METODOLOGIA RESULTADOS E DISCUSSÃO
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- Isabella Barbosa Dias
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1 PROJETO FACILITAÇÃO DA ESCOLHA EM ORIENTAÇÃO VOCACIONAL: UMA ESCUTA DO SOFRIMENTO PSÍQUICO DE ADOLESCENTES DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE BELÉM DO PARÁ Msc. Niamey Granhen Brandão da Costa - Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/UNAMA e Faculdade de Psicologia/UFPA Larissa Sales Pereira Acadêmica voluntária - Curso de Psicologia da UNAMA INTRODUÇÃO Segundo Zagury (2000) a adolescência é uma fase de transformação profunda que impõe ao jovem grandes exigências de adaptação, relacionadas com as novas funções biológicas, novas formas de relação interpessoal e novas responsabilidades familiares e sociais. Podendo ser considerada então como um ciclo do desenvolvimento repleto de conquistas, mas também de dificuldades, visto que a simultaneidade das mudanças traz uma desestabilização do ponto de vista tanto biológico quanto emocional e social, refletindo no comportamento do adolescente, na própria família e na instituição escolar, podendo ser estas dificuldades exacerbadas pelas dúvidas e pelos sentimentos de angústia, ansiedade e insegurança no momento da escolha profissional, que muitas vezes coincide com a fase da adolescência. Lemos (2002) ressalta a importância da escola não se limitar apenas a oferecer material informativo ao adolescente, mas implementar espaços de reflexão que o oportunizem a pensar sobre suas opções profissionais. Assim, para Silva; Treichel (2006) o conhecimento da realidade sócio-profissional pode ser viabilizado em um processo de facilitação da escolha através da orientação vocacional, a qual tem sido relevante para a formação de novos profissionais em diversos países. Este trabalho objetiva relatar a experiência desenvolvida na Escola de Aplicação da UFPA, no Projeto de Extensão Facilitação da Escolha em Orientação Vocacional, tem como finalidade a promoção da saúde, buscando ampliar o conhecimento que o jovem
2 possui sobre a realidade que o cerca, promovendo assim, uma compreensão menos preconceituosa, estereotipada e idealizada do mundo, através da criação de um espaço de escuta terapêutica que oportuniza ao adolescente a troca de informação e reflexão, possibilitando uma maior compreensão dos aspectos que mobilizam dúvidas, angústia, ansiedade e insegurança no momento desta escolha. METODOLOGIA Este estudo se desenvolveu na Escola de Aplicação da UFPA, instituição pertencente à rede pública de ensino localizada na cidade de Belém, no estado do Pará, vinculada a Universidade Federal do Pará. No entanto, suas instalações localizam-se em área externa ao Campus Universitário. Possui estrutura administrativa própria, que tem como finalidade atuar nos níveis e modalidade de ensino da Educação Básica, visando à produção, sistematização e socialização do conhecimento, por meio do ensino, pesquisa e extensão configurando-se como espaço de formação, inovação pedagógica e campo de estágios para alunos de graduação e profissionais. Participaram deste estudo 10 adolescentes do 2º e 3º anos do Ensino Médio, na faixa etária de 15 a 16 anos, no período de março a setembro de 2009, através da inscrição voluntária no projeto; aplicação das entrevistas individuais e realização das intervenções nos grupos terapêuticos de escuta. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados apontam que os participantes são em sua maioria do sexo feminino (70%) obtiveram informações sobre as profissões através da mídia (50%), familiares (30%) e outros (escola e amigos 20%); que a escolha profissional está ligada a fantasias inconscientes e conscientes, à valorização intelectual, idealizações e status social que tendem a escolher uma profissão para se livrarem de uma situação ansiógena. Esta escolha profissional assume grande importância no plano individual, já que envolve a definição das futuras experiências profissionais, significando principalmente a definição de quem ser?, muito mais do que a escolha do que fazer? (BOHOSLAVSKY, 1987) O que pode ser observado nas seguintes falas dos adolescentes:
3 (*Hércules 16 anos): Quero ser bem de vida, quero que as pessoas me olhem com admiração e pensem olha só esse rapaz tão novinho e já é um juiz, tem poder, ganha muito né!? ou ele é um médico, tá bem de vida! Então tô na dúvida entre essas duas profissões que mais se destacam, todo mundo olha quando alguém diz que é um juiz ou quando entra um médico em algum lugar, mas ainda não sei o que vai ser melhor para mim, também quero ganhar muito dinheiro para ter minhas coisas. Meus pais querem que eu faça Direito para fazer um concurso e ganhar logo dinheiro ; (*Perseu - 15 anos): Quando penso numa profissão, imediatamente penso se vou conseguir me empregar logo depois de ter meu canudo nas mãos, se tem trabalho para mim, e me encho de dúvidas fico mais confuso, me sinto perdido e não consigo me definir naquilo que quero fazer profissionalmente, mas sei que quero trabalhar e ganhar muito dinheiro. ; (*Penélope - 15 anos): Todo mundo me cobra uma decisão sobre a profissão que vou fazer, então me dá vontade de chorar, desaparecer, fico triste, não sei o que fazer, às vezes também me dá muita raiva de todos que só vivem me pressionando, já chega! ; (*Afrodite - 15 anos): Sabe, adoro tudo relacionado a desenho, sempre compro ou ganho livros que falam disso, mas nunca pensei nisto profissionalmente, pois acho que decepcionaria minha família que tem tradição na área da saúde, é como se já tivéssemos nascido com isso tatuado em nossa mente. Observou-se que para Perseu sua escolha profissional depende da garantia de um trabalho, contudo, de acordo com Levenfus e Soares (2010) a escolha não é simplesmente de uma universidade, de um curso universitário, mas de uma profissão, de um trabalho, que fará a mediação entre o ser humano, o mundo profissional e a aquisição de um novo status o status de ser adulto, como também de seu modo de ser e perceber o mundo. * nomes fictícios
4 Torres (2001) destaca que o filho será o reflexo do pai ou da mãe ou qualquer que seja a figura aparentemente identificatória na família, existindo então uma cultura familiar passada através das gerações, acerca de uma dada profissão. Também nesse caso, distinguir os desejos e necessidades do adolescente daqueles que pertencem à família seria inevitavelmente frustrá-los, o que pode ser corroborado na escuta de Hércules. Verificou-se ainda que a procura pelo projeto ocorreu principalmente pelo sofrimento psíquico dos adolescentes e pelo medo de não corresponder às idealizações dos pais. MOTIVO % Indecisão/ angústia/ 60% sofrimento Pouca informação 10% Não corresponder às 30% idealizações dos pais TOTAL 100% Destaca-se que a escolha profissional depende principalmente de elementos ligados a fantasias inconscientes, deste modo: Escolher um caminho profissional ao redor dos 16 anos é muito angustiante. Não raro tomam decisões impulsivas, não por identificação, mas para se livrarem de uma situação ansiógena [...] (LEVISKY, 1998, p.65). CONSIDERAÇÕES FINAIS Compreende-se que o fenômeno da adolescência envolve fatores biológicos específicos, atuantes nesse ciclo da vida, que se somam aos determinantes sócio-culturais oriundos do contexto ambiental no qual a adolescência ocorre, e é influenciada pelo ambiente familiar, social e cultural em que o jovem se desenvolve, assim, dependendo da freqüência e da intensidade das pressões vivenciadas e sentidas pelo adolescente por parte de seus familiares, escola e amigos, estes podem manifestar características de ansiedade, depressão, estresse, as quais podem agravar-se, causando-lhes danos à saúde global. Ressalta-se que há uma necessidade premente de se constituir equipes multiprofissionais com o objetivo de intervir terapeuticamente nesse contexto buscando a promoção da saúde numa concepção mais integradora.
5 REFERÊNCIAS BOHOSLAVSKY, R. Orientação vocacional: a estratégia clínica. São Paulo: Martins Fontes, LEMOS, C. G. Adolescência e escolha da profissão no mundo do trabalho atual. São Paulo: Vetor, LEVENFUS, R. S.; SOARES, D. H. P. Orientação vocacional ocupacional. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, LEVISKY, D.L. Adolescência: reflexões psicanalíticas. 2 ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, SILVA, J.; TREICHEL, A. Orientação vocacional: interferência da escola na escolha profissional. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG. SC, v.3, n. 9, Jul-Dez TORRES, M. L. C. Orientação profissional clínica: uma interlocução com conceitos psicanalíticos. Belo Horizonte: Autêntica, ZAGURY, T. Encurtando a adolescência. Rio de Janeiro: Record, Contatos: ngranhen@yahoo.com.br larisales@gmail.com
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