Carta do IBRE O BNDES deveria explicitar mais claramente os seus custos

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1 IBRE > > Sumário Tecer a trama do novo Vol. 65 nº 06 Junho/2011 É inegável que competitividade e desenvolvimento econômico e produtivo estão intimamente ligados à inovação. Além disso, o Brasil possui as ferramentas para estimular esse insumo em sua economia, assim como para desburocratizar e acelerar o processo. Porém, isso não é o que se verifica, seja por falta de mobilização por parte de algumas empresas ou mesmo pela dificuldade dos agentes indutores de coordenar as políticas de incentivo em suas diversas instâncias. Nesta edição: Nota do Editor Carta do IBRE O BNDES deveria explicitar mais claramente os seus custos Ponto de Vista Hora de resgatar a dignidade do superávit primário e focá-lo na demanda Entrevista Viramos o inimigo a ser combatido Seminário Sem barreiras Macroeconomia Inflação menor, juros mais altos Metas de Inflação A nova política monetária terá sucesso? Euro: inflação, bolsa país ou dois euros? Comércio Exterior Exportações: novos mercados com os mesmos produtos Justiça Registro de empresas em conselhos profissionais: a visão do Poder Judiciário Social Brasil sem miséria? Artigo da Próxima Edição Conjuntura Estatística - Julho 2011 Índices Econômicos - Julho 2011

2 IBRE > Nota do Editor Vol. 65 nº 06 JUNHO Nota do Editor Claudio Conceição Editor-Executivo claudioconceicao@fgv.br A China é um dos assuntos que tratamos nesta edição, ao mostrar o dilema porque passa o país. Apesar das altas taxas de crescimento, a crise financeira global foi um alerta para o partido comunista perceber que chegou a hora da China mudar o modelo que lhe serviu tão bem nas últimas décadas. É como se os líderes chineses estivessem se distanciando do mantra do crescimento a qualquer custo. Integrantes do governo chinês colocaram o estímulo ao consumo interno no centro do plano quinquenal. A meta de crescimento foi reduzida a 7% ao ano, um forte sinal de que o governo central pretende desacelerar o ritmo de expansão da economia. Ao mesmo tempo, o documento defende que a renda aumente mais rapidamente que a taxa geral de crescimento. Devemos vincular a melhoria da qualidade de vida do cidadão com reformas, desenvolvimento e estabilidade, disse Wen Jiabao em seu discurso em março deste ano na abertura do Congresso do Povo, quando o plano foi apresentado. O documento defende a expansão substancial do setor de serviços dos atuais 43% do PIB a 50%, em 2015, entre outras medidas. O potencial do setor de seguros no Brasil, com as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Copa do Mundo, as Olimpíadas e um grande leque de obras que estão em andamento, é outra reportagem desta edição, ao mostrar que há um grande espaço de expansão para o setor num futuro recente. A coluna Ponto de Vista traça uma primorosa análise do surgimento de uma nova classe média no Brasil e suas contradições. O artigo explica, entre outros pontos, que talvez com ressentimento, a nova classe média popular perceberá que está praticamente fechada para si uma das principais avenidas de ascensão social na parte superior da pirâmide: o concurso público.

3 Bem vindo, IBRE > O BNDES deveria explicitar mais claramente os seus custos Vol. 65 nº 06 JUNHO Carta do IBRE A partir da eclosão da grande crise global, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assumiu uma proeminência na economia brasileira que só se compara à da fase mais intensa das privatizações na década de 90, ou, recuando mais no tempo, ao período desenvolvimentista dos anos 70. A nova feição do BNDES nos últimos anos aproxima-se mais, sem dúvida, do período do regime militar, em que o banco apoiou a formação de conglomerados nacionais e a instalação no país de indústrias de base, do que da contribuição que daria posteriormente para a reforma e o enxugamento do Estado brasileiro. O papel desempenhado pelo BNDES é suscetível às escolhas políticas do governo de plantão. Não há nada de politicamente ilegítimo, portanto, no fato de que o banco de fomento tenha se lançado novamente numa estratégia mais intervencionista, desde o segundo mandato do governo Lula, em que o apoio financeiro vem mesclado com intenções estratégicas, seja na formação e no fortalecimento de conglomerados privados, seja no apoio a estatais poderosas como a Petrobras. Essa forma de atuar, como já mencionado, ganhou grande impulso no momento em que o governo engajou-se nas políticas anticíclicas na esteira da crise mundial. A expectativa, naturalmente, é a de que os erros que foram cometidos no passado não sejam repetidos. Para tanto, o BNDES deve ser cauteloso na escolha dos grupos econômicos a serem beneficiados com suas linhas de financiamento, evitando, assim, grandes prejuízos em seu balanço. O fato de que o governo democraticamente eleito tenha o direito de direcionar as ações do BNDES conforme sua visão da economia e do país não significa, no entanto, que essas opções de política pública não devam ser objeto de análise. É bem sabido que uma corrente de pensamento econômico mais liberal vê com reserva e desconfiança o excesso de intervencionismo estatal no mundo das empresas. Para esses analistas, os erros do passado, mais do que acidentes, são consequências difíceis de evitar, uma vez que a própria lógica de atuação do Estado leva a caminhos diversos daqueles alcançados pela pura interação das forças de mercado e do talento empresarial num ambiente competitivo. Métodos Não é o propósito desta Carta, no entanto, entrar nesse tipo de discussão. O que interessa aqui é analisar os métodos hoje utilizados para fazer com que o BNDES cumpra os objetivos definidos pelo atual governo. Nos últimos anos, tanto para relançar a economia brasileira após o abalo provocado pela quebra do Lehman Brothers, quanto para cumprir o papel a ele reservado na nova política industrial brasileira, o BNDES passou por um extraordinário aumento das suas operações. Para tornar viável esse salto, foi necessário mobilizar grandes recursos, e as fontes tradicionais de funding revelaram-se insuficientes. Os recursos básicos, legalmente definidos, de que pode dispor habitualmente o BNDES correspondem a 40,5% da receita do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Além disso, no que tange aos quase 60% restantes, o Conselho Gestor do FAT pode, discricionariamente, alocar uma parcela para complementar o funding do BNDES. O problema, porém, é que, em função do aumento dos gastos com o seguro-desemprego nos últimos anos, os recursos do FAT disponíveis para o BNDES têm sido reduzidos. Com a crise financeira internacional deflagrada em setembro de 2008, essa fonte de recursos revelou-se insuficiente para bancar os ambiciosos planos do governo para o banco, que teria papel importante na execução da política anticíclica. A forma adotada para capitalizar o BNDES foi a contratação direta de empréstimos junto ao Tesouro Nacional, com aportes acumulados entre 2007 e outubro de 2010 de R$ 236 bilhões. Não se deve perder de vista que, ao contrário dos subsídios do FAT, esse esquema não tem o amparo nem de um texto legal específico, nem de uma longa tradição na arquitetura institucional do país. Trata-se de uma inovação, concebida às pressas, sem nenhuma discussão com a sociedade, e que passou totalmente ao largo do Poder Legislativo. Além disso, foi acionada e continua sendo utilizada depois de o Brasil já ter superado plenamente a desaceleração provocada pela crise internacional, não havendo mais, portanto, um componente de urgência. Congresso O modelo institucional da democracia brasileira consagra, como o fazem tantas outras nações, o princípio de que o Congresso Nacional tem de ser ouvido no momento de definição da peça orçamentária com relação a todo o espectro da despesa pública, incluindo gastos em educação e saúde, investimentos em infraestrutura, etc. No entanto, como se pode facilmente constatar, os repasses do Tesouro para o BNDES não passam pelo crivo do Congresso Nacional. Assim, o custo fiscal envolvido na operação não precisa do aval do Poder Legislativo. Essa despesa é dada pelo diferencial de taxa de juros entre o custo de captação do governo, aproximadamente o da Selic, a taxa básica de juros, e as taxas praticadas pelo banco de fomento, grosso modo a TJLP aplicado sobre o montante líquido total de recursos transferidos do Tesouro para o BNDES. Dessa forma, configura-se uma total assimetria entre os subsídios concedidos a empresas via BNDES e as demais despesas públicas. Os opositores da proposta de transparência dos subsídios do BNDES têm um argumento habitual de que os aportes do Tesouro ao banco de fomento produzem impactos muito fortes sobre o crescimento

4 econômico e, portanto, vão gerar receita futura para o setor público. Sendo assim, são operações liquidamente lucrativas para o Estado brasileiro, e, portanto, não haveria necessidade de explicitar o subsídio. O problema é que o mesmo argumento pode ser feito para quase qualquer rubrica do gasto público e, muito especialmente, para as despesas de educação e os investimentos em infraestrutura. As contas fiscais devem espelhar as demandas financeiras sobre o Estado no momento em que elas ocorrem. É claro que todo o setor público está, em tese, voltado para o crescimento brasileiro e o aumento do bem-estar, mas nem por isso pode-se ignorar que no curto prazo qualquer gasto tem implicações fiscais e impactos na demanda agregada e é isso que a contabilidade pública busca traduzir. Por isso, não se deve eximir os custos fiscais referentes aos aportes do Tesouro ao BNDES da passagem pelo rito democrático do exame e aprovação (ou não) pelo Congresso Nacional. Nesse sentido, a relação entre o BNDES e o Tesouro poderia se espelhar na forma como o crédito agrícola é operado no Brasil. Em boa parte, o financiamento à agropecuária nacional se dá em condições normais de mercado, mas uma parte, como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), é subsidiada. O custo desse apoio, porém, é explicitado com clareza na tabela de Subsídios e Subvenções s (tabela 3, item I.3.2 do relatório mensal do Resultado Fiscal do Governo Central, divulgada mensalmente no site do Tesouro Nacional). À luz da experiência com o Pronaf, o BNDES deveria remunerar o Tesouro, pelos seus empréstimos, com a taxa Selic, neutralizando de forma integral o custo de captação dos recursos. Estes, por sua vez, seriam emprestados a programas prioritários, decididos pelo governo ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, em comum acordo com o BNDES a taxas inferiores à Selic. Complementarmente, o Congresso aprovaria anualmente um aporte de recursos ao BNDES para cobrir a diferença entre o custo Selic do funding e as taxas subsidiadas pagas pelos clientes finais. De acordo com essa sistemática, quando, no histórico das operações, fosse contabilizado um total de subsídios superior ao aprovado pelo Congresso Nacional, o Tesouro ficaria impossibilitado de fazer aportes adicionais ao BNDES. Com essa arquitetura, a relação entre o Tesouro e o BNDES ficaria plenamente transparente, e o governo poderia dar continuidade à sua política industrial deixando claros os seus custos.

5 IBRE > Hora de resgatar a dignidade do superávit primário e focá-lo na demanda Vol. 65 nº 06 JUNHO Ponto de Vista Matar o mensageiro, quebrar o termômetro não é muito difícil criar metáforas para o imemorial hábito humano de se rebelar contra os fatos, em vez de tentar modificá-los. Uma versão mais suave do mesmo costume poderia ser descrita como manipular o mensageiro ou o termômetro, para retocar ou obscurecer a realidade. Diversos analistas encaram dessa forma as muitas mudanças ou manobras criativas que o governo patrocinou nos últimos anos em relação àquele que é um dos elementos mais importantes do ajuste e consolidação fiscal em curso desde o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso: o superávit primário, isto é, o saldo fiscal das receitas e despesas públicas, deduzindo-se destas últimas o pagamento de juros. As alterações do superávit primário foram se acumulando, com operações muito duvidosas, como a singular receita surgida de um empréstimo na capitalização da Petrobras. Essas medidas, justificadas ou não, complicaram progressivamente a interpretação macroeconômica do superávit primário. O fato de o próprio Executivo ter contribuído para o desprestígio do conceito de superávit primário criou um precedente que estimula o comportamento fiscal irresponsável do Congresso Nacional, e dificulta a negociação orçamentária entre o governo e o Legislativo. O governo deveria levar em conta que há uma tendência no Congresso de superestimar as receitas orçamentárias para dar espaço a emendas. A perda de respeito pelo primário pode induzir os parlamentares a contar com a contabilidade criativa no momento de votar o Orçamento. Desprestígio O resultado prático de o governo ter desprestigiado esse indicador é que, hoje, o superávit primário oficial convive com diversas estimativas do resultado efetivo, calculadas por bancos e consultorias. Uma primeira providência de uma agenda de recuperação e aperfeiçoamento da contabilização do superávit primário, portanto, seria a de restaurar a credibilidade do indicador, limpando-o das manobras contábeis e dos engenhos criativos. Mas o trabalho não termina aí. Está na hora também de analisar com mais profundidade as características do superávit primário e as razões da sua relevância, de tal forma que se possa repaginá-lo da forma mais útil possível à condução da política econômica. Há, na verdade, duas formas bem distintas de se calcular o superávit primário. Na chamada contabilização acima da linha, o resultado é calculado a partir de fluxos de receita e gasto, excluindo-se a parte financeira. No conceito abaixo da linha, o saldo primário é dado simplesmente pela variação da dívida líquida, excluindo-se adicionalmente os juros nominais pagos. É importante notar que, se todos os recursos que entram no caixa do Tesouro são considerados receita pública, incluindo as variações patrimoniais (isto é, os ganhos de capital) da dívida pública, os conceitos abaixo e acima da linha se equivalem. A análise, até aqui, é puramente contábil. Do ponto de vista econômico, porém, as duas formas de calcular o superávit primário podem ser diferentes, em função das necessidades e da situação da economia. Em uma conjuntura de fortes problemas de solvência pública e de alienação de capital como privatizações, o superávit primário abaixo da linha será maior do que aquele acima da linha, a menos que os recursos obtidos com a venda de empresas sejam considerados receita orçamentária. Do ponto de vista de restaurar a sanidade das finanças públicas, a receita de privatização é útil e legítima. Se, portanto, o desafio principal da política econômica for o de abater a dívida pública, o superávit abaixo da linha é um bom indicador. Outra alternativa é usar o conceito acima da linha, mas incluir a receita de privatização se o foco é a solvência pública, isso não está errado nem deveria ser considerado heterodoxo. No entanto, quando a questão primeira das contas públicas é auxiliar o Banco Central a combater a inflação, a prioridade passa a ser a contribuição do setor público à redução da demanda agregada. Em outras palavras, o que importa é aferir se o Estado contribui ou não para a elevação da demanda, e, caso o faça, em que medida. Nessa situação, o superávit primário torna-se mais útil como indicador da contribuição pública para a demanda agregada, e dele não deve constar uma receita patrimonial como a privatização, que não reduz a renda privada como os tributos. Aqui, a contabilidade acima da linha, apenas com as receitas tributárias, seria a mais adequada para contabilizar o saldo primário. Fundo No mesmo contexto, um aporte de recursos para um fundo soberano, como o ocorrido em 2008, não pode ser considerado um gasto. Os recursos foram, na verdade, poupados, e transferidos para um fundo de investimento de natureza privada, cujo único acionista é a União. Essa operação foi considerada uma despesa pública, mas não elevou de forma alguma a demanda agregada. Sempre na ótica do impacto na demanda, os dividendos das estatais podem ser contabilizados como receita pública, visto que representam subtração de uma renda gerada na economia. Eles são, na

6 verdade, um dos elementos que compõem, pela ótica da renda, o produto das estatais os demais são os salários (e todos os outros benefícios vinculados ao trabalho), os impostos ligados à produção e o pagamento de juros. A antecipação de dividendos, porém, não pode ser tratada como receita. O motivo é que a produção ou a geração de valor adicionado ainda não ocorreu. Assim, a antecipação tem a natureza de endividamento do Estado. Aliás, é bom não esquecer que essa prática era comum antes da arrumação da casa promovida no governo Fernando Henrique Cardoso, como fica claro nas operações de antecipação de receita que o então governador Orestes Quércia costumava fazer em São Paulo. Parece evidente que, no Brasil de hoje, vive-se uma conjuntura em que a maior preocupação da política econômica é o controle da demanda, e não a solvência pública. Assim, um superávit primário acima da linha, com regras tradicionais, parece ser o indicador mais útil. Nele, ficam excluídas receitas que não constituam real dedução de uma parcela da produção corrente, e despesas, como a compra de ativos, cuja natureza seja muito próxima da dívida pública. Em conclusão, além de recuperar a credibilidade do superávit primário, o governo deveria aproveitar a ocasião para reformulá-lo como termômetro da demanda do setor público. A hora, aliás, é propícia. Os últimos dados do Tesouro Nacional sugerem que será cumprida a meta de superávit primário de 2,9% do PIB sem nenhuma criatividade contábil. Em outras palavras, estamos em um daqueles raros e felizes momentos em que o mensageiro trará boas notícias, e o termômetro indicará o que qualquer governo gosta de exibir.

7 Detalhe de Artigo de Page 1 of 3 04/07/2012 Bem vindo, Sair Página Inicial Atendimento ao Cliente Mapa do Site Fale Conosco Newsletter O IBRE Sala de Imprensa Meu IBRE English Español Buscar: Indicadores de Preços Tendências s Empresas e Finanças Centros de Economia Aplicada Serviços IBRE Outras Publicações Eventos IBRE > Direto da Redação Edições Anteriores Estatísticas e Índices História Brasileira Eventos Conjuntura Anuncie na Conjuntura Sobre a Conjuntura Conjuntura no ipad Viramos o inimigo a ser combatido Vol. 65 nº 06 JUNHO Entrevista Enviar Assine já A leva ao leitor artigos e reportagens sobre macroeconomia, finanças, management e seguros, além de uma abrangente seção de estatísticas e índices de preços. Assine agora! Anuncie na Conjuntura Anuncie e divulgue a sua marca na principal revista de economia do país. Solange Monteiro, de São José dos Campos Se perguntar a um executivo da Empresa Brasileira de Aeronáutica qual a estratégia de sucesso da companhia, provavelmente ele responderá apontando um iphone. Da mesma forma que um dos aparelhos tecnológicos mais cobiçados, o avião da Embraer não é só pesquisa e desenvolvimento. O diferencial vem de saber como integrar em um só produto a tecnologia de ponta dispersa pelo mundo e atender às necessidades do mercado no ritmo correto. É preciso estar no momento certo, com o produto certo, para o segmento correto de mercado, reforça Mauro Kern, vice-presidente executivo de Engenharia e Tecnologia. Hoje, a companhia fatura por ano o total somado entre 1969 e 1994, quando foi privatizada. E poderia ser mais, não fosse a crise financeira de 2008, que resultou na demissão de 4,2 mil funcionários. Os US$ 5,3 bilhões registrados em 2010 vieram de contratos em vários países e do fortalecimento da aviação executiva em cinco anos, a Embraer conquistou a terceira posição, atrás da Bombardier e da Cessna. A diversificação é necessária frente ao aumento da concorrência, sobretudo no segmento em que é líder: aviões de 100 lugares. Viramos, de certa forma, o inimigo a ser combatido, diz Kern. Conjuntura A Embraer sempre é citada como exemplo de empresa inovadora no Brasil. Qual o diferencial que a colocou entre os principais concorrentes globais em um mercado intensivo em tecnologia de ponta? Mauro Kern Um primeiro ponto que a gente pode caracterizar como fator de sucesso da Embraer é estar no momento certo, com o produto certo, para o segmento correto de mercado. Historicamente, se a gente pega lá na década de 1970, o nosso primeiro avião, o Bandeirante, aproveitou-se de um momento de desregulamentação do transporte aéreo norte-americano, seguido pela desregulamentação em vários outros lugares do mundo, que permitiu o desenvolvimento da aviação regional. O mesmo aconteceu nos anos 1980, e depois nos de 1990, quando o crescimento da aviação regional fez necessário um avião de 50 lugares, e o grande debate era se esse avião seria um turboélice ou um jato. Fizemos vários estudos e definimos o jato, e o ERJ 145 foi um avião de excepcional resultado para a empresa, em especial no mercado norte-americano, porque lá também existia uma situação de acordos entre os sindicatos de pilotos e as companhias aéreas que limitavam o tamanho do avião a até 50 lugares para emprego nas linhas regionais. A Embraer não era a única nesse segmento; na verdade, chegamos um pouco depois da Bombardier. Mas uma coisa que caracterizou como diferenciador foi nossa capacidade de aumentar fantasticamente os volumes de produção para atender à demanda, o que o nosso concorrente não fez. Ou seja, inovações não só no produto, mas na forma de produzir o avião. Para aumentar os volumes de produção do ERJ 145, tivemos que pensar alternativas diferentes. Por exemplo, decidimos pintar a fuselagem separada das asas, e não a aeronave inteira depois de montada. Nunca ninguém tinha feito isso, e acelerou a produção. A divisão do risco de projetos novos com os fornecedores também partiu daí? Sim, quando demos início ao ERJ 145, antes mesmo da privatização. A prática da época era contratar os diferentes fornecedores, pagando pelo desenvolvimento de cada componente ou sistema, coisa que a Embraer não tinha condições de fazer. Então convidamos alguns parceiros que aceitaram absorver seu

8 Detalhe de Artigo de Page 2 of 3 04/07/2012 custo de desenvolvimento, e eles tinham participação no nosso programa. O avião não teria saído se não fossem essas parcerias com fabricantes do motor, da asa, de alguns segmentos de fuselagem. Foi algo novo, diferente, movido pela necessidade. Esse modelo foi ampliado agora no final dos anos 1990, início dos Nesse momento, identificamos que aqueles acordos entre sindicatos de pilotos e as companhias aéreas dos EUA começavam a limitar demais o crescimento destas, e que algum relaxamento precisava acontecer. Tomamos a decisão arrojada de construir uma família de aviões de 70 até 110 lugares, onde a gente então sairia um pouquinho fora do ambiente regional e começaria a participar do chamado mainline das companhias principais e das companhias de baixo custo. Os Embraer 170 e 190 estão sendo bem-sucedidos já entregamos mais de 700. E as estratégias de parceria foram alargadas, com parceiros trazendo soluções cada vez mais integradas por exemplo, o do trem de pouso agora oferece ainda roda, freio, o sistema de controle do trem, tudo num pacote. E isso se tornou padrão no mercado. A Boeing acompanhou esse modelo indo um pouco mais além, com a integração física, e até teve uma série de dificuldades. Mas acho que a gente acertou na dose. Os aviões da Embraer já chegaram a ter 85% de seus componentes comprados no exterior. Mesmo com o programa de adensamento da cadeia desenvolvido pela Embraer, o nível de dependência de importados ainda é alta. Quais os principais entraves para atrair fornecedores estrangeiros e desenvolver competências locais? Ainda existem dificuldades no Brasil para que a indústria nacional ou empresas estrangeiras aqui localizadas venham a se desenvolver plenamente, avançando assim na questão do adensamento da cadeia de suprimentos. Existem várias iniciativas de trazer fornecedores de fora para se instalar aqui e trabalhar conosco, e já temos bons exemplos disto, como a Sonaca, da Bélgica, e a francesa Latecoère, plenamente instaladas e operando no Brasil. Já houve um avanço importante nessa questão com o mecanismo do regime aduaneiro RECOF, pois quando trazemos um componente de fora os impostos ficam suspensos e, depois de aplicado no avião que é exportado, temos a extinção do regime aduaneiro com a isenção dos impostos. Mas quando uma empresa estrangeira monta um segmento aqui no Brasil e o entrega para a Embraer, há outras dificuldades associadas à complexidade das operações fiscais, logísticas e aduaneiras, que bem caracterizam o custo Brasil (altas tarifas aeroportuárias, taxas de utilização do Siscomex, etc..). Ainda existem outros fatores. O real está muito valorizado, e as vantagens competitivas que nós teríamos por montar um segmento no Brasil são seriamente impactadas em função da valorização do real em relação a outras moedas, em particular o dólar americano. De qualquer forma, entendemos que é importante para um grande integrador, como é o caso da Embraer, desenvolver um cluster de parceiros. Aumentar o conteúdo nacional é bom para a Embraer, é bom para o país, é bom para todos. Alguns esforços já se materializaram. O que precisamos são passos no sentido de se conseguir desenvolver um sistema consolidado de desenvolvimento de tecnologias para toda a cadeia de suprimentos, usando todos os mecanismos que existem de fomento e suporte, além de medidas fortes para redução do custo Brasil. Há uma grande expectativa sobre a possibilidade de a Embraer passar a fabricar aviões maiores, como a Bombardier, caso as grandes do mercado abram mão do segmento entre 130 e 150 lugares. Quais as chances de isso acontecer? Nossos concorrentes estão se posicionando e nós não o fizemos ainda porque não precisamos. Nosso produto principal hoje é uma família de aeronaves ainda bastante jovem, que está indo bem no mercado, aumentando a abrangência de suas vendas. Estudamos diferentes alternativas de produtos para os diferentes segmentos sem que precisemos tomar uma decisão precipitada com relação a isso, o que não acontece com nossos competidores. A Bombardier vem com seus aviões regionais basicamente arquitetados no início da década de 1990; a Airbus, na de 1980; e a Boeing, na de 1960, com uma remodelação agora nos anos de Temos condições de esperar para ver qual será o posicionamento de todos eles para que a gente, aí sim, se lance num próximo desenvolvimento. É verdade que existe um fator que é de ruptura e força todos os fabricantes a trazer novos aviões para o mercado, que é a disponibilidade de motores de nova geração com um expressivo ganho de combustível. Mas nossa condição nos permite não antecipar as coisas. Estamos estudando alternativas diferentes, e vamos fazer a escolha certa para novamente ter o produto certo, para o segmento de negócio certo, com o modelo correto. E o momento certo não é agora, é mais para frente. Mas já despontam concorrentes para a Embraer no mercado em que é líder, como a japonesa Mitsubishi, além de companhias na Rússia e na China, que anunciaram seus projetos para daqui alguns anos. Como vocês se preparam para atuar num cenário com maior concorrência? A Embraer virou, de certa forma, o inimigo a ser combatido, o alvo de todos esses entrantes. O avião mais bem-sucedido no mercado de 100 assentos, disparado, é o Embraer 190. Esses outros países que decidiram que a indústria aeronáutica é alavancadora de tecnologia, de conhecimento, de produtividade, de eficiência, resolveram também produzir aviões, e decidiram entrar não no segmento que compete com Boeing e Airbus, mas no imediatamente abaixo, onde nós atuamos. Certamente temos um respeito muito grande por cada uma dessas iniciativas. A China tem um mercado cativo para seu avião que é extraordinário. A Rússia também tem um grande mercado protegido, com barreiras de entrada aos aviões de fora, e tem conhecimento e tecnologia aeronáutica do passado na aviação comercial e mais moderno na aviação militar. O Japão não tem tradição na indústria aeronáutica, mas tem uma força tecnológica grande. Por isso temos que olhar para todos eles com bastante cuidado, respeito. São projetos nacionais, não de empresas, com fortíssimo apoio governamental em cada um dos casos. Como a Embraer se posicionará? É verdade que o segmento em que atuamos tem certa perenidade, ele tende a crescer organicamente ao longo do tempo, mas outros players vão tomar pedaços desse mercado. Nós entendemos que precisamos continuar na vanguarda, na frente quanto às tecnologias empregadas em nossos aviões. Se vamos entrar em outros segmentos ou não, vai depender de qual a diferenciação que nossos produtos terão. Não vamos fazer algo até que tenhamos uma boa leitura do mercado e um produto diferenciado. A gente entende que a situação do mercado no segmento comercial é bastante competitiva. Não se trata só de fazer aviões maiores indistintamente, de simplesmente competir de peito aberto, mas ter soluções inteligentes endereçadas corretamente a certos segmentos do mercado. É assim que há alguns anos a gente tem entrado com força na aviação executiva. Agora, com esse segmento, podemos crescer sem visar às competências regionais. O Legacy foi um primeiro produto, e logo veio uma estratégia com a entrada do Phenom 100 (o mais econômico, para até oito passageiros, que custa US$ 3,9 milhões), e o 300. Estamos desenvolvendo os Legacy 500 e 450, e já temos o Legacy 650 e o Lineaege (modelo mais sofisticado, para até 19 passageiros, de US$ 50,48 milhões). Isso demonstra um desenvolvimento do mercado executivo como forma de a Embraer se expandir na aviação civil além das fronteiras da aviação comercial. A inauguração da fábrica nos Estados Unidos, em fevereiro, com foco no Phenom, e a decisão de montar o Legacy na China, depois da tentativa de levar o Embraer 190 para lá, reforçam essa estratégia? No caso dos Estados Unidos, a montagem do Phenom tem razões simples. O Phenom 100 é bem pequeno, certificado para voar com apenas um piloto, cujos clientes em muitos casos são operadores individuais, e grande parte desse mercado está lá. Então, do ponto de vista logístico, faz sentido fazer a montagem final naquele país. Sendo pequeno, o traslado da fábrica até o cliente final tem um peso

9 Detalhe de Artigo de Page 3 of 3 04/07/2012 importante no custo do avião. Já na China, nós tivemos um programa bem-sucedido do Embraer 145 que significou a entrega de 41 aviões montados nessa planta para as companhias aéreas locais. Foi bastante bom para nós e para nossa parceira, a Avic. Representou o primeiro passo da Embraer naquele mercado, sem dúvida nenhuma, pujante. É claro que, com a velocidade do crescimento da China o avião regional que passa a ser demandado aumenta de tamanho. Por isso, nós tentamos montar o 190 lá, tivemos injunções junto ao governo chinês, mas não houve a aprovação. A razão é bem simples: eles estão desenvolvendo um avião com capacidade parecida à do nosso, e querem reservar o mercado para o produto nacional. Isso não nos impede de vender o 190 na China, mas não para atender toda a demanda do mercado. Mesmo assim, tivemos vendas recentes que demonstram que haverá continuidade na entrega desses aviões lá. Entretanto, outro mercado que está começando e vai ter um desenvolvimento muito forte naquele país é o da aviação executiva. O Legacy é feito sob a plataforma do 135, da família do 145, então algo muito natural seria a gente montar o Legacy para aquele mercado, pois a plataforma já está instalada. Tivemos um primeiro acordo que ainda não está finalizado. Depende de uma série de detalhes com nosso parceiro lá e o governo chinês até que seja materializado, mas o momento do mercado é muito favorável para esse avião. Atualmente, qual o foco na pesquisa e desenvolvimento da Embraer? A gente busca entender olhando para a frente quais serão os cenários prospectivos de geopolítica, economia, energia, de meio ambiente... Por um lado, buscamos entender qual a evolução da demanda do transporte aéreo dentro de cinco, dez, 15 e 20 anos, as questões de infraestrutura, de controle de tráfego aéreo, aeroportos, congestionamentos. De outro, a gente monitora os desenvolvimentos de tecnologia que estão no pipeline para os próximos anos. Aí a gente monta a nossa estratégia de desenvolvimento tecnológico observando todas essas dimensões: a dos cenários prospectivos, dos futuros conceitos de produtos e das tecnologias em si. Alguns temas têm destaque, como a mudança climática, que traz um aperto cada vez maior sobre as emissões dos aviões; a disponibilidade ou o início de um processo de escassez de petróleo; e questões de segurança, tanto no aspecto de segurança de voo quanto de ações ilícitas safety e security, como se diz em inglês. Além, claro, da tecnologia, do conforto e conveniência para o passageiro, e de questões financeiras que envolvem os principais clientes. Com tudo isso em vista, desenvolvemos um portfólio de projetos de desenvolvimento tecnológico. Em 2010, investimos US$ 150 milhões em pesquisa e desenvolvimento, e isso envolveu novos produtos e tecnologias pré-competitivas, que vamos habilitar no futuro. A Embraer tem se movimentado bastante na área de defesa. No final do ano passado, desmembrou essa unidade formando uma empresa própria, que por sua vez comprou participações em empresas voltadas a sistemas de comunicação, vigilância e proteção de áreas estratégicas, como patrulhamento de fronteiras, mercado que vai além da venda de aviões. Qual a expectativa em relação a esse novo negócio? Sem dúvida vemos um potencial grande de desenvolvimento nas áreas de defesa e segurança. O avião é um sistema de alta complexidade, e existem sinergias com o mercado de defesa, de segurança, então é um processo natural de diversificação, aumento do conteúdo que a companhia pode trazer para o mercado, usando suas competências centrais.

10 IBRE > Viramos o inimigo a ser combatido Vol. 65 nº 06 JUNHO Entrevista Solange Monteiro, de São José dos Campos Se perguntar a um executivo da Empresa Brasileira de Aeronáutica qual a estratégia de sucesso da companhia, provavelmente ele responderá apontando um iphone. Da mesma forma que um dos aparelhos tecnológicos mais cobiçados, o avião da Embraer não é só pesquisa e desenvolvimento. O diferencial vem de saber como integrar em um só produto a tecnologia de ponta dispersa pelo mundo e atender às necessidades do mercado no ritmo correto. É preciso estar no momento certo, com o produto certo, para o segmento correto de mercado, reforça Mauro Kern, vice-presidente executivo de Engenharia e Tecnologia. Hoje, a companhia fatura por ano o total somado entre 1969 e 1994, quando foi privatizada. E poderia ser mais, não fosse a crise financeira de 2008, que resultou na demissão de 4,2 mil funcionários. Os US$ 5,3 bilhões registrados em 2010 vieram de contratos em vários países e do fortalecimento da aviação executiva em cinco anos, a Embraer conquistou a terceira posição, atrás da Bombardier e da Cessna. A diversificação é necessária frente ao aumento da concorrência, sobretudo no segmento em que é líder: aviões de 100 lugares. Viramos, de certa forma, o inimigo a ser combatido, diz Kern. Conjuntura A Embraer sempre é citada como exemplo de empresa inovadora no Brasil. Qual o diferencial que a colocou entre os principais concorrentes globais em um mercado intensivo em tecnologia de ponta? Mauro Kern Um primeiro ponto que a gente pode caracterizar como fator de sucesso da Embraer é estar no momento certo, com o produto certo, para o segmento correto de mercado. Historicamente, se a gente pega lá na década de 1970, o nosso primeiro avião, o Bandeirante, aproveitou-se de um momento de desregulamentação do transporte aéreo norte-americano, seguido pela desregulamentação em vários outros lugares do mundo, que permitiu o desenvolvimento da aviação regional. O mesmo aconteceu nos anos 1980, e depois nos de 1990, quando o crescimento da aviação regional fez necessário um avião de 50 lugares, e o grande debate era se esse avião seria um turboélice ou um jato. Fizemos vários estudos e definimos o jato, e o ERJ 145 foi um avião de excepcional resultado para a empresa, em especial no mercado norte-americano, porque lá também existia uma situação de acordos entre os sindicatos de pilotos e as companhias aéreas que limitavam o tamanho do avião a até 50 lugares para emprego nas linhas regionais. A Embraer não era a única nesse segmento; na verdade, chegamos um pouco depois da Bombardier. Mas uma coisa que caracterizou como diferenciador foi nossa capacidade de aumentar fantasticamente os volumes de produção para atender à demanda, o que o nosso concorrente não fez. Ou seja, inovações não só no produto, mas na forma de produzir o avião. Para aumentar os volumes de produção do ERJ 145, tivemos que pensar alternativas diferentes. Por exemplo, decidimos pintar a fuselagem separada das asas, e não a aeronave inteira depois de montada. Nunca ninguém tinha feito isso, e acelerou a produção. A divisão do risco de projetos novos com os fornecedores também partiu daí? Sim, quando demos início ao ERJ 145, antes mesmo da privatização. A prática da época era contratar os diferentes fornecedores, pagando pelo desenvolvimento de cada componente ou sistema, coisa que a Embraer não tinha condições de fazer. Então convidamos alguns parceiros que aceitaram absorver seu

11 custo de desenvolvimento, e eles tinham participação no nosso programa. O avião não teria saído se não fossem essas parcerias com fabricantes do motor, da asa, de alguns segmentos de fuselagem. Foi algo novo, diferente, movido pela necessidade. Esse modelo foi ampliado agora no final dos anos 1990, início dos Nesse momento, identificamos que aqueles acordos entre sindicatos de pilotos e as companhias aéreas dos EUA começavam a limitar demais o crescimento destas, e que algum relaxamento precisava acontecer. Tomamos a decisão arrojada de construir uma família de aviões de 70 até 110 lugares, onde a gente então sairia um pouquinho fora do ambiente regional e começaria a participar do chamado mainline das companhias principais e das companhias de baixo custo. Os Embraer 170 e 190 estão sendo bem-sucedidos já entregamos mais de 700. E as estratégias de parceria foram alargadas, com parceiros trazendo soluções cada vez mais integradas por exemplo, o do trem de pouso agora oferece ainda roda, freio, o sistema de controle do trem, tudo num pacote. E isso se tornou padrão no mercado. A Boeing acompanhou esse modelo indo um pouco mais além, com a integração física, e até teve uma série de dificuldades. Mas acho que a gente acertou na dose. Os aviões da Embraer já chegaram a ter 85% de seus componentes comprados no exterior. Mesmo com o programa de adensamento da cadeia desenvolvido pela Embraer, o nível de dependência de importados ainda é alta. Quais os principais entraves para atrair fornecedores estrangeiros e desenvolver competências locais? Ainda existem dificuldades no Brasil para que a indústria nacional ou empresas estrangeiras aqui localizadas venham a se desenvolver plenamente, avançando assim na questão do adensamento da cadeia de suprimentos. Existem várias iniciativas de trazer fornecedores de fora para se instalar aqui e trabalhar conosco, e já temos bons exemplos disto, como a Sonaca, da Bélgica, e a francesa Latecoère, plenamente instaladas e operando no Brasil. Já houve um avanço importante nessa questão com o mecanismo do regime aduaneiro RECOF, pois quando trazemos um componente de fora os impostos ficam suspensos e, depois de aplicado no avião que é exportado, temos a extinção do regime aduaneiro com a isenção dos impostos. Mas quando uma empresa estrangeira monta um segmento aqui no Brasil e o entrega para a Embraer, há outras dificuldades associadas à complexidade das operações fiscais, logísticas e aduaneiras, que bem caracterizam o custo Brasil (altas tarifas aeroportuárias, taxas de utilização do Siscomex, etc..). Ainda existem outros fatores. O real está muito valorizado, e as vantagens competitivas que nós teríamos por montar um segmento no Brasil são seriamente impactadas em função da valorização do real em relação a outras moedas, em particular o dólar americano. De qualquer forma, entendemos que é importante para um grande integrador, como é o caso da Embraer, desenvolver um cluster de parceiros. Aumentar o conteúdo nacional é bom para a Embraer, é bom para o país, é bom para todos. Alguns esforços já se materializaram. O que precisamos são passos no sentido de se conseguir desenvolver um sistema consolidado de desenvolvimento de tecnologias para toda a cadeia de suprimentos, usando todos os mecanismos que existem de fomento e suporte, além de medidas fortes para redução do custo Brasil. Há uma grande expectativa sobre a possibilidade de a Embraer passar a fabricar aviões maiores, como a Bombardier, caso as grandes do mercado abram mão do segmento entre 130 e 150 lugares. Quais as chances de isso acontecer? Nossos concorrentes estão se posicionando e nós não o fizemos ainda porque não precisamos. Nosso produto principal hoje é uma família de aeronaves ainda bastante jovem, que está indo bem no mercado, aumentando a abrangência de suas vendas. Estudamos diferentes alternativas de produtos para os diferentes segmentos sem que precisemos tomar uma decisão precipitada com relação a isso, o que não acontece com nossos competidores. A Bombardier vem com seus aviões regionais basicamente arquitetados no início da década de 1990; a Airbus, na de 1980; e a Boeing, na de 1960, com uma remodelação agora nos anos de Temos condições de esperar para ver qual será o posicionamento de todos eles para que a gente, aí sim, se lance num próximo desenvolvimento. É verdade que existe um fator que é de ruptura e força todos os fabricantes a trazer novos aviões para o mercado, que é a disponibilidade de motores de nova geração com um expressivo ganho de combustível. Mas nossa condição nos permite não antecipar as coisas. Estamos estudando alternativas diferentes, e vamos fazer a escolha certa para novamente ter o produto certo, para o segmento de negócio certo, com o modelo correto. E o momento certo não é agora, é mais para frente. Mas já despontam concorrentes para a Embraer no mercado em que é líder, como a japonesa Mitsubishi, além de companhias na Rússia e na China, que anunciaram seus projetos para daqui alguns anos. Como vocês se preparam para atuar num cenário com maior concorrência? A Embraer virou, de certa forma, o inimigo a ser combatido, o alvo de todos esses entrantes. O avião mais bem-sucedido no mercado de 100 assentos, disparado, é o Embraer 190. Esses outros países que decidiram que a indústria aeronáutica é alavancadora de tecnologia, de conhecimento, de produtividade, de eficiência, resolveram também produzir aviões, e decidiram entrar não no segmento que compete com Boeing e Airbus, mas no imediatamente abaixo, onde nós atuamos. Certamente temos um respeito muito grande por cada uma dessas iniciativas. A China tem um mercado cativo para seu avião que é extraordinário. A Rússia também tem um grande mercado protegido, com barreiras de entrada aos aviões de fora, e tem conhecimento e tecnologia aeronáutica do passado na aviação comercial e mais moderno na aviação militar. O Japão não tem tradição na indústria aeronáutica, mas tem uma força tecnológica grande. Por isso temos que olhar para todos eles com bastante cuidado, respeito. São projetos nacionais, não de empresas, com fortíssimo apoio governamental em cada um dos casos. Como a Embraer se posicionará? É verdade que o segmento em que atuamos tem certa perenidade, ele tende a crescer organicamente ao longo do tempo, mas outros players vão tomar pedaços desse mercado. Nós entendemos que precisamos continuar na vanguarda, na frente quanto às tecnologias empregadas em nossos aviões. Se vamos entrar em outros segmentos ou não, vai depender de qual a diferenciação que nossos produtos terão. Não vamos fazer algo até que tenhamos uma boa leitura do mercado e um produto diferenciado. A gente entende que a situação do mercado no segmento comercial é bastante competitiva. Não se trata só de fazer aviões maiores indistintamente, de simplesmente competir de peito aberto, mas ter soluções inteligentes endereçadas corretamente a certos segmentos do mercado. É assim que há alguns anos a gente tem entrado com força na aviação executiva. Agora, com esse segmento, podemos crescer sem visar às competências regionais. O Legacy foi um primeiro produto, e logo veio uma estratégia com a entrada do Phenom 100 (o mais econômico, para até oito passageiros, que custa US$ 3,9 milhões), e o 300. Estamos desenvolvendo os Legacy 500 e 450, e já temos o Legacy 650 e o Lineaege (modelo mais sofisticado, para até 19 passageiros, de US$ 50,48 milhões). Isso demonstra um desenvolvimento do mercado executivo como forma de a Embraer se expandir na aviação civil além das fronteiras da aviação comercial. A inauguração da fábrica nos Estados Unidos, em fevereiro, com foco no Phenom, e a decisão de montar o Legacy na China, depois da tentativa de levar o Embraer 190 para lá, reforçam essa estratégia? No caso dos Estados Unidos, a montagem do Phenom tem razões simples. O Phenom 100 é bem pequeno, certificado para voar com apenas um piloto, cujos clientes em muitos casos são operadores individuais, e grande parte desse mercado está lá. Então, do ponto de vista logístico, faz sentido fazer a montagem final naquele país. Sendo pequeno, o traslado da fábrica até o cliente final tem um peso

12 importante no custo do avião. Já na China, nós tivemos um programa bem-sucedido do Embraer 145 que significou a entrega de 41 aviões montados nessa planta para as companhias aéreas locais. Foi bastante bom para nós e para nossa parceira, a Avic. Representou o primeiro passo da Embraer naquele mercado, sem dúvida nenhuma, pujante. É claro que, com a velocidade do crescimento da China o avião regional que passa a ser demandado aumenta de tamanho. Por isso, nós tentamos montar o 190 lá, tivemos injunções junto ao governo chinês, mas não houve a aprovação. A razão é bem simples: eles estão desenvolvendo um avião com capacidade parecida à do nosso, e querem reservar o mercado para o produto nacional. Isso não nos impede de vender o 190 na China, mas não para atender toda a demanda do mercado. Mesmo assim, tivemos vendas recentes que demonstram que haverá continuidade na entrega desses aviões lá. Entretanto, outro mercado que está começando e vai ter um desenvolvimento muito forte naquele país é o da aviação executiva. O Legacy é feito sob a plataforma do 135, da família do 145, então algo muito natural seria a gente montar o Legacy para aquele mercado, pois a plataforma já está instalada. Tivemos um primeiro acordo que ainda não está finalizado. Depende de uma série de detalhes com nosso parceiro lá e o governo chinês até que seja materializado, mas o momento do mercado é muito favorável para esse avião. Atualmente, qual o foco na pesquisa e desenvolvimento da Embraer? A gente busca entender olhando para a frente quais serão os cenários prospectivos de geopolítica, economia, energia, de meio ambiente... Por um lado, buscamos entender qual a evolução da demanda do transporte aéreo dentro de cinco, dez, 15 e 20 anos, as questões de infraestrutura, de controle de tráfego aéreo, aeroportos, congestionamentos. De outro, a gente monitora os desenvolvimentos de tecnologia que estão no pipeline para os próximos anos. Aí a gente monta a nossa estratégia de desenvolvimento tecnológico observando todas essas dimensões: a dos cenários prospectivos, dos futuros conceitos de produtos e das tecnologias em si. Alguns temas têm destaque, como a mudança climática, que traz um aperto cada vez maior sobre as emissões dos aviões; a disponibilidade ou o início de um processo de escassez de petróleo; e questões de segurança, tanto no aspecto de segurança de voo quanto de ações ilícitas safety e security, como se diz em inglês. Além, claro, da tecnologia, do conforto e conveniência para o passageiro, e de questões financeiras que envolvem os principais clientes. Com tudo isso em vista, desenvolvemos um portfólio de projetos de desenvolvimento tecnológico. Em 2010, investimos US$ 150 milhões em pesquisa e desenvolvimento, e isso envolveu novos produtos e tecnologias pré-competitivas, que vamos habilitar no futuro. A Embraer tem se movimentado bastante na área de defesa. No final do ano passado, desmembrou essa unidade formando uma empresa própria, que por sua vez comprou participações em empresas voltadas a sistemas de comunicação, vigilância e proteção de áreas estratégicas, como patrulhamento de fronteiras, mercado que vai além da venda de aviões. Qual a expectativa em relação a esse novo negócio? Sem dúvida vemos um potencial grande de desenvolvimento nas áreas de defesa e segurança. O avião é um sistema de alta complexidade, e existem sinergias com o mercado de defesa, de segurança, então é um processo natural de diversificação, aumento do conteúdo que a companhia pode trazer para o mercado, usando suas competências centrais.

13 IBRE > Sem barreiras Vol. 65 nº 06 JUNHO Seminário Especialistas debatem em seminário da Conjuntura como eliminar os entraves comprometem o investimento em construção pesada no país que Solange Monteiro, de São Paulo O horizonte de investimentos em infraestrutura para os próximos anos soma cifras descomunais Segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de 2011 a 2014, o setor deverá atrair R$ 240 bilhões em investimentos. Entretanto, ao mesmo tempo em que se configura um cenário repleto de oportunidades para toda a cadeia de construção pesada que atua no Brasil, essa realidade exige esforço das empresas para reagir velozmente depois de décadas de baixo investimento o que acarretou um desaparelhamento do setor e um retrocesso na qualificação de mão de obra driblar problemas regulatórios que ainda implicam atrasos e incertezas no caso de obras públicas, além de desafios no campo do financiamento de longo prazo. Esses temas foram o centro do debate no 1º Seminário da Construção Pesada do IBRE/Conjuntura, realizado no final de maio em São Paulo. Na ocasião, o secretário executivo do Ministério dos Transportes, Paulo Sérgio Oliveira Passos, lembrou os ciclos vividos pela economia brasileira choques do petróleo na década de 1970, recessão econômica nos anos de 1980 e as crises financeiras e o ainda baixo nível de investimento nos de 1990, apesar da estabilização econômica, que impactaram o setor. Isso teve como consequência um represamento das necessidades que estão presentes e se inserem em nossa agenda como desafios a resolver, afirmou. INFRAESTRUTURA LOGÍSTICA Manuel Rossitto, diretor do Departamento da Indústria da Construção da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Deconcic/Fiesp), lembrou que essa situação hoje coloca o Brasil entre os países com pior avaliação quando se trata de infraestrutura (ver quadro). Além disso, devemos lembrar da nova condição econômica da população brasileira que implica uma demanda habitacional, até 2022, de 23 milhões de moradias, disse. Na área de infraestrutura logística, Passos enfatizou a necessidade de focar a intermodalidade explorando sobretudo o potencial dos setores ferroviário e hidroviário. Temos que pensar no redesenho da malha ferroviária, assegurou, citando a importância da conclusão das ferrovias Transnordestina e a Norte-Sul. Hoje, estão na ordem do dia do governo cinco mil quilômetros de novas ferrovias que quando estiverem prontas servirão à produção brasileira com os melhores padrões de transporte, desonerando as rodovias, atualmente sobrecarregadas. Quanto às hidrovias, Passos citou programas de dragagem derrocamento e manutenção, bem como a necessidade da exploração de rios com aproveitamento comercial. Para aproveitar todo esse potencial, entretanto, o setor corre contra o tempo para superar uma grave debilidade: a falta de mão de obra qualificada. Há algo que realmente nos preocupa, que é a excelência

14 da engenharia perdida nessas décadas, lembrou Aluizio de Barros Fagundes, presidente do Instituto de Engenharia. Silvio Ciampaglia, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São Paulo (Sinicesp), destacou que a lacuna de investimentos no setor resultou num envelhecimento dos trabalhadores, acompanhado da migração de muitos para outros segmentos. Alberto José Salum, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada de Minas Gerais (Sicepot/MG), destacou os esforços de capacitação que vem sendo realizados pela instituição. Estamos até levando professores às obras para multiplicar informação, afirmou. Segundo Salum, uma das dificuldades tem sido vencer certo preconceito que muitos demonstram quanto ao trabalho nos canteiros de obras. O salário no setor é atrativo, e estamos fazendo campanhas para mostrar o exemplo de muitos profissionais que criaram suas famílias trabalhando na construção, declarou. FATORES CRÍTICOS Um dos consensos entre os especialistas participantes do evento foram os entraves gerados dentro do próprio governo que ameaçam a celeridade e o cumprimento de orçamentos em diversas obras públicas. É verdade que há momentos em que o Tribunal de Contas entra em aspectos como a metodologia de execução, e acho que isso deve caber ao administrador, bem como, no aspecto ambiental, as exigências de mitigação e compensação para algumas obras, em certos casos, tomam proporções injustificáveis, acentuou Passos. Érico Gama Torres, diretor de Qualidade, Meio Ambiente, Saúde e Segurança (QMSS) da construtora Andrade Gutierrez, classificou os problemas gerados nas concessões de licenças ambientais, como um reflexo de questões sociais críticas mal resolvidas. Já não é licenciamento ambiental, mas socioambiental, enfatizou. Nós agora estamos com Belo Monte, e acho que talvez lá haja pouca demanda ambiental, enquanto sociais, há muitas, disse. São problemas que têm que ser tratados de alguma forma, e é um meio que a sociedade encontra de dar um direcionamento ao assunto. Seja como for, o fator das licenças é um dos ruídos que trazem preocupação para o setor quando se trata de obras públicas. Isso porque, apesar de não faltarem projetos, as companhias se preocupam com a possibilidade de as condições apresentadas não garantirem a remuneração adequada do trabalho. Entre os fatores críticos, Jorge, da Cbic, apontou a falta de qualidade nos projetos que envolveram convênios entre União e prefeituras, dificultando o cálculo orçamentário, além das distorções provocadas pelo foco das licitações mais no preço do que no aspecto técnico. Como podemos aceitar a contratação de uma obra de engenharia, com seu grau de complexidade, através de pregão eletrônico?, questionou. Investimos muito em gestão, e é completamente diferente executar obra bem estruturada com pessoas preparadas, equipamentos, do que executar sem as devidas condições, disse Torres, da Andrade Gutierrez. Para nós, felizmente o mercado privado representa 60% de nossa carteira, e esse reconhece nosso empenho em fazer uma gestão de qualidade. MAIS INVESTIMENTO PRIVADO Ao desafio de garantir uma boa equação orçamentária dos projetos de construção no Brasil, soma-se ainda outra tarefa pendente, de equacionar a forte demanda de capital de longo prazo, característica do setor, em um país que ainda registra baixas taxas de investimento. Rubens Sardenberg, diretor de Assuntos Econômicos da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), destacou que nos últimos anos o crescimento da economia brasileira se deu com base no consumo. Do ponto de vista macro, hoje os investimentos representam algo em torno de 18% do PIB, e precisaríamos de 23%, 24%, disse. Se começarmos a subir essa taxa em 1% ao ano, até 2016 teríamos US$ 1,1 trilhão de investimentos adicionais, mas ainda assim estaríamos no limite do necessário, exemplificou. Segundo Sardenberg, apesar de o BNDES ter ampliado significativamente seu apoio, é imperativo aumentar a fatia da participação privada nos financiamentos. Para isso, apontou quatro fatores fundamentais a serem privilegiados pelo país. O primeiro é a manutenção da estabilidade macroeconômica, com um horizonte de inflação baixa e previsível, para possibilitar a redução de taxa de juros e tornar atrativa a ampliação dos prazos para se ter mais rentabilidade, disse. A baixa oferta de financiamento de longo prazo foi o segundo item apontado pelo economista. Nesse campo, ele elogiou a criação de letras financeiras como os debêntures bancários, que poderão ajudar no fortalecimento do mercado secundário, pouco desenvolvido no Brasil. O terceiro ponto defendido por Sardenberg foi o fortalecimento do mercado de capitais, e o quarto, a garantia de segurança jurídica para as operações de longo prazo, tanto no que diz respeito à manutenção das regras do jogo, quanto à rapidez na resolução de problemas. Isso restringe a insegurança, o que impulsiona uma redução do prêmio e, consequentemente, das taxas, afirmou. Nelson Fontes Filho, superintendente de infraestrutura do BNDES, reforçou a importância do fortalecimento do mercado de capitais brasileiro, para que se associe aos esforços de financiamento do banco, declarou. Atualmente, o BNDES conta com uma carteira de 290 projetos de infraestrutura, envolvendo R$ 188 bilhões de investimento e R$ 116 bilhões de financiamentos. Do total desses projetos, Fontes destacou que 90% se enquadram na modalidade de project finance, que implica a criação de sociedades de propósito específico. Isso possibilita a constituição diferenciada de garantias durante a fase de implementação do projeto, segregando custos, receita e riscos, destacou. Fontes destacou que esse modelo implica um sistema de amortização constante, que permite associar ao financiamento, por exemplo, uma emissão de debênture, citando o caso da Rota das Bandeiras, em que o Grupo Odebrecht vendeu R$ 1,1 bilhão desses papéis em TRIPÉ DE SUSTENTABIILIDADE Garantir o equilíbrio econômico, com financiamento e remuneração adequados dos projetos de construção, segundo Jorge, é uma das bases do tripé de sustentabilidade que hoje é privilegiado pelo setor, juntamente à social e à ambiental. Há um longo caminho a percorrer, mas é inegável o avanço dessas preocupações, afirmou. Torres, da Andrade Gutierrez, citou que a companhia há anos assumiu o compromisso de uma

15 abordagem voltada à sustentabilidade e à inovação. A empresa emite relatório anual de sustentabilidade e há dois anos calcula a emissão de gases do efeito estufa de toda sua cadeia produtiva, colocando metas de redução. Cerca de 17% são geradas por nós, e outros 80% por fornecedores, sobretudo dos segmentos de aço, cimento e asfalto, disse, destacando a atuação da companhia junto a essas empresas para estímulo de mitigação das emissões, trabalho que abrange os cem escritórios que a companhia possui no Brasil e na América Latina. A escolha por alternativas que reduzam o impacto ambiental e equacionem esse desafio ao crescimento brasileiro, também envolve planos públicos de organização urbana. Exemplo disso é o projeto de expansão do metrô de São Paulo. Com investimento de R$ 65,8 bilhões para estender a malha metroviária a 232,3 quilômetros, a iniciativa não implica apenas mobilidade. Em 2015, quando concluído, trará benefícios anuais de cerca de R$ 9,6 bilhões, disse Laércio Mauro Santoro Biazotti, diretor de Planejamento e Extensão de Transportes do Metrô/SP. Nesse montante, estão incluídos cálculos que envolvem desde a redução de emissões e economia de combustível à diminuição do tempo de deslocamento das pessoas na cidade, famosa por seu trânsito caótico. Marcelo Takaoka, presidente do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), reforçou que o setor da construção é o meio de se garantir o desenvolvimento sustentável de um país, a partir de projetos que, por exemplo, reduzam o estresse social e controlem a qualidade do ambiente, refletindo inclusive em aspectos de saúde da população. Mas, apesar de ser uma tendência, segundo Takaoka, decisões envolvendo a sustentabilidade ainda não são fáceis de se tomar. Como sociedade, sempre achamos tudo legal, mas na hora em que começo a pensar como eu me insiro nesse conceito, me dou conta de que isso significa perder independência e liberdade, diz. Takaoka citou como exemplo estudo do World Business Council for Sustainable Development, em que, enquanto 80% dos entrevistados afirmaram considerar a sustentabilidade importante, apenas 27% disseram ter planos sobre o assunto, e somente 8% indicaram que já faziam algo a respeito. De qualquer forma, de acordo com o executivo, cresce a consciência de que, quanto melhor for o meio ambiente e a infraestrutura de uma sociedade, mais vitalidade e riqueza ela terá. Por isso, a tendência futura do mercado de construção não é de crescimento, mas de evolução, de fazer melhor, concluiu. O trem-bala dispara expectativas O trem-bala ligando São Paulo ao Rio de Janeiro com 511 quilômetros de extensão e custo estimado em R$ 34 bilhões chegou em alta velocidade ao debate, sendo defendido pelos representantes do governo presentes ao seminário. Estamos convictos de que no mês de julho faremos o processo licitatório, disse Paulo Sérgio Oliveira Passos, secretário executivo do Ministério dos Transportes. Convencido do êxito do projeto, destacou que o veículo estará no eixo mais pujante do país, de grande concentração populacional, com o nível de renda médio muito superior à verificada no restante do Brasil, e que as duas capitais já sofrem com os limites de expansão dos aeroportos. O mundo já deu exemplos bem-sucedidos desse trem e pretendemos que seja um sucesso, afirmou. Nelson Fontes Filho, superintendente de infraestrutura do BNDES, destacou que o trem-bala poderá reduzir a demanda da ponte aérea em até a metade da atual. Em alguns casos internacionais, como a rota Paris-Bruxelas, a ponte aérea praticamente desapareceu, exemplificou. Fontes defendeu a necessidade do apoio do Estado brasileiro não há como implantar um projeto desses em condições puramente de mercado, com a participação da União em 30% do capital por meio da Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade (Etav). Além disso, o governo dispôs ao vencedor um financiamento de R$ 20 bilhões, repassado pelo BNDES a TJLP mais 1%, com possibilidade de amortização conforme a geração de caixa, disse. A concessão do trem-bala é de 40 anos a partir do início da operação. O superintendente informou que o banco tem sido procurado por várias construtoras, o que indicaria a possibilidade de disputa por vários consórcios. O projeto também pode interessar ao setor imobiliário, frente às oportunidades que sua operação poderá gerar, disse. Fontes ainda citou outras possíveis conexões por meio do trem-bala como Campinas/Belo Horizonte, Campinas/Triângulo Mineiro e São Paulo/Curitiba, todas com alta densidade demográfica e uma distância aproximada de 500 km, dando continuidade ao projeto. (SM)

16 IBRE > Inflação menor, juros mais altos Vol. 65 nº 06 JUNHO Macroeconomia Salomão Quadros A taxa mensal de inflação está em queda. Os resultados de maio comprovam que as pressões mais agudas arrefeceram. Altas como as do álcool e da gasolina e de alimentos in natura dão lugar a quedas que contribuirão para diminuir significativamente os percentuais dos próximos meses, não sendo descartada a hipótese de uma momentânea deflação. Todavia, este recuo, que trará alívio sobretudo às famílias de renda mais baixa, não impedirá que o percentual acumulado em 12 meses permaneça acima do topo da meta por pelo menos um trimestre, inflando expectativas. O problema é que nem a taxa mensal, em trajetória de redução, nem a de 12 meses, que se eleva, são indicadores fidedignos do caminho a ser seguido pela inflação na virada do ano. Dito de outra maneira, ainda que as taxas do próximo trimestre caiam substantivamente se comparadas aos 0,80% registrados ao longo do último semestre, como esse movimento tem uma forte componente transitória, é legítimo questionar qual será o ritmo de alta nos meses finais de Se for semelhante ao do trimestre que começa agora, alguma coisa na vizinhança de 0,3%, a convergência para o centro da meta será relativamente rápida, podendo se verificar antes do fim de Mas se for superior a este nível, entre 0,5% e 0,6%, embora abaixo dos percentuais equivalentes em 2010, a desaceleração decorrente dessa diferença não será suficiente para que a taxa em 12 meses reingresse até dezembro na faixa de tolerância prevista pelo regime de metas, cuja fronteira superior é de 6,5%. Isso equivale a dizer que a inflação ao fim de 2011 poderá superar o topo da meta, configurando o primeiro descumprimento desde Alimentos Não se trata de uma previsão, mas de uma possibilidade. A favor da desaceleração estão os preços dos alimentos, que, se não devem cair como em épocas de estoques mais fartos e demanda menos aquecida, tampouco devem repetir o papel de vilões como em 2010, quando a alta média foi além dos 10%. Com a vigorosa resposta da produção, estimulada no Brasil e na maior parte dos países produtores por níveis compensadores de remuneração, os preços das matérias-primas agropecuárias estão em queda, o que não ocorria desde o início de Em direção análoga, pela competição com importados e por efeito da valorização do câmbio, os preços dos bens de consumo duráveis quase não estão subindo. Nos 12 meses encerrados em abril, os automóveis novos ficaram apenas 0,22% mais caros. Os principais obstáculos a uma desaceleração de maior fôlego da inflação são os serviços e os preços administrados. No primeiro caso, a taxa em 12 meses avançou cerca de 1,5 ponto percentual desde meados do ano passado, alcançando 8,57% de acordo com o IPCA de abril. Os serviços não estão sujeitos à concorrência de importados e respondem essencialmente a aumentos de demanda, que refletem o aquecimento até agora inabalável do mercado de trabalho. Há uma interpretação adicional para a alta dos serviços que enfatiza mudanças estruturais experimentadas pela economia brasileira, como a diminuição da desigualdade de renda e redução da pobreza. Segundo essa visão, o aumento de demanda representado pela integração dos segmentos de baixa renda ao mercado consumidor, por ser estrutural, não seria manejável pela política monetária. No entanto, esse processo de transformação operado na sociedade brasileira vem se desenrolando há mais de uma década, enquanto a aceleração dos serviços se acentuou visivelmente há um ano. Quanto aos preços administrados, pouco se pode fazer no curto prazo, uma vez que são definidos sem relação direta com a demanda na economia. Diante da encruzilhada inflacionária que se desenha para este fim de ano, o mais recomendável é o Banco Central seguir à risca o que anunciou na ata da última reunião do Copom: manter os juros elevados por mais tempo do que havia cogitado no início do ano. Com a redução já em curso das taxas mensais de inflação, será grande a tentação de encurtar a temporada de austeridade. Nada mais imprudente do que o relaxamento prematuro da política monetária. Salomão Quadros é coordenador do IGP do IBRE/FGV

17 IBRE > Metas de Inflação Vol. 65 nº 06 JUNHO Macroeconomia Fernando de Holanda Barbosa A crise financeira de 2007/2008 tem suscitado várias propostas de mudanças na política econômica. Uma delas diz respeito ao aumento da meta de inflação nos países que atingiram o limite inferior da taxa de juros no mercado interbancário, como é o caso dos Estados Unidos onde esta taxa é praticamente zero. No Brasil, desde 2005 e até 2012, a meta de inflação é de 4,5% ao ano. Deveríamos mantê-la nesse nível em 2013 e nos anos seguintes? O principal instrumento de política monetária em qualquer banco central do mundo é a taxa de juros no mercado bancário. O limite inferior dessa taxa é zero em virtude da existência do papel-moeda, pois ninguém iria aplicar seus recursos a taxas de juros negativas se existe a alternativa de deixá-los debaixo do colchão. Que fazer quando esse fenômeno ocorrer novamente? Uma alternativa seria acabar com o papel-moeda e as transações serem feitas com algum tipo de cartão. Esse tipo de ousadia tem sido discutido em trabalhos acadêmicos, mas dificilmente será implementada no futuro próximo pela simples razão de que o papel-moeda ainda é uma forma barata para grande número de transações realizadas diariamente mundo afora. Outra alternativa para resolver o problema do limite zero da taxa de juros seria aumentar a meta da inflação. Atualmente, nos países que usam o regime (sujo) de taxa de câmbio flexível, existem dois tipos de política monetária. Os que usam metas explícitas de inflação, como o Brasil, e os que usam metas implícitas, como os Estados Unidos e a Europa do euro. Os dois bancos centrais, o americano e o europeu, têm como metas implícitas, a taxa de inflação de 2% ao ano. Caso aumentassem essa meta para 4,5%, a meta explícita brasileira, a probabilidade de alcançarem o limite zero, numa situação de crise financeira, seria bastante reduzida. Todavia, não há garantia de que esse limite não seria alcançado. Na prática, os bancos centrais têm enfrentado o limite zero da taxa de juros do mercado interbancário, aumentando a quantidade de moeda, comprando títulos de longa maturidade, em vez dos títulos de curto prazo, como faziam normalmente. Esse procedimento ficou conhecido pela sigla QE (quantitative easing). A compra de títulos longos aumenta os preços dos mesmos e reduz a taxa de juros de longo prazo, a taxa relevante para o financiamento das empresas e dos consumidores. Ainda é cedo para avaliar seus resultados, mas existem estudos que estimam uma pequena redução dessas taxas. O efeito colateral dessa política, para países como o Brasil, é um verdadeiro tsunami de dólares, que tem contribuído significativamente para a apreciação do real. A discussão do hemisfério norte do limite zero da taxa de juros nominal passa ao largo dos nossos problemas. No Brasil, a inflação sempre foi uma ferramenta de injustiça social, tirando dos pobres seus parcos recursos com o imposto inflacionário para financiar o Estado, que pouco lhes dava em troca. Na verdade, a inflação sempre foi um Robin Hood às avessas. O Plano Real acabou com essa maldade e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi devidamente recompensado pela população pobre em duas eleições. A política monetária da presidente Dilma decidiu que a convergência para a meta de 4,5% seja feita em Não há nada de errado com tal decisão, porque é uma decisão política. Todavia, seria uma demonstração inequívoca de seu compromisso com a redução da inflação que as metas de inflação de 2013 em diante fossem declinantes, de 0,5% por ano, por exemplo, até convergirmos para as taxas do primeiro mundo de 2% ao ano. Fernando de Holanda Barbosa é professor da Escola de Pós-Graduação em Economia da FGV

18 IBRE > Direto da Redação Edições Anteriores Estatísticas e Índices História Brasileira Eventos Conjuntura Anuncie na Conjuntura Sobre a Conjuntura Conjuntura no ipad A nova política monetária terá sucesso? Vol. 65 nº 06 JUNHO Macroeconomia Alberto Furuguem Na reunião do último dia 20 de abril, o Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (Copom) decidiu por um novo aumento da taxa básica de juros (Selic), que passou de 11,75% ao ano para 12%, diferentemente da expectativa então predominante no mercado, que esperava um aumento maior, de 0,50 ponto percentual. A medida, por um aumento mais moderado dos juros, não teria nada de especial, se o ritmo da inflação naquela ocasião estivesse apenas ligeiramente acima do centro da meta de 4,5%. Entretanto, isso não acontecia. Na época, a expectativa dominante era por um (bem próximo) estouro do limite superior da meta (6,5%), o que de fato acabou acontecendo com a variação do IPCA (medidor da meta inflacionária) nos 12 meses findos em abril. Os números da inflação, publicados nos dias que antecederam a reunião do Copom de abril, não eram animadores. Mesmo assim, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, pareciam convencidos de que a inflação estava sob controle e que as taxas começariam a cair a partir de maio. Poucos dias após aquela decisão do Comitê, Tombini, em depoimento no Congresso Nacional, afirmava que a a inflação já estava controlada. Naquele mesmo período, em entrevista à jornalista Miriam Leitão, no canal GloboNews, Tombini reafirmava que os diretores do BC tinham total autonomia para decidir sobre a taxa de juros. As decisões do BC sobre juros eram e continuariam a ser estritamente técnicas, garantia o presidente da instituição. Até quando este artigo foi escrito, em meados de maio, a pergunta para a qual a maioria das pessoas gostaria de ter uma resposta era: o governo Dilma Rousseff iria, efetivamente, controlar a inflação? Torcíamos para que as expectativas inflacionárias (e a própria inflação) estivessem menos preocupantes, quando os leitores da Conjuntura lessem este artigo, na virada do semestre. Isso, aliás, não parecia impossível, pois a pesquisa Focus do BC, da primeira semana de maio, já apontava para uma inflação menor (revisão para baixo), depois de oito semanas seguidas de revisões para cima. Um novo desempenho da política monetária Na realidade, o que podemos constatar no governo Dilma Rousseff é a adoção de um novo desenho (e de uma nova estratégia) de política monetária. Nessa nova estratégia da política monetária tem-se optado pelo ajuste gradual da liquidez, via redução do ritmo de crescimento do crédito medidas macroprudenciais e por aumentos mais moderados da taxa básica de juros. O objetivo seria o de causar o menor impacto possível sobre o ritmo de crescimento das atividades econômicas. Muitos analistas colocaram em dúvida a possibilidade de sucesso desse novo estilo de fazer política monetária. (Seria possível fazer omelete sem quebrar os ovos?) Em teoria, é possível que o método gradualista dê resultado. Mesmo nos anos de inflação mais elevada (e em aceleração) e indexação generalizada, na década de 1970, trabalhos analíticos, como o do professor Mário Henrique Simonsen (Inflação: gradualismo x tratamento de choque, editora Apec), sugeriam que a estratégia gradualista também poderia permitir derrubar a inflação, a diferença (para o tratamento de choque) ficando por conta do preço a ser pago ao longo do tempo. A opção entre uma ou outra estratégia permaneceria no âmbito da decisão política. Preferência por choques monetários Na prática, o que mais temos visto, tanto no Brasil como em outros países, é a preferência por choques monetários e fiscais, diante de situações críticas de risco inflacionário. Nos Estados Unidos, Paul Volcker, na época em que comandava o Fed, elevou os juros básicos a 20% ao ano, para combater uma inflação de dois dígitos, no início da década de 1980 (segundo choque do petróleo). Foi bem-sucedido no controle da inflação, mas pagou o preço de uma recessão temporária. Os países em desenvolvimento, endividados, como o Brasil e o México, enfrentaram, em consequência, um longo período de dificuldades, como se sabe. Aqui, já em plena era do Plano Real, nos governos Fernando Henrique Cardoso e Lula, a preferência sempre fora, também, pelo choque monetário, nos momentos mais críticos. Tanto na crise asiática (set. 1997), quanto na nossa própria crise cambial (fev. 1999), o governo FHC optou pelo choque sobre a liquidez (e sobre as expectativas inflacionárias), elevando a taxa Selic para 45% ao ano, naquelas duas ocasiões. Nos dias de incerteza que precederam à posse do presidente Lula, quando o dólar aproximouse de R$ 4, no último trimestre de 2002, o Banco Central, sob a presidência de Armínio Fraga, elevou a taxa Selic até 26% ao ano. O governo Lula também costumava optar por esse método (choque nas expectativas), quando o risco da inflação mostrava-se iminente. Nessas ocasiões, a orientação do BC, na gestão Henrique Meirelles, sempre teve o respaldo do presidente, mesmo contra visões diferentes de outras áreas governamentais, aí incluídas o Gabinete Civil, com José Dirceu, e o Ministério das Minas e Energia, tendo à frente a hoje presidente Dilma Rousseff. Já o então ministro da Fazenda, Antônio Palocci, costumava alinhar-se com o BC. Gradualismo objetiva conciliar crescimento com controle da inflação Uma avaliação da política macroeconômica do governo Dilma Rousseff não constitui tarefa simples. Se a presidente desejasse manter inalterada a orientação de Meirelles no BC, o mais lógico seria mantê-lo no cargo. Vale lembrar que no período de formação do ministério ficaram evidenciadas as dúvidas dela

19 sobre a permanência, ou não, de Meirelles no posto, o que acabou não prevalecendo. Henrique Meirelles foi designado para o cargo de Autoridade Olímpica. Lembre-se de que no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, o ministro do Planejamento, José Serra, costumava divergir da orientação ortodoxa de Gustavo Franco (BC) e Pedro Malan (Fazenda). No segundo mandato, Serra foi nomeado para o Ministério da Saúde, talvez para diminuir os ruídos na área econômica. No governo Dilma o que estamos assistindo, na prática, é uma política macroeconômica que alguns rotulariam de desenvolvimentista em contraposição a uma orientação que poderia ser chamada de ortodoxa (na área monetária, não tanto na área fiscal) dos governos FHC e Lula. Pensamos, entretanto, que aqueles possíveis rótulos não fariam justiça aos eventualmente chamados de ortodoxos, porque, na realidade, dificilmente alguém poderia ser contra o desenvolvimento. As limitações da Ciência é que contribuem para alimentar diferentes correntes de pensamento, quando se trata de desenhar uma estratégia de política macroeconômica. Cada grupo entende que tem a melhor fórmula para o desenvolvimento do país. O que se seguiu à decisão do Copom de abril (de moderar o ritmo de aumento dos juros), demonstrou que ainda há mais penumbra do que luz nessa área. Alguns economistas elogiavam a nova orientação do BC (segundo eles, o banco estaria dando um show de bola ), enquanto outros questionavam se seria possível fazer a omelete sem quebrar os ovos reverter à inflação sem gerar recessão. Em princípio, não se trata, no governo Dilma, de aceitar um pouco mais de inflação para se ter um pouco mais de crescimento, como poderiam defender alguns desenvolvimentistas. Trata-se de acreditar, ou não, ser possível controlar a inflação sem provocar recessões temporárias. A presidente Dilma tem dito que não deixará a inflação prosperar (nem admitirá uma recessão) e o próprio Tombini, logo após sua posse no BC, afirmara acreditar ser desejável fixar metas mais ambiciosas para a inflação, no futuro. Ambos parecem não aceitar, portanto, a inflação como fermento para o crescimento. O que temos, de fato, com a nova política monetária brasileira é uma tentativa de conciliar a reversão do processo inflacionário com a manutenção de um crescimento razoável do PIB. Se ao longo dos próximos meses, principalmente no segundo semestre deste ano, assistirmos a uma inflação em franca desaceleração, com o PIB crescendo cerca de 4%, diremos que o governo Dilma estará a caminho de ser bem-sucedido com sua estratégia macroeconômica. O Banco Central e sua atual administração, como principal instituição responsável pelo controle da inflação, atingirão um novo patamar em termos de credibilidade. Tudo se passaria como se o BC, sob o comando de Alexandre Tombini, tivesse ousado colocar em prática um novo desenho de política monetária, que vinha dando certo. Se, ao contrário, assistirmos, ao longo dos próximos meses, uma inflação alcançando patamares mais elevados, mesmo com os aumentos gradativos dos juros, é porque a nova estratégia da política monetária não estará produzindo os resultados esperados. A deterioração das expectativas terá sido predominante no comportamento da inflação. Neste caso, ao governo Dilma restaria a alternativa de colocar em prática uma estratégia de choque para reverter a inflação, arcando com os custos sociais de uma recessão temporária, à semelhança do enfrentado por outros governos em situações semelhantes. A pergunta crucial é: a cabeça econômica da presidente Dilma permitirá, nas circunstâncias, uma opção inequívoca pela ortodoxia, como fizeram seus antecessores Lula e Fernando Henrique? Isso, depois de um eventual insucesso na tentativa de se controlar a inflação sem afetar o crescimento? Ou a opção preferencial do governo Dilma será pelo aumento da intervenção direta nos mercados? Riscos da intervenção direta nos preços O cenário mais indesejável, a nosso ver, seria aquele em que se tentasse domar a inflação pela intervenção direta (controle dos preços) nos mercados, um filme que não gostaríamos de rever. Tomara que isso não aconteça, pois poderia transformar-se no caminho da perdição do governo Dilma e de dias mais difíceis para a economia brasileira e todos os brasileiros. A intervenção do poder público, quando feita com equilíbrio e bom senso, pode ser útil e produzir resultados. Quando levada ao exagero, entretanto, pode ser desastrosa, como já vimos muitas vezes, no passado, no Brasil e em outros países. Não estamos sugerindo que o livre mercado seja sempre a melhor solução para todos os problemas econômicos e sociais. O desastre causado pela expansão indiscriminada dos créditos subprime (no mercado imobiliário americano) quase lançou a economia mundial para uma grande depressão, não fora a intervenção do poder público. A deficiência na supervisão (falta de intervenção condizente) é que permitiu o desenvolvimento da mega-bolha imobiliária na maior economia do mundo. Quando faltar o bom senso, entretanto, os riscos da intervenção direta nos preços serão enormes, pelo potencial de distorções que é capaz de gerar. Lembre-se, a propósito, do Plano Cruzado (1985/86), que começou com os fiscais do Sarney cerrando portas de supermercados e terminou com assessores do então ministro da Fazenda, Dílson Funaro, cercando nos pastos novilhos ainda impróprios para o abate. Aplaudido como astro de rock nos primeiros dias do Plano Cruzado, Funaro enfrentou, em seguida, as vaias, a partir do quarto mês, quando o congelamento começou a derreter. Não estamos sugerindo que estejamos próximo de algo parecido com o que foi feito no Plano Cruzado, nem que a macroeconomia do governo Dilma seja inconsistente com o controle da inflação. O risco, de qualquer modo, quando se inicia o processo, é tomar-se gosto pela intervenção direta nos preços e partirse para o exagero, descuidando-se dos fundamentos macroeconômicos. Devemos torcer, então, para que em momentos críticos prevaleça o equilíbrio e o bom senso no enfrentamento dos desafios do controle da inflação. Neste sentido, acreditamos que a presença de Antônio Palocci, próximo ao centro do poder, possa contribuir decisivamente, para que o governo Dilma siga em boa direção como, em nosso entender, começou.

20 IBRE > Euro: inflação, bolsa país ou dois euros? Vol. 65 nº 06 JUNHO Macroeconomia Rubens Penha Cysne Ao eliminar a taxa nominal de câmbio como elemento de ajuste entre (atualmente 17) economias bastante heterogêneas, sem garantias de ordem microeconômica, coordenação fiscal em particular, o Acordo de Maastricht acabou por gerar um problema de longo prazo que ameaça a sobrevivência do euro. E pensar que ao final dos anos 1990 alguns economistas, eufóricos com a criação do euro, sugeriram uma área monetária comum no Mercosul. Se levada às últimas consequências, tal sugestão teria gerado para o Brasil os problemas agora enfrentados pela Alemanha, com a Argentina em 2000/2001 tendo feito o papel da Grécia. Para alguns países, de certa forma o euro funcionou como uma espécie de pré-sal monetário. Gerou uma confiança financeira passageira que acabou por postergar a consecução de importantes reformas, causando perdas importantes de competitividade e elevados déficits na conta-corrente do balanço de pagamentos. Em termos técnicos, o problema do euro se materializa de forma bastante simples. Economistas, ao criar uma zona monetária, têm o poder de eliminar a taxa nominal de câmbio entre diferentes regiões. Mas não de eliminar a taxa real de câmbio, que nesse caso se mede em termos dos preços relativos de bens e serviços produzidos em cada país. Ocorre que uma variável fundamental nessa determinação é dada pelos aportes de produtividade, que têm diferido substancialmente na área do euro. Risco Com alguns países mais produtivos que outros, se estabelece um desequilíbrio de longo prazo na contacorrente do balanço de pagamentos que se reflete, em última instância, na criação de elevados passivos externos líquidos nos países menos produtivos. Nesse caso, basta um pequeno choque interno ou externo, como ocorreu em 2008, para colocar em risco a solvência soberana das economias menos comedidas. Isso leva a problemas que precisam ser enfrentados pelos países da zona monetária como um todo. Na ausência da correção por desvalorização cambial, fato que coordena perdas internas de poder aquisitivo de forma extremamente eficiente, restaurando a competitividade daqueles cuja moeda se desvaloriza, há alternativas para se enfrentar o problema com diferentes graus de dificuldade. No que se segue, denotaremos por Alemanha (ou países de mais alta produtividade) o conjunto de países envolvendo não apenas a própria, mas também a Holanda, Luxemburgo, Bélgica, Finlândia e França. E por Grécia os países que atualmente se encontram em diferentes graus de dificuldade incluindo, entre outros, além da própria Grécia, Espanha, Portugal, Irlanda e Itália. Como enfrentar o problema presente de possível insolvência de alguns países? A possibilidade mais radical seria deixar esses países trilharem seu próprio caminho de insolvência. Além do efeito bola de neve e das fortes perdas de produto, entretanto, o problema com tal alternativa é que de certa forma uma área monetária comum pressupõe algum grau de coordenação e solidariedade entre economias, fato do qual se estaria abrindo mão. Uma segunda alternativa estaria na queda de salários nominais nas economias menos produtivas. Isso, entretanto, faz parte do conjunto de medidas de fácil citação e difícil realização. Primeiro, como nos ensinou Keynes há longo tempo, devido à grande necessidade de coordenação exigida por tal tipo de medida. Segundo, devido ao forte grau de inadimplência interna que a queda dos fluxos de renda geraria. Os salários caem, mas as dívidas permanecem. Desemprego Uma terceira alternativa seria uma política monetária do Banco Central Europeu mais voltada para o desemprego dos países de baixa produtividade do que para o controle inflacionário demandado pelos países de alta produtividade. Trata-se do simétrico da alternativa anterior, posto que uma elevação dos salários nominais na Alemanha (onde o desemprego é menor) teria efeito de competitividade (dentro da zona do euro) algo equivalente a uma queda de salários nominais na Grécia (onde o desemprego é maior e portanto, a princípio, a inflação seria menor). Mas um euro com inflação é a negação do euro da forma como inicialmente concebido. Uma quarta alternativa se daria por meio de elevadas taxas de migração dos países de baixa produtividade para os países de alta produtividade. Barreiras sociais, de costumes, linguísticas e políticas, entretanto, dificultam fortemente tal estratégia. Uma quinta possibilidade, também uma negação das intenções iniciais de Maastricht, seria a cisão do euro em dois euros, o euro forte, da Alemanha, e o euro fraco, da Grécia. Como disse um economista europeu, com dose de ironia, se o euro é bom, porque não ter dois, ao invés de um?. A ideia tem cativado algumas mentes em função de um apelo macroeconômico preliminar: o ganho de competitividade gerado pela queda de rendimentos reais (em termos de euro forte) dos países que adotassem a moeda fraca. De fato, isso poderia corrigir parcialmente os desequilíbrios dos respectivos balanços de pagamento em transações correntes, tendo em vista que como parte do plano o euro fraco

21 já nasceria desvalorizado em relação ao euro forte. Da forma como usualmente citada, a proposição traz três anexos complementares. Primeiro, permitiria uma futura volta dos países que aderirem ao euro fraco ao forte, ainda que sujeita a escrutínio muito mais restrito do que aquele introduzido após Maastricht. Segundo, as duas moedas seriam emitidas pelo atual Banco Central Europeu. Terceiro, e mais importante, as dívidas anteriormente denominadas em euro forte permaneceriam denominadas nessa mesma moeda, fato evidentemente do agrado dos credores e desagrado dos devedores. Dificuldades Ainda que represente uma possibilidade concreta de evolução dos fatos, as chances de sucesso de tal estratégia são reduzidas. Além dos problemas de ordem de reputação e política, há duas dificuldades técnicas. Primeiro, há o de explicitação da queda da relação salário/dívida externa da parte dos países que aderissem ao euro fraco. Segundo, a expectativa dominante seria de que a primeira desvalorização do euro fraco em relação ao forte poderia ser seguida por outras. Isso implicaria uma tendência natural dos países como um todo (e não apenas daqueles mais produtivos) a utilizar o euro forte nas transações, reduzindo a demanda pelo fraco e tornando difícil não gerar inflação na nova moeda. A sexta possibilidade seria a manutenção de uma bolsa país da Alemanha para a Grécia, suficientemente longa para tornar possíveis os ajustes macro e microeconômicos necessários. A configuração (principalmente para reduzir o custo político na Alemanha) seria majoritariamente de empréstimo de longo prazo, mas um componente de simples transferência seria inevitável. O problema maior desta estratégia é dar aos países com menor produtividade a sensação de que situações difíceis serão novamente remediadas no futuro, incentivando a manutenção de um poder aquisitivo interno artificialmente elevado e postergando os ajustes macroeconômicos necessários. A visão desse incentivo perverso e de uma dependência econômica de longo prazo cria óbvias e fortes resistências políticas daqueles que pagam impostos nos países mais ricos. Como se vê, os problemas atuais do euro não têm uma solução trivial. Rubens Penha Cysne é diretor da Escola de Pós-Graduação de em Economia da FGV (

22 O IBRE Sala de Imprensa IBRE > Exportações: novos mercados com os mesmos produtos Vol. 65 nº 06 JUNHO Comércio Exterior Lia Valls Pereira As exportações brasileiras passaram de US$ 60,4 bilhões para US$ 201,9 bilhões entre 2002 e 2010, um crescimento médio anual de 16%, acima do internacional (12%). A participação do Brasil nas vendas externas mundiais foi de 1,33%, superando a meta da Política de Desenvolvimento Competitivo (2008) que era de 1,25% para Contribuiu para o bom desempenho nacional o crescimento da economia no mundo, em especial o da China, e o aumento do preço das commodities. A presença dos produtos básicos (commodities primárias agrícolas e minerais) subiu de 28% para 45% na pauta de exportações do país. A concentração das exportações nas commodities é motivo de debate sobre os rumos da política comercial. A instabilidade dos preços das commodities torna a pauta mais vulnerável. Ao mesmo tempo, o Brasil tem a vantagem de ser um exportador de commodities diversificado minério de ferro, soja, carnes, celulose, entre outras, o que reduz a vulnerabilidade externa. No entanto, esse ponto não exclui o fato de a especialização em commodities refletir também obstáculos que o país enfrenta para aumentar sua participação nos fluxos dinâmicos do comércio mundial. O Brasil é o terceiro maior exportador mundial de produtos agrícolas e não está na lista dos 15 principais exportadores mundiais de manufaturas, segundo os dados para 2009 da Organização Mundial do Comércio (OMC). Diversificar Além da China e a alta dos preços das commodities, outro fator contribuiu para o aumento das exportações brasileiras: a diversificação de mercados. O gráfico mostra o índice de concentração das exportações brasileiras por produtos e mercados. O aumento do índice por produtos revela que as exportações elevaram o seu grau de concentração o aumento do valor exportado é explicado por um número cada vez menor de produtos. A queda do índice por país, até 2008, revela, por sua vez, que as exportações brasileiras aumentaram pela diversificação de mercados. O aumento do índice após 2008 pode ser esclarecido pelo diferente ritmo de recuperação das economias aumenta a concentração das exportações nos países menos afetados pela crise, como a China. A diversificação dos mercados tem duas dimensões. Exportar para um mercado totalmente novo ou exportar mais produtos para um mercado já conhecido e/ou pouco explorado. A tabela da Entrada líquida de produtos revela que no caso brasileiro a segunda opção é a mais provável. No ano de 2008 em comparação com o de 2005, a diferença entre produtos novos exportados para a Argentina e produtos que saíram da pauta foi de 504, que correspondeu a um valor de US$ 1,2 bilhão. No continente africano, a diversificação de produtos foi acentuada com a entrada líquida de produtos, embora o valor tenha sido pequeno US$ 374 milhões. Não são mercados novos, mas os dados mostram um esforço de diversificação dos produtos. Chama a atenção, os resultados para os mercados dos Estados Unidos e União Europeia. No primeiro, cai o número de produtos exportados e o aumento no valor é de US$ 686 milhões (diferença entre o valor dos produtos que entram e saem da pauta entre 2008 e 2002). Na União Europeia, o saldo líquido é positivo, 262 produtos, e no valor de US$ 2,2 bilhões. Logo, na queda da participação dos Estados Unidos no valor das exportações brasileiras, de 24% para 14% entre 2002 e 2008, contribuiu a perda de competitividade dos produtos brasileiros expressa na redução do número de produtos exportados.

23 Na comparação entre a entrada e a saída de produtos exportados pelo Brasil, o saldo foi pequeno. Apenas 43 novos produtos foram registrados nas exportações de 2008 comparado com o de O Brasil diversificou mercados exportando basicamente os mesmos produtos. Considerações As exportações de um país refletem a competitividade (produtividade) da sua oferta de produtos e serviços. O fato de apenas 43 novos produtos terem entrado na pauta de exportações entre 2008 e 2002 pode ser interpretado como um sinal que o país não esteja criando novas fontes de competitividade. Por outro lado, países de renda alta aumentam o seu valor exportado por meio da intensificação do valor exportado dos mesmos produtos para mercados já conhecidos e/ou novos. O Brasil seria um caso limítrofe. Diversificação da pauta exportada depende da melhora da competitividade que é um tema associado aos determinantes da produtividade. Aqui estão englobadas questões de inovação tecnológica, ambiente institucional, infraestrutura, qualificação da mão de obra, entre outros. Entretanto, o crescimento das exportações pela exploração dos mesmos produtos deve ser entendido como um desafio constante para o Brasil. O bom desempenho entre 2002/2008 revelou o sucesso em alguns mercados. No entanto, preocupa o tema de como o país irá manter a sua participação a entrada nos países africanos de produtos manufaturados brasileiros, por exemplo, enfrenta um cenário de aumento da concorrência. Em suma, a diversificação dos mercados no período de 2002/08, um dos fatores de aumento das exportações brasileiras, ainda não foi retomada após a crise. Essa questão é importante, para que não aumente a vulnerabilidade externa via preços das commodities e dependência de mercados. Lia Valls Pereira é coordenadora do Centro de Estudos do Setor Externo do IBRE/FGV

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