EXPERIMENTO INTERDISCIPLINAR DE ADAPTAÇÃO DO PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS AO MEIO LÍQUIDO
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- Moisés de Escobar Rijo
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1 EXPERIMENTO INTERDISCIPLINAR DE ADAPTAÇÃO DO PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS AO MEIO LÍQUIDO GNOCCATO, Moacir LOPES, Liciane Stroda PALMA, Silvio Retamoso SILVA, Sandra Suzana Maximowitz Universidade Federal de Santa Maria RESUMO Desenvolveu-se nas Piscinas Térmicas do Centro de Educação Física e Desportos da UFSM, um projeto envolvendo acadêmicos e profissionais dos cursos de Educação Física, Educação Especial, Fisioterapia, Informática, Medicina e Odontologia visando proporcionar ao portador de necessidades especiais uma adaptação ao meio líquido, possibilitando o relaxamento muscular, a facilitação de movimentos voluntários, aumento da autoconfiança e favorecimento da aprendizagem, através de jogos e atividades lúdicas. Além de estimular uma socialização por intermédio do contato com outros integrantes. Este trabalho é desenvolvido aos sábados pela manhã por um período de 45 minutos; tendo por população alvo portadores de necessidades especiais provenientes de Faxinal do Soturno, Formigueiro, Ivorá, Restinga Seca, São Sepé e São Pedro; o atendimento é individual. A avaliação é feita atravésde pareceres descritivos, após as discussões dos casos pela equipe interdisciplinar, em reuniões quinzenais. Observou-se no decorrerdeste projeto, que a água produz melhora da amplitude de movimentos (menor tônus), alongamento e fortalecimento da musculatura (maior metabolismo geral), enfim que os objetivos propostos estão sendo atingidos, dentro das potencialidades em desenvolvimento apresentadas individualmente pelas crianças.
2 Vivemos em uma sociedade discriminatória, na qual os que não se enquadram dentro de padrões pré-estabelecidos e considerados normais são, na maioria das vezes, deixados de lado, por uma inadequação dessa mesma sociedade em recebê-los, em possibilitar-lhes a integração. Diante disso, compreende-se a relevância da criação de métodos que auxiliem o portador com necessidades especiais a superar, ao menos em parte, as limitações impostas por sua condição de portador de uma deficiência e aprimorar as suas qualidades eficientes, permitindo-lhe assim um desenvolvimento amplo e saudável. É importante salientar que, muito embora as crianças possam ter níveis de desenvolvimentos diferentes, todas elas precisam igualmente de desenvolver sentimentos de auto-estima, de se socializar, de confiar nos outros e em si mesmas e desenvolver suas habilidades físicas e motoras. Mesmo que seus problemas não possam ser resolvidos em sua plenitude, ainda assim devemos auxiliá-los a buscar o sentido de realização de suas capacidades. Neste processo a atividade aquática é um grande aliado, tanto da criança portadora de necessidade especial como dos educadores. Para melhor compreendermos o universo líquido e as infinitas possibilidades que ele produz, cabe aqui salientar que a água não serve somente como elemento de desenvolvimento de aptidões competitivas. Segundo DIECKERT apud BURKHARDT, nadar é: a múltipla relação, pura e simples, com a água e o próprio corpo. Deve-se entender a natação como um processo de educação integral. Partindo deste pressuposto podemos vislumbrar uma nova concepção do meio líquido, quando utilizado terapeuticamente traz resultados positivos tanto a nível psíquico quanto do desenvolvimento motor humano. Os valores terapêuticos e educativos da natação vêm sendo enfatizados a muitos séculos pois a utilização de atividades aquáticas foi muito difundida na antiga Roma. Também, o médico Jacques Delpech em ( ) descreveu os efeitos benéficos da água para os problemas posturais. No final do século passado, vários autores colocaram a importância do exercício físico dentro do meio líquido. Dentre estes autores podemos destacar LOUMAN (1924), pioneiro neste trabalho.
3 Considera-se então, que o valor terapêutico da água não se limita as problemáticas físicas, mas também aos processos exploratórios das reações com o meio líquido, que podem ser desenvolvidos por meio da natação. Partindo destas colocações, o que a natação se propõe é romper barreiras, é modificar os estigmas e a condição do portador com necessidades especiais. Quando o medo é eliminado o indivíduo se auto-afirma, desenvolve capacidades que pouco a pouco superam as dificuldades físicas ou intelectuais. A natação oferece aos portadores com deficiência, a possibilidade do movimento, além da sensação de liberdade que pode-se observar na interrelação do corpo com o meio líquido. Os efeitos terapêuticos da natação, se dão de várias formas e se estendem desde o processo de adaptação até a independência interativa conveniente ao desenvolvimento da psicomotricidade do indivíduo portador de deficiência. O meio líquido, pode agir diretamente sobre os indivíduos com efeito estimulatório ou de relaxamento, oferecendo-lhes um meio extremamente beneficiador das técnicas terapêuticas adotadas pelos profissionais que participam das atividades aquáticas. Dentro do trabalho multidisciplinar desenvolvido encontramos a relação interativa das áreas da saúde e da educação onde os profissionais da fisioterapia, educação física, educação especial pedagogia, medicina, odontologia e informática buscam juntas realizar atividades que venham proporcionar melhorias que a natação produz dentro de cada necessidade especial. Este projeto surgiu, a partir do entendimento que a Universidade Federal de Santa Maria, através de suas atividades de ensino, pesquisa e extensão, reunia condições, para contribuir, não só para a melhoria da qualidade de vida dos portadores de necessidades especiais, mas também para melhorar a qualidade acadêmica dos seus egressos interessados neste campo do conhecimento. Criado em 1989, desenvolve suas atividades no conjunto de piscinas térmicas do Centro de Educação Física da UFSM-RS, com água aquecida a 33º. Após 08 (oito) anos de atividades ininterruptas, o projeto atende os portadores
4 com deficiências das cidades de Santa Maria (sede), São Sepé, Formigueiro, Júlio de Castilhos, Faxinal do Soturno, Ivorá, Restinga Sêca e São Pedro do Sul. Inserido em 03 (três) grandes Programas Institucionais de Extensão Universitária - "Programa 4ª Colônia", "Programa Lunar de Sepé", e "Programa Cruzeiro do Sul", conta com mais de trinta (30) monitores, profissionais formados e ou não, para prestar atendimento individualizado a mais de setenta (70) portadores com deficiências tais como: visual, paralisia cerebral, mental, autismo, deficiência auditiva e síndrome de Down da região centro do Rio Grande do Sul. Todos os portadores com necessidades especiais são encaminhados por profissionais ligados a áreas da saúde e educação. Posteriormente passam por uma avaliação médica que avalizará sua participação nas atividades aquáticas. E por avaliações feitas quinzenalmente pela equipe multidisciplinar sob a forma de pareceres descritivos que são enviadas as instituições a que estes indivíduos estão vinculados. A ênfase do trabalho aquático é dada ao processo de adaptação ao meio líquido. Este é realizado de maneira individualizada, sendo que cada monitor acompanha um indivíduo em terapia levando em consideração o estágio do desenvolvimento de sua psicomotricidade e a sua interação social. A natação, como atividade possui seu valor terapêutico porque está ligada diretamente as noções de respiração, lateralidade, equilíbrio e esquema corporal chegando aos movimentos independentes. Como recurso complementar, a terapia aquática se estende as atividades de recreação, que através do lúdico desenvolve noções educativas das necessidades psicossociais e motoras nos portadores com deficiências assim como a utilização de materiais específicos e alternativos da prática aquática. Acreditamos que a realização do trabalho aquático é eficaz não só pela contribuição que traz para a reeducação e reabilitação dos portadores de necessidades especiais, mas também pela oportunidade de qualificação curricular que oferece aos alunos da Universidade, por meio da prática didático-pedagógica.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BURKHARDT, R; ESCOBAR, Michele Ortega. Natação para portadores de deficiências. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, BELLENZANI, N. A; MAZZSARINI, C. Eu aprendi a nadar. Campinas: Edição do Centro de Comunicação Rural, Departamento de Extensão Rural DA CATI/ Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, GLASER, Niroá Zuleika Rota Ribeiro. Natação para deficientes mentais treináveis. Curitiba: Editora da Universidade Federal do Paraná, UNIDADE DE ESTUDO 4. Curso de Atividade Físcia e Depsortiva para Pessoas Portadoras de Deficiência. Educação a Distância. Universidade Gama Filho. Rio de Janeiro, 1995.
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