LISTA - FRANKFURT. (Marcos Nobre, Folha de São Paulo, coluna opinião. 16/12/2008).
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- Eugénio Candal Marques
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1 1. (Unesp 2014) Não somente os tipos das canções de sucesso, os astros, as novelas ressurgem ciclicamente como invariantes fixos, mas o conteúdo específico do espetáculo só varia na aparência. O fracasso temporário do herói, que ele sabe suportar como bom esportista que é; a boa palmada que a namorada recebe da mão forte do astro, são, como todos os detalhes, clichês prontos para serem empregados arbitrariamente aqui e ali e completamente definidos pela finalidade que lhes cabe no esquema. Desde o começo do filme já se sabe como ele termina, quem é recompensado, e, ao escutar a música ligeira, o ouvido treinado é perfeitamente capaz, desde os primeiros compassos, de adivinhar o desenvolvimento do tema e sente-se feliz quando ele tem lugar como previsto. O número médio de palavras é algo em que não se pode mexer. Sua produção é administrada por especialistas, e sua pequena diversidade permite reparti-las facilmente no escritório. (Theodor W. Adorno e Max Horkheimer. A indústria cultural como mistificação das massas. In: Dialética do esclarecimento, Adaptado.) O tema abordado pelo texto refere-se a) ao conteúdo intelectualmente complexo das produções culturais de massa. b) à hegemonia da cultura americana nos meios de comunicação de massa. c) ao monopólio da informação e da cultura por ministérios estatais. d) ao aspecto positivo da democratização da cultura na sociedade de consumo. e) aos procedimentos de transformação da cultura em meio de entretenimento. 2. (Unioeste 2013) Em seu artigo Max Horkheimer: teoria crítica e materialismo interdisciplinar (2011), o filósofo Luís Sérgio Repa afirma que a teoria crítica procurou reintegrar a razão pelas promessas não cumpridas pelo Iluminismo. Entre os pensadores ligados a Escola de Frankfurt, Max Horkheimer se destacou por ter sistematizado e teorizado a teoria crítica, além de ter formulado um programa de pesquisa. Entre os principais fundamentos teóricos da teoria crítica frankfurtiana, assinale a alternativa correta. a) O grande mérito da teoria crítica foi separar teoria e prática e de considerar a realidade social distante do seu devir histórico. b) A teoria crítica faz uma crítica das noções de teoria e práxis, suprimindo a separação entre o ser e o dever, tão caras ao marxismo e ao ativismo político. c) Segundo a teoria crítica de Horkheimer, o pesquisador é neutro em relação à sociedade que estuda e critica, ou seja, a teoria crítica separa o sujeito do objeto do conhecimento. d) A teoria crítica tem como principal característica não se preocupar com os problemas sociais do tempo presente e por demonstrar desinteresse pela emancipação humana diante das estruturas econômicas, políticas e culturais de seu tempo. e) A ideia de emancipação humana e de um comportamento crítico em relação à sociedade e à cultura contemporânea não é uma preocupação da teoria crítica, pois ela não anseia uma sociedade emancipada por um interesse universalista. 3. (Uffs 2011) O Capital Cultural consiste em ideias e conhecimentos que pessoas usam quando participam da vida social. Tudo, de regras de etiqueta à capacidade de falar e escrever bem, pode ser considerado capital cultural. A incorporação do capital cultural efetua-se através de ações pedagógicas. O conceito de Capital Cultural foi muito discutido no meio acadêmico por: a) Anthony Giddens. b) Herbert Marcuse. c) Juan Tedesco. d) Pierre Bourdieu. e) Theodor Adorno. 4. (Uncisal 2011) Segundo Horkheimer e Adorno, a sociedade burguesa desenvolveu um dinamismo social que obriga o indivíduo econômico a lutar implacavelmente por seus interesses de a) lucro, sem se preocupar com o bem da coletividade. b) juros, mesmo preocupando-se com o interesse geral. c) lucros, com o nítido sentimento de solidariedade orgânica. d) juros, mesmo pautado pela solidariedade mecânica. e) lucro, sem se preocupar consigo mesmo. 5. (Unicentro 2010) Com o desenvolvimento do capitalismo, também a arte passa a ser cada vez mais regida por princípios de mercado. Em um sentido bem preciso: o formato mercadoria passa a determinar a própria forma de produção da arte. A ideia fundamental é a de que há padrões, "standards" de produção da arte que têm de ser respeitados se quem produz arte quiser ter sucesso (Marcos Nobre, Folha de São Paulo, coluna opinião. 16/12/2008). Nos anos quarenta do século passado, dois filósofos e sociólogos alemães, da chamada Escola de Frankfurt, Max Horkheimer e Theodor Adorno, pensando a questão da arte e da cultura no mundo capitalista cunharam uma expressão que, desde então, passou a ser sistematicamente utilizada para designar a forma de produzir e consumir cultura nas sociedades industrializadas. Que expressão é essa? a) Cultura industrial. b) Cultura mercantilizada. c) Indústria cultural. d) Mercantilização cultural. e) Fabricação cultural.
2 6. (Uenp 2010) Ultrapassando de longe o teatro de ilusões, o filme não deixa mais à fantasia e ao pensamento dos espectadores nenhuma dimensão na qual estes possam, sem perder o fio, passear e divagar no quadro da obra fílmica permanecendo, no entanto, livres do controle de seus dados exatos, e é assim precisamente que o filme adestra o espectador entregue a ele para se identificar imediatamente com a realidade. Atualmente, a atrofia da imaginação e da espontaneidade do consumidor cultural não precisa ser reduzida a mecanismos psicológicos. Os próprios produtos [...] paralisam essas capacidade em virtude de sua própria constituição objetiva. HORKHEIMER, M., e ADORNO, T. W. Dialética do Esclarecimento: Fragmentos filosóficos. Trad. Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997, p.119. Assinale a alternativa incorreta: a) A indústria cultural impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente. b) A indústria cultural, enquanto negócio, tem que seus fins comerciais são realizados por meio de sistemática e programada exploração de bens considerados culturais. c) A indústria cultural não tem o condão de produzir necessidades no homem. d) A indústria cultural degenera a arte que a antítese da sociedade selvagem produzida pelo desenvolvimento do capitalismo. e) A indústria cultural tem como guia a racionalidade técnica esclarecida, o consumidor de cultura não precisa se dar ao trabalho de pensar, é só escolher. 7. (Uenp 2009) Leia atentamente o poema, intitulado Eu, etiqueta, de autoria de Carlos Drummond de Andrade: Meu blusão traz lembrete de bebida que jamais pus na boca, nesta vida. Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, minha gravata e cinto e escova e pente, meu copo, minha xícara, minha toalha de banho e sabonete, meu isso, meu aquilo, desde a cabeça ao bico dos sapatos, são mensagens, letras falantes, gritos visuais, ordens de uso, abuso, reincidência, costume, hábito, premência, indispensabilidade, e fazem de mim homem-anúncio itinerante, escravo da matéria anunciada. Não sou vê lá anúncio contratado. Eu é que mimosamente pago para anunciar, para vender em bares festas praias pérgulas piscinas, e bem à vista exibo esta etiqueta global no corpo que desiste de ser veste e sandália de uma essência tão viva independente, que moda ou suborno algum a compromete. Hoje sou costurado, sou tecido, sou gravado de forma universal, saio da estamparia, não de casa, da vitrina me tiram, recolocam, objeto pulsante mas objeto que se oferece como signo de outros objetos estáticos, tarifados. Por me ostentar assim, tão orgulhoso de ser não eu, mas artigo industrial. Assinale a alternativa incorreta: a) O poema faz referência direta ao conceito de cultura de massa, que segundo Adorno é uma forma de controle da consciência pelo emprego de meios como o cinema, o rádio ou a imprensa. b) De acordo com a Escola de Frankfurt o surgimento da cultura de massa, em meados do século passado, deveuse em grande parte ao desenvolvimento do projeto iluminista que desencadeou uma crise ética e epistemológica dando origem por fim a já referida cultura de massa. c) A Revolução Industrial não foi apenas um conjunto de inovações técnicas, mas uma forma de dominação e controle do tempo do trabalhador, essa dominação se dá por meio da disciplina e da indústria cultural. d) O produto da indústria cultura não pode ser considerado arte em sentido estrito, já que ela tende a padronização, a ausência de conteúdo, e o apelo ao mercado.
3 e) A cultura de massa tem o papel de difundir por meio do mercado as culturas regionais, contribuindo para a emancipação do homem. 8. (Uel 2008) A formação cultural do Brasil tem como eixo central a miscigenação. Autores, como por exemplo Gilberto Freire, destacaram que a mistura de raças/etnias europeias, africanas e indígenas configuraram nossos hábitos, valores, hierarquias, estilos de vida, manifestações artísticas, enfim, a maioria das dimensões da nossa vida social, política, econômica e cultural. Entretanto, outros pensadores consideravam-na um aspecto negativo em nossa formação e tentaram ressaltar as origens europeias de algumas regiões, como o intelectual paranaense Wilson Martins afirmou: Assim é o Paraná. Território que, do ponto de vista sociológico, acrescentou ao Brasil uma nova dimensão, a de uma civilização original construída com pedaços de todas as outras. Sem escravidão, sem negro, sem português e sem índio, dir-se-ia que a sua definição não é brasileira. Inimigo dos gestos espetaculares e das expansões temperamentais, despojado de adornos, sua história é a de uma construção modesta e sólida e tão profundamente brasileira que pôde, sem alardes, impor o predomínio de uma ideia nacional a tantas culturas antagônicas. E que pôde, sobretudo, numa experiência magnífica, harmonizá-las entre si, num exemplo de fraternidade humana a que não ascendeu à própria Europa, de onde elas provieram. Assim é o Paraná. (MARTINS, W. Um Brasil diferente: ensaio sobre fenômenos de aculturação no Paraná. 2. ed. São Paulo: T. A Queiroz, p. 446.) O preconceito em relação às origens africanas e indígenas criou uma ambiguidade no processo de autoafirmação dos indivíduos em relação às suas origens. Assinale a alternativa em que a árvore genealógica relatada por um indivíduo evidencia esse sentimento de ambiguidade em relação à formação social brasileira. a) Meu avô paterno, filho de italianos, casou-se com uma filha de índios do interior de Minas Gerais; meu avô materno, filho de português casado com uma negra, casou-se com uma filha de portugueses. Apesar de saber que sou fruto de uma mistura, dependendo do lugar em que estou, destaco uma dessas descendências: na maioria das vezes, digo que descendo de portugueses e/ou de italianos; raramente digo que descendo de negros e índios, quando o faço é porque terei alguma vantagem. b) Meu avô paterno, filho de negros, casou-se com uma filha de índios do Paraná; meu avô materno, filho de português casado com uma espanhola, casou-se com uma filha de italianos. Sempre destaco que sou brasileiro acima de tudo, pois descendo de negros, índios e europeus. Essa afirmação ajuda-me a obter vantagens em diferentes lugares, pois a identidade brasileira tem sido assumida com clareza pelo estado e pelo povo ao longo da história. c) Meus avós maternos são filhos de italianos e os avós paternos são filhos de imigrantes alemães. Eu casei com uma negra, mas meus filhos serão, predominantemente, brancos. Tenho orgulho dessa descendência que é predominante nas diferentes regiões do Brasil. Costumo destacar que o Brasil é diferente, é branco e negro e eu descendo de famílias italianas e alemãs, assim como meu filho. Esse traço cultural revela a grandeza do país e a firmeza de nossa identidade cultural. d) Meu avô paterno, filho de índios do Paraná, casou-se com uma filha de índios do Rio Grande Sul; meu avô materno, filho de negros, casou-se com uma filha de negros. Gosto de afirmar que sou brasileiro, pois índios, portugueses e negros formam nossa identidade nacional. e) Meu avô paterno, filho de poloneses, casou-se com uma filha de índios do Paraná; meu avô materno, filho de ucranianos, casou-se com uma filha de poloneses. Como sou paranaense, costumo destacar que o Paraná tem miscigenação semelhante as das outras regiões do Brasil: aqui temos índios, europeus e negros. 9. (Uel 2008) Segundo Adorno e Horkheimer, a indústria cultural pode se ufanar de ter levado a cabo com energia e de ter erigido em princípio a transferência muitas vezes desejada da arte para a esfera do consumo, de ter despido a diversão de suas ingenuidades inoportunas e de ter aperfeiçoado o feitio das mercadorias. (ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento. Tradução de Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Zahar, p. 126.) Com base nessa passagem e nos conhecimentos sobre indústria cultural em Adorno e Horkheimer, é correto afirmar: a) A indústria cultural excita nossos desejos com nomes e imagens cheios de brilho a fim de que possamos, por contraste, criticar nosso cinzento cotidiano. b) A fusão entre cultura e entretenimento é uma forma de valorizar a cultura e espiritualizar espontaneamente a diversão. c) A diversão permite aos indivíduos um momento de ruptura com as condições do trabalho sob o capitalismo tardio. d) Os consumidores têm suas necessidades produzidas, dirigidas e disciplinadas mais firmemente quanto mais se consolida a indústria cultural. e) A indústria cultural procura evitar que a arte séria seja absorvida pela arte leve. 10. (Uel 2007) Os pensadores da Escola de Frankfurt, especialmente Theodor Adorno e Max Horkheimer, são críticos da mentalidade que identifica o progresso técnicocientífico com o progresso da humanidade. Para eles, a ideologia da indústria cultural submete as artes à servidão das regras do mercado capitalista.
4 Com base nos conhecimentos sobre as críticas de Adorno e Horkheimer à Indústria Cultural, assinale a afirmativa correta: a) A indústria cultural proporcionou a democratização das artes eruditas, tornando as obras raras e caras acessíveis à maioria das pessoas. b) Sob os efeitos da massificação pela indústria e consumo culturais, as artes tendem a ganhar força simbólica e expressividade. c) A indústria cultural fomentou os aspectos críticos, inovadores e polêmicos das artes. d) O progresso técnico-científico pode ser entendido como um meio que a indústria cultural usa para formar indivíduos críticos. e) A expressão indústria cultural indica uma cultura baseada na ideia e na prática do consumo de produtos culturais fabricados em série.
5 Gabarito: Resposta da questão 1: Somente a alternativa está correta. Padronizar as produções culturais no sentido de torná-las aprazíveis e massificadas é transformar a cultura em mero entretenimento. Adorno e Horkheimer desenvolvem o termo indústria cultural para mostrar como esse processo ocorre. Resposta da questão 2: [B] Somente a alternativa [B] está correta. A teoria crítica surgiu a partir de uma releitura do marxismo. Entre os seus autores principais está Max Horkheimer, responsável por redefinir exatamente as noções de teoria e práxis. Resposta da questão 3: [D] A noção de capital cultural é utilizada por Pierre Bourdieu, importante sociólogo do século XX, para explicar a forma como os atores se inserem em um determinado campo de disputas e como negociam suas posições ao interno desse campo. Além do capital cultural, Bourdieu também utiliza as noções de capital econômico, capital escolar e capital simbólico. Resposta da questão 4: [A] A sociedade burguesa tem, como um dos seus fundamentos, a busca individualista pelo lucro. Isso está expresso somente na alternativa [A], que é a única correta. Resposta da questão 5: [C] O texto se refere à noção de indústria cultural. Esta está relacionada com a forma de se produzir e consumir os produtos culturais de forma massificada e acrítica, seguindo a lógica fetichizada do mercado. A alternativa não somente é incorreta, como também contraria todas as outras. A cultura de massa é um produto do modo de produção capitalista e contribui para a mercantilização da cultura e para a coisificação do homem. Resposta da questão 8: [A] A questão é formulada para que o aluno consiga distinguir as nuances nos cinco discursos apresentados nas alternativas a respeito da identidade étnica e nacional dos indivíduos. Este é um bom exercício sociológico. Dentre as alternativas, a única que apresenta uma certa ambiguidade é a primeira. Todas as outras denotam uma concepção definitiva de identidade nacional, manifestada nas expressões a identidade brasileira tem sido assumida com clareza, a firmeza de nossa identidade cultural, gosto de afirmar que sou brasileiro e como sou paranaense..., o que é bem diferente da fala de que apesar de saber que sou fruto de uma mistura, dependendo do lugar em que estou, destaco uma dessas descendências que é apresentado no depoimento [A]. Resposta da questão 9: [D] Na concepção destes autores da Escola de Frankfurt, a indústria cultural se relaciona com a conversão da cultura em mercadoria no sistema capitalista. Sendo assim, ela serve como um instrumento de alienação e de dominação. A única alternativa que se relaciona a esta visão é a alternativa D. Resposta da questão 10: O aluno é capaz de responder facilmente à questão se fizer uma leitura atenciosa do enunciado e das alternativas. Se Adorno e Horkheimer são críticos da indústria cultural, a alternativa correta não pode afirmar uma qualidade positiva dessa indústria. A partir disso, somente a alternativa E se mostra como correta, pois é a única que critica a indústria cultural. Resposta da questão 6: [C] A indústria cultural age produzindo necessidades nos homens, construindo, segundo a lógica de mercado, a percepção artística das pessoas, massificando a cultura e reproduzindo a lógica de dominação capitalista. Todas as alternativas estão de acordo com essa definição, com exceção da [C], a única incorreta. Resposta da questão 7:
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