OFICINA DE AFRICANIDADE
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- João Lucas Belmonte Festas
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1 11. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1 ÁREA TEMÁTICA: ( ) COMUNICAÇÃO ( x ) CULTURA ( ) DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA ( ) EDUCAÇÃO ( ) MEIO AMBIENTE ( ) SAÚDE ( ) TRABALHO ( ) TECNOLOGIA OFICINA DE AFRICANIDADE SANTOS, Merylin Ricieli dos 1 PEDLOWSKI, Guilherme Alves 2 CARVALHO, Vilmar Felipe Batista de 3 CERRI, Luis Fernando 4 RESUMO O presente trabalho relata e reflete sobre a Oficina realizada no mês de novembro do ano de 2012 na Escola Estadual Arnaldo Jansen, localizada no bairro de Uvaranas e tinha como objetivo expor a importância da valorização da cultura afro-brasileira e ao mesmo tempo avaliar o nível de conhecimento e aceitação dos discentes sobre temas relacionados ao universo negro. A oficina ocorreu no contexto das atividades de extensão do PET História UEPG, que tem entre suas metas desenvolver atividades com temas de História e Cultura Africana e Afro-brasileira. O trabalho foi desenvolvido com alunos do primeiro ano do ensino médio que tinham idades entre quatorze e quinze anos. A oficina de Africanidade ocorreu ao longo de cinco aulas e aconteceu na semana da consciência negra a fim de estabelecer um diálogo entre essa data de extrema importância para o movimento negro e a realidade escolar dos alunos. Além de sua vinculação com grupo PET História da UEPG, este trabalho foi embasado nos ensinamentos do curso ofertado pelo NUREGS voltado para relações étnicas. A atividade foi breve, porém bem diversificada; abordava desde estereótipos até a confecção de artesanatos de origem negra. Pode-se dizer que a oficina foi uma organização que contribuiu para o desenvolvimento cognitivo dos alunos e para a expansão da visão de cultura afro-brasileira. Esse trabalho foi o suficiente para que a semana da consciência negra, que é tão comentada em outros lugares, fosse lembrada e repensada no ambiente escolar. PALAVRAS CHAVE Cultura africana. Cultura afro-brasileira. Educação das relações étnico-raciais. 1 Graduanda-História Licenciatura, Bolsista do PET-História UEPGmerylinricisantos@gmail.com 2 Graduando-História Bacharelado, Bolsista do PET-História UEPG.guipedlow@hotmail.com 3 Graduando- História Bacharelado, Bolsista do PET- História UEPG.vilmarfelipe_bc@hotmail.com 4 Doutor em Educação, professor do Departamento de História da UEPG e tutor do PET. lfcronos@yahoo.com.br
2 11. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 2 Introdução O sistema educacional brasileiro está melhorando em muitos aspectos, desde as séries iniciais até o ambiente universitário. Há uma série de políticas governamentais que estão preocupadas com o desenvolvimento dos futuros estudantes a fim de garantir a estes, melhores condições para uma vida saudável e para uma educação de qualidade. Na última década surgiram algumas exigências no meio educacional que contribuíram para uma educação inclusiva. Inclusiva no sentido de sanar a desigualdade e trabalhar as diferenças, para que esta não seja vista como um problema, mas como uma realidade que deve ser conhecida, respeitada e valorizada, ponto de partida para a diminuição da desigualdade que é um dos principais problemas da sociedade brasileira. Um exemplo empírico de desigualdade é a questão da má distribuição de renda no Brasil, elemento este que está concentrado na mão de poucos. Atualmente há algumas políticas afirmativas que buscam uma saída para a diminuição da desigualdade no Brasil, entre elas as políticas de cotas que servem exclusivamente para aqueles cidadãos que não tiveram as mesmas oportunidades que os mais favorecidos financeiramente ao ingressar nas Universidades, no caso das cotas para alunos oriundos de escolas públicas. Outro elemento que merece destaque para as ações governamentais, são as cotas destinadas aos alunos afrodescendentes, que foram estabelecidas nas instituições universitárias e em concursos públicos, a fim de oferecer oportunidades para aqueles que tiveram seu desenvolvimento cognitivo afetado por motivos discriminatórios intrínsecos às relações sociais brasileiras. As cotas raciais podem ser vistas também como uma forma de reparação do governo brasileiro, por reconhecer que os três séculos de escravidão foi o responsável pela situação do negro na atualidade. Este parecer visa a atender os propósitos expressos na Indicação CNE/CP 6/2002, bem como regulamentar a alteração trazida à Lei 9.394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, pela Lei /2003, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro- Brasileira e Africana na Educação Básica. Desta forma, busca cumprir o estabelecido na Constituição Federal nos seus Art. 5º, I, Art. 210, Art. 206, I, 1 do Art. 242, Art. 215 e Art. 216, bem como nos Art. 26, 26 A e 79 B na Lei 9.394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que asseguram o direito à igualdade de condições de vida e de cidadania, assim como garantem igual direito às histórias e culturas que compõem a nação brasileira, além do direito de acesso às diferentes fontes da cultura nacional a todos brasileiros. ( SEED, 2005, p.7). BRASIL.2003 Com base nas políticas afirmativas e de inclusão, há outro ponto que teve destaque no âmbito escolar após o ano de 2003, a instituição da lei /2003 (BRASIL, 2003). Reconhecida geralmente pelos professores e profissionais da educação, esta lei coloca em foco a obrigatoriedade do ensino da Cultura africana e cultura afro-brasileira nas escolas. A partir da promulgação dessa lei, alguns currículos de licenciatura foram modificados, livros didáticos readaptados e professores incumbidos dessa nova tarefa. Considerando que a lei é do ano de 2003 pode-se imaginar que os alunos que estão atualmente no primeiro e no segundo ano, já deveriam estar mais familiarizados com o tema, mas geralmente não é o que acontece. Conforme já citado anteriormente, a Oficina de Africanidade teve como participantes alunos do primeiro ano do ensino médio, estes que foram propositalmente escolhidos, para que pudesse compreender o papel da lei /2003, pois através dessa análise seria possível uma avaliação em pequena escala sobre a eficácia da lei. Se esta lei fosse satisfatoriamente cumprida os estudantes estariam um pouco mais informados sobre o tema e apresentariam menos resistência quanto a isso, e a oficina fluiria sem muitas intervenções, mas não foi o que se observou. No decorrer da realização da atividade, os alunos pareciam estar ouvindo, fazendo e falando de uma cultura distante e desconhecida, sendo que as duas matrizes culturais deveriam estar presentes em determinados momentos de suas vidas escolares. Experiência frustrante para futuros professores que estão preocupados com questões étnicas, porém digna de problematizações e questionamentos. Objetivos O trabalho Oficina de Africanidade teve sua iniciativa no grupo PET História UEPG e teve como principal objetivo a divulgação de aspectos da cultura negra, elemento este que cerca a vida do cidadão brasileiro. A atividade buscava ressaltar a importância do dia da consciência negra no âmbito escolar. O intuito a princípio era que esta ação extensionista servisse como uma forma de romper algumas barreiras sociais e educacionais, a fim de promover uma reflexão dos jovens estudantes
3 11. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 3 sobre o real sentido dessa comemoração, fazendo isso através de diálogo, mídias e outras atividades que remetiam ao tema já citado. Enfim, o presente trabalho buscava: - Trazer a cultura afro-brasileira para mais próximo da realidade dos alunos. - Analisar a eficácia da lei / Compreender o nível de aceitação dos discentes sobre o tema. - Observar qual é a maior dificuldade dos estudantes em relação às diferenças. Metodologia A atividade foi programada com antecedência de acordo com a disponibilidade dos professores que dariam aula naquele dia. Antes da realização da oficina, foi feito uma pesquisa sobre outras atividades que abordavam questões étnico-culturais para que pudesse ter um embasamento concreto no momento de realização da oficina. Uma ferramenta de valor significativo para a realização desse trabalho foi a internet, pois esta possibilitou que ocorresse pesquisas e buscas que facilitassem o desenvolvimento da pesquisa. Outros elementos que tiveram um papel significativo para a concretude da atividade foram as mídias, pois a oficina foi dividida em vários momentos e contou com músicas, imagens e filmes que serviram como subsídios ilustrativos para o momento. A atividade também contou com alguns vídeos que estavam relacionados à cultura negra e a questões identitárias, entre eles Vaguei os livros e me sujei com a merda toda (um curta metragem bastante crítico de Akins Kinte, Mateus Subverso e Allan da Rosa), Vista a minha pele do diretor Joel Zito Araújo e Religião africana de Coley Coleman. Os vídeos foram expostos e depois comentados juntamente com os alunos, para que houvesse um diálogo produtivo. Além dos vídeos ocorreram ainda algumas breves explicações sobre o movimento negro, o dia da consciência negra e costumes africanos (não necessariamente nessa ordem). A oficina teve duração de cinco aulas e as atividades eram alternadas entre filmes, explicações, diálogos, imagens e no momento final realizou-se uma breve explicação sobre a cultura Ioruba, acompanhada da confecção da boneca Abayomi e de máscaras africanas. Resultados Os resultados foram atingidos plenamente, pois os alunos participaram integralmente da atividade, embora não parecessem familiarizados com o tema no início da oficina, depois se mostram muito interessados. Os alunos conseguiram perceber a importância da junção da cultura brasileira com a africana em alguns aspectos, mas a maior parte dele parecia estar ouvindo as músicas e as explicações pela primeira vez, o que contribuiu para analisar o efeito da lei /2003. Quanto à questão do nível de aceitação do tema pelos estudantes, percebeu-se que eles têm sim uma dificuldade em aceitar os diferentes tanto que muitas vezes eles não se reconhecem como tal, isso pode estar atrelado ao fato de eles não terem muito contato com determinados assuntos, não só na escola, mas também em casa.
4 11. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 4 Cronograma da Oficina. Foto de MerylinRicieli dos Santos Máscaras feitas pelos alunos, após a explicação sobre máscaras africanas. Foto de MerylinRicieli dos Santos
5 11. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 5 Confecção da Boneca Abayomi da Cultura Ioruba. Foto de Merylin Ricieli dos Santos Conclusões Após o desenvolvimento da oficina, percebeu-se que o mito da democracia racial ainda está presente e forte, não só no ambiente escolar, mas na sociedade. Houve uma série de episódios que ocorreram durante a realização da atividade que foram o suficiente para questionar o papel do professor em relação a questões étnicas e o que estes estão fazendo para mudar essa situação. Conclui-se que ainda há muito que se trabalhar para a diminuição do preconceito e do racismo, mas isso só vai ocorrer quando os alunos tiverem uma boa base educacional, desde as séries iniciais, para que aprendam a respeitar as diferenças e isso só ocorrerá com o auxilio dos pais e profissionais da educação e de forma gradativa. Enquanto isso não ocorre, oficinas, palestras e diálogos são o suficiente para preparação de um caminho rumo a um país mais tolerante. Referências SEED (org), PR. Cadernos temáticos, desafios educacionais contemporâneos. Educando para as relações Étnico- Raciais ll. Curitiba: SEED-Pr., FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. [S.l.] 17ª.ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, SEED, (org).pr.cadernos Temáticos. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Curitiba: SEED-Pr., KINTE, Akins. SUBVERSO, Mateus. ROSA, Allan. Vaguei com os livros e me sujei com a merda toda. Edições Toró, Doc, 27', Brasil.
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