilação mecânica no pós-operatório de Revascularização do Miocárdio (RM) com a presença de fatores de risco pré-operatório. 2. MÉTODO Esta pesquisa foi realizada no Hospital de Base de Bauru, com doentes candidatos à cirurgia de RM de ambos os sexos operados neste hospital, entre agosto de 2003 até junho de Foi um estudo prospectivo de coorte com amostra intencional. O projeto de pesquisa foi apresentado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual Paulista Unesp, Botucatu. Todos os sujeitos assinaram o Termo de Consentimento, Livre e Esclarecido, tomando ciência da realização da pesquisa, seus objetivos e risco, e concordando em participar da mesma. Os doentes foram submetidos a avaliações em dois momentos: pré-operatório (M1) e no pós-operatório imediato (M2).
10 Alexandre Ricardo Pepe Ambrozin, Milena Maia Tonon Vicente Avaliação Pré-operatória (M1) Os doentes deveriam ser internados pelo menos um dia antes da data da cirurgia, tornando possível a avaliação pré-operatória. Esta foi realizada por meio de entrevista, sempre pelo mesmo entrevistador devidamente treinado, com auxilio de questionário especifico. Os itens do questionário foram selecionados a fim de abordar os fatores de risco para complicação pulmonar no período pós-operatório. Dentre os itens avaliados, o primeiro item foi denominado de história pulmonar, que incluía antecedentes de doenças pulmonares, sintomatologia respiratória e consumo tabágico. Antecedentes respiratórios foram considerados a presença de doenças pulmonares crônicas ou agudas, tais como, DPOC e pneumonia, respectivamente. Na sintomatologia respiratória, foram pesquisados a presença de tosse, de expectoração, dispnéia e o broncoespasmo. Os doentes que apresentassem pelo menos um dos sintomas foram considerados sintomáticos, independente de qual deles. E finalmente, o consumo tabágico foi classificado a partir da carga-tabágica, sendo o produto entre o tempo em anos de consumo e o número de maços por dia. Os doentes foram questionados quanto ao ato de tabagismo atual ou pregresso, o tempo, o número de cigarros por dia e o tempo de abstinência, quanto houvesse. Na posse destas informações os doentes foram agrupados conforme a classificação de Pereira et al. (1996): Fumante-atuais: o doente que referia ter fumando no mínimo um cigarro por dia por mais de um ano ou mais que 20 maços durante toda vida e estava em uso de cigarros no momento ou parou por menos de oito semanas. Ex-fumantes: o doente que referia ter fumado no mínimo um cigarro por dia por mais de um ano ou mais que 20 maços durante toda vida e parou por mais de oito semanas. Não-fumante: nega o uso de cigarros durante toda a vida ou fumou um cigarro por dia por menos de um ano ou menos de 20 maços por toda vida. O segundo item foi o estado nutricional do doente, avaliado por meio do Índice de Massa Corporal (IMC). Este índice consiste em dividir o peso (Kg) pela altura ao quadrado (m 2 ). O peso foi verificado em balança digital (FILIZOLA ), com o doente somente vestindo roupas intimas. A altura foi obtida com auxilio de antropometro graduado em cm, que estava junto a balança. Consideramos eutróficos os pacientes
11 122 Associação entre o tempo de ventilação mecânica no pós-operatório de revascularização do miocárdio e as variáveis de risco pré-operatório com IMC entre 21 e 25 Kg/cm 2, e distróficos aqueles com IMC menor que 21 ou maior que 25 Kg/cm 2 (Pereira et al., 1996). O terceiro item estava relacionado com a presença de qualquer doença não relacionada diretamente com o motivo da indicação cirúrgica, chamadas comorbidades. Tais como, hipertensão arterial, diabetes mellitus, acidente vascular encefálico e distúrbios osteo-musculares. Critérios de exclusão: eram excluídos os doentes que apresentassem complicações no período intra-operatório ou realizassem o procedimento cirúrgico sem necessidade de circulação extra-corporéa (CEC), ou se o acesso cirúrgico não fosse esternotomia mediana, ou a duração total da anestesia fosse menor que 210 minutos ou que o decúbito durante o procedimento não fosse o dorsal, ou que foi transferido para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) já extubado. Estas informações foram anotadas no questionário de coleta de dados por observação do prontuário médico e caso necessário questionado junto a equipe cirúrgica Avaliação Pós-operatória (M2): Os pacientes que preencheram os critérios de inclusão no estudo foram recebidos em ventilação mecânica, modalidade controlada, ciclada a volume, com volume corrente de 8 ml/kg do peso ideal (previamente calculado com IMC ideal para homens de 23 e mulher de 22 Kg/m 2 ), com fluxo inspiratório de 0,83 l/s, freqüência respiratória de 16 ciclos/mim (mantendo relação inspiração e expiração maior que 1:2), PEEP de zero e posteriormente de 5 cmh 2O, fração inspirada de oxigênio de 100%. O TVM foi considerado desde o momento de entrada do doente na Unidade de Terapia Intensiva até a decisão pela extubação. Não foram controlados os critérios utilizados para extubação. As variáveis qualitativas foram correlacionadas pelo Teste não-paramétrico de Mann-Whitney, sendo que o TVM foi apresentado em mediana e intervalo interquartílico. E considerados significativos quando p<0, RESULTADOS Foram avaliados 70 doentes com idade entre de 26 a 77 anos, e média de 57±11,62 anos. Dos 70 doentes avaliados, 60 (85,7%) tinham menos de 70 anos, e 10 (14,3%) mais de 70
12 Alexandre Ricardo Pepe Ambrozin, Milena Maia Tonon Vicente 123 anos. Do total de pacientes estudados houve predomínio do sexo masculino, sendo 42 (61%) homens e 28 (39%) mulheres. A média de peso, altura e IMC foram respectivamente, 68,55±14,46Kg, 1,64±0,09m e 25,31±4,63 Kg/m 2, sendo 43% eutróficos e 57% distróficos. As médias de idade, peso, altura e IMC são apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Média e Desvio padrão das variáveis idade, peso, altura e Índice de massa corpórea dos doentes avaliados. Variável Média (±DP) Idade (anos) 57 (±11,62) Peso (Kg) 68,55 (±14,46) Altura (m) 1,64 (±0,09) IMC (Kg/m 2 ) 25,31(±4,63) Relataram antecedente de doença pulmonar 18 doentes (26%), eram portadores de sintomas respiratórios 45 (64%), e referiam comorbidades 53 deles (76%). Trinta e três doentes eram não fumantes (47,1%), 20 (28,6%) ex-fumantes e 17 (24,3%) fumante-atuais (Figura 1). 74,0 Ausente Presente 76,0 85,7 (<70) 36,0 64,0 43,0 (eutrófico) 57,0 (distrófico) 26,0 24,0 14,3 (>70) Doença Pulmonar Sintoma Comorbidade Idade IMC Figura 1. Porcentagem de pacientes com presença e ausência de doenças pulmonares, sintomas respiratório e comorbidade. E Idade e IMC como fator de risco de complicação Pacientes com presença de doença pulmonar apresentaram 10,8 horas de ventilação mecânica e os pacientes com ausência 8,5 horas. Já paciente com presença e ausência de sintoma respiratório apresentaram 9,0 horas e 11,0 horas, respectivamente. E finalmente portadores de comorbidade e não portadores apresentaram 6,0 e 12,0 horas, respectivamente. Em nenhum dos casos houve diferença estatisticamente significativa (p>0,05) (Figura 2).
13 124 Associação entre o tempo de ventilação mecânica no pós-operatório de revascularização do miocárdio e as variáveis de risco pré-operatório TVM (h) 10,75 8,5 Doença Pulmonar 9 Ausente Presente ,0 (M) 14,0 (F) 9,0 (<70) 16,5 (>70) 9,8 (Eu) 9,5 (Dis) 15,0 NF 9,5 EF 8,0 FA Sintoma Comorbidade Sexo Idade IMC Tabagismo * * Figura 2. Mediana do tempo de ventilação mecânica considerando presença e ausência de doença pulmonar, sintoma respiratório e comorbidade. Sexo (M masculino; F feminino), Idade (> 70 anos; < 70 a- nos), IMC (Eu eutrófico; Dis distrófico) e Tabagismo (NF não fumante; EF ex-fumante; FA fumante atual). * p<0,05. Quanto ao sexo a mulheres necessitaram mais tempo para o desmame ventilatório após a cirurgia porém sem diferença estatística (9,0 horas e 14,0 horas, homens e mulheres, respectivamente). Pacientes idosos ficaram mais tempo na ventilação mecânica 16,5 horas em comparação com 9,0 horas (p<0,05). Pacientes distróficos e eutróficos não diferiram em relação ao tempo de ventilação mecânica (9,8 e 9,5 horas). E pacientes ao fumantes ficaram mais tempo na ventilação em comparação com pacientes fumantes atuais (p<0,05) sendo 15,0 horas (não-fumantes), 9,5 horas (ex-fumantes) e 8,0 horas (fumante-atuais) (Figura 2). 4. DISCUSSÃO Ao analisarmos a Figura 1 pode-se concluir que a maioria os doentes avaliados neste estudo não são portadores de doenças respiratórias, porém relataram sintomas respiratória. Isto pode ser explicado pois o principal sintoma relatado foi dispnéia, que é um sintoma comum as doenças respiratórias e cardíacas. Além disso, nesta amostra grande parte apresentou comorbidades associadas, dentre elas a principal foi a hipertensão e diabetes. Mesmo assim, a maioria dos doentes avaliados não tinha idade considerada de risco do ponto de vista cirúrgico, 85,7% tinham menos de 70 anos. Nas cirurgias cardíacas as CPPs relativamente baixas sendo responsáveis por 2,9% da mortalidade. A ventilação mecânica prolongada pode trazer outras complica-
14 Alexandre Ricardo Pepe Ambrozin, Milena Maia Tonon Vicente 125 ções e assim diminuir, significativamente, a qualidade de vida e aumentar os custos da internação hospitalar. Aproximadamente 95% dos doentes submetidos a cirúrgica cardíaca são extubados até 48 horas do ato cirúrgico. Na literatura é difícil encontrar consenso para definir o que é ventilação mecânica prolongada podendo variar entre 8h até 7-14 dias (CISLAGHI; CONDEMI; CORONA, 2007). No nosso estudo, o TVM foi de 9,5 horas em mediana, com tempo máximo de 2,5 dias e mínimo de 3,5 horas. Portanto, baseados na referencia citada acima nossa mediana é maior que 8h por menor que 14 dias. Em estudo com 1760 pacientes submetidos a cirurgia de revascularização do miocárdio, a idade e o tempo de ventilação mecânica foram preditores de disfunção neurologia (Acidente vascular encefálico) (GUARAGNA et al., 2006). Pacientes idosos apresentam maiores número de comorbidades associadas conseqüentes ao envelhecimento, essas condições são responsáveis por dificultar a recuperação pós-operatória, levando ao aumento no TVM, por demorarem mais para atingir os parâmetros adequados de extubação. Esta informação foi confirmada no nosso estudo, porém estes pacientes apresentaram TVM menor 24 horas, considerado forte preditor de readmissão em terapia intensiva quando excedido. Pacientes idosos apresentam maior probabilidade de apresentar hipoxemia no pós-operatório de Revascularização do miocárdio. Em estudo com 481 pacientes submetidos a esta cirurgia a idade e o aumento do peso foram marcadores para risco de hipoxemia no pós-operatório. O nível de oxigenação é utilizado como parâmetro de desmame ventilatório, sendo assim, estes pacientes passam a ter maior tempo de ventilação (SZELLES et al., 2008). Segundo Parlow et al. (2006) quando comparado paciente obesos de pacientes não obesos, ambos submetidos a estratégia de extubação precoce, pacientes obesos a- presentam maior probabilidade de falha no desmame ventilatório rápido. Nosso estudo confirmou o maior tempo de ventilação mecânica nos pacientes idosos assim como Szelles et al. (2008), porém não confirma o maior tempo para pacientes distróficos, diferente de Parlow et al. (2006). Ressaltamos que na nossa amostra foram considerados distróficos pacientes obesos e pacientes desnutridos, o que explica a não ocorrência de maior tempo de ventilação nesta amostra. Segundo Suematsu et al. (2001) o índice PaO 2/FiO 2 pode estar diminuído no pós-operatório de revascularização do miocárdio em pacientes hipertensos e já porta-
15 126 Associação entre o tempo de ventilação mecânica no pós-operatório de revascularização do miocárdio e as variáveis de risco pré-operatório dores de PaO 2 diminuídas no pré-operatório. Na nossa amostra as principais comorbidades encontradas foram a diabetes e a hipertensão. E quanto a comorbidade encontramos diferença no tempo de ventilação mecânica de 6 horas e 12 horas, nos doentes com comorbidades e sem comorbidades, respectivamente. Esta diferença não foi estatística, podendo ser considerada clinica já que tempo de ventilação maior que 8 horas é considerado prolongado para alguns autores. A presença de doença pulmonar, também pode ser preditor de maior tempo de ventilação mecânica no pós-operatório (GUARAGNA et al.,2006). A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é a principal doença respiratória encontrada em paciente submetidos a Revascularização do miocárdio. A DPOC pode ser classificada quanto a sua gravidade de acordo com a prova de função pulmonar. No nosso estudo, não foi considerada a classificação da gravidade do DPOC, isto pode ter influenciado nos resultados encontrados. Não encontramos diferenças entre portadores e não portadores de doenças pulmonares, por não termos considerados gravidade da doença e tipo de doença respiratória encontrada. Nos nossos resultados encontramos maior tempo de ventilação dos pacientes fumantes atuais com paciente não-fumantes, este resultado foi diferente da nossa hipótese. Dentro os principais parâmetros utilizados para extubação temos o índice de troca (PaO2/FiO2), cuja medida pode ser alterada pela concentração de carboxihemoglobina. Em doentes fumantes esta concentração pode estar aumenta levando a medidas equivocadas e aumentadas do índice. Neste estudo, não houve preocupação em avaliar os fatores de risco intraoperatório como tempo de circulação extra-corporéa, tempo de clampeamento aórtico e quantidade de hemoderivados utilizados. Segundo Akudur et al. (2007) quanto maior o tempo de circulação extra-corpórea e tempo de clampeamento a necessidade de ventilação mecânica pode ultrapassar 24 horas. Finalmente, este estudo deve ser continuado considerando parâmetros intraoperatórios e considerando os parâmetros normalmente utilizados no desmame da ventilação mecânica. Estes dados são importantes na abordagem do paciente cirúrgico e na elaboração de condutas pré e pós-operatórias mais adequadas para cada paciente.
16 Alexandre Ricardo Pepe Ambrozin, Milena Maia Tonon Vicente CONCLUSÃO Doentes tabagistas apresentaram menor tempo de ventilação mecânica quando comparados a pacientes não-tabagistas, resultado não encontrado na literatura, sendo necessário mais estudos. E doentes com idade superior a 70 anos apresentam maior tempo de ventilação quando comparados a doentes com menos de 70 anos. E os outros fatores aqui estudados não influenciaram este tempo. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO DE MEDICINA INTENSIVA BRASILEIRA. Controle do Paciente em Ventilação Mecânica. J. Pneum. II Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica. v. 26, n. 2, mai. 2000, p AZEREDO, C.A.C. Modificações da Constante de tempo durante a ventilação mecânica: um desafio permanente. In:. Ventilação Mecânica Invasiva e não invasiva. Rio de Janeiro: Revinter, 1994, p BIANCO, A.C.M. Insuficiência respiratória no pós-operatório de cirúrgica cardíaca. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, São Paulo. v. 11, n. 5. set-out, 2001, p BLUMAN, L. G.; MOSCA, L.; NEWMAN, N.; SIMON, D. G. Preoperative smoking habits and postoperative pulmonary complications. Chest, v. 113, 1998, p CAMARGO, J. J. O pulmão do paciente cirúrgico. In: TARANTINO, A.B. Doenças Pulmonares. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 3 ed., 1997, p CARMONA, Maria José Carvalho; AULER JUNIOR, José Otávio Costa. Assistência Ventilatória no Pós-operatório de Cirurgia cardíaca. In: AULER JUNIOR, J. O. C.; AMARAL, R. V. G. Assistência ventilatória mecânica. São Paulo: Editora Atheneu. cap. 25, 1995, p CASTELLANA, Fábio Bonini; MALBOUISSON, Luiz Marcelo S; CARMONA, Maria José Carvalho; LOPES, Célia Regina; AULER JUNIOR, José Otávio Costa. Comparação entre ventilação controlada a volume e a pressão no tratamento da hipoxemia no período pósoperatório de cirurgia de revascularização do miocárdio. Rev. Bras. Anest. v. 53, n. 4, jul-ago CISLAGHI, F.; CONDEMI, A. M.; CORONA, A. Predictors of prolonged mechanical ventilation in a cohort of 3,269 CABG patients. Minerva Anestesiol., v. 78, n. 12, p , dez DOYLE, R. L. Assessing and modifying the risk of postoperative pulmonary complications. Chest. v. 115, n. 5, maio 1999, p. 77s-81s.(suppl). FARESIN et al. Aplicabilidade da escala de Torrington e Henderson. Revista da Associação Médica Brasileira. v. 46, n. 1, 2000, p FERGUSON, M. K. Preoperative assessment of pulmonary risk. Chest. v. 115, n. 5, 1999, p. 58S- 63S. FERNANES, C. R.; RUIZ NETO, P. P. O sistema respiratório e o idoso: implicações anestésicas. Revista Brasileira de Anestesiologia. v. 52, n. 4, jul-ago. 2002, p FILARDO, Flavia de Almeida; FARESIN, Sonia Maria; FERNANDES, Ana Luisa Godoy. Validade de um índice prognostico para ocorrência de complicações pulmonares no pósoperatório de cirurgia abdominal alta. Revista da Associação Medica Brasileira. v. 48, n. 3, 2002, p
17 128 Associação entre o tempo de ventilação mecânica no pós-operatório de revascularização do miocárdio e as variáveis de risco pré-operatório GONÇALVES, Cristina Maria Catarino; NOVAES, Elcio. Avaliação pré-operatória das ressecções pulmonares. In: AIDÉ et al. Pneumologia: aspectos práticos e atuais. Rio de Janeiro: Revinter Cap. 23. p GUARAGNA, J. C. V. C. et al. Preditores de disfunção neurológica maior após cirurgia de revascularização miocárdica isolada. Bras J. Cardiovasc. Surg., v. 21, n. 2, fev. 2006, p LOURES et al. Cirurgia cardíaca no Idoso. Rev. Brasileira Cir. Cardiovascular. v. 15, n.1, 2000, p.1-5. MARTINS, I. de S. Complicações pulmonares no pós-operatorio de cirurgias abdominais altas com ou sem acompanhamento fisioterapêutico. Fisioterapia em movimento. v. 13, n. 1, abr-set. 1999, p MASSOUDY et al. Evidence for inflammatory responses of the lungs during coronary artery bypass grafting with cardiopulmonary bypass. Chest. v. 119, n. 1, jan. 2001, p NOZAWA et al. Avaliação dos fatores que influenciam no desmame de pacientes em ventilação mecânica prolongada após cirurgia cardíaca. Arquivo Brasileiro de Cardiologia, v. 80, n. 3, p , 2003 PARLOW, Joel L; AHN, Richard; MILNE, Brian; Obesity is a risk factor for failure of fast track extubation following coronary artery bypass surgery. Can J Anesth. v 53, n 3, p PEREIRA et al. Prospective assessment of the risk of postoperative pulmonary complications in patients submitted to upper abdominal surgery. São Paulo Med J., v.117, n.4, p , RAGNARSDÓTTIR et al. Short-term changes in pulmonary function and respiratory movements after cardiac surgery via median sternotomy. Scand Cardiovasc. J. v. 38, p.46-52, 2004 RAMOS et al. Avaliação pré-operatoria do pneumopata. Revista Brasiliera de Anestisiologia. v. 53, n. 1, p jan-fev, RATTO, O. R. Avaliação do Pré e Pós-operatório risco cirúrgico. In: BETHLEM, N. Pneumologia. São Paulo: Atheneu, 2000 p RUIZ et al. Avaliação da resistência e da complacência pulmonar em pacientes intubados na Unidade de terapia intensiva. Revista Brasileira de Terapia Intensiva. São Paulo. v. 10, n. 4, p , out/dez SAAD, I. A. B.; ZAMBOM, L. Variáveis clinicas de risco pré-operatório. Revista da Associação Medica Brasileira. v. 47, n. 2, p , SILVA, L. C. da; CAMARGO, J. Risco Cirúrgico dos pacientes pneumologicos. In: SILVA, L. C. da. Compêndio de Pneumologia. 2. ed. São Paulo: Fundação Byk, 1991, p SUEMATSU, Yoshihiro; SATO, Hajime; OHTSUKA, Toshiya; KOTSUKA, Yutaka; ARAKI, Shunichi; TAKAMOTO, Shinichi. Predictive Risk Factors for Pulmonary Oxygen Transfer in Patients Undergoing Coronary Artery Bypass Grafting. Jpn Heart J. v. 42, 2001, p SZELES, Tais Felix; YOSHINAGA, Eduardo Muracca; ALENCAR, Welligton; BRUDNIEWSKI, Marcio; FERREIRA, Flávio Silva; AULER JÚNIOR, José Otavio Costa; CARMONA, Maria José Carvalho; MALBOUISSON, Luis Marcelo Sá. Hipoxemia após revascularização miocardica: análise dos fatores de risco. Rev. Bras. de Anest., v. 58, n. 2, mar-abr. 2008, p WEST, J. Mecânica da Respiração. In:. Fisiologia Respiratória Moderna. 5. ed. São Paulo: Manole, p ZIN, W.A. Métodos e técnicas para a monitorização das propriedades elásticas e resistivas dos pulmões e da parede torácica na insuficiência respiratória aguda. Jornal de Pneumologia. São Paulo. v. 16, n. 2, jun. 1990, p
18 Alexandre Ricardo Pepe Ambrozin, Milena Maia Tonon Vicente 129 Alexandre Ricardo Pepe Ambrozin Mestre em Cirurgia, Especialista em Fisioterapia Cardio-Respiratória. Coordenador do Curso de Fisioterapia, Departamento de Fisioterapia, Faculdade Anhanguera de Bauru, Bauru SP. Milena Maia Tonon Vicente Especialista em Ortopedia e Traumatologia. Docente do Curso de Fisioterapia, Departamento de Fisioterapia, Faculdade Anhanguera de Bauru, Bauru SP.
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