Algumas referências teóricas

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1 Algumas referências teóricas de Lênin e a questão agrária no Brasil Some theoretical references lenin and the agrarian question in Brasil Resumo Neste texto propomos apresentar alguns escritos de Vladimir Ilitch Lênin de antes e durante os primeiros dias da Revolução Socialista Russa de 1917, selecionados a partir da temática agrária. Esse corte tem como objetivo compreendermos os estudos e as análises das formulações teóricas e políticas desse autor, frente ao desenvolvimento capitalista de economia mercantil e seus impactos na organização do trabalho e na vida dos camponeses, como também as primeiras propostas apresentadas para o campo e camponeses no início da construção da Rússia Soviética. Nosso objetivo de buscar em Lênin alguns referenciais teóricos a respeito da questão agrária são de contribuir nas análises e estudos sobre o tema no Brasil hoje, como também, apontar algumas reflexões aos debates e às lutas pautadas pelos movimentos sociais e sindicais, partidos políticos e intelectuais a respeito da Reforma Agrária no Brasil, no que se refere aos seus avanços e limites. Palavras-chave: Lênin, Questão Agrária, Reforma Agrária, Revolução Burguesa Marcos Cassin Universidade de São Paulo (USP), São Paulo/SP - Brasil Abstrat In this paper we propose some writings of Vladimir Ilyich Lenin before and during the early days of the Russian Socialist Revolution of 1917, selected from the agrarian issue. This section aims to understand the studies and analyzes of theoretical and political formulations of this author, facing the capitalist development of commodity economy and its impact on the organization of work and life of the peasants, as well as the first proposals presented to the countryside and peasants at the beginning of construction of Soviet Russia. We aim to seek Lenin in some theoretical references about the agrarian question are to contribute to the analysis and studies on the subject in Brazil today, but also point out some reflections to the debates and struggles guided by social and trade union movements, political parties and intellectuals about the Agrarian Reform in Brazil, with regard to his advances and limits. Keywords: ): Lenin, Agrarian Question, Agrarian Reform, Bourgeois Revolution

2 Introdução Neste texto propomos apresentar alguns escritos de Vladimir Ilitch Lênin de antes e durante os primeiros dias da Revolução Socialista Russa de 1917, selecionados a partir da temática agrária. Esse corte tem como objetivo compreendermos os estudos e as análises das formulações teóricas e políticas desse autor, frente ao desenvolvimento capitalista de economia mercantil e seus impactos na organização do trabalho e na vida dos camponeses, como também as primeiras propostas apresentadas para o campo e camponeses no início da construção da Rússia Soviética. Nosso objetivo de buscar em Lênin alguns referenciais teóricos a respeito da questão agrária são de contribuir nas análises e estudos sobre o tema no Brasil hoje, como também, apontar algumas reflexões aos debates e às lutas pautadas pelos movimentos sociais e sindicais, partidos políticos e intelectuais a respeito da Reforma Agrária no Brasil, no que se refere aos seus avanços e limites. Nesse sentido, temos claro que as contribuições de Lênin não devem ser transpostas mecanicamente, uma vez que o autor analisa as condições do desenvolvimento capitalista no campo em países específicos como Rússia e Estados Unidos num determinado desenvolvimento do capitalismo em geral. Portanto, temos compreensão das contribuições e dos limites que esses estudos possam nos ajudar na análise da realidade brasileira, que tem suas particularidades no seu processo histórico de desenvolvimento das relações capitalistas no campo, como síntese de suas contradições políticas, econômicas e sociais internas e externas, mas com certeza as referências teóricas, de Lênin, das leis gerais do desenvolvimento capitalista e, em particular no campo, pode nos ajudar a compreender a formação e consolidação da Reforma Agrária burguesa no Brasil. Lênin e a Questão Agrária Lênin desde sua juventude esteve envolvido nos embates políticos e intelectuais sobre a questão agrária da Rússia, tema de grande importância no movimento socialista, sobretudo, após a Reforma Camponesa que aboliu a servidão em 1861, da criação do Banco Camponês em 1883, do fim dos castigos corporais em 1903 e a reforma Stolypin de 1906, que permitiu que as propriedades individuais saíssem do Mir 1 e pudessem ser vendidas. Essas, como outras medidas, foram importantes na transformação da terra em mercadoria como também promoveu a desintegração do campesinato e a constituição de uma burguesia camponesa e de um proletariado camponês. Com relação à questão agrária, destacamos inicialmente três textos de Lênin, A que herança renunciamos?, escrito em 1897, O desenvolvimento do capitalismo na Rússia obra que se tornou clássica, publicada em março de 1899 e Capitalismo e agricultura nos Estados Unidos da América: Novos dados sobre as leis de desenvolvimento do capitalismo na agricultura, escrito em 1915 e publicado em Esses textos trazem uma grande contribuição para que possamos atender aos objetivos deste nosso texto, o de buscarmos identificar concepções, categorias e conceitos que se referem, sobretudo, à questão agrária e, em particular, a Reforma Agrária, que são formulados e aparecem nos debates travados por Lênin no campo intelectual e político/ideológico dentro e fora do campo marxista, que podem contribuir nas análises e estudos das atuais concepções sobre a Questão Agrária e a Reforma Agrária no Brasil. Como também nos ajudam a reconhecer as identidades e divergências dos atuais movimentos sociais e políticos que lutam pela Reforma Agrária hoje no Brasil. O primeiro texto, A que herança renunciamos?, se constitui como resposta a Mikháiloski, um populista liberal, que acusa os discípulos (seguidores de Marx e Engels) de renunciarem à herança de lutas deixada pelos 1 Comunidades aldeãs rurais que tinham controle sobre as terras comunais e poder de distribuição dessas terras para cultivo dos camponeses. 66

3 movimentos contra o Tsarismo 2 e as péssimas condições dos camponeses no início da segunda metade do século XIX, pós Reforma Camponesa de 1861 na Rússia. Lênin trava grande embate com os populistas, corrente revolucionária pequena, burguesa, muito influente nas décadas de 60 e 70 do século XIX na Rússia, que lutavam pelo fim do regime autocrático do país e pela distribuição das terras dos latifundiários aos camponeses. Segundo o autor, esta corrente defendia a possibilidade da construção do socialismo sem necessariamente passar pelo desenvolvimento capitalista, propunha o socialismo camponês que incorporasse as tradições de produção aldeã da Rússia tzarista e esta posição levou essa corrente à idealização do camponês e de sua comunidade [constitui-se como] uma das partes integrantes e necessárias do populismo (Lenine, 1982a, p.58). No texto, Lênin conceitua o populismo a partir de três traços: Por populismo entendemos um sistema de concepções, que compreende os três traços seguintes: 1) Considerar o capitalismo na Rússia como uma decadência, uma regressão [...] 2) Considerar original o regime económico russo em geral e o camponês com a sua comunidade, artel, etc., em particular. Não se considera necessário aplicar às relações económicas russas os conceitos elaborados pela ciência moderna sobre as diferentes classes sociais e os seus conflitos. O campesinato da comunidade é considerado como algo superior e melhor em comparação com o capitalismo; [...] 3) Ignorar as relações entre a intelectualidade e as instituições jurídico-políticas do país, por um lado, e os interesses materiais de determinadas classes sociais, por outro. [...] (grifos do autor) (Lenine, 1982a, p.63). 2 Nesse texto usaremos a grafia Tsarismo, Tsar, Tsarista etc. que é a utilizada nas Obras Escolhidas de V. I. Lênin da Editora Alfa-Omega. Também é exposta a corrente intitulada herança que apresentava uma concepção iluminista enquanto uma corrente intelectual e política que defendia a reforma de 1861 e a aceleração das relações capitalistas na Rússia, pois esses fenômenos políticos e econômicos levariam o país ao progresso e a sua ocidentalização. Em suas análises das concepções dessa corrente, se utiliza da obra Numa Aldeia Perdida e na Capital escrita em 1870 por Skáldine 3, quando entende que esse autor era um dos representantes desta corrente e que diferenciava-se da concepção populista a respeito da reforma camponesa. Skáldine considera a reforma sem qualquer ilusão, sem nenhuma espécie de idealização, vê nela um acordo entre duas partes os latifundiários e os camponeses que, até então, tinham usufruído a terra em comum em determinadas condições e que agora se dividiram, modificando-se com essa divisão a posição jurídica de ambas as partes. Os interesses das partes foram o factor determinante da forma dessa divisão e da extensão que cada uma delas recebeu. Esses interesses determinavam as aspirações de cada uma das partes, mas a possibilidade de uma delas participar directamente na própria reforma e na solução prática dos diversos problemas da sua realização foi, entre outras coisas, o que determinou o seu predomínio (Lenine, 1982a, p.49). Na análise da herança, os camponeses, na reforma agrária burguesa da Rússia, tiveram condições bem mais desvantajosas em relação aos camponeses nas reformas dos países ocidentais, decorrentes dos excessivos impostos, das relações monetárias que as novas relações exigiam e das condições desiguais na 3 Escritor e publicista russo que nos anos 60 foi um liberal burguês, colaborador na revista Otétchestvennie. 67

4 obtenção das condições de produção, como por exemplo: insumos, animais de tração, capacidade de compra de terras, arrendamentos de novas terras e capacidade de uso da força de trabalho familiar e assalariada. Lênin, ao relacionar a corrente populista à corrente da herança, indica a importância dos primeiros ao colocarem os problemas do capitalismo na Rússia, mas também critica ao não apontarem soluções satisfatórias, quando afirma que os populistas, em consequência do seu ponto de vista pequeno-burguês e da sua crítica sentimental do capitalismo, que numa série de importantes questões da vida social ficou atrás em comparação com os iluministas. A associação do populismo com a herança e com as tradições dos nossos iluministas mostrou-se no fim de contas um facto negativo: os novos problemas que o desenvolvimento da Rússia posterior à reforma colocou ao pensamento social russo não foram solucionados pelo populismo, que se limitou a lamentações sentimentais e reaccionárias a seu respeito, e obscureceu com o seu romantismo os velhos problemas, que já tinham sido levantados pelos iluministas, e retardou a sua completa solução (grifos do autor) (Lenine, 1982a, p.71). Ao relacionar as correntes populista e iluminista, afirma que a primeira teve como virtude identificar os problemas sociais da reforma agrária de 1861 na Rússia, mas sem propor soluções a esses, a segunda corrente, a iluminista, por ter o mérito de enxergar as novas contradições que aparecem com o desenvolvimento capitalista na Rússia, contudo, sem perceber o aprofundamento das desigualdades geradas a partir desse desenvolvimento. Lênin ao se referir aos discípulos identifica essa corrente como superação das posições das correntes acima mencionadas, afirmando que essa confia no actual desenvolvimento social, pois vê a garantia de um futuro melhor unicamente no pleno desenvolvimento destas contradições (Lennine, 1982a, p.71). Quanto ao segundo texto, O desenvolvimento do capitalismo na Rússia, Lênin faz uma análise rigorosa do desenvolvimento do capitalismo na Rússia e de seus desdobramentos na organização das novas formas de produção na agricultura e na indústria, estudo que busca compreender as transformações do modo de produção anterior, o surgimento de novas relações de produção e suas contradições típicas do capitalismo, como também, o aparecimento das classes sociais fundamentais desse modo de produção no campo e na cidade, o operariado agrícola e industrial e a burguesia também desses setores da produção. Há que se destacar, apesar de muito jovem, a capacidade que Lênin demonstra de pesquisa, método e de análise ao lidar com os dados das estatísticas e relatórios oficiais das províncias russas, competência demonstrada ao universalizar os resultados de uma experiência singular. José Paulo Neto conclui sua apresentação do livro de Lênin apontando a importância do mesmo, afirmando: A relevância do Desenvolvimento 4, nessa óptica, não se restringe à pletora de informações históricas, econômicas, sociais, culturais etc., que fornece sobre a evolução do capitalismo na Rússia; reside, precisamente, no seu caráter de exemplar reconstrução científica do movimento de uma estrutura cuja especificidade é garantida e reposta no interior mesmo das próprias categorias que a apreendem. Este o valor maior do Desenvolvimento: a efetiva comprovação de que, face à irredutível particularidade que constitui cada formação econômico-social, o método se recria no confronto com a 4 O termo Desenvolvimento se refere ao texto O desenvolvimento do capitalismo na Rússia. 68

5 empiria, cuja aparente opacidade é ultrapassada e dissolvida na captação de sua essência movente (Paulo Neto. In: Lênin, 1982, p.xxi). Importante destacar que nesse texto já aparece a afirmação de que o desenvolvimento capitalista no campo se dá pelo aumento da intensidade da exploração da terra, com a produção e uso de meios de produção e de insumos e do uso do trabalho assalariado, mesmo que a experiência russa se dê pela concentração da terra, não é a extensão das propriedades que determinam o caráter capitalista da produção. Como, no mesmo texto, o autor defende que o desenvolvimento do capitalismo, enquanto sociedade de mercado, se dá na substituição de um mercado de produtos pelo mercado da força de trabalho, segundo Lênin: O mercado interno aparece quando aparece a economia mercantil: ele é criado pelo desenvolvimento dessa economia e é o grau de fragmentação da divisão social do trabalho que determina o nível desse desenvolvimento. O mercado interno se amplia quando a economia mercantil passa dos produtos à força de trabalho, e apenas na medida em que esta última se converte em mercadoria o capitalismo cobre toda a produção do país, desenvolvendo- -se graças sobretudo à produção de meios de produção que ocupam um lugar cada vez mais importante na sociedade capitalista. O mercado interno para o capitalismo é criado pelo próprio capitalismo em desenvolvimento que aprofunda a divisão social do trabalho e decompõe os produtores diretos em capitalistas e operários (Lênin, 1982, p.33). Há que se destacar a compreensão do autor, nesse texto, no processo de constituição do mercado interno de meios de produção e mão de obra a partir da introdução da maquinaria na produção industrial como também agrícola. É interessante a reflexão que Lênin já faz, no final do século XIX, do processo de aparecimento do trabalho assalariado com o uso das máquinas e como o desenvolvimento das máquinas, num segundo momento, substitui o trabalhador. Sabemos já que a introdução de máquinas conduz à substituição do sistema de pagamento em trabalho pelo trabalho assalariado livre e à formação de estabelecimentos camponeses que empregam mão- -de-obra assalariada. O emprego maciço de máquinas na agricultura implica a existência de um contingente de assalariados agrícolas. Nas regiões em que o capitalismo agrícola é mais desenvolvido, esse processo de introdução do trabalho assalariado, paralelamente à introdução de máquinas, cruza-se com outro processo, ou seja, com a substituição dos operários assalariados pela máquina. De um lado, a formação de uma burguesia camponesa e a passagem dos proprietários fundiários do sistema de pagamento em trabalho ao capitalismo criam uma demanda de operários assalariados. De outro lado onde a atividade econômica já se baseia há muito tempo no trabalho assalariado, a máquina substitui os operários (Lênin,1982, p.149). Não é intensão deste nosso texto fazer análise dessa obra clássica e tão importante de Lênin, mas apenas identificar alguns elementos que nos ajudem a compreender no Brasil, o seu processo de desenvolvimento capitalista no campo, seus desdobramentos na distribuição desigual de terras, na constituição de novas classes sociais e no novo quadro de forças políticas que atuam no campo. Assim, não podemos deixar de apresentar um extrato do 69

6 prefácio à segunda edição escrito em julho de 1907, no final da revolução russa de , em que Lênin destaca a complexidade das novas classes sociais e frações de classe que se apresentaram na revolução com interesses políticos, econômicos e sociais particulares. A revolução está trazendo cada vez mais à luz a dualidade do campesinato, evidente quer do ponto de vista da sua situação, quer do ponto de vista do seu papel. De um lado, os imensos remanescentes da economia baseada na corvéia e toda sorte de resíduos da servidão diante de uma pauperização inédita e da ruina dos camponeses pobres explicam plenamente as raízes profundas do movimento revolucionário camponês, do espírito revolucionário do campesinato enquanto massa. De outro, a estrutura internamente contraditória de classe dessa massa, seu caráter pequeno-burguês, o antagonismo interno entre as tendências proprietárias e proletárias manifestaram-se claramente no processo revolucionário, na natureza dos diferentes partidos e nas numerosas correntes políticas e ideológicas. As vacilações do pequeno proprietário arruinado, vacilando entre a burguesia contra-revolucionária e o proletariado revolucionário, são tão inevitáveis como este outro fenômeno que se observa em toda a sociedade capitalista: uma insignificante minoria de pequenos produtores se enriquece, sobe na vida e se aburguesa, enquanto a imensa maioria se arruína completamente, transformando-se em trabalhadores assalariados ou paupérrimos ou vivem eternamente no limite da condição proletária (Lênin, 1982, p.9-10) O terceiro texto, Capitalismo e agricultura nos Estados Unidos da América, escrito em 1915 e publicado em 1917, é resultado da análise que o autor faz dos dados extraídos das estatísticas oficiais dos Estados Unidos da América do Norte; trata-se, em primeiro lugar, dos tornos cinco do 12º e 13º recenseamentos de 1900 e 1910; e, em segundo lugar, do Resumo Estatístico (Statistical Abstract aí Uniteds States) de 1911 (Lênin, 1980, p.14). Para poder melhor viabilizar seus estudos, dada a diversidade das condições de exploração do imenso território norte-americano, Lênin dividiu o país em três grandes regiões para sua análise, o oeste em processo de colonização, o norte industrial e o antigo sul escravista. Como já afirmado acima, não pretendemos fazer análises criteriosas de nenhum texto específico, portanto nesse texto de 1917, também apenas levantaremos alguns aspectos que nos interessa para nossos objetivos. Nesse sentido, um dos primeiros aspectos a ser levantado é a análise que realiza da reforma agrária burguesa nos Estados Unidos da América, com a intensificação de inversão de capital em máquinas, insumos etc. e na força de trabalho assalariada entre os anos de 1900 e Essas características da Reforma Agrária burguesa já haviam sido analisadas no caso da Rússia, mas o processo de reforma nos EUA, diferentemente da Rússia, resultou em uma política fundiária de intensificação das relações capitalistas em pequenas e médias propriedades e do desmembramento dos antigos latifúndios escravistas do sul. Nesse texto, Lênin chama a atenção para a distinção entre pequena produção e grande produção e sua relação com a dimensão das propriedades, ou seja, para ele a definição de grande produção se caracteriza pela intensificação do processo de produção e a utilização de trabalho assalariado. Quando se fala da pequena agricultura, pensa-se sempre naquela que não repousa no trabalho assalariado. Ora, a passagem à exploração 70

7 de trabalhadores assalariados está condicionada não apenas pela extensão da unidade agrícola, conservando-se a sua antiga base técnica (o que só ocorre numa economia extensiva, primitiva), mas também pelo aperfeiçoamento e modernização da técnica, pela aplicação numa mesma superfície de terreno de um capital suplementar sob a forma, por exemplo, de novas máquinas ou de adubos artificiais, ou aumento e melhoria do gado, etc. O agrupamento segundo o valor dos produtos da farm reúne as explorações que se caracterizam, realmente, por um volume idêntico de produção, independente da quantidade de terra que possuam. Uma exploração altamente intensiva numa pequena parcela entra, neste caso, no mesmo grupo que uma exploração relativamente extensiva de uma grande superfície; e estas duas explorações serão de fato grandes, tanto pelo volume da produção, quanto pelo nível de emprego do trabalho assalariado (Lênin, 1980, p.45). Ainda sobre a questão da produção e a dimensão das propriedades, Lênin verifica que nos EUA as relações capitalistas de produção no campo se deram com uma diminuição das unidades produtivas. A eliminação da pequena produção pela grande consiste na eliminação das farms maiores quanto à superfície, mas menos produtivas, menos intensivas e menos capitalistas, pelas farms menores quanto à superfície, mas mais produtivas, mais intensivas e mais capitalistas (Lênin, 1980, p.49). Logo, nos Estados Unidos da América as relações capitalistas se diferenciaram da experiência da Reforma Agrária Russa, que a partir da lei de 1861 que estabeleceu o fim da servidão naquele país, as relações capitalistas de produção foram implementadas lentamente e com um processo de concentração de terras através da eliminação das terras comunais dos camponeses e das pequenas propriedades. Outros textos de Lênin também devem ser considerados sobre a questão agrária, como Um passo em frente, dois passos atrás, escrito em 1904, referindo-se às disputas dos vários grupos no interior do segundo congresso do Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR) e, entre os vários debates, a proposta do Programa Agrário feita pelos Iskristas 5 tomou grande parte do tempo do congresso. Apesar do texto se restringir às polêmicas e apresentar muito pouco o conteúdo do programa, consideramos o debate entre Mákhov e Plekhánov emblemático, pois: O ponto de vista do marxismo vulgar sobre a questão agrária na Rússia teve a sua expressão culminante nas últimas palavras do discurso do camarada Mákhov no qual este fiel defensor da velha redação do Iskra expôs os seus princípios. Por alguma razão as suas palavras foram recebidas com aplausos... irónicos, é verdade. Não sei verdadeiramente ao que se possa chamar uma desgraça disse o camarada Mákhov, indignado com a observação de Plekhánov de que o movimento a favor da partilha negra 6 não nos assustava de modo nenhum, e que não seríamos nós a entravar esse movimento progressivo (progressivo burguês) (Lenine, 1982b, p.240). 5 Grupo da redação do jornal Iskra (A Faísca), liderado por Lênin. 6 Palavra de ordem popular no interior do campesinato da Rússia tsarista, que exprimia o desejo dos camponeses à partilha total da terra. 71

8 A citação acima nos aponta para uma das problemáticas fundamentais do texto O Programa Agrário da Social Democracia na Primeira Revolução Russa de , escrito por Lênin no final de 1907, ou seja, a definição dos aliados e dos inimigos da Revolução e qual a proposta do POSDR para a reforma agrária, mesmo que essa seja de caráter burguês. E é nesse texto, que encontramos de forma mais sistematizada as propostas e possibilidades de Reforma Agrária na Revolução Burguesa na Rússia. Referindo-se ao desenvolvimento agrário, Lênin afirma que só há um caminho para esse desenvolvimento capitalista e de economia de mercado, mas apesar desse único caminho, são possíveis duas formas diferentes desse desenvolvimento 7 : [...] as formas desse desenvolvimento podem ser duas. Os restos do feudalismo podem desaparecer, quer mediante a transformação dos domínios dos latifundiários quer mediante a destruição dos latifúndios feudais, isto é, por meio da reforma ou por meio da revolução. O desenvolvimento burguês pode verificar-se tendo à frente as grandes propriedades dos latifundiários, que paulatinamente se tornarão cada vez mais burguesa, que paulatinamente substituirão os métodos feudais de exploração pelos métodos burgueses; e pode verificar-se também, tendo à frente as pequenas explorações camponesas, que, por via revolucionária, extirparão do organismo social a excrescência dos latifúndios feudais e, sem eles, desenvolver-se-ão livremente pelo caminho da agricultura capitalista dos granjeiros. 7 Essa tese também aparece no Prefácio à segunda edição do livro O desenvolvimento do capitalismo na Rússia escrito por Lênin em Ainda sobre essa edição cabe destacar a importância que dá às divergências com os populistas, substituindo o título do primeiro capítulo de Referências à Teoria para Os erros Teóricos dos Economistas Populistas. A estes dois caminhos do desenvolvimento burguês, objetivamente possíveis, chamaríamos de caminho tipicamente prussiano e caminho do tipo norte-americano (Lênin, 2002, p.28-29). É necessário destacarmos que este texto foi escrito depois de O desenvolvimento do capitalismo na Rússia de 1899, e antes de Capitalismo e agricultura nos Estados Unidos da América de 1917, demonstrando uma linha conceitual muito coerente em suas pesquisas, análises e estudos sobre o desenvolvimento capitalista em geral e em especial na agricultura, como também ao tratar da Reforma Agrária nos países capitalistas. Julgamos esse texto importante para compreendermos as concepções e teorias que hoje orientam os lutadores pela Reforma Agrária, ou Revolução Agrária 8, no Brasil. Ao mesmo tempo, essas leituras nos possibilitam distinguir as concepções e orientações no quadro político reacionário, reformista e revolucionário no que se refere ao capitalismo e sua superação na perspectiva socialista. Com relação ao Programa agrário do POSDR, assegura que: O atual programa do Partido Social Democrata, aprovado no Congresso de Estocolmo, dá um grande passo adiante, relativamente ao programa precedente, numa importante questão. A saber: ao endossar o confisco das terras dos latifundiários, o Partido Social Democrata enveredou, pois, de maneira decidida, pelo caminho do reconhecimento da revolução agrária camponesa. As palavras do programa: apoian- 8 É importante destacarmos a distinção que Lênin faz de Reforma e Revolução Agrária, mantendo os dois conceitos a partir dos interesses da revolução burguesa com diferentes formas de distribuição das terras, ou seja, o termo Reforma vinculado à proposta chamada de Prussiana de desenvolvimento agrário burguês e o termo Revolução vinculado à proposta, chamada por Lênin, de norte americana de desenvolvimento agrário burguês. 72

9 do a ação revolucionária dos camponeses até chegar ao confisco das terras dos latifundiários (Lênin, 2002, p.48). Lênin afirma que a posição dos sociais- -democratas frente à Revolução Russa deve ser em defesa da forma norte-americana no caminho do desenvolvimento agrário, esta é a mais democrática, do ponto de vista burguês. Na discussão da participação dos sociais- -democratas na Revolução, também defende a estatização das terras, sendo esta proposta importante à própria burguesia que não precisaria dispor de capital para a compra de terras, direcionando todo seu capital para a produção. A defesa da estatização das terras e sua distribuição aos camponeses na Revolução Russa defendida no texto de 1907, acima citado, também aparece dez anos depois na Resolução Sobre a Questão Agrária da VII Conferência (de abril) de toda a Rússia do POSDR, portanto, após a Revolução Russa de fevereiro e durante o governo provisório. Nesse texto de 1917, volta a afirmar a estatização (nacionalização) das terras como uma medida burguesa que: significa a liberdade da luta de classe e a liberdade do usufruto da terra, no grau mais elevado possível e concebível na sociedade capitalista, de todos os apêndices não burgueses. Além disso, a nacionalização da terra, como abolição da propriedade privada sobre a terra, representaria na prática um golpe tão poderoso na propriedade de todos os meios de produção em geral que o partido do proletariado deve prestar todo o seu concurso a essa transformação (Lenine, 1982g, 86). Já no fim de setembro de 1917, às portas da Revolução Socialista de outubro na Rússia, Lênin escreve o posfácio para edição do livro O programa agrário da social democracia na primeira Revolução Russa de , reafirmando que a estatização da terra não é só a última palavra da revolução burguesa, mas também um passo no sentido do socialismo (Idem, 2002, p.229). No dia do assalto ao poder da Revolução Socialista Russa, 25 de outubro de , Lênin se refere às questões agrárias no Segundo Congresso dos Sovietes de Deputados Operários e Soldados de Toda a Rússia, realizado entre os dias 25 e 26 de outubro de , reafirmando a estatização de todas as terras e sua entrega aos comitês camponeses. No segundo dia do congresso, apresenta o Relatório sobre a Terra e o Decreto sobre a Terra. Com relação ao primeiro, Lênin afirma: Consideramos que a revolução provou e mostrou como é importante que a questão da terra seja colocada com clareza. O desencadeamento da insurreição armada, da segunda revolução, a de Outubro, prova claramente que a terra deve ser entregue nas mãos dos camponeses [...] O governo da revolução operária e camponesa deve resolver, em primeiro lugar, a questão da terra questão que pode acalmar e satisfazer as imensas massas de camponeses pobres (Lenine, 1982e, p.403). Quanto ao Decreto sobre a Terra, aponta cinco itens: 1. A propriedade latifundiária da terra é abolida imediatamente sem qualquer indenização. 2. As propriedades dos latifundiários, bem como todas as terras de apaná- 9 A data se refere ao calendário Juliano, usado na Rússia revolucionária. O calendário Juliano é 13 dias defasado do calendário Gregoriano. Portanto, no calendário Gregoriano, o que usamos atualmente, a tomada do poder pelos bolcheviques corresponde a 07 de novembro de Neste congresso foi deliberado a formação de um governo provisório operário camponês que foi denominado Conselho de Comissários do Povo, Lênin foi eleito Presidente desse conselho. 73

10 gio, dos mosteiros e da Igreja, com todo o seu gado e alfaias, edifícios e todas as dependências, passam a ficar à disposição dos comités agrários de vólost e dos Sovietes de deputados camponeses de uesd até à Assembleia Constituinte. 3. Qualquer estrago dos bens confiscados, que doravante pertencem a todo o povo, é declarado crime grave, punível pelo tribunal revolucionário [...]. 4. Para dirigir a realização das grandes transformações agrárias, até à sua resolução definitiva pela Assembleia Constituinte 11, deve servir em toda a parte o seguinte mandato camponês, elaborado pela Redacção do Izvéstia Vserossíiskogo Soveta Krestiánskikh Deputátov 12, na base dos 242 mandatos camponeses locais, e publicado no número 88 deste Izvéstia (Petrogrado, nº88, 19 de Agosto de 1917). 5. Não se confiscam as terras dos simples camponeses e dos simples cossacos (grifos do autor) (Lenine, 1982e, p ). Ainda nos primeiros dias da revolução Lênin, como Presidente do Conselho de Comissários do Povo, em 05 de novembro de 1917, respondendo às incertezas dos camponeses em relação à terra apela para que os camponeses tomem eles próprios todo o poder local em suas mãos (Lenine, 1982d, p.417) e anuncia que os operários apoiarão os camponeses plena, totalmente e por todos os meios, organizarão a produção de máquinas e instrumentos, [e os operários] pedem aos camponeses ajuda por meio do envio de cereais (Lenine, 1982d, p.417). 11 Sobre a polêmica da Assembleia Constituinte e sua incompatibilidade com o Poder Soviético e a necessidade de sua dissolução, ver os textos de Lênin Teses sobre a Assembleia Constituinte e Projecto de decreto sobre a dissolução da Assembleia Constituinte ambos In: Obras Escolhidas. 2ª edição. São Paulo, Editora Alfa-Omega, 1982, v.2 12 Notícias dos Sovietes de Deputados Camponeses de Toda a Rússia. Algumas considerações a partir de Lênin sobre a questão agrária no Brasil O processo de trabalho no meio rural brasileiro deve ser entendido de forma integrada ao desenvolvimento do capitalismo e como síntese de seu processo histórico, além de compreender a introdução das relações capitalistas, a industrialização e a nova divisão do trabalho do campo de forma combinada e desigual nas diferentes regiões. Percebemos então que as novas e velhas relações de trabalho do campo estão sempre subordinadas às relações de produção capitalista, ou seja, ao capital. No país encontramos diversas formas de organização e de relações de trabalho no meio rural, desde os grandes proprietários de terras que compram a força de trabalho dos não proprietários, os operários rurais, médios e pequenos proprietários, assentados rurais, passando ainda pelos meeiros, parceiros, até pequenos proprietários que compram força de trabalho nos períodos de safra e vendem a sua própria nos períodos de entressafra. Diante desta multiplicidade de relações, devemos procurar entendê-las em sua singularidade e universalidade, pois se trata de uma realidade determinada historicamente pelas relações locais, porém, estas, subordinadas sempre aos interesses gerais do capital. A composição desigual na ocupação da terra, nas relações de trabalho, na propriedade e na distribuição e comercialização dos produtos, também se manifesta na incorporação de novas tecnologias e formas de organização do trabalho. Essa incorporação não se dá de forma homogênea, mas diversificada e, ao mesmo tempo, integrada às determinadas necessidades e interesses. Partimos da tese de que o Brasil já fez sua Reforma Agrária de caráter burguês, de tipo prussiana. Nesse sentido, apontamos para a questão do desenvolvimento capitalista no Brasil a partir da Revolução de , 13 Neste momento não vamos entrar no debate sobre a Revolução Política Burguesa no Brasil e a tese defendida por Décio Saes em seu livro A formação do Estado Burguês no Brasil ( ). 74

11 que traz no seu bojo mudanças das relações capitalistas no campo, não com a rapidez das urbanas industriais, mas lentas e graduais e que se aceleraram e consolidaram as relações capitalistas no campo no regime civil-militar de Importante destacarmos que foi no regime civil-militar que o Estatuto da Terra foi promulgado, novembro de 1964, com o objetivo de acabar com o latifúndio e minifúndio, transformando as propriedades em empresas rurais e da necessidade de Desenvolvimento Agrícola e da Reforma Agrária. Para alguns autores, o regime civil-militar abriu mão da segunda em detrimento da primeira, ou seja, tivemos um desenvolvimento agrícola sem a correspondente mudança na estrutura fundiária. Parece-nos que essas análises tomam a distribuição de terras como princípio da Reforma Agrária burguesa, diferentemente das referências teóricas de Lênin em que o princípio da Reforma Agrária de caráter burguês são as mudanças das relações de produção no campo com o aparecimento, desenvolvimento e a predominância do assalariamento dos trabalhadores, o indicador essencial do capitalismo na agricultura é o trabalho assalariado (Lênin, 1980, p.63). Ao defendermos, pois que o regime civil-militar acelerou e consolidou a Reforma Agrária no Brasil, apesar de manter a estrutura fundiária, aprofundou as relações de produção capitalista no campo, tendo o assalariamento como seu fundamento e apesar da regulamentação do Estatuto do Trabalhador Rural Brasil ter sido em março de 1963, o regime civil-militar só vai revogar em julho de 1973, pela lei nº 5889, que Estatui normas reguladoras do trabalho rural, com uma nova redação, mas mantendo os princípios da lei anterior. O processo de consolidação da Revolução Burguesa no Brasil a partir da Reforma Agrária promovida pelo regime civil-militar, como exposto acima, se moderniza com o processo de reestruturação produtiva no campo a partir dos anos Esse processo de reestruturação significou uma maior intensificação de tecnologia no processo de mecanização iniciado com o regime civil/militar, como também automação e informatização, o uso da química e da biologia na produção de insumos e controle da produção desde seu planejamento inicial até a distribuição dos produtos, principalmente para atender as exigências de qualidade do mercado externo. Essas novas exigências na produção agrária impõe um montante de capital necessário que leva a burguesia monopolista nacional a se associar ao capital transnacional ou mesmo abrindo setores no campo para as empresas transnacionais se consolidarem no sistema produtivo agrário. Esse movimento de grandes capitais nacionais e internacionais faz com que a produção do campo se organize num sistema hegemonizado a partir dos interesses desses mesmos capitais, o que se expressa no chamado agronegócio. O agronegócio se constituiu no setor em que o capital se expande mais rápido, passando a ser um importante setor produtivo na economia nacional. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2011, o PIB nacional foi de R$ 4,1 trilhões, sendo o agronegócio responsável por R$ 917 bilhões ou 22,3% na geração de riquezas do país (Moraes, sd). Ele também se caracterizou como a principal força política do capital no campo através da fundação da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) em 1993, tendo hoje como seu núcleo central empresas transnacionais como Bunge, Monsanto, Sadia, Abracem, Agroceres. Deste modo, é o agronegócio que se constitui como o centro do novo mundo rural no Brasil, articulado com pequenas e médias propriedades que abastecem suas agroindústrias de matérias primas como também são responsáveis pelo abastecimento de alimentos do mercado interno do país. Isso faz com que o agronegócio se dedique à produção de exportação, mais lucrativa e com as melhores terras. A importância das pequenas e médias propriedades, também chamadas de agricultura familiar, produtora de mercadoria, na 75

12 conformação do rural brasileiro no século XXI pode ser ilustrado na passagem da tese de doutoramento de Frederico Daia Firmiano: Importante dizer que, no mesmo ano de 1999, veio a público um documento do então Ministério da Política Fundiária e do Desenvolvimento Agrário (que, em 2001, passou a ser o Ministério do Desenvolvimento Agrário MDA) intitulado Agricultura familiar, reforma agrária e desenvolvimento local para um novo mundo rural. Política de desenvolvimento rural com base na expansão da agricultura familiar e sua inserção no mercado. O documento produto do receituário do Banco Mundial (BM) ficou conhecido como Novo Mundo Rural e incorporava a nascente categoria da agricultura familiar ao desenvolvimento rural baseado na expansão do mercado interno. (2014, p.45) Outro elemento importante desse Novo Mundo Rural Brasileiro que aparece no final do regime civil-militar e início da nova república são os Assentamentos Rurais da Reforma Agrária. A opção do regime militar pela manutenção das grandes propriedades, de desenvolvimento tecnológico e novas formas de organização do trabalho levou grandes contingentes de trabalhadores a ficarem sem terras para trabalhar e à não ocupação nos postos de trabalho assalariado. Essas demandas por trabalho e terra vão aparecer nas pautas de lutas dos trabalhadores no final da década de 70 e início de 80 do século XX. A pressão dos trabalhadores e a agonia do regime militar levaram os últimos governos militares e os governos civis, pós-governo de exceção, a optarem pela formação de assentamentos rurais apenas como forma de resolver pontos de conflitos no campo e não como uma nova política de distribuição de terras no país. Então, no que se refere à questão da Reforma Agrária do Brasil, os governos que se sucederam até hoje reafirmam a política de Reforma Agrária do regime civil-militar, ou seja, manutenção do monopólio da terra nas mãos de poucos proprietários e a formação de assentamentos rurais, para além de resolver conflitos pontuais, também contribuir na produção de alimentos e se constituírem como locais de reserva de força de trabalho assalariada para os trabalhos sazonais do campo e do trabalho precarizado nas cidades e no campo. Todo esse processo também é sinuoso, vulnerável a determinadas conjunturas políticas, sociais, econômicas como contraditório. Ao mesmo tempo em que os assentamentos da Reforma Agrária não alteram a estrutura fundiária do país, eles são resultado da luta dos trabalhadores que ao serem assentados levam suas experiências de vida, luta e organização política, social e de trabalho. Também há que se ressaltar que os assentamentos não se constituem apenas em espaços de trabalhos, eles também são espaços políticos, sociais, educacionais, religiosos, de lazeres etc., ou seja, é um espaço onde se materializam todas as relações sociais numa comunidade marcada pelas desigualdades e experiências de lutas. Certos de que essas são algumas possibilidades de análises e pesquisas da Questão Fundiária e da Reforma Agrária no Brasil, acreditamos que os escritos de Lênin e outros clássicos do marxismo, podem nos ajudar a desvelar a complexidade em que se constituiu esse universo rural brasileiro. 76

13 Referências CASSIN, M.; GOLDSCMIDT; M. H.; CHAVES, R. J. Lênin e a questão agrária na Rússia no final do século XIX e início do século XX. In: VII Colóquio Internacional Marx e Engels. Campinas Anais: CEMARX VII Colóquio Internacional Marx e Engels. Anais. Vol.1, Nº1, ISSN FIRMIANO, Frederico Daia. O padrão de desenvolvimento dos agronegócios no Brasil e a atualidade histórica da reforma agrária Tese (Doutorado em Ciências Sociais) Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Ciências e Letras UNESP. Araraquara-SP. KAUTSKY, Karl. A Questão Agrária. 3ª edição. São Paulo, Proposta Editorial, LEI Nº 4.214/1963 (Estatuto do Trabalhador Rural). Disponível em:< gov.br/sislex/paginas/42/1963/4214.htm>. Acesso em : 15 dez LEI Nº 4.504/1964 (Estatuto da Terra) Acesso em : 15 dez LEI Nº 8.629/1993 (Regulamentação dos dispositivos da CF relativos à reforma agrária). Disponível em: < Acesso em : 15 dez Lei Nº 5889 (Estatui normas reguladoras do trabalho rural. Acesso em: 18 dez LÊNIN, Vladimir Ilich. Capitalismo e agricultura nos Estados Unidos: novos dados sobre as leis de desenvolvimento do capitalismo na agricultura. São Paulo: Editora Brasil Debates, (Coleção Alicerces). LÊNIN, Vladimir Ilitch. O desenvolvimento do capitalismo na Rússia. São Paulo, Abril Cultural, (Os economistas). LÊNIN, Vladimir Ilitch. O programa agrário da social democracia na primeira Revolução Russa de Goiânia: Alternativa, LENINE, Vladimir Ilitch. A que herança renunciamos?. In: Obras Escolhidas. 2. ed. São Paulo, Editora Alfa-Omega, 1982a, v.1. LENINE, Vladimir Ilitch. Um passo em frente, dois passos atrás. In: Obras Escolhidas. 2. ed. São Paulo: Editora Alfa-Omega, 1982b, v.1. LENINE, Vladimir Ilitch. Projecto de decreto sobre a dissolução da Assembleia Constituinte. In: Obras Escolhida. 2ª edição. São Paulo, Editora Alfa-Omega, 1982c, v.2. LENINE, Vladimir Ilitch. Resposta às perguntas dos camponeses. In: Obras Escolhidas. 2. ed. São Paulo: Editora Alfa-Omega, 1982d, v.2. LENINE, Vladimir Ilitch. Segundo Congresso dos Sovietes de Deputados Operários e Soldados de Toda a Rússia. In: Obras Escolhidas. 2. ed. São Paulo: Editora Alfa-Omega, 1982e, v.2. LENINE, Vladimir Ilitch. Teses sobre a Assembleia Constituinte. In: Obras Escolhidas. 2. ed. São Paulo: Editora Alfa-Omega, 1982f, v.2. LENINE, Vladimir Ilitch. VII Conferência (de abril) de toda a Rússia do POSDR (b). In: Obras Escolhidas. 2. ed. São Paulo: Editora Alfa-Omega, 1982g, v.2. 77

14 MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, sd, L.3, v. 6. MORAES, Tatiana. Agronegócio responde por um quarto do PIB nacional. In: Acesso 09/04/2014. SAES, Décio. A Formação do Estado Burguês no Brasil: ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, SILVIA, Ligia Maria Osório. Lenin: a questão agrária na Rússia. Crítica Marxista. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, n.35, 2012, p Submetido em: Aceito em:

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