UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO REITORIA Reitora Profª. Drª. Maria Lucia Cavalli Neder Vice-Reitor Prof. Dr. Francisco José Dutra Solto

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO REITORIA Reitora Profª. Drª. Maria Lucia Cavalli Neder Vice-Reitor Prof. Dr. Francisco José Dutra Solto PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO Pró-Reitora Profª. Drª. Leny Caselli Anzai INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA Diretor Prof. Dr. Martinho da Costa Araújo DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS Chefe Prof. Dr. Paulo César Corrêa da Costa Coordenador Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz Vice-Coordenador Prof. Dr. Ronaldo Pierosan i

2 DISSERTAÇÃO DE MESTRADO N 47 A Sedimentação Neocretácea e a Influência Tectônica na Bacia de Poxoréo, Mato Grosso. Danilo Guilherme Queiroz Ribeiro da Silva Orientador Prof. Dr. Jackson Douglas Silva da Paz Co-Orientador Prof. Dr. Gerson Souza Saes Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Geociências do Instituto de Ciências Exatas e da Terra da Universidade Federal de Mato Grosso como requisito parcial para a Obtenção de Título de Mestre em Geociências. CUIABÁ ii

3 iii

4 A Sedimentação Neocretácea e a Influência Tectônica na Bacia de Poxoréo, Mato Grosso. Dissertação de mestrado aprovada em 18/03/2014. BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Jackson Douglas da Silva Paz Orientador (UFMT) Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz Examinador Interno (UFMT) Prof. Dr. Fábio Henrique Garcia Domingos Examinador Externo (UFPA) iv

5 v Dedico este trabalho à duas grandes mulheres. Maria de Lourdes Queiroz e Antônia Dias Evangelista

6 Agradecimentos Agradecimentos em primeiro lugar sempre, ao Mestre Jesus, que nos conduz ao criador e ao sublime pelos exemplos, sendo o maior a ser seguido em vida, nos lembrando de suportar os momentos difíceis e que os dias melhores vêm com trabalho. Agradecimentos ao Projeto Transbrasiliano/Petrobrás e ao Prof. Dr. Francisco Egídio Cavalcante Pinho, pelo auxílio financeiro nos campos realizados entre 2012 e Ao CNPq pelo Edital 32/2010, (Proc. nº /2010-2) bem como a Profª. Dr a. Silane Caminha pelo eventual auxílio financeiro. Agradecimentos à CAPES pela bolsa de Pós-Graduação no período de 24 meses. Agradeço ainda ao Programa de Pós-Graduação em Geociências da UFMT, ao Coordenador do Programa Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz e ao corpo docente do curso, tanto pelo apoio e suporte nos custos de resumos publicados e participação, em eventos regionais e nacionais, como pela paciência e compreensão no aguardo do término deste trabalho. Obrigado novamente ao Programa de Pós-Graduação em Geociências, pela liberação a fim de buscar complementação com disciplina fora do curso e à Coordenação do Curso de Geologia bem como ao Professor Carlos Humnberto da Silva oportunidade do Estágio Docência, através do acompanhamento do estágio do ESCHWEGE em Diamantina. Ao Programa de Pós-Graduação em Geociências da UFRGS, pelo aceite como aluno para cursar disciplina relacionada à Estratigrafia de Sequências. Aos membros da Banca pelo aceite na participação à examinação do presente trabalho. Especiais agradecimentos ao Prof. Dr. Jackson Douglas Silva da Paz, que além de um grande Professor, um grande colega e amigo, daqueles que te põem em pé de igualdade em discussões geológicas, ou te jogam pra cima, por achar que você merece mais. Uma pessoa que transmite tanta riqueza de sabedoria, perspectivas ou percepções a respeito das várias complexidades da vida ao nosso redor, não poderia ser diferente do que é Jackson da Paz: Aquele que todos querem por perto. Agradecimentos também ao co-orientador, Prof. Dr. Gerson Sousa Saes, que, diga-se de passagem, O Grande Geólogo Alóctone do Sul e que tendo muito ajudado a construir o conhecimento da nossa geologia no Mato Grosso, este trabalho não teria a mesma perspectiva sem sua orientação. Agradecimentos à Prof Drª Lena Simoni Barata Souza, e ao Geólogo (agora Mestre) Renan Alex da Silva Grillaud, duas grandes amizades que só fizeram crescer durante o período de , especialmente com Jackson da Paz em longa viagem pelo Rio Madeira. Aos amigos colaboradores de trabalho de campo e laboratório, Renan Grillaud, Jorge Queiroz, Kéttilin Menoncello, Gabriel Zaffari, Willian Zan, Kamila Fernandes, Daniel Ramos, Paulo Moché, Lourenço Queiroz (O Cuia e tio) e a outros eventuais colaboradores de laboratório. Aos colegas amigos de Pós-Graduação vi

7 durante o período de convivência, especialmente aos colegas Caiubi Kuhn, Regiane Oliveira, Vinicius Beal e colegas de turma Quebra-Campo Marcelo Galé, Yara Dias e Mariarosa Fernandes. E fora do contexto geocientífico, agradecimentos aos amigos e familiares, que ajudaram de alguma forma, ou pela solidariedade, em especial aos mais constantemente presentes Marcus Amorim e Jorge Luiz duas admiráveis pessoas e grandes amigos. Por último, o seio familiar, as bases que nos ensinam a andar firme, falar com coragem e agir com caráter. Minha Mãe (Maria de Lourdes Queiroz) e a mãe da minha mãe (avó Antônia Dias Evangelista). Duas pessoas, muito presentes em tudo que fiz até hoje e que merecem reconhecimento e homenagens. vii

8 Sumário CAPÍTULO INTRODUÇÃO... 1 LOCALIZAÇÃO... 2 OBJETIVOS... 3 Objetivos Específicos... 4 MATERIAIS E MÉTODOS... 4 CAPÍTULO REVISÃO BIBLIOGRÁFICA... 6 A BACIA DO PARANÁ... 7 O FANEROZÓICO... 7 Formação Furmas... 8 Formação Ponta Grossa... 9 Formação Aquidauana Formação Palermo Formação Botucatu Formação Serra Geral GRUPO BAURU Formação Marília Formação Paredão Grande Formação Quilombinho Formação Cachoeira do Bom Jardim Formação Cambambe ESTRUTURAÇÃO GEOLÓGICA DA PLATFORMA DE ALTO GRAÇAS TECTÔNICA E SEDIMENTAÇÃO CAPÍTULO Resumo Abstract INTRODUÇÃO MATERIAIS E MÉTODOS CONTEXTO REGIONAL ESTRATIGRAFIA Formação Furnas Formação Ponta Grossa Formação Aquidauana Formação Palermo viii

9 GRUPO BAURU Formação Paredão Grande Interpretação Formação Quilombinho e Foramação Cachoeira do Bom Jardim Interpretação Formação Cambambe GEOLOGIA ESTRUTURAL Estruturas Rúpteis Falha Jaciara Serra-Grande Falha das Parnaíbas ou Região Falhada das Parnaíbas Falha de Poxoréo Falha NW-SE Falhas e Lineamentos Subordinados Lineamentos N-S Lineamentos E-W Estrutura de Alto Coité A ORIGEM Da BACIA de POXORÉO SEDIMENTAÇÃO DA BACIA DE POXORÉO CONSIDERAÇÕES FINAIS AGRADECIMENTOS REFERÊNCIAS CONSIDERAÇÕES FINAIS...67 REFERÊNCIAS...70 ix

10 Lista de Figuras Figura 1.1 Localização da área de estudo, com cidades e distrito abrangidas, com acesso pelas principais rodovias federais e estaduais...3 Figura 2.1 Localização da Plataforma de Alto Garças e demais compartimentações no Arcabouço Tectônico da Bacia do Paraná. Destaca-se alguns lineamentos e falhas com trend NE-SW e NW-SE sob influência dos arcos de soerguimento nas bordas da bacia. 1) Plataforma de Alto Garças; 2) Plataforma Nordeste; 3) Plataforma de Dourados; 4) Rift Central; 5) Plataforma Centro-Leste de São Paulo; e 6) Plataforma Sudeste. Modificado de Zalán et al., (1990) Marques et al., (1993) e Milani (2004)...6 Figura 2.2 Coluna estratigráfica da Bacia do Paraná no estado de Mato Grosso, modificado de Gonçalves & Schneider (1970); Milani et al. (1995) (Oliveira, 2006); Weska (2006) e Milani et al (2007)...9 Figura 2.3 Perfil geotectônico com as principais estruturas relacionadas à Antéclise de Rondonópolis e bacias cretáceas associadas. Modificado de Coimbra (1991) 1-Bacia dos Parecis; 2- Arco Alto Xingu; 3-Bacia do Cambambe; 4-Arco de São Vicente; 5-Bacia de Poxoréo; 6-Bacia de Itiquira; 7- Arco Bom Jardim de Goiás; 8-Lineamento Transbrasiliano; 9-Bacia Bauru...13 Figura 2.4 Contexto geológico regional, na borda noroeste da Bacia do Paraná, sudeste de Mato Grosso, compartimentação da Plataforma de Alto Garças. Modificado de Coimbra (1991) e Lacerda Filho et al. (2004)...17 Figura 2.5 Modelo de compartimentação de hemi-grabén e movimentação simultânea de Hangingwall e Footwall, Modificado de Kuchle et al. (2005)...20 Figura 1. Localização da área de estudo, com cidades e distritos abrangidas, com acesso pelas principais rodovias federais e estaduais...25 Figura 2. Contexto geológico regional, na borda noroeste da Bacia do Paraná, sudeste de Mato Grosso, compartimentação da Plataforma de Alto Garças. Modificado de Coimbra (1991) e Lacerda Filho (2004)...27 Figura 3. Mapa geológico da área de estudo mostrando unidades paleozoicas e cretáceas...29 Figura 4. Formação Furnas próximo ao Balneário Thermas Cachoeira da Fumaça, 9km à sul da cidade de Jaciara, onde afloram arenitos médios à finos de cor cinza claro à esbranquiçados, com estratificações plano paralelas, cruzada tabular e cruzada de baixo ângulo, sobrepostos a siltito maciço de cor cinza claro...30 Figura 5. Paleocorrente Formação Furnas de caráter polimodal...31 Figura 6. Seção colunar da Formação Furnas, à sul de Jaciara, próximo à Cachoeira da Fumaça. 1) Estratificação Cruzada Tabular, 2) Estratificação cruzada de baixo ângulo, 3) Estratificação plano paralela, 4) Maciça, 5) Arenito, 6) Siltito, 7) Argilito...31 Figura 7. Arenitos muito finos a finos de camadas centimétricas intercaladas à finas camadas de pelitos, da Formação Ponta Grossa. Localização na MT-344 entre Dom Aquino e Jaciara...32 Figura 8. Paleocorrente Formação Ponta Grossa que apresentou um padrão polimodal. Ressaltam-se a presença de grandes falhas normais e transconrrentes, controladoras da disposição das camadas...33 Figura 9. Seção colunar da Formação Ponta Grossa na MT-457, saída norte de Jaciara. 1) Fóssil, 2) Estratificação cruzada de baixo ângulo, 3) Laminação plano paralela, 4) Estrutura Maciça, 5) Arenito, 6) Siltito, 7) Argilito...33 Figura 10. Afloramento da Formação Aquidauana, na porção inferior conjunto de camadas avermelhadas, têm arenitos finos a muito finos intercalados a argilitos e siltitos micáceos. Na superior o conjunto de camadas amareladas de arenitos médios intercalados arenitos muito finos e pelitos subordinados...34 x

11 Figura 11. Paleocorrente Formação Aquidauana com padrão bimodal oblíquo...35 Figura 12. Seção tipo da Formação Aquidauana na MT-260, 12 km à leste de Dom Aquino. 1) Laminação Cruzada cavalgante, 2) Ondulações, 3) Estratificação cruzada de baixo ângulo, 4) Estratificação cruzada, 5) Estratificação plano paralela, 6) Maciça, 7) Arenito, 8) Siltito, 9) Argilito...36 Figura 13. Formação Palermo à beira da rodovia MT-260. Arenitos finos a muito finos acamadados e algumas estruturas de onda, interestratificados à argilitos. O afloramento neste ponto é muito silicificado com pouca estratificação preservada...37 Figura 14. Seção colunar da Formação Palermo, na MT-260, 16 km à leste de Dom Aquino. 1) Oóides, 2) Ondulações, 3) Laminação plano paralela, 4) Maciça, 5) Arenito, 6) Silexito, 7) Ritmito, 8) Argilito...38 Figura 15. Perfil geológico da sucessão vulcanoclástica e derrames basálticos da Lajinha, sobrepostos à Formação Quilombinho. Os lamitos são visivelmente diferenciados entre porção inferior e superior. Inferior: estrutura laminada, venulado e coloração arroxeada. Superior: Estrutura Maciça e colocaração esverdeada...40 Figura 16. Seção colunar da Formação Quilombinho na região das Parnaíbas, próximo à empresa Fluente Água Mineral (ponto 192). 1) Estratificação acamadada, 2) Estatificação maciça, 3) Camada silicificada, 4) Arenito, 5) Argilito ou matriz de textura argilo-arenosa, 6) Conglomerado Polímitico...41 Figura 17a. Conglomerado polimítico intercalado a siltito avermelhado próximo a Poxoréo...42 Figura 17b. Conglomerado polimítico muito alterado na região da Serra das Parnaíbas...42 Figura 18. Seção Colunar da Formação Cachoeira do Bom Jardim apresentando calcretes, e arenitos calcíferos intercalados a pelitos e arenitos maciços sobrepostos no topo por conglomerado monomítico, na MT-453 próximo à Lavrinha verde (ponto 226). 1) Discordância erosiva, 2) Esturura acamadada, 3) Estrutura laminada, 4) Estrutura maciça, 5) Silicificação, 6) Arenito, 7) Pelito, 8) Siltito, 9) Calcário, 10) Conglomerado monomítico, 11) Camada calcífera...43 Figura 19a. Camada de margas calcárias sobrepostas por calcrete e conglomerado cimentado por calcita no rio Coité. Figura 19b. Detalhe das camadas calcrete e conglomerados...44 Figura 20. Camadas da Formação Quilombinho levemente basculadas para N-NW (direita) à beira da MT-130 próximo a Poxoréo. 1) Contato entre a Formação Quilombinho e a Formação Aquidauana por discordância erosiva e angular. 2a) Camada de conglomerado acamadado, constituído por seixos e clastos de Formação Palermo intercalado a lentes de arenito siltoso. 2b) Arenito siltoso muito fino com estrutrura laminada plano paralela cor cinza claro intercalado a siltito arenoso com laminação plano paralela de cor vermelha a laranja...44 Figura 21. Lineamentos interpretados a partir de imagens SRTM, LANDSAT e Google Earth...47 Figura 22. Roseta de lineamentos medidos a partir dos lineamentos interpretados...47 Figura 23. Mapa de estruturas interpretadas para a região com posicionamento de estereogramas de acamamento (s0) e flancos de dobra...48 Figura 24. Mapa de estruturas interpretadas para a região com posicionamento de estereogramas de falhas e rosetas de fraturas...49 Figura 25. Perfil geológico: A-B) na região da Serra das Parnaíbas; C-D) entre a Serra das Parnaíbas e os Alcantilados; E-F e G-H) região do Morro Santo Antônio e Córrego são Domingos...51 Figura 26. Afloramento de contato entre as Formações Aquidauana e Palermo, com rejeito de falha normal e estruturas associadas ao movimento gravitacional. I) veio de sílica, II) Plano de falha, III) Planos de fratura e estrias verticais, Ss-Estrias; S0- acamamento, Sfr-fraturas e veios...52 xi

12 Figura 27a. Perfil Geológico na rodovia MT-130, Falha de Poxoréo com falhas antitéticas e fraturas ortogonais, unidades permocarboníferas e cretáceas. A Figura 27b. Corte de estrada demonstrando a ordem de deposição das camadas neocretáceas na MT-130. I) Camada de conglomerado acamadado, constituído em sua maior parte por seixos e clastos de Formação Palermo. I) Camada de arenito maciço e lentes acamadadas de arenito siltoso. III) Intercalações de arenito e siltito argiloso com estratificação cruzada e cruzadas de baixo ângulo depositadas no Hanging Wall de uma falha antitética...53 Figura 28a. Plano de falha de transferência em afloramento de arenito da Formação Aquidauana, com movimento destral; Figura 28b. Mesoplano de falha com indicação de slicken-sides...54 Figura 29. Perfil e mapa geológico de detalhe da Falha de Coronel Ponce próximo à cidade de Dom Aquino...55 Figura 30. Perfil geológico em mapa geológico de detalhe da Estrutura de Alto Coité junto à Falha de Poxoréo. 1) Falha normal (planta), 2) Fratura ou falha não determinada, 3) Falha normal (perfil geológico), 4) Formação Ponta Grossa, 5) Formação Aquidauana, 6) Formação Palermo, 7) Grupo Bauru...57 Figura 31. Uma síntese dos movimentos de falhas representados por blocos diagrama, em cada local...60 Figura 32. Modelo de compartimentação de hemi-grabén e movimentação simultânea de Hangingwall e Footwall, Modificado de Kuchle et al. (2005). Figura 33. Modelo de evolução do Período Permiano ao Cretáceo: a) Ápice de sequência Permocarbonífera; mares epicontinentais levam a deposição do Grupo Passa Dois; b) Juro-cretáceo; continentalização da bacia e deposição da Formação Botucatu e magmatismo Formação Serra Geral; c) Neo-cretáceo; vulcanismo alcalino da Formação Paredão Grande, ruptura e instalação de hemigrabén com sistemas aluviais, fluviais; d) Predomínio de sistema fluvial entrelaçado e formação de playa-lakes e ponds, além de dunas eólicas; e) Novo vulcanismo, movimentação das falhas gravitacionais e nova progradação dos detritos de leques aluviais...62 Anexo I: Coordenadas de pontos visitados... Anexo II: Mapa de localização de pontos... Anexo III: Mapa geológico... xii

13 Resumo A respeito do Grupo Bauru no Sudeste do Mato Grosso pouco tem se discutido sobre sua evolução tectônica e sedimentação. Por meio de mapeamento geológico na região de Dom Aquino e Poxoréo o presente trabalho procura mostrar uma relação mais estreita entre a sedimentação neocretácea do Grupo Bauru na Bacia de Poxoréo e a constância de uma influência tectônica. Os dados obtidos na região permitem abordar a mapeabilidade da Fácies Quilombinho, Cachoeira do Bom Jardim e Cambambe, nos dias atuais elevadas ao status de Formação. A sedimentação se desenvolveu em estruturas hemi-grabén, sendo possível estabelecer a localização dos detritos de leques aluviais (Formação Quilombinho) junto às falhas na maior parte das vezes, com canais fluviais entrelaçados, ponds e playa lakes (Formação Cachoeira do Bom Jardim) mais distantes. Fácies eólicas, como em muitas regiões áridas também se desenvolveram no interior da bacia e são consideradas parte da Formação Cachoeira do Bom Jardim. Discute-se também a interação entre Formação Paredão Grande e Quilombinho e a composição dos clastos e seixos para as fácies de fluxos de detrito. A origem da bacia tem sido apontada nos últimos anos como um rifte intracontinental. No entanto devem ser consideradas outras possibilidades também interessantes sobre como se desenvolveu a sedimentação do Grupo Bauru no estado de Mato Grosso, inclusive sob a influência da tectônica. A ativação do Lineamento Transbrasiliano sobre as bacias do neo-cretáceo na porção norte-noroeste da Bacia do Paraná tem sido considerada como hipótese da principal influencia. Os perfis geológicos e dados de campo mostram que houve uma tectônica sin-deposicional na Bacia de Poxoréo, não somente com falhas gravitacionais, mas também com falhas de transcorrência e rotações de camadas (rollovers), sugeridas por análise de imagem LANDSAT e medidas de campo, nas bordas do hemi-grabén e no seu interior também. Abstract Regarding the Bauru, Group in southeastern Mato Grosso little has been discussed its tectonic evolution and sedimentation. Through geologic mapping in the region of Dom Aquino and Poxoréo this paper seeks to show a closer relation between the sedimentation of Upper Cretaceous Bauru Group in Poxoréo Basin and the constancy of a tectonic influence. The data obtained allow the region to approach the mappability of Quilombinho Cachoeira do Bom Jardim and Cambambe Facies, and nowadays elevated to the status of Formation. Sedimentation developed in half-graben structures, being possible set the location of the debris flow of the alluvial fans (Quilombinho Formation) along the fault in most cases, with braided river channels, ponds and playa lakes (Cachoeira do Bom Jardim Formation) farther. Sandstones of eolic facies, such as in many arid regions, also were deposited into inland the basin and are regarded part of Cachoeira do Bom Jardim Formation. Also discusses the interaction between Paredão Grande and Quilombinho Formation and composition of clasts and xiii

14 pebbles for the facies of debris flows. The origin of the basin has been identified in recent years as an intracontinental rift. However should be considered other possibilities, also interesting about how it developed the sedimentation of the Bauru Group in the state of Mato Grosso, including under the tectonic influence. The activation of the Lineament Transbrasiliano on the Upper Cretaceous basins in north-northwest portion of the Paraná Basin has been considered assumption as the main influence. The geological cross-section and field data show Poxoréo in the Basin, there was a syn-depositional tectonics, not only with gravitational faults, but also transfer and rotations of layers (rollovers), suggested by analysis of LANDSAT image and field measurements, on the edges of the Half-Graben and also inside. xiv

15 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO O contexto tectônico durante o Palezóico do supercontinente Gondwana tem como característica os períodos de subsidência por compressão e por descompressão tectônica associada a evento de soerguimento crustal (Milani & Ramos, 1998). Bacias intracratônicas, que são protegidas de uma ação deformacional direta, registram atividade crustal através de superfícies de reativação (Zalán et al. 1990). Ou seja, o embasamento marca de maneira contundente a evolução tectônica da bacia por meio da transferência de esforço para dentro da plataforma e reativação de trends tectônicos. A exemplo tem-se o Lineamento Transbrasiliano, Arco Ponta Grossa, Sinclinal de Torres entre outros (Zalán et al. 1990). A atuação desta reativação ainda é campo aberto ao estudo das características que marcam e a denunciam em uma sucessão de rochas sedimentares. Neste sentido, as bacias intracratônicas do Brasil têm apelo especial por se situarem em um contexto favorável ao registro de deformações oriundas da interação da movimentação destes trends tectônicos com a sedimentação da bacia. No estado de Mato Grosso, destaca-se a Bacia do Paraná por causa da sua grande extensão areal, recobrindo cerca de um 1/6 do estado. Aí, bons afloramentos podem ter continuidade lateral que chega a centenas de metros localmente; e uma composta exposição vertical que permite empilhamento de camadas que podem perfazer até 100 m de espessura, com boa preservação das características primárias da rocha como estruturas sedimentares e mineralogia. A Bacia do Paraná é uma compartimentação geotectônica de 1,5 milhão de km² (Milani et al. 2007), abrange além de parte do território brasileiro, partes da Argentina, Paraguai, e Uruguai. Ela alcança profundidades máximas de m em seu depocentro e m na sua porção norte conhecida por Plataforma de Alto Garças no estado de Mato Grosso (Gonçalves & Schneider, 1970). Além disso, a bacia nesta porção norte encontra o Lineamento Transbrasiliano, uma megaestrutura que atravessa o território brasileiro com direção NE-SW desde o Ceará até o Mato Grosso do Sul (Schobbenhaus Filho et al. 1975; Coimbra, 1991). O aspecto mais crucial para o entendimento desta dissertação de mestrado é a compartimentação que constitui a Plataforma de Alto Garças e que Coimbra (1991) trata como bacias sedimentares à parte da Bacia do Paraná, mas que se superimpõem a esta por serem mais novas e ocuparem o mesmo espaço geográfico. São estas as bacias de Cambambe, Poxoréo e Itiquira, que, ao lado de outras estruturas em Gráben, estão encaixadas sobre a Plataforma de Alto Garças e são os grábens de Guiratinga, General Carneiro, Diamantino, Rio das Garças (Lacerda Filho et al. 2004). O Graben ou Bacia de Poxoréo contém a área que é o objeto de estudo deste trabalho e se caracteriza como uma estrutura alongada com eixo leste-oeste, falhas e 1

16 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. fraturas predominantes de direção NE-SW e cujos limites são: ao sul-sudeste, a Falha de Poxoréo e ao norte por um conjunto de lineamentos E-W. A partir da década de 1970, são poucos os trabalhos a tratar desde a origem e sedimentação até a evolução tectônica da bacias cretáceas encaixadas na Plataforma de Alto Garças (Schneider et al. 1974; Zalán et al. 1990; Marques et al. 1993; Milani et al. 2007). Os modelos deposicionais propostos, levantamentos paleontológicos e os estudos sobre as grandes estruturas dentro destas bacias e da Bacia do Paraná remontam bem a evolução com relação à paleogeografia e à tectônica. Contudo, há contrastes a serem considerados com cuidado quando se trata da sedimentação das bacias cretáceas da Plataforma de Alto Garças. As diferenças de preservação das unidades geológicas, as mudanças abruptas de espessuras e as relações de contato estruturais merecem abordagens mais detalhadas por meio de perfis geológicos de detalhe. Estas permitem a compreensão dos trends de lineamentos e as grandes estruturas que atravessam a bacia. A região de Dom Aquino e adjacências tem um relevo bem destacado por escarpas, morros, colinas e vales observáveis em imagens de satélite e que oferecem informações com qualidade para a interpretação por sensores remotos para geologia. Ademais, esta região também oferece bons afloramentos com continuidade lateral de até centenas de metros. Dada diferença de cotas topográficas, uma ou outra exposição vertical permite observar a estratigrafia por meio de sucessões sedimentares de até 80 m de espessura. Além disso, também o acesso é facilitado por diversas estradas. A infraestrutura de acomodação e serviços é boa com alguns percalços nos municípios vizinhos como Poxoréo, por exemplo. Outro aspecto a ser levado em conta no estudo da região de Dom Aquino é a avaliação que pode ser alcançada da influência do Lineamento Transbrasiliano ali. Esta feição tectônica-estrutural intraplaca possui direção NE-SW e pode se caracterizar como uma superfície de reativação, com importante papel no controle da sedimentação durante a evolução Bacia Poxoréo conforme pensamentos anteriores como de Coimbra (1991). Dom Aquino oferece a possibilidade de testar esta influência por meio de mapeamento geológico. LOCALIZAÇÃO A área de estudo na região mato-grossense, que se estende entre os municípios de Dom Aquino e Poxoréo, abrange ainda Juscimeira, Jaciara e Primavera do Leste (figura 1.1). Oferece a oportunidade de vislumbrar como se organizam os estratos cretáceos, como estes se relacionam com o entorno sedimentar da Bacia do Paraná e, dados cortes recentes de estrada, também é possível observar poucas, mas contundentes estruturas como falhas e dobras de arrasto associadas com eventos mesozoicos ou até mais recentes nestes estratos. As diversas vias de acesso na área de estudo entre rodovias federais, estaduais e vicinais permitem o tráfego e o acesso a quase toda a área de estudo. Uma delas a rodovia estadual MT-130 passa atualmente modificações, promovidos por concessão da 2

17 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. via. Estas modificações resultando em alargamento da pista removendo cobertura de solo e rocha alterada expondo um novo corte de rocha mais preservado. Figura 1.1 Localização da área de estudo, com cidades e distritos abrangidas, com acesso pelas principais rodovias federais e estaduais. Uma vez que isso ocorra em toda a via, se terá um novo corte de afloramento entre as cidades de Rondonópolis e Primavera do Leste. Outras vias tem sido anunciadas previstas sob concessão (BR- 364/163) e possíveis pavimentações (MT-260). Algumas porções mais íngremes e com densa vegetação necessitam uma abordagem com maior tempo disponível e não foram alvo deste trabalho pelo difícil acesso. OBJETIVOS Este trabalho é parte do requisito à obtenção do grau de mestre em Geociências do Programa de Pós-Graduação em Geociências da Universidade Federal de Mato Grosso. Ele versou sobre a sedimentação neocretácea na região entre os municípios de Dom Aquino e Poxoréo, centro-sul de Mato Grosso, com atenção à interação desta sedimentação com a reativação de estruturas mais antigas. Na área de estudo, esta interação poderia ter levado a instalação de grábens e hemigrábens como os da 3

18 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Bacia de Poxoréo por hora em estudo. Tentativamente, busca-se relacionar a influência da reativação tectônica do Lineamento Transbrasiliano sobre a sedimentação na Bacia de Poxoréo. Objetivos específicos 3 Identificação das unidades estratigráficas Identificação e caracterização das estruturas tectônicas Confecção de mapa geológico na escala 1: Confecção de artigo científico em língua nacional MATERIAIS E MÉTODOS Para realização deste trabalho, foram selecionados materiais como referências bibliográficas, mapas da área de estudo e arredores, informações toponímicas da área, imagens LANDSAT, SRTM e Google Earth para tratamento prévio ao campo. As imagens LANDSAT são disponibilizadas na internet pela NASA e possibilitam a interpretação grosso modo da geologia e geomorfologia da área selecionada. Estas imagens têm como limite a sua resolução de trabalho, em geral, na ordem de 30 a 90 metros de resolução. O banco de dados oriundo do cruzamento das informações de mapas e imagens foi manipulado por softwares livres como Google Earth a fim de obter interpretações prévias sobre detalhes geológicos e geomorfológicos da área de estudo. As imagens SRTM (Shuttle Radar Topography Mission), base de dados para modelos digitais de elevação, podem ser obtidas a partir do Projeto TOPODATA, banco de dados geomorfométricos do Brasil, no site Inpe ( Estes dados de elevação resumem-se como conjuntos de dados da superfície do solo, com posições projetadas regularmente espaçadas. Estas derivações geomorfométricas locais têm os dados interpolados e refinados durante o processamento. Os modelos digitais de elevação resultado do processamento destes dados SRTM, geram produtos como planos de informação de variáveis primárias e secundárias tais como: elevação, forma do terreno, delineamento de micro bacias e iluminação solar (Valeriano & Albuquerque, 2010). Para reconhecimento prévio da área de estudo, utilizou-se mapas anteriores como do projeto de exploração petrolífera na Bacia do Paraná em território brasileiro (Gonçalves & Schneider, 1970; Schneider et al. 1974) e o Projeto Carta Geológica ao Milionésimo (Oliva et al. 1979; Schobbenhaus Filho et al. 1975), além de informações toponímicas e geográficas encontradas no site do IBGE. Para realização de mapeamento na escala de 1: foi feito mapa de interpretação de sensores remotos da área, com as imagens LANDSAT, SRTM e auxiliares do Google Earth. A partir das imagens SRTM, extraiu-se contornos de curva de, em intervalo de 30 metros nível por meio de calibração com dados de campo, em diferentes intervalos e bacias de drenagem. 4

19 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Com as análises de imagens SRTM, LANDSAT e Google Earth distinguiram-se as diferentes texturas de morfologia, terreno, rocha e solo a fim de identificar diferentes zonas homólogas tanto em relevo como em padrões de drenagem. Daí, os diferentes padrões de condensação de isolinhas topográficas associadas aos outros produtos ajudaram a identificar o limite entre as zonas homologas ou a amplitude dela. Como menciona Barros et al. (1982), existe a dificuldade em diferenciar uma zona homóloga de outra, pela semelhança entre as texturas na imagem. A condensação ou espaçamento destas isolinhas ajuda nesta diferenciação, porque o padrão de ajustamento destas isolinhas revela justamente os diferentes patamares geológicos e o limite entre as unidades. Por fim, as bacias de drenagem ajudaram a caracterizar unidades litoestratigráficas de acordo com a densidade de canais em maior ou menor número. As bacias de drenagem extraídas automaticamente a partir de imagem SRTM permitiram delinear as estruturas e trends de lineamentos que controlam a região por meio dos padrões de drenagem, formas e arranjos o que ajudou a definir os lineamentos, a estrutural da área e identificar a compartimentação tectônica da área. Além disso, a partir análise das imagens SRTM, associadas às imagens LANDSAT e Google Earth, identificou-se as quebras e feições de relevo com características lineares contínuas e/ou descontínuas e por fim a caracterização das prováveis estruturas. Tendo confrontado as interpretações e definido as zonas homólogas estabeleceram-se alvos para a etapa de campo, ou seja, área de geologia duvidosa. Os alvos prioritários foram os prováveis ou possíveis contatos, possibilidades de estruturas tectônicas, locais de exposição de rocha e fácil acesso como lajedos, cortes de estradas, escarpas e rios, em cuja a estratigrafia e evolução tectônica ainda cabe maior elucidação. A etapa de campo totalizada em 16 dias desta atividade e distribuída entre os anos de 2012 e 2013 consistiu no levantamento de checagem desses alvos, observando a sistemática: I) Visitação e descrição de 288 pontos entre os municípios de Jaciara, Dom Aquino e Poxoréo; II) Confecção de 10 seções verticais onde foram notadas principalmente características litológicas, granulometria, estrutura deposicionais, estruturas pós-deposicionais, cor original e de alteração, paleocorrentes e acamamento (S 0 ); III) Medidas estruturais do acamamento, paleocorrente, falhas, fraturas e lineações; e IV) Coleta de amostras para coleção de pesquisa e possíveis trabalhos posteriores. A etapa pós-campo consistiu na confirmação e correção dos dados plotados em campo com verificação das zonas homólogas e confirmação das hipóteses de trabalho pela interpretação geológica. A confecção e edição dos mapas em etapa prévia e posterior ao campo se deram pelo uso de software livre com georreferenciamento e sistematização dos dados coletados em campo. Na parte conclusiva de edição de mapas, perfis geológicos e figuras ilustrativas em geral, utilizou-se de software livre de edição gráfica e de manipulação do banco de dados georreferenciados. 5

20 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A revisão a seguir trata de aspectos geológicos pertinentes ao entendimento da evolução da Plataforma de Alto Garças (Figura 2.1) no tempo geológico. Como citado anteriormente, a Plataforma de Alto Garças é parte mais setentrional da Bacia do Paraná e se caracteriza como uma estrutura deprimida mais rasa e condicionada por altos estruturais como a Antéclise de Rondonópolis. Figura 2.1 Localização da Plataforma de Alto Garças e demais compartimentações no Arcabouço Tectônico da Bacia do Paraná. Destaca-se alguns lineamentos e falhas com trend NE-SW e NW-SE sob influência dos arcos de soerguimento nas bordas da bacia. 1) Plataforma de Alto Garças; 2) Plataforma Nordeste; 3) Plataforma de Dourados; 4) Rift Central; 5) Plataforma Centro-Leste de São Paulo; e 6) Plataforma Sudeste. Modificado de Zalán et al., (1990) Marques et al., (1993) e Milani (2004). A estratigrafia da Plataforma de Alto Garças possui como diferença maior o tipo de sedimentação que ocupou esta porção do paleocontinente Gondwana no Carbonífero. Sedimentos terrígenos arenosos a rudáceos oriundos da glaciação carbonífera ao invés dos sedimentos pelíticos e carbonáticos que ocuparam a porção mais ao sul da Bacia do Paraná e são incluídos no Grupo Itararé. 6

21 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Outra diferença marcante é a presença de discordâncias. Na Plataforma de Alto Garças e, na área de estudo em particular, destacam-se cinco sequências de primeira ordem no sentido de Milani et al. (2007): a Sequência Paraná (formações Furnas e Ponta Grossa), a Sequência Gondwana 1 (formações Aquidauana, Palermo, Irati e Estrada Nova) e a Seqüência Bauru (Grupo Bauru) que constitui a sedimentação principal da Bacia de Poxoréo. Estruturalmente, a Plataforma de Alto Garças é atravessada em sua porção sul-sudoeste pelo Lineamento Transbrasiliano, a megaestrutura que atravessa o território brasileiro com direção NE-SW desde o Ceará até o Mato Grosso do Sul (Schobbenhaus Filho et al. 1975; Coimbra, 1991). A BACIA DO PARANÁ O embasamento da Bacia do Paraná apresenta blocos cratônicos, contornados por faixas móveis (Zalán et al. 1990). Gonçalves & Schneider (1968, 1970) em mapeamento pela Petrobrás na Plataforma de Alto Garças reconheceram e descreveram a estratigrafia regional da bacia. Após a Petrobrás realizar buscas por reservas petrolíferas na bacia, Schneider et al. (1974) apresentaram a revisão da estratigrafia da Bacia do Paraná, com descrição de seções-tipo e distribuição das unidades mapeadas levando em conta os trabalhos na Plataforma de Alto Garças. Zalán et al. (1990) mostrou características estruturais, potencialidades estratigráficas e possibilidades sobre a sua origem e evolução da Bacia do Paraná. Sobre a origem considerou o Ciclo Brasiliano e o seu ápice como um dos principais precursores para a subsidência, com o arrefecimento dos esforços tectônicos e resfriamento crustal. De acordo com Milani & Ramos (1998), a bacia conectada com o paleo-oceano Phantalassa esteve submetida a fases de compressão tectônica em sua porção ocidental durante o Paleozóico. Mais tarde, Milani et al.. (2007) considerou o preenchimento da Bacia do Paraná em seis supersequências, inclusive sob influencia de eventos distensivos e magmáticos durante o Jurássico e Cretáceo por toda a bacia. Coimbra (1991) considerou o preenchimento das bacias neocretáceas no Mato Grosso sob influência da Antéclise de Rondonópolis, com posterior soerguimento, erosão e uma possível separação entre as bacias (Cambambe, Poxoréo e Itiquira) anteriormente ligadas. O FANEROZÓICO Em mapeamento no Mato Grosso, Gonçalves & Schneider (1968, 1970) identificaram a presença das formações Furnas, Ponta Grossa, Aquidauana, Palermo, Irati, Estrada Nova (sinônimo de Formação Teresina e de Formação Corumbataí), Botucatu, Serra Geral, Bauru (hoje Grupo Bauru) e Cachoeirinha. Posteriormente, reconheceu-se ainda a presença de unidades estratigráficas ainda mais antigas e ampliou-se o conhecimento estendendo o domínio das unidades ordovício-silurianas para a 7

22 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. margem norte da Bacia do Paraná, em que foram identificadas as formações Alto Garças, Vila Maria e Iapó que se assentavam diretamente sobre o embasamento pré-cambriano (Zalán et al. 1987; Assine et al. (1994); Milani et al. (1995); Moreira & Borghi (1999)). A porção cretácea foi estudadas em detalhe por trabalhos posteriores dado seu forte atrativo econômico representado pelos diamantes observados nos depósitos desta idade. Destaca-se Weska et al. (1987) e Weska (1996) por causa da proposta de uma nova nomenclatura para os depósitos do Grupo Bauru que, na Plataforma de Alto Garças, são conhecidos pela subdivisão litoestratigráfica em formações Paredão Grande, Quilombinho, Cachoeira do Bom Jardim e Cambambe (Figura 2.2). Formação Furnas Conforme Schneider et al. (1974), constituem esta formação arenitos médios a grossos, em geral, esbranquiçados, caulínicos, moderadamente selecionados angulosos a subangulosos. A estratificação ocorre como plano-paralela, cruzadas planares e cruzadas acanaladas sendo esta última a mais notável (Schneider et al. 1974). Exibe contato erosivo ou discordante com o embasamento cristalino abaixo e a sequência permocarbonífera acima. Contato concordante acima com a Formação Ponta Grossa. A distribuição da Formação Furnas na Plataforma de Alto Garças ocorre em faixas estreitas E-W na região de Chapada dos Guimarães e outra faixa com eixo N-S entre as cidades de Campo Verde, Jaciara e Rondonópolis. Nesta cidade, na sua porção oeste, a Formação Furnas exibe feição escarpada pela quebra negativa de relevo (Barros et al. 1982). Ao extremo leste, a Formação Furnas ocorre também entre Barra do Garças e Nova Xavantina. A espessura em subsuperfície no poço 2-TL-1-MT (Três Lagoas, MS) conserva espessura máxima de 343 m (Schneider et al. 1974). Para a maioria dos autores, o paleoambiente é interpretado como fluvial transicional (deltas e rios entrelaçados) com leques costeiros e deltas. Em sua porção superior a Formação Furnas mostra rochas que evidenciam melhor um ambiente marinho raso entre o nível da ação das ondas normais e a zona de tempestade (Assine, 1998). 8

23 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Figura 2.2 Coluna estratigráfica da Bacia do Paraná no estado de Mato Grosso, modificado de Gonçalves & Schneider (1970); Milani et al. (1995); Oliveira (2006); Weska (2006) e Milani et al. (2007). [*] Unidades Litoesratigráficas que não ocorrem na região. Formação Ponta Grossa De acordo Schneider et al. (1974), a Formação Ponta Grossa apresenta folhelhos e folhelhos sílticos e siltitos cinza escuros a pretos, localmente carbonosos, fossíliferos ou micáceos, e arenitos finos a muito finos, micáceos, intercalados àquelas camadas de sedimentos mais finos. Na Plataforma de Alto Garças, são mapeados folhelhos e siltitos na porção inferior, com intercalações de arenitos finos a muito finos na porção superior (Barros et al. 1982). Embora esta formação seja divida em três membros: uma pelítica inferior (Membro Jaguaraíva), uma arenosa intermediária (Membro Tibagi) e outra pelítica superior (Membro São Domingos), estas subdivisões não são observadas na região da 9

24 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Plataforma de Alto Garças. Aqui, a Formação Ponta Grossa faz contato concordante na base com a Formação Furnas. O contato superior se dá por discordância erosiva (paraconformidade) com as Formações Aquidauana (Grupo Itararé), Botucatu, Grupo Bauru e Formação Cachoeirinha. Foi registrado por Schneider et al. (1974) espessuras máximas de até 467 m e 653 m nos poços 2-AG-1- MT (Alto Garças, MT) e 2-AP-1-PR (Apucarana, PR), respectivamente. Neste último, observa-se o registro mais completo da seção. Assine et al. (1998) assinala grandes espessuras separadas de forma discrepante entre parte meridional e setentrional por um alto estrutural, no centro da Bacia do Paraná. A espessura da Formação Ponta Grossa na região de Dom Aquino não excede 70 m (Barros et al. 1982). O ambiente marinho de águas rasas com fluxo de alta energia materializa o afogamento da Formação Furnas por meio de um evento transgressivo e instala definitivamente o ambiente marinho na maior parte da Bacia do Paraná (Assine et al. 1998). Formação Aquidauana Proposta por Lisboa (1909), esta formação constitui-se por sedimentos terrígenos arenosos vermelhos. Schneider et al. (1974) propõem três sequências sedimentares com intensa variação faciológica, predominantemente arenosa e de coloração vermelho-arroxeada. O nível inferior constitui-se por arenitos avermelhados com lentes de diamictitos, intercalações de argilitos e arenitos grossos, arcóseos e conglomerado basal. O nível intermediário é caracterizado por arenitos finos a muito finos, com estratificação plano-paralela e intercalações de siltito, folhelhos, arenitos arcoseanos e diamictitos subordinados. Encerra a unidade, arenitos com estratificação cruzada e siltitos vermelhotijolo finamente estratificados e localmente conglomeráticos (França & Potter, 1992). Formação Palermo É constituída em sua maior parte por siltitos, róseo-avermelhados, róseos ou esbranquiçados e até cinza-amarelados. Localmente ainda, podem ser vermelhos. São notadas estratificações ondulares e intercalações laminares de argilitos. São característicos os bancos de sílex, ou camadas e concreções de sílex, esbranquiçados oolíticos e/ou pisolíticos maciços, com estratificação ondulada aparecendo comumente interestratificadas ao pacote. É comum nesta unidade, o registro e descrições de sílica de forma generalizada. Também são notados arenitos médios a finos, de cor cinza-arroxeada. Conglomerados podem ocorrer na base desta unidade permiana (Barros et al. 1982). Formação Botucatu Schneider et al. (1970) descrevem esta unidade como arenitos avermelhados, róseos ou arroxeados finos a médios e grossos na base, friáveis, grãos esféricos, arredondados e foscos. Barros et al. (1982) caracteriza ainda esta formação como pouco argilosa, caulínica, feldspática, com grãos mal selecionados no conjunto e bem selecionados nas extensas lâminas dos planos de estratificação cruzada no Estado de Mato Grosso. A estratificação alternada entre cruzada tangencial, plano paralela 10

25 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. e cruzada acanalada. Muitas destas são de grande porte. A espessura verificada por Gonçalves & Schneider (1970), no poço 2-TQ-1-MT para esta unidade é de 436 m, dificilmente ultrapassando 100 m em superfície, mas tendo sido medida 150 m na região de Chapada dos Guimarães (Barros et al. 1982). Faz contato discordante e erosivo abaixo com as formações Furnas, Ponta Grossa, Aquidauana e Estrada Nova. Sobre a Formação Botucatu, desenvolve-se um característico relevo escarpado chamado ruiniforme. O ambiente de deposição destes arenitos é amplamente interpretado por diferentes autores como um grande deserto, composto por depósitos de dunas residuais. Constituem ainda sistemas eólicos de clima árido pela ausência de elementos que caracterizam depósitos úmidos. Em porção basal os arenitos grosseiros e ou argilosos mostram a influência fluvial e ou lacustre (Barros et al. 1982). Por fim, representa o paleodeserto que abrange a maior parte da Bacia do Paraná e uma vasta porção do Gondwana no juro-cretáceo. Formação Serra Geral São descritos principalmente como lavas basálticas toleíticas de textura afanítica, coloração cinza a preta com textura amigdaloidal no topo e cortado por juntas verticais e horizontais (Schneider et al. 1974). Na Plataforma de Alto Garças, Gonçalves & Schneider (1970) acrescentam que este basalto mostra fraturas irregulares a subconchoidais intercaladas a lentes de arenitos. A unidade é reconhecida quase majoritariamente com idade entre 135 Ma e 125 Ma (Milani et al. 2007). Gonçalves & Schneider (1970) verificaram nas regiões de Guiratinga e Tesouro, a espessura 30 m e 10 m respectivamente. A espessura no centro da bacia chega a 1500 m no poço 2-PE-1-SP (Presidente Epitácio), enquanto no poço 2-TQ-1-MT a espessura máxima destas rochas básicas é de 68 m (Schneider et al. 1974). A origem das lavas basálticas do Serra Geral é entendida como vulcanismo tipicamente básico e fissural (Gonçalves & Schneider, 1970), o que caracteriza a tentativa de quebra do continente. GRUPO BAURU O Grupo Bauru inclui arenitos róseos, finos a médios e grossos, localmente silificados, por vezes calcíferos, mal selecionados, com grânulos e seixos esparsos, conglomerados e paraconglomerados de matriz argilosa, silexitos e conglomerado basal com seixos de basalto. De maneira geral, são depósitos areno-conglomeráticos com seixos, blocos e matacões litoclásticos diversos (Gonçalves & Schneider, 1968; 1970; Soares et al. 1980; Sousa Jr. et al.1983; Weska et al. 1987; Weska, 1996; Milani et al. 2007). Porções do Grupo Bauru são mapeados desde a região sul no norte do estado do Paraná e se estende pelos estados vizinhos de São Paulo e Mato Grosso do Sul até Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Por causa desta extensão, o Grupo Bauru é uma das unidades estratigráficas em que se faz uma profusão de subdivisões litoestratigráficas. Assim, as unidades cretáceas mapeadas nas regiões sudeste e centro-oeste foram várias vezes revisadas por diversos 11

26 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. autores, entre os mais importantes para este trabalho estão Soares et al. (1980), Sousa Jr. et al. (1983) e Barros et al. (1982) que reuniram as informações disponíveis então sobre a unidade Bauru. Para estes autores, os depósitos cretáceos da Plataforma Alto Garças formavam uma única unidade litológica incluída na Formação Marília. Esta ideia não encontra ressonância em trabalhos pioneiros na região, como aqueles de Gonçalves & Schneider (1968, 1970). Estes autores, em mapeamento regional, dividiram o Grupo Bauru em pelo duas unidades: a porção inferior não recebeu denominação formal mas figurou distinta da unidade superior chamada Membro Borolo da então Formação Bauru. Mais tarde, Sousa Jr et al. (1983) relacionam lateralmente o Membro Serra da Galga e Membro Borolo como sendo os mesmos depósitos e que estes depósitos se estenderiam até a região de Itiquira. Uma contribuição significativa é o trabalho de Coimbra (1991). Neste, o autor faz referência superposição de bacias sedimentares e mostra que os depósitos cretáceos da Plataforma de Alto Garças possui estilo tectônico, preenchimento e origem distintos da Bacia do Paraná. Por isso, conclui que estes sedimentos revelam bacias cretáceas que se formaram em função da quebra continental do Gondwana. Três delas são denominadas como Cambambe, Poxoréo e Itiquira. Resgata-se aqui esta visão de Coimbra (1991) e, por isso, posicionam-se os depósitos cretáceos da área de estudo na Bacia de Poxoréo. Por fim, aquele autor denomina os sedimentos do Grupo Bauru na Bacia de Poxoréo de Formação Boiadeiro. Nesta formação, seria possível ainda distinguir porções de rocha que formariam fácies locais denominadas por aquele autor de Cachoeira do Bom Jardim e Quilombinho que seriam variações litológicas do mesmo sistema deposicional. Contudo, é a proposta de divisão litoestratigráfica de Weska et al. (1987) e Weska (1996) em trabalhos nas regiões de Chapada dos Guimarães, Poxoréo e General Carneiro (MT) que se torna mais usual no estado de Mato Grosso e adotada em trabalhos geologia regional (Lacerda Filho et al. 2004). Nesta proposta, o Grupo Bauru é subdividido nas formações Paredão Grande, Quilombinho, Cachoeira do Bom Jardim e Cambambe. Esta proposta tem a vantagem de poderem ser notados cada um dos litotipos que definem estas unidades que serão discutidos adiante. Por outro lado, o mapeamento geológico e a relação estratigráfica entre elas não foi explorada pelos trabalhos do autor. A ideia de Coimbra (1991) de que as unidades Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim formam um único conjunto de rochas marcado por variações laterais de litologia não só parece sensato como se mostrou muito útil no trabalho de campo. Na monografia que aqui se apresenta, as formações Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim são entendidas como interdigitadas e, portanto, penecontemporâneas entre si. Em nível regional, apesar de o registro do Grupo Bauru a norte ter sido delimitado pela Antéclise de Rondonópolis (Coimbra, 1991; Coimbra & Fernandes, 1992) e demais autores (Gibson et al. 1997; Weska, 2006) tratarem as unidades neocretáceas como distintas no Mato Grosso, observa-se claramente a relação espacial entre as regiões do Bauru trabalhadas por Soares et al, (1979) e Sousa Jr 12

27 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. et al. (1983) com as regiões trabalhadas por Weska et al. (1987) Weska (2006), em Chapada dos Guimarães, Dom Aquino e Poxoréo (Figura 2.3). Figura 2.3 Perfil geotectônico com as principais estruturas relacionadas à Antéclise de Rondonópolis e bacias cretáceas associadas. Modificado de Coimbra (1991). 1-Bacia dos Parecis; 2- Arco Alto Xingu; 3-Bacia do Cambambe; 4-Arco de São Vicente; 5-Bacia de Poxoréo; 6-Bacia de Itiquira; 7-Arco Bom Jardim de Goiás; 8-Lineamento Transbrasiliano; 9-Bacia Bauru. Em nível global, o Grupo Bauru se caracteriza como uma Supersequência chamada Bauru (seqüência de idade neocretácea) e esta inclui além dos depósitos Bauru na Plataforma de Alto Garças, os sedimentos do Grupo Caiuá nas demais porções da Bacia do Paraná (Milani et al. 2007). Assim, de acordo com este pensamento, a supersequência Bauru deve também ter sido controlada por mecanismos tectônicos. Formação Marília Proposta por Almeida e Barbosa (1953) apud Barros et al. (1983), a Formação Marília foi inicialmente reconhecida na cidade homônima. Estratigraficamente se sobrepõe às Formações Serra Geral, Adamantina e Uberaba e é composta pelos membros Ponte Alta e Serra da Galga e Echaporã (Sousa Jr et al. 1983; Sousa Jr, 1984). De acordo com Milani et al. (2007), o Membro Echaporã é observado tanto no Triângulo mineiro quanto no estado de São Paulo e se constitui principalmente de arenitos finos a médios de cor bege a rosa pálido, geometrias tabulares e a estruturação é maciça. O topo pode ter nódulos e crostas carbonáticas e discretas concreções de clastos na base. Ocorrem ainda litofácies conglomeráticas centimétricas composta por intraclastos carbonáticos e lamíticos além de delgadas intercalações de lamitos arenosos de cor marrom. O membro Ponte Alta é um conjunto de arenitos muito calcíferos com lentes e nódulos de calcário conglomerático ou brechóide, camadas calcárias de até 10 metros e níveis irregulares de arenitos e argilitos (Sousa Jr et al. 1983). O membro Serra da Galga se constitui por arenitos grossos, imaturos, feldspáticos, argilosos, conglomeráticos, vermelho róseo, com grânulos carbonáticos (Sousa 13

28 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Jr et al. (1983). Conglomerados com seixos e matacões polimíticos de diferentes composições e arenitos em geral de estratificação cruzada acanalada e cruzada tangencial na base completam este membro (Milani et al. 2007). Lacerda Filho et al. (2004) atribui esta unidade aos sedimentos terrígenos arenosos na região de Itiquira. São arenitos grossos a finos, coloração amarelada e avermelhada, imaturos, mal selecionados; além de conglomerados com clastos de quartzo, quartzito, calcedônia e calcário fino, cimentados por sílica amorfa; e, por fim, arenito fino a médio, imaturo, com fração areia grossa a grânulos, lentes de calcário fino e estratos de siltito e argilito subordinados. O ambiente em geral é interpretado como leques aluviais medianos a distais, fluviais e lacustres eventualmente com dunas eólicas (Milani et al. 2007). Formação Paredão Grande Foi proposta por Weska (1996) para se referir às intrusões magmáticas de diques, soleiras e os derrames envolvendo contexto sin-deposicional aos sedimentos do Grupo Bauru. A toponímia é uma referência à localidade homônima de ocorrência do enxame de diques. Para a região da área de estudo em Dom Aquino e Chapada dos Guimarães, Weska (1996) e Costa et al. (2003) descrevem várias ocorrências de corpos máficos, tais como derrames, diques. Macroscopicamente, são basaltos e diabásios de cor preta a cinza escura, afaníticos a porfiríticos, com estruturas de vesículas, amígdalas e disjunções poliedrais (Weska 2006). Estão encaixados principalmente nas unidades: Grupo Cuiabá, Formações Aquidauana, Botucatu, Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim e guardam xenólitos das Formações Aquidauana e Botucatu. Segundo Weska (1996) apresenta-se cortando a Formação Quilombinho na região da Lajinha. Datações Ar 40 /Ar 39 por Gibson et al. (1997) apresentaram idades de 83,9+4 Ma nos diques porifiríticos da região chamada Raizinha (coordenadas 15º55 0,6 S e 54º37 0,0 W). Através de análise geoquímica determinaram para estes basaltos e diques composição traquiandesíticas e certa contaminação por SiO 2. Formação Quilombinho Barros et al. (1982) descrevem como espessos os conglomerados basais no Grupo Bauru. Apesar de considerarem estes litologias basais muitas vezes imperceptíveis, eles descrevem os seguintes litotipos: conglomerados com blocos e matacões arredondados, interestratificado em todo o perfil, com predomínio de clastos de basalto, quartzo e raros arenitos silicificados. Níveis de sílex esbranquiçados intercalados a arenitos róseos, quartzosos, arenitos calcíferos e arenitos avermelhados a róseos, médios mal selecionados, feldspáticos imaturos, tendo constantes pontos carbonáticos com grânulos e seixos esparsos, silicificados. Estruturas em geral plano paralelas, cruzadas, maciças e ou acamamentos gradacionais. 14

29 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Weska (2006) nota os conglomerados basais da Formação Quilombinho em Poxoréo e Chapada dos Guimarães e, assim como, Barros et al. (1983) e Gonçalves & Schneider (1970), denota a sua relação com a Falha de Poxoréo, classificando como evento de borda de rifte. Os principais litotipos listados pelo autor são conglomerados, cíclicos, interdigitados a argilitos, arenitos conglomeráticos, silto-argilitos e arenitos, com estruturas em geral plano paralelas, cruzadas acanaladas. Os grãos de seixos até matacões são muitas vezes polimíticos e quando de origem vulcânica em geral já estão muito alterados. Tufos também compõem em menor parte os clastos (Weska et a 1987). Segundo Weska (2006), em Poxoréo e Chapada dos Guimarães, esta formação pode alcançar espessura de 5 a 40 metros. Estratigraficamente, a Formação Quilombinho está assentada sobre as Formações Aquidauana, Palermo, Botucatu e Serra Geral por meio de contatos discordantes e erosivos (Barros et al. 1983). Em seu topo, pode ser recoberta pela Formação Cachoeira do Bom jardim e Cachoeirinha (Weska 2006) ou interdigitar-se com a primeira (Coimbra, 1991). O ambiente deposicional em geral é tido como de leques aluviais (Weska, 2006; Kuhn, 2012). Formação Cachoeira do Bom Jardim Barros et al. (1983) a descrevem na porção sudoeste de Poxoréo e incluem em sua litologia arenitos róseos calcíferos finos a médios, maciços a estratificados (estratificação plano-paralela) com grãos subarredondados, grânulos esparsos, matriz argilosa, cimento calcífero e representariam a porção inferior do Grupo Bauru na Plataforma de Alto Garças. Coimbra (1991) apoiado em Oliveira e Mulhmann (1965) chama a atenção para a estratigrafia dos depósitos que formam esta unidade na área de estudo por entender que se trata de intercalação da fácies Cachoeira do Bom Jardim (p.e., calcários róseos a esbranquiçados, arenitos calcíferos, calcretes e silcretes) a fácies Quilombinho (conglomerados e arenitos conglomeráticos, lamitos conglomeráticos e arenitos argilosos). Desta forma, aquele autor definiu como Formação Boiadeiro esta intercalação, em referencia à localidade em Dom Aquino. Weska et al. (1987) aponta composição petromítica dos clastos à matacões bem a muito bem arredondados nesta unidade, arcabouço dos conglomerados podendo ser aberto ou fechado e muita presença de calcita como cimento. A geometria das camadas varia entre lenticular a tabular, e a estrutura entre plano paralelas à maciças. Nota-se ainda paleocorrente para NE. Da Rosa et al. (1997) descrevem sucessão faciológica de calcários próximo à Poxoréo, em que argilitos e margas calcárias são sobrepostos por calcretes e conglomerados intraformacionais granodecrescentes. Estratigraficamente, a Formação Cachoeira do Bom Jardim está sobre ou interdigitada à Formação Quilombinho e é recoberta pela Formação Cachoeirinha por contato discordante erosivo angular e concordante com a Formação Cambambe. Weska (2006) menciona espessura de até 50 metros para esta unidade. Os preciptados de margas forçam em geral a conclusão 15

30 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. dos autores por ambiente lacustre evaporítico. No entanto Da Rosa et al, (1997) apontam para o ambiente salino sendo assoreado por sedimentação fluvial. Formação Cambambe Descrito por Weska et al (1987), a Formação Cambambe apresenta variação litológica de arenitos finos a médios, bem selecionados, até grossos e imaturos, cimentados por sílica, silcretes, conglomerados petromíticos e brechas intraformacionais de estrutura plana e/ou cruzada. Os conglomerados, em geral, têm arcabouço fechado, são cíclicos, lenticulares e a constituição na maior parte petromítica. Eles chegam a apresentar raros clastos de riolito, tufos ácidos ou rochas básicas. Estratigraficamente, está assentada sobre as unidades mais antigas do Grupo Bauru por discordância erosiva e recoberto pela Formação Cachoeirinha por discordância também erosiva (Weska, 2006). Gonçalves & Schneider (1970) mencionam 100 m de espessura para esta unidade superior do Grupo Bauru e Weska (2006) infere 90 a 120 m na região de Dom Aquino e Poxoréo e 300 m para Chapada dos Guimarães. Weska (2006) interpreta a unidade como depositada em ambiente flúvio-lacustre em clima árido sob condições evaporíticas. ESTRUTURAÇÃO GEOLÓGICA DA PLATAFORMA ALTO GARÇAS De acordo com Zalán et al. (1990), a Bacia do Paraná, no sudeste do estado de Mato Grosso, configura um planalto bordejado em seus limites norte nordeste e noroeste pelas Faixas Paraguai e Brasília (Figura 2.4). Esta mesma região recebe a denominação estrutural de Plataforma Alto Garças (Marques et al. 1993). Nela está presente a impressão do Lineamento Transbrasiliano que se estende em direção NE para o estado do Ceará. Associadas em parte a esta enorme estrutura estão falhas paralelas, de grande extensão que cortam a Plataforma de Alto Garças. No entanto há também outras falhas relacionadas a outros eventos, como o Arco de São Vicente (Barros et al. 1993) e o Domo de Araguainha produto do astroblema ao final do Permiano (Crósta, 2002) cujo distinção torna-se um problema a ser discutido em trabalhos futuros. Os lineamentos impressos na Plataforma de Alto Garças como fraturas e falhas, identificadas por imagens de radar (Barros et al. 1982), apresentam diferentes direções. De acordo com Zalán et al. (1990) estes lineamentos exibem em toda a bacia forte trend tectônico com predominância para NE-SW e NW-SE, ocorrendo subordinadamente os lineamentos E-W. Adicionalmente no estado de Mato Grosso ocorrem também trends com direção N- S, como será descrito nesta monografia. Gonçalves & Schneider (1970) em mapeamento no estado de Mato Grosso, reconheceram impressos sobre a Plataforma de Alto Garças diversas falhas associadas a movimentos distensivos e à pré-deposição e sin-deposição cretácea do Grupo Bauru, especialmente os com direção NE-SW. Barros et al. (1982) sobre estas estruturas mencionam as de sentido NE-SW como as principais nessa parte da bacia, no estado relacionando-as como produto de reativação do Megalineamento Transbrasiliano. 16

31 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Figura 2.4 Contexto geológico regional, na borda noroeste da Bacia do Paraná, sudeste de Mato Grosso, compartimentação da Plataforma de Alto Garças. Modificado de Coimbra (1991) e Lacerda Filho et al. (2004). Identificada por Oliveira & Muhlmann (1967 apud Barros et al. 1982), a estrutura do Arco de São Vicente abrange uma ampla área à sudeste da cidade de Chapada dos Guimarães como uma feição arqueada, tendo amplitude e localização descrita por Barros et al.(1982) entre o sudoeste Folha SD21- Z-D e extremidades da SD21-Z-C. E de maneira quase inexpressiva se estendendo aos limites com a Folha SE-21-X-B (Folha Corumbá). A estrutura preferencialmente com eixo NE-SW se apresenta cortado bruscamente pelas rochas do Granito do São Vicente na extremidade da folha SD-21-Z-C, enquanto à nordeste torna-se indistinto devido à coberturas detrito-lateríticas. Próximo à cidade de Chapada dos Guimarães é reconhecível pelos altos mergulhos para N e NNE nas formações Furnas e Ponta Grossa (Barros et al. 1982). Gonçalves & Schneider (1970), admitiram a origem desta estrutura, estar relacionada a evento de reativação durante o Paleozóico com término no início de deposição da Formação Botucatu. Ainda de acordo com estes autores o Arco de São Vicente trata-se de uma enorme feição tectônica com grande influência na porção noroeste da Bacia do Paraná. 17

32 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. A Falha de Jaciara Serra Grande é uma estrutura distensiva que se estende da cidade de Jaciara à região de Serra Grande onde é encoberta pela cobertura detrito-laterítica. De direção NE com inflexão para E-NE esta estrutura geológica se assemelha muito a Falha de Poxoréo pelo extenso paralelismo. Sua extensão de acordo com Barros et al. (1982) é de 90 km afetando tectonicamente as formações Ponta Grossa, Aquidauana, Palermo, Botucatu, Serra Geral e Grupo Bauru, tendo em paralelo, falhas de menor amplitude. Barros et al.(1982) ainda mencionam a possível origem ao Megalineamento Transbrasiliano, estabelecido no Precambriano, tendo sido reativado ao final da sedimentação eólica Formação Botucatu e perdurado até o final do Cretáceo. À cerca de 25 km em paralelo a Falha de Jaciara Serra Grande, está a Falha de Poxoréo com cerca de 95 km de extensão. Seu rejeito pode chegar a 500 m e ela estabelece contato tectônico entre várias unidades (Ponta Grossa, Aquidauana, Palermo, Botucatu e Bauru), além de colocar os depósitos cretáceos do Grupo Bauru encaixados em blocos rebaixados ao ponto de ficarem topograficamente abaixo da Formação Ponta Grossa. É registrada também intensa silicificação ao longo da estrutura, além de brechas de falha e camadas contorcidas e fraturadas (Barros et al.1982). Gonçalves & Schneider (1970), propuseram esta estrutura com maior prolongamento, cerca de 170 km e de mesma leve inflexão para E-NE coincidindo com a Falha de Toricuieje, na região de mesmo nome. Tais autores sugeriram origem pós-deposição Botucatu, atividade pré-serra Geral e reativação durante a deposição do Grupo Bauru. Paralelas às falhas da região de Poxoréo e Dom Aquino está a Estrutura de Alto Coité. Uma série de falhamentos normais com direção NE-SW conjugados a outras de direção NW-SE, que propiciam estruturas de rompimento em blocos e forma de domo. Partilha do mesmo contexto e registro litológico e sua origem está relacionada à reativação da Falha de Poxoréo durante o cretáceo (Barros et al. 1982). À leste próximo ao limite dos estados de Mato Grosso e Goiás, ocorrem lineamentos, falhas e fraturas de direção NE-SW e NW-SE perpendiculares ou paralelas, de forma conjugadas e/ou confluentes. Estas estruturas afetam especialmente as formações Furnas, Ponta Grossa, Aquidauana, Botucatu e Grupo Bauru. Nesta porção da bacia associados à estes falhamentos, aparecem também estruturas de gráben em que se depositaram as unidades cretáceas do Grupo Bauru e que preservam em seu assoalho unidades permianas e jurássicas. A exemplo têm-se os grabéns: Rio das Garças, Diamantino, Campinápolis e Rio Passa Vinte (Schobbenhaus Filho et al. 1975; Lima et al. 2008). Ainda nos limites do estado, com feição dômica está o Domo de Araguainha de estruturação concêntrica, resultado de impacto de um corpo celeste. Crósta (2002) descreve o domo como constituído por anéis concêntricos formado por cristas e colinas em sua borda externa, que representam grábens semi-circulares erodidos, formados por falhas anelares de colapso. Este grande 18

33 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. evento ocorrido no final do Permiano, deformou os grupos Paraná, Itararé (Aquidauana) e Passa Dois, além do embasamento granítico pré-cambriano. Associada aos falhamentos normais e gravitacionais na Bacia do Paraná, sudeste de Mato Grosso, são notadas conjunto de fraturas e falhas normais de menor extensão como: Região Falhada das Parnaíbas e Região Falhada de Barra do Garças. Apresentam camadas basculadas e mergulhos acima dos valores regionais (Barros et al. 1982). TECTÔNICA E SEDIMENTAÇÃO Com o fim do Magmatismo Pós-Paleozóico da Formação Serra Geral, a sobrecarga do espesso volume basáltico no depocentro e a subsidência termal levaram a bacia intracratônica do Paraná a ceder espaço para instalação de bacias cretáceas como a Bacia Bauru na região ao sul da Bacia do Paraná, fora do domínio da Plataforma Alto Garças (Almeida, 1986; Riccomini, 1997). De acordo com Riccomini (1997) a Bacia Bauru tem a atividade tectônica intensificada no Maastrichtiano evidenciada pelo aumento sedimentos rudáceos. Além disso, a Bacia Bauru experimentou naquela região dois regimes transcorrentes de direção E-W ao longo de sua evolução. Coimbra (1991) considerou que as bacias formadas no sudeste de Mato Grosso durante o cretáceo superior, estiveram sob regimes de falhas transcorrentes sinistrais de direção NE-SW e dextrais de direção NW-SW. O primeiro durante o cretáceo superior resultante de esforços compressivos impostos a placa sul-americana a oeste e à abertura da cadeia mesoatlântica a leste. O segundo regime entre o cretáceo superior e o terciário, ligado a abertura total da cadeia mesoatlântica. Küchle et al. (2005) em análise estratigráfica de padrões de empilhamento sobre uma bacia rifte, determinaram fatores controladores para a sedimentação. O principal mecanismo tectônico usado para explicar o preenchimento, é a intrínseca à relação entre espaço de acomodação em um Hangingwall e soerguimento e erosão do Footwall simultâneos com eixo de rotação de um mesmo bloco (figura 2.5). Neste caso o preenchimento de bacia se relaciona com evento de pulso tectônico (Küchle et al. 2005). 19

34 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Figura 2.5 Modelo de compartimentação de hemi-grabén e movimentação simultânea de Hangingwall e Footwall, Modificado de Kuchle et al. (2005). 20

35 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. CAPÍTULO 3 ARTIGO SUBMETIDO A SEDIMENTAÇÃO NEOCRETÁCEA E A INFLUÊNCIA TECTÔNICA NA BACIA DE POXORÉO, MATO GROSSO. THE NEOCRETACEOUS SEDIMENTATION AND THE TECTONIC INFLUENCE ON THE POXORÉO BASIN, MATO GROSSO. Danilo Guilherme Queiroz Ribeiro da Silva 1, Jackson Douglas Silva da Paz 2, Gerson Sousa Saes 1,2. 1. Programa de Pós-graduação em Geociências, Departamento de Recursos Minerais, Instituto de Ciências Exatas e da Terra Universidade Federal de Mato Grosso. Av. Fernando Corrêa da Costa, nº Bairro Boa Esperança Cuiabá MT, Brasil. danilogqrs@hotmail.com 2. Departamento de Recursos Minerais, Instituto de Ciências Exatas e da Terra Universidade Federal do Mato Grosso. Av. Fernando Corrêa da Costa, nº Bairro Boa Esperança, , Cuiabá MT, Brasil. jackdspaz@yahoo.com.br, gssaes@gmail.com. 21

36 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Resumo: A respeito do Grupo Bauru no Sudeste do Mato Grosso pouco tem se discutido sobre sua evolução tectônica e sedimentação. Por meio de mapeamento geológico na região de Dom Aquino e Poxoréo o presente trabalho procura mostrar uma relação mais estreita entre a sedimentação neocretácea do Grupo Bauru na Bacia de Poxoréo e a constância de uma influência tectônica. Os dados obtidos na região permitem abordar a mapeabilidade da Fácies Quilombinho, Cachoeira do Bom Jardim e Cambambe, nos dias atuais elevadas ao status de Formação. A sedimentação se desenvolveu em estruturas hemi-grabén, sendo possível estabelecer a localização dos detritos de leques aluviais (Formação Quilombinho) junto às falhas na maior parte das vezes, com canais fluviais entrelaçados, ponds e playa lakes (Formação Cachoeira do Bom Jardim) mais distantes. Fácies eólicas, como em muitas regiões áridas também se desenvolveram no interior da bacia e são consideradas parte da Formação Cachoeira do Bom Jardim. Discute-se também a interação entre Formação Paredão Grande e Quilombinho e a composição dos clastos e seixos para as fácies de fluxos de detrito. A origem da bacia tem sido apontada nos últimos anos como um rifte intracontinental. No entanto devem ser consideradas outras possibilidades também interessantes sobre como se desenvolveu a sedimentação do Grupo Bauru no estado de Mato Grosso, inclusive sob a influência da tectônica. A ativação do Lineamento Transbrasiliano sobre as bacias do neocretáceo na porção norte-noroeste da Bacia do Paraná tem sido considerada como hipótese da principal influencia. Os perfis geológicos e dados de campo mostram que houve uma tectônica sin-deposicional na Bacia de Poxoréo, não somente com falhas gravitacionais, mas também com falhas de transcorrência e rotações de camadas (rollovers), sugeridas por análise de imagem LANDSAT e medidas de campo, nas bordas do hemi-grabén e no seu interior também. Abstract: Regarding the Bauru, Group in southeastern Mato Grosso little has been discussed its tectonic evolution and sedimentation. Through geologic mapping in the region of Dom Aquino and Poxoréo this paper seeks to show a closer relation between the sedimentation of Upper Cretaceous Bauru Group in Poxoréo Basin and the constancy of a tectonic influence. The data obtained allow the region to approach the mappability of Quilombinho Cachoeira do Bom Jardim and Cambambe Facies, and nowadays elevated to the status of Formation. Sedimentation developed in half-graben structures, being possible set the location of the debris flow of the alluvial fans (Quilombinho Formation) along the fault in most cases, with braided river channels, ponds and playa lakes (Cachoeira do Bom Jardim Formation) farther. 22

37 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Sandstones of eolic facies, such as in many arid regions, also were deposited into inland the basin and are regarded part of Cachoeira do Bom Jardim Formation. Also discusses the interaction between Paredão Grande and Quilombinho Formation and composition of clasts and pebbles for the facies of debris flows. The origin of the basin has been identified in recent years as an intracontinental rift. However should be considered other possibilities, also interesting about how it developed the sedimentation of the Bauru Group in the state of Mato Grosso, including under the tectonic influence. The activation of the Lineament Transbrasiliano on the Upper Cretaceous basins in north-northwest portion of the Paraná Basin has been considered assumption as the main influence. The geological cross-section and field data show Poxoréo in the Basin, there was a syn-depositional tectonics, not only with gravitational faults, but also transfer and rotations of layers (rollovers), suggested by analysis of LANDSAT image and field measurements, on the edges of the Half-Graben and also inside. Palavras-chave: Tectônica neo-cretácea; Bacia de Poxoréo; hemi-graben. 23

38 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. INTRODUÇÃO A sedimentação em bacias intracratônicas está ligada a mecanismos de preenchimento associados à tectônica, clima e suprimento sedimentar. A movimentação e ou reativação das principais estruturas ao longo do Fanerozóico pode ter sido um fator preponderante na formação das bacias fanerozóicas intracratônicas brasileiras. Neste cenário geológico, a Plataforma de Alto Garças na porção norte da Bacia do Paraná, possui uma possante deposição cretácea, objeto de estudo deste trabalho, cuja origem tem sido atribuída à formação de uma bacia neste Período (Coimbra e Fernandes 1992, Riccomini, 1997), provavelmente associada a reativações do embasamento incidentes sobre os arcos de soerguimento e consequentes rupturas da bacia pré-existente (Zalán et al, 1990, Zalán, 2004). Trabalhos prévios mostraram que estruturas tectônicas pré-existentes que controlaram tanto de deposição quanto a deformação dos depósitos gerados (Gonçalves e Schneider, 1970; Barros et al. 1982; Weska 1987). Coimbra (1991) propôs a existência da Antéclise de Rondonópolis, controladora da sedimentação cretácea em bacias do tipo pull-apart e resultado de esforços de compressivos na borda da placa Sul Americana reativando estruturas do Terreno Brasiliano. O primeiro um predomínio da influencia de subducção da placa de Nazca. E posteriormente um o domínio da grande abertura da cadeia meso-atlântica (Coimbra, 1991). Para Weska (1996) e Gibson et al. (1997) o magmatismo está relacionado ao desenvolvimento de um rifte intracontinental denominado Rift Rio das Mortes, posteriormente abortado. Küchle et al. (2005) e Küchle et al. (2007) sobre a análise estratigráfica de bacias do tipo Rifte apresentam padrões de empilhamento tratando dos fatores controladores da sedimentação e tipo de sedimento. Apesar de um pouco erodidos os sedimentos neocretáceos na Bacia de Poxoréo preservam características muito semelhantes às apresentadas por estes autores. Neste sentido, a região mato-grossense, que se estende entre os municípios de Dom Aquino e Poxoréo, abrangendo ainda Juscimeira, Jaciara e Primavera do Leste (Figura 1) oferece a oportunidade de vislumbrar como se organizam os estratos cretáceos, como estes se relacionam com o entorno sedimentar da Bacia do Paraná e, dados cortes recentes de estrada, também é possível observar poucas, mas contundentes estruturas como falhas e dobras de arrasto associadas com tectônica mesozoica ou mais recente. Diversas vias de acesso na área de estudo entre rodovias federais, estaduais e vicinais permitem o tráfego e o acesso a quase toda a área de estudo. Apenas as porções mais íngremes e com densa vegetação necessitam uma abordagem mais de detalhe e não foram alvo deste trabalho. 24

39 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Figura 1 Localização da área de estudo, com cidades e distritos abrangidas, com acesso pelas principais rodovias federais e estaduais. Este trabalho apresenta os resultados obtidos e as discussões a respeito da influência da tectônica na sedimentação cretácea da área de estudo por meio de mapeamento das Formações Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim e de suas relações com as unidades paleozoicas da bacia do Paraná. MATERIAIS E MÉTODOS Para a realização deste trabalho, foram levantados previamente imagens Landsat e SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) georreferenciadas e tratados nos Softwares Arcmap e Global Mapper, além de levantamento bibliográfico. Com base nos métodos de fotointerpretação de Soares & Fiori (1976) a análise de imagens de satélite e de SRTM associadas a curvas de nível, destacaram-se feições geomorfológicas definidoras de zonas homólogas e trends predominantes de lineamentos na área. Estruturalmente, a região tem muitas quebras e alinhamentos de relevo que favorecem o destaque e o uso de feições negativas e positivas para auxiliar na definição das zonas homólogas. Durante a etapa de 25

40 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. campo optou-se pelo foco no mapeamento geológico, com visitação de 288 pontos, confecção de 10 perfis e 10 colunas geológicas com medidas estruturais usando notação clar (rumo do mergulho/ângulo do mergulho). CONTEXTO REGIONAL A Bacia do Paraná é uma das sinéclises paleozóicas do Brasil, cuja evolução levou à formação de diversas outras bacias e sub-bacias cretáceas em sua porção norte (Coimbra, 1991; Lacerda Filho et al. 2004). A tectônica tem sido uma constante na sedimentação das bacias da plataforma brasileira (Milani e Ramos, 1998; Milani et al. 2007). Em especial no Mesozóico, estabeleceram-se à margem da Bacia do Paraná, regimes rúpteis como motor gerador e estruturador de novo espaço de acomodação. Estas estruturas modificadoras geralmente estão relacionadas às reativações do embasamento e à geologia particular de cada região. A porção norte da Bacia do Paraná no estado de Mato Grosso tem sido ressaltada como uma estrutura denominada Plataforma de Alto Garças (Marques et al. 1993). Neste trabalho, diversas estruturas subsidentes na forma de grabens cretáceos são encaixadas sobre a plataforma de Alto Garças (figura 2), dentre os quais destacam-se como maiores, os Grabens de Poxoréo, Guiratinga, General Carneiro, Diamantino, Rio das Garças, Itiquira (Coimbra, 1991; Lacerda Filho et al. 2004). O Graben de Poxoréo está localizado dentro da área de estudo e se caracteriza como uma estrutura alongada com uma direção WSW-ENE, com falhas e fraturas associadas. O Gráben Poxoréo se caracteriza como uma estrutura alongada com eixo leste-oeste, com falhas e fraturas predominantes de direção NE-SW (figura 2). Seus limites são: ao sul-sudeste, a Falha de Poxoréo e ao norte por um conjunto de lineamentos E- W. A estruturação dessa bacia é controlada pelo arranjo de blocos que sugere uma configuração do tipo horsts e grábens (figura 2) em que a Falha de Poxoréo se destaca como a principal estrutura, falha mestra controlando uma parte da sedimentação. Outras estruturas que configuram o Gráben de Poxoréo incluem a Falha de Jaciara-Serra Grande, Falha das Parnaíbas, Falha de Dom Aquino e a Estrutura de Alto Coité. A configuração em forma de splay (Allaby, 2008) que se observa destas estruturas em modelos digitais de terrenos e em outros sensores remotos sugere uma possível afinidade em algum grau com o Lineamento Transbrasiliano. Esta é uma feição tectônica-estrutural intraplaca que atravessa o território brasileiro com direção NE-SW que pode ter atuado como superfície de reativação (Schobbenhaus Filho et al. 1975). Muitas destas estruturas tiveram sua origem anterior ou durante o ciclo Brasiliano (Zalán et al. 1990) e após relativo período de quiescência tectônica 26

41 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. no Paleozoico, tiveram influências do que Almeida (1969) chamou de reativação Wealdeniana (Zalán, 2004). Figura 2. Contexto geológico regional, na borda noroeste da Bacia do Paraná, sudeste de Mato Grosso, compartimentação da Plataforma de Alto Garças. Modificado de Coimbra (1991) e Lacerda Filho (2004). Ao final do Paleozóico e durante Mesozóico em diferentes bacias no paleocontinente Gondwana ocorreu magmatismo fissural (Misuzaki e Tomaz Filho, 2004) com instalação de nova configuração tanto das bacias de margem continental quanto das bacias intracontinentais (Marques et al. 1993, Milani 2007). A Bacia de Poxoréo é uma pequena bacia das muitas que foram formadas durante os eventos de evolução crustal, magmatismo e sedimentação que afetaram as rochas do Brasil e em especial do Mato Grosso. Na região sudeste de Mato Grosso, o contexto tectônico da Plataforma de Alto Garças (Marques et al. 1993) envolve as estruturas deformadoras mais comuns e de grande extensão que são falhas profundas e de natureza gravitacional, representadas pelas Falhas de Água Fria, Diamantino, Poxoréo- Toricuieje e os Arcos de São Vicente e Bom Jardim de Goiás (ou de Torixoréu, segundo 27

42 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Schobbenhaus Filho et al. 1975) além da Antéclise de Rondonópolis e do Lineamento Transbrasiliano (Schobbenhaus Filho et al. 1975; Oliva et al. 1979; Barros et al. 1982; Coimbra, 1991). Outra estrutura importante no contexto da Plataforma de Alto Garças é o astroblema Domo de Araguainha. Todas as estruturas (à exceção do domo) tem um Trend NE-SW e estão direta ou indiretamente relacionadas ao embasamento pré-cambriano (figura 2). ESTRATIGRAFIA Revisada por Schneider et al. (1974), a estratigrafia da Bacia do Paraná na Plataforma Alto Garças não apresenta tanta diversidade litoestratigráfica quanto o interior da Bacia. Ocorrem nesta porção ocidental as unidades: Grupo Rio Ivaí, Formações Furnas, Aquidauana e Palermo; as Mesozoicas: Formações Botucatu e Marília, Grupo Bauru; e Cenozoicas: Formação Cachoeirinha (figura 2). O Grupo Bauru recebe destaque na região e tem as Formações Paredão Grande, Quilombinho, Cachoeira do Bom Jardim e Cambambe, estabelecidas por Weska et al. (1987) e Weska (2006). O trabalho de campo priorizou locais entre os municípios de Dom Aquino e Poxoréo que abrange aproximadamente 5400km² com uma variação altimétrica de 250 a 720 metros o que permite o registro de todas as unidades Paleozoicas (à exceção Rio Ivaí e Marília), as unidades Mesozoicas e parte do Terciário (figura 3). A passagem entre as unidades paleozoicas é muitas vezes gradacional, ou definido por um contato normal distinguido apenas por diferenças de cor ou granulometria. 28

43 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Figura 3. Mapa geológico da área de estudo mostrando unidades paleozoicas e cretáceas. 29

44 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Formação Furnas A unidade siluro-devoniana está restrita à extremidade oeste da área em uma faixa alongada norte-sul. Abrange a morfologia local chamada Serra do Roncador das proximidades do distrito de Celma para além da cidade de Jaciara. A Formação Furnas na área aflora na forma de morros, morrotes e escarpas da ordem de até alguns metros e as vezes algumas dezenas de metros. Figura 4. Formação Furnas próximo ao Balneário Thermas Cachoeira da Fumaça 9km à sul da cidade de Jaciara, onde afloram arenitos médios à finos de cor cinza claro à esbranquiçados, com estratificações plano paralelas, cruzada tabular e cruzada de baixo ângulo, sobrepostos a siltito maciço de cor cinza claro. Apresenta arenitos médios a finos, grossos a muito grossos, de cor branca ou cinza claro, alaranjada de estratificação cruzada tabular, plano paralela, laminada à maciça. Ocorrem também intercalados à arenitos siltosos, siltitos e argilitos laminados à maciços. Os arenitos apresentam-se também consideravelmente micáceos. O padrão das paleocorrentes desta unidade devoniana apresentou-se como polimodal (figura 5) apesar da sua conhecida tendência para SW e W. 30

45 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Figura 5. Paleocorrente Formação Furnas de caráter polimodal. Figura 6. Seção colunar da Formação Furnas, à sul de Jaciara, próximo à Cachoeira da Fumaça. 1) Estratificação Cruzada Tabular, 2) Estratificação cruzada de baixo ângulo, 3) Estratificação plano paralela, 4) Maciça, 5) Arenito, 6) Siltito, 7) Argilito. 31

46 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Formação Ponta Grossa Esta formação aflora em vertentes de colinas e morros e ao longo de rodovias e estradas não pavimentadas, como morros e colinas em cortes ou lajedos. Esta unidade ocorre de norte a sul da área de estudo, restrita à porção oeste, se estendendo de Juscimeira para sul de Poxoréo. Figura 7. Arenitos muito finos a finos de camadas centimétricas intercaladas à finas camadas de pelitos, da Formação Ponta Grossa. Localização na MT-344 entre Dom Aquino e Jaciara. A Formação Ponta Grossa constitui-se de arenitos finos a muito finos, cor marrom escura ou amarelada com estrutura plano paralela, cruzada de baixo ângulo e laminação cruzada cavalgante, de gradação normal formando camadas em média de 15 cm com máximo de até 30 cm de espessura. Nesta unidade, agrupam-se intercalações de arenitos e pelitos de 1,5 m com granocrescência das camadas e um padrão geral granodecrescente com adelgaçamento ascendente do empilhamento. Em leitos de rios, a Formação Ponta Grossa apresenta-se ferrificada e/ou laterizada. Argilitos e pelitos caracterizam secundariamente a Formação Ponta Grossa pela cor cinza esbranquiçado a cinza escuro de estrutura maciça e às vezes com fissilidade. As paleocorrentes coletadas da Formação Ponta Grossa apresentou também um padrão polimodal nas medidas (figura 8) 32

47 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Figura 8. Paleocorrente Formação Ponta Grossa que apresentou um padrão polimodal. Ressaltam-se a presença de grandes falhas normais e transconrrentes, controladoras da disposição das camadas. Figura 9. Seção colunar da Formação Ponta Grossa na MT-457, saída norte de Jaciara. 1) Fóssil, 2) Estratificação cruzada de baixo ângulo, 3) Laminação plano paralela, 4) Estrutura Maciça, 5) Arenito, 6) Siltito, 7) Argilito. 33

48 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Formação Aquidauana Esta unidade ocorre, em uma larga faixa de sentido NW-SE no centro da área mapeada e verge a partir do sul-sudeste para SW-NE. Ocorrem como lajedos, matacões, colinas, morrotes, morros e relevos escarpados até em centenas de metros de altura. Seu contato inferior é com a Formação Ponta Grossa geralmente como encoberto, mas pode ser observado próximo ao rio Parnaíba (também com acesso à direita pela MT-344, 15 km de Dom Aquino,). A geometria tabular das camadas confere ao relevo amplas formas de colinas e/ou relevos menos escarpados. Figura 10. Afloramento da Formação Aquidauana, na porção inferior conjunto de camadas avermelhadas, têm arenitos finos a muito finos intercalados a argilitos e siltitos micáceos. Na superior o conjunto de camadas amareladas de arenitos médios intercalados arenitos muito finos e pelitos subordinados. Ao centro da área o contato superior com a Formação Palermo é concordante e abrupto e mostra-se mais evidente em relevos escarpados. Os depósitos carboníferos da Formação Aquidauana caracterizam-se por arenitos finos a muito fino avermelhados, ou médios a finos de cor amarelo a vermelho rubi, com intraclastos de siltitos preservados no foreset. Em geral são micáceos e perdem esta característica quando mais amarelados ou muito intemperizados. As estruturas mais comuns são plano paralela, laminada, maciça e cruzada de baixo ângulo. Intercalado aos detritos arenosos estão argilitos e ou siltitos vermelhos a róseos, variavelmente amarelos e/ou cinza esbranquiçados, de estrutura plano paralela, laminada ou maciça. Quando presente a intercalação destes arenitos a argilitos e/ou siltitos formam conjuntos granodecrescentes. Medidas de paleocorrente mostram trend de deposição das 34

49 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. camadas para SE-E. As medidas de paleocorrentes desta unidade carbonífera ajudaram a formar um padrão bem representativo do tipo bimodal oblíquo (figura 11), o que ajuda a confirmar o que se observa no relevo da região, em especial em Dom Aquino. Figura 11. Paleocorrente Formação Aquidauana com padrão bimodal oblíquo. 35

50 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Figura 12. Seção tipo da Formação Aquidauana na MT-260, 12 km à leste de Dom Aquino. 1) Laminação Cruzada cavalgante, 2) Ondulações, 3) Estratificação cruzada de baixo ângulo, 4) Estratificação cruzada, 5) Estratificação plano paralela, 6) Maciça, 7) Arenito, 8) Siltito, 9) Argilito. Formação Palermo A Formação Palermo ocorre nas regiões mais altas e em platôs, sobreposta à Formação Aquidauana. O relevo associado com esta formação é escarpado e marcado por morros e cortes de estradas ao longo da rodovia MT-260, em geral na Serra dos Parnaíbas. Esta unidade também aflora em drenagens associadas a lineamentos e ou planos de falha. Observa-se que este depósito permiano está parcialmente encoberto pelas unidades cretáceas nas regiões de platô. O contato com as rochas cretáceas na área de estudo se dá por discordância angular e/ou erosiva. Esta unidade apresenta sempre empilhamento de camadas com pouca espessura (~20m), capeando de forma relativamente abrangente a Formação Aquidauana. 36

51 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Figura 13. Formação Palermo à beira da rodovia MT-260. Arenitos finos a muito finos acamadados e algumas estruturas de onda, interestratificados à argilitos. O afloramento neste ponto é muito silicificado com pouca estratificação preservada. A unidade permiana constitui-se principalmente por arenito fino, muito fino à arenoargilosos, subordinadamente, média. A cor variegada alterna-se entre marrom, marrom claro, cinza, e cinza esbranquiçado, enquanto amarelado e róseo são menos comuns. Secundariamente, notam-se argilitos maciços vermelhos ou cinza claros, com até 2m de espessura e argilitos laminados amarelos avermelhados pouco espessos. Ocorrem ainda ritmitos de arenito marrom e argilito preto e silexitos, oolíticos, arenitos finos a médios e brechas. Em alguns pontos, é possível observar arenitos friáveis finos a médios e/ou argilitos interestratificados com nódulos e concreções de sílica horizontais, às vezes verticais, tendo sido suas camadas também parcialmente silicificadas. Nos afloramentos, observam-se estruturas plano paralelas, maciças, acamadado e Hummockys. Quando friáveis são mais distinguíveis pela cor e granulometria. Medidas de acamamento S 0 em Dom Aquino estão em geral para. 37

52 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Figura 14. Seção colunar da Formação Palermo, na MT-260, 16 km à leste de Dom Aquino. 1) Oóides, 2) Ondulações, 3) Laminação plano paralela, 4) Maciça, 5) Arenito, 6) Silexito, 7) Ritmito, 8) Argilito. Grupo Bauru O Grupo Bauru na área de estudo com diversas nomenclaturas: Formação Bauru, dividida em membros inferior e Borolo (Gonçalves e Schneider, 1968; 1970); Grupo Bauru, Formação Marília (Sousa Jr et al. 1983); Grupo Bauru, formações Paredão Grande, Quilombinho, Cachoeira do Bom Jardim e Cambambe (Weska et al. 1987; Weska, 2006). Datação obtida nas rochas magmáticas desta sucessão por meio de métodos Ar-Ar apontam para idade em torno de 84 Ma (Gibson et al. 1997). Esta sucessão corresponde, temporalmente, aos depósitos da Formação Marília nas regiões de São Paulo e Minas Gerais, mais precisamente Uberaba ao Membro Serra da Galga e talvez Membro Ponte Alta (cf. Sousa Jr et al. 1983). 38

53 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. O Grupo Bauru aflora ainda em córregos e cortes de estrada às margens das rodovias MT-260, MT-130 e estradas vicinais não pavimentadas. Além disso, o Grupo Bauru se destaca pela litologia predominantemente terrígena com eventuais variações para química e vulcânica. A espessura máxima estimada é de 300m. O contato inferior registrado na área de estudo varia de discordância angular (ponto 88) a paraconformidade com a Formação Palermo. Um contato entre a Formação Aquidauana e Formação Quilombinho de discordância angular foi observado à beira do rio Pombas (ponto 168), com acesso pela rodovia MT-472. O topo do Grupo Bauru é marcado pela formação de perfis de laterização. Neste trabalho, adota-se a proposição de Weska et al. (1987) pela qual o Grupo Bauru representa uma sucessão vulcanossedimentar originada no final do Cretáceo na região centro-sul do estado de Mato Grosso dividida em quatro unidades litoestratigráficas. Formação Paredão Grande (Diques da Raizinha /Derrame da Lajinha) A Formação Paredão Grande ocorre como diques e derrames, conhecidos na literatura também por diques Raizinha e derrame da Lajinha (Oliveira et al. 1992). Estas rochas básicas formam morros de até 6 km de extensão por poucas dezenas de metros com composição alcalina (cf. Gibson et al. 1997) e direção preferencial N-S. Weska (2006) menciona outro derrame na localidade do Córrego Preto (a 30 km NE de Dom Aquino), ainda dentro da área de estudo. Na região do derrame da Lajinha (pontos 229 e 230), é possível verificar contato sindeposicional entre as formações Paredão Grande e Quilombinho (figura 15). Neste ponto observam-se duas fácies: 1. Basalto cinza escuro a esverdeado, afanítico, denso, acamadado (camadas milimétricas a centimétricas) com contato entre as camadas marcado por vesículas circulares a semicirculares. Também são notadas marcas de sobrecarga e espessura estimada em 20 m. 2. Lamito cinza claro argiloso intensamente venulado com sobrecrescimento de cristais de epidoto e também caulinizado. As vênulas cortam o lamito horizontal e obliquamente, formando um padrão amendoado. Este lamito ocorre imediatamente acima de camadas de arenito médio friável atribuído a Formação Quilombinho e, lateralmente, é cortado por falha normal direção 39

54 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. NW-SE e mergulho alto de pelo menos 40 para SW a partir de onde são observados os conglomerados da Formação Quilombinho. Figura 15. Perfil geológico da sucessão vulcanoclástica e derrames basálticos da Lajinha, sobrepostos à Formação Quilombinho. Os lamitos são visivelmente diferenciados entre porção inferior e superior. Inferior: estrutura laminada, venulado e coloração arroxeada. Superior: Estrutura Maciça e colocaração esverdeada Interpretação: Estas fácies efusivas se originaram por extravasamento de magma basáltico cortando a Formação Quilombinho, resultando em elevação de poucos metros hoje erodidos e ou sobrepostos pela sucessão de camadas da Formação Quilombinho e ou Cachoeira do Bom Jardim. O basalto descrito na área de estudo é interpretado como derrame subaéreo o que deriva das estruturas de acamamento, amígdalas nos planos de acamamento, estruturas de sobrecarga e a associação inter-acamadada com os arenitos e conglomerados da Formação Quilombinho. As principais lineações norte-sul da Formação Paredão Grande na região da Raizinha podem ser interpretadas como diques. Os lamitos são interpretados como fácies vulcanoclástica muito fina por causa da intensa venulação restrita a esta fácies e minerais de epidoto e caulim. Este lamito provavelmente representa um depósito vulcanoclástico ou depósito de fluxo vulcanoclástico muito fino, talvez tufo ou ainda a porção lateral de um derrame de lava 40

55 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. (cf. Tucker, 2003). Este último muito semelhante à disposição espacial observada entre o derrame de basalto e o lamito na área de estudo. Esta estruturação se deve em função da proximidade aos derrames basálticos. O truncamento de camadas podem ser evidências de fluxos em preenchimento de vale. É possível que estes depósitos vulcanoclásticos tenham se formado em condições subaéreas dada sua alteração para epidoto e caulim (Tucker, 2003). Formação Quilombinho e Formação Cachoeira do Bom Jardim Sobre a distribuição da Formação Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim, ocorrem interdigitadas na área de estudo. A Formação Quilombinho corresponde aos conglomerados polimíticos com clastos de quartzarenitos da Formação Botucatu, clastos de silexitos da Formação Palermo, clastos de quartzitos arredondados e clastos da fácies 2 da Formação Paredão Grande muito bem arredondados a moderados. Malselecionados, os grãos dos conglomerados variam a granulometria de seixos a matacões. A associação de rochas desta unidade tem uma tendência granodecrescente, mesmo em afloramentos de pouca espessura. A Formação Quilombinho possui espessura estimada de 60 metros em superfície (pontos 211 a 213). Não são observadas estruturas deposicionais. O arcabouço dos conglomerados ocorre como aberto e fechado e matriz arenosa à argilosa (figura 16). Figura 16. Seção colunar da Formação Quilombinho na região das Parnaíbas, próximo à empresa Fluente Água Mineral (ponto 192). 1) Estratificação acamadada, 2) Estatificação maciça, 3) Camada silicificada, 4) Arenito, 5) Argilito ou matriz de textura argilo-arenosa, 6) Conglomerado Polímitico. 41

56 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. As camadas ocorrem da ordem de algumas dezenas de centímetros a alguns metros de espessura. Em alguns casos é possível verificar conglomerados cortando camadas abaixo (figura 17a e 17b) e com indicações de paleofluxo para SW. A distribuição areal da Formação Quilombinho é limitada e representada por sete porções distribuídas ao longo das principais falhas da área de estudo: a) duas porções na região imediatamente ao norte da Falha de Poxoréo; b) duas porções encerradas entre a expressão norte e a expressão sul da Falha Jaciara-Serra Grande; c) duas porções na região central da área de estudo ao norte da Falha de Jaciara-Serra Grande; d) uma porção restrita ao bloco rebaixado da falha mais setentrional do sistema de falhas das Paranaíbas. Na região de Poxoréo a Formação Quilombinho é dificultosamente identificável tanto em tratamento em imagens de satélite quanto em trabalho de campo. Em porção não muito abrangente, na região da Falha das Parnaíbas no vale do rio de mesmo nome, conglomerados da Formação Quilombinho são identificáveis em contínua faixa NE-SW ao longo de morros paralelos ao córrego ponteiro e à beira da escarpa resultante da Falha das Parnaíba. Além disso, a geometria destes corpos não se prolonga em direção a SE, formando uma continuidade de vários leques amalgamados lateralmente. Figura 17a. Conglomerado polimítico intercalado a siltito avermelhado próximo a Poxoréo. Figura 17b. Conglomerado polimítico muito alterado na região da Serra das Parnaíbas. Formação Cachoeira do Bom Jardim se caracteriza por arenitos finos a muito grossos, composição litarenítica, camadas centimétricas a métricas, eventualmente intercaladas aos conglomerados da Formação Quilombinho e que, localmente, podem formar camadas de arenitos carbonáticos a margas e calcretes. Em alguns casos podem ver-se 42

57 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. camadas de argilitos maciças ou com laminações plano paralelas precedendo estas margas como na mina da Império Minerações. Calcarenitos e calcretes também ocorrem em intercalação a arenitos, siltitos e pelitos como na Lavrinha Verde (figura 18). Figura 18. Seção Colunar da Formação Cachoeira do Bom Jardim apresentando calcretes, e arenitos calcíferos intercalados a pelitos e arenitos maciços sobrepostos no topo por conglomerado monomítico, na MT-453 próximo à Lavrinha verde (ponto 226). 1) Discordância erosiva, 2) Esturura acamadada, 3) Estrutura laminada, 4) Estrutura maciça, 5) Silicificação, 6) Arenito, 7) Pelito, 8) Siltito, 9) Calcário, 10) Conglomerado monomítico, 11) Camada calcífera. Os arenitos formam a maior expressão do Grupo Bauru na área de estudo, ocupando cerca de 90% da área mapeada como cretácea. As estruturas deposicionais identificadas incluem estratificação plano paralela, estratificação cruzada de baixo ângulo e acamamento maciço. A cor das camadas detríticas é em geral róseo, avermelhado ou amarelado e eventualmente cinza claro. Os calcários são maciços e/ou acamadados e se apresentam em cor cinza clara (figura 19a e 19b). 43

58 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Figura 19a. Camada de margas calcárias sobrepostas por calcrete e conglomerado cimentado por calcita no rio Coité. Figura 19b. Detalhe das camadas calcrete e conglomerados. Arenitos argilosos de cor cinza claro intercalados a siltitos arenosos vermelhos alaranjados, laminados ainda podem ser observados na MT-130 (~2,5 km à sul de Poxoréo) sucedendo conglomerados e arenitos da Formação Quilombinho (figura 20). Figura 20. Camadas da Formação Quilombinho levemente basculadas para N-NW (direita) à beira da MT-130 próximo a Poxoréo. 1) Contato entre a Formação Quilombinho e a Formação Aquidauana por discordância erosiva e angular. 2a) Camada de conglomerado acamadado, constituído por seixos e clastos de Formação Palermo intercalado a lentes de arenito siltoso. 2b) Arenito siltoso muito fino com estrutrura laminada plano paralela cor cinza claro intercalado a siltito arenoso com laminação plano paralela de cor vermelha a laranja. Interpretação: Os conglomerados e arenitos grossos da Formação Quilombinho ocorrem junto às morfologias de escarpas e, do ponto de vista deste trabalho, representam depósitos proximais de bordas de falha na forma de fluxos de detritos. Visão semelhante tem sido adotada em trabalhos anteriores (Gonçalves e Schneider, 1970; Weska, 2006). A Formação Cachoeira do Bom Jardim, por sua vez, representa os depósitos subsequentes à desaceleração do fluxo e passagem gradativa para um ambiente dominada por canais entrelaçados. A interpretação de fluxo de detritos e canais entrelaçados é fortalecida 44

59 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. pela presença de calcretes que são perfis de paleossolo que registram condições subaéreas na área de estudo. Os fluxos de detritos são depósitos predominantes em ambientes expostos à atuação da gravidade em condições subaéreas. Além disso, os registros da variação granulométrica em um curto espaço, de conglomerados e outros depósitos mais finos interinteracamados, junto às estratificações cruzadas de baixo ângulo levam à interpretação de porções proximais e intermediárias de leques aluviais e permite supor a desaceleração do fluxo. A Formação Cachoeira do Bom Jardim que ocupa a maior porção da área de estudo representa o depósito de canais entrelaçados confinados aos vales gerados entre as antigas escarpas onde prevaleciam os depósitos de fluxo de detritos citados anteriormente. Os litarenitos, margas e calcretes da Formação Cachoeira do Bom Jardim representam um depósito de canais entrelaçados com desenvolvimento de paleossolos e ponds subaquosos supersaturados de carbonato de cálcio. A Formação Cachoeira do Bom Jardim é então entendida como o registro de porções mais distais do sistema de leques aluviais. Embora a estrutura sedimentar dos arenitos da Formação Cachoeira do Bom Jardim se apresente muitas vezes como maciça, ocorrem também estratificações cruzadas acanaladas e tabulares, estratificação plano paralela e estratificação cruzada de baixo ângulo que reforçam a ideia de sistema de canais entrelaçados, uma vez que não são observados fácies típicas de planície de inundação como siltitos com marcas de raízes. A presença de margas é muito restrita e, por isso, interpretada como depósitos de pond salobros em que o carbonato se formava ou como matriz deposicional ou como cimento. A ideia de ponds é condizente com a sobreposição pelos depósitos de calcretes. A relativa proximidade da marga oriunda dos ponds carbonáticos em relação à escarpa de falha (em torno de 2 a 7 km) aliada à espessura variável da marga podem ter diferentes significados, podendo ainda ser interpretados como playa-lake o que implicaria em ambiente de alta salinidade e alcalinidade. Este processo de precipitação é favorecido em sistemas em que há inibição das taxas de soerguimento e movimentação de falhas e/ou clima é mais quente e com menor pluviosidade resultando em menor geração de suprimento sedimentar (Nichols, 2009). A relação entre as Formações 45

60 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim, é respectivamente uma clara interação de fácies proximais e distais (Leeder e Gawtorphe, 1987) de uma mesma unidade estratigráfica. Formação Cambambe A Formação Cambambe não foi observada nas atividades de campo e sua expressão na área de estudo é atribuída em função da interpretação dos mapas de zonas homólogas de relevo e drenagem, oriundas de imagens de LANDSAT (ou Google Earth?) e modelos digitais de terreno (SRTM). Nesta condição, a Formação Cambambe tem sua distribuição areal delimitada a cerca de 2% do que resta nesta região e devido à erosão está restrita às porções mais altas do relevo, dentro da bacia cretácea, com altitudes entre 600 e 710m. O relevo da Formação Cambambe se caracteriza por morros testemunhos com topo chato e na forma de mesas. A textura do sensor remoto neste relevo apresenta-se lisa e uniforme (figura 3). De acordo com Weska (2006) esta unidade tem como litotipos conglomerados petromíticos, brechas intraformacionais, arenitos finos, arenitos grossos, arenitos conglomeráticos e silcretes. Os detritos conglomeráticos em geral tem o arcabouço suportado por matriz e proveniência de clastos e brechas na grande maioria das unidades subjacentes da Bacia do Paraná e Formação Paredão Grande. Weska (2006) interpreta a unidade como depositada em ambiente flúvio-lacustre em clima árido sob condições evaporíticas. Kuhn (2013) descreveu a Formação Cambambe como sendo representada por arenitos finos a muito finos, maciços, com geometria tabular e clastos dispersos, bioturbado e pontualmente silicificado a muito silicificado no topo. GEOLOGIA ESTRUTURAL As imagens SRTM, LANDSAT e Google Earth permitiram traçar e interpretar lineamentos do relevo que estruturam a região (Figura 19). A análise destas feições de relevo em imagens SRTM levaram a um arcabouço prévio das estruturas muito semelhante aos já propostos (p.e., Gonçalves & Schneider, 1970; Oliva et al., 1979). Contudo, este trabalho mostra maiores detalhes, sobre as estruturas já mapeadas e as que não haviam sido abordadas anteriormente. A exemplo, são citados os lineamentos NW-SE mencionados por Coimbra (1991) e o extenso lineamento N-S (Figura 21). 46

61 Silva, D. G. Q. R. da A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. Figura 21. Lineamentos interpretados a partir de imagens SRTM, LANDSAT e Google Earth. A partir do alinhamento destes relevos obtiveram-se trends principais com direções: 40 à 90 ; 290 à 330 e 360 (Figura roseta). As maiores concentrações no trend NE-SW se concentra entre 50 e 70, enquanto NW-SE mostra uma expressão maior do trend NW-SE em torno do azimute 315. Há também consideráveis medidas apontando para os lineamentos E-W e N-S. Figura 22. Roseta de lineamentos medidos a partir dos lineamentos interpretados. 47

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